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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

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Processo civil - excução

Direito Processual Civil


Execução

A cessão de crédito, desde logo noticiada em transação firmada entre credor e devedor, afasta a legitimidade
do cedente para executar diferenças decorrentes da mora no cumprimento do pacto celebrado
Caso adaptado: a construtora Alfa tinha um crédito de R$ 50 milhões para receber do Estado-membro. Este
crédito estava sendo discutido em um processo envolvendo Alfa e o Estado-membro.A Alfa e o Estado-membro
fizeram um acordo para encerrar o processo. Além disso, a Alfa, com a autorização do Estado-membro, cedeu o
crédito para a empresa Beta.Ficou ajustado que os R$ 50 milhões seriam pagos através de compensação, a ser
realizada pelo Estado-membro, de débitos de ICMS da Beta (cessionária), em quotas mensais, iguais e
sucessivas no valor máximo de R$ 5 milhões. Ficou combinado, ainda, que haveria a incidência de juros e
correção monetária, a partir da data da compensação da primeira parcela.O acordo foi homologado
judicialmente.O Estado-membro passou a dar cumprimento ao acordo, compensando a primeira parcela em
05/04/2002.
Acontece, no entanto, que as compensações foram unilateralmente interrompidas/suspensas pelo Estado pelo
período de 03/07/2002 a 02/09/2004, ou seja, por mais de 2 anos.
Após esse período, o Estado retomou as compensações, cumprindo o acordo até o final.
Em razão disso, em 08/05/2007, a Construtora Alfa ingressou com cumprimento de sentença, objetivando
receber os juros e a correção monetária incidentes sobre o período em que o Estado permaneceu com o acordo
suspenso.
A Alfa não tem legitimidade. A legitimidade, neste caso, é da cessionária (Beta), com fundamento no art. 567, II,
do CPC/1973 (art. 778, § 1º, III, do CPC/2015).
STJ. 1ª Turma.AgInt no REsp 1.267.649-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 27/2/2024 (Info 802).

É inconstitucional lei estadual que preveja que todas as dívidas provenientes de Juizados Especiais da
Fazenda Pública e que tenham natureza alimentícia estão dispensadas do regime de precatórios,
independentemente do valor do débito
Compete a cada ente federativo, segundo sua capacidade econômica, fixar o valor-teto das obrigações de
pequeno valor decorrentes de sentenças judiciais para pagamento independentemente de precatórios, desde
que o valor mínimo corresponda ao montante do maior benefício do Regime Geral de Previdência Social (art.

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100, §§ 3º e 4º; e ADCT, art. 87, CF/88).


Contudo, lhes é vedado ampliar a dispensa de precatórios para hipóteses não previstas no texto constitucional,
sob pena de ofensa ao princípio da isonomia, uma vez consideradas as situações não abarcadas pelo privilégio
(art. 5º, caput, CF/88).
STF. Plenário. ADI 5.706/RN, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/02/2024 (Info 1125).

Não é possível a aplicação do limite de crédito de 150 salários-mínimos, previsto no art. 83, I, da Lei
11.101/2005, à hipótese de concurso singular de credores contra devedor solvente
O limite de 150 salários-mínimos, previsto no art. 83, I, da Lei 11.101/2005 para pagamento preferencial de
crédito trabalhista em concurso universal de credores, não se aplica por analogia ao concurso singular, em razão
da diversidade dos propósitos de cada um dos procedimentos e de suas particularidades.
STJ. 4ª Turma.REsp 1.839.608-SP, Rel. Min.Antonio Carlos Ferreira, julgado em 20/2/2024 (Info 802).

Sendo impossível a entrega das ações ao acionista, haverá a conversão em perdas e danos; no cálculo da
indenização deverão ser considerados os eventos societários de grupamentos e desdobramentos de ações
até a data do trânsito em julgado da sentença
Nas ações que houver a conversão em indenização por perdas e danos pela impossibilidade de entrega das
ações ao acionista, embora a fase de liquidação não seja necessariamente obrigatória, é preciso considerar, no
cálculo da indenização, os eventos societários de grupamentos e desdobramentos de ações ocorridos entre a
data em que as ações foram emitidas e a data do trânsito em julgado da sentença.
STJ. 4ª Turma.AgInt no AREsp 1.488.546-PE, Rel. Min.Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 6/2/2024 (Info 800).

É imprescindível o esgotamento dos meios executivos típicos para a utilização do sistema Central Nacional
de Indisponibilidade de Bens (CNIB) como medida executiva atípica
A adoção do CNIB atende aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Além disso, não viola o
princípio da menor onerosidade do devedor, pois a existência de anotação não impede a lavratura de escritura
pública representativa do negócio jurídico relativo à propriedade ou outro direito real sobre imóvel, exercendo o
papel de instrumento de publicidade do ato de indisponibilidade.
Contudo, por se tratar de medida executiva atípica, a utilização do CNIB será admissível somente quando
exauridos os meios executivos típicos, ante a sua subsidiariedade.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.969.105/MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 12/9/2023.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.963.178-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/12/2023 (Info 15 – Edição
Extraordinária).

A Fazenda Pública não é obrigada a aceitar a execução invertida no procedimento comum


O STF decidiu que é constitucional a exigência da execução invertida nos Juizados Especiais Federais:
Não ofende a ordem constitucional determinação judicial de que a União proceda aos cálculos e apresente os
documentos relativos à execução nos processos em tramitação nos juizados especiais cíveis federais,
ressalvada a possibilidade de o exequente postular a nomeação de perito (STF. Plenário. ADPF 219/DF, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 20/5/2021.
Esse entendimento, contudo, não se aplica para o procedimento comum.

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Não é possível a determinação judicial à Fazenda Pública de adoção da prática jurisprudencial da execução
invertida no cumprimento de sentença em procedimento comum.
STJ. 2ª Turma. AREsp 2.014.491-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/12/2023 (Info 799).

O exequente responde objetivamente pela reparação de eventuais prejuízos causados ao executado, tendo
em vista o risco da execução
Caso hipotético: a empresa Beta ingressou com execução contra a empresa Alfa. A executada A Alfa ofereceu,
como garantia do juízo, uma carta de fiança e, em seguida, apresentou impugnação ao cumprimento de
sentença. O juiz acolheu a impugnação e proferiu sentença de extinção do cumprimento de sentença por
ausência de título executivo.
A Alfa peticionou nos autos requerendo a liquidação dos danos sofridos, em razão da execução infundada
ajuizada pela Beta, nos termos do art. 776 do CPC: O exequente ressarcirá ao executado os danos que este
sofreu, quando a sentença, transitada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a obrigação que
ensejou a execução.
Assiste razão à Alfa. O exequente é responsável pelos prejuízos que acarretar ao executado, quando buscar em
juízo a satisfação de dívida inexistente ou inexequível, seja pela via executiva, seja pela via do cumprimento de
sentença. Essa expressa responsabilização do exequente encontra-se prevista nos arts. 520, I, e 776 do CPC.
Vale ressaltar que a legislação não exige análise do elemento subjetivo do exequente para fins de atribuição de
sua responsabilidade. Trata-se, portanto, de modalidade objetiva de responsabilização do exequente. Esse
entendimento no sentido da responsabilidade objetiva do exequente vem sendo acolhido pacificamente pelo STJ
quando se está diante de cumprimento provisório de sentença, bem como nas hipóteses de execução de título
extrajudicial. No caso concreto, o cumprimento de sentença foi extinto sob o fundamento de ausência dos
requisitos de exequibilidade do título (certeza, liquidez e exigibilidade). Nesse cenário, deve prevalecer a
imputação da responsabilidade civil objetiva do exequente, que deverá suportar o ônus da extinção definitiva da
execução, compreendendo a reparação dos prejuízos concretos experimentados pela parte executada, nos
termos do art. 776 do CPC.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.931.620-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 5/12/2023 (Info 798).

O art. 100, § 1º, da CF traz um rol exemplificativo, de sorte que a definição da natureza alimentar das verbas
nele elencadas encontra-se vinculada à destinação precípua de subsistência do credor e de sua família
Caso adaptado: João, servidor público estadual, requereu a sua aposentadoria. A Administração Pública, por
desorganização, demorou mais de um ano para conceder o benefício. Inconformado com esse descaso, João
ajuizou ação de indenização contra o Estado-membro. O juiz julgou o pedido procedente e condenou o Poder
Público a pagar indenização.
A sentença condenatória transitou em julgado. Foi expedido ofício requisitório para pagamento da condenação
mediante precatório.
João requereu a inscrição na fila para pagamento da parcela superpreferencial nos termos do art. 100, §§1º e
2º, da Constituição Federal, eis que já havia completado mais de 60 anos de idade e, na sua visão, o precatório
teria natureza alimentar.
O STJ não concordou.
O § 1º do art. 100 da Constituição Federal não é um rol taxativo. Trata-se de rol meramente exemplificativo. Para
definir se uma verba tem, ou não, natureza alimentar, é necessário analisar se ela está destina-se precipuamente
à subsistência do credor e de sua família.
No caso concreto, o precatório da parte não versa a respeito de salários, vencimentos, proventos, pensões e
suas complementações ou benefícios previdenciários. O precatório em tela refere-se a crédito oriundo de
indenização devida pelo Estado-membro, em virtude da demora na concessão da aposentadoria do impetrante.
Além disso, não é possível incluir esse crédito no § 1º nem mediante interpretação extensiva. Isso porque a

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indenização devida pelo Estado-membro não tem por escopo assegurar a subsistência de João ou de sua
família, mas única e exclusivamente reparar prejuízos a ele causados em decorrência de ato ilícito praticado pela
Administração, situação que também evidencia a natureza comum do crédito em análise.
STJ. 1ª Turma. RMS 72.481-BA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 5/12/2023 (Info 798).

O art. 833, X, do CPC assegura a impenhorabilidade de valores até o limite de 40 salários-mínimos,


independentemente de onde estiverem depositados ou mesmo em papel-moeda; não se admite a penhora
ainda que parcial desses valores

O art. 833, X, do CPC prevê que é impenhorável a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de
40 salários-mínimos.
Para o STJ, a impenhorabilidade do art. 833, X, do CPC/2015 se estende a todos os numerários poupados pela
parte executada, até o limite de 40 salários mínimos, não importando se depositados em poupança, conta-
corrente, fundos de investimento ou guardados em papel-moeda.
Não é possível penhorar uma parte do valor (ex: 30%) assim como o STJ admite nos casos da impenhorabilidade
do inciso IV do art. 833 do CPC.
Presume-se como indispensável para preservar a reserva financeira essencial à proteção do mínimo existencial
do executado e de sua família, bem como de depósitos em caderneta de poupança ou qualquer outro tipo de
aplicação financeira, o valor de 40 salários-mínimos.
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 2.018.134-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 27/11/2023 (Info 15 –
Edição Extraordinária).

A resistência do exequente ao reconhecimento de prescrição intercorrente não é capaz de afastar o princípio


da causalidade na fixação dos ônus sucumbenciais, mesmo após a extinção da execução pela prescrição

Caso hipotético: a Fazenda Pública ingressou com execução fiscal contra uma empresa devedora. Não foram
localizados bens penhoráveis. Após muitos anos, a empresa ingressou com exceção de pré-executividade
suscitando a ocorrência de prescrição intercorrente.
A exequente não concordou e impugnou o pedido apresentando uma série de razões pelas quais não seria
possível o reconhecimento da prescrição intercorrente.
O juiz rejeitou os argumentos da Fazenda e reconheceu a prescrição intercorrente. Como consequência,
extinguiu a execução.
A Fazenda exequente não terá que pagar custas e honorários advocatícios.
Em caso de extinção da execução pela prescrição intercorrente, a razão pela qual a parte exequente não é
obrigada a arcar com os ônus sucumbenciais não é a existência, ou não, de resistência à aplicação da referida
prescrição. A parte exequente não paga custas e honorários porque, analisando a situação sob a ótima do
princípio da causalidade, não se pode dizer que ela tenha dado causa ao processo.
Assim, o fato de a parte exequente ter resistido ao reconhecimento da prescrição intercorrente não infirma, nem
supera a causalidade decorrente da existência das premissas que autorizaram o ajuizamento da execução,
apoiadas na presunção de certeza, liquidez e exigibilidade do título executivo e no inadimplemento do devedor.
STJ. Corte Especial.EAREsp 1.854.589-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 9/11/2023 (Info 795).

Prescreve em 5 anos a pretensão de expedição de novo precatório ou nova RPV, após o cancelamento de que
trata o art. 2º da Lei nº 13.463/2017 (válido para casos anteriores à ADI 5755)

A pretensão de expedição de novo precatório ou requisição de pequeno valor, fundada nos arts. 2º e 3º da Lei n.
13.463/2017, sujeita à prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto n. 20.910/1932 e tem, como termo
inicial, a notificação do credor, na forma do § 4º do art. 2º da Lei n. 13.463/2017.
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STJ. 1ª Seção. REsps 1.961.642-CE, REsp 1.944.707-PE e REsp 1.944.899-PE, Rel. Min. Assusete Magalhães,
julgada em 25/10/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1141) (Info 793).

O STF declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 13.463/2017 com efeitos ex nunc (a partir de 6/7/2022, data
em que foi publicada a ata da sessão de julgamento da ADI 5755).
Assim, essa decisão do STJ definindo o prazo prescricional é relevante para os cancelamentos ocorridos até
05/07/2022.

A existência de hipoteca judiciária não isenta o devedor do pagamento da multa e dos honorários de
advogado previstos no art. 523, § 1º, do CPC/2015
Caso hipotético: Alfa Ltda ajuizou ação de cobrança contra a Beta Ltda. O juiz julgou o pedido procedente e
condenou a ré a pagar. A condenada interpôs apelação. A autora levou essa sentença para o cartório de registro
de imóveis e conseguiu, com base no art. 495 do CPC, realizar a hipoteca judiciária sobre um imóvel (galpão) da
ré. O Tribunal de Justiça negou provimento à apelação. A Alfa formulou pedido de cumprimento de sentença,
nos termos do art. 523 do CPC. O juiz determinou a intimação da devedora para pagar a quantia em 15 dias
úteis, sob pena de o montante da condenação ser acrescido de multa e honorários, nos termos do § 1º do art.
523 do CPC:
Art. 523 (...) § 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de
dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
A devedora não efetuou o pagamento e ingressou com impugnação alegando que, no caso concreto, não
haveria que se falar em inadimplemento, tendo em vista que o débito está garantido por hipoteca judiciária
anterior ao cumprimento de sentença. Logo, no seu entender, ela (Beta) não precisaria pagar a multa nem os
honorários advocatícios previstos no § 1º do art. 523 do CPC.
Não assiste razão à devedora.
A hipoteca judiciária não equivale ao pagamento voluntário, não isentando o devedor da multa de 10% e de
honorários de advogado de 10% previstos no art. 523, § 1º, do CPC/2015.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.090.733-TO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgada em 17/10/2023 (Info 793).

A caracterização da fraude à execução, quando o credor não efetuou o registro imobiliário da penhora,
depende de prova de que o terceiro adquirente tinha ciência do ônus que recaía sobre o bem; esse
entendimento existe desde a redação original do CPC/1973

De acordo com a Súmula 375 do STJ, para que se reconheça a fraude à execução é necessário:
• o registro da penhora do bem alienado; ou
• a prova de má-fé do terceiro adquirente.
Assim, se não houver registro da penhora na matrícula do imóvel, presume-se que o terceiro adquirente não
tinha conhecimento da existência de uma ação que poderia levar o alienante à insolvência. Essa presunção é
relativa e pode ser afastada desde que o credor prove que o terceiro adquirente tinha conhecimento.
Esse entendimento existe desde a redação original do § 4º do art. 659, do CPC/1973.
Desse modo, mesmo no sistema legal anterior à Lei nº 8.953/94, a caracterização da fraude à execução, quando
o credor não efetuou o registro imobiliário da penhora, dependia de prova de que o terceiro adquirente tinha
ciência do ônus que recaía sobre o bem.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.577.144-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 2/10/2023 (Info 15 – Edição
Extraordinária).

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É constitucional a previsão contida no § 2º do art. 101 do ADCT de que os depósitos judiciais podem ser
utilizados para pagamento de precatórios atrasados
É constitucional dispositivo de emenda constitucional que possibilita o uso eventual de depósitos judiciais com
o fim específico de quitar precatórios atrasados.
Não há violação ao princípio da separação dos Poderes (art. 2º, da CF/88) e aos direitos de propriedade (arts. 5º,
“caput”, e 170, II), de acesso à justiça (art. 5º, XXXV), do devido processo legal (art. 5º, LIV) e da duração razoável
do processo (art. 5º, LXXVII).
STF. Plenário. ADI 5.679/SC, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, julgado em 29/9/2023 (Info 1110).

No cumprimento de sentença, na hipótese de o credor não manifestar oposição aos termos do requerimento
de cumprimento espontâneo apresentado pelo devedor, cabe ao juiz declarar satisfeita a obrigação e
extinguir o processo em razão da preclusão
O art. 526, § 3º, do CPC/2015 prevê que é lícito ao devedor, antes de ser intimado para o cumprimento da
sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória
discriminada do cálculo.
Assim, se a outra parte não se opuser, o juiz deverá declarar satisfeita a obrigação e extinguir o processo.
Consta dos autos que a empresa que supostamente deveria pagar algo à pessoa física deu início ao
cumprimento espontâneo da sentença, informando que o seu balanço patrimonial estava negativo, motivo pelo
qual nada haveria a ser pago.
Intimado, o suposto credor nada requereu, mesmo tendo feito carga dos autos.
Diante desse cenário, constata-se que houve a preclusão lógica e temporal considerando que a parte não
impugnou a manifestação da empresa no momento processual adequado.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.077.205-GO, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 26/9/2023 (Info 789).

É possível a penhora dos valores decorrentes de recompra dos Certificados financeiros do Tesouro Série E
(CFT-E)
As instituições de ensino superior que prestam serviços educacionais para alunos do FIES são remuneradas
com Certificados financeiros do Tesouro Série E (CFT-E). Esses certificados devem ser usados exclusivamente
para a quitação de tributos federais, sendo impenhoráveis com base no art. 833, I, do CPC.
Caso a instituição de ensino não possua débitos relativos a esses tributos ou, ainda, caso, após a quitação dos
tributos, reste algum excedente de títulos em sua posse, ela poderá oferecê-los no processo de recompra
realizado pelo agente operador. Nesse caso, o FNDE resgata esses títulos junto às mantenedoras e entrega o
valor financeiro equivalente ao resgate atualizado pelo IGP-M (art. 13 da Lei nº 10.260/2001).
Assim, se esses certificados forem ser recomprados pela FNDE, os valores que a instituição de ensino auferir
com essa operação poderão ser penhorados.
STJ. 1ª Turma. REsp 2.039.092-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 22/8/2023 (Info 14 – Edição
Extraordinária).

É possível a renegociação dos débitos de precatórios vencidos e dos que vencerão dentro do período previsto
pela EC 109/2021
O STF adotou a compreensão no sentido de que o plano de pagamentos apresentado pelo devedor de
precatórios ao respectivo Tribunal deve contemplar todo o passivo, de modo a formar um único montante global
de débitos de precatórios, ainda que se refiram a parcelas vencidas e não pagas em período anterior ao advento

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da Emenda Constitucional 109/2021. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. MS 36035 AgR, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 30/08/2021.
Uma vez que o prazo de pagamento antes estabelecido pela EC 99/2017 (até 31/12/2024) foi estendido pela EC
109/2021 para 31/12/2029, sem qualquer ressalva quanto aos anos a que se referem os débitos em questão,
apresenta-se indevida a decisão que nega a renegociação quanto às dívidas anteriores a 2021.
STJ. 1ª Turma. AgInt no RMS 69.711-SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 15/8/2023 (Info 783).

Banco ingressou com execução contra a empresa devedora e contra João (fiador); a esposa de João
apresentou exceção de pré-executividade provando que a fiança não foi válida por falta de outorga uxória; os
horários advocatícios serão fixados por equidade

Quando a exceção de pré-executividade apresentada por terceiro em ação executiva for acolhida, levando à
exclusão deste no polo passivo da execução, os honorários advocatícios devem ser fixados por equidade, nos
termos do art. 85, § 8º, do CPC/2015, uma vez que não se pode vincular a verba sucumbencial ao valor da causa
dado na execução, sendo inestimável o proveito econômico por ela auferido.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.739.095-PE, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/8/2023 (Info 785).

Na impugnação parcial ao cumprimento de sentença, é direito da parte exequente prosseguir com os atos
executórios sobre a parte incontroversa da dívida, inclusive com realização de penhora

A impugnação ao cumprimento de sentença, em regra, não possui efeito suspensivo. Isso significa que, mesmo
tendo sido apresentada impugnação, o magistrado pode determinar a prática de atos executivos no patrimônio
do executado, inclusive os de expropriação.
O juiz pode conceder efeito suspensivo, desde que preenchidos quatro requisitos:
a) deve haver requerimento expresso do executado/impugnante;
b) deve estar garantido o juízo, com penhora, caução ou depósito suficientes;
c) os fundamentos da impugnação devem ser relevantes (fumus boni iuris);
d) o executado/impugnante deverá demonstrar que o prosseguimento da execução poderá causar a si grave
dano de difícil ou incerta reparação (periculum in mora).
Imagine que a parte credora está cobrando R$ 500 mil. O devedor afirma que somente deve R$ 200 mil. Houve,
portanto, impugnação parcial.
Neste caso, é direito da parte exequente prosseguir com os atos executórios sobre a parte incontroversa da
dívida (R$ 200 mil), inclusive com realização de penhora, nos termos do que dispõe o art. 525, § 6º, do
CPC/2015.
Por se tratar de quantia incontroversa, não há razão para se postergar a execução imediata, pois, ainda que a
impugnação seja acolhida, não haverá qualquer modificação em relação ao valor não impugnado pela parte
devedora.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.077.121-GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 8/8/2023 (Info 785).

Atraso no pagamento das parcelas de precatório autoriza determinação de sequestro de verbas


É constitucional o sequestro de verbas públicas pela autoridade judicial competente nas hipóteses do § 4º do
art. 78 do ADCT, cuja normatividade veicula regime especial de pagamento de precatórios de observância
obrigatória por parte dos entes federativos inadimplentes na situação descrita pelo caput do dispositivo.
No caso de atraso na quitação das parcelas de precatório, o sequestro de verbas públicas pela autoridade
judicial é constitucional, pois configurado descumprimento ao regime especial de pagamento (ADCT, art. 78),
cuja adesão dos entes federativos inadimplentes é obrigatória.

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Originalmente, somente a preterição da ordem de pagamento ensejava a realização de sequestro da quantia


necessária à satisfação do débito (art. 100, § 2º, da CF/88, na redação original). No entanto, a partir da EC
30/2000, todas as modificações referentes à sistemática dos precatórios passaram a admitir o sequestro para a
quitação das parcelas nas hipóteses de não alocação orçamentária para satisfazer os valores devidos, como,
por exemplo, a previsão contida no art. 103 do ADCT.
Nesse contexto, o regime especial do art. 78 do ADCT é impositivo, visto que os precatórios se encontram
vencidos, em desrespeito à normatividade geral sobre a matéria.
STF. Plenário. RE 597.092/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 26/6/2023 (Repercussão Geral – Tema 231)
(Info 1100).

É possível, no bojo de cumprimento de sentença, a penhora de valores na conta corrente da esposa do


devedor, casada em regime da comunhão universal de bens, observando-se a respectiva meação
No regime da comunhão universal de bens, forma-se um único patrimônio entre os consortes, que engloba
todos os créditos e débitos de cada um individualmente, com exceção das hipóteses previstas no art. 1.668 do
Código Civil.
Por essa razão, revela-se perfeitamente possível a constrição judicial de bens do cônjuge do devedor, casados
sob o regime da comunhão universal de bens, ainda que não tenha sido parte no processo, resguardada,
obviamente, a sua meação.
Com efeito, não há que se falar em responsabilização de terceiro (cônjuge) pela dívida do executado, pois a
penhora recairá sobre bens de propriedade do próprio devedor, decorrentes de sua meação que lhe cabe nos
bens em nome de sua esposa, em virtude do regime adotado.
Caso, porém, a medida constritiva recaia sobre bem de propriedade exclusiva do cônjuge do devedor - bem
próprio, nos termos do art. 1.668 do Código Civil , ou decorrente de sua meação -, o meio processual para
impugnar essa constrição, a fim de se afastar a presunção de comunicabilidade, será pela via dos embargos de
terceiro, a teor do que dispõe o art. 674, § 2º, inciso I, do CPC.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.830.735-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/6/2023 (Info 780).

O veículo adaptado para pessoa com mobilidade reduzida pode ter sua impenhorabilidade reconhecida

O veículo adaptado para pessoa com mobilidade reduzida pode ter sua impenhorabilidade reconhecida, desde
que efetivamente demonstrada sua essencialidade no caso concreto.
Caso hipotético: o Banco ingressou com execução de título extrajudicial contra Regina.
O juízo de primeiro grau determinou a penhora de um veículo HYUNDAI/CRETA, ano 2018, que estava em nome
de Regina. A executada recorreu pedindo a reforma da decisão sob o fundamento de que esse veículo seria
impenhorável, considerando que a devedora possui artrodese no retropé direito, o que gera limitações em suas
atividades laborais diárias e que esse veículo é adaptado para sua condição física. Regina explicou ainda que,
inclusive, detém Carteira Nacional de Habilitação Especial.
O STJ concordou com argumentos da autora.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.945.680-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 12/6/2023 (Info 12 – Edição
Extraordinária).

O fato de a instituição financeira ser responsável pela correção monetária e pelos juros de mora após o
depósito judicial não exime o devedor de pagar eventual diferença sobre os encargos, calculados de acordo
com o título, que incidem até o efetivo pagamento

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

A responsabilidade pela correção monetária e pelos juros de mora, após feito o depósito judicial, é da instituição
financeira onde o numerário foi depositado, mas tal fato não exime o devedor da responsabilidade pelo
pagamento de eventual diferença dos encargos calculados de acordo com o título, que incidem até o efetivo
pagamento.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.965.048-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 12/6/2023 (Info 783).

Os certificados em poder das instituições de ensino, recomprados pelo FIES e que excederem os débitos
previdenciários e tributários destas, estão sujeitos à penhora
Os recursos públicos recebidos por instituição de ensino superior privada são impenhoráveis, pois são verbas de
aplicação compulsória em educação.
Contudo, deve-se fazer uma distinção entre os valores impenhoráveis e aqueles penhoráveis. Os certificados
emitidos pelo Tesouro Nacional (CFT-E), de fato, não são penhoráveis, haja vista a vinculação legal da sua
aplicação.
De outro lado, ao receber os valores decorrentes da recompra de CFT-E, as instituições de ensino incorporam
essa verba definitivamente ao seu patrimônio, podendo aplicá-la da forma que melhor atenda aos seus
interesses, não havendo nenhuma ingerência do poder público. Assim, havendo disponibilidade plena sobre tais
valores, é possível a constrição de tais verbas para pagamento de obrigações decorrentes das relações privadas
da instituição de ensino.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.760.784-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 6/6/2023 (Info 12 – Edição Extraordinária).

É necessária a intimação da parte executada na fase de cumprimento de sentença, mesmo que ela tenha sido
citada na fase de conhecimento e não tenha constituído procurador, verificando-se a revelia
O art. 513, § 2º, II, do CPC/2015 dispõe que o devedor será intimado para cumprir a sentença “por carta com
aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído
nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV”.
A norma processual é clara e não permite nenhum outro entendimento a respeito do tema, sendo, por
conseguinte, causa de nulidade a ausência de intimação da parte revel em fase de cumprimento de sentença,
não obstante ter sido devidamente citada na ação de conhecimento.
Portanto, nas hipóteses em que o executado revel estiver sendo representado pela Defensoria Pública ou não
possuir procurador constituído nos autos, a intimação deve ocorrer por carta com Aviso de Recebimento (AR).
Em suma: é imprescindível a intimação do réu revel na fase de cumprimento de sentença, devendo ser realizada
por intermédio de carta com AR nas hipóteses em que o executado estiver representado pela Defensoria Pública
ou não possuir procurador constituído nos autos.
STJ. 4ª Turma. REsp 2.053.868-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 6/6/2023 (Info 780).

Na hipótese de execução de dívida de natureza não alimentar, é possível a penhora de salário, ainda que este
não exceda 50 salários mínimos, quando garantido o mínimo necessário para a subsistência digna do
devedor e de sua família
Regra: os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as
pensões, os pecúlios, os montepios etc. são, como regra geral, impenhoráveis.
Exceções expressas (§ 2º do art. 833 do CPC):
1) é possível a penhora das verbas salariais para pagamento de prestação alimentícia (qualquer que seja a sua
origem, ou seja, pode ser pensão alimentícia decorrente de poder familiar, de parentesco ou mesmo derivada de
um ato ilícito).
2) é possível a penhora sobre o montante que exceder 50 salários-mínimos.
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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

Exceção implícita: é permitida a penhora para satisfação de dívida de natureza não alimentar, desde que a
quantia bloqueada se revele razoável em relação à remuneração recebida pelo executado, não afrontando a
dignidade ou a subsistência do devedor e de sua família.
STJ. Corte Especial.EREsp 1.874.222-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/4/2023 (Info 771).

