Você está na página 1de 19

Práticas executivo

Claudiatrindade@fd.ulisboa.pt

- ação executiva – Rui Pinto AAFDL


- ação executiva – Lebre de Freitas

Tramitação da ação executiva / distinção entre ação executiva e ação declarativa / 703º e
ss. 550º; 80º e ss (competência)

2ª aula e 3ª aula – 1, 2 e 3.

Caso prático 1

1) A sentença condenatória é um título executivo – 703º/1 a). Estamos perante uma


sentença de ação de condenação (Celeste tem uma sentença para pagamento do
valor apurado resultante dos danos patrimoniais e não patrimoniais decorrentes
do acidente rodoviário). As sentenças condenatórias tanto podem ser proferidas
por tribunais comuns, como por tribunais arbitrais. Nos termos do art 704º/1, a
sentença apenas constitui título executivo depois do trânsito em julgado, salvo se
o recurso contra ela interposto tiver efeito meramente devolutivo.

Em princípio, o processo não admite a dedução de pretensões genéricas (é um


pressuposto atípico, porque não estão em causa factos constitutivos do direito
alegado, mas as condições de configuração do pedido). Até à sentença pode
haver, no entanto, incidente de liquidação na ação executiva nos termos do 358º
e pode haver a sentença com condenação genérica nos casos do 609º/2 CPC,
mas não temos título executivo neste caso, na medida em que o 704º/6 diz-nos
que enquanto não houver liquidação não há título executivo.
Assim, podemos concluir que a sentença genérica (a que condena em valores
que não dependem de simples cálculo aritmético, não tem valor de título
executivo, até haver o incidente de liquidação de sentença.)
Neste caso podia ficar dependente da quantia a apurar a partir de cálculo
aritmético.

A obrigação tem de ser certa, líquida e exigível – 713º e 724º71 h), 725º71 c9 e
728º e).
A obrigação deve ser exigível e determinada, ou seja, deve corresponder a uma
obrigação que o executado deva cumprir ao tempo da citação e que seja
qualitativa e quantitativamente determinada. Se a obrigação não for exigível ou
determinada em face do título, o exequente pode promover diligências
destinadas a torná-la exigível e determinada – 714º a 716º - sob pena de
proceder a oposição à execução, nos termos do 728º e).
A exigibilidade é a qualidade substantiva da obrigação que deva ser cumprida
de modo imediato e incondicional após interpelação ao devedor. Sendo assim, a
obrigação exigível é a obrigação que está em tempo de cumprimento, é a
obrigação atual. A exigibilidade integra a causa de pedir.
Quanto à determinação, dizer que o pedido deve ser determinado equivale a
dizer que o objecto da obrigação exequente deve estar determinado, como exige
o art 400º do CC.

A forma de processo para executar esta dívida é a forma sumária, aplicando-se


assim o regime do art 855º e ss do CPC, e o 626º do CPC. Também pode ser
comum. Não há ónus de liquidação pois é responsabilidade pelo risco e não por
facto ilícito – 358º - pode ser com o incidente sem o ónus.

2) Sim. Podia haver execução provisória da sentença, eventualmente sujeito a


algumas garantias (como a caução, por exemplo) – 704º/1 CPC.

3) Nos termos do art 358º/1, antes de começar a discussão da causa, o autor deduz,
sendo possível, o incidente de liquidação para tonar líquido o pedido genérico,
quando este se refira a uma universalidade ou às consequências de um facto
ilícito. No nosso caso, interessa o nº2 do artigo, que refere que o incidente de
liquidação pode ser deduzido depois de proferida sentença de condenação
genérica, nos termos do 609º/2.

O art 359º explica-nos como se processa a dedução da liquidação, sendo feita


através de requerimento oferecido em duplicado especificando os danos
derivados de facto ilícito e conclui pedindo quantia certa.

4) Durante os anos 90 foram produzidos vários arrestos compondo uma linha


jurisprudencial dominante quanto aos juros de mora. Se os juros de mora não
constarem da sentença, não estão contidos no título e, não constando do título
executivo a obrigação do pagamento de juros, a execução com base nessa
sentença não os pode abranger. Em termos próximos LEBRE DE FREITAS
negara que se pudesse executar a obrigação de juros de mora, na medida em que
é a sentença que define o conteúdo do direito nos limites do pedido (661º) e
constitui caso julgado nos limites da decisão (673º).

Em que data começam a contabilizar os juros de mora? A regra é a de que o réu


devedor ficará em mora desde a liquidação, salvo se a falta de liquidez for
imputável ao devedor – 805º/3 CC. No entanto, manda a segunda parte do artigo
que, tratando-se de responsabilidade por facto ilícito ou pelo risco, o devedor se
constitui em mora logo desde a citação para a ação declarativa, mesmo antes da
liquidação, a menos que já haja mora por falta de liquidez for imputável ao
devedor. Será assim?
A resposta é não: o Ac. STJ/UJ 4/2002 de 9/5/2002 veio interpretar
restritivamente a segunda parte deste nº3 do art 805º CC, ditando que “sempre
que a indemnização pecuniária por facto ilícito ou pelo risco tiver sido objecto
de cálculo atualizado, nos termos do 566º/2 CC, ou seja, objecto de liquidação,
vence juros de mora, por efeito do disposto no art 805º/3 interpretado
restritivamente e art 806º/1 também do CC, a partir da decisão atualizados, ou
seja, a decisão incidental, e não a partir da citação.”
Nos termos do ato 703º/2, consideram-se abrangidos pelo título executivo os
juros de mora legais.
Art 629º/2 c) para recorrer.

Caso prático 2

1) Se entendermos que estamos perante um ação executiva, a mesma será uma


execução para entrega de coisa certa.
Estamos perante a entrega de uma coisa, no caso as chaves, fundada em
direito real de propriedade por força da execução específica.
Trata-se pois de uma execução específica: o efeito jurídico pedido pelo
credor – entrega da coisa

 .

