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DISCURSIVAS
PARA RESOLVER
ANTES DA
PROVA DA PC-CE
[POLÍCIA CIVIL DO CEARÁ]
> ESTILO IDECAN > DIREITO PENAL

> ATUALIZADO 2021 > DIREITO PROCESSUAL PENAL


> COM PACOTE ANTICRIME > DIREITO CONSTITUCIONAL

> DIREITO ADMINISTRATIVO

com ESPELHO > LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE


das respostas > LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

NEXOCONCURSOS
1ª EDIÇÃO
SUMÁRIO

- DIREITO PENAL (P. 02)

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- DIREITO PROCESSUAL PENAL (P.50)

- DIREITO CONSTITUCIONAL (P.66)

- DIREITO ADMINISTRATIVO (P.79)

- EXTRAVAGANTE (P.92)

- LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA (P.102)

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DIREITO PENAL

01. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E DA ANTERIORIDADE.

Discorra sobre os seguintes princípios penais, abordando o conceito de cada um e

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sua natureza jurídica.
A) princípio penal da reserva legal; e

B) princípio da anterioridade da lei penal.

Dentre os princípios consagrados na Constituição Federal, destacam-se os


da reserva legal e o da anterioridade da lei penal. Todos eles possuem a
natureza jurídica de direitos e garantias fundamentais e são cláusulas pétreas.
Segundo o princípio da anterioridade, para que haja crime, é necessária a
existência de uma lei anterior que tipifique aquela conduta como tal. Além
disso, exige-se a previsão legal abstrata da pena, anterior à prática do fato
delituoso. Assim, a lei penal produz efeitos a partir da data em que entra em
vigor, derivando desse fato sua irretroatividade, ou seja: não se aplica a
comportamentos anteriores, salvo para beneficiar o réu, conforme previsto no
art. 5° da CF/1988.
De acordo com o princípio da reserva legal, a definição do que seja crime é
assunto de lei em sentido formal, ou seja, é assunto de lei em sentido estrito,
fruto do processo legislativo. Dessa forma, não cabe à legislação infralegal,
aos decretos e demais diplomas legislativos o estabelecimento de crimes.

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02. LEI PENAL NO ESPAÇO E LESÕES CORPORAIS:

Rodrigo, turista espanhol, de férias no Brasil, contratou uma embarcação marítima


para passar a festa de ano novo na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Durante as comemorações, quando a embarcação estava atracada no litoral

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brasileiro, o turista entrou em uma briga com Ronaldo, brasileiro. Durante o
episódio, Rodrigo, utilizando-se de uma garrafa de espumante, agrediu Ronaldo
causando-lhe lesões que o impediram de trabalhar por 32 dias.

Sobre a situação hipotética narrada e considerando o que disciplina o Código Penal,


discorra de forma justificada sobre as seguintes indagações:

A) A lei penal aplicada a Rodrigo será a de seu país de origem ou a lei brasileira?
Justifique.

B) Qual a classificação da lesão corporal causada por Rodrigo? Justifique.

O artigo 5º, § 2º do Código Penal diz que: É também aplicável a lei


brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no
território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em
porto ou mar territorial do Brasil. Dessa forma, a Rodrigo será aplicável a lei
brasileira, mesmo ele sendo estrangeiro.
Além disso, como Ronaldo ficou impedido de ir ao trabalho por trinta e
dois dias, pode-se classificar a lesão corporal sofrida como de natureza grave,
pois o Código Penal diz que será assim classificada quando a lesão resultar
em incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias.

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03. LEI PENAL NO TEMPO E LEI TEMPORÁRIA.

Em razão da situação política do país, foi elaborada e publicada, em 01.01.2017, lei


de conteúdo penal prevendo que, especificamente durante o período de 01.02.2017
até 30.11.2017, a pena do crime de corrupção passiva seria de 03 a 15 anos de

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reclusão e multa, ou seja, superior àquela prevista no Código Penal, sendo que, ao
final do período estipulado na lei, a sanção penal do delito voltaria a ser a prevista
no Art. 317 do Código Penal (02 a 12 anos de reclusão e multa). No dia 05.04.2017,
determinado vereador pratica crime de corrupção passiva, mas somente vem a ser
denunciado pelos fatos em 22.01.2018.

Analise o caso concreto citado acima, respondendo fundamentadamente aos


seguintes aspectos:

A) A lei mencionada no enunciado da questão tem natureza de Lei Temporária?


Justifique.

B) Em caso de condenação, qual será a pena aplicada ao vereador? Justifique.

A lei mencionada no enunciado da questão, pelo fato de viger por período


determinado, tem a natureza de lei temporária, cujo previsão encontra-se no
artigo 3º do Código Penal, que tem a seguinte redação: "A lei excepcional ou
temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência”. Assim, a lei temporária é aplicável em situações anômalas que
justificam a sua ultratividade, pois visam justamente resguardar os fatos
ocorridos em uma circunstância extraordinária, configurando uma exceção ao
princípio da retroatividade da lei mais favorável ao réu, que voltou a viger ao
tempo do oferecimento da denúncia. Dessa forma, a pena cabível será de 03 a
15 anos diante da natureza de lei temporária da norma que vigia na data dos
fatos.

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04. TIPICIDADE E TENTATIVA.

Com a intenção de praticar um golpe, Manoel pagou diversos produtos comprados


em determinada loja com um cheque clonado pré-datado. Antes da data do
vencimento do cheque, Manoel, arrependido, retornou à loja e trocou o cheque por

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dinheiro em espécie, tendo quitado o débito integralmente.

A respeito da conduta de Manoel na situação hipotética apresentada, responda


fundamentadamente aos seguintes questionamentos:
A) Manoel praticou o crime de Estelionato? Justifique.

B) Cabe a aplicação da pena de tentativa? Justifique.

No caso em análise, mesmo Manoel tendo iniciado os atos executórios e


os realizado por completo, o crime não havia se consumado, dado que o crime
de estelionato (previsto no artigo 171 do Código Penal) somente se consuma
com a obtenção da vantagem, o que ocorreria quando da devolução do
cheque clonado em seu vencimento.
Além disso, uma vez que o agente, ao pagar efetivamente pelo produto,
impediu a consumação do crime de estelionato, configurando-se o
arrependimento eficaz, ele não poderá responder pelo referido crime na
modalidade tentada, devendo responder apenas pelos atos praticados
anteriormente, caso sejam criminosos, por determinação do artigo 15 do
Código Penal.