O crédito inscrito em precatório decorrente de parcelas vencidas de benefício previdenciário pode ser objeto
de cessão a terceiros?
1ª corrente: NÃO
É nula a cessão de crédito previdenciário, conforme o art. 114 da Lei nº 8.213/91.
Nos termos do art. 114 da Lei 8.213/91, é proibida a cessão de créditos previdenciários, sendo nula qualquer
cláusula contratual que a este respeito disponha de modo diverso.
STJ. 1ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp n. 1.934.524/RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 26/6/2023.
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.923.742-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 3/4/2023 (Info 11 – Edição
Extraordinária).

2ª corrente: SIM
O crédito inscrito em precatório oriundo de ação previdenciária pode ser objeto de cessão a terceiros.
A cessão de créditos inscritos em precatórios, autorizada pelo art. 100, §§ 13 e 14, da CF/88, permite ao credor,
mediante negociações entabuladas com eventuais interessados na aquisição do direito creditício com deságio,
a percepção imediata de valores que somente seriam obtidos quando da quitação da dívida pelo Poder Público,
cujo notório inadimplemento fomenta a instituição de mercado dos respectivos títulos, abrangendo, inclusive, as
parcelas de natureza alimentar.
O princípio da intangibilidade das prestações da Previdência Social, previsto no art. 114 da Lei nº 8.213/91, veda
a cessão dos benefícios previdenciários, obstando, por conseguinte, a alienação ou transmissão irrestrita de
direitos personalíssimos e indisponíveis. Esse art. 114, contudo, não impede que o titular de crédito inscrito em
precatório, inclusive oriundo de ação previdenciária, possa ceder o crédito das prestações atrasadas para
terceiros. Isso porque se trata de direito patrimonial disponível passível de livre negociação.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.896.515-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 11/4/2023 (Info 771).

Se um contrato possui cláusula de arbitragem, mas é líquido, certo e exigível, pode ser executado no juízo
estatal; a executada não pode, em embargos à execução, discutir questões relacionadas com as disposições
do contrato, sendo essa matéria do juízo arbitral
A existência de cláusula de arbitragem não pode impedir a execução de título extrajudicial perante a Justiça,
justamente porque esta é a única competente para o exercício de medidas que visem à expropriação de bens do
devedor.
Assim, a execução de título executivo que contenha cláusula compromissória por credor sub-rogado deve ser
processada na jurisdição estatal, que, contudo, não tem competência para analisar as questões alusivas às
disposições do contrato em si invocadas em embargos à execução.
Nessas situações, cabe ao executado que pretende questionar a própria exequibilidade do título dar início ao
procedimento arbitral respectivo, nos termos do art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 9.307/96.
Não compete ao juízo estatal, em execução de título executivo extrajudicial que contenha cláusula
compromissória ajuizada por credor sub-rogado, analisar questões alusivas às disposições do contrato em si, o
que deve ser discutido na jurisdição arbitral.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.032.426-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 11/4/2023 (Info 770).

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

O crédito inscrito em precatório decorrente de parcelas vencidas de benefício previdenciário pode ser objeto
de cessão a terceiros?

1ª corrente: NÃO
É nula a cessão de crédito previdenciário, conforme o art. 114 da Lei nº 8.213/91.
Nos termos do art. 114 da Lei 8.213/91, é proibida a cessão de créditos previdenciários, sendo nula qualquer
cláusula contratual que a este respeito disponha de modo diverso.
STJ. 1ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp n. 1.934.524/RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 26/6/2023.
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.923.742-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 3/4/2023 (Info 11 – Edição
Extraordinária).

2ª corrente: SIM
O crédito inscrito em precatório oriundo de ação previdenciária pode ser objeto de cessão a terceiros.
A cessão de créditos inscritos em precatórios, autorizada pelo art. 100, §§ 13 e 14, da CF/88, permite ao credor,
mediante negociações entabuladas com eventuais interessados na aquisição do direito creditício com deságio,
a percepção imediata de valores que somente seriam obtidos quando da quitação da dívida pelo Poder Público,
cujo notório inadimplemento fomenta a instituição de mercado dos respectivos títulos, abrangendo, inclusive, as
parcelas de natureza alimentar.
O princípio da intangibilidade das prestações da Previdência Social, previsto no art. 114 da Lei nº 8.213/91, veda
a cessão dos benefícios previdenciários, obstando, por conseguinte, a alienação ou transmissão irrestrita de
direitos personalíssimos e indisponíveis. Esse art. 114, contudo, não impede que o titular de crédito inscrito em
precatório, inclusive oriundo de ação previdenciária, possa ceder o crédito das prestações atrasadas para
terceiros. Isso porque se trata de direito patrimonial disponível passível de livre negociação.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.896.515-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 11/4/2023 (Info 771).

É possível a substituição da penhora em dinheiro por seguro garantia judicial, mesmo contra a vontade do
exequente, ressalvados os casos de insuficiência, defeito formal ou inidoneidade da garantia oferecida

É possível a substituição da penhora em dinheiro por seguro garantia judicial, observados os requisitos do art.
835, § 2º, do CPC/2015, independentemente da discordância da parte exequente, ressalvados os casos de
insuficiência, defeito formal ou inidoneidade da salvaguarda oferecida.
O legislador, ao dispor sobre a ordem preferencial de bens e a substituição da penhora, expressamente
equiparou a fiança bancária e o seguro-garantia judicial ao dinheiro, nos seguintes termos: “para fins de
substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em
valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento” (art. 835, § 2º, do CPC/2015).
STJ. 3ª Turma. REsp 2034482-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/3/2023 (Info 769).

Sempre que a apreciação do excesso de execução ou da inexigibilidade da obrigação exigir dilação


probatória que vá além do simples documento, a observância do procedimento da ação incidental de
embargos se tornará obrigatória
Nas execuções por quantia certa, o art. 798, I, “b”, do CPC prevê que incumbe ao credor o dever de instruir a
petição inicial com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação.
De maneira simétrica, o art. 917, em seu § 3º, imputa igual ônus ao executado, quando seus embargos
fundarem-se na arguição de excesso de execução. E, sob pena de não serem conhecidos os embargos de tal
natureza, o executado deverá juntar à inicial a memória de cálculo do débito que entende correto.
Vale ressaltar, entretanto, que haverá casos em que a apuração do excesso alegado pode ficar comprometido
pela necessidade de conhecimento técnico contábil, do qual não disponha a parte. Nessas hipóteses, a
jurisprudência e a doutrina têm admitido a mitigação daquela previsão legal, tornando mesmo imperativa a

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

dilação probatória para se alcançar o valor realmente devido, evitando-se, assim, cerceamento de defesa.
Assim, em situações como a referida, reconhece-se que, ainda com mais acerto, o devedor deve se valer dos
embargos à execução, meio de oposição à pretensão do credor por excelência, mormente pela viabilidade do
contraditório, excepcional no expediente executório.
STJ. 4ª Turma.REsp 1987774-CE, Rel. Min.Luis Felipe Salomão, julgado em 21/3/2023 (Info 769).

A responsabilidade pelo adimplemento dos débitos tributários que recaiam sobre o bem imóvel é do
arrematante havendo expressa menção no edital de hasta pública nesse sentido
Caso hipotético: a Justiça do Trabalho penhorou um imóvel pertencente a uma empresa para pagar dívida
trabalhista que ela tinha com um ex-empregado. Em 04/06/2013, o imóvel foi levado à hasta pública (leilão).
João arrematou o imóvel no leilão. Vale ressaltar que o edital de convocação da hasta pública continha a
informação que os valores de IPTU posteriores à arrematação seriam de responsabilidade do arrematante. A
empresa ingressou com uma série de medidas processuais a fim de tentar anular o leilão e reaver o imóvel. Ao
final, a empresa não teve êxito e a validade do leilão foi confirmada pelo TST. Ocorre que, em razão da demora
para julgar essa impugnação, somente em 16/12/2017 foi que João conseguiu efetivamente tomar posse do
imóvel.
Mesmo sem ter ainda a posse do imóvel, João (o arrematante) é responsável pelos débitos de IPTU referentes
aos exercícios de 2014 a 2017.
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1921489-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 28/2/2023 (Info 767).

É relativa a nulidade advinda da não suspensão do feito em virtude da morte de coexecutado, sendo
imprescindível a comprovação do prejuízo processual sofrido pela parte a quem a nulidade aproveitaria
O art. 313, I, do CPC prevê que a se uma das partes do processo for a óbito, haverá a imediata suspensão do
processo desde o evento morte. Isso para viabilizar a substituição processual da parte por seu espólio. O
objetivo é preservar o interesse particular do espólio, assim como dos herdeiros do falecido.
Sendo esse o propósito da norma processual, a nulidade advinda da inobservância dessa regra é relativa,
passível de declaração apenas no caso de a não regularização do polo ensejar real e concreto prejuízo
processual ao espólio. Do contrário, os atos processuais praticados, a despeito da não suspensão do feito, hão
de ser considerados absolutamente válidos.
Se a parte a quem a nulidade aproveitaria, ciente da morte, deixa de informá-la nos autos logo na primeira
oportunidade que lhe é dada, ela não poderá conseguir a anulação dos atos processuais posteriormente, sob
pena de ofensa ao princípio da boa-fé processual.
No caso concreto, a esposa do executado falecido, também coexecutada, deixou, deliberadamente, de informar
ao Juízo a respeito do óbito de seu marido nos atos processuais que se seguiram.
STJ. 3ª Turma. REsp 2033239-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/2/2023 (Info 764).

Se a executada, em vez de pagar integralmente o valor, efetuou o depósito de 30% e pediu o parcelamento do
restante, ela deverá pagar honorários advocatícios referentes ao cumprimento de sentença
Na vigência do antigo Código de Processo Civil, os honorários da fase de cumprimento de sentença eram
fixados no recebimento da inicial, sendo devidos desde o esgotamento do prazo para pagamento voluntário,
inclusive na hipótese de parcelamento prevista no art. 745-A do CPC/1973.
STJ. 4ª Turma. AgInt nos EDcl no AREsp 920284-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 14/2/2023 (Info 764).

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

A suspensão do cumprimento de sentença, em virtude da ausência de bens passíveis de excussão, por longo
período de tempo, sem diligência por parte do credor, não configura supressio, de modo que não obsta a
fluência dos juros e da correção monetária
A supressio consubstancia-se na impossibilidade de se exercer um direito por parte de seu titular em razão de
seu não exercício por certo período variável de tempo e que, em razão desta omissão, gera da parte contrária
uma expectativa legítima de que não seria mais exigível. Não se confunde com a prescrição e com a decadência,
institutos pelos quais se opera a extinção da pretensão ou do direito potestativo pela simples passagem do
tempo.
A suspensão da execução ou do cumprimento de sentença, em virtude da ausência de bens passíveis de
excussão, por longo período de tempo, sem nenhuma diligência por parte do credor, não pode dar ensejo à
suspensão da fluência dos juros e da correção monetária pela configuração da supressio, porquanto a
pendência da ação que busca a concretização do título judicial impede que se gere no devedor a expectativa de
inexigibilidade do débito.
STJ. 4ª Turma. REsp 1717144-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 14/2/2023 (Info 765).

Em regra, é inadmissível a penhora de bem já hipotecado por força de cédula de crédito rural
É inadmissível a penhora de bem já hipotecado por força de cédula de crédito rural, salvo:
a) em face de execução fiscal;
b) após a vigência do contrato de financiamento;
c) quando houver anuência do credor; ou
d) quando ausente risco de esvaziamento da garantia, tendo em vista o valor do bem ou a preferência do crédito
cedular.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1609931-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 13/2/2023 (Info 767).

É constitucional o art. 139, IV, do CPC, que prevê medidas atípicas destinadas a assegurar a efetivação dos
julgados
São constitucionais — desde que respeitados os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os
valores especificados no próprio ordenamento processual, em especial os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade — as medidas atípicas previstas no CPC/2015 destinadas a assegurar a efetivação dos julgados.
STF. Plenário. ADI 5941/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/02/2023 (Info 1082).

A ausência de comprovação, pela parte executada, de que o imóvel penhorado é explorado pela família
afasta a incidência da proteção da impenhorabilidade
O art. 5º, XXVI, da CF/88 e o art. 833, VIII, do CPC preveem que é impenhorável a pequena propriedade rural,
assim definida em lei, desde que trabalhada pela família.
Assim, para que o imóvel rural seja impenhorável, são necessários dois requisitos:
1) que seja enquadrado como pequena propriedade rural, nos termos definidos pela lei; e
2) que seja trabalhado pela família.
Quem tem o encargo de provar esses requisitos? Quem tem o encargo de provar os requisitos da
impenhorabilidade da pequena propriedade rural? O devedor.
O art. 833, VIII, do CPC/2015 é expresso ao condicionar o reconhecimento da impenhorabilidade da pequena
propriedade rural à sua exploração familiar. Isentar o devedor de comprovar a efetiva satisfação desse requisito
legal e transferir a prova negativa ao credor importaria em desconsiderar o propósito que orientou a criação

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

dessa norma, o qual consiste em assegurar os meios para a manutenção da subsistência do executado e de sua
família.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.913.234-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/2/2023 (Info 12 – Edição
Extraordinária).

Cabe agravo de instrumento contra a decisão que declara a inexigibilidade parcial da execução
A decisão que declara a inexigibilidade parcial da execução é recorrível mediante agravo de instrumento,
configurando erro grosseiro a interposição de apelação, o que inviabiliza a aplicação do princípio da fungibilidade
recursal.
STJ. 2ª Turma. REsp 1947309-BA, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 7/2/2023 (Info 763).

É inconstitucional a lei estadual que transfere ao credor a responsabilidade por encaminhar ao órgão público
a documentação necessária para pagamento do RPV, bem como que determina a suspensão do prazo para
pagamento
Os estados e municípios podem redefinir o valor limite da Requisição de Pequeno Valor (RPV) visando à
adequação de suas respectivas capacidades financeiras e especificidades orçamentárias.
Os entes federados, desde que respeitado o princípio da proporcionalidade, gozam de autonomia para
estabelecer o montante correspondente às obrigações de pequeno valor e, dessa forma, afastar a aplicação do
sistema de precatórios. Eles só não podem estabelecer valor demasiado além ou aquém do razoável, tendo
como parâmetro as suas disponibilidades financeiras.
As normas que dispõem sobre RPV têm caráter eminentemente processual. Assim, é inconstitucional, por violar
a competência privativa da União para legislar sobre direito processual (art. 22, I, da CF/88), a lei estadual que
transfere ao credor a responsabilidade pelo encaminhamento da documentação necessária para solicitação do
pagamento do RPV diretamente ao órgão público devedor, bem como determina a suspensão do prazo para
pagamento.
STF. Plenário. ADI 5421/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/12/2022 (Info 1081).

Inexiste obrigação legal de que a remuneração do depositário seja determinada com base na Tabela de
Custas da Corte Estadual
Caso hipotético: Ricardo ingressou com execução contra Antônio. O juiz determinou a penhora de um veículo do
devedor. O carro foi removido para um depósito particular até o leilão.
Esse depósito particular deverá ser remunerado por isso.
O particular que aceita exercer o múnus público de depositário judicial tem direito à remuneração como
contrapartida pela prestação de seus serviços e ao ressarcimento das despesas que precisou efetuar para a
guarda e conservação dos bens, tal como o depositário público.
O CPC determina, em seu art. 160, que, por seu trabalho, o depositário ou o administrador perceberá
remuneração que o juiz fixará levando em conta a situação dos bens, ao tempo do serviço e às dificuldades de
sua execução.
Não existe obrigação legal de que a remuneração do depositário seja determinada com base na Tabela de
Custas da Corte Estadual.
STJ. 3ª Turma. REsp 2026289/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/12/2022 (Info 762).

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

Após a alteração do art. 921, § 5º, do CPC/2015, promovida pela Lei 14.195/2021, o reconhecimento da
prescrição intercorrente e a consequente extinção do processo obstam a condenação da parte que deu causa
à ação ao pagamento de honorários sucumbenciais
Antes da Lei 14.195/2021:
Art. 921 (...) § 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a
prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo.
Assim, o STJ dizia que, com base no princípio da causalidade, o executado deveria arcar com o pagamento dos
honorários e das custas processuais.

Depois da Lei 14.195/2021:


Art. 921 (...) § 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a
prescrição no curso do processo e extingui-lo, sem ônus para as partes.
Nas hipóteses em que extinto o processo com resolução do mérito, em razão do reconhecimento da prescrição
intercorrente, é de ser reconhecida a ausência de ônus às partes, a importar condenação nenhuma em custas e
honorários sucumbenciais. Em outras palavras, sendo reconhecida a prescrição intercorrente, nem o exequente
nem o executado pagarão custas ou honorários advocatícios de sucumbência.
Essa alteração se aplica para os processos que se iniciaram antes da Lei 14.195/2021?
Sim, desde que a sentença seja prolatada a partir de 26/8/2021, data em que entrou em vigor a Lei 14.195/2021.
A legislação que versa sobre honorários advocatícios possui natureza híbrida (material-processual), de modo
que o marco temporal para a aplicação das novas regras sucumbenciais deve ser a data de prolação da
sentença (ou ato jurisdicional equivalente, quando diante de processo de competência originária de Tribunal).
STJ. 3ª Turma. REsp 2025303-DF, Rel. Ministra Nancy Andrighi, julgado em 8/11/2022 (Info 759).

A penhora de cotas de fundo de investimento não confere, automaticamente, ao exequente a condição de


cotista desse fundo, não sujeitando-se aos riscos provenientes dessa espécie de investimento
Ocorrendo a penhora sobre cotas de fundo de investimento, a propriedade desses bens mantém-se com o
devedor investidor até o resgate ou a expropriação final. A penhora em si confere ao exequente o mero direito de
preferência e de sequela, e não a propriedade da cota.
Logo, não se transfere ao exequente a álea (risco) inerente a esse tipo de negócio jurídico. Apenas os cotistas
contratantes é que ficam sujeitos aos riscos do investimento. Isso significa que o exequente não fica obrigado
pelos ônus nem pode se beneficiar dos bônus desse investimento, notadamente diante do princípio da
relatividade dos efeitos do contrato.
Portanto, enquanto não operado o resgate ou a expropriação final das cotas de fundo de investimento
penhoradas, podem ocorrer duas situações:
• as cotas do fundo se desvalorizaram: surge para o exequente o direito de requerer a complementação da
penhora, na linha do que prevê o art. 850 do CPC/2015;
• as cotas do fundo se valorizaram: no momento do efetivo adimplemento, deverá ocorrer a exclusão da
importância que superar o crédito exequendo (atualizado e acrescido dos encargos legais).
STJ. 3ª Turma. REsp 1885119-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/10/2022 (Info 756).

O § 11 do art. 525 do CPC é uma faculdade do devedor; isso significa que ele pode decidir não apresentar
essa petição ao juízo e optar por interpor diretamente agravo de instrumento contra a decisão que o
prejudicou
Na fase de cumprimento de sentença, não há óbice à interposição direta do recurso de agravo de instrumento
contra decisão que determina a penhora de bens sem a prévia utilização do procedimento de impugnação

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previsto no art. 525, § 11, do CPC/2015.


STJ. 3ª Turma. REsp 2023890-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2022 (Info 757).

Depois que a parte devedora efetua o depósito em juízo ou tem valores penhorados, ela ainda continua tendo
responsabilidade pelo pagamento dos juros e correção monetária?
Na execução, o depósito efetuado a título de garantia do juízo ou decorrente da penhora de ativos financeiros
não isenta o devedor do pagamento dos consectários de sua mora, conforme previstos no título executivo,
devendo-se, quando da efetiva entrega do dinheiro ao credor, deduzir do montante final devido o saldo da conta
judicial.
STJ. Corte Especial. REsp 1820963-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/10/2022 (Recurso Repetitivo –
Tema 677) (Info 755).

Se a parte executada faz o depósito da quantia cobrada e afirma que não se trata de cumprimento voluntário,
mas sim de garantia do juízo, caso a impugnação seja julgada improcedente, ela terá que pagar multa e
honorários

A multa e honorários advocatícios a que se refere o § 1º do art. 523 do CPC/2015 serão excluídos apenas se o
executado depositar voluntariamente a quantia devida em juízo, sem condicionar seu levantamento a qualquer
discussão do débito.
No caso concreto, a parte devora efetuou o depósito da quantia, mas manifestou a sua intenção de depositar o
valor executado como forma de garantia do juízo, destacando expressamente que não se tratava de
cumprimento voluntário da obrigação. Por essa razão, sendo julgado improcedente a impugnação, o débito
exequendo deve ser acrescido das penalidades previstas no art. 523, § 1º, do CPC/2015.
STJ. 3ª Turma. REsp 2007874-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/10/2022 (Info 756).

Mesmo sem ter havido penhora na execução fiscal, o crédito tributário tem preferência sobre o produto da
arrematação de bem do devedor ocorrido em outro processo de execução
Em concurso singular de credores, a Fazenda Pública possui preferência na habilitação no produto de
arrematação de bem, ainda que sem ter perfectibilizado prévia constrição juntamente com os demais credores,
estando, todavia, o levantamento deste valor condicionado à ordem de pagamento a ser exarada em demanda
que certifique a certeza, a liquidez e a exigibilidade da obrigação encartada no título executivo.
Na hipótese de não existir execução fiscal aparelhada, garante-se o exercício do direito do credor privilegiado
mediante a reserva da totalidade (ou de parte) do produto da penhora levada a efeito em execução de terceiros.
STJ. Corte Especial. EREsp 1603324-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/09/2022 (Info 750).

A hasta pública para alienação de vaga de garagem em condomínio se restringe aos demais condôminos,
salvo autorização expressa na convenção condominial
Caso hipotético: João estava sendo executado. O juiz determinou a penhora de seus bens. João possuía uma
vaga de garagem localizada no condomínio em que ele mora. Essa vaga de garagem possui matrícula própria,
diferente da matrícula do apartamento. Diante disso, o juiz determinou a penhora da vaga de garagem e a sua
alienação em hasta pública.
Neste caso, somente um condômino poderá arrematar a vaga. Não será possível que um terceiro – alguém que
não seja condômino – faça a arrematação. É o que preveem o art. 2º da Lei nº 4.591/64 e o art. 1.331, § 1º, do

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Código Civil.
O objetivo da lei foi o de dar maior segurança aos condomínios. Diante disso, entende-se que a vedação de
alienação dos abrigos para veículos a pessoas estranhas ao condomínio, estipulada no art. 1.331, § 1º, do
Código Civil, deve prevalecer também nas alienações judiciais. Logo, em tais casos, a hasta pública deverá
ocorrer no universo limitado dos demais condôminos.
STJ. 2ª Turma. REsp 2008627-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 13/09/2022 (Info 749).

Ao editar norma própria, o ente federado, desde que em consonância com sua capacidade econômica e com
o princípio da proporcionalidade, pode estabelecer quantia inferior à prevista no art. 87 do ADCT como teto
para pagamento da RPV
(I) As unidades federadas podem fixar os limites das respectivas requisições de pequeno valor em patamares
inferiores aos previstos no artigo 87 do ADCT, desde que o façam em consonância com sua capacidade
econômica.
(II) A aferição da capacidade econômica, para este fim, deve refletir não somente a receita, mas igualmente os
graus de endividamento e de litigiosidade do ente federado.
(III) A ausência de demonstração concreta da desproporcionalidade na fixação do teto das requisições de
pequeno valor impõe a deferência do Poder Judiciário ao juízo político-administrativo externado pela legislação
local.
STF. Plenário. RE 1359139/CE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1/9/2022 (Repercussão Geral – Tema 1231) (Info
1066).

Se a sentença transitada em julgado determinou a apuração, em liquidação de sentença, dos prejuízos


suportados pelo autor, não é possível iniciar diretamente o cumprimento de sentença

Configura violação à coisa julgada o imediato cumprimento de sentença, quando o título judicial transitado em
julgado determina a apuração dos danos materiais sofridos pela parte em liquidação de sentença e esta não
apresenta documentação apta a comprovar a liquidez da dívida.
STJ. 4ª Turma. AREsp 1832357-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
23/08/2022 (Info 749).

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É inviável a intervenção anômala da União na fase de execução ou no processo executivo, salvo na ação
cognitiva incidental de embargos

Caso hipotético: o Banco do Brasil (sociedade de economia mista federal) ajuizou execução contra a empresa
Gama. O juiz determinou a penhora de imóveis pertencentes à devedora. A União pediu seu ingresso no
processo com base na intervenção anômala prevista no art. 5º, parágrafo único, da Lei nº 9.469/97: “As pessoas
jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza
econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato
e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso,
recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.”
O pedido não deve ser aceito. Isso porque essa intervenção anômala não é cabível no processo de execução,
salvo na ação cognitiva incidental de embargos.
Para a admissão da intervenção de terceiros na modalidade assistência, é antecedente necessário a existência
de causa pendente, ou seja, causa (discussão de cognição) cuja decisão final não tenha transitado em julgado.
No processo executivo, salvo eventual discussão travada em embargos à execução, não existe causa pendente.
Logo, não cabe a intervenção anômala.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1838866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/08/2022 (Info 754).

A sociedade de advocacia é parte legítima para cobrar honorários contratuais na hipótese de expressa
cessão de crédito operada por advogado ingressante

É parte legitima para cobrar honorários contratuais a Sociedade de Advocacia que, apesar de não constar do
instrumento de mandato, obtém a titularidade do crédito por força de legítima e válida cessão de crédito operada
no momento em que a advogada cedente e titular originária do crédito, passa a integrar o quadro societário
daquela Sociedade.
STJ. 3ª Turma. REsp 2004335-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 09/08/2022 (Info 749).

É possível que a credora seja beneficiada novamente com a antecipação de crédito dotado de
superpreferência em caso de mera complementação do valor anteriormente recebido
É devido o pedido de complementação do crédito de natureza alimentícia, dotado de superpreferência, na forma
dos arts. 100, § 2º, da CF/1988 e 102, § 2º, do ADCT, com a adoção dos limites estabelecidos por lei local que
majorou o teto para as obrigações de pequeno valor.
STJ. 2ª Turma. RMS 68549-DF, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 02/08/2022 (Info 743).

É incabível a repropositura de cumprimento de sentença de parcela de mesmo crédito que não foi cobrado
anteriormente em observância à coisa julgada impeditiva de nova demanda
Em relação aos limites objetivos da coisa julgada, haverá o óbice da coisa julgada material para ajuizamento de
nova ação quando se constatar a existência da tríplice identidade - partes, causa de pedir e pedido -
considerando-se que a alteração de qualquer uma modificará a ação e afastará o pressuposto processual
negativo objetivo da coisa julgada.
No caso concreto, o STJ reconheceu que, no segundo pedido de cumprimento de sentença, havia tríplice
identidade com o primeiro pedido de cumprimento de sentença, que foi negado e no qual houve trânsito em
julgado.
O argumento de que se tratava de outra parte diferente do mesmo crédito não foi acolhido. É sabido que a lei
autoriza, em algumas situações específicas e justificadas, o fracionamento do feito executivo.

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No entanto, no caso, não havia interesse fático ou jurídico plausível para que o autor fracionasse o julgado em
cumprimentos de sentença distintos. Aliás, fracionar a bel prazer o cumprimento de sentença de crédito único,
líquido e certo (para executar uma das parcelas em momento diverso), envolvendo as mesmas partes e
decorrente do mesmo fato gerador (provimento jurisdicional de capítulo único), sem que se efetivasse nenhuma
ressalva em relação ao “primeiro” cumprimento de sentença, demonstra um comportamento contraditório em
verdadeiro venire contra factum proprium.
STJ. 4ª Turma. REsp 1778638-MA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/08/2022 (Info 758).

É inconstitucional o cancelamento automático — realizado diretamente pela instituição financeira oficial


depositária e sem prévia ciência do beneficiário ou formalização de contraditório — de precatórios e RPV
federais não resgatados em dois anos
A Lei nº 13.463/2017 tratou sobre os recursos destinados aos pagamentos decorrentes de precatórios e de
Requisições de Pequeno Valor (RPV) federais. Veja o que disse o art. 2º, caput e § 1º:
Art. 2º Ficam cancelados os precatórios e as RPV federais expedidos e cujos valores não tenham sido
levantados pelo credor e estejam depositados há mais de dois anos em instituição financeira oficial.
§ 1º O cancelamento de que trata o caput deste artigo será operacionalizado mensalmente pela instituição
financeira oficial depositária, mediante a transferência dos valores depositados para a Conta Única do Tesouro
Nacional.
A ideia da Lei foi a de que, se o titular não pediu o pagamento do precatório ou da RPV em um prazo de 2 anos,
não faria sentido esse recurso ficar contingenciado (“preso”), devendo ele ser utilizado para outras finalidades.
O STF, contudo, julgou inconstitucionais o art. 2º, caput e o § 1º, da Lei nº 13.463/2017.
A medida infringe o princípio da separação dos Poderes, dada a impossibilidade de edição de medidas
legislativas para condicionar e restringir o levantamento de valores depositados a título de precatórios, já que
gestão de recursos destinados ao seu pagamento incumbe ao Judiciário por decorrência do texto constitucional
(art. 100, da CF/88), o qual não deixou margem limitativa do direito de crédito ao legislador infraconstitucional.
Também há violação aos princípios da segurança jurídica, do respeito à coisa julgada (art. 5º, XXXVI) e do devido
processo legal (art. 5º, LIV), sendo certo que a simples previsão da faculdade do credor requerer posteriormente
a expedição de novo ofício requisitório com a conservação da ordem cronológica anterior não repara os vícios
inerentes ao cancelamento.
Ademais, como nesse momento processual da tutela executiva a Fazenda Pública não detém a titularidade da
quantia, a previsão legal ofende o direito de propriedade (art. 5º, XXII), além de conferir tratamento mais gravoso
ao credor, criando distinção que deriva automaticamente do decurso do tempo, sem averiguar as reais razões do
não levantamento do montante, afastando-se da necessária obediência à isonomia.
STF. Plenário. ADI 5755/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29 e 30/6/2022 (Info 1061).

