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N. Termos,
P. Deferimento.
....................
Advogado
APELANTE: ...........
Colenda Câmara
Preclaros Juízes:
............... e ..............., devidamente qualificados nos autos em epígrafe, por intermédio de seu
procurador abaixo assinado, vêm com o devido respeito e acatamento diante de Vossas
Excelências, com fulcro no artigo 513 do Código de Processo Civil, interpor
RECURSO DE APELAÇÃO
contra a parte da r. sentença de fls. .............. que julgou procedente a Ação Monitória
promovida pelo BANCO ............., passando a aduzir, para tanto, as seguintes razões de fato e
de direito:
1. Retrospecto fático:
Firmado contrato de abertura de crédito em conta corrente em .../.../..., sob n.º .........., o
Apelado concedeu à empresa ............., mediante o aval dos Apelantes, pelo prazo de ..... dias,
limite de crédito rotativo de R$ ......... Sobre a operação estabeleceu-se juros no patamar de
14,95% (quatorze vírgula noventa e cinco por cento) ao mês, nos termos do contrato de fls. ....
Decorrido o prazo contratual sem que houvesse pagamento da quantia, o Recorrido ajuizou
ação monitória em face dos Recorrentes, pretendendo o recebimento do valor de R$ ....... Para
tanto, juntou o aludido contrato de abertura de crédito em conta corrente e alguns extratos,
com o intuito de demonstrar a exigibilidade da quantia pleiteada. Após a citação, os apelantes
apresentaram os respectivos embargos monitórios, alegando: a) carência da ação ante a
impossibilidade jurídica da via judicial eleita para a cobrança, a falta de exigibilidade, liquidez e
certeza do contrato de fls. ..... e do valor pleiteado, bem como a imprestabilidade do
demonstrativo de fls. para apontar o efetivo valor do saldo devedor; b) ausência de
apresentação de documentos essenciais ao ajuizamento da ação (CPC - art. 283); c) não
constituição em mora dos Recorrentes; d) falta de dedução de pagamentos parciais; e)
exorbitância do valor postulado pela aplicação de juros superiores ao limite constitucional,
prática de anatocismo, atualização monetária pela Taxa Referencial, exigência de comissão de
permanência e multa acima do permitido em lei, além da cumulação desta com a cobrança de
honorários advocatícios; i) aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor e, em
conseqüência, a decretação da nulidade das cláusulas contratuais permeadas pelas
abusividades acima; e, j) devolução de valores em dobro, nos termos do artigo 1531 do Código
Civil.
Mais à frente, manifesta seu entendimento quanto ao valor postulado, limitando-se a afirmar
que os extratos de fls. .... bem demonstram o quantum devido, "na exata medida em que o
que neles se contém permite identificar os depósitos feitos eventualmente para abater o saldo
devedor e as parcelas que vierem a compor o saldo final da conta..." (fls. ...).
Quanto à não juntada de documentos essenciais à propositura da ação pontuou: "Além dos
documentos de fls. ... não se pode exigir que o autor instrua a inicial com supostos
documentos essenciais a propositura da ação que não estão claramente indicados na
contestação." (fls. ...).
Como se percebe, o MM juiz singular destinou apenas três parágrafos para as preliminares,
nos quais de modo conciso e lacunoso mal enfrentou as questões jurídicas postas nos
embargos ao mandado monitório.
Veja-se, por exemplo, a questão referente à origem do débito (pois houve diversos contratos
anteriormente firmados), aos índices utilizados para a cobrança dos diversos encargos
incidentes sobre o saldo devedor, os quais sequer restaram discriminados pelo Banco, à falta
de promessa - no contrato de abertura de crédito - de pagamento de valor certo e, ainda, às
irregularidades apontadas na elaboração do demonstrativo de cálculo acostado à inicial que
apontavam para a iliquidez e incerteza do valor pretendido.
