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Quirógrafo da obrigação:

Como mencionado, para que o título de crédito seja um título cambiário, é


necessário que se verifique todos os seus respetivos requisitos, previstos na Lei
Uniforme Relativa aos Cheques ou na Lei Uniforme Relativa as Letras e Livranças,
caso contrário, perderá o seu valor enquanto título cambiário, caraterizado pela sua
abstração, autonomia e literalidade.
Acrescenta-se a estes requisitos, o facto dos títulos de crédito não se poderem
encontrar prescritos, nos termos do art. 1º LUC e art. 2º e art. 75º LULL.
Nos termos do art. 70 e art. 77º LULL, todas as ações realizadas contra o
aceitante da letra ou livrança, prescrevem no prazo de 3 anos a contar da data do seu
vencimento, mas tratando-se de ações do portador contra os endossantes e contra o
sacador, o prazo de prescrição será menor, será de um ano a contar da data do protesto
efetuado em tempo útil ou da data de vencimento, se a letra tiver a clausula “sem
despesas”, como nos indica o art. 70º, nº 2 da LULL, por fim, as ações entre
endossantes e contra o sacador, irão prescrever no prazo de 6 meses, contados do
momento em que o endossante pagou a letra ou em que foi acionado, nos termos do art.
70º, nº 3 LULL.
Se nos estivermos a referir aos cheques, é o art. 52º LUC, que define o prazo da
prescrição, sendo este de 6 meses a contar do termo do prazo de apresentação,
acrescentando ao que foi dito anteriormente, que a força cambiaria do cheque só se
mantem se o seu pagamento for apresentado no prazo de 8 dias após a sua data de
emissão, nos termos do art. 29º LUC.
O Novo Código de Processo Civil, colocou termo a divisão na doutrina e da
jurisprudência relativamente ao valor do título de crédito, ainda como mero quirógrafo,
como título executivo, na falta dos requisitos ou já prescrito.
O art. 703º, n.º 1, alínea c), do NCPC, estabelece que os títulos de crédito
constituem títulos executivos, ainda que como meros quirógrafos, desde que os factos
constitutivos da própria relação subjacente estejam presentes ou no próprio documento,
ou sejam alegados no requerimento executivo.
Salientando-se ainda, que mesmo que o negocio jurídico subjacente a emissão
do titulo de crédito constitua um contrato de mutuo, nulo por vicio de forma, como
disposto no art. 1143º C.Civ, o titulo de crédito continuará a valer como titulo
executivo, ainda que como mero quirografo da obrigação, sendo apenas exigido a
restituição da quantia mutuada, nos termos do art. 289º, n.º 1 C.Civ e o pagamento dos
juros de mora legais, apenas se impossibilitando o exequente a possibilidade de requerer
o pagamento de juros remuneratórios.
Contudo, dois requisitos cumulativos devem ser cumpridos e verificados, para
que um título de crédito prescrito ou que não reúna os requisitos previstos na lei, possua
valor enquanto título executivo:
Por um lado, o exequente tem de alegar no requerimento executivo, os factos
relativos da relação subjacente ou causal, sendo estes expressos de forma precisa,
objetiva e completa, embora, este requisito não seja necessário, se já constar no corpo
do título.
Por outro, deve estar em causa uma relação imediata, e não mediata, ou seja, tem
que estar em causa uma relação direta entre o credor e o devedor originários, porque só
assim, o exequente pode alegar a relação causal ou subjacente a emissão do título.
(fazer o enquadramento das pags. 107 à 115)

(título) Títulos executivos por força de disposição especial:


(subtítulos) Títulos Judiciais Impróprios:
São títulos que se formam no decurso de um processo, mas não são resultado de
uma decisão judicial
(sub-subtitulo) Requerimento de injunção com formula executória:
O procedimento de injunção é um mecanismo célere e simplificado, que procura
fornecer força executiva a um requerimento destinado a exigir o cumprimento de uma
obrigação pecuniária, que emerge de um contrato.
É ainda um mecanismo, especialmente criado, para casos em que o crédito não é
contestado.
O procedimento de injunção, inicia-se numa inversão do contencioso, fazendo
recair sobre o devedor o ónus de adotar uma posição ativa, ou ao pagar, ou ao deduzir
uma posição. Deste modo, a injunção irá caraterizar-se pelos efeitos jurídicos que serão
produzidos em caso de silencio consciente do devedor.
O recurso de injunção só será possível em dois casos distintos, que serão falados
a seguir, juntamente com os seus requisitos:

(último subtítulo) Obrigações pecuniárias até 15.000,00 euros (€):


O credor, possui a possibilidade de apresentar um requerimento de injunção
quando pretenda obter o cumprimento de uma obrigação pecuniária, que surge de um
contrato, desde que o seu valor não ultrapasse os 15.000,00€.
O valor anteriormente mencionado, deve englobar a soma do capital, dos juros e
outras quantias.
A obrigação pecuniária, neste caso, deve ser interpretada em sentido restrito,
tendo em conta o que se encontra disposto nos arts. 550º e seguintes C.Civ, ou seja,
pode-se realizar um requerimento de injunção quando a quantia pecuniária equivaler ao
próprio objeto da prestação, excluindo, as que não tem de forma originaria o pagamento
de uma quantia pecuniária, mas sim uma prestação de outra natureza (nestes casos, o
valor pecuniário será apenas um meio de liquidação).

É o Decreto-lei n.º 269/98, de 1 de Setembro, que prevê que pode ser intentada
uma ação especial para o cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes de
contratos desde que o valor não ultrapasse os 15.000,00€.
É através da petição inicial q eu o autor deve expor de forma sucinta a sua
pretensão e os respetivos fundamentos, mencionando o local indicado para a citação do
réu, que é o domicílio convencionado.