Caso prático 3

Sentença condenatória - página 149 Rui Pinto.


i) É exequível. Os tribunais portugueses podem executar sentenças estrangeiras
condenatórias. Apenas necessitam de prévio processo de revisão e confirmação pelo
tribunal português nos termos do 706º nº1. No entanto o próprio artigo faz a ressalva
dos tratados, convenções e regulamentos comunitários. Visto que neste caso estamos
perante um país que não faz parte da união europeia, não se aplica direito comunitário.
978 e 979º.

ii) Artigo 706º nº1.Neste caso, temos a exigência de pagamento de uma indemnização,
ou seja, matéria civil, aplicar-se-ia o regulamento 1215/2012 relativo à competência
judiciária. Nos termos do artigo 39º do regulamento, as decisões proferidas num estado
membro e que nesse estado tenham força executiva podem ser executadas noutro estado
membro sem quaisquer outras formalidades. Nos termos do 41º, a respetiva ação
executiva rege-se pela lei do estado-membro requerido, sendo que uma decisão
proferida num estado membro que seja executória no estado-membro requerido nele
deve ser executada em condições iguais às de uma decisão proferida nesse estado.

iii) As sentenças condenatórias podem ser proferidas por um tribunal comum ou um


tribunal arbitral. Nos termos do 705º nº2, as decisões proferidas por tribunal arbitral são
exequíveis nos mesmos termos em que o são as decisões dos tribunais comuns. Para
esta sentença há fundamentos adicionais de impugnação em sede do 730º. Ter em conta
a lei da arbitragem voluntária (página 559).

iv) No plano formal são equiparados às sentenças condenatórias, os despachos e


quaisquer outras decisões ou atos da autoridade judicial que condenem no cumprimento
de uma obrigação (artigo 705º nº1). É o que acontece com as custas processuais. Neste
caso temos o pagamento de honorários a um perito que seria exequível.

v) O professor Teixeira de Sousa defende que pode haver sentenças de simples


apreciação ou constitutivas que contenham, de forma implícita, a condenação num
dever de cumprimento, podendo nesse caso servir de título executivo. Lebre Freitas
considera que as ações de simples apreciação não podem ser objeto de execução. O
professor Rui Pinto considera que as condenações implícitas são efeitos constitutivos
implícitos, pelo que a respetiva sentença não tem força executiva. Alguma
jurisprudência vai no sentido de considerar algumas situações de decisões de simples
apreciação como um título executivo (Que na sentença proferida haja uma ordem de
praticar o ato). Neste caso diria que não haverá um título executivo porque não está
implícito um dever de cumprimento.

vi) A sentença proferida na ação pauliana já não poderia ser um título executivo.
Jurisprudência recente considera que esta não impõe a alguém, expressa ou tacitamente,
o cumprimento de uma obrigação, ou que contenha uma ordem prestação. Não será por
isso um título executivo. Não cabe no 703º alínea a), não é sentença condenatória.

vii) Artigo 705º. A sentença com força executiva pode ser também uma sentença
homologatória de transação (no plano da legitimação). Deve ser homologatória
condenatória, mas a preexistência de um negócio processual não lhe altera a natureza de
sentença. Cumula fundamentos adicionais de oposição à execução, conforme o 729º
alínea i). O negócio de processual subjacente pode também ser objeto de impugnação
autónoma (283º e 284º, 291º nº2) e de recurso de revisão (696º alínea d)).

viii) Decisão judicial de divórcio é uma ação constitutiva de direito, ou seja autoriza
uma mudança na ordem jurídica existente. Diria que não pode ser título executivo
porque não é condenatório. Artigo 10º sobre a ação declarativa. 703º a contrario.

ix) É um título executivo pelo 703º nº1 alínea b) e por legislação especial.

Caso 4

1-.

2- Qual a relevância da aceitação do legado e da herança para a exequibilidade da


pretensão de Miquelino?

Estamos perante um título executivo extrajudicial privado, por força do art.º 703º/1 b)
do CPC. No entanto, um dos pressupostos é que este testamento cerrado seja
formalmente válido, o que implica respeito pela forma legal e pela formalidade de
aposição de assinaturas do autor ou autores do ato.
Art 2206º/4 e 5 CC- o testamento é formalmente inválido, é nulo, porque não aprovado
por notário.
Art 708º - não acrescenta muito relativamente ao art. 703º. Diz aquele artigo que
quando exista assinatura a rogo, esta tem de ser reconhecida pelo notário, o que não
acrescenta muito à alínea b) do 703º/1.

Outras invalidades:

Quanto ao legado a N – 2197º CPC – não podem ser feitos legados às pessoas que
redigem e assinam o testamento. Este legado não poderia ser feito, redundaria num
problema de legitimidade na medida em que o bem já estaria na esfera jurídica de L,
como herdeiro.
Osvaldo era analfabeto. As pessoas analfabetas não podem dispor testamento cerrado –
2208º CC – temos assim aqui uma invalidade substantiva, que também se refletia na
nulidade do testamento. Esta invalidade não era tão clara que retirasse exequibilidade ao
título, na medida em que teria de ser o juiz a conhecer essa invalidade, ou então o
executado (no caso, os herdeiros), o juiz deve conhecer das nulidades quando as
mesmas são de conhecimento oficioso.

Vamos resolver o caso como se não houvesse invalidade.


Sendo que a herança foi aceite, funciona aqui o art. 54º/1 – “tendo havido sucessão no
direito ou na obrigação, deve a execução correr entre os sucessores das pessoas que o
título figuram como credor ou devedor da obrigação exequenda; no próprio
requerimento para a execução o exequente deduz os factos constitutivos da sucessão”.
Se não tivesse sido aceite – 12º a).
A haver título executivo, a ação deveria ser interposta contra L, na medida em que
aceitou a herança, aceitando assim o património ativo, mas também passivo. N aceitou
apenas o legado.
Mesmo que L não tivesse aceite a herança, o credor poderia executar a herança jacente,
na medida em que a mesma tem personalidade judiciária nos termos do art. 12º.