Em relação à falta de documentos essenciais à propositura da ação (CPC - art. 284) a nulidade
é ainda mais flagrante, pois a defesa apresentada, em seu item n.º ..., foi clara ao indicar que o
Banco deixou de juntar: a) os extratos relativos a origem do débito, vale dizer, referentes aos
contratos que ensejaram o ajuste de fls. ...; b) as cambiais vinculadas ao contrato de abertura
de crédito e que teriam sido emitidas na mesma data; c) o demonstrativo detalhado, que
permitisse apontar com clareza todos os encargos cobrados mês a mês e em que patamar, isto
é, qual a taxa de juros, de comissão de permanência, de correção monetária, entre outros.
A sentença, repise-se, passa ao largo de todas estas questões, optando por uma generalidade
inadmissível, que nada diz, nada esclarece.
Sem maiores dificuldades conclui-se que a mesma é defectiva e, portanto, merece cassação.
Esta a solução indicada no aresto abaixo:
Isto posto, sob pena de violação do artigo 93, IX da Constituição Federal, bem como do artigo
458, II do Código de Processo Civil, cumpre seja cassada a r. sentença recorrida, proferindo-se
outra que efetivamente analise todas as questões debatidas pelas partes.
Não obstante os Apelantes tenham requerido a produção de prova pericial, o nobre julgador
monocrático proferiu julgamento antecipado da lide, sob o entendimento de que as provas
requeridas seriam desnecessárias para formar o convencimento do magistrado.
Ressalta-se, ainda, que além do contrato os demais documentos que instruíram a demanda
foram produzidos unilateralmente pelo Banco, a exemplo dos extratos de fls. ..... Portanto, no
mínimo deveria o magistrado ter deferido a prova pericial, com o fito de confirmar a versão do
Apelado.
Patente o cerceamento de defesa, tendo em vista que o juiz não deu oportunidade aos
Apelantes de infirmar com dados técnicos - como deve ser - os cálculos e valores apresentados
pelo Apelado.
Desta sorte, sob pena de violação do artigo 5º, LV da Constituição Federal, é de ser anulada a r.
sentença recorrida, a fim de que se dê a oportunidade aos Apelantes a realização da prova
pericial.
Como se observa do contrato de fls. ...., em seu campo III, os Apelados figuraram como
avalistas do valor confiado à empresa .......... Entretanto, é sabido que o instituto do aval
aplica-se somente em sede de obrigações cambiárias, o que não é o caso.
Ninguém menos do que o saudoso mestre RUBENS REQUIÃO afirmava que "O aval é instituto
típico do direito cambiário. Por isso, não ser confundido com a fiança. Esta é uma garantia
acessória de uma obrigação principal, sendo-lhe característica fundamental esta acessoriedade
o aval, porém, como toda a obrigação cambiária, é absolutamente autônomo de qualquer
outra." .
Como se percebe da lição acima, o aval é instituto típico do direito cambiário e não se
confunde com a fiança, instituto afeto ao direito contratual.
E, o caso em exame revela hipótese de direito contratual, vez que é iniludível ser este o campo
no qual se enquadra o instrumento de fls. .... Sendo assim, ao invés do aval, a fiança é o
instituto jurídico apto a garanti-lo.
Transposta esta primeira análise, cumpre destacar que a fiança possui características próprias,
entre elas, a de que o candidato a fiador não pode sem a outorga do cônjuge prestar fiança.
Este é o comando expresso do artigo 235, III do Código Civil. Caso inobservada esta norma,
assevera WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO que "nula será a fiança." .
Portanto, se nula é a garantia prestada por quem não obteve a outorga do cônjuge,
evidentemente que esta mesma pessoa não estará legitimada a responder por eventual dívida
contraída pelo contratante principal. E este é o caso, pois os Apelantes não obtiveram a
necessária outorga uxória. De conseqüência, a garantia por eles prestada é nula, não estando
legitimados a sofrerem demanda judicial fundada no inadimplemento da obrigação pelo
garantido.
Não por outro motivo, é de se reconhecer a sua ilegitimidade passiva ad causam (CPC - art.
267, VI), ainda que alegada em sede de apelação pois, conforme dispõe o § 3º, do artigo 267
do Código de Processo Civil o juiz poderá conhecer desta matéria de ofício "em qualquer
tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito". No entanto, deverá
"arcar com as custas de retardamento.".