Não há um tempo pré-estabelecido fixamente para a duração da medida coercitiva atípica, que deve perdurar
por tempo suficiente para dobrar a renitência do devedor
As medidas coercitivas atípicas devem ser deferidas e mantidas enquanto conseguirem operar, sobre o devedor,
restrições pessoais capazes de incomodar e suficientes para tirá-lo da zona de conforto, especialmente no que
se refere aos seus deleites, aos seus banquetes, aos seus prazeres e aos seus luxos, todos bancados pelos
credores.
Não há uma fórmula mágica nem deve haver um tempo pré-estabelecido para a duração de uma medida
coercitiva. Esta deve perdurar, portanto, pelo tempo suficiente para dobrar (fazer ceder) a renitência do devedor.
O objetivo é convencer o executado de que é mais vantajoso adimplir a obrigação do que, por exemplo, não
poder realizar viagens internacionais.
O devedor argumenta que está em situação de miserabilidade, não sendo possível adimplir as suas dívidas. Ao
mesmo tempo, ele pede a liberação do passaporte. Essas posturas são contraditórias. Isso porque ou bem o

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devedor realmente se encontra em situação de penúria financeira e não reúne condições de satisfazer a dívida
(e, nessa hipótese, a suspensão do passaporte será duplamente inócua, como técnica coercitiva e porque o
documento apenas ficará sob a posse do devedor no Brasil, diante da impossibilidade de custear viagens
internacionais) ou o devedor está realmente ocultando patrimônio e terá revogada a suspensão tão logo quite as
suas dívidas.
STJ. 3ª Turma. HC 711194-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em
21/06/2022 (Info 749).

É possível a penhora integral de valores depositados em conta bancária conjunta, na hipótese de apenas um
dos titulares ser sujeito passivo da execução?
A) É presumido, em regra, o rateio em partes iguais do numerário mantido em conta corrente conjunta solidária
quando inexistente previsão legal ou contratual de responsabilidade solidária dos correntistas pelo pagamento
de dívida imputada a um deles.
B) Não será possível a penhora da integralidade do saldo existente em conta conjunta solidária no âmbito de
execução movida por pessoa (física ou jurídica) distinta da instituição financeira mantenedora, sendo
franqueada aos cotitulares e ao exequente a oportunidade de demonstrar os valores que integram o patrimônio
de cada um, a fim de afastar a presunção relativa de rateio.
STJ. Corte Especial. REsp 1610844-BA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/06/2022 (Tema IAC 12)
(Info 741).

É possível ao devedor poupar valores sob a regra da impenhorabilidade no patamar de até 40 salários-
mínimos, não apenas aqueles depositados em cadernetas de poupança, mas também em conta corrente ou
em fundos de investimento, ou guardados em papel-moeda

O art. 833, X, do CPC estabelece que são impenhoráveis “a quantia depositada em caderneta de poupança, até o
limite de 40 (quarenta) salários-mínimos”.
A abrangência da regra do art. 833, X, do CPC/2015 se estende a todos os numerários poupados pela parte
executada, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos, não importando se depositados em poupança, conta-
corrente, fundos de investimento ou guardados em papel-moeda, autorizando as instâncias ordinárias, caso
identifiquem abuso do direito, a afastar a garantia da impenhorabilidade.
STJ. 2ª Seção. EREsp 1330567-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/12/2014 (Info 554).
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1958516-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/06/2022 (Info 742).
STJ. 1ª Turma. AgInt-AREsp 2.152.036-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, DJE 27/01/2023.

O art. 3º da Lei nº 9.469/97 não se aplica na execução de título judicial


O art. 3º da Lei nº 9.469/97, que condiciona a concordância do Advogado-Geral da União e dirigentes máximos
das empresas públicas federais com pedido de desistência de ação à expressa renúncia ao direito em que se
funda a ação, não se aplica na execução de título judicial.
STJ. 1ª Turma. REsp 1769643-PE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 07/06/2022 (Info 742).

A solvência dos créditos privilegiados detidos por credores concorrentes (concurso particular) independe de
se perquirir acerca da anterioridade da penhora, devendo o rateio do montante constrito ser procedido de
forma proporcional ao valor dos créditos (art. 962 do CC)

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O art. 908 do CPC prevê que, em caso de concurso de credores, deve ser observada a anterioridade da penhora:
Art. 908. Havendo pluralidade de credores ou exequentes, o dinheiro lhes será distribuído e entregue consoante a
ordem das respectivas preferências.
§ 1º No caso de adjudicação ou alienação, os créditos que recaem sobre o bem, inclusive os de natureza propter
rem, sub-rogam-se sobre o respectivo preço, observada a ordem de preferência.
§ 2º Não havendo título legal à preferência, o dinheiro será distribuído entre os concorrentes, observando-se a
anterioridade de cada penhora.
Ocorre que esse dispositivo somente incide quando se tratar de credores quirografários, não se aplicando,
portanto, aos detentores de privilégio.
Havendo concurso de credores titulares de créditos privilegiados, não se aplica o art. 908 do CPC, devendo
incidir o art. 962 do Código Civil:
Art. 962. Quando concorrerem aos mesmos bens, e por título igual, dois ou mais credores da mesma classe
especialmente privilegiados, haverá entre eles rateio proporcional ao valor dos respectivos créditos, se o produto
não bastar para o pagamento integral de todos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1987941-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/05/2022 (Info 735).

Não é cabível extinção da execução pela ausência de juntada das avenças anteriores e subjacentes ao
contrato de confissão de dívida
O instrumento de confissão de dívida constitui título executivo extrajudicial, sendo que a possibilidade de
discussão dos contratos que lhe antecedem não retira a sua força executiva, conforme se pode inferir das
Súmulas 286 e 300/STJ.
STJ. 3ª Turma. REsp 1805898-MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/04/2022 (Info 735).

O ajuizamento de execução da obrigação de fazer não interrompe o prazo para a execução da obrigação de
pagar
Exemplo hipotético: o sindicato dos servidores públicos federais ajuizou ação coletiva contra a FUNASA pedindo
que:
a) fosse incluída determinada gratificação nos proventos de todos os servidores da FUNASA que se
aposentaram antes da EC 41/2003;
b) que fossem pagas as parcelas dessa gratificação desde a data em que ela foi criada.
O juiz julgou procedentes os pedidos. Houve o trânsito em julgado em 01/06/2012.
Repare que a FUNASA foi condenada a duas obrigações:
• uma obrigação de fazer (incluir a gratificação nos vencimentos pagos mensalmente ao servidor);
• uma obrigação de pagar (pagar as parcelas pretéritas).
Em 01/06/2013, Pedro, servidor aposentado da FUNSA e um dos beneficiários com a decisão, ingressou com
pedido de execução individual de sentença coletiva. Ocorre que, nessa execução, Pedro somente pediu a
inclusão da GACEN em seu contracheque. Desse modo, a execução limitou-se à obrigação de fazer. A
gratificação foi incluída nos vencimentos.
Em 29/07/2017, Pedro, alertado pelos colegas, ingressou com nova execução individual pedindo agora o
pagamento das parcelas atrasadas. Assim, nessa segunda execução Pedro requereu o cumprimento da
obrigação de pagar.
Essa pretensão de pagar está prescrita. Isso porque o prazo prescricional é de 5 anos contados do trânsito em
julgado. Como a sentença transitou em julgado em 01/06/2012, Pedro teria até 01/06/2017 para executá-la. O
fato de ele ter ingressado com a execução da obrigação de fazer não acarretou a interrupção da prescrição.
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1804754-RN, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 15/03/2022 (Info 729).

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

Apenas a prescrição superveniente à formação do título pode ser alegada em cumprimento de sentença
Caso hipotético: uma empresa de comércio de petróleo ajuizou ação contra a Petrobrás pedindo a reparação por
diversos aspectos do contrato que teriam sido descumpridos pela companhia. O juiz julgou os pedidos
procedentes. No que tange a determinado pleito da autora, o magistrado consignou: “Julgo procedente o pedido
para condenar a Petrobrás ao pagamento dos fretes realizados, cujos valores deverão ser calculados na fase de
liquidação.” Houve o trânsito em julgado. Na liquidação de sentença, foi realizada perícia que apontou que a
Petrobrás deveria pagar R$ 2 milhões à empresa, considerando fretes realizados desde 1987 e que não teriam
sido adimplidos. No cumprimento de sentença, a Petrobrás apresentou impugnação suscitando a prescrição da
pretensão de se exigir os fretes ocorridos antes de 11 de janeiro de 1993. Afirmou que a prescrição é matéria de
ordem pública, que pode ser reconhecida em qualquer tempo ou grau de jurisdição.
O pedido da Petrobrás não foi acolhido pelo STJ.
A prescrição não pode ser alegada depois do trânsito em julgado do título exequendo, com exceção daquela
superveniente à sentença.
Na hipótese, o período da cobrança foi definido na sentença transitada em julgado e não no laudo pericial, que
apenas determinou os valores devidos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1931969-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 08/02/2022 (Info 726).

Se o débito está garantido apenas parcialmente, não há óbice à determinação judicial de inclusão do nome
do executado em cadastro de inadimplentes, nos termos do art. 782, § 3º, do CPC
Na hipótese de haver garantia parcial do débito, o juiz pode determinar, mediante requerimento do exequente, a
inscrição do nome do executado em cadastros de inadimplentes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1953667-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/12/2021 (Info 721).

Na liquidação de sentença, sendo omisso o título exequendo acerca dos critérios a serem aplicados para a
correção monetária, devem incidir os expurgos inflacionários expressamente previstos no Manual de
Cálculos na Justiça Federal
Nas liquidações de sentença, no âmbito da Justiça Federal, a correção monetária deve ser calculada segundo os
índices indicados no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal para os
meses nos quais houve expurgos inflacionários, salvo decisão judicial em contrário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1904401-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 07/12/2021 (Info 723).

A regra do prazo em dobro do art. 191 do CPC/1973 (art. 229 do CPC/2015) pode ser aplicada para o prazo
de impugnação?
A regra do art. 191 do CPC/1973 - que prevê a contagem em dobro dos prazos processuais para litisconsortes
com procuradores diferentes - aplica-se ao prazo de apresentação da impugnação ao cumprimento de sentença
previsto no art. 475-J, § 1º, do CPC/1973.
O mesmo entendimento vale para o CPC/2015, havendo regra expressa nesse sentido no art. 525, § 3º do atual
Código.
STJ. 3ª Turma. REsp 1964438-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 07/12/2021 (Info 723).

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Para se iniciar a execução provisória da multa cominatória não é mais necessário aguardar a prolação da
sentença, no entanto, o levantamento só é possível com o trânsito em julgado
É possível a execução provisória da multa cominatória fixada em tutela provisória de urgência?
CPC/1973: a multa cominatória fixada em antecipação de tutela somente podia ser objeto de execução
provisória
• após a sua confirmação pela sentença de mérito e;
• desde que o recurso eventualmente interposto não fosse recebido com efeito suspensivo.
STJ REsp 1.200.856-RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 1º/7/2014 (Tema 743).

CPC/2015: Art. 537 (...) § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser
depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à
parte.
Desse modo, à luz do CPC/2015, não se aplica a tese firmada no julgamento do REsp 1.200.856/RS,
considerando que o novo CPC inovou na matéria, permitindo a execução provisória da multa cominatória
mesmo antes da prolação de sentença de mérito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1958679-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/11/2021 (Info 719).

Para a cessão de crédito em precatório, em regra, não há obrigatoriedade que se realize por escritura pública
No ordenamento jurídico pátrio, vigora o princípio da liberdade de forma (art. 107 do CC). Assim, a não ser que a
lei expressamente exija forma especial, a regra é no sentido de que a declaração de vontade não depende de
forma especial.
No caso da cessão de crédito, o art. 288 do Código Civil afirma que:
• em regra, não se trata de contrato solene.
• no entanto, para valer perante terceiros, é necessário que seja celebrada por instrumento público ou por
instrumento particular inscrito no Registro Público.
STJ. 1ª Turma. RMS 67005-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/11/2021 (Info 720).

Na execução para cobrança das cotas condominiais, o exequente pode pedir a cobrança não apenas das
parcelas vencidas como também das vincendas, ou seja, daquelas que forem vencendo no curso do processo

Segundo as regras do CPC/2015, é possível a inclusão em ação de execução de cotas condominiais das
parcelas vincendas no débito exequendo, até o cumprimento integral da obrigação no curso do processo. Isso
porque é possível aplicar o art. 323 do CPC/2015 ao processo de execução.
STJ. 3ª Turma. REsp 1756791-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/08/2019 (Info 653).

É possível a inclusão de parcelas vincendas na execução de título extrajudicial de contribuições ordinárias ou


extraordinárias de condomínio edilício, desde que homogêneas, contínuas e da mesma natureza.
STJ. 4ª Turma. REsp 1835998-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/10/2021 (Info 716).

A orientação consagrada na Súmula 375/STJ e no julgamento do Tema 243 é aplicável às hipóteses de


alienações sucessivas

A fraude à execução atua no plano da eficácia, de modo que conduz à ineficácia da alienação ou oneração do
bem em relação ao exequente. É como se o ato fraudulento não tivesse existido para o credor.
O STJ entende que a inscrição da penhora no registro do bem não constitui elemento integrativo do ato, mas sim

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requisito de eficácia perante terceiros. Por essa razão, o prévio registro da penhora do bem constrito gera
presunção absoluta (juris et de jure) de conhecimento para terceiros e, portanto, de fraude à execução caso o
bem seja alienado ou onerado após a averbação.
Essa presunção também é aplicável à hipótese na qual o credor providenciou a averbação, à margem do
registro, da pendência de ação de execução.
Por outro lado, se o bem se sujeitar a registro e a penhora ou a ação de execução não tiver sido averbada no
respectivo registro, tal circunstância não obsta, prima facie, o reconhecimento da fraude à execução. Nesse
caso, entretanto, caberá ao credor comprovar a má-fé do terceiro; vale dizer, de que o adquirente tinha
conhecimento acerca da pendência do processo. Essa orientação é consolidada na jurisprudência do STJ e está
cristalizada na Súmula 375 e no julgamento do Tema 243:
Súmula 375-STJ: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou
da prova de má-fé do terceiro adquirente.
Tema 243: (...) 1.4. Inexistindo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus da prova de que o
terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante à insolvência (...) STJ. Corte
Especial. REsp 956.943-PR, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 20/8/2014 (Recurso
Repetitivo – Tema 243) (Info 552).
Em caso de alienações sucessivas, inicialmente, não existe processo pendente contra o alienante do qual o atual
proprietário adquiriu o imóvel. Por outro lado, existe processo pendente contra o primeiro alienante (o executado
que vendeu o bem mesmo sem poder fazê-lo).
Se não houver registro da ação ou da penhora à margem da matrícula do bem imóvel alienado a terceiro, o
exequente terá que provar má-fé do adquirente sucessivo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1863952-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 716).

Juiz pode, mesmo no cumprimento de sentença de dívidas de natureza cível, deferir consulta ao CCS-Bacen
com o objetivo de apurar a existência de patrimônio do devedor
O Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (CSS) é um sistema informatizado, mantido pelo Banco
Central, que mostra onde os clientes das instituições financeiras possuem contas correntes, poupanças,
depósitos e outros bens, direitos e valores.
O CSS está previsto no art. 10-A da Lei de Lavagem de Dinheiro.
É possível a determinação de consulta ao CCS-Bacen em cumprimento de sentença de natureza cível com o fim
de apurar a existência de patrimônio do devedor.
O CCS-Bacen ostenta natureza meramente cadastral. Não implica constrição, mas sim subsídio à eventual
constrição, e funciona como meio para o atingimento de um fim, que poderá ser a penhora de ativos financeiros
por meio do BacenJud.
Dessa forma, não há qualquer impedimento à consulta ao CCS-Bacen nos procedimentos cíveis, devendo ser
considerado como apenas mais um mecanismo à disposição do credor na busca para satisfazer o seu crédito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1938665-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/10/2021 (Info 717).

No cumprimento provisório, o depósito do art. 520, § 3º, feito pelo devedor para evitar a multa de 10%, deve
ser realizado em dinheiro, salvo se o credor aceitar que ocorra de outra forma
No cumprimento provisório de decisão condenatória ao pagamento de quantia certa, o executado não pode
substituir o depósito judicial em dinheiro por bem equivalente ou representativo do valor, salvo se houver
concordância do exequente, como forma de se isentar da multa e dos honorários advocatícios com base no art.
520, §3º, do CPC/2015.
STJ. 3ª Turma. REsp 1942671-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/09/2021 (Info 711).

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É válida a intimação da penhora feita ao advogado cuja procuração excluía expressamente os poderes para
essa finalidade

Não é permitido ao outorgante da procuração restringir os poderes gerais para o foro por meio de cláusula
especial.
Os atos para os quais são exigidos poderes específicos na procuração encontram-se expressamente previstos
na parte final do art. 105 do CPC/2015 e entre eles não está inserido o de receber intimação da penhora, razão
pela qual se faz desnecessária a existência de procuração com poderes específicos para esse fim.
O poder de receber intimação está incluso, na verdade, nos poderes gerais para o foro e não há previsão no art.
105 do CPC/2015 quanto à possibilidade de o outorgante restringir tais poderes por meio de cláusula especial.
Pelo contrário, com os poderes concedidos na procuração geral para o foro, entende-se que o procurador
constituído pode praticar todo e qualquer ato do processo, exceto aqueles mencionados na parte final do art.
105 do CPC/2015. Logo, todas as intimações ocorridas no curso do processo, inclusive a intimação da penhora,
podem ser recebidas pelo patrono constituído nos autos.
Além disso, conforme estabelecido na norma veiculada pelo art. 841, §§ 1º e 2º, do CPC/2015, a intimação da
penhora deve ser feita ao advogado da parte devedora, reservando-se a intimação pessoal apenas para a
hipótese de não haver procurador constituído nos autos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1904872-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/09/2021 (Info 711).

A impugnação ao cumprimento de sentença arbitral, devido à ocorrência dos vícios elencados no art. 32 da
Lei nº 9.307/96, possui prazo decadencial de 90 dias
A declaração de nulidade da sentença arbitral pode ser pleiteada, judicialmente, por duas vias:
a) ação declaratória de nulidade de sentença arbitral (art. 33, § 1º, da Lei nº 9.307/96); ou
b) impugnação ao cumprimento de sentença arbitral (art. 33, § 3º, da Lei nº 9.307/96).
O § 1º do art. 33 prevê um prazo de 90 dias para ajuizar a ação de declaração de nulidade. O § 3º do mesmo
artigo não prevê prazo.
Diante disso, indaga-se: o prazo de 90 dias do § 1º do art. 33 também se aplica para a hipótese do § 3º? A
impugnação ao cumprimento de sentença arbitral também deve ser apresentada no prazo de 90 dias?
Depende:
• se a parte executada quiser alegar algum dos vícios do art. 32 da Lei nº 9.307/96: ela possui o prazo de 90 dias.
Assim, se já tiver se passado 90 dias da notificação da sentença, ela não poderá apresentar impugnação
alegando um dos vícios do art. 32.
• mesmo que já tenha se passado o prazo de 90 dias, a parte ainda poderá alegar uma das matérias do § 1º do
art. 525 do CPC.
Não é cabível a impugnação ao cumprimento da sentença arbitral, com base nas nulidades previstas no art. 32
da Lei nº 9.307/96, após o prazo decadencial nonagesimal.
STJ. 3ª Turma. REsp 1900136/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/04/2021 (Info 691).
STJ. 3ª Turma. REsp 1862147-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/09/2021 (Info 709).

São absolutamente impenhoráveis os recursos públicos recebidos pela Confederação Brasileira de Tênis de
Mesa (CBTM)

São impenhoráveis os recursos públicos recebidos por instituições privadas destinados exclusivamente ao
fomento de atividades desportivas.
Os recursos transferidos pela União para a CBTM a fim de que sejam aplicados nas atividades esportivas são
quantias que se enquadram no inciso IX do art. 833 do CPC/2015:
Art. 833. São impenhoráveis: (...) IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação

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compulsória em educação, saúde ou assistência social;


STJ. 4ª Turma. REsp 1878051-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/09/2021 (Info 709).

A proibição de ampliação do pedido após a citação do réu (art. 264 do CPC/1973) só se aplica para a fase de
conhecimento, não incidindo na execução
Sob a vigência do CPC/1973, é possível a ampliação do pedido em execução contra Fazenda Pública, para
inclusão de valores que não haviam sido cobrados desde o início, oportunizando nova citação do ente público.
STJ. 1ª Turma. REsp 1546430-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 24/08/2021 (Info 706).

O advogado, titular de honorários advocatícios sucumbenciais arbitrados no processo em que atuou como
representante de uma parte, não pode receber primeiro que o seu cliente que venceu a demanda
O crédito decorrente de honorários advocatícios sucumbenciais titularizado pelo advogado não é capaz de
estabelecer relação de preferência ou de exclusão em relação ao crédito principal titularizado por seu cliente.
Exemplo hipotético: em uma execução proposta por “A” contra “B”, cobrando R$ 2 milhões, foi possível a penhora
de apenas R$ 500 mil do executado. O advogado de “A” utiliza o dinheiro arrecadado para quitar inteiramente o
valor que ele tem direito a título de honorários sucumbenciais, ficando apenas o que sobrar para a parte
exequente. O STJ afirmou que isso não é possível.
STJ. 3ª Turma. REsp 1890615-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/08/2021 (Info 707).

É imprescindível a intimação pessoal para fins de constituição do devedor, assistido pela Defensoria, como
depositário fiel da penhora de bem imóvel realizada por termo nos autos
O art. 659, § 5º, do CPC/1973 previa o seguinte: “(...) a penhora de imóveis, independentemente de onde se
localizem, será realizada por termo nos autos, do qual será intimado o executado, pessoalmente ou na pessoa
de seu advogado, e por este ato constituído depositário.”
Assim, o executado que tem advogado constituído pode ser intimado, na pessoa de seu advogado, da sua
constituição como depositário fiel.
Por outro lado, há necessidade de intimação pessoal do devedor se ele for assistido pela Defensoria Pública.
Isso porque:
a) o ato possui conteúdo de direito material e demanda comportamento positivo da parte;
b) o Defensor Público, na condição de defensor nomeado e não constituído pela parte, exerce múnus público
que impede o seu enquadramento no conceito de “advogado” para os fins previstos no art. 659, § 5º, do
CPC/1973, possuindo apenas, via de regra, poderes gerais para o foro.
STJ. 4ª Turma. REsp 1331719-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Rel. Acd. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em 03/08/2021 (Info 704).

Não é possível a penhora de percentual do auxílio emergencial para pagamento de crédito constituído em
favor de instituição financeira

O Auxílio Emergencial é um benefício financeiro, instituído pela Lei nº 13.982/2020, pago pela União a
trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados, e que foi criado
com o objetivo de fornecer proteção emergencial, pelo prazo de poucos meses, às pessoas que perderam sua
renda em virtude da crise causada pela Covid-19.
O valor do auxílio emergencial pode ser penhorado? Em regra, não. Isso porque se trata de verba de natureza

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alimentar, sendo impenhorável, nos termos do art. 833, IV, do CPC.


Há duas exceções previstas no § 2º do art. 833:
1) para pagamento de prestação alimentícia (qualquer que seja a sua origem).
2) sobre o montante que exceder 50 salários-mínimos.
É possível a penhora do auxílio emergencial para pagamento de dívidas com bancos?
Não. As dívidas comuns não podem gozar do mesmo status diferenciado da dívida alimentar a permitir a
penhora indiscriminada das verbas remuneratórias, sob pena de se afastarem os ditames e a própria ratio legis
do Código de Processo Civil (art. 833, IV, c/c o § 2º).
STJ. 4ª Turma. REsp 1935102-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 29/06/2021 (Info 703).

OBSERVAÇÃO:
Depois do julgado acima mencionado, a Corte Especial do STJ decidiu que:
Na hipótese de execução de dívida de natureza não alimentar, é possível a penhora de salário, ainda que este
não exceda 50 salários mínimos, quando garantido o mínimo necessário para a subsistência digna do devedor e
de sua família.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.874.222-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/4/2023 (Info 771).

O prazo para cumprimento voluntário de sentença que determina obrigação de fazer também é computado
em dias úteis
O prazo de cumprimento da obrigação de fazer possui natureza processual, devendo ser contado em dias úteis.
STJ. 2ª Turma. REsp 1778885-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/06/2021 (Info 702).

Qual é o termo inicial do prazo para oferecer contestação na hipótese de acolhimento da impugnação ao
cumprimento de sentença fundada no art. 525, § 1º, I, do CPC/2015?
O termo inicial do prazo para oferecer contestação na hipótese de acolhimento da impugnação ao cumprimento
de sentença fundada no art. 525, § 1º, I, do CPC/2015 é a data da intimação da decisão que acolhe a
impugnação.
Art. 525 (...) § 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: I - falta ou nulidade da citação se, na fase de
conhecimento, o processo correu à revelia.
No caso de acolhimento da impugnação ao cumprimento de sentença fundada no art. 525, § 1º, I, do CPC/2015,
o prazo para a apresentação de contestação se inicia somente na data em que houver a intimação da decisão
do juiz que acolheu a impugnação. Esse prazo não se iniciou no momento em que o executado compareceu
espontaneamente. O réu poderá esperar a decisão do juiz antes de apresentar a contestação.
O art. 239, § 1º do CPC afirma que o prazo para a apresentação de contestação se inicia na data do
comparecimento espontâneo do réu. Isso significa que o réu não deve ficar esperando a decisão do juiz, tendo
em vista que seu prazo já começou a correr.
Ocorre que o art. 239, § 1º do CPC é voltado para as hipóteses em que o réu toma conhecimento do processo
ainda na sua fase de conhecimento. Esse dispositivo não se aplica para o caso em que o processo já está na
fase de cumprimento de sentença.
STJ. 3ª Turma. REsp 1930225-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/06/2021 (Info 700).

O ajuizamento de um segundo processo de embargos à execução é fato gerador de novas custas judiciais,
independentemente da desistência nos primeiros antes de realizada a citação

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As custas judiciais têm natureza jurídica de taxa. Portanto, as custas são um tributo.
As custas podem ser cobradas pelo serviço público efetivamente prestado ou colocado à disposição do
contribuinte. Ao se ajuizar determinada demanda, dá-se início ao processo. O encerramento desse processo
exige a prestação do serviço público judicial, ainda que não se analise o mérito da causa.
Com o ajuizamento de novos embargos à execução fiscal, novas custas judiciais devem ser recolhidas. Não é
possível aproveitar as custas judiciais já recolhidas nos primeiros embargos à execução opostos.
STJ. 2ª Turma. REsp 1893966-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgada em 08/06/2021 (Info 701).

Executado fez acordo homologado por meio do qual transferia seus bens para uma terceira pessoa; esse
acordo, mesmo sendo homologado judicialmente em outro processo, é ineficaz perante o exequente, sem a
necessidade de ação anulatória

É prescindível a propositura de ação anulatória autônoma para declaração da ineficácia do negócio jurídico em
relação ao exequente ante a caracterização da fraude à execução, com o reconhecimento da nítida má-fé das
partes que firmaram o acordo posteriormente homologado judicialmente.
STJ. 3ª Turma. REsp 1845558-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 01/06/2021 (Info 699).

Não é necessário intimar pessoalmente o devedor para informar sobre a data da alienação judicial do bem,
mesmo que ele seja representado pela Defensoria Pública

É prescindível a intimação direta do devedor acerca da data da alienação judicial do bem, quando representado
pela Defensoria Pública.
O art. 889, I, do CPC prevê que o executado, por meio do seu advogado, deverá ser intimado da data da alienação
judicial.
Se não for advogado, mas sim Defensor Público, o executado será intimado na pessoa do Defensor Público. A
única diferença é que o advogado pode ser intimado pela imprensa oficial, enquanto o Defensor Público deverá,
obrigatoriamente, ser intimado pessoalmente. No entanto, repita-se, não é necessária a intimação pessoal do
devedor.
Assim, não se exige notificação pessoal do executado quando há norma específica determinando apenas a
intimação do devedor, por meio do advogado constituído nos autos ou da Defensoria Pública.
STJ. 3ª Turma. REsp 1840376-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/05/2021 (Info 698).

A chamada execução invertida é constitucional

Não ofende a ordem constitucional determinação judicial de que a União proceda aos cálculos e apresente os
documentos relativos à execução nos processos em tramitação nos juizados especiais cíveis federais,
ressalvada a possibilidade de o exequente postular a nomeação de perito.
STF. Plenário. ADPF 219/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 20/5/2021 (Info 1018).

Em sede de exceção de pré-executividade, o juiz pode determinar a complementação das provas, desde que
elas sejam preexistentes

Para que a exceção de pré-executividade seja conhecida, é necessário o preenchimento de dois requisitos:
a) Material: o devedor só pode alegar matérias que possam ser conhecidas de ofício pelo magistrado (ex.:
condições da ação e os pressupostos processuais);
b) Formal: é indispensável que a decisão possa ser tomada sem necessidade de dilação probatória.

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Com relação ao requisito formal, é imprescindível que a questão suscitada seja de direito ou diga respeito a fato
documentalmente provado. A exigência de que a prova seja pré-constituída tem por escopo evitar embaraços ao
regular processamento da execução. Assim, as provas capazes de influenciar no convencimento do julgador
devem acompanhar a petição de objeção de não-executividade. No entanto, a intimação do executado para
juntar aos autos prova pré-constituída mencionada nas razões ou complementar os documentos já
apresentados não configura dilação probatória, de modo que não excede os limites da exceção de pré-
executividade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1912277-AC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/05/2021 (Info 697).