Quanto ao legado, através da sua aceitação, N torna-se proprietária da casa. No entanto,


a casa tem uma hipoteca a favor de M , funcionando aqui o art. 54º/2 – “a execução por
dívida provida de garantia real sobre bens de terceiro segue diretamente contra este se o
exequente pretender fazer vale a garantia, sem prejuízo de poder desde logo ser também
demandado o devedor”.

3- M propôs a ação executiva apenas contra L, apresentando o testamento em


questão. L afirma que a execução deve começar pelo bem hipotecado, a casa de
férias da comporta. Quid iuris?

M pode não querer valer-se da garantia real e começar por executar os bens de L – 697º
CC:
1) se eu for devedor e tiver uma hipoteca sobre a minha casa tenho a faculdade de
pedir que a execução comece pela hipoteca através do incidente de oposição à
penhora;
2) se a hipoteca for um bem de terceiro já não se aplica o art 697 CC, porque esse
art só se aplica aos bens do devedor. Ou seja, o credor não é obrigado a executar
a hipoteca, podendo executar os bens do devedor.

M pode propor a ação contra L, na medida em que o bem é de N, e não é este o devedor,
mas sim L. Se considerarmos que o legado é inválido - Quanto ao legado a N – 2197º cc
– não podem ser feitos legados às pessoas que redigem e assinam o testamento. Este
legado não poderia ser feito, redundaria num problema de legitimidade na medida em
que o bem já estaria na esfera jurídica de L, como herdeiro - então há aqui a faculdade
de L (aqui neste cenário, dono da casa), de pedir que a execução comece por este bem.

2272/2 - quem responde é a herança.

4- Iniciada a execução contra L, M constata que o valor os bens herdados é inferior


ao valor da obrigação exequenda e pretende demandar N, que se defende, dizendo
que M renunciou tacitamente à execução da hipoteca. Quid iuris?
752º CPC e 697º CC

5- M propõe ação apenas contra N, apresentando o testamento em questão e


percebendo, mais tarde, que o valor da casa de férias é manifestamente inferior ao
valor da obrigação exequenda. Quid iuris?

Art 54/3 - quando a execução tenha sido movida apenas contra o terceiro e se
reconheça a insuficiência dos bens onerados com a garantia real, pode o exequente
requerer, no mesmo processo, o prosseguimento da ação executiva contra o devedor,
que é demandado para completa satisfação do crédito exequendo.”.
Não se aplica o 311º e seguintes, na medida e que não pode have intervenção de terceiro
na ação executiva, a não ser que a lei o determine expressamente. O 311º e ss servem
para abranger mais do que uma pessoa pela sentença condenatória, aplica-se apenas à
ação declarativa.

6- Imagine que L, cabeça de casal da herança, procedeu, de má fé, à alienação


gratuita dos bens que constituem a herança a favor de P. P tem legitimidade
passiva para a ação executiva intentada por M?

Impugnação pauliana – 610º e ss CC – a sentença de impugnação pauliana serviria de


título.
A regra, presente no art 817º CC, diz-nos que só podemos executar o devedor. Contudo,
existem exceções, como as do 818º.
O terceiro que for executado pode pagar a dívida em vez de entregar os bens? Sim,
porque vale a regra geral das obrigações, ou seja, qualquer terceiro pode pagar a dívida
voluntariamente mesmo que esse terceiro seja o executado.
Se o direito à execução for transmitido:
1) incidente de habilitação
2) Art 54º/1 – antes da ação executiva
3) Art 351º - na pendência da ação executiva

7 – Suponha que, em execução movida contra L , M indicou à penhora uma famosa


escultura que L herdara da sua mãe. L pretende opor-se à penhora. Quid iuris?

Artigo 744º CPC.

Quando estamos a executar uma divida que recebi por alguém por herança o ativo é o
património da herança, o ativo que já tinha antes da herança ninguém toca nele (daí ser
um património autónomo).
(Se por um erro for penhorado um bem que não pertença à herança ele pode pedir o
levantamento da penhora, junto do agente de execução e até mesmo com um juiz (artigo
784º CPC).) —> Não se aplica porque não há patrimónios separados no nosso caso,
porque o património depois passa a ser totalmente do L. O 784º serve para patrimónios
de cônjuges, ou património societário/pessoal.

8 – Considere agora que M fornecera igualmente calçada portuguesa a L e que L,


tal como outros tantos clientes de M, lhe devia 50 mil euros, dívida essa titulada
por sentença de condenação proferida em ação declarativa que já decorrera. No
âmbito de uma operação de cobrança em massa das dívidas dos seus clientes, M
pretende propor apenas uma ação declarativa contra L, pelas dívidas deste e pela
dívida contraída pelo falecido O (com eventual chamamento à demanda de N),
bem como contra P, outro cliente que também não lhe pagara os fornecimentos de
calçada portuguesa e cuja dívida se encontrava igualmente titulada por outra
sentença de condenação proferida em ação declarativa. Quid iuris?

Artigos em causa: 709º, 710º, 711º, 56º CPC


Podemos executar mais que uma divida ou mais que uma pessoa no mesmo processo -
problema da cumulação e coligação na ação executiva?

Questão da cumulação:
A ação executiva está feita para se executar uma divida de cada vez mas há exceções
veja-se os artigos 710º - para os casos em que o titulo executivo é uma só sentença - e
709º CPC - para os casos em que se quer cumular execuções diversas.
No nosso caso aplica-se o 709º porque temos uma sentença e uma herança.

Requisitos do artigo 709º:


Compatibilidade processual quanto à forma (não pode ser processo comum e especial) e
competência - ambos estão preenchidos
Compatibilidade substantiva quanto aos seus efeitos (este requisito está presente nos
artigos 186º nº2 c) e 555º nº1), sob pena de ineptidão (É muito difícil haver
incompatibilidade substantiva na ação executiva, o que costuma haver é insuficiência de
bens).
Identidade dos fins (alínea b) nº1 do artigo 709º).
Por último a execução da decisão tem de correr nos próprios autos (alínea d do nº1 do
709º), o que não acontece.