E não se diga que o fato da sentença de mérito, em primeiro grau, já ter sido proferida,
apontaria para a impossibilidade de se agitar a matéria relativa à ilegitimidade de parte. É que
os tribunais manifestam tranqüilo entendimento no sentido de autorizar tal discussão
enquanto não alcançada a sede do recurso especial, verbis:
"A sentença de mérito proferida em primeiro grau não impede que o Tribunal conheça dessas
matérias (as do art. 267-IV, V e VI) ainda que ventiladas, apenas, em fase de recurso, ou
mesmo de ofício." .
"Questão relativa à ilegitimidade de parte é passível de exame de ofício, não podendo o
Tribunal 'ad quem' furtar-se de apreciá-la sob alegação de preclusão." .
Portanto, é a presente para requerer seja reconhecida a ilegitimidade passiva ad causam dos
Apelantes (CPC - art. 267, VI c/c § 3º), a fim de julgar extinto o processo sem o exame de
mérito.
2.2 No mérito
E, com efeito, segundo ERNANE FIDÉLIS DOS SANTOS "As obrigações, embora não vazadas em
título de execução, devem, em sentido processual, ser incontroversas e devidamente
limitadas, isto é, com os requisitos de convencimento que informam a certeza, a liquidez e a
exigibilidade. (...) não é qualquer forma escrita que faz o título hábil para o pedido monitório.
Mister que o que nela se contém revele obrigação certa, líquida e exigível".
Na mesma esteira, para JOSÉ RUBENS COSTA "a prova escrita deve conter os elementos de
certeza e de liquidez (=liquidabilidade monitória). (...) O documento deve apresentar a certeza
do devedor (an debeatur) e do valor (quantum debeatur), assim como a exigibilidade.".
Não basta, portanto, para o procedimento monitório um "começo de prova": deve existir um
documento que consigne um valor certo e determinado, reconhecido pelo réu. Se assim não
fosse, como seria possível distinguir as hipóteses de cabimento da Monitória e da Ordinária de
Cobrança? Ainda, se na ação monitória não fosse imprescindível a exata determinação da
importância pleiteada, não poderia ser o réu desde logo citado para pagamento.
Também os extratos juntados não se prestam à comprovação pretendida, uma vez que não
passam de produção unilateral do Banco. E, cumpre destacar, que os Tribunais pátrios
entendem ser impossível a tutela monitória nestas condições:
"A notificação dirigida a possível devedor não caracteriza documento hábil a processar ação
monitória, em decorrência de sua emissão unilateral sem possibilidade de se estabelecer o
contraditório, não possuindo tal instrumento o mínimo de credibilidade em que possa se
basear o órgão julgador." .
E tal entendimento aplica-se ao caso em tela, uma vez que, além dos extratos terem sido
produzidos unilateralmente pelo Apelado, em face das irregularidades apresentadas, não
possuem credibilidade.
Ressalte-se, ainda, que a iliquidez e a incerteza dos valores pleiteados pelo Recorrido sequer
foi por ele contestada, restando, deste modo, tal fato restou incontroverso.
Mais a frente, a r. sentença assevera quanto ao valor postulado, que os extratos de fls. .... bem
demonstram o quantum devido, "na exata medida em que o que neles se contém permite
identificar os depósitos feitos eventualmente para abater o saldo devedor e as parcelas que
vierem a compor o saldo final da conta..." (fls. ....).
Tal assertiva, contudo, não merece prosperar, com todo respeito. É que pelos extratos
apresentados pelo Apelado constata-se que muito antes da celebração do contrato em
questão já estavam sendo feitos lançamentos de débitos em conta corrente. E tal fato se deve,
como já dito, a existência de celebração de avenças anteriores, as quais deram origem a
acostada à presente demanda, em verdadeira composição de débito.
Não por outra razão, as informações constantes dos extratos juntados pelo Banco dão conta
da "existência" de um saldo devedor anterior à avença. Neste contexto, percebe-se que os
lançamentos efetuados pelo Banco antes da celebração do contrato, bem como o saldo
devedor supostamente existente, entraram na composição do débito requerido neste feito.