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05. CULPABILIDADE, ILICITUDE E LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE.

A fim de produzir prova em processo penal, o Juiz de Direito de determinada


comarca encaminha requisição à Delegacia de Polícia local, ordenando que seja
realizada busca domiciliar noturna na casa de um réu. O Delegado de Polícia

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designa, assim, uma equipe de agentes para o cumprimento da medida, sendo certo
que um dos agentes questiona a legalidade do ato, dado o horário de seu
cumprimento. O Delegado confirma a ilegalidade. No entanto, sustenta que a
diligência deve ser realizada, uma vez que há imposição judicial para seu
cumprimento. Com base apenas nas informações constantes do enunciado, caso os
agentes efetivem a busca domiciliar noturna, RESPONDA:

A) Haverá crime por parte dos agentes? Justifique.

B) Se tipificado o crime, poderá ser aplicada alguma excludente de culpabilidade


aos agentes? Justifique.

A Lei de Abuso de Autoridade (Lei n° 13.869/2019) prevê que é crime


invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do
ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas
mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições
estabelecidas em lei, incorrendo na mesma pena aquele que cumpre mandado
de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das
5h (cinco horas). Dessa forma, há crime de Abuso de Autoridade por parte dos
agentes.
Além disso, não é possível aplicar exclusão de culpabilidade aos agentes,
uma vez que o fato não é cometido sob coação irresistível e nem em estrita
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico.

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06. IMPUTABILIDADE PENAL E LESÕES CORPORAIS:

Gabriel, 25 anos, desferiu, de maneira imotivada, diversos golpes de madeira na


cabeça de Fábio, seu irmão mais novo e este veio a ficar incapacitado
permanentemente para o trabalho. Após ser denunciado, foi realizado exame de

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insanidade mental, constatando-se que, no momento da agressão, Gabriel, em
razão de desenvolvimento mental incompleto, não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato.

Analisando a situação hipotética acima, responda de forma fundamentadas às


seguintes perguntas:

A) Qual crime cometido por Gabriel? Justifique.

B) Gabriel poderá ser isento de pena em virtude do seu desenvolvimento mental


incompleto? Justifique.

Ao analisar o caso em tela, podemos afirmar que Gabriel cometeu o


crime de lesão corporal dolosa gravíssima contra seu irmão mais novo, Fábio,
pois a conduta de Gabriel fez com que Fábio ficasse incapacitado
permanentemente para o seu trabalho.
Nesse contexto, Gabriel é considerado semi-imputável, pois, ao tempo
da agressão, não era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
em virtude do seu desenvolvimento mental incompleto. Nessa condição, não
poderá ser aplicada a isenção de pena, pois esta só se aplica quando o agente
é inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com este entendimento. No entanto, é possível a aplicação da
redução de pena de um a dois terços.

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07. CONCURSO DE PESSOAS E PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Glauco andava de bicicleta numa estrada rural. Caiu do veículo e teve fratura
exposta do osso de uma das pernas. João e José passaram pelo local, viram
Glauco caído e pedindo auxílio, mas deixaram de socorrê-lo, apesar de poderem

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fazê-lo sem risco pessoal.

Analise a situação fática acima e responda:


A) João e José cometeram algum crime? Justifique.

B) Houve concurso de agentes no caso em questão? Justifique.

Primeiramente, podemos perceber que João e José cometeram o crime


de Omissão de socorro previsto no artigo 135 do Código Penal, pois deixaram
de prestar assistência a Glauco quando era possível fazer sem nenhum risco
pessoal a eles e, tampouco, pediram o socorro da autoridade pública.
Além disso, continuando a análise é possível dizer que no caso do crime
de omissão de socorro (art. 135 do CP), cada agente responde isoladamente
pelo crime de omissão de socorro, não há concurso entre os agentes, pois
cada um violou separadamente o mandamento normativo descrito no tipo
penal do art. 135 do CP. Em outras palavras, não há possibilidade de concurso
entre agentes no caso de crimes omissivos. Assim, cada um vai responder
pelo crime como autor isolado, uma vez que caberia tanto a João, quanto a
José prestarem auxílio a vítima, todavia, mesmo sabendo que a vítima
necessitava de ajuda, se omitiram dolosamente de ajudá-la, vindo assim a
configurar o crime em análise.

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08. CONCURSO DE PESSOAS E CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA

João revelou a Pedro que estava pensando em subtrair dinheiro do cofre da


repartição pública em que trabalhava, mas não sabia como abri-lo. Pedro, então,

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informou-lhe que ouviu o chefe do setor dizer que o segredo do cofre estava escrito
num dos quadros que decoravam a parede. De posse dessa informação, João abriu
o cofre e retirou dinheiro do seu interior, gastando-o em proveito próprio.

Diante dos fatos narrados, responda fundamentadamente:


A) Qual crime praticado por João? Justifique.

B) Qual crime praticado por Pedro? Houve coautoria? Justifique.

Analisando os fatos narrados acima, é possível afirmar que João


cometeu o crime de Peculato previsto no artigo 312 do Código Penal uma vez
que ele trabalhava em uma repartição pública e subtraiu dinheiro em proveito
próprio, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcionário.
Além disso, nesse contexto, houve apenas auxílio por parte de Pedro,
uma vez que o mesmo não praticou quaisquer atos executórios (leia-se, não
realizou o verbo do tipo penal), motivo pelo qual não poderia ser enquadrado
como autor da infração. Assim, Pedro responderá como partícipe do crime de
peculato. É válido citar ainda que o Código Penal adotou como regra a teoria
monista para o concurso de pessoas, logo tanto João como Pedro vão
responder pelo mesmo crime, a diferença é que o primeiro será autor e o
segundo será partícipe.

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09. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Mateus pegou o carro de Pedro, com devida anuência, para limpeza no lava a jato.
Após a lavagem, Mateus decidiu não mais devolver o carro e sumiu. Com base
nessa situação hipotética, responda de maneira fundamentada:
A) Qual crime cometido por Mateus? Responda justificadamente.

