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suplicante, ficou clara sua menoridade, contudo, não foi mencionado defensor, o que torna
nulo, por vício processual, o ato.
a - O requerente, após desentender-se com sua ex-companheira, ...., por motivos de somenos
importância, foi detido por volta de .... horas do dia .... pretérito, pelos policiais militares ....
e .... e conduzido à presença do Sr. Delegado de Polícia desta Cidade, Sr. ...., que determinou
sua remoção à ...., onde foi trancafiado na Cadeia Pública daquela Cidade.
b - Que no dia posterior, ...., por volta de .... horas, foi retirado do cárcere, levado ao Cartório
da Delegacia de ...., e ali, autuado em flagrante delito pela prática de resistência à prisão, onde
figurou como vítima os milicianos acima, conforme depreende da Nota de Culpa, apensada ao
presente documento, tendo sido, na ocasião arbitrada a fiança, nos termos legais após o que o
requerente foi posto em liberdade.
O DIREITO
Embora a lei seja silente, existe farta jurisprudência admitindo a prisão em flagrante delito nos
crimes de ação privada. Essa assertiva é aqui evidenciada, tendo em vista que a Autoridade
Policial que presidiu o Auto de Prisão em Flagrante Delito haver constado em seu bojo e na
Nota de Culpa a infrigência ao art. 147 do Código Penal, relativa a uma ameaça que teria
sofrido a vítima, Srta. ...., fazendo constar do inquérito policial uma representação onde a
aludida jovem manifesta seu desejo em ver o requerente processado por tal ameaça.
Mas para que tal exigência legal tivesse sido cumprida em sua íntegra, necessário se faria que
a representação estivesse integrada ao corpo do Auto de Prisão em Flagrante Delito (Prática de
Processo Penal) - Fernando da Costa Tourinho Filho pag. 45) e não em ato diverso.
Por outro lado, no que tange a resistência à prisão de que faz menção os autos, por mais boa
vontade que se tenha, não se vislumbra a oposição a ato legal com violência ou mesmo
ameaça, preceituados no conteúdo do art. 329 do Código Penal. O suplicante teria se
obstinado a ingressar na viatura policial, no que foi contido "com moderada força", conforme
depreende dos depoimentos colhidos. Se nos parece mais um ato de desobediência do que
propriamente uma resistência, a qual deveria ser calcada com requintes de violência física
acima da moderada. É de se destacar que o suplicante possui constituição franzina e nem de
longe teria condições físicas para enfrentar e resistir a dois policiais, armados e dotados de
recursos para tal situação.
Finalmente, nos parece que todos os procedimentos acima foram em vão. Quando do
interrogatório do suplicante a fls. .... do Auto de Prisão em Flagrante Delito, ficou clara sua
menoridade, pois o mesmo declarou possuir .... (anos) de idade. Nessa ocasião, conforme
preceitua a Lei, dever-se-ia ocorrer a nomeação de Defensor ao réu presente, o que não foi
feito, tornando nulo, por vício processual, todo o ato aqui tratado.
REQUERIMENTO
Requer, pois, com vistas ao alegado e tendo por fulcro o art. 564, letra "c" do Código de
Processo Penal, determine V. Exa. a nulidade do Auto de Prisão em Flagrante Delito de que faz
menção o presente documento postulatório
Nestes termos,
Pede deferimento
...., .... de .... de ....
..................
Advogado OAB/...