Alínea d) do nº1 do artigo 709º:


Qualquer sentença condenatória por regra será executada nos próprios autos, isto é, o
requerimento executivo começa por ir ao juiz que condenou (não ao agente de
execução). contudo, isto não serve para nada porque o juiz está dependente do
requerimento logo é indiferente ir para aquele juiz ou para outro - artigos 85º nº1 + 626º
nº1 e 2.
Mas isto serve só para as sentenças, estas não se podem cumular com mais nenhuns
títulos - exemplos: cheques, livranças …
Quais são as sentenças que não são executadas nos próprios autos ? Sentenças arbitrais e
estrangeiras - artigo 550º.

(Não são litisconsortes, não pode haver cumulação)

Pode haver coligação passiva?


Não, porque na coligação passiva só se pode executar credores unidos pelo mesmo
titulo (56º nº1 alínea b)) - ou seja, tinham de estar ambos condenados na sentença ou
ambos na herança.

 .

Testamento – título de crédito: função cognitiva e constitutiva.


26/02/2015 TER – 598/13

Caso prático 5

Se o cheque não tiver data, também não é um título executivo. Apenas depois da data e
de decorridos 8 dias.

2 – pode o banco ainda, mas não tem esse dever, art. 32º. Não é exequível enquanto
título de crédito, apenas vale como mero quirógrafo.

Caso A

Nesta semana os jornais económicos e desportivos têm capas semelhantes: Xavier,


futebolista e antiga glória da seleção nacional, faz parte das listas de devedores de
mais um Banco prestes a rebentar (“BPR”) e pode ver os seus bens penhorados no
âmbito de um processo de execução.
Segundo o notário que falou com os jornalistas, Xavier terá celebrado, na sua
presença, dois contratos:

(i) Um contrato de abertura de crédito com o BPR, que tinha sede em


Lisboa, nos termos do qual este se obrigava a disponibilizar ao cliente,
durante um ano, um montante máximo de 100.000,00 €, podendo Xavier
solicitar a qualquer momento os montantes que desejasse. O contrato
teria comissões com uma taxa de 3,5% (que incidiam sobre o montante
imobilizado) e uma taxa de juro de 6,5% (sobre o montante solicitado).
Diz-se terem sido os valores solicitados utilizados para cobrir as
despesas que Xavier foi acumulando recentemente decorrentes de um
vício na aplicação para telemóvel Football Manager Mobile, que o
parece ter prendido ao seu telemóvel para constantemente;

(ii) Um contrato de compra e venda, também com o BPR, através do qual


este vendeu a Xavier um imóvel de que se queria desfazer, um pequeno
terreno para este usar como campo de futebol. O preço deste bem
deveria ser pago em dez prestações mensais de 10.000,00 €. Xavier só
terá assegurado o pagamento das três primeiras prestações.

Uns meses mais tarde, em entrevista exclusiva na televisão, olhos nos olhos, cheios
de lágrimas, Xavier declarou que já não tem dinheiro e afirmou muito
assertivamente que não irá pagar o que deve, nem juros, nem comissões – “estou
pobre e aquele banco está cheio de malandros!” – apesar das suas obrigações no
âmbito do primeiro contrato ainda não se terem vencido. Os jornais já haviam
revelado que Xavier tinha solicitado “apenas” 75.000,00 €, prontamente
disponibilizados pelo BPR.
No dia seguinte, o BPR emitiu um comunicado em que afirmava que já tinha
encarregado os seus advogados de, tão rápido quanto possível, intentarem uma
única ação executiva contra Xavier para conseguirem recuperar todos os créditos
em dívida.
Os jornalistas vêm falar consigo, especialista em Executivo e fazem-lhe as seguintes
perguntas:

1. Haveria algum problema quanto à exequibilidade extrínseca e intrínseca


desta ação executiva? Se sim, que problemas? E quais as suas
consequências?

2. Será que o Banco pode mesmo intentar uma única ação executiva, com base
naqueles dois contratos, contra Xavier?

O objetivo do Banco é intentar um única ação executiva de modo a conseguir


recuperar todos os créditos em dívida.
Na ação executiva, o credor pode cumular execuções contra o mesmo devedor,
nos termos do art. 709.º/1, bem como todos os pedidos julgados procedentes por
uma sentença, nos termos do art. 711.º. O objetivo do banco é que todos os
pedidos sejam contemporaneamente procedentes. Ver requisitos.
Pressupostos: art. 709.º/1 e 186.º/2 c) e 555.º/1, regendo a cumulação de títulos
diferentes. O art. 711.º serve para execuções fundadas em títulos diferentes.
A questão aqui prende-se com o facto de as obrigações decorrentes do primeiro
contrato ainda não se terem vencido, por isso não pode haver título executivo
para o cumprimento destas prestações.
O título executivo deve demonstrar uma obrigação, que seja certa, líquida e
exigível. O problema no caso concreto prende-se com a exigibilidade – 713.º e
729.º e).
A exigibilidade é a qualidade substantiva da obrigação que deva ser cumprida de
modo imediato e incondicional após interpelação ao devedor. Podemos dizer que
a obrigação exigível é a obrigação que está em tempo de cumprimento, que é
atual.
Sendo que a exigibilidade é condição material de procedência do pedido na ação
executiva e elemento integrativo da causa de pedir, não é possível o banco
integrar ambos os contratos numa ação única.
Se a ação conjunta fosse proposta, era extinta a execução, por falta de condição
material do seu objeto material (condição material de dívida ou prestação).
Se esta apreciação foi objeto de sentença de oposição à execução, alcança o
valor de caso julgado material, nos termos do 732.º.
A exigibilidade não é um pressuposto processual mas sim uma condição
material da realização coativa da prestação.