Ora, se tais valores fazem parte do montante pleiteado, os extratos anteriores ao mês
de .........../.... deveriam ter sido juntados para que efetivamente toda a evolução do débito
restasse demonstrada. Somente estaria representada, em sua íntegra, a evolução do débito,
na forma como pretende o Recorrido, se o primeiro extrato juntado aos autos, no caso, o
de ........./..... (fls. ....), informasse um saldo devedor "zero".
A política de crédito do Estado e de qualquer Governo se faz através da ação das instituições
bancárias. Estas se constituem em instrumento de maior relevância do sistema financeiro. As
instituições financeiras estão sujeitas ao dever de esclarecer quais os títulos jurídicos (causas)
que entram na composição de determinado débito: taxa de juros, índice de correção
monetária; se os juros estão ou não capitalizados; quais os encargos e comissões que estão
sendo cobrados e como estão sendo cobrados" .
São neste mesmo sentido os arestos publicados nas RTs 697/166, 689/218, 692/165 e
721/189.
Diante disso, clara está a iliquidez e a incerteza do crédito alegado, em função da não
demonstração, por parte do Apelado, da origem do montante, do qual parte toda a
composição do pretenso crédito, bem como dos demais pagamentos havidos pela avalizada.
Não por outro motivo, requer-se a reforma da r. decisão singular para o fim de decretar a
carência da ação.
- a relação onde estariam discriminados todos os títulos que seriam descontados, a qual
deveria fazer parte integrante do contrato (conforme cláusula 'DAS GARANTIAS' - CAMPO V) e
cláusula 5ª do presente contrato.
A pretensão não pode ser acolhida. Falta matéria ao título, a lhe conferir liquidez, certeza e
exigibilidade. A substância do título resulta da observância do contrato.
Assim, tal omissão impede o adequado exercício do direito de defesa por parte dos Apelantes
e, de arremate, vulnera o artigo 283 do Código de Processo Civil, reclamando a reforma da r.
sentença recorrida, com a extinção do processo sem julgamento do mérito.
Isto porque da leitura conjunta das cláusulas .... e .... do contrato extrai-se que serão aplicados
juros moratórios quando reputar-se vencido o contrato, não incidindo mais, neste caso, os
juros "contratados".
Não obstante, apesar de em sua inicial afirmar o Apelado que o contrato teria vencido
em .../.../..., fez incidir juros de mora apenas a partir de .../.../..., aplicando até então, juros
compensatórios supostamente contratados.
Neste caso, reputando o Apelado rescindido o contrato em data diversa daquela inicialmente
prevista contratualmente, deveria obrigatoriamente comunicar tal fato aos Apelantes,
conforme determina o caput da cláusula 2ª, já referida: "O prazo deste contrato é o constante
no Campo 02 do Quadro IV do preâmbulo, podendo, entretanto, este contrato, ser rescindido,
a qualquer tempo, inclusive durante os prazos de vigência de suas renovações, por simples
denúncia efetuada por qualquer dos contratantes, denúncia essa a ser formalizada através de
aviso protocolado, o qual produzirá seus efeitos a partir da data de sua expedição." (sem
destaque no original).
Não tendo sido o contrato denunciado através de "aviso protocolado", entende-se que este
não foi rescindido, mas sim prorrogado, segundo o parágrafo primeiro da cláusula 2ª: "Não
ocorrendo a denúncia deste contrato, na forma indicada no "caput" desta cláusula, o presente
instrumento ficará automaticamente renovado por iguais prazos, e assim sucessivamente,
independentemente de qualquer outra manifestação, permanecendo em vigor todas as
cláusulas e condições deste contrato, ressalvado o disposto no parágrafo terceiro abaixo."
(sem o destaque no original)
Neste contexto, sem a notificação dos Apelantes e sem a sua "constituição em mora", restou o
contrato prorrogado, não sendo sequer exigível a obrigação objeto da presente demanda.
Por outro lado, considerando-se efetivamente vencido o contrato em .../.../..., a partir desta
data somente poderiam ser requeridos juros moratórios e não mais os juros compensatórios.