Não se pode penhorar valores que estão na conta bancária pessoal do marido da devedora, sendo que ele
não constou do título executivo, pelo simples fato de serem casados em regime de comunhão parcial de bens
Não é possível a penhora de ativos financeiros da conta bancária pessoal de terceiro, não integrante da relação
processual em que se formou o título executivo, pelo simples fato de ser cônjuge da parte executada com quem
é casado sob o regime da comunhão parcial de bens.
Situação hipotética: Luciana comprou itens de vidraçaria de uma loja, mas não pagou. A loja ajuizou ação de
cobrança contra Luciana, tendo a sentença condenado a ré a pagar o valor devido. Após o trânsito em julgado, o
banco ingressou com cumprimento de sentença contra Luciana. Não se localizou qualquer bem em nome da
devedora. Diante disso, a exequente pediu a penhora de ativos financeiros (dinheiro) que estavam na conta
bancária de Pedro, marido de Luciana. Essa penhora é indevida.
STJ. 3ª Turma. REsp 1869720/DF, Relator p/ acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/04/2021
(Info 694).

Para que haja o leilão judicial da integralidade de bem imóvel indivisível - pertencente ao executado em
regime de copropriedade -, basta a penhora da quota-parte titularizada pelo devedor, não sendo necessária a
penhora do bem por inteiro

É admitida a alienação integral do bem indivisível em qualquer hipótese de propriedade em comum,


resguardando-se, ao coproprietário ou cônjuge alheio à execução, o equivalente em dinheiro da sua quota-parte
no bem.
STJ. 3ª Turma. REsp 1818926/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/04/2021 (Info 692).

O procedimento de execução extrajudicial de imóvel objeto de dívida hipotecária, previsto no Decreto-lei


70/1966, é compatível com o vigente ordenamento constitucional
É constitucional, pois foi devidamente recepcionado pela Constituição Federal de 1988, o procedimento de
execução extrajudicial, previsto no Decreto-lei nº 70/66.
STF. Plenário. RE 627106/PR e RE 556520/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 7/4/2021 (Repercussão Geral –
Tema 249) (Info 1012).

O que acontece caso o exequente desista da execução antes da citação do executado?

A desistência da execução antes do oferecimento dos embargos independe da anuência do devedor.


A apresentação de desistência da execução quando ainda não efetivada a citação do devedor provoca a
extinção dos embargos posteriormente opostos, ainda que estes versem acerca de questões de direito material.
O credor não responde pelo pagamento de honorários sucumbenciais se manifestar a desistência da execução

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antes da citação e da apresentação dos embargos e se não houver prévia constituição de advogado nos autos.
STJ. 2ª Turma. REsp 1682215/MG, Rel. Min. Ricardo Vilas Bôas Cueva, julgado em 06/04/2021 (Info 692).

A impugnação ao cumprimento de sentença arbitral, devido à ocorrência dos vícios elencados no art. 32 da
Lei nº 9.307/96, possui prazo decadencial de 90 dias
A declaração de nulidade da sentença arbitral pode ser pleiteada, judicialmente, por duas vias:
a) ação declaratória de nulidade de sentença arbitral (art. 33, § 1º, da Lei nº 9.307/96); ou
b) impugnação ao cumprimento de sentença arbitral (art. 33, § 3º, da Lei nº 9.307/96).
O § 1º do art. 33 verá que ele fala em um prazo de 90 dias para ajuizar a ação declaração de nulidade. O § 3º do
mesmo artigo não prevê prazo.
Diante disso, indaga-se: o prazo de 90 dias do § 1º do art. 33 também se aplica para a hipótese do § 3º? A
impugnação ao cumprimento de sentença arbitral também deve ser apresentada no prazo de 90 dias?
Depende:
• se a parte executada quiser alegar algum dos vícios do art. 32 da Lei nº 9.307/96: ela possui o prazo de 90 dias.
Assim, se já tiver se passado 90 dias da notificação da sentença, ela não poderá apresentar impugnação
alegando um dos vícios do art. 32.
• mesmo que já tenha se passado o prazo de 90 dias, a parte ainda poderá alegar uma das matérias do § 1º do
art. 525 do CPC.
STJ. 3ª Turma. REsp 1900136/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/04/2021 (Info 691).

Fazenda Pública executada apresenta impugnação alegando excesso de execução e pede a concessão de
prazo para apresentação da planilha com o valor devido; é razoável que o juiz conceda o referido prazo
A alegação da Fazenda Pública de excesso de execução sem a apresentação da memória de cálculos com a
indicação do valor devido não acarreta, necessariamente, o não conhecimento da arguição.
STJ. 2ª Turma. REsp 1887589/GO, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 06/04/2021 (Info 691).

É imprescritível a pretensão de expedição de novo precatório ou nova RPV, após o cancelamento de que trata
o art. 2º da Lei nº 13.463/2017?

O art. 2º da Lei nº 13.463/2017 previu que “ficam cancelados os precatórios e as RPV federais expedidos e cujos
valores não tenham sido levantados pelo credor e estejam depositados há mais de dois anos em instituição
financeira oficial.”
O credor poderá requerer a expedição de novo precatório ou nova RPV, na forma do art. 3º da Lei: “cancelado o
precatório ou a RPV, poderá ser expedido novo ofício requisitório, a requerimento do credor.”
A Lei nº 13.463/2017 não prevê um prazo para que o interessado formule esse pedido. Isso significa que essa
pretensão é imprescritível?

Havia divergência sobre o tema:


• 1ª corrente: SIM.
É imprescritível a pretensão de expedição de novo precatório ou nova Requisição de Pequeno Valor – RPV, após
o cancelamento de que trata o art. 2º da Lei nº 13.463/2017.
A Lei nº 13.463/2017 não previu um prazo prescricional. De acordo com o sistema jurídico brasileiro, nenhum
direito perece sem que haja previsão expressa do fenômeno apto a produzir esse resultado. Portanto, não é lícito
estabelecer-se, sem lei escrita, ou seja, arbitrariamente, uma causa inopinada de prescrição.
STJ. 1ª Turma. Resp 1856498-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 06/10/2020.

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

STJ. 1ª Turma. AgInt no Resp 1886419/PB, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 08/03/2021.

• 2ª corrente: NÃO.
A pretensão de expedição de novo precatório ou nova RPV, após o cancelamento de que trata o art. 2º da Lei nº
13.463/2017 prescreve em 5 anos, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/32.
STJ. 2ª Turma. Resp 1.859.409-RN, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 16/06/2020 (Info 675).
STJ. 2ª Turma. Resp 1.833.358/PB, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 06/04/2021 (Info 691).

O STJ pacificou a questão no sentido da 2a corrente e decidiu que essa pretensão deve respeitar o prazo de 5
anos, com base no art. 1º do Decreto nº 20.910/1932:
A pretensão de expedição de novo precatório ou requisição de pequeno valor, fundada nos arts. 2º e 3º da Lei nº
13.463/2017, sujeita à prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto nº 20.910/1932 e tem, como termo
inicial, a notificação do credor, na forma do § 4º do art. 2º da Lei nº 13.463/2017.
STJ. 1ª Seção. REsps 1.961.642-CE, REsp 1.944.707-PE e REsp 1.944.899-PE, Rel. Min. Assusete Magalhães,
julgada em 25/10/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1141) (Info 793).

O STF declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 13.463/2017 com efeitos ex nunc (a partir de 6/7/2022, data
em que foi publicada a ata da sessão de julgamento da ADI 5755). Assim, essa decisão do STJ definindo o prazo
prescricional é relevante para os cancelamentos ocorridos até 05/07/2022.

A transação antes da sentença de execução dispensa o pagamento das custas remanescentes, o que não
abrange a taxa judiciária
O art. 90, § 3º do CPC/2015 prevê o seguinte:
Art. 90 (...) § 3º Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do pagamento das
custas processuais remanescentes, se houver.
O art. 90, § 3º, está localizado na parte geral do Código de Processo Civil. Isso significa que ele é aplicável não
só ao processo de conhecimento, como também ao processo de execução.
Esse dispositivo, no entanto, somente se refere às custas remanescentes. Assim, se a legislação estadual prever
o recolhimento da taxa judiciária ao final do processo, as partes não estarão desobrigadas de recolhê-la. Isso
porque taxa judiciária não se confunde com custas processuais e, portanto, taxa judiciária não se enquadra na
definição de custas remanescentes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1880944/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/03/2021 (Info 690).

O valor pago a título de indenização pelo Seguro DPVAT aos familiares do falecido são impenhoráveis com
base no art. 833, VI, do CPC/2015 porque pode ser enquadrado como seguro de vida
Os valores pagos a título de indenização pelo “Seguro DPVAT” aos familiares da vítima fatal de acidente de
trânsito gozam da proteção legal de impenhorabilidade ditada pelo art. 833, VI, do CPC/2015, enquadrando-se na
expressão "seguro de vida".
Art. 833. São impenhoráveis: (...) VI - o seguro de vida.
STJ. 4ª Turma. REsp 1412247-MG, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 23/03/2021 (Info 690).

É possível a penhora de recursos oriundos da recompra pelo FIES dos valores dos títulos Certificados
Financeiros do Tesouro - Série E (CFT-E), de titularidade das instituições de ensino, que eventualmente
sobrepujam as obrigações legalmente vinculadas

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

Como contrapartida pela prestação dos serviços educacionais aos alunos do FIES, a Instituição de Ensino
Superior recebe Certificados Financeiros do Tesouro - Série E (CFT-E), que podem ser utilizados exclusivamente
para o pagamento de contribuições previdenciárias ou de outros tributos federais.
Os recursos públicos recebidos por instituição de ensino superior privada são impenhoráveis, pois são verbas de
aplicação compulsória em educação. Os certificados emitidos pelo Tesouro Nacional (CFT-E) não são
penhoráveis, considerando que sua aplicação possui uma vinculação legal.
Vale ressaltar, no entanto, que, se a IES não possuir débitos tributários a serem quitados e possuir CFT-E, poderá
oferecer esses títulos para que eles sejam recomprados, recebendo o valor financeiro equivalente.
Esses valores decorrentes da recompra de CFT-E podem ser penhorados. Isso porque essa verba se incorpora
definitivamente ao patrimônio da IES, que poderá aplicá-la da forma que melhor atenda aos seus interesses, não
havendo nenhuma ingerência do poder público.
STJ. 3ª Turma. REsp 1761543/DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/03/2021 (Info 690).

Quem tem o encargo de provar os requisitos da impenhorabilidade da pequena propriedade rural?

O art. 5º, XXVI, da CF/88 e o art. 833, VIII, do CPC preveem que é impenhorável a pequena propriedade rural,
assim definida em lei, desde que trabalhada pela família.
Assim, para que o imóvel rural seja impenhorável, são necessários dois requisitos:
1) que seja enquadrado como pequena propriedade rural, nos termos definidos pela lei; e
2) que seja trabalhado pela família.

Quem tem o encargo de provar esses requisitos? Quem tem o encargo de provar os requisitos da
impenhorabilidade da pequena propriedade rural?
O STJ estava dividido, mas pacificou a divergência. O que prevaleceu? Quem tem o ônus de provar?
O devedor.
O art. 833, VIII, do CPC/2015 é expresso ao condicionar o reconhecimento da impenhorabilidade da pequena
propriedade rural à sua exploração familiar. Isentar o devedor de comprovar a efetiva satisfação desse requisito
legal e transferir a prova negativa ao credor importaria em desconsiderar o propósito que orientou a criação
dessa norma, o qual consiste em assegurar os meios para a manutenção da subsistência do executado e de sua
família.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.913.234/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/2/2023.

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

O fato de o devedor ter dado o bem em garantia representa uma renúncia à garantia da impenhorabilidade?
O art. 5º, XXVI, da CF/88 e o art. 833, VIII, do CPC preveem que é impenhorável a pequena propriedade rural,
assim definida em lei, desde que trabalhada pela família.
Assim, para que o imóvel rural seja impenhorável, são necessários dois requisitos:
1) que seja enquadrado como pequena propriedade rural, nos termos definidos pela lei; e
2) que seja trabalhado pela família.

O fato de o devedor ter dado o bem em garantia representa uma renúncia à garantia da impenhorabilidade?
NÃO. A pequena propriedade rural é impenhorável por determinação da Constituição. Tal direito fundamental é
indisponível, pouco importando que o bem tenha sido dado em hipoteca. Nesse sentido, já decidiu o STJ:
A pequena propriedade rural trabalhada pela entidade familiar é impenhorável, mesmo quando oferecida em
garantia hipotecária pelos respectivos proprietários.
O oferecimento do bem em garantia não afasta a proteção da impenhorabilidade, haja vista que se trata de
norma de ordem pública, inafastável pela vontade das partes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1913236/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/03/2021 (Info 689).

Para a obtenção da preferência no pagamento de precatório, faz-se necessária a conjugação dos requisitos
constantes do art. 100, § 2º, da CF/88, ou seja, dívida de natureza alimentar e titular idoso ou portador de
doença grave

O § 2º do art. 100 prevê que os débitos de natureza alimentícia que tenham como beneficiários:
a) pessoas com idade igual ou superior a 60 anos;
b) pessoas portadoras de doenças graves;
c) pessoas com deficiência;
... terão uma preferência no recebimento dos precatórios.
O simples fato de o titular do precatório ser idoso é motivo suficiente para ele se enquadrar no § 2º do art. 100
da CF/88?
Não. É necessário que, além da idade, o crédito que ele tem para receber seja de natureza alimentar.
Requisitos cumulativos do § 2º do art. 100 da CF/88:
• requisito 1: o titular deve ser: a) idoso; b) pessoa portadora de doença grave; ou c) pessoa com deficiência.
• requisito 2: o débito deve ter natureza alimentícia.
Se a dívida não tem natureza alimentar, o seu titular receberá segundo a regra do caput do art. 100 (sem
qualquer preferência).
STJ. 2ª Turma. RMS 65747/SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 16/03/2021 (Info 689).

É irrecorrível o ato judicial que determina a intimação do devedor para o pagamento de quantia certa

Com o advento do CPC/2015, o início da fase de cumprimento de sentença para pagamento de quantia certa
passou a depender de provocação do credor (art. 523).
Assim, a intimação do devedor para pagamento é consectário legal do requerimento, e, portanto, irrecorrível, por
se tratar de mero despacho de expediente. O juiz simplesmente cumpre o procedimento determinado pela lei,
impulsionando o processo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1837211/MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 09/03/2021 (Info 688).

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

Para a remição da execução, o executado deve pagar ou consignar o montante correspondente à totalidade
da dívida executada, acrescida de juros, custas e honorários de advogado, não sendo possível exigir-lhe o
pagamento de débitos executados em outras demandas
A remição da execução, consagrada no art. 826 do CPC/2015, consiste na satisfação integral do débito
executado no curso da ação e impede a alienação do bem penhorado.
Mesmo que o credor possua outros processos movidos contra o devedor, o exequente não poderá exigir do
executado, para fins de remição, o pagamento desses débitos que estão sendo executados em outras
demandas.
Se o devedor estiver sendo executado em mais de um processo, ele tem o direito de remir aquela que melhor lhe
aprouver. Assim, é lícito ao executado escolher a dívida que pretende pagar, talvez com o propósito de extinguir a
execução mais adiantada, em que se realizarão os atos expropriatórios.
STJ. 3ª Turma. REsp 1862676-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/02/2021 (Info 686).

O termo final para a remição da execução é a assinatura do auto de arrematação


A remição da execução pode ser exercida até a assinatura do auto de arrematação.
Logo, a arrematação do imóvel não impede o devedor de remir a execução, desde que faça isso antes de o auto
de arrematação ser assinado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1862676-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/02/2021 (Info 686).

São absolutamente impenhoráveis os recursos públicos recebidos do Programa de Capitalização por


Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro)
O Procab-Agro é uma linha de crédito, com recursos do BNDES, que tem por objetivo conceder financiamento
para a recuperação das cooperativas agropecuárias.
Os recursos públicos recebidos do Procap-Agro podem ser enquadrados no inciso IX do art. 833 do CPC, que
prevê o seguinte:
Art. 833. São impenhoráveis: (...) IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação
compulsória em educação, saúde ou assistência social;
Os recursos do Procab-Agro recebidos pela Cooperativa agropecuária representam financiamento público com
evidente caráter assistencial, tendo por objetivo fomentar uma atividade de interesse coletivo. Logo, devem ser
considerados absolutamente impenhoráveis.
STJ. 4ª Turma. Resp 1691882-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 09/02/2021 (Info 685).

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

É possível a limitação dos descontos em conta bancária de recebimento do BPC, de modo a não privar o
idoso de grande parcela do benefício destinado à satisfação do mínimo existencial

Exemplo: João é correntista do Banco “X”. Ele fez dois contratos de mútuo com o banco. Ficou combinado que
as prestações seriam descontadas diretamente de sua conta bancária. Ocorre que todos os meses João recebe
uma única renda nessa conta bancária: o benefício de amparo assistencial (BPC), previsto no art. 20 da Lei nº
8.742/93. Em virtude dos descontos efetuados, João só está recebendo metade (50%) do valor do benefício
assistencial. Diante disso, ele ajuizou ação pedindo para que esses descontos sejam reduzidos para 30%. O
pedido deve ser deferido.
STJ. 3ª Turma. REsp 1834231-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/12/2020 (Info 684).

• Novidade legislativa: Lei do Superendividamento (Lei 14.181/2021).

Quem tem o encargo de provar os requisitos da impenhorabilidade da pequena propriedade rural?

O art. 5º, XXVI, da CF/88 e o art. 833, VIII, do CPC prevêem que é impenhorável a pequena propriedade rural,
assim definida em lei, desde que trabalhada pela família.
Assim, para que o imóvel rural seja impenhorável, são necessários dois requisitos:
1) que seja enquadrado como pequena propriedade rural, nos termos definidos pela lei; e
2) que seja trabalhado pela família.
Quem tem o encargo de provar esses requisitos?

Quem tem o encargo de provar os requisitos da impenhorabilidade da pequena propriedade rural?


3ª Turma do STJ: o devedor.
Para o reconhecimento da impenhorabilidade, o devedor tem o ônus de comprovar que além de pequena, a
propriedade destina-se à exploração familiar.
STJ. 3ª Turma. REsp 1843846/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/02/2021.

4ª Turma do STJ:
• Requisito 1: comprovar que o imóvel se trata de pequena propriedade rural: trata-se de ônus do executado
(devedor).
• Requisito 2: comprovar que a propriedade rural é trabalhada pela família: não é necessário que o executado
faça prova disso. Existe uma presunção juris tantum (relativa) de que a pequena propriedade rural é trabalhada
pela família.
STJ. 4ª Turma. REsp 1408152-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 1/12/2016 (Info 596).
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1826806/RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 23/03/2020.

Os §§ 3º e 4º do art. 535 do CPC/2015 são constitucionais


Os Estados e o Distrito Federal devem observar o prazo de dois meses, previsto no art. 535, § 3º, II, do CPC, para
pagamento de obrigações de pequeno valor.
Não é razoável impedir a satisfação imediata da parte incontroversa de título judicial, devendo-se observar, para
efeito de determinação do regime de pagamento — se por precatório ou requisição de pequeno valor —, o valor
total da condenação.
STF. Plenário. ADI 5534/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/12/2020 (Info 1003).

É inconstitucional a obrigatoriedade de os depósitos judiciais e de valores de RPVs serem realizados somente


em bancos oficiais (arts. 535, § 3º, II; e 840, I, CPC/2015).

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

Essa determinação viola os princípios da eficiência administrativa, da livre concorrência e da livre iniciativa,
assim como cerceia os entes federados, notadamente as justiças estaduais, quanto ao exercício de suas
autonomias.
STF. Plenário. ADI 5.492/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/4/2023 (Info 1092).
STF. Plenário. ADI 5.737/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
25/4/2023 (Info 1092).

Impenhorabilidade de pequena propriedade rural constituída de mais de um terreno, desde que a área total
seja inferior a 4 módulos fiscais
É impenhorável a pequena propriedade rural familiar constituída de mais de 01 (um) terreno, desde que
contínuos e com área total inferior a 04 (quatro) módulos fiscais do município de localização.
STF. Plenário. ARE 1038507, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 961)
(Info 1003).

O prazo para impugnação se inicia após 15 dias da intimação para pagar o débito, ainda que o executado
realize o depósito para garantia do juízo no prazo para pagamento voluntário, independentemente de nova
intimação

Exemplo: o credor iniciou o cumprimento da sentença. Em 19/4/2016, o devedor foi intimado para que, em 15
dias, efetuasse o pagamento. Em 09/05/2016, o devedor depositou em juízo o valor da condenação apenas para
fins de garantia do juízo e para obter efeito suspensivo na impugnação que ainda iria apresentar. Em
03/06/2016, o devedor apresentou a impugnação. O exequente alegou que a impugnação foi apresentada fora
do prazo. Isso porque o prazo de 15 dias para a impugnação deveria ser contado da data em que foi feito o
depósito judicial (09/05/2016). O STJ não concordou e disse que o prazo de 15 dias para a impugnação começa
a contar após terminar o prazo de 15 dias para o pagamento.
STJ. 3ª Turma. REsp 1761068-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/12/2020 (Info 684).

É inconstitucional a interpretação que permite o bloqueio, a penhora e/ou o sequestro de verbas estaduais,
ao fundamento de que os valores em questão constituem créditos devidos pelo Estado a empresas que
sejam rés em ações trabalhistas
Verbas estaduais não podem ser objeto de bloqueio, penhora e/ou sequestro para pagamento de valores
devidos em ações trabalhistas, ainda que as empresas reclamadas detenham créditos a receber da
administração pública estadual, em virtude do disposto no art. 167, VI e X, da CF/88, e do princípio da separação
de poderes (art. 2º da CF/88).
STF. Plenário. ADPF 485/AP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 4/12/2020 (Info 1001).

Juiz não pode se recusar a determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes (art.
782, § 3º, do CPC/2015) sob o fundamento de que o exequente teria condições de fazer isso diretamente

Caso concreto: uma empresa exequente pediu ao juiz a inclusão do nome da executada nos cadastros de
inadimplentes, nos termos do art. 782, § 3º do CPC. O requerimento foi indeferido pelo magistrado sob o
argumento de que a exequente possui condições de pedir diretamente a inscrição.
O STJ não concordou com a recusa.

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

O requerimento da inclusão do nome da executada em cadastros de inadimplentes (art. 782, § 3º, do CPC/2015)
não pode ser indeferido pelo juiz tão somente sob o fundamento de que as exequentes possuem meios técnicos
e a expertise necessária para promover, por si mesmas, a inscrição direta junto aos órgãos de proteção ao
crédito.
O art. 782, § 3º, do CPC/2015 prevê que, a requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do
executado em cadastros de inadimplentes.
O dispositivo legal que autoriza a inclusão do nome do devedor nos cadastros de inadimplentes exige,
necessariamente, o requerimento da parte, não podendo o juízo promovê-lo de ofício.
Ademais, depreende-se da redação do referido dispositivo legal que, havendo o requerimento, não há a
obrigação legal de o Juiz determinar a negativação do nome do devedor, tratando-se de mera discricionariedade.
A medida, então, deverá ser analisada casuisticamente, de acordo com as particularidades do caso concreto.
Não cabe, contudo, ao julgador criar restrições que a própria lei não criou, limitando o seu alcance, por exemplo,
à comprovação da hipossuficiência da parte. Tal atitude vai de encontro ao próprio espírito da efetividade da
tutela jurisdicional, norteador de todo o sistema processual.
STJ. 3ª Turma. REsp 1887712-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/10/2020 (Info 682).

A caução prestada em ação conexa pode ser aceita como garantia do juízo para a concessão de efeito
suspensivo a embargos à execução
Como regra, os embargos à execução não possuem efeito suspensivo.
Excepcionalmente, o art. 919, § 1º, do CPC/2015 prevê que o magistrado poderá atribuir efeito suspensivo aos
embargos à execução quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) requerimento do embargante;
b) relevância da argumentação;
c) risco de dano grave de difícil ou incerta reparação; e
d) garantia do juízo.
Caso concreto: empresa ajuizou ação de execução contra João alegando ser credora de R$ 300 mil, decorrente
do inadimplemento de contrato de locação de equipamentos firmado entre as partes. João, antes do
ajuizamento da ação de execução, já havia ajuizado ação de rescisão contratual cumulada com declaração de
inexigibilidade de débito, questionando a higidez do contrato, bem como ação cautelar de sustação de protesto
onde foi oferecido um bem móvel em garantia em valor superior ao da execução.
Como houve caução na ação cautelar e tendo em vista que o débito ali discutido é o mesmo que se cobra na
ação de execução, não há por que se determinar que o devedor ofereça nova caução, podendo ser aproveitada a
garantia do juízo que já foi prestada na ação conexa (cautelar) para que seja concedido o efeito suspensivo aos
embargos à execução.
STJ. 3ª Turma. REsp 1743951-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/10/2020 (Info 681).

Não é possível a penhora da remuneração, aposentadoria ou qualquer outra verba salarial do devedor para o
pagamento de honorários advocatícios
Os honorários advocatícios são considerados como verba de natureza alimentar. Possuem natureza alimentícia.
Os honorários advocatícios são equiparados a salário considerando que ambos são verbas remuneratórias,
responsáveis por assegurar o sustento de quem as recebe. Por essa razão, essas verbas merecem uma
proteção legislativa maior quando comparadas com outros créditos que não possuem a mesma finalidade.
Vale ressaltar, contudo, que verba de natureza alimentar não é o mesmo que alimentos (prestação alimentícia).
Não se pode afirmar que as verbas remuneratórias, ainda que sejam destinadas à subsistência do credor, sejam
iguais aos alimentos disciplinados pelo Código Civil. Diferentemente das verbas remuneratórias, os alimentos
são devidos para a pessoa que não pode prover a sua subsistência com sua própria força ou que teve essa força
diminuída.

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As verbas remuneratórias destinadas à subsistência do credor e de sua família são essenciais, razão pela qual
merecem uma atenção especial do legislador. No entanto, os alimentos estão revestidos de grave urgência,
porque o alimentando depende exclusivamente da pessoa obrigada, não tendo outros meios para se socorrer,
justificando um tratamento mais sensível ainda do que aquele conferido às verbas remuneratórias.
Os benefícios destinados à execução de prestação alimentícia, como:
a) a possibilidade de penhora dos bens descritos no art. 833, IV e X, do CPC/2015;
b) a possibilidade de penhora do bem de família (art. 3º, III, da Lei nº 8.009/90); e
c) a prisão civil do devedor
... não se estendem para a execução de honorários advocatícios nem para a execução de outras verbas de
natureza alimentar.
Se esses benefícios fossem estendidos para a execução de honorários advocatícios, teriam que ser também
admitidos para a cobrança dos honorários devidos a quaisquer profissionais liberais, como médicos,
engenheiros, farmacêuticos etc.
STJ. Corte Especial. REsp 1815055/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/08/2020.

É possível a penhora de quotas sociais de sócio por dívida particular por ele contraída, ainda que de
sociedade empresária em recuperação judicial
Não há vedação para a penhora de quotas sociais de sociedade empresária em recuperação judicial, já que não
enseja, necessariamente, a liquidação da quota.
STJ. 3ª Turma. REsp 1803250-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 23/06/2020 (Info 675).

Durante o período previsto no § 5º do art. 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os
precatórios que nele sejam pagos
Durante o período previsto no § 5º do art. 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios
que nele sejam pagos.
Não incidem juros de mora no período compreendido entre a data da expedição do precatório e seu efetivo
pagamento, desde que realizado no prazo estipulado constitucionalmente.
Trata-se de entendimento sumulado do STF:
SV 17-STF: Durante o período previsto no parágrafo 1º (obs: atual § 5º) do artigo 100 da Constituição, não
incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.
STF. Plenário. RE 594892 AgR-ED-EDv/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1/7/2020 (Info 984).

Em 10/11/2009, o STF editou a SV 17 afirmando que “durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100
da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos”. Pouco tempo depois,
em 09/12/2009, foi promulgada a Emenda Constitucional 62, que promoveu ampla reformulação no art. 100 da
Constituição.
Não obstante a norma à qual se refere a SV 17 tenha sido deslocada do § 1º para o § 5º do art. 100, tal
modificação não altera o sentido do enunciado sumular - que, aliás, não foi afetado por qualquer disposição da
Emenda 62.
O período previsto no art. 100, § 5º, da Constituição (precatórios apresentados até 1º de julho, devendo ser
pagos até o final do exercício seguinte) costuma ser chamado de “período de graça constitucional”. Nesse
interregno, não cabe a imposição de juros de mora, pois o ente público não está inadimplente. Caso não haja o
pagamento integral dentro deste prazo, os juros de mora passam a correr apenas a partir do término do “período
de graça”.
Tese fixada para fins de repercussão geral: “O enunciado da Súmula Vinculante 17 não foi afetado pela
superveniência da Emenda Constitucional 62/2009, de modo que não incidem juros de mora no período de que

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trata o § 5º do art. 100 da Constituição. Havendo o inadimplemento pelo ente público devedor, a fluência dos
juros inicia-se após o ‘período de graça’”.
STF. Plenário. RE 1169289, Rel. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 16/06/2020
(Repercussão Geral – Tema 1037) (Info 984 – clipping).

