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DA TEMPESTIVIDADE
02. PRELIMINARES
Entretanto, o art. 798, I, b, do novo CPC) diz que cumpre ao credor, ao requerer
a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição inicial com: [...] II - com o
demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando se tratar de
execução por quantia certa”.
O art. 783 do CPC/2015 reza que “a execução para cobrança de crédito fundar-
se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”. Ainda o art. 803, I, do CPC/2015
diz que é “nula a execução [...] se o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação
certa, líquida e exigível”.
Segue a orientação do nosso Tribunal Mineiro:
Com efeito, no caso concreto, por não ter a credora demonstrado de forma clara
a evolução do débito (mês a mês) e os critérios utilizados na apuração do saldo devedor
(omissão dessas informações na memória discriminada), muito menos incluir nos cálculos taxas
não descritas no contrato (Taxa de Inadimplência), nula é a execução, diante da iliquidez e
incerteza do título de crédito executado, nos termos do artigo 798, inciso I, alínea b, c/c artigo
803, inciso I, do novo CPC).
Com efeito, o art. 63 do CPC prevê a possibilidade das partes elegerem o foro
onde serão propostas as ações decorrentes de direitos e obrigações, quando a competência for
em razão do valor e do território.
A propósito, neste sentido o SJT editou o enunciado nº 335 de sua Súmula,
prevendo que "É válida a cláusula de eleição de foro para processos oriundos de contrato."
O cenário indica, pois, que a exceção de incompetência, ora aqui arguida nos
embargos à execução, deve ser acolhida, remetendo-se o feito executivo ao Juízo da Comarca
de Belo Horizonte, onde, salvo decisão em sentido contrário do Juízo competente, conservar-
se-ão os efeitos dos atos processuais já praticados (art. 64, §§ 3º e 4º, do Código de Processo
Civil).
“Basta que o próprio interessado, ou seu procurador declare, sob as penas da lei, que
o seu estado financeiro não lhe permite arcar com o custeio do processo”
Vale destacar que a embargante é autônoma, não trabalha de forma fixa e seus
rendimentos nunca são os mesmos, motivo inclusive que a fez deixa chegar a este processo,
corroborando ainda mais com a incapacidade da mesma de seguir este feito sem o deferimento
do benefício aqui pleiteado.
03. DO MÉRITO
Caso contrário, ou seja, caso seja mantida a redação original do contrato, a dívida
original abrangerá patamares incalculáveis e inadmissíveis, gerando lucros excessivos e ilegais
à instituição autora.
Deve ser considerado ainda que uma renegociação se dá para cobrir um rombo
anteriormente feito, momento este em que consumidor aceita o contrato por puro desespero, em
uma tentativa inócua de se ver adimplente com suas obrigações. Atitude inócua, pois tais
contratos são o mesmo, analogicamente, que cavar um buraco sem fundo, chegando ao ponto
que a embargante chegou, de parar de pagar, caso contrário, voltaria para o ciclo sem fim de
trabalhar apenas para pagar um dívida impagável ao banco.
A norma faz uma enumeração específica, que tem razão de ser. Coloca expressamente
os serviços de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, antecedidos do
advérbio “inclusive”. Tal designação não significa que existia alguma dúvida a
respeito da natureza dos serviços desse tipo. Antes demonstra que o legislador foi
precavido, em especial, no caso, preocupado com que os bancos, financeiras e
empresas de seguro conseguissem, de alguma forma, escapar do âmbito de aplicação
do CDC. Ninguém duvida que esse setor da economia presta serviços ao
consumidor e que a natureza dessa prestação se estabelece tipicamente numa
relação de consumo. Foi um esforço acautelatório do legislador, que, aliás,
demonstrou-se depois, era mesmo necessário. Apesar da clareza do texto legal, que
coloca, com todas as letras, que os bancos prestam serviços aos consumidores,
houve tentativa judicial de se obter declaração no sentido oposto. Chegou-se,
então, ao inusitado: o Poder Judiciário teve de declarar exatamente aquilo que a
lei já dizia: os bancos prestam serviços. (NUNES, Rizzatto. Curso de Direito do
Consumidor. 2ª ed. SP. Saraiva. 2005. p. 95 - grifou-se)
Desse modo, a discussão do título em foco deve ser feita à luz das regras de
proteção ao consumidor, constantes do CDC, das quais se destaca:
Tal proteção está inserida no inciso VIII, do artigo 6º do CDC, onde visa facilitar
a defesa do consumidor lesado, com a inversão do ônus da prova, a favor do mesmo:
Art. 5º. Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro
Nacional, é admissível a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.
Por estas razões, deve ser excluída a capitalização dos juros da cédula de crédito
bancário em questão em qualquer periodicidade.
Verifica-se dos negócios bancários que serão apresentados pela embargada e que
deram origem a cédula aqui discutida, que a capitalização de juros não está prevista de
claramente em suas cláusulas e condições contratadas, vez que muitas das renegociações
feitas não tiveram se quer, contrato assinado.