3. Imagine que, em vez de três meses, já tinham passado oito meses e que
Xavier tinha pago todas as prestações relativas ao segundo contrato. A sua
resposta alterava-se?

Xavier não se encontra assim em mora, nem entrou em incumprimento


definitivo, pelo que não pode o Banco propor ação executiva por falta de
exigibilidade.
4. Suponha que aqueles contratos não tinham sido celebrados na presença de
um notário, mas que ambos incluíam a seguinte cláusula: «O presente
documento constitui título executivo». Poderiam estes contratos ser
executados?

703º não basta a vontade das partes. Antes da reforma dava – estendia a
documentos particulares.

1..

F – art 703/1 b), estamos perante um título executivo, logo, à partida, F constará do
título executivo como credor, como comprador do automóvel.

H – contrato a favor de 3º? Teria direito à prestação, mas não se poderia saltar logo para
a conclusão se que ela poderia propor a ação executiva, porque a legitimidade para o
fazer não se afere apenas em função da essência do crédito, mas também em função de
um critério formal, ou seja, o crédito tinha de estar incorporado no título.
Se o pai se tivesse desinteressado? Poderia propor H uma ação declarativa para obter
uma sentença na qual se reconhecesse o seu crédito, mas haveria ainda uma solução
mais simples, que seria uma cessão de crédito onde apenas teria de ser feita prova da
sucessão no crédito, passando H a ter legitimidade ativa. Este acordo teria de se juntar à
ação executiva – 54/1.º.

Se F assina um documento e diz que o carro é para oferecer à filha, na verdade estamos
mais perante um contrato a favor de 3º, se ele agir em favor dela. Assim, este contrato
não pode ser um título executivo para H. Se as partes lhe chamarem contrato a favor de
3º, h já te legitimidade ativa, porque. Seu direito consta do titulo de crédito.

2.

Casamento
Quanto ao casamento, o mesmo tem de ser provado, sendo uma condição para a
obrigação. O casamento poderá ser aqui um facto notório? O casamento com um
famoso, não é necessariamente um facto notório. Assim sendo, teria de ser deduzida
prova, na medida em que não é exigível que o homem médio saiba que o ator x vai
casar.
Estamos perante uma ação de entrega de coisa certa.
Art. 715.º - tem de provar que o contrato já é eficaz, já produz efeitos, na medida em
que já se verificou a condição, que era o casamento da filha.
Para F propor a ação executiva contra G, tem de, no requerimento executivo, alegar a
verificação da condição e provar a realização da prestação – 724.º h). Tal prova, para
efeitos do 715.º, pode ser documental ou através da intervenção do juiz.

Natureza

Estamos perante um contrato de compra e venda sujeito a condição suspensiva.

Art. 713,º, 714.º e 715.º CPC.

Estamos perante uma ação de entrega de coisa certa.


Art. 715.º - depois de provado o casamento, tem também de provar que cumpriu com a
sua parte do contrato, ou seja, o pagamento do preço.
Aplicamos este art diretamente, na medida em que estamos a falar de condições
suspensivas, o que o art prevê expressamente, e de um contrato sinalagmático.

Para F propor a ação executiva contra G, tem de, no requerimento executivo, alegar a
verificação da condição e provar a realização da prestação – 724.º h). Tal prova, para
efeitos do 715.º, pode ser documental ou através da intervenção do juiz.

Estamos perante um processo ordinário – 550/3º. Há quem defenda que apenas é


processo ordinário quando a prova apresentada não seja documental, ou seja, quando há
intervenção do juiz. Poderia então, a mulher de F ser indicada como testemunha do
pagamento, se o juiz chamar o executado para contestar e este nada disser, temos aqui
um efeito cominatório pleno.

Escolha

Sendo que H tinha de escolher a cor do carro e não o fez, temos de recorrer ao art. 549.º
CC.
Se o 3º e o credor não escolhem o bem, há uma remissão legal para o art das obrigações
genéricas, nomeadamente para o art. 542.º (não se aplica o 714/2.º CPC pois o prazo já
tinha sido ultrapassado).
O artigo refere que não tendo sido escolhido o bem no prazo determinado, a escolha
passa a ser do devedor, mas há que ter em atenção o facto de este art estar pensado para
casos em que a escolha cabe ao credor e não a um 3º.
A escolha aqui pode ser feita, nos termos do 400.º, pelo tribunal, ou então a escolha
ficar nas mãos do devedor, nos termos do 542/2.º. Nos casos em que haja um 3º, penso
que será melhor a primeira opção, pois o 3º é uma pessoa imparcial ao negócio.
No nosso caso, H era ela própria credora do bem, não sendo um 3º qualquer para estes
termos. Sendo que ela também é credora, quando a ação executiva se inicia, nos termos
do 542/2.º, a escolha passou para o devedor, por isso, aplicamos o 714/1.º, sendo o
devedor chamado para escolher a cor do carro e o carro concreto a entregar.

Prazo- 714/1.º é o prazo de oposição à execução, logo são 20 dias. Se o devedor não
escolhe aplicamos o 714/3.º.

Se não escolher – 726.º/6.

Caso 14

1. No plano da hierarquia, apenas os tribunais de 1ª instância tem competência


executiva. São executadas na primeira instância as decisões que em matéria declarativa
são, a título excecional, prolatadas pelas relações e pelo STJ. Neste caso estamos
perante uma situação do artigo 73º alínea b) da LOSJ, visto que estamos perante juízes
(magistradas), e por isso competência da relação. Depois tendo em conta o 86º do CPC,
seria competente para a execução, o tribunal do domicílio do executado. Baixa o
translado ou processo declarativo ao tribunal competente para a execução. Tribunal
competente seria um tribunal de comarca do domicílio do executado. Depois teríamos
que ver se o tribunal competente tinha secção de execução. Se não tiver, vamos ver em
função do valor se vamos para instância local ou central (117º e 130º).