Não se pode alterar o índice de correção monetária fixado na sentença transitada em julgado mesmo que o
STF tenha declarado tal índice inconstitucional posteriormente à sentença
Na fase de cumprimento de sentença não se pode alterar os critérios de atualização dos cálculos estabelecidos
na decisão transitada em julgado, ainda que para adequá-los ao entendimento do STF firmado em repercussão
geral.
Sem que a decisão acobertada pela coisa julgada tenha sido desconstituída, não é cabível ao juízo da fase de
cumprimento de sentença alterar os parâmetros estabelecidos no título judicial, ainda que no intuito de adequá-
los à decisão vinculante do STF.
STJ. 2ª Turma. REsp 1861550-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/06/2020 (Info 676).

O acréscimo de 10 por cento de honorários advocatícios, previsto pelo art. 523, § 1º, do CPC/2015, quando
não ocorrer o pagamento voluntário no cumprimento de sentença, não admite relativização
O § 1º do art. 523 afirma que, se não ocorrer o pagamento voluntário dentro do prazo de 15 dias, o débito será
acrescido em 10% a título de honorários, além da multa de 10%.
Esse percentual de 10% não admite mitigação (relativização, diminuição) pelo juiz por três razões:
1) a própria lei tarifou expressamente esse percentual fixo;
2) a fixação equitativa da verba honorária só tem lugar nas hipóteses em que constatado que o proveito
econômico é inestimável ou irrisório, ou o valor da causa é muito baixo (art. 85, § 8º); e
3) os próprios critérios de fixação da verba honorária previstos no art. 85, § 2º, já estabelecem que o valor
mínimo será de 10%.
STJ. 3ª Turma. REsp 1701824-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/06/2020 (Info 673).

É cabível a expedição de precatório referente a parcela incontroversa, em sede de execução ajuizada em face
da Fazenda Pública

Surge constitucional expedição de precatório ou requisição de pequeno valor para pagamento da parte
incontroversa e autônoma do pronunciamento judicial transitada em julgado observada a importância total
executada para efeitos de dimensionamento como obrigação de pequeno valor.
STF. Plenário. RE 1205530, Rel. Marco Aurélio, julgado em 08/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 28) (Info
984).

A lei que reduz o teto provisoriamente estabelecido pelo art. 87 do ADCT não pode retroagir para incidir
sobre as execuções em curso
O § 3º do art. 100 da CF/88 prevê uma exceção ao regime de precatórios. Este parágrafo estabelece que, se a
condenação imposta à Fazenda Pública for de “pequeno valor”, o pagamento será realizado sem a necessidade
de expedição de precatório.
Este quantum poderá ser estabelecido por cada ente federado (União, Estado, DF, Município) por meio de leis
específicas, conforme prevê o § 4º do art. 100.

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E se o ente federado não editar a lei prevendo o quantum do “pequeno valor”?


Nesse caso, segundo o art. 87 do ADCT da CF/88, para os entes que não editarem suas leis, serão adotados,
como “pequeno valor” os seguintes montantes:
I - 40 salários mínimos para Estados e para o Distrito Federal;
II - 30 salários mínimos para Municípios.
Os entes federados podem editar leis reduzindo a quantia considerada como de pequeno valor, para fins de RPV,
prevista no art. 87 do ADCT da CF/88.
Vale ressaltar, no entanto, que a lei que reduz o teto do art. 87 do ADCT não pode retroagir para incidir sobre as
execuções em curso.
Lei disciplinadora da submissão de crédito ao sistema de execução via precatório possui natureza material e
processual, sendo inaplicável a situação jurídica constituída em data que a anteceda.
STF. Plenário.RE 729107, Rel. Marco Aurélio, julgado em 08/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 792) (Info 991
– clipping).

São inconstitucionais quaisquer medidas de constrição judicial em desfavor do Estado-membro, das Caixas
Escolares ou das Unidades Descentralizadas de Execução da Educação UDEs, que recaiam sobre verbas
destinadas à educação
As Unidades Executoras Próprias (UEx), como, por exemplo, Caixas Escolares, podem receber recursos públicos
destinados à educação, via transferência, para a melhoria da infraestrutura física e pedagógica, o reforço da
autogestão escolar e a elevação dos índices de desempenho da educação básica, por meio da gestão
descentralizada.
A Justiça do Trabalho, em processos de execução, não pode decretar medidas de constrição judicial que
recaiam sobre essas verbas recebidas pelas Caixas Escolares destinadas à educação.
Esses valores são impenhoráveis porque estão afetados a finalidades públicas e à realização das atividades e
serviços públicos decorrentes do exercício obrigatório da função administrativa.
Vale ressaltar, no entanto, que não se aplica o regime de precatório para as Caixas Escolares ou Unidades
Descentralizadas de Educação (UDEs). Isso porque tais entes possuem natureza jurídica de direito privado, não
integram a Administração Pública e não compõem o orçamento público.
As Caixas Escolares recebem doações particulares, e assumem outras obrigações não necessariamente
vinculadas com a educação pública. Em relação a essas obrigações, calcadas em patrimônio decorrente de
doações privadas, não é razoável que devam ser pagas por precatório.
STF. Plenário. ADPF 484/AP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/6/2020 (Info 980).

Ainda que citado pessoalmente na fase de conhecimento, é devida a intimação por carta do réu revel, sem
procurador constituído, para o cumprimento de sentença

Em regra, a intimação para cumprimento da sentença é feita na pessoa do advogado do devedor (art. 513, § 2º,
I, do CPC/2015).
O devedor revel que tenha sido pessoalmente intimado na fase de conhecimento e, mesmo assim ficou inerte,
deverá ser intimado para o cumprimento de sentença por meio de carta com aviso de recebimento. Isso porque,
neste caso, o devedor não terá procurador (advogado) constituído nos autos:
Art. 513 (...) § 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:
II - por carta com aviso de recebimento, (...) quando não tiver procurador constituído nos autos;
STJ. 3ª Turma. REsp 1760914-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 02/06/2020 (Info 673).

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Compete ao juízo da execução realizar a alienação judicial eletrônica, ainda que o bem esteja situado em
comarca diversa

Caso concreto: a empresa Italpa Ltda. estava sendo executada em processo que tramita na comarca de Belo
Horizonte (MG). O juízo determinou a penhora de um imóvel da empresa situado em São Carlos (SP). O
CPC/2015 determina que, se não for realizada a adjudicação ou a alienação por iniciativa particular, deverá ser
feita a alienação por meio de leilão judicial (art. 881). O leilão judicial deverá ser feito por meio eletrônico, salvo
se isso não for possível (art. 882).
Essa alienação judicial eletrônica será feita pelo juízo de Belo Horizonte (onde tramita a execução) ou por meio
de carta precatória pelo juízo de São Carlos (onde está situado o bem)?
Pelo juízo de Belo Horizonte.
Considerando que a alienação eletrônica permite ao interessado participar do procedimento mediante um
acesso simples à internet, sem necessidade de sua presença física no local do leilão, não há motivos para que a
realização do ato de alienação judicial eletrônica seja praticado em comarca diversa do juízo da execução.
STJ. 1ª Seção. CC 147746-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/05/2020 (Info 673).

Arma de fogo pode ser penhorada


A arma de fogo pode ser penhorada e expropriada, desde que assegurada pelo Juízo da execução a observância
das mesmas restrições impostas pela legislação de regência para a sua comercialização e aquisição.
STJ. 2ª Turma. REsp 1866148-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/05/2020 (Info 677).

Se um precatório de natureza alimentar é cedido, ele permanece sendo crédito de natureza alimentar e,
portanto, deverá ser pago de forma preferencial

A cessão de crédito não implica alteração da natureza.


Desse modo, a cessão não altera a natureza do precatório, podendo o cessionário gozar da preferência de que
trata o § 1º do art. 100 da Constituição Federal, quando a origem do débito assim permitir, mantida a posição na
ordem cronológica originária.
STF. Plenário. RE 631537, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 361) (Info
980).

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

São penhoráveis os valores oriundos de empréstimo consignado, salvo se o mutuário comprovar que os
recursos são necessários à sua manutenção e de sua família

Os valores oriundos de empréstimo consignado em folha de pagamento, depositados em conta bancária do


devedor, não gozam de proteção da impenhorabilidade atribuída aos salários, proventos e pensões. Não se
aplica, neste caso, o art. 833, IV, do CPC/2015:
Art. 833. São impenhoráveis: IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os
proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador
autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º;
Assim, a quantia decorrente de empréstimo consignado, embora seja descontada diretamente da folha de
pagamento do mutuário, não tem caráter salarial, sendo, em regra, passível de penhora.
A proteção da impenhorabilidade ocorre somente se o mutuário (devedor) comprovar que os recursos oriundos
do empréstimo consignado são necessários à sua manutenção e à da sua família.
STJ. 3ª Turma. REsp 1820477-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 19/05/2020 (Info 672).

Após a entrada em vigor do CPC/2015, o juiz deve intimar o executado para apresentar impugnação ao
cumprimento de sentença, caso tenha transcorrido o prazo para cumprimento espontâneo da obrigação na
vigência do CPC/1973
O art. 475-J do CPC/1973 previa que o prazo para impugnação ao cumprimento de sentença somente era
contado a partir da intimação do auto de penhora e avaliação.
O art. 525 do CPC/2015, por sua vez, afirma que, transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento
voluntário, inicia-se o prazo de 15 dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
Após a entrada em vigor do CPC/2015, o juiz deve intimar o executado para apresentar impugnação ao
cumprimento de sentença, caso tenha transcorrido o prazo para cumprimento espontâneo da obrigação na
vigência do CPC/1973.
Ex: a parte foi intimada, em 02/03/2016 (ainda na vigência do CPC/1973) para pagar uma condenação judicial
no prazo de 15 dias, nos termos do art. 475-J do CPC/1973; o prazo de 15 dias começou a ser computado no
dia seguinte (03/03/2016), terminando em 17/03/2016, sem que tenha havido pagamento; no dia 18/03/2016,
entrou em vigor o CPC/2015; nesse exemplo, deve o juiz intimar o executado para apresentar impugnação ao
cumprimento de sentença no prazo de 15 dias.
Enunciado 530/FPPC: Após a entrada em vigor do CPC-2015, o juiz deve intimar o executado para apresentar
impugnação ao cumprimento de sentença, em quinze dias, ainda que sem depósito, penhora ou caução, caso
tenha transcorrido o prazo para cumprimento espontâneo da obrigação na vigência do CPC-1973 e não tenha
àquele tempo garantido o juízo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1833935-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 05/05/2020 (Info 671).

Os Estados-membros/DF e Municípios podem fixar valor referencial inferior ao do art. 87 do ADCT (RPV),
desde que respeitado o princípio da proporcionalidade
Os Estados-membros podem editar leis reduzindo a quantia considerada como de pequeno valor, para fins de
RPV, prevista no art. 87 do ADCT da CF/88.
É lícito aos entes federados fixar o valor máximo para essa especial modalidade de pagamento, desde que se
obedeça ao princípio constitucional da proporcionalidade.
Ex: Rondônia editou lei estadual prevendo que, naquele Estado, as obrigações consideradas como de pequeno
valor para fins de RPV seriam aquelas de até 10 salários-mínimos. Assim, a referida Lei reduziu de 40 para 10
salários-mínimos o crédito decorrente de sentença judicial transitada em julgado a ser pago por meio de RPV. O

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STF entendeu que essa redução foi constitucional.


STF. Plenário. ADI 4332/RO, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 7/2/2018 (Info 890).

Os entes federados são competentes para estabelecer, por meio de leis próprias e segundo a sua capacidade
econômica, o valor máximo das respectivas obrigações de pequeno valor, não podendo tal valor ser inferior
àquele do maior benefício do regime geral de previdência social (artigo 100, §§ 3º e 4º, da Constituição Federal,
na redação da Emenda Constitucional 62/2009).
As unidades federadas podem fixar os limites das respectivas requisições de pequeno valor em patamares
inferiores aos previstos no artigo 87 do ADCT, desde que o façam em consonância com sua capacidade
econômica.
A aferição da capacidade econômica do ente federado, para fins de delimitação do teto para o pagamento de
seus débitos por meio de requisição de pequeno valor, não se esgota na verificação do quantum da receita do
Estado, mercê de esta quantia não refletir, por si só, os graus de endividamento e de litigiosidade do ente
federado.
STF. Plenário. ADI 5100, Rel. Luiz Fux, julgado em 27/04/2020.

A preferência prevista no § 2º do art. 100 da Constituição Federal não pode ser reconhecida mais de uma vez
em um mesmo precatório
O § 2º do art. 100 da CF/88 prevê preferência no pagamento do precatório para o titular que se enquadre em
uma das situações ali previstas:
Art. 100 (...) § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária,
tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim
definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao
triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade,
sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.
A preferência autorizada pela Constituição não pode ser reconhecida duas vezes em um mesmo precatório
porque isso implicaria, por via oblíqua, a extrapolação do limite previsto na norma constitucional. Aliás, o próprio
§ 2º do art. 100 da CF/88 revela que, após o fracionamento para preferência, eventual saldo remanescente
deverá ser pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. Portanto, as hipóteses autorizadoras da
preferência (idade, doença grave ou deficiência) devem ser consideradas, isoladamente, em cada precatório,
ainda que tenha como destinatário um mesmo credor.
STJ. 1ª Turma. AgInt no RMS 61014-RO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 20/04/2020 (Info 670).

Na execução de sentença que condenou ao pagamento de pensão mensal, o percentual dos honorários
advocatícios deverá incidir apenas sobre as parcelas vencidas da dívida
No cálculo dos honorários advocatícios devidos na fase de cumprimento de sentença, após escoado o prazo
legal para o pagamento voluntário da obrigação, não devem ser incluídas as parcelas vincendas da dívida.
Ex: em ação de indenização, a empresa ré foi condenada a pagar 60 prestações mensais de 1 salário mínimo
para o autor ofendido; transitou em julgado e a empresa não pagou nada; iniciou-se o cumprimento de sentença;
a empresa está devendo 1 ano de pensão mensal (12 prestações); o valor a ser pago irá, portanto, aumentar;
isso porque incidirá 10 por centro de multa e 10 por centro de honorários advocatícios, nos termos do § 1º do
art. 523 do CPC; esses 10 por cento dos honorários advocatícios incidirão apenas sobre as 12 prestações
atualmente em atraso (parcelas vencidas) ou sobre o total das 60 prestações (parcelas vencidas e também
vincendas)? Apenas sobre as parcelas vencidas (no caso, 12 prestações).
O § 1º do art. 523 afirma que, se não ocorrer o pagamento voluntário dentro do prazo de 15 dias, o débito será
acrescido em 10 por cento a título de honorários, além da multa de 10 por cento.
A expressão “débito”, para fins de honorários, engloba apenas as parcelas vencidas da pensão mensal, visto que,

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

em cumprimento de sentença, o devedor/executado é intimado para quitar os valores exigíveis naquele


momento. Não faz sentido condenar a parte executada ao pagamento de honorários de sucumbência sobre
prestações que ainda não venceram e, portanto, não são exigíveis.
Não confundir. Cálculo dos honorários advocatícios na ação de indenização com o objetivo de obter o
pagamento de pensão mensal:
• Na fase de conhecimento: o percentual dos honorários advocatícios deverá incidir todas as parcelas vencidas e
mais 12 parcelas vincendas, ou seja, parcelas vencidas + 1 ano de parcelas vincendas (art. 85, § 9º, do
CPC/2015).
• Na fase de cumprimento de sentença: o percentual dos honorários advocatícios deverá incidir apenas sobre as
parcelas vencidas.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.837.146-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 11/02/2020 (Info 665).

O requerimento de inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes, nos termos do que


dispõe o art. 782, § 3º, do CPC/2015, não depende da comprovação de prévia recusa administrativa das
entidades mantenedoras do respectivo cadastro

O § 3º do art. 782 do CPC/2015 prevê que o juiz, a requerimento da parte, pode determinar a inclusão do nome
do executado nos cadastros de inadimplentes (exs: SPC/SERASA).
Embora o magistrado não esteja obrigado a deferir o pedido de inclusão do nome do executado no cadastro de
inadimplentes, visto que a norma do art. 782, § 3º, do CPC/2015 não trata de uma imposição legal, mas mera
faculdade atribuída ao juiz da causa, não se revela idôneo condicionar a referida medida à prévia recusa
administrativa das entidades mantenedoras do respectivo cadastro.
Assim, o credor pode requerer essa providência diretamente ao juízo, não sendo necessário comprovar que este
pedido foi feito antes, extrajudicialmente, para as entidades mantenedoras do cadastro e que elas recusaram.
STJ. 3ª Turma. REsp 1835778-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 04/02/2020 (Info 664).

Tratando-se de condenação ao pagamento de honorários sucumbenciais, não é possível exigir do cônjuge


meeiro, que não integrou a relação processual da lide originária, a comprovação de que a dívida executada
não foi contraída em benefício do casal ou da família
Havendo penhora de bem indivisível (ex: um apartamento), a meação do cônjuge alheio à execução deve recair
sobre o produto da alienação do bem.
Para impedir que a penhora recaia sobre a sua meação, o cônjuge meeiro deve comprovar que a dívida
executada não foi contraída em benefício da família. Precedentes.
No entanto, tratando-se de dívida proveniente da condenação ao pagamento de honorários sucumbenciais em
demanda da qual o cônjuge meeiro não participou, é inegável o direito deste à reserva de sua meação.
Os honorários advocatícios consagram direito do advogado contra a parte que deu causa ao processo, não se
podendo exigir do cônjuge meeiro, que não integrou a relação processual da lide originária, a comprovação de
que a dívida executada não foi contraída em benefício do casal ou da família.
Exemplo: João ajuizou ação ordinária contra Pedro, tendo o pedido sido julgado improcedente. O autor foi
condenado a pagar R$ 200 mil de honorários advocatícios em favor de Pedro. Marcos (advogado de Pedro)
ingressou com execução contra João cobrando os R$ 200 mil. O juiz determinou a penhora de uma sala
comercial que está em nome de João. Raquel, esposa de João, apresentou embargos de terceiro contra essa
penhora. Sua quota-parte deverá ser preservada, não sendo necessário que ela comprove que essa dívida
contraída foi exclusiva do marido.
STJ. 3ª Turma. REsp 1670338-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 04/02/2020 (Info 664).

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

Não tendo sido prestada garantia real, é desnecessária a citação em ação de execução, como litisconsorte
passivo necessário, do cônjuge que apenas autorizou seu consorte a prestar aval

O cônjuge que apenas autorizou seu consorte a prestar aval, nos termos do art. 1.647, III, do Código Civil
(outorga uxória), não é avalista.
Dessa forma, não havendo sido prestada garantia real, não é necessária sua citação como litisconsorte,
bastando a mera intimação do cônjuge que apenas autorizou o aval.
STJ. 4ª Turma. REsp 1475257-MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 10/12/2019 (Info 663).

Juiz, no despacho inicial da execução, fixou os honorários advocatícios; esse valor é, em princípio,
provisório; ocorre que, no curso da execução, foi firmado acordo entre as partes, sem nada dispor sobre
honorários; o advogado poderá executar esse valor fixado no despacho inicial
Quando houver sentença homologatória de transação firmada entre as partes e esta não dispor sobre os
honorários sucumbenciais, a decisão inicial que arbitra os honorários advocatícios em execução de título
extrajudicial pode ser considerada título executivo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1819956-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 10/12/2019 (Info 663).

É ilegal a decisão judicial que determina a penhora de valores de instituição financeira, no âmbito de
processo do qual não era parte, mas funcionou como auxiliar da justiça

A instituição financeira que cumpre ordem judicial de indisponibilização de saldos encontrados em contas
bancárias atua como auxiliar da Justiça.
A atuação dos auxiliares da Justiça é dirigida e orientada pelo Juízo da causa, a quem subordinam-se e
submetem-se, mediante regime administrativo, e, por isso, os auxiliares não detêm nenhuma faculdade ou ônus
processual, devendo, entretanto, observar os deveres estabelecidos no art. 77 do CPC/2015 (art. 14 do
CPC/1973). Assim, os auxiliares da Justiça podem ser responsabilizados civil, administrativa ou penalmente
pelos danos que causarem, em razão de dolo ou culpa.
A responsabilidade civil dos auxiliares da Justiça deve ser apurada mediante observância dos princípios do
contraditório e ampla defesa, em via processual adequada para sua inclusão como parte.
Exemplo: o Juiz da 3ª Vara Cível determinou ao Banco Itaú que efetuasse o bloqueio dos valores existentes na
conta bancária da empresa Fênix S/A. A instituição financeira cumpriu a ordem e foi bloqueado R$ 1 milhão.
Passados alguns meses, o Juiz da 3ª Vara Cível determinou a transferência do valor bloqueado. O banco
respondeu que o dinheiro não existia mais, uma vez que foi retirado por determinação do Juiz da 5ª Vara Cível,
onde tramitava outra execução proposta contra a Fênix S/A. O Juiz da 3ª Vara Cível entendeu que houve
descumprimento de ordem judicial e, em razão disso, determinou a penhora do mesmo valor (R$ 1 milhão, com
as atualizações) nas contas do Banco Itaú. O STJ considerou que essa determinação foi ilegal.
STJ. 3ª Turma. RMS 49265-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 10/12/2019 (Info 662).

O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de domicílio do executado, mesmo após o início do
cumprimento de sentença

O inciso II do art. 516 do CPC prevê que o cumprimento da sentença será feito perante o juízo que decidiu a
causa no primeiro grau de jurisdição. O parágrafo único, por sua vez, afirma que o exequente poderá optar por
ingressar com o cumprimento de sentença: a) no juízo do atual domicílio do executado; b) no juízo do local onde
se encontrem os bens sujeitos à execução; c) no juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

de não fazer.
É possível que o exequente faça a opção de que trata o parágrafo único do art. 516 do CPC/2015 mesmo após já
ter sido iniciado o cumprimento de sentença?
SIM. O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de domicílio do executado, mesmo após o início do
cumprimento de sentença.
STJ. 3ª Turma. REsp 1776382-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/12/2019 (Info 663).

Para incidência da multa do art. 523, § 1º, do CPC, é preciso a efetiva resistência do executado ao
cumprimento de sentença
João ingressa com pedido de cumprimento de sentença cobrando determinada quantia de Pedro. Após ser
intimado a pagar, Pedro depositou em juízo o valor da condenação, mas apresentou petição narrando que aquilo
não era pagamento e sim mera garantia do Juízo para obter o efeito suspensivo na futura impugnação.
Hipótese 1: Pedro, logo em seguida ao ato acima, apresentou impugnação ao cumprimento de sentença. A
impugnação foi julgada improcedente. Pedro terá que pagar a multa de 10% do art. 523, § 1º? SIM. Veja:
A multa a que se refere o art. 523 do CPC/2015 será excluída apenas se o executado depositar voluntariamente
a quantia devida em juízo, sem condicionar seu levantamento a qualquer discussão do débito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1803985/SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/11/2019.
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1435744/SE, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 28/05/2019.

Hipótese 2: Pedro depositou em juízo o valor da condenação e apresentou petição narrando que aquilo não era
pagamento e sim garantia do Juízo. Apesar disso, Pedro não apresentou a impugnação. Transcorrido o prazo,
como o devedor não ingressou com a impugnação, o credor pediu a expedição de guia para levantamento do
valor depositado, o que foi deferido pelo juiz mediante alvará. Pedro terá que pagar a multa de 10% do art. 523, §
1º?
NÃO. Não haverá a incidência da multa mesmo o devedor tendo afirmado que não estava pagando. Isso porque
para incidir a multa é necessário que haja a efetiva resistência do devedor por meio da propositura de
impugnação, o que não ocorreu. Assim, considerando o depósito efetuado e a ausência de resistência ao
cumprimento de sentença, não se justifica a incidência da multa.
Para incidência da multa do art. 523, § 1º, do CPC, é preciso a efetiva resistência do executado ao cumprimento
de sentença.
STJ. 3ª Turma. REsp 1834337-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/12/2019 (Info 663).

A declaração de insolvência civil dos executados não pode ser feita no bojo da própria ação executiva

Constatada a ausência de bens penhoráveis, a declaração de insolvência civil dos executados não pode ser feita
no bojo da própria ação executiva.
O processo de insolvência é autônomo, de cunho declaratório-constitutivo, e busca um estado jurídico para o
devedor, com as consequências de direito processual e material, não podendo ser confundido com o processo
de execução, em que a existência de bens é pressuposto de desenvolvimento do processo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1823944-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/11/2019 (Info 661).

Os bens da Fundação Habitacional do Exército - FHE são impenhoráveis

A Fundação Habitacional do Exército (FHE) é uma entidade vinculada ao Exército Brasileiro, criada pela Lei nº
6.855/80.
A FHE tem por objetivo facilitar a aquisição da “casa própria” para os militares e demais associados, além de

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

prestar outras formas de “apoio social” aos militares (exs: consórcios, seguros, planos odontológicos etc.).
Os bens da FHE são considerados impenhoráveis em razão de dois motivos:
1) a FHE possui características de autarquia federal (e os bens das autarquias são impenhoráveis);
2) o art. 31 da Lei nº 6.855/80 prevê que o patrimônio da FHE goza dos privilégios próprios da Fazenda Pública,
inclusive quanto à impenhorabilidade.
STJ. 1ª Turma. REsp 1802320-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/11/2019 (Info 662).

É compatível com a Constituição da República de 1988 a ampliação para 30 (trinta) dias do prazo de
oposição de embargos à execução pela Fazenda Pública
O estabelecimento de tratamento processual especial para a Fazenda Pública, fixando-se prazo de 30 dias para
opor embargos à execução, não restringe de forma desproporcional os direitos fundamentais das partes
adversas, mas, sim, busca dar máxima efetividade ao princípio de proteção ao interesse público.
É compatível com a Constituição da República de 1988 a ampliação para 30 (trinta) dias do prazo de oposição
de embargos à execução pela Fazenda Pública.
STF. Plenário. RE 590.871/RS (repercussão geral- Tema 137), Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/11/2019.

A sentença foi prolatada e transitou em julgado quando ainda vigorava o CPC/1973; ocorre que o
cumprimento de sentença foi iniciado quando já estava em vigor o CPC/2015; neste caso, esse cumprimento
de sentença será regido pelo CPC/2015

É aplicável o CPC/2015 ao cumprimento de sentença, iniciado sob sua vigência, ainda que a sentença
exequenda tenha sido proferida sob a égide do CPC/1973.
STJ. 2ª Turma. REsp 1815762-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05/11/2019 (Info 660).

São penhoráveis as verbas recebidas por escola de samba a título de parceria público-privada com a
administração pública
São penhoráveis as verbas recebidas por escola de samba a título de parceria público-privada com a
administração pública.
A situação NÃO se enquadra na hipótese do art. 833, IX, do CPC:
Art. 833. São impenhoráveis:(...)IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação
compulsória em educação, saúde ou assistência social;
STJ. 3ª Turma. REsp 1816095-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/11/2019 (Info 660).

A prescrição intercorrente por ausência de localização de bens não retira o princípio da causalidade em
desfavor do devedor, nem atrai a sucumbência para o exequente
Declarada a prescrição intercorrente por ausência de localização de bens, incabível a fixação de verba honorária
em favor do executado.
Por força dos princípios da efetividade do processo, da boa-fé processual e da cooperação, não pode o devedor
se beneficiar do não-cumprimento de sua obrigação.
O fato de o exequente não localizar bens do devedor não pode significar mais uma penalidade contra ele,
considerando que, embora tenha vencido a fase de conhecimento, não terá êxito prático com o processo.
Do contrário, o devedor que não apresentou bens suficientes ao cumprimento da obrigação ainda sairia vitorioso
na lide, fazendo jus à verba honorária em prol de sua defesa, o que se revelaria teratológico, absurdo, aberrante.

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

Há situações em que, mesmo não sucumbindo no plano do direito material, a parte vitoriosa é considerada
como geradora das causas que produziram o processo e todas as despesas a ele inerentes.
Assim, a responsabilidade pelo pagamento de honorários e custas deve ser fixada com base no princípio da
causalidade, segundo o qual a parte que deu causa à instauração do processo deve suportar as despesas dele
decorrentes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1835174-MS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 05/11/2019 (Info 660).
STJ. 4ª Turma. REsp 1769201/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 12/03/2019 (Info 646).
STJ. 2ª Seção. REsp 957.460/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/02/2020

O arrematante do bem é o responsável pelo pagamento da comissão do leiloeiro, não podendo essa
obrigação ser imputada àquele que ofertou a segunda melhor proposta, porque o vencedor desistiu da
arrematação

O arrematante do bem é o responsável pelo pagamento da comissão do leiloeiro, não podendo essa obrigação
ser imputada àquele que ofertou a segunda melhor proposta, porque o vencedor desistiu da arrematação.
STJ. 3ª Turma.REsp 1826273-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 10/09/2019 (Info 656).

A protocolização dos embargos à execução nos autos da própria ação executiva constitui vício sanável
Os embargos à execução deverão ser propostos nos próprios autos da execução ou em autos apartados?Em
autos apartados. É o que diz expressamente o § 1º do art. 914 do CPC/2015:
Art. 914 (...)§ 1º Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e
instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio
advogado, sob sua responsabilidade pessoal.
Se o embargante (executado) apresenta, de forma incorreta, os embargos à execução nos próprios autos da
execução, o juiz não deverá rejeitar liminarmente esses embargos.
O magistrado deverá conceder prazo para que a parte faça o desentranhamento dos embargos e promova a sua
distribuição em autos apartados, por dependência.Isso porque a propositura dos embargos à execução nos
próprios autos da execução configura vício sanável, que pode ser, portanto, corrigido.
STJ. 3ª Turma. REsp 1807228-RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/09/2019 (Info 656).

