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Para conferir o original, acesse o site https://consultasaj.tjam.jus.br/pastadigital/sgcr/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0656507-77.2019.8.04.0001 e código 86F53AE.
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS
CARTÓRIO DA 1ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho
GABINETE DA JUÍZA
Processo nº.: 0656507-77.2019.8.04.0001
Requerente: Emam Emulsões e Transportes Ltda. e Emam - Emulsoes e Transportes Ltda.
Requerido: Construtora Souza Reis Ltda, Aluizio Alves de Souza e Célia Oliveira de
Carvalho Barros Alves

DECISÃO

Vistos, etc.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SHEILLA JORDANA DE SALES, liberado nos autos em 15/02/2022 às 01:23 .
Trata-se de ação de execução de título executivo extrajudicial proposto por
EMAM -Emulsões e Transportes Ltda em face de Construtora Souza Reis Ltda, Aluizio Alves
de Souza e Celia Oliveira de Carvalho Barros Alves. O objeto da execução refere-se ao
Instrumento Particular de Confissão de Dívida, anexo às fls. 13/17.

Decisão de fls. 161/164 aprecia a exceção de pré-executividade apresentada por


Construtora Souza Reis Ltda e Aluízio Alves de Souza (fls. 50/74).

Interposto Agravo de Instrumento, Malote Digital de fls. 175/181 comunica o


conhecimento do AI e o seu não provimento.

Em petição de fls. fls. 185/198 dos executados Construtora Souza Reis Ltda e
Aluízio Alves de Souza suscita-se: i. a homologação do plano de recuperação judicial da devedora
principal; ii. A supressão das garantias fidejussórias. Em complemento, apresenta a petição de fls.
521/530.

Pedido de desistência da ação em face da executada não citada, Sra Célia Oliveira
de Carvalho (fls. 517/518).

Manifestação do exequente em face da petição de fls. 185/198 (fls. 474/488), em


que requer a suspensão da demanda até o esgotamento das vias recursais em face da decisão que
homologou o plano de recuperação judicial da executada

É o breve relato. Decido.

I - DEFIRO o pedido de desistência e EXTINGO a execução em face da Sra.


Célia Oliveira de Carvalho. Vale frisar que há solidariedade passiva na relação contratual, o que tem
por consequência a possibilidade de que seja a obrigação cobrada, em sua totalidade, de todos os
devedores ou de um só deles.

II No que tange ao pedido de suspensão da execução em relação à devedora


principal e suspensão do feito aos codevedores, (fls. 185/198), tenho o que segue:

Os executados narram quem o Plano de Recuperação Judicial da Construtora


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Souza Reis fora aprovado e homologado pelo juízo recuperacional.

No plano, incluíram-se clausulas que determinam a supressão das garantias


fidejussórias prestadas por terceiros coobrigados, com a imediata suspensão das execuções e
medidas constritivas do desfavor destes Tópico 12, premissa segunda, terceira, sexta, oitava e
decima segunda (fls. 286/302).

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SHEILLA JORDANA DE SALES, liberado nos autos em 15/02/2022 às 01:23 .
Dessarte, aduz que há: i. novação sui generis do crédito objeto da presente
demanda; ii. Suspensão da execução em face dos terceiros coobrigados.

Em contrapartida, manifesta-se nos seguintes termos: a novação resultante da


recuperação judicial é sui generis, portanto, mantém-se garantias prestadas por terceiros (RESP
1.333.349 SP) (fls. 479). Ademais, não há transito em julgado da decisão que homologou o plano
de recuperação, estando pendente de apreciação o agravo de nº 0632600-51.2021.8.06.0000.

Ainda, que a extensão da novação aos coobrigados depende de inequívoca


manifestação do credor nesse sentido, conforme julgado do STJ (RESP 1.794.209 SP).

Pois bem.

Conforme já pontuado em decisão de fls. 163/164, e tal ponto é incontroverso,


aprovado o plano de recuperação judicial, haverá a novação dos créditos anteriores ao
pedido, o que obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias,
observado o disposto no § 1º do art. 50 da LRJ (art. 59, da LRJ), o que denoto nos autos decisão
que homologa o plano às fls. 323/356.

Portanto, a controvérsia remanesce quanto a: i. necessidade de suspensão do


feito em face da interposição de agravo de instrumento; ii. Prosseguimento da execução, a despeito
da extensão da novação aos codevedores.

Com efeito, o agravo de instrumento, como regra, não possui efeito suspensivo,
podendo o relator atribui-lo quando do exame inicial (art. 1.019, caput, e inciso I, do CPC).

Neste sentido, cabe ao exequente comprovar nos autos que houve a atribuição
do efeito suspensivo ao agravo de instrumento com o fim de: i. obstar a extinção da presente
execução em face da devedora principal; ii. Obstar a suspensão da presente execução em face dos
devedores.