2. Aqui aplicar-se-ia o artigo 85º nº1 do CPC, o requerimento é apresentado no processo


em que aquela decisão foi proferida. Neste caso foi na secção cível do tribunal de
comarca do Porto. Para a execução em si deve-se aplicar o 85º nº2, deve remeter para a
secção de execução.

3. Título executivo judicial. Compete o tribunal de lisboa porque foi onde foi proferida
a decisão judicial (85º nº1 CPC, em razão do território). Sendo uma secção
especializada (juízo do comércio), está excluída dos juízos de execução nos termos do
129º nº2 la LOSJ. Tendo sido proposta numa secção de execução, há incompetência em
razão da matéria, incompetência absoluta, nos termos do 96º. Haveria absolvição do
executado da instância. Ter em conta o 734º.

4. Estamos perante um título executivo extrajudicial. Sendo uma injunção é uma


obrigação pecuniária, nunca será para entrega de coisa certa. Vamos aplicar a regra
geral do artigo 89º do CPC nº1, e aqui seria no domicílio do executado que seria Beja.
Beja não tem secção de execução (70º do Regime da organização e funcionamento dos
tribunais judiciais), logo temos que ver qual seria o tribunal competente em razão do
valor. O valor seria 5000 euros, pelo que seria competente o juízo local, nos termos do
117º e 130º, visto que não ultrapassa os 50000. Seria de competência genérica, nos
termos do 130º nº2 alínea c). Tribunal competente será o tribunal comarca de Beja.
Neste caso foi proposto no Porto pelo que havia uma incompetência absoluta nos termos
do 96º.

Competência
Caso nacional e internacional. Competência internacional em sede de tratados (Bruxelas
I BIS – não se aplica à ação executiva, na medida em que não determina qual o tribunal
capaz para o caso). Assim, vamos ao CPC:
- normas internas de competência
- 63.º d) – imóveis – corre em portugal (o imóvel pode ter localização desconhecida,
não se aplica este artigo e seguimos as regras normais de competência).
- critérios gerais do art. 62.º: coincidência (se o tribunal é competente para a ação, em
termos territoriais, ele é competente para a execução); causalidade (título executivo
formado em portugal, com normas portuguesas); necessidade de a execução correr em
portugal. MTS entende que a conexão mais estreita é o domicílio do executado.
- ver na ordem interna qual o tribunal competente em razão da hierarquia, matéria, valor
e forma. Hierarquia – apenas 1ª instância – 85.º e 86.º - em razão da matéria –
competência especializada.

Caso 18

3. Pronuncie-se sobre os efeitos do recebimento da oposição à execução sobre a


ação executiva em curso.

O recebimento da petição de embargos não suspende a marcha da execução. Há no


entanto 3 exceções previstas no art. 733.º/1: se o embargante prestar caução; na
execução fundada em documento particular, o embargante tiver impugnado a genuidade
da assinatura, com apresentação de documento que constitua princípio de prova; se tiver
sido impugnada, no âmbito da oposição, a exigibilidade ou liquidação da obrigação
exequenda – 729.º e) – e o juiz considere, ouvido o embargado, que se justifica a
suspensão sem prestação de caução.
Penso que no nosso caso não se aplica nenhuma destas alíneas, portanto, não há
suspensão da execução.
Na forma ordinária, a secretaria notifica o agente de execução de que deve iniciar as
diligências de penhora, nos termos do 748.º/1 c). É o nosso.
Na forma sumária, segue-se para a venda dos bens.
Sendo que o tribunal não decretaria neste caso a suspensão da marcha do processo,
apesar do processo continuar para a venda e pagamento, há 3 normativos de proteção no
art. 733.º: o executado pode pedir a substituição da penhora de certo ou certos bens por
caução idónea, nos termos do 751.º/7; há proteção quando está em causa a habitação
efetiva do embargante, nos termos do art. 733.º/5, podendo o juiz determinar que a
venda aguarde a decisão proferida em 1ª instância sobre os embargos; nenhum credor
pode ser pago sem prestar caução, enquanto estiver pendente a oposição à execução, nos
termos do 733.º/4.

Pode haver suspensão nos termos do 269.º, e mais especificamente, pelo art 272.º

O executado embargante, após o despacho de recebimento, pode então prestar caução


para efeito de suspensão da execução, a qual não está sujeita a prazo, podendo ter lugar
a todo o tempo. O exequente será depois ouvido, podendo impugnar o valor ou
idoneidade da mesma – 913.º/2. Cabe ao tribunal depois decidir a idoneidade da caução
quando não houver acordo dos interessados, conforme o 623.º/3 CC. A caução pode
também ser prestada por 3º.
Após o recebimento da oposição, o exequente é notificado no prazo de 20 dias para
contestar, nos termos do 732.º/2. Esta notificação é pessoal, nos termos do 225.º/2 ex vi
250.º.

Por último, há que referir os efeitos civis da notificação para oposição à execução:
sendo que Nuno invoca um contra crédito – 729.º h) – há uma interrupção do prazo
prescricional, nos termos do 323.º/1.

4. Sendo a oposição à execução procedente, comente as consequências dessa


procedência, considerando, em especial: i) a natureza da sentença que julgue a
oposição à execução procedente, ii) a possibilidade de formação de caso julgado
material.
A sentença de oposição à execução deve ser proferida no prazo máximo de 3 meses
contados da data da petição – 723.º/1 b). A sentença pode ser impugnada através de
reclamação, nos termos do 615.º a 617.º, ou através de recurso – apelação 853.º/1
cumpridos os pressupostos. Deste cabe recurso de revista 854.º.
Havendo absolvição não pode haver lugar a nova oposição nos termos do 279.º/2. A
jurisprudência tem considerado que não se aplica à admissão de nova oposição para
além do prazo previsto no 813.º/1, porque naquele fala-se em efeitos civis, ou seja, de
direito civil, e a admissão da nova oposição naquelas condições implicaria uma
alteração a um prazo processual fixado na lei.
Nestes casos deve o executado colocar uma ação autónoma como a ação de restituição
da posse, ou no nosso caso, uma ação de condenação do exequente no pagamento do
contra crédito.