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

A quota-parte do coproprietário ou cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da avaliação do bem
indivisível

Imagine que um determinado imóvel indivisível pertença a duas pessoas. Uma delas está sendo executada e a
outra não tem nenhuma relação com essa dívida cobrada.
Esse bem é penhorado. Esse imóvel poderá ser alienado, no entanto, depois de vendido deverá ser entregue ao
coproprietário não responsável o valor de sua quota-parte. É o que prevê o caput do art. 843 do CPC/2015:
Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge
alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem.
Vale ressaltar, no entanto, que o bem indivisível somente poderá ser alienado se o valor de alienação for
suficiente para assegurar ao coproprietário não responsável 50% do valor de avaliação do bem:
Art. 843 (...) § 2º Não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao da avaliação na qual o valor auferido
seja incapaz de garantir, ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução, o correspondente à sua quota-parte
calculado sobre o valor da avaliação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1728086-MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/08/2019 (Info 655).

Na execução para cobrança das cotas condominiais, o exequente pode pedir a cobrança não apenas das
parcelas vencidas como também das vincendas, ou seja, daquelas que forem vencendo no curso do processo
Segundo as regras do CPC/2015, é possível a inclusão em ação de execução de cotas condominiais das
parcelas vincendas no débito exequendo, até o cumprimento integral da obrigação no curso do processo.
Isso porque é possível aplicar o art. 323 do CPC/2015 ao processo de execução (art. 318, parágrafo único e art.
771, parágrafo único).
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão
consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na
condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de
consigná-las.
STJ. 3ª Turma. REsp 1756791-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/08/2019 (Info 653).

É possível a inclusão de parcelas vincendas na execução de título extrajudicial de contribuições ordinárias ou


extraordinárias de condomínio edilício, desde que homogêneas, contínuas e da mesma natureza.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.835.998-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/10/2021 (Info 716).

A oposição de embargos do devedor por aquele que recorreu contra a decisão que incluiu seu nome no polo
passivo da execução não representa prática de ato incompatível com a vontade de recorrer
Não configura ato incompatível com a vontade de recorrer a oposição de embargos do devedor pela parte que
recorreu contra decisão que incluiu seu nome no polo passivo da execução.
STJ. 3ª Turma. REsp 1655655-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/06/2019 (Info 652).

A desistência da execução por falta de bens penhoráveis não enseja a condenação do exequente em
honorários advocatícios
A desistência da execução pelo credor motivada pela ausência de bens do devedor passíveis de penhora, em
razão dos ditames da causalidade, não enseja a condenação do exequente em honorários advocatícios. Nesse
caso, a desistência é motivada por causa superveniente que não pode ser imputada ao credor.
Ex: Pedro foi condenado a pagar R$ 100 mil em favor de João. O credor ingressou com cumprimento de

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sentença. O devedor não pagou espontaneamente o débito. Não foram localizados bens penhoráveis de Pedro.
Diante disso, o credor requereu a desistência da execução. O juiz irá homologar o pedido de desistência,
julgando extinto o feito sem resolução do mérito (art. 485, VIII, do CPC/2015) e não condenará o credor ao
pagamento de honorários advocatícios.
STJ. 4ª Turma. REsp 1675741-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/06/2019 (Info 653).

A impenhorabilidade dos bens vinculados à Cédula de Produto Rural (CPR) é absoluta, não podendo ser
afastada para satisfação de crédito trabalhista
O art. 18 da Lei nº 8.929/94 prevê que os bens vinculados à CPR são impenhoráveis:
Art. 18. Os bens vinculados à CPR não serão penhorados ou sequestrados por outras dívidas do emitente ou do
terceiro prestador da garantia real, cumprindo a qualquer deles denunciar a existência da cédula às autoridades
incumbidas da diligência, ou a quem a determinou, sob pena de responderem pelos prejuízos resultantes de sua
omissão.
Essa impenhorabilidade é considerada absoluta porque existe em virtude da lei e do interesse público de
estimular o crédito agrícola. Por essa razão, tal impenhorabilidade prevalece mesmo se estivermos diante da
execução de créditos de natureza trabalhista.
STJ. 4ª Turma. REsp 1327643-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/05/2019 (Info 653).

É possível a penhora no rosto dos autos de procedimento de arbitragem


É possível a penhora no rosto dos autos de procedimento de arbitragem para garantir o pagamento de dívida
cobrada em execução judicial.
A penhora no rosto dos autos consiste apenas numa averbação, cuja finalidade é atingida no exato momento
em que o devedor do executado toma ciência de que o pagamento - ou parte dele - deverá, quando realizado, ser
dirigido ao credor deste, sob pena de responder pela dívida, nos termos do art. 312 do Código Civil.
Assim, é possível aplicar a regra do art. 860 do CPC, ao procedimento de arbitragem, a fim de permitir que o juiz
oficie o árbitro para que este faça constar em sua decisão final, acaso favorável ao executado, a existência da
ordem judicial de expropriação.
Ex: a empresa “A” ajuizou execução de título extrajudicial contra a empresa “B”; a exequente sabia que a empresa
“B” estava em procedimento de arbitragem com a empresa “C” discutindo um contrato; diante disso, a exequente
pediu e o juiz decretou a penhora dos direitos, bens e valores que a empresa “B” eventualmente venha a receber
caso seja vencedora no procedimento arbitral; assim, se a empresa “C” perder a arbitragem ela irá pagar os
valores não para a empresa “B”, mas sim para a empresa “A”.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.678.224-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/05/2019 (Info 648).

É constitucional o art. 86 do ADCT da CF/88 inserido pela EC 37/2002

É harmônica com a normatividade constitucional a previsão do art. 86 do ADCT na dicção da EC 37/2002 de um


regime de transição para tratar dos precatórios reputados de pequeno valor, já expedidos antes da promulgação
da Constituição Federal.
STF. Plenário. RE 587982/RS e RE 796939/RS, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 27/3/2019 (repercussão
geral) (Info 935).

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

A prescrição intercorrente por ausência de localização de bens não retira o princípio da causalidade em
desfavor do devedor, nem atrai a sucumbência para o exequente

Declarada a prescrição intercorrente por ausência de localização de bens, incabível a fixação de verba honorária
em favor do executado.
Por força dos princípios da efetividade do processo, da boa-fé processual e da cooperação, não pode o devedor
se beneficiar do não-cumprimento de sua obrigação.
O fato de o exequente não localizar bens do devedor não pode significar mais uma penalidade contra ele
considerando que, embora tenha vencido a fase de conhecimento, não terá êxito prático com o processo.
Do contrário, o devedor que não apresentou bens suficientes ao cumprimento da obrigação ainda sairia vitorioso
na lide, fazendo jus à verba honorária em prol de sua defesa, o que se revelaria teratológico, absurdo, aberrante.
Assim, a responsabilidade pelo pagamento de honorários e custas deve ser fixada com base no princípio da
causalidade, segundo o qual a parte que deu causa à instauração do processo deve suportar as despesas dele
decorrentes.
STJ. 4ª Turma. REsp 1769201/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 12/03/2019 (Info 646).
STJ. 2ª Seção. REsp 957.460/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/02/2020

A Súmula 410 do STJ continuou válida mesmo após a edição das Leis nº 11.232/2005 e 11.382/2006 e
mesmo depois que entrou em vigor o CPC/2015

É necessária a prévia intimação pessoal do devedor para a cobrança de multa pelo descumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer antes e após a edição das Leis nº 11.232/2005 e 11.382/2006, nos termos da
Súmula n. 410 do STJ.
Súmula 410-STJ: A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa
pelo descumprimento da obrigação de fazer ou não fazer.
STJ. Corte Especial. EREsp 1360577-MG, Rel. Min. Humberto Martins, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 19/12/2018 (Info 643).

É possível a cumulação da verba honorária fixada nos embargos à execução com a arbitrada na própria
execução contra a Fazenda Pública, vedada a compensação entre ambas
Os embargos do devedor são ação de conhecimento incidental à execução, razão porque os honorários
advocatícios podem ser fixados em cada uma das duas ações, de forma relativamente autônoma, respeitando-
se os limites de repercussão recíproca entre elas, desde que a cumulação da verba honorária não exceda o limite
máximo previsto no § 3º do art. 20 do CPC/1973.
STJ. Corte Especial. REsp 1520710-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/12/2018 (recurso
repetitivo) (Info 643).

Inexiste reciprocidade das obrigações ou de bilateralidade de créditos (pressupostos do instituto da


compensação, art. 368 do Código Civil), o que implica a impossibilidade de se compensarem os honorários
fixados em embargos à execução com aqueles fixados na própria ação de execução.
STJ. Corte Especial. REsp 1520710-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/12/2018 (recurso
repetitivo) (Info 643).

A multa de 10% prevista no art. 523, § 1º, do CPC/2015 NÃO entra no cálculo dos honorários advocatícios

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

A base de cálculo sobre a qual incidem os honorários advocatícios devidos emcumprimento de sentença é o
valor da dívida (quantia fixada em sentença ou naliquidação), acrescido das custas processuais, se houver, sem
a inclusão damulta de 10% pelo descumprimento da obrigação dentro do prazolegal (art. 523, § 1º, do
CPC/2015).
A multa de 10% prevista no art. 523, § 1º, do CPC/2015 NÃO entra no cálculo dos honorários advocatícios.
A multa de 10% do art. 523, § 1º, do CPC/2015 não integra a base de cálculo dos honorários advocatícios.
Os 10% dos honorários advocatícios deverão incidir apenas sobre o valor do débito principal.
Relembre o que diz o § 1º do art. 523:
Art. 523 (...)§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de
dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
STJ. 3ª Turma. REsp 1757033-DF, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, julgado em 09/10/2018 (Info 636).

Análise da impenhorabilidade prevista no art. 649, IV do CPC/1973 (art. 833, IV, do CPC/2015)

O art. 649, IV, do CP/1973 previa que as verbas de natureza salarial do executado eram impenhoráveis.
O § 2º do art. 649 previa uma exceção explícita e dizia que era possível a penhora da verba salarial do devedor
para pagamento de prestação alimentícia.
O STJ, interpretando esse dispositivo, afirmou que é possível a penhora das verbas salariais do devedor para
pagamento de outras dívidas, além da prestação alimentícia, desde que essa penhora preserve um valor que
seja suficiente para o devedor e sua família continuarem vivendo com dignidade.
Nas palavras do STJ: a regra geral da impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc. do devedor
(art. 649, IV, do CPC/1973) (art. 833, IV, do CPC/2015), também pode ser excepcionada quando for preservado
percentual de tais verbas capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família.
Ex: Flávio recebe salário de R$ 30 mil por mês. Ricardo ajuizou execução contra Flávio. O juiz determinou a
penhora de 30% do salário de Flávio, todos os meses, até que a dívida que está sendo executada seja paga. O
STJ entendeu que essa penhora é válida e que não violou o art. 649, IV, do CPC/1973.
STJ. Corte Especial. EREsp 1582475-MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 03/10/2018 (Info 635).

Possibilidade de o juízo da execução cível determinar penhora no rosto dos autos de crédito da execução
trabalhista caso o reclamante tenha falecido

É possível a penhora, determinada por juízo da execução cível, no rosto dos autos de execução trabalhista de
reclamante falecido, devendo a análise da qualidade do crédito e sua eventual impenhorabilidade ser feita pelo
juízo do inventário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1678209-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 02/10/2018 (Info 634).

Constitucionalidade do art. 741 do CPC/1973 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535, § 5º do CPC/2015)

São constitucionais o parágrafo único do art. 741 e o § 1º do art. 475-L do CPC/1973, bem como os
correspondentes dispositivos do CPC/2015 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535, § 5º).
São dispositivos que, buscando harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da Constituição, vieram
agregar ao sistema processual brasileiro um mecanismo com eficácia rescisória de sentenças revestidas de
vício de inconstitucionalidade qualificado, assim caracterizado nas hipóteses em que:
a) a sentença exequenda (“sentença que está sendo executada”) esteja fundada em uma norma
reconhecidamente inconstitucional, seja por aplicar norma inconstitucional, seja por aplicar norma em situação
ou com um sentido inconstitucionais; ou
b) a sentença exequenda tenha deixado de aplicar norma reconhecidamente constitucional; e

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c) desde que, em qualquer dos casos, o reconhecimento dessa constitucionalidade ou a inconstitucionalidade


tenha decorrido de julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) realizado em data anterior ao trânsito em
julgado da sentença exequenda.
STF. Plenário. RE 611503/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 20/9/2018
(repercussão geral) (Info 916).

Demora de se obter documentos em poder de terceiro e prescrição da execução

A partir da vigência da Lei n. 10.444/2002, que incluiu o § 1º ao art. 604, dispositivo que foi sucedido, conforme
Lei n. 11.232/2005, pelo art. 475-B, §§ 1º e 2º, todos do CPC/1973, não é mais imprescindível, para acertamento
da conta exequenda, a juntada de documentos pela parte executada, ainda que esteja pendente de envio
eventual documentação requisitada pelo juízo ao devedor, que não tenha havido dita requisição, por qualquer
motivo, ou mesmo que a documentação tenha sido encaminhada de forma incompleta pelo executado. Assim,
sob a égide do diploma legal citado e para as decisões transitadas em julgado sob a vigência do CPC/1973, a
demora, independentemente do seu motivo, para juntada das fichas financeiras ou outros documentos
correlatos aos autos da execução, ainda que sob a responsabilidade do devedor ente público, não obsta o
transcurso do lapso prescricional executório, nos termos da Súmula 150/STF.
STJ. 1ª Seção. EDcl no REsp 1336026/PE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/06/2018 (recurso repetitivo -
Tema 880) (Info 607).

Modulação dos efeitos:


Os efeitos decorrentes dos comandos contidos neste acórdão ficam modulados a partir de 30/6/2017, com
fundamento no § 3º do art. 927 do CPC/2015.
Resta firmado, com essa modulação, que, para as decisões transitadas em julgado até 17/3/2016 (quando ainda
em vigor o CPC/1973) e que estejam dependendo, para ingressar com o pedido de cumprimento de sentença,
do fornecimento pelo executado de documentos ou fichas financeiras (tenha tal providência sido deferida, ou
não, pelo juiz ou esteja, ou não, completa a documentação), o prazo prescricional de 5 anos para propositura da
execução ou cumprimento de sentença conta-se a partir de 30/6/2017.

Análise de habeas corpus impetrado contra decisão do juiz que, na execução de título extrajudicial,
determinou a suspensão do passaporte e da CNH do executado

Cabe habeas corpus para impugnar decisão judicial que determinou a retenção de passaporte
Em regra, não se admite a utilização de habeas corpus como substituto de recurso próprio, ou seja, se cabia um
recurso para impugnar a decisão, não se pode aceitar que a parte prejudicada impetre um HC.
Exceção: se, no caso concreto, a decisão impugnada for flagrantemente ilegal, gerando prejuízo à liberdade do
paciente, o Tribunal deverá conceder o habeas corpus de ofício.
O acautelamento de passaporte é medida que limita a liberdade de locomoção, razão pela qual pode, no caso
concreto, significar constrangimento ilegal e arbitrário, sendo o habeas corpus via processual adequada para
essa análise. Isso vale não apenas para decisões criminais como também cíveis.
STJ. 4ª Turma. RHC 97876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 05/06/2018 (Info 631).
STJ. 2ª Turma. HC 478.963-RS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 14/05/2019.

Não cabe habeas corpus para impugnar decisão judicial que determinou a suspensão de CNH
A suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não configura ameaça ao direito de ir e vir do titular. Isso
porque mesmo com a decretação da medida, o sujeito continua com a liberdade de ir e vir, para todo e qualquer
lugar, desde que não o faça como condutor do veículo.
Logo, não cabe habeas corpus contra decisão que determina a apreensão de CNH.
STJ. 4ª Turma. RHC 97876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 05/06/2018 (Info 631).
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STJ. 5ª Turma. HC 383225/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 04/05/2017.

É ilegal medida coercitiva de retenção do passaporte em decisão não fundamentada e que não observou o
contraditório, proferida no bojo de execução por título extrajudicial
Revela-se ilegal e arbitrária a medida coercitiva de suspensão do passaporte proferida no bojo de execução por
título extrajudicial (duplicata de prestação de serviço), por restringir direito fundamental de ir e vir de forma
desproporcional e não razoável. Não tendo sido demonstrado o esgotamento dos meios tradicionais de
satisfação, a medida não se comprova necessária.
Para que o julgador se utilize de meios executivos atípicos, a decisão deve ser fundamentada e sujeita ao
contraditório, demonstrando-se a excepcionalidade da medida adotada em razão da ineficácia dos meios
executivos típicos, sob pena de configurar-se como sanção processual.
Vale ressaltar que o juiz até poderá, eventualmente, decretar a retenção do passaporte do executado desde que:
• seja obedecido o contraditório e
• a decisão proferida seja fundamentada e adequada, demonstrando-se a proporcionalidade dessa medida para
o caso concreto.
STJ. 4ª Turma. RHC 97876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 05/06/2018 (Info 631).

Vale que o tema ainda é polêmico e que, em outro julgado, também de 2018, em uma situação ressaltar muito
parecida, a 3ª Turma do STJ manteve decisão que determinou a retenção do passaporte do devedor: STJ. 3ª
Turma. RHC 99.606/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2018.

Qual é o recurso cabível contra o pronunciamento que julga a impugnação ao cumprimento de sentença?

Qual é o recurso cabível contra o pronunciamento que julga a impugnação ao cumprimento de sentença?
• Se o pronunciamento judicial extinguir a execução: será uma sentença e caberá APELAÇÃO.
• Se o pronunciamento judicial não extinguir a execução: será uma decisão interlocutória e caberá AGRAVO DE
INSTRUMENTO.
Assim, o recurso cabível contra a decisão que acolhe impugnação ao cumprimento de sentença e extingue a
execução é a apelação.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.698.344-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2018 (Info 630).

Os valores recebidos pelo beneficiário como indenização do seguro de vida são impenhoráveis, mas até o
limite de 40 salários mínimos

A impenhorabilidade dos valores recebidos pelo beneficiário do seguro de vida limita-se ao montante de 40
(quarenta) salários mínimos, por aplicação analógica do art. 833, X, do CPC/2015, cabendo a constrição judicial
da quantia que a exceder.
Cuidado com a redação literal do art. 833, VI, do CPC/2015: “São impenhoráveis: (...) VI - o seguro de vida”.
STJ. 3ª Turma. REsp 1361354-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/05/2018 (Info 628).

Contrato eletrônico de mútuo com assinatura digital é título executivo extrajudicial

O contrato eletrônico de mútuo com assinatura digital pode ser considerado título executivo extrajudicial.
Neste caso, não será necessária a assinatura de 2 testemunhas, conforme exige o art. 784, III, do CPC/2015.
Na assinatura digital de contrato eletrônico,uma autoridade certificadora (terceiro desinteressado) atesta que
aquele determinado usuário realmente utilizou aquela assinatura no documentoeletrônico. Como existe esse
instrumento de verificação deautenticidade e presencialidade do contratante, é possível reconhecer esse

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contrato como título executivo extrajudicial.


STJ. 3ª Turma. REsp 1495920-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 15/05/2018 (Info 627).

Pacto de impenhorabilidade não pode ser oposto a terceiros

O pacto de impenhorabilidade de título patrimonial contido explicitamente em estatuto social de clube


desportivo não pode ser oposto contra exequente/credor não sócio.
O pacto de impenhorabilidade previsto no art. 833, I, do CPC/2015 está limitado às partes que o
convencionaram, não podendo envolverterceiros que não anuíram, salvo exceções previstas em lei.
STJ. 3ª Turma. REsp 1475745-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 24/04/2018 (Info 625).

É possível a aplicação do art. 528, § 7º do CPC/2015 para execuções iniciadas na vigência do antigo CPC

É possível a aplicação imediata do art. 528, § 7º, do CPC/2015 em execução de alimentos iniciada e processada,
em parte, na vigência do CPC/1973.
A regra do art. 528, §7º, do CPC/2015, apenas incorpora ao direito positivoo conteúdo da pré-existente Súmula
309/STJ, editada na vigência doCPC/1973, tratando-se, assim, de pseudonovidade normativa que não impedea
aplicação imediata da nova legislação processual, como determinam osarts. 14 e 1.046 do CPC/2015.
STJ. 3ª Turma.RHC 92211-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/02/2018 (Info 621).

Possibilidade de requerer a alienação em leilão judicial em vez de fazer a alienação por iniciativa particular
Se a parte exequente manifestar desinteresse na adjudicação e na alienação particular do imóvel penhorado, ela
poderá, desde logo, requerer sua alienação em leilão judicial (antiga alienação em hasta pública). Isso porque o
CPC confere ao credor a faculdade de se valer da alienação por iniciativa particular, mas não impede que o
credor opte, desde logo, pela alienação judicial (alienação em hasta pública).
STJ. 1ª Turma.REsp 1312509-RN, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 07/12/2017 (Info 617).

Mesmo que o contrato com a escola particular esteja apenas no nome da mãe, o pai também responderá
solidariamente pelas dívidas
A execução de título extrajudicial por inadimplemento de mensalidades escolares de filhos do casal pode ser
redirecionada ao outro consorte, ainda que não esteja nominado nos instrumentos contratuais que deram
origem à dívida.
Ex: mãe assina contrato com a escola e termo de confissão de dívida se comprometendo a pagar as
mensalidades; em caso de atraso, a escola poderá ingressar com execução tanto contra a mãe como contra o
pai do aluno, considerando que existe uma solidariedade legal do casal quanto às despesas com a educação do
filho (arts. 1.643 e 1.644 do CC).
STJ. 3ª Turma. REsp 1472316-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 05/12/2017 (Info 618).

Cuidado com a posição da 4ª Turma


A 4ª Turma do STJ também entende que o cônjuge que não assinou o contrato pode ser cobrado pelas dívidas
das mensalidades escolares. Contudo, é indispensável que esse cônjuge tenha sido citado no processo de
conhecimento ou de execução:
(...) 1. No âmbito do poder familiar estão contidos poderes jurídicos de direção da criação e da educação,

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envolvendo pretensões e faculdades dos pais em relação a seus filhos, correspondentes a um encargo privado
imposto pelo Estado, com previsão em nível constitucional e infraconstitucional.
2. As obrigações derivadas do poder familiar, contraídas nessa condição, quando casados os titulares,
classificam-se como necessárias à economia doméstica, sendo, portanto, solidárias por força de lei e
inafastáveis pela vontade das partes (art. 1644, do CC/2002).
3. Nos casos de execução de obrigações contraídas para manutenção da economia doméstica, para que haja
responsabilização de ambos os cônjuges, o processo judicial de conhecimento ou execução deve ser instaurado
em face dos dois, com a devida citação e formação de litisconsórcio necessário.
4. Nos termos do art. 10, § 1º, III, CPC/1973 (art. 73, § 1°, CPC/2015), se não houver a citação de um dos
cônjuges, o processo será valido e eficaz para aquele que foi citado, e a execução não poderá recair sobre os
bens que componham a meação ou os bens particulares do cônjuge não citado.
(...) (REsp 1444511/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 11/02/2020, DJe
19/05/2020)

Tema correlato, mas com conclusão diferente:


Os pais, detentores do poder familiar, não respondem solidariamente por contrato oneroso de prestação de
serviços escolares celebrado entre a instituição de ensino e terceiro estranho à entidade familiar.
STJ. 4ª Turma. AREsp 571.709-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 7/2/2023 (Info 763).

O prazo para cumprimento voluntário de sentença deverá ser computado em dias úteis

O prazo previsto no art. 523, caput, do Código de Processo Civil, para o cumprimento voluntário da obrigação,
possui natureza processual, devendo ser contado em dias úteis.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.708.348-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/06/2019 (Info 652).
No mesmo sentido, ou seja, de que se trata de prazo processual, veja:
O prazo comum para cumprimento voluntário de sentença deverá ser computado em dobro no caso de
litisconsortes com procuradores distintos, em autos físicos.
STJ. 4ª Turma. REsp 1693784-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info 619).

O prazo para cumprimento voluntário de sentença deverá ser computado em dobro no caso de litisconsortes
com procuradores distintos (art. 229 do CPC)

Em regra, o prazo para cumprimento voluntário da sentença é de 15 dias úteis (art. 523 do CPC).
Se os devedores forem litisconsortes com diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, este
prazo de pagamento deverá ser contado em dobro, nos termos do art. 229 do CPC/2015, desde que o processo
seja físico.
Assim, o prazo comum para cumprimento voluntário de sentença deverá ser computado em dobro (ou seja, em
30 dias úteis) no caso de litisconsortes com procuradores distintos, em autos físicos.
STJ. 4ª Turma.REsp 1693784-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info 619).

Requisitos para a impenhorabilidade da pequena propriedade rural

A pequena propriedade rural é impenhorável (art. 5º, XXVI, da CF/88 e o art. 833, VIII, do CPC) mesmo que a
dívida executada não seja oriunda da atividade produtiva do imóvel.
De igual modo, a pequena propriedade rural é impenhorável mesmo que o imóvel não sirva de moradia ao
executado e à sua família.
Desse modo, para que o imóvel rural seja impenhorável, nos termos do art. 5º, XXVI, da CF/88 e do art. 833, VIII,

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do CPC, é necessário que cumpra apenas dois requisitos cumulativos:


1) seja enquadrado como pequena propriedade rural, nos termos definidos pela lei; e
2) seja trabalhado pela família.
STJ. 3ª Turma. REsp 1591298-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/11/2017 (Info 616).

É incabível a rejeição do seguro garantia judicial pelo exequente, salvo por insuficiência, defeito formal ou
inidoneidade da salvaguarda oferecida
Dentro do sistema de execução, a fiança bancária e o segurogarantia judicial produzem os mesmos efeitos
jurídicos que odinheiro para fins de garantir o juízo, não podendo o exequenterejeitar a indicação, salvo por
insuficiência, defeito formal ouinidoneidade da salvaguarda oferecida.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.691.748-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 07/11/2017 (Info 615).

Atraso na entrega da coisa e conversão do procedimento para execução por quantia certa
É possível a conversão do procedimento de execução para entrega de coisa incerta para execução por quantia
certa na hipótese em que o produto perseguido for entregue com atraso, gerando danos ao credor da obrigação.
STJ. 3ª Turma.REsp 1507339-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/10/2017 (Info 614).

Não se pode penhorar FGTS para pagamento de honorários sucumbenciais


Não é possível a penhora do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS para o pagamento de
honorários de sucumbência.
STJ. 3ª Turma. REsp 1619868-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 24/10/2017 (Info 614).

Recursos do FIES transferidos para as instituições de ensino são impenhoráveis

São absolutamente impenhoráveis os créditos vinculados ao programa Fundo de Financiamento Estudantil -


FIES constituídos em favor de instituição privada de ensino.
Fundamento: art. 833, IX, do CPC/2015.
O FIES tem por objetivo conceder financiamento a estudantes de cursos superiores que sejam integrantes de
famílias de menor renda.
Se fosse permitida a penhora dos recursos públicos transferidos às instituições particulares de ensino para
custear o FIES, isso poderia frustrar a adesão ao programa e, em consequência, o atingimento dos objetivos por
ele traçados.
STJ. 3ª Turma.REsp 1588226-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/10/2017 (Info 614).

Penhora de valores depositados em conta bancária conjunta


Se forem penhorados valores que estão depositados em conta-corrente conjunta solidária, o cotitular da conta,
que não tenha relação com a penhora, pode tentar provar que a totalidade do dinheiro objeto da constrição
pertencia a ele.
Se conseguir fazer isso, o numerário será integralmente liberado.

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Se não conseguir, presume-se que os valores constantes da conta pertencem em partes iguais aos correntistas,
de forma que se mantém penhorada apenas a parte do cotitular que tenha relação com a penhora (cotitular
devedor/executado).
Ex: João ingressou com execução contra Luciana. Foram penhorados R$ 100 mil da conta conjunta solidária.
Pedro, marido de Luciana, apresentouembargos de terceiro afirmando que os valores penhorados pertenciam
exclusivamente a ele. Se ele tivesse conseguido provar isso, teria todo o dinheiro liberado. Como não conseguiu
fazer essa prova, o juiz deverá considerar que apenas metade da quantia pertence a ele, liberando R$ 50 mil.
Assim, em se tratando de conta-corrente conjunta solidária, na ausência de comprovação dos valores que
integram o patrimônio de cada um, presume-se a divisão do saldo em partes iguais, de forma que os atos
praticados por quaisquer dos titulares em suas relações com terceiros não afetam os demais correntistas.
STJ. 3ª Turma.REsp 1510310-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/10/2017 (Info 613).
STJ. 4ª Turma. REsp 1184584-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/4/2014 (Info 539).

Posteriormente a esses julgados, o STJ fixou as seguintes teses:


A) É presumido, em regra, o rateio em partes iguais do numerário mantido em conta corrente conjunta solidária
quando inexistente previsão legal ou contratual de responsabilidade solidária dos correntistas pelo pagamento
de dívida imputada a um deles.
B) Não será possível a penhora da integralidade do saldo existente em conta conjunta solidária no âmbito de
execução movida por pessoa (física ou jurídica) distinta da instituição financeira mantenedora, sendo
franqueada aos cotitulares e ao exequente a oportunidade de demonstrar os valores que integram o patrimônio
de cada um, a fim de afastar a presunção relativa de rateio.
STJ. Corte Especial. REsp 1.610.844-BA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/06/2022 (Tema IAC 12)
(Info 741).