Por esta razão, a cédula de crédito bancário está eivada de capitalização de juros,
sem prévia contratação e/ou sem informação clara e adequada a respeito de tais encargos no
contrato. Portanto, ilegal e abusivo.
1) nº 797010 (em anexo), foi pactuado o valor de R$ 7.148,45 (sete mil cento e
quarenta e oito reais e quarenta e cinco centavos), disponibilizado em conta, em 12/07/2019,
apenas R$ 7.000,00 (sete mil reais), sendo dividido em 12 (doze) pagamentos com juros de 2,64
% a.m.
A história não foi diferente, em agosto de 2020 ela precisou renegociar a dívida
novamente. Neste ponto, além dos R$ 3.600,91 (três mil e seiscentos reais e noventa e um
centavos) já citados, a embargante quitou mais R$ 13.448,16 treze mil e quatrocentos e quarenta
e oito reais e dezesseis centavos) do contrato 851368 e outros R$ 745,47 (setecentos e quarenta
e cinco reais e quarenta e sete centavos) do contrato 873109.
Excelencia, esa conta JAMAIS vai fechar! A embargante jamais vai deixar de
ser devedora do banco, pois a cada “renegociação” que se faz, a dívida aumanta mais e mais,
sendo que o débido já foi quitado.
Como dito, sem ter a consiencia do roubo que o banco estava fazendo, a
embargante renegociou novamente em agosto de 2020, quitou mais R$ 5.036,08 (cinco mil e
trinta e seis reais e oito centavos) do contrato 911344 e renegociou novamente, pois, segundo o
banco, ela anda estava em dívida.
Por fim, eles chegaram a esta última cédula de crédito aqui executada no valor
de R$ 21.909,86 (Vinte e um mil novecentos e nove reais e oitenta e seis centavos), como forma
de mais uma “renegociação”, nº 1350331.
Todos esses cálculos foram feitos pelos extratos aqui acostados e resumidos na
planilha abaixo:
Início dos
Descrição Valor pago
pagamentos
30/06/2019 930791 SEGURO NÃO CONTRATADO R$ 55,44
30/06/2019 851368 SEGURO NÃO CONTRATADO R$ 171,24
31/07/2019 797010 SEGURO NÃO CONTRATADO R$ 15,83
12/08/2019 797010 R$ 2.165,53
10/09/2019 802515 R$ 1.435,38
15/01/2020 851368 R$ 13.448,16
28/02/2020 873109 SEGURO NÃO CONTRATADO R$ 13,74
10/03/2020 873109 R$ 745,47
30/04/2020 911344 SEGURO NÃO CONTRATADO R$ 64,88
10/07/2020 911344 R$ 5.036,08
20/07/2020 930791 R$ 1.248,55
01/02/2021 2547642 R$ 591,07
26/02/2021 1070338 SEGURO NÃO CONTRATADO R$ 257,28
12/04/2021 1070338 R$ 6.841,73
R$ 32.090,38
Diante disto requer a total procedência dos presentes embargos para declarar a
inexistência da suposta dívida ora executada.
A Lei dos Juizados é clara quando diz que poderá ser utilizado o CPC no que
couber, logo o CPC prevê a possibilidade do efeito suspensivo para os embargos, vejamos:
Nesse mesmo sentido, importante referir que, em face do alto valor executado, a
restrição e alienação de bens do embargante, antes do resultado definitivo dos embargos, é um
risco ao resultado útil do processo, pois o embargante apresenta uma tese consistente e
fundamentada da ausência de exequibilidade do título.
Isto posto, requer que o presente embargo seja recebido com efeito suspensivo.
OS FUNDAMENTOS A SEGUIR DEVEM SER EXPOSTOS PARA COMBATER A
EXECUÇÃO, CASO VOSSA EXCELÊNCIA NÃO ENTENDA QUE A
EMBARGANTE JÁ QUITOU PARA A MAIOR A SUPOSTA DÍVIDA EXECUTADA
COMO APRESENTADO NO TÓPICO ANTERIOR
Para tanto, deve ser adotado o critério da utilização da menor das taxas de juros
entre as taxas médias de mercado divulgadas pelo Banco Central do Brasil e a taxa contratada
no mútuo, no período da contratação.
Não cabe a cumulação da multa de mora com os juros moratórios, porque ambos
têm a mesma origem (a mora do devedor) penalizando-se duplamente o devedor.
Desta forma, mister se faz a exclusão do débito a incidência dos juros moratórios
sobre a multa de mora.
07. DA AUSÊNCIA DE MORA
Sendo estas condutas sua obrigação exclusiva, vez que incumbe ao autor o ônus
de provar o que alega, e vemos que nesta lide a exequente foi absurdamente falha neste sentido.
Por esta razão deve a presente demanda ser extinta por insuficiência probatória
sem resolver o mérito. Nos termos do artigo 373, I do CPC, a prova incumbe a quem alega.
Desta forma, conforme previsão contratual, tal valor deve ser abatido do saldo
devedor existente após discursão dos encargos contratuais.
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as
duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.