O juiz conhece do pedido de extinção total ou parcial da ação deduzida pelo executado.
Sendo que houve procedência dos embargos, o executado será absolvido da instância
executiva, por exemplo, por falta de pressuposto processual da ação executiva, ou será
absolvido do pedido executivo inicial por razões de mérito da dívida.

Quanto aos efeitos processuais de uma sentença favorável:


- efeitos processuais primários – 732.º/4 – sendo os embargos total ou parcialmente
procedentes extingue-se a execução, no todo ou em parte. Esta procedência tem de ser
definitiva, ou seja, apenas após o trânsito em julgado da decisão de embargos.
- efeitos processuais secundários – 839.º/1 a) 2ª parte, a venda de bens fica sem efeito,
salvo se a subsistência da venda for compatível com a decisão tomada; o exequente tem
de pagar as custas da execução e do próprio incidente de oposição à execução; as
penhoras pendentes serão levantadas, embora por efeito da extinção da execução, pode
haver sanções para o exequente que promoveu a execução – 858.º.

Quando estão em causa fundamentos que respeitam à concreta relação processual


executiva, apenas podem existir efeitos quanto e para essa mesma execução – 620.º/1.
Fará caso julgado formal quando os fundamentos são relativos à regularidade da relação
processual executiva nos termos do 278.º/1.

Quando estão em causa fundamentos respeitantes à causa de pedir: uns respeitam à


demonstração formal da causa de pedir e outros à existência e caracteres do direito
exequendo (factos impeditivos, modificativos ou extintivos da obrigação, p.e). A
decisão que conheça de questões atinentes à relação de dívida alcança caso julgado
material?
Castro Mendes – se a sentença for de procedência por inexequibilidade do título
executivo e por incerteza ou iliquidez da obrigação exequenda determina absolvição da
instância com julgado formal. A inexigibilidade do direito e a oposição de factos
modificativos, impeditivos ou extintivos e o caso julgado anterior à sentença executada
desconforme levariam à absolvição do pedido executivo com valor de caso julgado
material.
Lebre de Freitas – devido às restrições probatórias decorrentes da sujeição à forma
sumária apenas em concreto se pode verificar se o direito à Roma foi efetivamente
limitado, valendo o art. 332.º a) por analogia. O caso julgado produz-se mas é possível
que a parte prove, em ação autonomamente proposta, que as limitações de prova do
789.º a impediram de fazer uso de testemunhas que poderiam ter influído na decisão
final. A revogação da primeira decisão apenas acontecerá se as novas testemunhas se
revelarem efetivamente determinantes duma convicção judicial de conteúdo diverso do
primeiro.

Podemos concluir que a procedência dos embargos tem como consequência a extinção
da instância executiva nos termos do 732.º/4 e a simples apreciação negativa da
existência, validade e exigibilidade da obrigação, nos termos do 732.º/5. º. O primeiro é
um efeito necessário, o segundo é um efeito eventual.
A decisão com valor de caso julgado material sobre a dívida apenas pode ser proferida a
pedido do executado, não podendo o tribunal, oficiosamente, declarar a dívida por
inexistente.
A sentença de embargos fará caso julgado material quanto à existência da dívida
exequenda, mas não fará caso julgado quanto à existência do contra crédito do
executado: é uma questão que integra os fundamentos da sentença final, e não a sua
parte dispositiva. Também não pode o executado pedir, na medida em que a
reconvenção não é admitida.

5. Imagine agora que Nuno não deduziu oposição à execução, apesar de


regularmente citado para o efeito. Encontra-se numa situação de revelia? A sua
resposta seria a mesma se, tendo Nuno deduzido oposição à execução, Maria não
contestasse?

Sendo que estamos perante um direito já certificado pelo título, nenhuma cominação
probatória pode decorre da omissão processual do executado. O executado não tem o
ónus de impugnação especificada pelo art. 574.º. Assim sendo, o executado não entra
em revelia caso não embargue a execução, nem há admissão de factos por confissão ou
por acordo.

No caso de Nuno deduzir oposição à execução, o exequente é notificado pessoalmente


para contestar nos termos do art 225.º/2 ex vi 250.º. À falta de contestação é aplicável o
art. 567.º/1 e 568.º por força do 732.º/3, ou seja, consideram-se confessados os factos
articulados pelo oponente, sem prejuízo dos casos de revelia inoperante. Não se têm por
confessados os factos que estiverem em oposição com os expressamente alegados pelo
exequente no requerimento executivo. Havendo esta contradição, os factos devem
considerar-se impugnados. Tem apenas o ónus de contestar as exceções perentórias que
o executado lhe tenha aposto.
O requerimento é como que uma petição numa ação declarativa, pelo que não há
qualquer ónus em propo-la. Já quanto à contestação da oposição à execução, a mesma
funciona como uma verdadeira contestação, pelo que fica maria em revelia se não a
apresentar.

6. Imagine que Nuno pretendia opor-se à execução com base em fundamentos cuja
demonstração não carecem de prova. Considera a oposição à execução o meio mais
adequado?

Para além da oposição à execução, poderia Nuno utilizar o requerimento de parte,


decidindo o juiz nos termos do art. 723.º/1 d). O juiz pode neste caso aproveita a petição
inicial de Nuno.
Como afirma o professor Lebre de Freitas, tratando-se de vícios cuja demonstração não
carece de alegação de factos novos nem de prova, o meio da oposição à execução seria
demasiado pesado, pelo que basta um requerimento do executado em que suscite a
questão no próprio processo executivo.
O art. 729.º não constitui obstáculo a esta solução. O direito de defesa do executado e o
princípio do contraditório não podem ser preteridos, mas sempre que a contrariedade,
possa ser assegurada por um simples requerimento, essa é a via que permite colmatar as
lacunas da maior simplicidade do meio (princípio da economia processual) e da não
violentação do art. 729.º.
A partir do momento em que não há outro fundamento para a oposição à execução e
podendo esta ter lugar apenas nos termos do art. 729.º e 730.º, pelos fundamentos aí
indicados, o meio do requerimento constitui uma solução satisfatória.