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B) Segundo o Código Penal, quais as circunstâncias que poderiam aumentar a pena
de tal crime? Há incidência no caso citado?

Ao analisar o caso em tela, podemos perceber que Mateus cometeu o


crime de Apropriação Indébita que é previsto no artigo 168 do Código Penal:
Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção. Mateus
tinha a posse do carro que havia sido dado a ele para que ele lavasse, no
entanto, decidiu sumir com o veículo, apropriando-se do mesmo.
O Código Penal diz também que a pena poderá ser aumentada de um
terço, caso o agente tenha recebido a coisa (o carro): em depósito necessário;
na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial; e em razão de ofício, emprego ou
profissão. Dessa forma, como Mateus recebeu o caso em razão de um ofício
(finalidade de lavar o carro), poderá ser aumentada a sua pena no caso de
condenação.

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10. CRIMES CONTRA A VIDA E CONCURSO DE PESSOAS.

A médica M. deseja matar o paciente P. Para tanto, entrega ao enfermeiro E. uma


ampola contendo substância venenosa, rotulando-a como medicamento e dizendo a
E. que o conteúdo da ampola deve ser ministrado imediatamente a P. mediante

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injeção. E. injeta em P. a substância venenosa, indo P. imediatamente a óbito.

Levando em consideração o caso hipotético acima, RESPONDA:

A) Qual crime cometido pela médica M.? Justifique.

B) O enfermeiro E. será considerado coautor ou partícipe do crime? Ele poderá


responder culposamente? Justifique.

Analisando a situação acima narrada, podemos perceber que a médica


M. tinha o desejo de matar o paciente P. e assim o fez mediante emprego de
substância venenosa. Dessa forma, a médica praticou o crime de homicídio
doloso qualificado com emprego de veneno, sendo assim, ela é considerada
autora mediata do crime.
Nesse contexto, analisando a conduta do enfermeiro E., percebemos
que ele desconhecia o conteúdo da ampola e pensava que se tratava de
medicamento. Dessa forma, mesmo tendo aplicado a substância venenosa na
vítima, o enfermeiro é considerado executor impunível e não é considerado
coautor do crime e nem partícipe. Não podendo responder nem a título de
culpa, pois não tinha como ter evitado a injeção do veneno.

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11. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Maurício, estudante com vinte e três anos de idade, sem antecedentes criminais,
encontrava-se na fila de um supermercado aguardando sua vez para pagar pelo
produto escolhido. Ainda na fila, Maurício foi abordado por Renato, segurança do
estabelecimento, que pediu para revistá-lo, pois o havia visto colocando algumas

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peças de roupa dentro da mochila. De fato, Maurício havia pegado as roupas, que
foram avaliadas em R$ 215,00. O agente admitiu que havia se apoderado das
peças de roupa para seu uso pessoal e que não tinha a intenção de pagar por elas.
Renato solicitou, então, a presença da polícia militar, que, ao analisar o caso, deu
voz de prisão em flagrante a Maurício, conduzindo-o à delegacia de polícia mais
próxima, para a lavratura do respectivo auto de prisão.

Com base na situação hipotética apresentada acima, redija, de forma


fundamentada, um texto dissertativo, que atenda, necessariamente, ao que se pede
a seguir.
a) Discorra sobre o furto privilegiado e sobre o furto de bagatela, apresentando as
diferenças entre ambas as figuras.
b) Em qual modalidade se enquadraria a conduta de Maurício?

O furto privilegiado é aquele cuja conduta é praticada por réu primário e a


coisa furtada é de pequeno valor em que o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços ou aplicar somente
a pena de multa.
Além disso, o princípio da insignificância ou bagatela afasta a tipicidade
material. Não há um parâmetro objetivo para o reconhecimento do princípio da
insignificância, contudo, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça,
reconhece-se que a lesão jurídica resultante do crime de furto não pode ser
considerada insignificante quando o valor dos bens subtraídos perfaz mais de
10% do salário mínimo vigente à época dos fatos. Assim, há diferenças, pois
no furto privilegiado há o fato típico e no princípio da insignificância há a
descaracterização do fato típico, inexistindo crime.
A conduta de Maurício enquadra-se como furto privilegiado, uma vez que a
coisa furtada é considerada como de pequeno valor, mas não se enquadra
como de valor ínfimo, visto que ultrapassa 10% do salário mínimo vigente.

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12. ABORTO
Ana, após realizar exame médico, descobriu estar grávida. Estando convicta de que
a gravidez se deu em decorrência da prática de relação sexual extraconjugal que
manteve com Pedro, seu colega de faculdade, e temendo por seu matrimônio
decidiu por si só que iria praticar um aborto. A jovem comunicou a Pedro que estava

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grávida e pretendia realizar um aborto em uma clínica clandestina. Pedro, por sua
vez, procurou Robson, médico recém-formado, e o convenceu a praticar o aborto
em Ana. Assim, alguns dias depois de combinar com Pedro, Robson encontrou Ana
e realizou o procedimento de aborto na clínica clandestina.

Sobre a questão apresentada, responda fundamentadamente:


A) Houve crime cometido por Ana? Houve crime cometido por Pedro? O médico
cometeu crime? Justifique.

B) Cite as situações de aborto que são permitidas no Brasil.

Analisando a situação narrada, percebemos que a conduta de Ana é


tipificada como crime de aborto provocado pela gestante, uma vez que ela
consentiu que terceiro o fizesse. Além disso, Robson, mesmo sendo médico,
irá responder pelo crime de aborto com o consentimento da gestante. Nesse
mesmo contexto, Pedro irá responder como partícipe no crime de Robson já
que ele colaborou com o propósito de interrupção da gravidez, procurando o
médico Robson e convencendo-o a praticar o aborto em Ana.
Ademais, no Brasil é permitido o aborto quando: não há outro meio de
salvar a vida da gestante; a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido
de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal;
ou quando o feto é anencéfalo.