Do corpo do v. acórdão extrai-se o seguinte: "(...) os juros que foram avençados só podem ser
exigidos durante a vigência do contrato. A partir do vencimento da obrigação, aplicam-se
somente os juros de mora. Aplicar também a taxa avençada, tornar-se-ia um bis in idem,
acarretando excesso de execução." (sem o destaque no original).
Assim, cumpre seja reformada a r. decisão para: i) entender-se pelo não vencimento do
contrato em .../.../..., o que implica na inexigibilidade da pretensão do Apelado; ou, ii)
considerar-se vencido o contrato em .../.../..., expurgando-se todo e qualquer lançamento de
débito na conta corrente após tal data, excetuando-se tão somente os juros moratórios.
Máxime quando se trata de relação de consumo, como reconhecido pela própria decisão
apelada, quando o fornecedor está obrigado a informar o consumidor sobre a "quantidade,
características, composição, qualidade e preço" dos seus produtos (Lei n.º 8.078/90 - art. 6º,
II).
E não se invoque o permissivo das resoluções do Banco Central sob números 1.129 e 1.572, eis
que o Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 52, caput e inciso II, veda a cobrança de
juros de mora sem a devida informação ao consumidor sobre suas taxas.
Tal imperativo vai de encontro ao estabelecido no inciso II do citado artigo. Sendo assim, nulas
as disposições, eis que ferem literal dispositivo legal.
Não se poderá considerar dívida líquida e certa um percentual que depende da demora em
atender o pagamento. Por isto que indevida é a comissão de permanência, repudiada por
pacífica jurisprudência de nossos tribunais:
"A comissão de permanência é estranha aos requisitos dos títulos cambiários, descabendo a
sua cobrança, conseqüentemente, pelo rito executivo, mesmo por não se tratar de dívida
líquida e certa" .
Há, ainda, julgado da 8ª Câmara do E. 1º Tribunal de Alçada Cível de São Paulo, com a seguinte
ementa:
"O conceito de 'comissão de permanência' mostra que ela não pode ser exigida. Aliás, com a
Constituição Federal de 1988, nenhuma comissão ou taxa, pode ser objeto de pretensão.
Quanto aos juros, somente é admissível a taxa de 12% ao ano." .
"APELAÇÃO CÍVEL PREPARO EFETUADO FORA DO PRAZO LEGAL - DESERÇÃO DECRETADA - ART.
519 DO CPC. EMBARGOS DO DEVEDOR - COMISSÃO DE PERMANÊNCIA 'A TAXA DE MERCADO
VIGENTE NO DIA DO PAGAMENTO' - VERBA EXCLUÍDA - SENTENÇA MANTIDA. A inicial da
execução deve ser precisa na discriminação dos elementos integrantes da dívida, de modo a
possibilitar ao devedor sua conferência e eventual impugnação, sendo inadmissível o pleiteio
de comissão de permanência sem a determinação do percentual a ser, a tal título, aplicado.
Apelo improvido." .
Por isso, requer-se a reforma da r. sentença para declarar a nulidade do Contrato em questão,
ou da cláusula 9ª, de sorte a excluir do montante do valor cobrado, as taxas referentes a
comissão de permanência.
Não obstante tal entendimento, o artigo 52, § 1º do CDC é expresso: "As multas de mora
decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não poderão ser superiores a
dois por cento do valor da prestação." (grifos nossos).
Desta sorte, cumpre seja reformada a r. sentença singular, declarando a nulidade da Cláusula
9ª, § 3º, ou reduzindo a multa moratória para o patamar de 2% (dois por cento).
Na esteira da r. sentença impugnada "a multa contratual incide sobre o valor da dívida
corrigida e pode ser cobrada juntamente com os honorários advocatícios" (fls. ...).
Todavia, olvidou o magistrado o disposto no artigo 8º do Decreto n.º 22.626/33, o qual veda
tal sorte de cumulação, ao estabelecer que as multas ou cláusulas penais, quando
convencionadas, reputam-se para atender as despesas judiciais. Portanto, a multa tem
precipuamente o objetivo de compensar o credor pelos gastos da cobrança judicial - inclusive e
principalmente quanto a honorários advocatícios.