Obrigação de fazer não está sujeita a precatório

A execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda Pública não atrai o regime constitucional dos
precatórios.
Assim, em caso de “obrigação de fazer”, é possível a execução provisória contra a Fazenda Pública, não havendo
incompatibilidade com a Constituição Federal. Ex: sentença determinando que a Administração institua pensão
por morte para dependente de ex-servidor.
STF. Plenário.RE 573872/RS, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/5/2017 (repercussão geral) (Info 866).

Construcard não é título executivo


O contrato particular de abertura de crédito a pessoa física visando financiamento para aquisição de material de
construção – Construcard –, ainda que acompanhado de demonstrativo de débito e nota promissória, não é
título executivo extrajudicial.
STJ. 4ª Turma. REsp 1323951-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/5/2017 (Info 606).

É nula a arrematação de bens do devedor realizada em execução individual proposta após ter sido declarada
a sua insolvência civil

A sentença que declara a insolvência civil do devedor tem eficácia imediata, produzindo efeitos na data de sua
prolação, tanto para o devedor como para os credores, independentemente do trânsito em julgado.
A declaração de insolvência faz com que a execução dos débitos que o insolvente possua tenha que ser feita por
meio de concurso universal de todos os credores, inclusive aqueles com garantia real, não sendo possível a

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propositura de ações de execução individual. A execução dos créditos deverá ser realizada perante o Juízo
universal da insolvência. É como se fosse uma “falência”.
Diante disso, é nula a arrematação de bens do devedor realizada em ação de execução proposta por credor
individual, após a declaração de insolvência civil do devedor, em foro diverso do Juízo universal da insolvência.
STJ. 4ª Turma. REsp 1074724-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 27/4/2017 (Info 604).

Termo inicial do prazo para apresentar impugnação em caso de comparecimento espontâneo logo após a
penhora
No CPC/1973, o termo inicial do prazo para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença era contado a
partir da ciência inequívoca do devedor quanto à penhora “on-line” realizada, não havendo necessidade de sua
intimação formal.
STJ. Plenário.EREsp 1415522-ES, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 29/3/2017 (Info 601).

Obs: esse julgado não tem relevância sob a égide do novo CPC.
No CPC/1973, para que o devedor apresentasse impugnação, era indispensável a garantia do juízo, ou seja, era
necessário que houvesse penhora, depósito ou caução. No CPC/2015 isso acabou e é possível impugnação
mesmo sem garantia do juízo.
No CPC/1973, o prazo de 15 dias para impugnação era contado da intimação do auto de penhora e avaliação.
No CPC/2015, o prazo para impugnação inicia-se imediatamente após acabar o prazo de 15 dias que o
executado tinha para fazer o pagamento voluntário (art. 525, caput). Não é necessária nova intimação. Acabou
um prazo, começa o outro. Logo, para fins de início do prazo da impugnação, não mais interessa o dia em que
ocorreu a penhora. Isso porque a penhora (garantia do juízo) não é mais um requisito para que haja impugnação
no CPC/2015.

O fato de ter sido decretada a indisponibilidade do bem não impede que ele seja objeto de adjudicação
decretada em outro processo
A indisponibilidade de bens do executado deferida em ação civil pública não impede a adjudicação de um
determinado bem ao credor que executa o devedor comum com substrato em título executivo judicial.
Ex: o MP ajuizou ACP contra a empresa “X”. O juiz determinou a indisponibilidade de todos os bens da requerida.
Alguns meses depois, João ajuizou ação de indenização contra a mesma empresa. A sentença julgou o pedido
procedente, condenando a requerida ao pagamento de R$ 100 mil. O juiz determinou a penhora de um imóvel
pertencente à devedora. João gostou do bem penhorado e requereu a sua adjudicação, nos termos do art. 876
do CPC. O fato de este bem estar indisponível não impede a adjudicação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.493.067-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/3/2017 (Info 600).

Acordo de reparação de danos feito no bojo da suspensão condicional do processo é título executivo judicial
O ato de composição entre denunciado e vítima visando à reparação civil do dano, embutido na decisão
concessiva de suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95), é título judicial apto a lastrear
eventual execução.
Ex: João foi denunciado pelo crime do art. 129, § 1º, do CP por ter praticado lesão corporal contra Pedro. Na
audiência, o Promotor ofereceu ao réu proposta de suspensão condicional do processo, exigindo, no entanto,
como uma das condições, que ele pagasse, no prazo de um mês, R$ 20 mil a título de reparação pelos danos
sofridos pela vítima (art. 89, § 1º, I). O réu e seu advogado concordaram com a proposta. A vítima e seu
advogado, que também estavam presentes, igualmente aceitaram o acordo. Diante disso, o juiz homologou a

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suspensão condicional do processo e esse acordo que aconteceu no bojo da proposta. Esse acordo cível de
reparação dos danos é título executivo judicial e poderá ser executado caso o agente não cumpra o que foi
combinado.
STJ. 4ª Turma. REsp 1123463-DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 21/2/2017 (Info 599).

É válida a penhora realizada sobre bens de sociedade de economia mista que posteriormente foi sucedida
pela União
É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à sucessão desta pela
União, não devendo a execução prosseguir mediante precatório (art. 100, caput e § 1º, da Constituição Federal).
STF. Plenário. STF. Plenário. RE 693112-MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 09/02/2017 (repercussão
geral) (Info 853).

Venda do bem pelo sócio antes da desconsideração da personalidade jurídica e do redirecionamento da


execução para a pessoa física
A fraude à execução só poderá ser reconhecida se o ato de disposição do bem for posterior à citação válida do
sócio devedor, quando redirecionada a execução que fora originariamente proposta em face da pessoa jurídica.
Ex: havia uma execução tramitando apenas contra a sociedade empresária; durante o curso deste processo, um
dos sócios vendeu bem que estava em seu nome; algum tempo depois, o juiz determinou a desconsideração da
personalidade jurídica e o redirecionamento da execução contra o sócio; esta alienação realizada pelo sócio não
ocorreu mediante fraude à execução; isso porque, quando ele vendeu o bem, ainda não tinha sido citado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1391830-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/11/2016 (Info 594).

O entendimento acima exposto permanece válido com o CPC/2015?


Haverá polêmica, mas pela redação literal do novo CPC, não. Isso porque o CPC/2015 traz uma nova regra, que
não havia no Código passado, afirmando que a fraude à execução tem como marco a data da citação da pessoa
jurídica que é objeto da desconsideração:
Art. 792 (...) § 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a
partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.

Se o devedor for assistido da Defensoria, o prazo do art. 475-J do CPC/1973 deverá ser contado em dobro
Se o devedor for assistido da Defensoria Pública, o prazo do art. 475-J do CPC/1973 deverá ser contado em
dobro, ou seja, o executado terá 30 dias para o débito.
A prerrogativa da contagem em dobro dos prazos tem por objetivo compensar as peculiares condições
enfrentadas pelos profissionais que atuam nos serviços de assistência judiciária do Estado, que enfrentam
deficiências de material, pessoal e grande volume de processos.
A intimação para o cumprimento da sentença gera ônus para o representante da parte vencida, que deverá
comunicá-la do desfecho desfavorável da demanda e alertá-la de que a ausência de cumprimento voluntário
implica imposição de sanção processual. Logo, deve ser aplicado o prazo em dobro nesta situação.
STJ. 4ª Turma. REsp 1261856-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/11/2016 (Info 594).

Decisão que determina pagamento de valores atrasados a anistiado político não se submete aos precatórios

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A decisão judicial que, em julgamento de mandado de segurança, determina que a União faça o pagamento dos
valores atrasados decorrentes de reparação econômica devida a anistiado político não se submete ao regime
dos precatórios, devendo o pagamento ser feito de forma imediata.
STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/11/2016 (Info 847).

Inexigibilidade de obrigação fundada em lei não recepcionada pela Constituição

Ainda que tenha havido o trânsito em julgado, é inexigível a obrigação reconhecida em sentença com base
exclusivamente em lei não recepcionada pela Constituição.
Fundamento: art. 475-L, II e § 1º, do CPC/1973 (art. 525, § 1º, III e § 12 do CPC/2015).
Obs: existe uma inovação trazida pelo CPC/2015 que é importante ser ressaltada e que geraria solução diferente
ao caso concreto apreciado. Para que o devedor possa alegar a inexigibilidade da obrigação argumentando que
o título é baseado em lei incompatível com a Constituição, exige-se que a decisão do STF seja anterior à
formação da coisa julgada. Se for posterior, a matéria não poderá ser alegada em impugnação, devendo ser
proposta ação rescisória. É isso que se extrai do art. 525, §§ 14 e 15 do CPC/2015.
STJ. 3ª Turma. REsp 1531095-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/8/2016 (Info 588).

As cotas de fundo de investimento não são consideradas dinheiro para os fins do art. 835, I, do CPC. Recusa
de nomeação à penhora de cotas de fundo de investimento
A cota de fundo de investimento não se subsume à ordem de preferência legal disposta no inciso I do art. 835 do
CPC/2015 (art. 655 do CPC/1973).
Em outras palavras, as cotas de fundo de investimento não podem ser consideradas como dinheiro aplicado em
instituição financeira.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.388.642-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 3/8/2016 (recurso repetitivo) (Info
589).

Em uma execução contra um banco, o magistrado determinou a penhora de dinheiro constante de suas
agências bancárias para pagamento do credor e negou a nomeação que havia sido feita pelo banco para que a
penhora recaísse sobre cotas de fundo de investimento. O STJ decidiu que:
A recusa da nomeação à penhora de cotas de fundo de investimento, reputada legítima a partir das
particularidades de cada caso concreto, não encerra, em si, excessiva onerosidade ao devedor, violação do
recolhimento dos depósitos compulsórios e voluntários do Banco Central do Brasil ou afronta à
impenhorabilidade das reservas obrigatórias.
STJ. 2ª Seção. REsp 1388642-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 3/8/2016 (recurso repetitivo) (Info
589).

Competência para cancelar gravame em matrícula de imóvel arrematado

Arrematado bem imóvel, o Juízo da execução que conduziu a arrematação não pode determinar o cancelamento
automático de constrições determinadas por outros Juízos de mesma hierarquia e registradas na matrícula do
bem, mesmo que o edital de praça e o auto de arrematação tenham sido silentes quanto à existência dos
referidos gravames.
Além de o Juízo da execução não deter competência para o desfazimento ou cancelamento de constrições e
registros determinados por outros Juízos de mesma hierarquia, os titulares dos direitos decorrentes das
decisões judiciais proferidas em outros processos ("credores"), as quais geraram as constrições e registros
imobiliários que o arrematante pretende cancelar, têm direito ao devido processo legal, com contraditório e

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ampla defesa a fim de manterem o bem vinculado a seus interesses.


As possíveis falhas nos atos judiciais que antecederam a arrematação, porque não mencionavam as outras
constrições de outros Juízos sobre o imóvel a ser arrematado, não possibilitam ao Juízo da arrematação
determinar a baixa de outras constrições levadas a efeito por outros juízos.
STJ. 4ª Turma. RMS 48609-MT, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 19/5/2016 (Info 585).

Necessidade de prévia intimação das partes antes de se decretar a prescrição intercorrente

Em execução de título extrajudicial, o credor deve ser intimado para opor fato impeditivo à incidência da
prescrição intercorrente antes de sua decretação de ofício.
Esse dever de prévia intimação do credor para decretação da prescrição intercorrente não era previsto
expressamente no CPC/1973, sendo aplicado pelo STJ com base na incidência analógica do art. 40, §§ 4º e 5º,
da Lei nº 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal). O CPC/2015, contudo, resolve a questão e prevê expressamente a
prévia oitiva das partes:
Art. 921 (...) § 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a
prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1589753-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 17/5/2016 (Info 584).

Constitucionalidade do parágrafo único do art. 741 do CPC 1973 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535, §
5º do CPC 2015)
São constitucionais o parágrafo único do art. 741 do CPC 1973, bem como os correspondentes dispositivos do
CPC 2015 (art. 525, § 1º, III e §§ 12 e 14; e art. 535, § 5º).
Tais dispositivos buscam harmonizar a garantia da coisa julgada com o primado da Constituição e agregam ao
sistema processual brasileiro um mecanismo com eficácia rescisória de certas sentenças inconstitucionais,
com hipóteses semelhantes às da ação rescisória (art. 485, V, do CPC 1973; art. 966, V, do CPC 2015).
STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824).

Constitucionalidade do art. 1ºB da Lei 9.494/97

A ampliação do prazo para a oposição de embargos do devedor pela Fazenda Pública para 30 dias, inserida no
art. 1º-B da Lei nº 9.494/97, é constitucional e não viola os princípios da isonomia e do devido processo legal.
O estabelecimento de tratamento processual especial para a Fazenda Pública, inclusive em relação a prazos
diferenciados, quando razoáveis, não constitui propriamente restrição a direito ou prerrogativa da parte adversa,
mas busca atender ao princípio da supremacia do interesse público.
A fixação do prazo de 30 dias para a Fazenda apresentar embargos à execução não pode ser considerado como
irrazoável, afinal de contas esse é o mesmo prazo que o particular goza para apresentar embargos em caso de
execuções fiscais contra ele movidas pela Fazenda Pública (art. 16 da Lei nº 6.830/80).
STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824).

A sentença, qualquer que seja sua natureza, pode ser título executivo judicial, desde que estabeleça
obrigação certa e exigível
A sentença, qualquer que seja sua natureza, de procedência ou improcedência do pedido, constitui título
executivo judicial, desde que estabeleça obrigação de pagar quantia, de fazer, não fazer ou entregar coisa,

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admitida sua prévia liquidação e execução nos próprios autos.


STJ. Corte Especial. REsp 1324152-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/5/2016 (recurso repetitivo)
(Info 585).

Invalidade da penhora sobre a integralidade de imóvel submetido a time sharing

É inválida a penhora da integralidade de imóvel submetido ao regime de multipropriedade (time-sharing) em


decorrência de dívida de condomínio de responsabilidade do organizador do compartilhamento.
A multipropriedade imobiliária, mesmo não efetivamente codificada, possui natureza jurídica de direito real,
harmonizando-se com os institutos constantes do rol previsto no art. 1.225 do Código Civil.
STJ. 3ª Turma. REsp 1546165-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 26/4/2016 (Info 589).

Obs: a Lei nº 13.777/2018 alterou o Código Civil e a Lei de Registros Públicos para dispor sobre o regime jurídico
da multipropriedade e seu registro. A Lei criou novo capítulo no Código Civil chamado de “CONDOMÍNIO EM
MULTIPROPRIEDADE”. Foram inseridos 19 novos artigos (arts. 1.358-B a 1.358-U).
O legislador assim conceituou o instituto:
Art. 1.358-C. Multipropriedade é o regime de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo
imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade, da
totalidade do imóvel, a ser exercida pelos proprietários de forma alternada.

Forma preferencial de pagamento ao credor


A adjudicação do bem penhorado deve ser assegurada ao legitimado que oferecer preço não inferior ao da
avaliação.
STJ. 4ª Turma. REsp 1505399-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 12/4/2016 (Info 583).

Aplicação da multa do art. 774, IV, do CPC 2015 é restrita ao processo de execução
A multa por ato atentatório à dignidade da Justiça, prevista no art. 774, IV, do CPC 2015, somente pode ser
aplicada no processo de execução, em caso de conduta de deslealdade processual praticada pelo executado.
STJ. 4ª Turma. REsp 1231981/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/12/2015 (Info 578).

Penhora on line
Se foi tentada a penhora on line e não se conseguiu êxito, novas tentativas de penhora eletrônica somente serão
possíveis se o exequente (credor) apresentar ao juízo provas ou indícios de que a situação econômica do
executado (devedor) foi alterada, isto é, se o exequente indicar que há motivos concretos para se acreditar que,
desta vez, poderá haver valores depositados em contas bancárias passíveis de penhora.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.284.587-SP, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 16/2/2012 (Info 491).

Novo pedido de busca de ativo financeiro por meio do Sistema BacenJud pode ser deferido, desde que
observado o princípio da razoabilidade (deve haver uma justificativa razoável).
STJ. 2ª Turma. REsp 1657158/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/05/2017.

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27/03/2024, 13:29 Caderno - Processo civil - excução - Buscador Dizer o Direito

A reiteração do pedido de penhora eletrônica, via sistema Bacenjud, não atende ao princípio da razoabilidade
quando se deixa de demonstrar modificação na situação econômico-financeira do executado.
STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 558232/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 05/11/2015.

Impugnação ao cumprimento de sentença e necessidade de garantia do juízo

Na égide do CPC 1973, na fase de cumprimento de sentença, não é cabível a apresentação de impugnação
fundada em excesso de execução (art. 475-L, V, do CPC 1973) antes do depósito da quantia devida (art. 475-J,
caput, do CPC 1973); contudo, se mesmo assim ela for apresentada, não haverá preclusão da faculdade de
apresentar nova impugnação a partir da intimação da penhora realizada nos autos (art. 475-J, §1º, do CPC
1973).
Com o CPC 2015, essa decisão perde relevância, já que não é mais necessária garantia do juízo para que o
executado apresente impugnação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1455937-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 3/11/2015 (Info 573).

Impenhorabilidade da pequena propriedade rural

A pequena propriedade rural, trabalhada pela família, é impenhorável, ainda que dada pelos proprietários em
garantia hipotecária para financiamento da atividade produtiva.
STJ. 4ª Turma. REsp 1368404-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 13/10/2015 (Info 574).

Limite previsto no § 2º do art. 100 da CF/88


O § 2º do art. 100 prevê que os débitos de natureza alimentícia que tenham como beneficiários pessoas com 60
anos de idade ou mais ou portadoras de doenças graves terão uma preferência ainda maior. É como se fosse
uma “fila com superpreferência”.
A superprioridade para créditos alimentares de idosos e portadores de doenças graves (§ 2º) só vai até 3 vezes
o valor da RPV (§ 4º do art. 100). Assim, se o valor a ser recebido pelo idoso ou doente grave for superior a 3
vezes o que é considerado "pequeno valor" para fins de precatório (§ 4º), parte dele será paga com
superpreferência e o restante será quitado na ordem cronológica de apresentação do precatório.
Imagine que um idoso possua mais de um precatório para receber. Esse valor máximo para receber na fila
superpreferencial do § 2º é um valor para cada precatório ou para a totalidade deles? Ex: Pedro tem dois
precatórios para receber da União: um no valor de 120 salários-mínimos e outro no valor de 100 salários-
mínimos. Em se tratando da União, o limite de que trata o § 2º é 180 salários-mínimos (3x60). Pedro poderá
receber os dois precatórios na fila especial do § 2º?
SIM. A limitação de valor para o direito de preferência previsto no art. 100, § 2º, da CF aplica-se para cada
precatório de natureza alimentar, e não para a totalidade dos precatórios alimentares de titularidade de um
mesmo credor preferencial, ainda que apresentados no mesmo exercício financeiro e perante o mesmo devedor.
A CF/88 não proibiu que a pessoa maior de 60 anos ou doente grave participasse da listagem de credor
superpreferencial do § 2º por mais de uma vez. Ela só proibiu que o precatório recebido fosse maior do que 3x o
valor da RPV. Logo, não cabe ao intérprete criar novas restrições não previstas no texto constitucional.
Assim, em nosso exemplo, Pedro poderá receber os dois precatórios na fila do § 2º do art. 100. Isso porque, se
considerados individualmente, nenhum dos dois precatórios é superior a 180 salários-mínimos.
STJ. 1ª Turma. RMS 46155-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 22/9/2015 (Info 570).

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Arrematação de bem imóvel mediante pagamento em prestações


Na segunda praça (CPC 1973) ou no segundo leilão (CPC 2015), o bem poderá ser alienado por valor inferior ao
da avaliação?
1) CPC 1973:
REGRA: SIM. Nesta segunda praça, o bem poderá ser arrematado por preço inferior ao da avaliação, desde que
não seja vil (art. 692 do CPC).
Vil = algo de pouco valor, insignificante.
O CPC 1973 não conceituava o que era preço "vil", cabendo essa tarefa à jurisprudência.
EXCEÇÃO: no CPC 1973, havia uma exceção a essa regra. Se o licitante propusesse arrematar o bem, pagando
em prestações (parceladamente), então, neste caso, o valor pago não poderia ser inferior à avaliação mesmo
que fosse a segunda praça (art. 690, § 1º).
2) CPC 2015:
SIM. No CPC 2015, o juiz deverá fixar no edital: o valor de avaliação e o preço mínimo.
O bem pode ser arrematado por preço inferior ao da avaliação já no primeiro leilão. O que não pode acontecer é
o bem ser vendido por valor inferior ao preço mínimo.
Se for realizado um segundo leilão (por ausência de interessados no primeiro), a situação continua a mesma: o
bem poderá ser alienado por valor inferior ao da avaliação, mas não poderá ser alienado por valor inferior ao
preço mínimo.
Assim, a única restrição imposta (tanto na primeira tentativa de leilão, como na segunda) é que o bem não
poderá ser arrematado por preço VIL (art. 891 do CPC 2015).
O CPC 2015 conceitua o que é "vil". Será considerado vil (muito baixo e, portanto, proibido):
• O valor abaixo do preço mínimo fixado pelo juiz; ou
• Se o juiz não fixou preço mínimo, será considerado vil o valor abaixo de 50% da avaliação.
No CPC 2015, mesmo que o alienante proponha pagar em prestações, ainda assim o valor do bem poderá ser
inferior ao da avaliação, desde que não seja vil (art. 895, II).
STJ. 4ª Turma. REsp 1340965-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 3/9/2015 (Info 569).

Momento para requerimento da adjudicação


A adjudicação poderá ser requerida após resolvidas as questões relativas à avaliação do bem penhorado e antes
de realizada a hasta pública.
STJ. 4ª Turma. REsp 1505399-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 12/4/2016 (Info 583).

Natureza jurídica do termo de acordo de parcelamento para fins de execução

O Termo de Acordo de Parcelamento que tenha sido subscrito pelo devedor e pela Fazenda Pública deve ser
considerado documento público para fins de caracterização de título executivo extrajudicial, apto à promoção de
ação executiva, na forma do art. 585, II, do CPC 1973 (art. 784, II, do CPC 2015).
Ex: João, servidor de um órgão público federal, causou prejuízos ao erário. Foi aberto um processo
administrativo para apurar o dano, que foi orçado em R$ 60 mil. O servidor aceitou assinar um termo de acordo
de parcelamento no qual confessava a dívida e se comprometia a pagar o débito em 12 prestações. Esse termo
de acordo de parcelamento é considerado título executivo extrajudicial.
STJ. 2ª Turma. REsp 1521531-SE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/8/2015 (Info 568).

Desnecessidade de exaurimento das vias extrajudiciais para a utilização do sistema RENAJUD


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Para que o exequente requeira do Poder Judiciário a consulta ao RENAJUD sobre a existência de veículos em
nome do executado, é necessário que comprove que tentou previamente obter essa informação do DETRAN,
mas não conseguiu?
NÃO. A utilização do sistema RENAJUD com o propósito de identificar a existência de veículos penhoráveis em
nome do executado não pressupõe a comprovação do insucesso do exequente na obtenção dessas
informações mediante consulta ao DETRAN.
STJ. 3ª Turma. REsp 1347222-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/8/2015 (Info 568).

Incabível oferecimento de reconvenção em embargos à execução

É incabível o oferecimento de reconvenção em embargos à execução.


O processo de execução tem como finalidade a satisfação do crédito constituído, razão pela qual revela-se
inviável a reconvenção, na medida em que, se admitida, ocasionaria o surgimento de uma relação instrumental
cognitiva simultânea, o que inviabilizaria o prosseguimento da ação executiva.
Assim sendo, a reconvenção somente tem finalidade de ser utilizada em processos de conhecimento, haja vista
que ela demanda dilação probatória, exigindo sentença de mérito, o que vai de encontro com a fase de
execução, na qual o título executivo já se encontra definido.
Esse entendimento persiste mesmo com a entrada em vigor do CPC 2015.
STJ. 2ª Turma. REsp 1528049-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/8/2015 (Info 567).

Multa do art. 475-J, CPC 1973 (art. 523, § 1º, CPC 2015) em cumprimento de sentença arbitral

No âmbito do cumprimento de sentença arbitral condenatória de prestação pecuniária, a multa de 10% (dez por
cento) do artigo 475-J do CPC 1973 (art. 523, § 1º do CPC 2015) deverá incidir se o executado não proceder ao
pagamento espontâneo no prazo de 15 (quinze) dias contados da juntada do mandado de citação devidamente
cumprido aos autos (em caso de título executivo contendo quantia líquida) ou da intimação do devedor, na
pessoa de seu advogado, mediante publicação na imprensa oficial (em havendo prévia liquidação da obrigação
certificada pelo juízo arbitral).
STJ. Corte Especial. REsp 1102460-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, Corte Especial, julgado em 17/6/2015 (recurso
repetitivo) (Info 569).

Descabimento de fixação de honorários advocatícios em execução invertida


Nas execuções contra a Fazenda Pública são devidos honorários advocatícios?
1) Sistemática dos PRECATÓRIOS:
• Se a Fazenda Pública apresentou embargos à execução: SIM.
• Se a Fazenda Pública não apresentou embargos à execução: NÃO.
Aplica-se aqui a regra do art. 1º-D da Lei 9.494/97.

2) Sistemática da RPV:
• Regra: SIM. Em regra, é cabível a fixação de verba honorária nas execuções contra a Fazenda Pública, ainda
que não embargadas, cujo pagamento da obrigação é feito mediante RPV.
• Exceção: a Fazenda Pública não terá que pagar honorários advocatícios caso tenha sido adotada a chamada
“execução invertida”.
No caso de RPV, não se aplica o art. 1º-D da Lei 9.494/97.

A execução invertida consiste no seguinte: havendo uma decisão transitada em julgado condenando a Fazenda
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Pública ao pagamento de uma quantia considerada como de “pequeno valor”, o próprio Poder Público (devedor)
prepara uma planilha de cálculos com o valor que é devido e apresenta isso ao credor. Caso este concorde,
haverá o pagamento voluntário da obrigação. Desse modo, a Fazenda Pública, em vez de aguardar que o credor
proponha a execução, ela já se antecipa e apresenta os cálculos da quantia devida. O Poder Público, sem
necessidade de processo de execução, cumpre voluntariamente a condenação.
STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 630235-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 19/5/2015 (Info 563).

Arrematação de bem por oficial de justiça aposentado

Os juízes, servidores do Judiciário, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça não
podem adquirir bens que estejam sendo leiloados pelo tribunal ou juízo do lugar onde atuarem (art. 497, III, do
CC).
Essa vedação estende-se também para oficiais de justiça aposentados? Eles também estão proibidos de
arrematar?
NÃO. A vedação contida no art. 497, III, do CC não impede o oficial de justiça aposentado de arrematar bem em
hasta pública. A proibição tem como razão de ser o exercício efetivo da função, a fim de evitar influências ou
favorecimentos.
STJ. 2ª Turma. REsp 1399916-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 28/4/2015 (Info 561).

Execução de título extrajudicial que contenha cláusula compromissória

Imagine que um contrato preveja uma confissão de dívida (líquida, certa e exigível). Neste mesmo contrato, há
uma cláusula compromissória dizendo que eventuais divergências sobre o ajuste deverão ser dirimidas via
arbitragem.
Se a parte que se obrigou a pagar o valor confessado mostrar-se inadimplente, a parte credora poderá executar
o contrato na via judicial ou terá que instaurar o procedimento arbitral?
Poderá propor diretamente a execução na via judicial. Ainda que possua cláusula compromissória, o contrato
assinado pelo devedor e por duas testemunhas pode ser levado a execução judicial relativamente à cláusula de
confissão de dívida líquida, certa e exigível. Isso porque o juízo arbitral não possui poderes coercitivos
(executivos). Ele não pode penhorar bens do executado, por exemplo, nem levá-los à hasta pública. Em outras
palavras, o árbitro até decide a causa, mas se a parte perdedora não cumprir voluntariamente o que lhe foi
imposto, a parte vencedora terá que executar esse título no Poder Judiciário. Logo, não há sentido instaurar a
arbitragem para exigir o valor que já está líquido, certo e exigível por força uma confissão de dívida.
STJ. 3ª Turma. REsp 1373710-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/4/2015 (Info 560).

Impenhorabilidade de valores do Fundo Partidário


Os recursos do Fundo Partidário são absolutamente impenhoráveis, inclusive na hipótese em que a origem do
débito esteja relacionada às atividades previstas no art. 44 da Lei 9.096/95.
Fundamento legal: art. 649, XI, do CPC 1973; art. 833, XI, do CPC 2015.
Ex: a empresa de publicidade “XXX” ajuizou ação de cobrança contra o Partido “ZZZ” em virtude do não
pagamento pela prestação de serviços de marketing eleitoral realizados na campanha. A sentença foi julgada
procedente, determinando o pagamento de R$ 100 mil reais.
Como não houve pagamento voluntário após a condenação, iniciou-se a fase de cumprimento de sentença. O
juiz determinou a penhora “on line” e a quantia devida foi penhorada em uma conta bancária em nome do partido
político. Após a penhora, o partido apresentou impugnação alegando que a conta bancária onde os valores
foram penhorados é utilizada exclusivamente para o recebimento de repasse oriundo do Fundo Partidário e,
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portanto, trata-se de verba impenhorável. A alegação do partido política está correta. O CPC estabelece um rol de
bens que não podem ser objeto de penhora. Dentre esses, encontram-se previstos os “recursos do fundo
partidário”.
STJ. 3ª Turma. REsp 1474605-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/4/2015 (Info 562).
STJ. 4ª Turma. REsp 1891644/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 06/10/2020.