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13. CRIMES CONTRA A HONRA:
Um indivíduo negro, síndico do edifício onde morava, ao flagrar um morador na
piscina do bloco com um recipiente de isopor cheio de bebidas alcoólicas — atitude
que afronta a norma regimental proibitiva do condomínio —, recriminou-o, dizendo
simplesmente: “– você não pode fazer isso!”. Enfurecido, o morador retrucou a

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admoestação, proferindo ofensas relativas à raça e à cor do síndico, com a seguinte
frase: “– Negro safado e fedido, volte para a África, que é seu lugar!”. A ofensa foi
proferida em voz alta, na presença de vários condôminos que usufruíam da área de
lazer.

Sobre a situação hipotética narrada, responda fundamentadamente:


A) A conduta do morador configura hipótese de qual crime?

B) Qual tipo de ação penal para o referido crime? Caberá exceção da verdade ou
perdão judicial no caso em tela?

A conduta praticada pelo morador se amolda efetivamente ao crime de


injúria preconceituosa, ou injúria discriminatória, ou injúria qualificada por
conotação racial, previsto no § 3º do artigo 140 do Código Penal (CP), uma vez
que a ofensa dirigida à vítima (síndico) consistiu na utilização de elementos
referentes a sua raça e a sua cor.
O referido crime é de ação penal pública condicionada à representação
conforme o Código Penal. Além disso, vale salientar que o CP diz também que
não é possível a exceção da verdade para o crime de injúria, sendo aplicável à
calúnia e à difamação.
Por fim, no tocante ao perdão judicial, a doutrina afirma não ser aplicável
na injúria qualificada ou na injúria real.

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14. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO E ERRO DO TIPO
Wesley havia alugado um apartamento parcialmente mobiliado e, após o
encerramento do contrato de locação, chamou Sidney, seu amigo, que nunca havia
estado no imóvel, para ajudá-lo com a retirada de seus pertences. Durante a
mudança, Wesley garantiu a Sidney que a televisão que se encontrava na sala era

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de sua propriedade e deveria ser retirada, embora Wesley tivesse ciência de que o
aparelho pertencia ao proprietário do imóvel. Ao perceber a situação, o proprietário
do imóvel sentiu-se enganado uma vez que havia depositado confiança em Wesley
e registrou boletim de ocorrência contra ele e contra Sidney. Sabe-se que Wesley é
primário e que a televisão é de pequeno valor.

Analisando os fatos acima narrados, RESPONDA:

A) Qual crime cometido por Wesley? Poderá ser aplicado algum privilégio?

B) Qual crime cometido por Sidney? Houve incidência de alguma qualificadora no


caso em tela?

Primeiramente, podemos perceber que Wesley praticou o crime de furto


previsto no artigo 155 do Código Penal, pois subtraiu para si coisa alheia
móvel. Nesse contexto, poderá ser aplicado o privilégio uma vez que Wesley é
primário e é de pequeno valor a coisa furtada, podendo o juiz substituir a pena
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
somente a pena de multa.
Ademais, sobre Sidney, percebemos que ele incorreu em erro inevitável
determinado terceiro, uma vez que tinha a falsa impressão que a televisão era
de Wesley. Dessa forma, sua conduta não foi criminosa.
Por fim, ainda sobre o crime cometido por Wesley, é possível afirmar
também que, além de ser privilegiado, houve incidência de qualificadora, pois
foi cometido com abuso de confiança.

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15. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Ratão e Cara Riscada, foragidos do sistema prisional cearense, dirigiram-se a uma


pacata cidade no interior do Estado. Lá chegando, por volta das 11 horas, invadiram
uma residência, aleatoriamente, e anunciaram o assalto à Mindinha, faxineira, que

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estava sozinha na casa. Amarraram a vítima, trancando-a em um dos quartos do
imóvel. Os dois permaneceram por aproximadamente 45 minutos no local,
buscando objetos e valores. Quando já estavam saindo, carregando um cofre,
ouviram um barulho, que identificaram como sendo uma sirene de viatura policial.
Temendo serem presos, empreenderam fuga, sem nada levar. Assim que percebeu
o silêncio na casa, Mindinha tentou se desamarrar, porém, acabou se lesionando
gravemente, ao tentar fazer uso de uma faca para soltar a corda que a prendia.
Socorrida a vítima e acionada a Polícia Civil, restou esclarecido que a sirene
supostamente ouvida pelos assaltantes era a sineta de encerramento de aula de
uma escola situada ao lado da residência. Os autores do crime foram descobertos
em seguida, já que não conheciam a cidade e acabaram chamando a atenção dos
moradores.

Após analisar a situação fática acima, redija um texto dissertativo que responda
fundamentadamente aos seguintes questionamentos:

A) Houve crime cometido por Ratão e por Cara Riscada?

B) Haverá alguma majorante ou diminuição de pena?

Primeiramente, analisando a situação em questão, percebe-se que a


conduta praticada por Ratão e Cara Riscada foi a de roubo tentado, uma vez
que não obtiveram êxito na subtração da coisa alheia móvel por circunstância
alheia à vontade de ambos, consubstanciada no receio de o barulho por eles
ouvido ser oriundo da sirene de uma viatura policial. Há de se registrar que,
no presente caso, os agentes não chegaram a inverter a posse, ainda que por
breve tempo, pois sequer conseguiram sair do imóvel invadido com o intuito
de subtrair a coisa alheia móvel.
Nesse contexto, também haverá incidência de majorantes por haver
concurso de duas pessoas e por ter havido restrição da liberdade da vítima.
Além disso, por ser tentado, a pena poderá ser diminuída de um a dois terços.

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16. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Pedro e Kaio associaram-se e sequestraram Mateus que é filho de um rico


empresário. Os criminosos conduziram Mateus para uma casa abandonada e
passaram a fazer ligações para seu pai pedindo a quantia de R$ 200.000 para então

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liberar seu filho ileso. Depois de algumas horas do sequestro ter iniciado, Kaio fica
arrependido e decide se entregar à polícia. Ele repassou informações sobre a
localização do cativeiro e isso facilitou a prisão de Pedro e a libertação de Mateus.

Tendo em vista as disposições do Código Penal brasileiro, responda:

A) Qual é a tipificação do crime cometido por Pedro e Kaio? É classificado como


crime Hediondo?

B) Houve arrependimento posterior por parte de Kaio? Explique as consequências


de sua conduta.

