EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ...

VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ...

MATIAS, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG nº. xxx, inscrito no CPF sob o
nº. xxx, residente e domiciliado à xxx, no bairro xxx, cidade xxx, no Estado xxx, atualmente
custodiado em uma das celas do(a) ..., por seus advogados abaixo assinados, constituídos
conforme procuração em anexo, vem a Vossa Excelência, requerer o

RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE

com fundamento no art. 5º, inciso LXV da Constituição Federal, e art. 310, § 1º do Código de
Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos

DOS FATOS

Enquanto transitava tranquilamente na Avenida Brasil, na Comarca desta Capital,

aproximadamente às 22h00min do dia 15 de novembro de 2016, conduzindo o veículo
automotor da marca Volkswagen, modelo Gol, placa XYX-0611, o Requerente foi abordado por
uma guarnição da Polícia Militar.

Entretanto, ao atender o comando de parada, o Requerente foi surpreendido pelos agentes, com
a informação de que o veículo conduzido na ocasião se referia a produto criminoso, mais
precisamente, fruto de um roubo supostamente perpetrado contra a Sra. Miranda em 13 de
novembro de 2016, momento em que foi preso em flagrante delito, como incurso nas penas do
art. 157 do Código Penal.

Conduzido à Delegacia Territorial da Região e submetido ao reconhecimento pessoal previsto

no art. 226 do Código de Processo Penal, o Requerente foi reconhecido pela Sra. Miranda como
tendo sido o autor do roubo ao veículo supracitado, ocorrido dois dias antes da sua prisão,
ensejando a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante.

Todavia, não bastasse a ilegalidade da constrição pessoal do Requerente, dada a ausência de

situação flagrancial, conforme demonstrado a seguir, o Requerente sequer foi submetido
a Audiência de Custódia, permanecendo preso, ilegalmente, até a presente data.

DA ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE

Consoante previsto no art. 302 do Código de Processo Penal, a prisão em flagrante trata-se de
modalidade de prisão precautelar, admissível, estritamente, nas hipóteses em que o agente é
encontrado (i) cometendo uma infração penal; (ii) acaba de cometê-la; (iii) é perseguido, logo
após, pela autoridade, pelo ofendido, ou qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser
autor da infração; ou (iv) é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis
que façam presumir ser ele autor da infração. Tratando-se especificamente do caso em
epígrafe, nota-se que a prisão do Requerente foi enquadrada pela Autoridade Policial na
hipótese consubstanciada no art. 302, inciso IV do CPP, denominado doutrinariamente como
flagrante presumido, ficto ou assimilado.

Todavia, a situação em concreto não se adequa a modalidade enquadrada, tampouco a qualquer

outra prevista no referido dispositivo legal, dada a completa inexistência de situação flagrancial
apta a autorizar a constrição pessoal do Requerente, encontrado, casualmente, dois dias após a
suposta prática delitiva, durante uma abordagem policial sem nenhuma relação de causalidade
com eventuais diligências destinadas a apuração do suposto ilícito. A referida situação,
associada ao lapso temporal decorrido entre a prática do crime e a apreensão da res furtiva, o
qual ultrapassa os limites da razoabilidade para estabelecer a situação de flagrância,
denota, claramente, a ilegalidade da constrição a qual encontra-se submetido, repise-se, desde o
dia 15 de novembro de 2016.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência o relaxamento da prisão em flagrante imposta ao

Requerente, ou, se assim não entender, a concessão da liberdade provisória deste, a fim de que
possa permanecer em liberdade durante o processo, termos em que, ouvido o Ministério
Público, seja expedido o competente alvará de soltura, já que a prisão revela-se flagrantemente
ilegal, e os requisitos para decretação da custódia preventiva, ausentes.

Nestes termos,
Pede deferimento.
xxx, 16 de maio de 2020.

Advogado(a)

OAB/BA nº. …