Modulação dos efeitos da ADI que julgou inconstitucional o novo regime de precatórios

A EC 62/2009 alterou o art. 100 da CF/88 e o art. 97 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT)
da CF/88 prevendo inúmeras mudanças no regime dos precatórios. Tais alterações foram impugnadas por meio
de ações diretas de inconstitucionalidade que foram julgadas parcialmente procedentes. No entanto, o STF
decidiu modular os efeitos da decisão, ou seja, alguns dispositivos, apesar de terem sido declarados
inconstitucionais, ainda irão vigorar por mais algum tempo. Veja o resumo do que foi decidido quanto à
modulação:
1. O § 15 do art. 100 da CF/88 e o art. 97 do ADCT (que tratam sobre o regime especial de pagamento de
precatórios) ainda irão valer (poderão ser aplicados) por mais cinco anos (cinco exercícios financeiros) a contar
de 01/01/2016. Em outras palavras, tais regras serão válidas até 2020.
2. §§ 9º e 10 do art. 100 da CF/88 (previam a possibilidade de compensação obrigatória das dívidas que a
pessoa tinha com a Fazenda Pública com os créditos que tinha para receber com precatório): o STF afirmou que
são válidas as compensações obrigatórias que foram feitas até 25/03/2015 (dia em que ocorreu a modulação).
A partir desta data, não será possível mais a realização de compensações obrigatórias, mas é possível que
sejam feitos acordos entre a Fazenda e o credor do precatório e que também possua dívidas com o Poder
Público para compensações voluntárias.
3. Leilões para desconto de precatório: o regime especial instituído pela EC 62/2009 previa uma série de
vantagens aos Estados e Municípios, sendo permitido que tais entes realizassem uma espécie de “leilão de
precatórios” no qual os credores de precatórios competem entre si oferecendo deságios (“descontos”) em
relação aos valores que têm para receber. Aqueles que oferecem maiores descontos irão receber antes do que
os demais. Esse sistema de leilões foi declarado inconstitucional, mas o STF afirmou que os leilões realizados
até 25/03/2015 (dia em que ocorreu a modulação) são válidos (não podem ser anulados mesmo sendo
inconstitucionais). A partir desta data, não será possível mais a realização de tais leilões.
4. Vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dos precatórios e sanções para
o caso de não liberação tempestiva dos recursos destinados ao pagamento de precatórios: as regras que tratam
sobre o tema, previstas nos §§ 2º e 10 do art. 97 do ADCT da CF/88 continuam válidos e poderão ser utilizados
pelos Estados e Municípios até 2020.
5. Expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” prevista no § 12 do art. 100:
5.1 Para precatórios da administração ESTADUAL e MUNICIPAL: o STF disse que a TR (índice da poupança)
poderia ser aplicada até 25/03/2015.
5.2 Para os precatórios da administração FEDERAL: o STF afirmou que se poderia aplicar a TR até 01/07/2012.
Isso porque os precatórios federais requisitados a partir de 02/07/2012 já entrariam no orçamento do exercício
2014, devendo observar o IPCA-E, por força do art. 27 da LDO (Lei n. 12.919/2013).

Após essas datas, qual índice será utilizado para substituir a TR (julgada inconstitucional)?
• Precatórios em geral: IPCA-E.
• Precatórios tributários: SELIC.

CNJ deverá apresentar proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de 50% dos recursos da
conta de depósitos judiciais tributários para o pagamento de precatórios e (ii) a possibilidade de compensação
de precatórios vencidos, próprios ou de terceiros, com o estoque de créditos inscritos em dívida ativa até
25.03.2015, por opção do credor do precatório.
CNJ deverá monitorar e supervisionar o pagamento dos precatórios pelos entes públicos na forma da presente

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decisão.
STF. Plenário. ADI 4357 QO/DF e ADI 4425 QO/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 25/3/2015 (Info 779).

Responsabilidade do adjudicante por dívidas condominiais pretéritas

Situação 1. O edital de hasta pública não menciona que o imóvel que está sendo oferecido possui vários meses
de taxa de condomínio atrasados. Se uma pessoa resolver arrematar (adquirir) esse apartamento, ele ficará
responsável pelo pagamento dessas cotas condominiais que venceram antes da arrematação?
NÃO. As dívidas condominiais anteriores à alienação judicial e que não estavam previstas no edital não serão de
responsabilidade do arrematante, devendo ser quitadas com o valor obtido com a alienação judicial do imóvel,
podendo o arrematante pedir a reserva de parte desse valor para o pagamento das referidas dívidas (STJ. 3ª
Turma. REsp 1092605/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/06/2011).
Situação 2. Houve uma tentativa de alienação judicial do bem, mas não apareceram interessados. Diante disso,
o exequente decidiu adjudicar o apartamento. O exequente ficará responsável pelo pagamento dessas cotas
condominiais que venceram antes da adjudicação?
SIM. O exequente que adjudicou o imóvel deve arcar com as despesas condominiais anteriores à aquisição,
ainda que tais dívidas tenham sido omitidas no edital da hasta pública.
A adjudicação e a arrematação possuem características diversas e, portanto, merecem tratamento distinto no
que diz respeito à vinculação ao edital.
A adjudicação consiste na aquisição espontânea pelo exequente do bem penhorado por preço não inferior ao da
avaliação, não havendo sua subordinação ao edital de praça, haja vista que essa forma de aquisição da
propriedade não se insere no conceito de hasta pública. Logo, não podem ser aplicados à adjudicação os
mesmos dispositivos que tratam sobre a arrematação.
Em outras palavras, os dispositivos do CPC que permitem ao arrematante recusar-se a cumprir a arrematação
caso o edital não esteja completo quanto aos ônus existentes, não pode ser aplicado ao exequente que faz a
adjudicação.
Assim, nada impede que o adjudicante responda pelo pagamento das contribuições condominiais não pagas no
período anterior à adjudicação, aplicando-se o art. 1.345 do CC em sua íntegra.
STJ. 4ª Turma. REsp 1186373-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/3/2015 (Info 559).

Penhora de quotas sociais na parte relativa à meação


João foi casado com Cristina, com quem teve um filho (Arthur). O pai paga pensão alimentícia em favor do filho.
Atualmente, João vive em união estável com Beatriz. Beatriz é sócia, juntamente com uma amiga, de uma
sociedade empresária limitada (empresa XXX). Vale ressaltar que ela se tornou sócia desta sociedade depois
que já vivia em união estável com João. João deixou de pagar a pensão alimentícia, razão pela qual Arthur
ingressou com execução de alimentos. Ocorre que não foram localizados bens penhoráveis em nome de João.
Diante disso, o exequente pediu que fossem penhoradas 50% das cotas sociais de Beatriz (companheira do
executado) na sociedade empresária “XXX”. A tese do exequente foi a seguinte: como Beatriz vive em união
estável com João, metade do patrimônio dela pertence a João (direito dele à meação). Logo, ele possui metade
das cotas dela na empresa. Sendo esse patrimônio dele, pode ser penhorado para pagar suas dívidas.
A tese construída pelo exequente é correta?
SIM. Se duas pessoas vivem em união estável, é como se elas fossem casadas sob o regime da comunhão
parcial de bens (art. 1.725 do CC). Por isso, o companheiro (no caso, João) possui direito à metade dos bens da
companheira (Beatriz), incluindo metade das quotas sociais porque estas foram adquiridas onerosamente
durante à união estável, de forma que se comunicam ao companheiro.
A legislação permite a penhora de quotas sociais?
SIM. Isso está previsto no art. 655, VI, do CPC 1973 (art. 835, IX, do CPC 2015):

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No caso concreto, era possível que o juiz já determinasse, como primeira providência, a penhora da metade das
quotas de Beatriz (companheira do devedor)?
NÃO. O STJ entende que a penhora sobre as quotas sociais não deve ser a primeira opção porque esta medida
poderá acarretar o fim da pessoa jurídica e nosso Direito consagra os princípios da conservação da empresa e
da menor onerosidade da execução.
Assim, não se pode autorizar desde logo a penhora sobre as quotas sociais. Cabia ao exequente requerer, antes
disso, a penhora dos lucros relativos às quotas sociais correspondentes à meação do devedor, não podendo ser
deferida, de imediato, a penhora das cotas sociais de sociedade empresária que se encontra em plena atividade,
o que poderia causar prejuízo a terceiros, como funcionários, fornecedores etc. Somente se não houvesse lucros
é que poderia ser feita a penhora das quotas com a liquidação da sociedade (art. 1.026 do CC).
STJ. 4ª Turma. REsp 1284988-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/3/2015 (Info 559).

Requisitos para a imposição da multa do art. 475-J do CPC 1973 no caso de sentença ilíquida

O art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, § 1º do CPC 2015) prevê que o devedor será intimado para pagar a quantia
na qual ele foi condenado no prazo de 15 dias. Caso não pague, o valor da condenação será acrescido de multa
de 10%.
A liquidez da obrigação é pressuposto para o pedido de cumprimento de sentença. Assim, essa multa do art.
475-J do CPC 1973 (art. 523, § 1º do CPC 2015) só será imposta se a obrigação já estiver líquida, ou seja, se
houver o valor certo que o devedor deverá pagar.
Se a sentença foi ilíquida, antes de intimar o devedor para pagar sob pena da multa do art. 475-J do CPC 1973
(art. 523, § 1º do CPC 2015), será necessário fazer a sua liquidação.
Desse modo, para fins de recurso especial repetitivo, o STJ fixou a seguinte tese:
No caso de sentença ilíquida, para a imposição da multa prevista no art. 475-J do CPC, revela-se indispensável
(i) a prévia liquidação da obrigação; e, após, o acertamento, (ii) a intimação do devedor, na figura do seu
Advogado, para pagar o quantum ao final definido no prazo de 15 dias.
Em outras palavras, somente após ter certeza do valor devido (liquidação) é que se poderá intimar o devedor
para pagar. Se ele, mesmo depois de intimado, não quitar a dívida no prazo de 15 dias, aí sim haverá a imposição
da multa de 10% do art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, § 1º do CPC 2015).
STJ. 2ª Seção. REsp 1147191-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 4/3/2015 (recurso repetitivo)
(Info 560).

Falta de recolhimento das custas da impugnação ou dos embargos à execução


Sobre o tema, cancelamento da distribuição da impugnação ou dos embargos à execução por falta de
recolhimento das custas, é possível apontar as seguintes conclusões:
No CPC 1973:
1) Cancela-se a distribuição da impugnação ao cumprimento de sentença ou dos embargos à execução na
hipótese de não recolhimento das custas no prazo de 30 dias, independentemente de prévia intimação da parte.
2) Não se determina o cancelamento da distribuição se o recolhimento das custas, embora intempestivo, estiver
comprovado nos autos.

No CPC 2015:
1) Cancela-se a distribuição da impugnação ao cumprimento de sentença ou dos embargos à execução na
hipótese de não recolhimento das custas no prazo de 15 dias, que só começam a ser contados depois que a
parte for intimada na pessoa de seu advogado (art. 290).
2) Não se determina o cancelamento da distribuição se o recolhimento das custas, embora intempestivo, estiver

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comprovado nos autos.


STJ. 1ª Seção. REsp 1361811-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 4/3/2015 (Info 561).

Cumprimento de sentença de improcedência de pedido declaratório

No caso em que, em ação declaratória de nulidade de notas promissórias, a sentença, ao reconhecer


subsistente a obrigação cambial entre as partes, atestando a existência de obrigação líquida, certa e exigível,
defina a improcedência da ação, o réu poderá pleitear o cumprimento dessa sentença, independentemente de
ter sido formalizado pedido de satisfação do crédito na contestação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1481117-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 3/3/2015 (Info 557).

Inciso X do art. 649 do CPC 1973 (inciso X do art. 833 do CPC 2015)

O art. 649, X, do CPC 1973 (art. 833, X, do CPC 2015) afirma que “são absolutamente impenhoráveis até o limite
de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em CADERNETA DE POUPANÇA.”
O STJ confere interpretação extensiva ao inciso X do art. 649 do CPC 1973 (inciso X do art. 833 do CPC 2015),
permitindo que essa impenhorabilidade abranja outras aplicações financeiras, além da poupança, como é o caso
do fundo de investimento.
Assim, é impenhorável a quantia oriunda do recebimento, pelo devedor, de verba rescisória trabalhista
posteriormente poupada em mais de um fundo de investimento, desde que a soma dos valores não seja
superior a 40 salários mínimos.
Admite-se, para alcançar o patamar de 40 salários mínimos, que o valor incida em mais de uma aplicação
financeira, desde que respeitado tal limite. Em outras palavras, caso o devedor possua mais de um fundo de
investimento, todas as respectivas contas devem ser consideradas impenhoráveis, até o limite global de 40
salários mínimos (soma-se todos os fundos de investimento e o máximo protegido é 40 salários mínimos).
STJ. 2ª Seção. EREsp 1330567-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/12/2014 (Info 554).

Contrato de seguro de automóveis não é titulo executivo extrajudicial


A via adequada para cobrar a indenização securitária fundada em contrato de seguro de automóvel é a ação de
conhecimento (e não a ação executiva).
Não é possível propor diretamente a execução nesse caso porque o contrato de seguro de automóvel não se
enquadra como título executivo extrajudicial (art. 585 do CPC 1973 / art. 784 do CPC 2015).
Por outro lado, os contratos de seguro de vida, por serem dotados de liquidez, certeza e exigibilidade, são títulos
executivos extrajudiciais (art. 585, III, do CPC 1973 / art. 784, VI, do CPC 2015), podendo ser cobrados por meio
de ação de execução.
STJ. 3ª Turma. REsp 1416786-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 2/12/2014 (Info 553).

Possibilidade excepcional de penhora sobre honorários advocatícios


Os honorários advocatícios (contratuais ou sucumbenciais) são a remuneração do advogado e, portanto,
possuem caráter alimentar. Logo, são, em princípio, impenhoráveis, com base no art. 649, IV, do CPC 1973 (art.
833, IV, do CP 2015).
No entanto, o STJ entende que o art. 649, IV, do CPC 1973 (art. 833, IV, do CP 2015) não pode ser interpretado de
forma literal ou absoluta. Em determinadas circunstâncias é possível a sua relativização.

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Assim, se os honorários advocatícios recebidos são exorbitantes e ultrapassam valores que seriam razoáveis
para sustento próprio e de sua família, a verba perde a sua natureza alimentar (finalidade de sustento) e passa a
ser possível a sua penhora, liberando-se apenas uma parte desse valor para o advogado.
STJ. 2ª Turma. REsp 1264358-SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/11/2014 (Info 553).

Penhora diretamente sobre bens do espólio

Em ação de execução de dívida contraída pessoalmente pelo autor da herança, a penhora pode ocorrer
diretamente sobre os bens do espólio, em vez de no rosto dos autos do inventário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1318506-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 18/11/2014 (Info 552).

Teses firmadas pelo STJ sobre fraude à execução

O STJ, apreciando o tema sob o regime do recurso repetitivo, firmou as seguintes teses:
1) Em regra, para que haja fraude à execução, é indispensável que tenha havido a citação válida do devedor.
2) Mesmo sem citação válida, haverá fraude à execução se, quando o devedor alienou ou onerou o bem, o credor
já havia realizado a averbação da execução nos registros públicos (art. 615-A do CPC 1973 / art. 828 do CPC
2015). Presume-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens realizada após essa averbação (§
3º do art. 615-A do CPC 1973 / § 4º do art. 828 do CPC 2015).
3) Persiste válida a Súmula 375 do STJ, segundo a qual o reconhecimento da fraude de execução depende do
registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
4) A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, devendo ser respeitada a parêmia
(ditado) milenar que diz o seguinte: “a boa-fé se presume, a má-fé se prova”.
5) Assim, não havendo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus de provar que o terceiro
adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante à insolvência (art. 659, § 4º, do CPC 1973
/ art. 844 do CPC 2015).
STJ. Corte Especial. REsp 956943-PR, Rel. originária Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 20/8/2014 (Recurso Repetitivo - Tema 243) (Info 552).

Para ser executado, devedor solidário deve ter figurado no título


Os bens de terceiro que, além de não estar incluído no rol do art. 592 do CPC 1973 (art. 790 do CPC 2015), não
tenha figurado no polo passivo de ação de cobrança, não podem ser atingidos por medida cautelar incidental de
arresto, tampouco por futura execução, sob a alegação de existência de solidariedade passiva na relação de
direito material.
Em outras palavras, se o credor tinha dois devedores solidários, mas somente ajuizou ação de cobrança contra
um deles, não poderá executar os bens dos dois.
A responsabilidade solidária precisa ser declarada em processo de conhecimento, sob pena de tornar-se
impossível a execução do devedor solidário, ressalvados os casos previstos no art. 592 do CPC 1973 (art. 790
do CPC 2015).
STJ. 4ª Turma. REsp 1423083-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 6/5/2014 (Info 544).

No caso de penhora on line não é necessária a lavratura de auto de penhora ou de termo de penhora,
bastando a juntada aos autos do extrato do sistema Bacenjud

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A falta de lavratura de auto da penhora realizada por meio eletrônico, na fase de cumprimento de sentença, pode
não configurar nulidade procedimental quando forem juntadas aos autos peças extraídas do sistema BacenJud
contendo todas as informações sobre o bloqueio do numerário, e em seguida o executado for intimado para
oferecer impugnação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1195976-RN, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 20/2/2014 (Info 536).

Saldo de depósito em PGBL: impenhorabilidade como regra

O saldo de depósito em fundo de previdência privada complementar na modalidade Plano Gerador de Benefícios
Livres (PGBL) é, em regra, IMPENHORÁVEL, a menos que sua natureza previdenciária seja desvirtuada pelo
participante.
STJ. 2ª Seção. EREsp 1121719-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/2/2014 (Info 535).

Honorários advocatícios

Julgada procedente em parte a exceção de pré-executividade, são devidos honorários de advogado em favor do
excipiente/executado na medida do respectivo proveito econômico.
A procedência do incidente de exceção de pré-executividade, ainda que resulte apenas na extinção parcial da
execução ou redução de seu valor, acarreta a condenação na verba honorária.
STJ. 1ª Turma. REsp 1276956-RS, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 4/2/2014 (Info 534).

Cabimento de honorários advocatícios em favor do exequente na execução provisória


Em execução provisória, descabe o arbitramento de honorários advocatícios em benefício do exequente.
Posteriormente, convertendo-se a execução provisória em definitiva, após franquear ao devedor, com
precedência, a possibilidade de cumprir, voluntária e tempestivamente, a condenação imposta, deverá o
magistrado proceder ao arbitramento dos honorários advocatícios.
STJ. Corte Especial. REsp 1291736-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/11/2013 (recurso repetitivo)
(Info 533).

Penso que o entendimento acima é alterado com o CPC 2015 (art. 85, § 1º e art. 520, § 2º).

Devedor intimado para cumprir sentença ilíquida e multa do art. 475-J do CPC 1973
O cumprimento de sentença que condena o devedor ao pagamento de quantia certa inicia-se por ato do credor,
o qual está sujeito ao arquivamento dos autos se não provocado o juízo no prazo legal (art. 475-J, § 5º, CPC
1973).
Se o devedor for intimado, antes da realização de cálculo inicial pelo credor, para efetuar o pagamento de
sentença ilíquida, não incidirá automaticamente a multa do art. 475-J do CPC 1973 sobre o saldo remanescente
apurado posteriormente.
STJ. 3ª Turma. REsp 1320287-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/9/2013 (Info 533).

Ordem de penhora
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É lícito ao credor recusar a substituição de penhora incidente sobre bem imóvel por debêntures, ainda que
emitidas por companhia de sólida posição no mercado mobiliário, desde que não exista circunstância
excepcionalíssima cuja inobservância acarrete ofensa à dignidade da pessoa humana ou ao paradigma da boa-
fé objetiva.
STJ. 3ª Turma. REsp 1186327-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/9/2013 (Info 531).

Estado cumprindo a decisão mediante pagamento por folha suplementar (e não por precatório)

Devem ser adimplidas por meio de folha suplementar — e não por precatório — as parcelas vencidas após o
trânsito em julgado que decorram do descumprimento de decisão judicial que tenha determinado a implantação
de diferenças remuneratórias em folha de pagamento de servidor público.
STJ. 1ª Turma. AgRg no Ag 1412030-RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 03/9/2013 (Info 529).
STJ. 2ª Turma. AgRg no Ag 1.530.169-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 23/11/2015.

Possibilidade de penhora dos valores recebidos por anistiado político

Os valores recebidos por anistiado político a título de reparação econômica são suscetíveis de penhora para a
garantia de crédito tributário. Isso porque a Lei nº 10.559/2002, que regulamenta o Regime do Anistiado Político,
prevê que a reparação econômica devida a anistiado político não possui caráter remuneratório ou alimentar, mas
sim “caráter indenizatório”. Sendo assim, essas verbas se mostram passíveis de constrição, na medida em que
não foram consideradas por lei como absolutamente impenhoráveis.
STJ. 2ª Turma. REsp 1362089-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/6/2013 (Info 524).

Revisão de contrato em embargos à execução


No âmbito de embargos do devedor, é possível proceder à revisão do contrato de que se origine o título
executado, ainda que, em relação ao referido contrato, tenha havido confissão de dívida.
STJ. 3ª Turma. REsp 1330567-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/5/2013 (Info 523).

Depositário fiel do bem penhorado está impedido de arrematar


O depositário fiel do bem penhorado, mesmo atuando como representante de outra pessoa jurídica do mesmo
grupo empresarial da executada, deve ser enquadrado nas hipóteses impeditivas de arrematação do art. 690-A
do CPC 1973 (art. 890 do CPC 2015).
Nenhum dos incisos do art. 690-A do CPC 1973 (art. 890 do CPC 2015) menciona expressamente a situação do
depositário fiel. No entanto, o STJ entendeu que esse rol de impedimentos “permite interpretação e adequação
pelo aplicador do direito em homenagem à intenção do legislador, o que afasta a sua taxatividade”.
STJ. 2ª Turma. REsp 1368249-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/4/2013 (Info 523).

Alegação de que o crédito já foi pago


É possível ao executado alegar o pagamento do título de crédito por meio de exceção de pré-executividade,
desde que comprovado mediante prova pré-constituída.

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STJ. 4ª Turma. REsp 1078399-MA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/4/2013 (Info 521).

Execução contra a fazenda pública e prescrição intercorrente

Durante o período em que o processo de execução contra a Fazenda Pública estiver suspenso em razão da
morte da parte exequente (para a habilitação dos sucessores da parte falecida), não corre prazo para efeito de
reconhecimento de prescrição intercorrente da pretensão executória. Isso porque não há previsão legal que
imponha prazo específico para a habilitação dos referidos sucessores.
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 286713-CE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 21/3/2013 (Info
519).

Inconstitucionalidade parcial da EC 62/2009

O STF declarou parcialmente inconstitucional a EC 62/2009. Veja os principais pontos decididos:


I — A expressão “na data de expedição do precatório” constante no § 2º do art. 100 da CF/88 foi declarada
inconstitucional. O STF entendeu que esta limitação até a data da expedição do precatório viola o princípio da
igualdade e que esta superpreferência deveria ser estendida a todos credores que completassem 60 anos de
idade enquanto estivessem aguardando o pagamento do precatório de natureza alimentícia.

II — O STF entendeu que os §§ 9º e 10 do art. 100 são inconstitucionais. Para o Supremo, este regime de
compensação obrigatória trazido pelos §§ 9º e 10, ao estabelecer uma enorme superioridade processual à
Fazenda Pública, viola a garantia do devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa, da coisa julgada,
da isonomia e afeta o princípio da separação dos Poderes.

III — O STF declarou a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança”, constante do § 12 do art. 100 da CF. Logo, com a declaração de inconstitucionalidade do § 12 do art.
100 da CF, o STF também declarou inconstitucional, por arrastamento (ou seja, por consequência lógica), o art.
5º da Lei nº 11.960/2009, que deu a redação atual ao art. 1º-F. da Lei nº 9.494/97.

IV — O STF também declarou a inconstitucionalidade da expressão “independentemente de sua natureza”,


presente no § 12 do art. 100 da CF, com o objetivo de deixar claro que, para os precatórios de natureza tributária,
se aplicam os mesmos juros de mora incidentes sobre o crédito tributário.

V — Foram declarados inconstitucionais o § 15 do art. 100 da CF/88 e todo o art. 97 do ADCT.


STF. Plenário. ADI 4357/DF, ADI 4425/DF, ADI 4372/DF, ADI 4400/DF, ADI 4357/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red.
p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 13 e 14/3/2013 (Info 698).

Habilitação de herdeiro colateral em execução


É possível a habilitação de herdeiros colaterais, nos termos do art. 1.060, I do CPC 1973 (art. 689 do CPC 2015),
de modo a possibilitar o prosseguimento da execução quando comprovada a inexistência de herdeiros
necessários.
STJ. 3ª Seção. AgRg nos EmbExeMS 11849-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/3/2013
(Info 518).

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Execução provisória de sentença que concede gratificação a servidor


A implementação de gratificação no contracheque de servidor público cujo direito foi reconhecido pelo Poder
Judiciário, inclusive em sede de mandado de segurança, deve se dar após o trânsito em julgado da decisão, nos
termos do artigo 2º-B da Lei nº 9.494/1997.
Contudo, nos casos de INSTITUIÇÃO DE PENSÃO por morte de servidor público, o STJ tem admitido a
possibilidade de execução provisória contra a Fazenda Pública, porque a situação não está inserida nas
vedações do art. 2º-B da Lei nº 9.494/97, cuja interpretação deve ser restritiva.
STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 230482-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 7/3/2013 (Info 519).

Incabível condenação em honorários no caso de indeferimento liminar dos embargos à execução


Os honorários advocatícios não são devidos na hipótese de indeferimento liminar dos embargos do devedor,
mesmo que o executado tenha apelado da decisão indeferitória e o exequente tenha apresentado contrarrazões
ao referido recurso.
Segundo o STJ, os honorários advocatícios não são devidos na hipótese de indeferimento liminar dos embargos
do devedor porque o advogado do exequente não foi obrigado a preparar manifestação contra os embargos.
STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 182879-RJ, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 5/3/2013 (Info 519).

Obs: vale ressaltar que o julgado acima foi proferido sob a égide do CPC/1973. Parece que o entendimento se
encontra superado com o CPC/2015, considerando que este diploma prevê a seguinte regra:
Art. 827 (...) § 2º O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados os embargos à
execução, podendo a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo,
levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente.

Indicação do leiloeiro público

O juiz pode recusar a indicação do leiloeiro público efetivada pelo exequente para a realização de alienação em
hasta pública, desde que o faça de forma motivada.
A interpretação do art. 706 do CPC 1973 conduz à conclusão de que o exequente possui a possibilidade jurídica
de indicar o leiloeiro público, o que não implica afirmar que o exequente tenha o direito de ver nomeado o
leiloeiro indicado por ele.
STJ. 2ª Turma. REsp 1354974-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 5/3/2013 (Info 518).

Multa do art. 475-J do CPC 1973

Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não faça a quitação no
prazo de 15 dias após ser intimado para isso, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual
de 10%.
Além disso, passado este prazo, o credor poderá requerer a expedição de mandado para que sejam penhorados
e avaliados os bens do devedor para satisfação do crédito (neste momento, inicia-se a execução forçada do
título, diante do não cumprimento espontâneo).
Se o devedor efetua o pagamento após ter se passado este prazo de 15 dias, deverá incidir a multa de 10%,
ainda que ele pague antes do credor requerer a expedição do mandado de penhora (início da execução forçada).
Em outras palavras, o pagamento extemporâneo da condenação imposta em sentença transitada em julgado
enseja, por si só, a incidência da multa do art. 475-J, caput, do CPC 1973, ainda que espontâneo e anterior ao

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início da execução forçada.


STJ. 4ª Turma. REsp 1205228-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/2/2013 (Info 516).

Recurso contra decisão que exclui um dos litisconsortes passivos

A decisão que exclui um dos litisconsortes passivos da execução não extingue o processo e, portanto, é
impugnável mediante agravo de instrumento. Se a parte, neste caso, interpõe apelação, trata-se de erro
grosseiro, não podendo ser aplicado o princípio da fungibilidade.
STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 1184036-DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 7/2/2013 (Info 515).

Cumprimento de sentença e parcelamento


Na execução de pagar quantia certa (título extrajudicial), o art. 745-A do CPC 1973 (atual art. 916 do CPC 2015)
prevê expressamente a possibilidade do devedor parcelar em até seis vezes o valor cobrado na execução, desde
que depositado 30% do valor e preenchidos os demais requisitos legais.
Apesar de não haver previsão legal expressa, o STJ admite essa possibilidade de parcelamento também ao
devedor no caso de cumprimento de sentença.
STJ. 4ª Turma. REsp 1264272-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2012 (Info 497).

Matérias que já foram discutidas nos embargos à execução


O devedor não pode rediscutir, em exceção de pré-executividade, matérias suscitadas e decididas nos embargos
à execução com trânsito em julgado.
Não é absoluta a independência da exceção de pré-executividade em relação aos embargos à execução.
O simples fato de a questão ter sido posteriormente pacificada na jurisprudência de forma diversa da decidida
nos embargos não autoriza rediscutir matéria que se encontra preclusa sob o manto da coisa julgada.
STJ. 3ª Turma. REsp 798154-PR, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 12/4/2012 (Info 495).

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