Analisando a situação narrada acima, percebe-se que Pedro e Kaio


praticaram o crime de extorsão mediante sequestro previsto no artigo 159 do
Código Penal brasileiro, uma vez que sequestraram Mateus com o fim de obter
vantagem como condição ou preço do resgate. Além disso, vale salientar que
tal crime é taxado como hediondo pela Lei de Crimes Hediondos (lei nº 8.072).
Nesse contexto, sobre a conduta de Kaio, tendo em vista que o crime de
extorsão mediante sequestro já foi consumado e que nele houve grave
ameaça, não há que se falar em arrependimento posterior. Como Kaio
repassou às autoridades informações que facilitaram a libertação do
sequestrado, ele terá sua pena reduzida de um a dois terços.

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17. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO:

Joyce, apresentando-se como agente de viagens, em 04/02/2021, ofertou ao casal


Jane e Marcelo pacote turístico para um cruzeiro. Eles se interessaram pela oferta e
efetuaram o pagamento de parte do valor do pacote a título de sinal. Sem qualquer

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notícia nos dias seguintes, Jane e Marcelo tentaram entrar em contato com Joyce,
mas não obtiveram êxito, pois o endereço e o número de telefone constantes do
cartão de visitas disponibilizado eram falsos. Diante disso, compareceram à
delegacia para registrar a ocorrência. Sabe-se que Joyce é velha conhecida da
polícia e que ela não é primária. Sabe-se ainda que o prejuízo foi de pequeno valor.

Considerando o acima narrado e que o dolo inicial de Joyce restou evidenciado,


RESPONDA E FUNDAMENTE:

A) Qual crime tipifica a conduta de Joyce? É possível a aplicação de privilégio?

B) Qual é o tipo de ação penal no crime em questão?

Analisando os fatos acima narrados, percebemos que os sujeitos


passivos, Jane e Marcelo, entregaram o valor a Joyce, pois essa os induziu
através de uma oferta de um pacote de cruzeiro. Dessa forma, é possível
afirmar que Joyce cometeu o crime de Estelionato previsto no artigo 171 do
Código Penal, pois obteve a vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo o
casal a erro mediante meio fraudulento.
Nesse contexto, é válido citar ainda que não é possível a aplicação do
privilégio, pois, apesar de ser de pequeno valor o prejuízo gerado, a criminosa
Joyce não é primária.
Por fim, em recente atualização trazida pelo Pacote Anticrime ao Código
Penal, o crime de Estelionato passou a ser, em regra, de ação penal pública
condicionada à representação.

18
18. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

João, fiscal de um Município do Estado Alfa, passava por uma rua de comércio
popular com a família, quando seu filho avistou um comerciante vendendo balões de

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personagens infantis e insistiu que queria um. João, então, se dirigiu ao vendedor e
exigiu que ele lhe desse o balão pretendido pelo filho, que estava sendo vendido
para outro casal, dizendo que trabalhava para a Prefeitura e que, se não fosse
atendido, chamaria a guarda municipal para apreender os objetos e lavrar o auto
próprio, no entanto, o vendedor de balões se negou a dar um balão de graça, pois
ele alegou precisar de dinheiro para o sustento da família. Após isso, João desistiu
de chamar a guarda municipal e foi embora.

Sob a ótica do Código Penal brasileiro, analise o caso acima, abordando


fundamentadamente:

A) A conduta de João foi criminosa? Se sim, qual seria o crime? Houve tentativa?

B) Cite os requisitos do princípio da insignificância. Seria possível a aplicação de tal


princípio a esse caso?

Analisando o caso em tela, é possível afirmar que João cometeu o crime


de Concussão tipificado no artigo 316 do Código Penal, pois exigiu para
outrem uma vantagem indevida de forma direta e em razão da função, mesmo
estando fora dela. Tal crime é formal e consumou-se com a exigência, apesar
de João ter desistido de chamar a guarda municipal.
No que tange ao princípio da insignificância, os requisitos objetivos,
consolidados na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal são os
seguintes: mínima ofensividade da conduta; nenhuma periculosidade social
da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e
inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Por fim, no que se refere à possibilidade da aplicação do princípio da
insignificância, prevalece, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a tese
pela sua impossibilidade quando se tratar do cometimento de crimes contra a
administração pública. Assim, no caso, como a Concussão é crime contra a
administração, esse princípio não será aplicado.

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19. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Suponha que Xeresto, servidor público municipal, tenha solicitado a um cidadão de


bem determinada quantia em dinheiro para que “agilizasse” seu processo de
concessão de alvará para funcionamento de estabelecimento comercial junto à

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Prefeitura. Assim, em razão de sua função, Xeresto prometeu ao cidadão que seu
processo seria organizado e juntado antes de todos os demais, desde que
recebesse a quantia em dinheiro solicitada (na verdade, uma vantagem indevida). O
cidadão, apesar de ser pessoa de conduta ilibada, deu R$ 300 a Xeresto para que
ele o ajudasse. Assim, no dia seguinte, Xeresto praticou ato de ofício infringindo o
seu dever funcional e colocou o citado processo na frente dos demais e agilizou a
concessão do alvará ao cidadão em questão.

Com base nessa situação, responda aos seguintes questionamentos:

A) Houve crime cometido por Xeresto? Há incidência de aumento de pena?

B) O cidadão cometeu crime ao dar a quantia em dinheiro?

Inicialmente, Xeresto, ao solicitar a quantia em dinheiro (vantagem


indevida) ao cidadão, já comete o crime de Corrupção Passiva previsto no
artigo 317 de Código Penal Brasileiro, pois ele é formal.
Nesse contexto, é possível afirmar também que a pena de Xeresto será
aumentada de um terço, uma vez que ele praticou ato de ofício com infração
do seu dever funcional conforme narrado na situação em questão.
Por fim, em relação à conduta do cidadão ao dar a quantia em dinheiro
solicitada, pode-se afirmar que não houve crime, pois o fato de ceder a
investida do servidor não configura o crime de corrupção ativa, tendo em vista
que o ato de “dar” ou “entregar” não pertence aos núcleos configuradores
desse tipo penal.