7. Considere agora os seguintes dados: i) a ação executiva provocou danos sérios


na esfera jurídica de Nuno; ii) a oposição à execução promovida por Nuno foi
parcialmente procedente (apenas procedeu o fundamento ii), embora tenha sido
rejeitada a reconvenção). Pode Nuno formular um pedido indemnizatório contra
Maria? E pode fazê-lo numa ação declarativa autónoma?

Nos termos do art. 858.º, se a oposição à execução vier a proceder, o exequente


responde pelos danos culposamente causados ao executado, se não tiver atuado com a
prudência normal.
O lesado deve alegar e provar os factos constitutivos do seu direito que possam levar o
tribunal a concluir pela existência do dever de indemnizar.

Ação autónoma? A lei não determina, há divergência sobre esta questão na


jurisprudência.

Caso 21

A e B são casados em regime de comunhão de adquiridos - 1717º CC regras do 1721º e


ss. O que tinham antes do casamento são bens próprios, os bens adquiridos depois do
casamento são, salvo exceções, bens comuns.
Celebraram um mútuo, existe forma suficiente para o título executivo (vamos pressupor
isto).
C apenas propõe a ação contra um dos cônjuges.
Temos de qualificar o bem e qualificar a dívida sempre. O bem seria comum (casa de
ambos). A dívida também é comum pois contraíram a mesma depois do casamento.
Quem tem legitimidade passiva? Ambos – 53º.

Caso 23

No presente caso prático está em causa um cheque, que é um título de crédito - título de
crédito é todo o documento que incorpora um certo direito de crédito que não existe sem
o título (caracteriza-se pela literalidade, autonomia e abstração).
Nos termos do artigo 703º, nº1, alínea c) do Código do Processo Civil (doravante
“CPC”), em princípio, os títulos de crédito são títulos executivos. Logo, temos de
averiguar se o cheque é um título executivo ou não.
Os títulos de crédito têm força executiva por força da alínea c) do artigo 703º do CPC,
porque incorporam de forma abstrata e autónoma um direito. Logo, o não pagamento de
uma livrança, letra ou cheque implica uma execução.

Passo seguinte é saber se com base neste titulo executivo poderia ser demandado
passivamente Zito, o fiador.

O artigo 817º CC ao definir o direito à execução coativa da prestação fixa ipso facto
quem tem legitimidade processual ativa e passiva na execução. Quem tem legitimidade
ativa é o credor, i.e., aquele que tem o direito de exigir judicialmente o cumprimento e a
legitimidade passiva é do o devedor titular do património responsável pela divida.
O mesmo código, no seu artigo 818º CC determina que o direito de execução pode
incidir sobre bens de terceiro à divida, quando estejam vinculados à garantia do credito
ou quando sejam objeto de ato praticado em prejuízo do credor, que este haja
procedentemente impugnado. Isto significa que, excepcionalmente, no plano da
legitimidade passiva pode ser parte passiva quem não é devedor.
Por outro lado, credor e devedor tanto podem ser singulares, como plurais, em
conjunção ou em solidariedade. Além disso, o devedor tanto pode ser um devedor
principal, como um devedor subsidiário, máxime, fiador.

ATENÇÃO: neste caso a garantia é pessoal logo vamos ao 817º do CC e o 53º CPC

Nos termos do artigo 53º CPC o fiador não é parte legitima porque não consta do
cheque.

A fiança só é exigível enquanto a dívida for devida pelo devedor, começa quando a
divida começa e acaba quando acaba a do devedor.

2.

Neste caso tendo sido ele condenado pela ação condenatória ele consta do titulo
executivo - sentença condenatória (703º nº1 a) CPC).

FATURA: não vale como titulo executivo nos termos do artigo 703º CPC.
FORMA DO PROCESSO: ordinária (550º nº1) (se houve renuncia passa a forma
sumária - nº2).
DISPENSA DE CITAÇÃO PRÉVIA: artigo 727º.

COMO É QUE SE EXERCE O BENEFICIO DA EXCUSSÃO PRÉVIA: No prazo da


oposição à execução.

Questão dos cônjuges:

Responsabilidade subjetiva - legitimidade:

Estão casados no regime de comunhão de bens.

1º - respondem os bens próprios


2º - respondem os bens comuns (miação)

Artigo 786º nº1 a) + 740º CPC

Contudo, se a esposa se mantiver revel a divida presume-se comunicada. Neste caso


respondem primeiro os bens comuns dos cônjuges.

Possibilidade de alargar a legitimidade através do incidente de comunicabilidade - 741º


ou 742º - porque a divida serve a ambos, os eletrodomésticos é para proveito comum e
além disso é um encargo comum da vida familiar.
(NOTA: o fiador não tem legitimidade para pedir o incidente de comunicabilidade da
dívida, este refere-se aos devedores principais apenas)

O benefício da excussão é um ónus, logo tem de ser alegado.

Nº 4 – 638.º credor e agente de execução incluídos, extensivamente.

Nº 5 –

Caso 28

Nº 4 -Não é impugnação pauliana. Atacar a validade da venda mas também é difícil.


Providência cautelar por arresto 391.º. Não há texto aplicável à situação.

Caso 29
I) Art 764º/3
Pode haver protesto por simples requerimento, de natureza executiva. Pode
recorrer a este meio o executado ou o terceiro, nos termos do artigo referido.
O fundamento é o direito de propriedade da Repara Tudo.

Era manifesto que o bem não era do executado, logo tem o dever d então
penhorar.

Você também pode gostar