Nesse sentido, JTACSP 59/151: "Os honorários de advogado não são cumuláveis com a multa
contratual, consoante reiteradamente tem julgado o Egrégio Supremo Tribunal Federal".
Assim, conclui-se que é incabível tal cumulatividade, devendo ser reformada a r. sentença
neste tópico.
A r. sentença entende ser incabível a aplicação do artigo 1.531 do Código Civil no caso em
pauta, pois o Apelado não teve o objetivo malicioso de exigir quantia maior do que a
realmente devida (fls. ...). Contudo, não é isso que se evidencia no compulsar dos autos. Não é
só a deficiência documental - como já se demonstrou - que explicita a malícia do Apelado. A
atuação contrária aos dispositivos do Código de Defesa do Consumidor, como reconhecido
pela sentença "ao declarar nula a cláusula contratual que estipula taxa de juros superior a 12%
ao ano porque abusiva, segundo o previsto no inciso IV, do artigo 51, do Código de Defesa do
Consumidor." (fls. ..., grifos nossos), denota a má-fé do contratante mais poderoso
economicamente.
Mantida a condenação dos Apelantes, o que se admite somente para argumentar, cumpre
destacar os equívocos perpetrados na fixação da verba honorária. O ilustre julgador singular a
fixou no montante de R$ ............., entendendo que o Apelado teria decaído da parte mínima
do pedido, posto que a dívida principal teria permanecido íntegra.
Ocorre no entanto, que não houve decaimento da parte mínima, posto que a quantia em
relação a qual o Banco sucumbiu, refere-se a monta considerável em relação ao valor exigido.
Basta ter em mira que ao fixar-se a impossibilidade de capitalização de juros o valor principal
exigido pelo Apelado também restou afetado e reduzido sensivelmente.
Neste sentido:
"O devedor inadimplente, que força o credor a vir a juízo, é quem deve substancialmente
responder pelas despesas, compensadas compensadas com aquelas que decorreram dos
excessos da postulação do autor. A regra do art. 21, ao tratar do equilíbrio que deve existir
entre as partes quanto à distribuição das despesas judiciais, não afasta a ponderação destes
fatores." .
"Ocorre a sucumbência recíproca, com a aplicação do artigo 21, quando a sentença causa, ao
mesmo tempo, gravame aos interesses opostos das partes; quando o interesse de uma não é
inteiramente atendido, há sucumbência parcial, incidindo o art. 20." .
Desta sorte, considerando que o Banco teve três de seus pleitos rechaçados, resultando na
redução do próprio valor principal, não há como negar a aplicação do preceito contido no
caput do artigo 20 do CPC, para o fim de condenar o Apelado proporcionalmente nos ônus da
sua sucumbência.
Ademais, não obstante tenha o magistrado estabelecido a verba honorária com base no § 4º,
do artigo 20 do Código de Processo Civil, não está ele desobrigado de observar as alíneas do §
3º do mesmo dispositivo. A fixação dos honorários advocatícios por eqüidade, segundo YUSSEF
SAID CAHALI "não se desvincula da consideração do grau de zelo do profissional, da natureza e
importância da causa, do trabalho realizado pelo advogado e do tempo despendido na sua
prestação." (in, Honorários advocatícios. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 3ª ed., 1997, p.
495).
Nesta esteira, o fato da tramitação da ação ter compreendido somente 5 (cinco) meses e do
feito ter sido julgado antecipadamente indica para a fixação da verba honorária em patamar
equivalente, no máximo, a 10% (dez por cento) do valor dado à causa. Considerando tais
fatores, o MM juiz singular estabeleceu a verba em quantia excessiva, o que reclama a sua
redução.
c) o reconhecimento da ilegitimidade passiva ad causam dos Apelantes (CPC - art. 267, VI c/c §
3º), a fim de julgar extinto o processo;
g) a aplicação do preceito contido no caput do artigo 21 do Código de Processo Civil, para o fim
de condenar o Apelado proporcionalmente nos ônus da sua sucumbência, além da redução
dos honorários advocatícios.
N. Termos,
P. Deferimento.
..........., ..... de ......... de ..........
.................
Advogado