20
20. LEI DE TORTURA

Teófilo, servidor público do sistema prisional cearense, não gostava da raça do


detento Pedro e, em razão disso, passou a ameaçá-lo gravemente e a constrangê-lo
em todos os dias em que estava de plantão. Pedro começou então a ter várias

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noites de insônia e problemas de ansiedade em virtude do sofrimento mental que as
ameaças estavam lhe causando.

Considerando a situação acima narrada e a aplicação da legislação penal brasileira,


discorra sobre:

A) A tipificação do possível crime cometido por Teófilo e possibilidade ou não de


aumento de pena.

B) As consequências da condenação e a classificação quanto à prescritibilidade ou


não, aplicação de fiança ou não e a suscetibilidade ou não de graça e anistia.

Primeiramente, é possível afirmar que Teófilo cometeu o crime de tortura


racial previsto na Lei de Tortura (Lei nº 9.455), uma vez que, com emprego de
grave ameaça, submeteu o detendo Pedro a intenso sofrimento mental em
razão de discriminação racial.
Nesse contexto, a Lei de Tortura prevê ainda um aumento de pena de um
sexto até um terço pelo fato de Teófilo ser agente público.
Além disso, caso seja condenado, a condenação de Teófilo acarretará a
perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício
pelo dobro do prazo da pena aplicada. Vale ressaltar ainda que, apesar de ser
prescritível, o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou
anistia.

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21. LEI DE DROGAS:
Considere hipoteticamente que Joabe, meliante conhecido na região do Rio
Vermelho, no horário de almoço, próximo ao restaurante azul de fome, foi preso por
estar portando um cigarro de maconha para consumo pessoal. Considere também
que Lorena, jovem estudante de Direito, transportava consigo 2 quilos de maconha

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que havia trazido da Nicarágua quando foi presa pela polícia federal no aeroporto
internacional Pinto Martins.

Tendo por base a Lei 11.343 (Lei de Drogas), responda:


A) A conduta de Joabe é tipificada como criminosa? A que medidas Joabe poderá
ser submetido?

B) Lorena praticou crime? Poderá haver aumento ou diminuição de pena?

Primeiramente, analisando a conduta de Joabe, é possível afirmar que


houve sim o crime de posse de drogas para consumo próprio. Apesar de não
ter sido descriminalizada, a conduta foi despenalizada, afastando a
possibilidade de aplicação de pena privativa de liberdade. Nesse caso,
segundo a Lei de Drogas (Lei nº 11.343), Joabe será submetido às seguintes
medidas: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à
comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo.
Já quanto à Lorena, é possível afirmar que houve o crime de tráfico de
drogas com aplicação do aumento de pena de um sexto a dois terços por se
tratar de tráfico transnacional, uma vez que a droga foi trazida de outro país.

22
22. USO DA FORÇA PELOS AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010.


Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública.

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Tendo por base a Portaria acima, discorra sobre o Uso da Força pelos Agentes de
Segurança Pública e aborde as situações legais do uso e disparo de arma de fogo.

O uso da força por agentes de segurança pública deverá obedecer aos


princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e
conveniência. Nesse contexto, é válido citar que os agentes de segurança
pública não deverão disparar armas de fogo contra pessoas, exceto em casos
de legítima defesa própria ou de terceiro contra perigo iminente de morte ou
lesão grave.
Além disso, é ilegítimo o uso de armas de fogo contra pessoa em fuga que
esteja desarmada ou que, mesmo na posse de algum tipo de arma, não
represente risco imediato de morte ou de lesão grave aos agentes de
segurança pública ou terceiros.
Por fim, é válido também citar que os chamados "disparos de advertência"
não são considerados prática aceitável, por não atenderem aos princípios
acima elencados e em razão da imprevisibilidade de seus efeitos.

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23. LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

A Lei de Abuso de Autoridade (Lei Nº 13.869 de 5 de Setembro de 2019) dispõe


sobre os crimes de abuso de autoridade, definindo condutas e sanções aplicáveis.

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Levando em consideração a referida Lei, discorra sobre os seguintes aspectos:
A) Os efeitos da condenação para os que incidem em abuso de autoridade; e

B) As penas restritivas de direito que são substitutivas das privativas de liberdade


previstas.

A Lei de Abuso de Autoridade prevê como efeitos da condenação: I -


tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o
juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por
ele sofridos; II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função
pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; e III - a perda do cargo, do
mandato ou da função pública.
Nesse contexto, os efeitos II e III citados acima são condicionados à
ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são
automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.
Já no tocante às penas restritivas de direitos substitutivas das privativas
de liberdade previstas nesta Lei temos a prestação de serviços à comunidade
ou a entidades públicas e a suspensão do exercício do cargo, da função ou do
mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos
e das vantagens.

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24. PRINCÍPIOS

Discorra sobre o princípio da insignificância e o princípio da intervenção mínima.

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O princípio da insignificância tem por objetivo restringir a qualificação de
condutas que consistam em ínfima lesão ao bem jurídico tutelado, afastando a
tipicidade penal. Assim, ainda que determinada conduta se adeque
perfeitamente ao tipo penal formalmente definido, é necessário analisar se
essa conduta causou uma ofensa relevante ao bem jurídico tutelado. Caso
seja ínfima a lesão, exclui-se a tipicidade material, consoante a aplicação do
princípio da insignificância.
Outrossim, o princípio da intervenção mínima possui como característica
a subsidiariedade do direito penal em relação aos demais ramos do direito.
Preconiza que o direito penal só deve ser aplicado quando houver extrema
necessidade, mantendo-se como instrumento subsidiário (“ultima ratio”) e
fragmentário no extenso campo de proteção de bens jurídicos. Nesse sentido,
a intervenção do direito penal só estaria autorizada quando as barreiras
dispostas nos demais ramos do direito fossem ineficazes, atuando como
verdadeiro último recurso para a proteção do bem jurídico tutelado.

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25. PRINCÍPIOS

Discorra sobre os princípios a seguir:


A) princípio da fragmentariedade;
B) princípio da ofensividade ou da lesividade.