(último subtítulo)) Atraso de pagamento em transação comercial:


Permite-se de igual forma, que o credor recorra ao procedimento de injunção
quando, independentemente do valor da divida, esteja em causa o pagamento de uma
transação comercial, sendo regulado pelo Decreto-lei n.º 62/2013, de 10 de Maio.
Nos termos deste Decreto, será considerado como atraso a ausência de
pagamento do montante em divida no prazo contratual ou legal, desde que o credor
tenha cumprido as suas obrigações, excluindo-se situações em que o atraso não é
imputável ao devedor.
Contudo, impede-se a possibilidade de recurso a um procedimento de injunção,
quando o cumprimento de uma obrigação emerge de um contrato celebrado com um
consumidor, exista a cobrança de juros relativos a outros pagamentos que não sejam
provenientes de transações comerciais e o pagamento de indeminizações por
responsabilidade civil.

Títulos Executivos de formação processual:


Neste caso, são títulos executivos formados na pendencia de um processo
judicial, podendo ocorrer em diversos casos, nos quais apenas iremos mencionar apenas
três como efeito exemplificativo:
 Se for invocado a comunicabilidade da divida do conjugue do executado,
quer pelo exequente nos termos do art. 741º, n.º 1, quer pelo próprio
executado nos termos do art. 742º, a execução irá prosseguir conta o
cônjuge do executado, se for considerada comum nos termos do art. 741º,
n.º 5.
 Admite-se que o adquirente de um bem em sede executiva requeira, na
própria execução a entrega de um bem contra o detentor, neste caso,
serve como título executivo o título de transmissão, como previsto no art.
828º.
 Se for penhorado um crédito do executado que não tenha sido contestado
pelo devedor e se este não cumprir a obrigação, o exequente ou
adquirente podem exigir através dos próprios autos da execução a
prestação, que nos termos do art. 777º, n.º 3, servira como titulo
executivo a declaração de reconhecimento do devedor, a notificação
efetuada e a falta de declaração ou titulo de aquisição de crédito.

Ata da reunião da assembleia de condóminos:


Nos termos do Decreto-Lei n.º 268/94, de 25 de Outubro, a ata da reunião da
assembleia de condóminos pode constituir um titulo executivo contra o proprietário que
deixe de pagar a sua quota parte no prazo estabelecido.
Contudo, na ata apresentada deve constar o montante das contribuições devidas
ao condomínio ou quais queres despesas necessárias à conservação e fruição das partes
comuns, nos termos do art. 1421º C.Civ, tal como o pagamento de serviços de interesse
a todos os condóminos (serviços de interesse comum, previstos no art. 1424º, n.º 1
C.Civ) que não sejam suportadas pelo condomínio, entre outros.
A ata deve possuir a comparticipação de cada condómino nas despesas comuns,
o montante e o respetivo prazo de pagamento, sem o prejuízo de se encontra menções
relativas a outros assuntos.
Devendo igualmente, constar a assinatura de todos os condóminos, embora a
jurisprudência admita que nem todos devem estar presentes para que seja fornecido
força executiva a este documento, concluindo que a força da ata nada tem a ver com a
assunção pessoal da obrigação consubstanciada na assinatura dela.
Todavia, a ata da reunião da assembleia de condóminos, não será constituida
titulo executivo, nas sanções pecuniárias e/ou penalidades pela falta ou atraso do
pagamento, despesas de contencioso e custas judicias e por fim, obrigações decorrentes
da celebração, pelo condomínio de contratos com terceiros que emergem de
deliberações facultativas.

Certidão de divida e decisão administrativa:


De acordo com o art. 703º, n.º 1, alínea d), as certidões de divida e decisão
administrativa, irão constituir-se como títulos de crédito quando as lei ordinária lhes
confira força executiva, vários são os títulos que se podem enquadrar aqui, nos quais
vamos salientar apenas três:
 as certidões de divida por contribuições à segurança social, reguladas
pelo art. 9º, do Decreto-lei n.º 511/76, de 3 de Julho;
 a certidão de divida emitida pelo conselho geral referente a quotas para a
ordem dos advogados, regulado pelo art. 180º, n.º 4 EOA;
 e por fim como último exemplo, certidões de divida emitidas pela ADSE,
I.P, nos termos do art. 16º, n.º 7, do Decreto-Lei n.º 7/2017, de 09 de
Janeiro.

Certidão extraída de inventário:


A aprovação do Regime Jurídico do Processo de Inventário (RJPI), por força da
Lei n.º 23/2013, de 05 de Março, forneceu força executiva as certidões extraídas dos
processos de inventario desde que contenham, os requisitos previstos no art. 20º RJPI.
Só assim, é que a certidão extraída poderá ser suscetível de fundar uma ação
executiva, tendo em vista a cobrança de determinadas quantias aos herdeiros ou ao
cabeça-de-casal.

Título emitido por Instituição Bancária ou de Crédito:


(pág. 143)

Contrato de arrendamento acompanhado de comunicação ao arrendatário do


montante em divida:
Nos termos do art. 14º-A NRAU poderá ser um título executivo para que seja
executado o pagamento de quantia certa no que respeita a rendas, encargos ou despesas
que ocorram por conta do arrendatário, considerando-se compreendidas, as rendas que
venceram desde a comunicação efetuada ao arrendatário até a entrega efetiva do locado.
Neste último caso, a liquidação irá depender de calculo aritmético que será realizado
pelo próprio exequente no seu requerimento executivo.

(pág. 146 a 148)

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