Cumpre ainda salientar que o exame da legalidade das clausulas do plano de


recuperação judicial cabe unicamente ao juízo da recuperação, devendo este juízo tão somente
conduzir a presente execução conforme ali determinado no que lhe compete.
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Desse modo, não vejo que o exequente trouxe aos autos quaisquer peças do
agravo de instrumento que confirmem o deferimento do efeito suspensivo. Por outro lado, ao
consultar os autos na busca processual do TJ Ceará, nota-se que o recurso foi conhecido e não
provido.

Portanto, rejeito referida tese.

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Quanto ao prosseguimento da execução em face dos codevedores, é certo que,
em regra, a aprovação do plano de recuperação judicial não enseja a extinção das garantias
ofertadas (Sumula n 581 do STJ).

No entanto, havendo a aprovação do plano de recuperação judicial que suprime


as garantias pela maioria dos credores, todos eles serão submetidos de forma indistinta,
sob pena de conceder tratamento diferenciado em relação aos mesmos (RESP 1773958 RS
25 de março de 2021).

Ora, têm-se que a irresignação individual de um dos credores não pode se


sobrepor aos interesses da maioria que assentiram com a homologação do plano de recuperação
judicial em assembleia geral realizada para esta finalidade.

Neste mesmo sentido, conforme as distintas razões pontuadas no agravo de


instrumento de n 0632600-51.2021.8.06.0000, o Poder Judiciário exerce apenas o controle de
legalidade do plano, vez que se trata de negócio jurídico coletivo.

Por tal razão, a modificação ou flexibilização da forma de pagamento deve ser


buscada junto aos credores, visto que a assembleia geral de credores possui soberania (art. 56 da
Lei 11.101/2005).

Este é o sentido do enunciado 77 da II Jornada de Direito Comercial: "As


alterações do plano de recuperação judicial devem ser submetidas à assembleia geral de
credores, e a aprovação obedecerá ao quorum previsto no art. 45 da Lei n. 11.101/05, tendo
caráter vinculante a todos os credores submetidos à recuperação judicial, observada a
ressalva do art. 50, § 1º, da Lei n. 11.101/05, ainda que propostas as alterações após dois anos
da concessão da recuperação judicial e desde que ainda não encerrada por sentença" (grifo
nosso).

Por fim, cito:

AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO QUE HOMOLOGA PLANO


DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AGRAVO INTERNO CONTRA A DECISÃO QUE
INDEFERIU O EFEITO SUSPENSIVO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. O
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plano de recuperação judicial tem por objetivo a reorganização da
empresa que esteja passando por uma crise econômico-financeira,
visando proporcionar a negociação entre credores e devedor, abrangendo
a maior quantidade de credores, preservando empregos gerados e a
continuidade da empresa. A soberania da Assembleia obriga todos os
credores a se submeterem ao plano de recuperação apresentado,
cabendo ao Poder Judiciário tão somente realizar o controle de
legalidade, sem se imiscuir no aspecto da sua viabilidade econômica.
Precedentes do STJ. Na hipótese de algum credor discordar do plano
aprovado pela maioria, deve submeter sua insatisfação à assembleia, nos

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termos do art. 56 da Lei 11.101/2005 Não há qualquer ilegalidade ou
abusividade das cláusulas do plano de reestruturação. Há inclusive
precedente do STJ que reconheceu a legalidade de plano de recuperação
com deságio de 70% e prazo de 20 anos para pagamento. No que se
refere à alienação de ativos, o plano autorizou a venda daqueles
inservíveis ou cuja alienação não implique em redução das atividades da
recuperanda, ou quando a venda se seguir de reposição por outro bem
equivalente ou mais moderno. Trata-se de bens que não podem ser
utilizados, ou que estão perecendo, com geração de receita para a
empresa continuar em funcionamento. Em relação à cláusula que
suspende as execuções contra os coobrigados, o próprio STJ já se
manifestou pela sua possibilidade Nesta fase processual, em que ainda
não houve dilação probatório, não é possível antever qualquer evidencia
de ilegalidade no plano de recuperação aprovado em assembleia de
credores. Questões relativas ao mérito do plano de recuperação, e
relativas à viabilidade econômica, deverão ser enfrentadas em momento
posterior com garantia do direito ao contraditório e à ampla defesa.
Decisão não teratológica. PREJUDICADO O JULGAMENTO DO AGRAVO
INTERNO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. (TJ-RJ - AI:
00051526320198190000, Relator: Des(a). PETERSON BARROSO SIMÃO,
Data de Julgamento: 25/04/2019, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL)

Em face do exposto, EXTINGO a presente execução em face da devedora


principal (Construtora Souza Reis Ltda) art. 924, III, do CPC, sem que haja condenação em
honorários supervenientes à quaisquer das partes.

Suspendo a execução em face do fiador Aluizio Alves de Souza, conforme


clausula constante em plano de recuperação judicial homologado pelo juízo competente.

À secretaria para, caso seja solicitado, expedir certidão de crédito em favor do


exequente para habilitação e verificação junto ao juízo falimentar, providência esta que lhe incumbe
unicamente.

Cumpra-se. Intime-se.

Manaus, 14 de fevereiro de 2022.

Sheilla Jordana de Sales


Juíza de Direito
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