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O princípio da fragmentariedade baseia-se no fato de que somente as
condutas mais graves e mais perigosas, intentadas contra bens jurídicos
relevantes, necessitam da tutela do direito penal, ou seja, nem todas as lesões
a bens jurídicos justificam a proteção e punição pelo direito penal. Estabelece,
pois, que nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas somente os
que atentarem contra valores fundamentais para a manutenção do progresso
do ser humano e da sociedade.
Por fim, de acordo com o princípio da ofensividade ou lesividade, para
haver uma infração penal, exige-se que do fato praticado ocorra lesão ou, ao
menos, perigo de lesão ao bem jurídico protegido pela norma penal. Dirige-se
ao legislador de forma a impedir a criminalização de condutas tidas como
inofensivas ou que não tragam ao menos perigo real a bens jurídicos
relevantes, bem como ao aplicador do direito penal, que, no caso concreto,
deve verificar se foi inofensiva ao bem jurídico.

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26. EXCLUDENTE DE ILICITUDE
Erasmo, agente público lotado no Fórum Trabalhista de Porto Real/RJ, é o
responsável pela manutenção da segurança do átrio do estabelecimento, sendo a
ele juridicamente possibilitada a tomada de decisões que garantam a integridade
física dos demais funcionários e que preservem o patrimônio público presente no

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local.
Em determinado dia, adentrou no prédio um cidadão segurando um porrete em suas
mãos. Trata-se de Alexandre, empresário insatisfeito com sua derrota obtida em
ação trabalhista que o condenou a pagar verbas indenizatórias valorosas a um
ex-empregado de seu estabelecimento comercial. Alexandre direciona-se até o
balcão da Vara Trabalhista e começa a ameaçar os servidores que ali trabalham,
bem como anuncia que destruirá toda a estrutura daquela repartição. Quando
Alexandre movimenta-se no sentido de atingir um dos computadores da Vara
Trabalhista com o porrete, Erasmo rapidamente intervém e o surpreende por trás,
atingindo Alexandre, com uma pancada na cabeça, com seu cassetete. Alexandre
imediatamente desmaia e é levado ao hospital e, horas depois, recebe alta
hospitalar.
Acerca da ação de Erasmo, introduza e fundamente qual instituto jurídico penal foi
utilizado por ele para justificar sua ação de lesão corporal e excluí-lo de crime,
relacionando a legislação aplicável com o fato enunciado.

No caso em tela, Erasmo é agente público do setor de segurança e, por


isso, tem o dever de ofício de praticar atos que conservem a integridade física
dos demais servidores e preservem o patrimônio público ali constituído.
Dessa forma, se o agente atua no cumprimento de dever legal, seu
comportamento não é antijurídico. Frise-se ser indispensável que o agente
obedeça, rigorosamente, aos limites do dever, que, se ultrapassados,
configurarão abuso de direito ou excesso de poder, e não exclusão da
ilicitude. No caso, não se vislumbra qualquer tipo de abuso, visto que a
atuação de Erasmo ocorre nos limites legais e sob o ponto de vista, inclusive,
da proporcionalidade.
Logo, quando Erasmo praticou, em tese, lesão corporal contra Alexandre,
agiu amparado na referida causa excludente de ilicitude, pois a legislação
aplicável à sua função permitia e exigia que ele tomasse decisões voltadas
para a manutenção da ordem na repartição pública onde estava lotado.

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27. CULPA E CONCEITOS
Toda conduta dolosa ou culposa pressupõe uma finalidade. A diferença entre elas
reside no fato de que, em se tratando de conduta dolosa, como regra, existe uma
finalidade ilícita, ao passo que, tratando-se de conduta culposa, a finalidade é quase
sempre lícita. Nesse caso, os meios escolhidos e empregados pelo agente para

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atingir a finalidade lícita é que são inadequados ou mal utilizados.
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador,
redija um texto dissertativo acerca dos crimes culposos. Seu texto deve conter,
necessariamente:
- os elementos do crime culposo e a descrição de pelo menos dois desses
elementos.
- os conceitos de culpa imprópria.

Os elementos do crime culposo são conduta humana voluntária; violação


ou inobservância de um dever de cuidado objetivo; resultado naturalístico
involuntário; nexo entre conduta e resultado; previsibilidade; tipicidade. A
conduta humana voluntária é a ação ou a omissão dirigida ou orientada pelo
desejo cujo resultado é involuntário e o nexo de causalidade é a relação de
causa e efeito entre a conduta e o resultado naturalístico.
Por fim, sobre a culpa imprópria, ela se verifica quando o sujeito prevê e
deseja o resultado, mas atua em erro inescusável. Ocorre na hipótese de uma
descriminante putativa em que o agente, em virtude de erro evitável pelas
circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se
tivesse praticado um crime culposo. Mencione-se que, apesar de, em regra, os
crimes culposos não serem punidos na modalidade tentada, é possível
admiti-la nos casos em que há a culpa imprópria, diante do seu caráter híbrido
(dolo tratado como culpa).

28
28. CULPA E DOLO EVENTUAL
Ainda sobre culpa, redija um texto dissertativo que traga os conceitos de culpa
inconsciente, culpa consciente e dolo eventual e suas diferenças.
Numa das classificações da culpa, há a distinção da culpa consciente e da
inconsciente. A primeira ocorre nas situações em que, embora o agente

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preveja o resultado, espera que este não ocorra e não o aceita como possível
em razão de sua habilidade ou experiência.
Já a culpa inconsciente ocorre nas situações em que o agente não prevê o
resultado de sua conduta, embora este seja previsível, refere-se ao clássico
crime culposo, em que o agente não prevê o resultado devido ao fato de ter
sido negligente, imprudente ou imperito.
Frise-se que nenhuma das espécies de culpa acima mencionadas
confunde-se com o dolo eventual, circunstância em que o agente prevê o
resultado, mas não se importa com os possíveis efeitos lesivos. Nesse caso, o
agente conhece a possibilidade do resultado, mas assume o risco de
produzi-lo, de forma indiferente em relação ao bem jurídico tutelado.

29
29. TENTATIVA
Elabore um texto dissertativo que aborde a tentativa no Direito Penal. Mencione,
necessariamente, os seguintes aspectos:
a) O conceito e, entre as teorias que visam a fundamentar a punibilidade da
tentativa, a adotada como regra pelo Código Penal.

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b) Tentativa perfeita e imperfeita.

Um crime é dito como tentado quando, iniciada a execução, não se


consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Nesse contexto,
entre as teorias que visam a fundamentar a punibilidade da tentativa, a
adotada, em regra, pelo Código Penal (CP) é a teoria objetiva, segundo a qual
a punibilidade da tentativa se relaciona ao perigo proporcionado ao bem
jurídico. Assim, deve-se considerar tanto o desvalor da conduta quanto do
resultado e, por isso, deve haver uma redução de pena quando o agente não
conseguir consumar a infração penal.
Entre variadas classificações da tentativa, destaca-se a que leva em
consideração o caminho percorrido durante a fase de execução. Nesse
sentido, tem-se: a tentativa imperfeita, na qual o agente é interrompido
durante a fase executória do crime sem que tenha esgotado todos os atos que
queria ou podia, e a tentativa perfeita, aquela em que o agente esgota todos os
meios disponíveis para atingir o resultado, mas não ocorre a consumação por
circunstâncias alheias à sua vontade.

30
30. TENTATIVA
Ainda sobre a tentativa, discorra sobre a diminuição de pena para o crime tentado e
cite espécies de crimes que não admitem a tentativa.
Em consonância com a teoria objetiva da punibilidade da tentativa, a pena
a ser aplicada para o crime tentado corresponde à do crime consumado,

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diminuída de um a dois terços. O “quantum” dessa diminuição é inversamente
proporcional à aproximação do resultado representado: quanto maior o “iter
criminis” percorrido pelo agente, menor será a fração da causa de diminuição.
Os crimes culposos (exceto a omissão imprópria) não admitem tentativa,
pois neles o agente não busca alcançar o resultado, de forma que não se pode
tentar aquilo que não se quer. As contravenções também não admitem
tentativa, pois, embora no plano fático seja possível, há expressa vedação na
Lei de Contravenções penais. Também não se aplica aos crimes
preterdolosos, pois neles o resultado mais grave não é desejado,
encaixando-se na justificativa apresentada aos crimes culposos. A tentativa
também não é cabível para os crimes unissubsistentes que são aqueles que
se realizam com um único ato, suficiente para alcançar a consumação,
tornando impossível a divisão do “iter criminis”.

31
31. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO E NOTITIA CRIMINIS
Silas, Juca e Celso, armados com pistola 380 e revólver de calibre 38, abordaram
Célia na saída de um shopping center na cidade de Salvador – BA e, mediante
grave ameaça, obrigaram-na a ingressar no próprio veículo, juntamente com os três.
Dentro do veículo, os agentes constrangeram a vítima a lhes entregar cartões

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bancários e as respectivas senhas. Pretendendo utilizar os referidos cartões em
compras e em saques em caixas eletrônicos, os autores do delito restringiram a
liberdade de Célia como forma de assegurar o sucesso da empreitada delituosa.
Silas assumiu a direção do veículo e rumou para a saída do estacionamento.
Policiais civis da delegacia do bairro que lanchavam em estabelecimento comercial
próximo ao estacionamento do shopping center presenciaram a ação dos agentes
dentro do veículo e imediatamente empreenderam perseguição aos criminosos. Ao
perceber que estava sendo seguido, Silas dirigiu o veículo em direção à cidade de
Feira de Santana – BA. Ao entrar no perímetro urbano da cidade, Silas, que dirigia
em alta velocidade, perdeu o controle do veículo, que se chocou contra um muro.
Os agentes prenderam em flagrante Silas e Juca, tendo Celso sido levado para
hospital mais próximo em estado grave. Nada foi subtraído da vítima, que foi
libertada pelos policiais.

Em face dessa situação hipotética, indique, com base no Código Penal e no Código
de Processo Penal:
A) O(s) crime(s) perpetrado(s) por Silas, Juca e Celso.
B) Explique do que se trata a notitia criminis e qual a espécie aplicável ao caso em
tela.

O crime perpetrado por Silas, Juca e Celso é a extorsão, qualificada


pela restrição da liberdade da vítima como condição necessária para a
obtenção da vantagem econômica, vulgarmente conhecida como “sequestro
relâmpago”. No caso, são aplicáveis, ainda, duas causas de aumento de pena,
tendo em vista que o referido crime foi cometido por duas ou mais pessoas e
com o emprego de arma. No caso de Silas, responderá, ainda, em concurso,
pelo crime de lesão corporal culposa na condução de veículo automotor,
previsto no Código de Trânsito Brasileiro.
Além disso, “notitia criminis” é o conhecimento, espontâneo ou
provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato aparentemente
criminoso. No caso em tela, ocorre a “notitia criminis” de cognição coercitiva,
tendo em vista que a autoridade policial tomou conhecimento do fato
delituoso por meio da apresentação do indivíduo preso em flagrante.

32
32. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Considere a seguinte situação hipotética. Teobaldo, servidor público, solicita
vantagem indevida para deixar de praticar ato de ofício, o qual prejudicaria o
particular de nome Fernando. Fernando, cedendo à investida do referido servidor
público, entrega a Teobaldo R$ 7.000,00, que, após o recebimento da quantia, deixa

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de praticar o ato, na forma combinada com o particular.

Com base nessa situação, responda aos seguintes questionamentos:


a) Houve crime cometido por Teobaldo? E por Fernando?
b) Ao caso, aplica-se o princípio da insignificância? Justifique.

Em virtude do recebimento da quantia para a prática de ato de ofício, o


crime cometido por Teobaldo foi o de corrupção passiva, uma vez que recebeu
vantagem indevida, comprovada pela percepção de quantia equivalente a R$
7.000,00. Além disso, pelo fato de Teobaldo ter praticado o fato na forma
combinada, incidirá majorante da pena, na razão de 1/3, conforme expressa
determinação do Código Penal. Já no que se refere a Fernando, não se
configura a ocorrência de qualquer crime. O fato de ceder a investida do
servidor não configura o crime de corrupção ativa, tendo em vista que o ato de
“dar” ou “entregar” não pertence aos núcleos configuradores desse tipo
penal.
No que se refere à possibilidade da aplicação do princípio da
insignificância, prevalece, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a tese
pela sua impossibilidade quando se tratar do cometimento de crimes contra a
administração pública. Assim, no caso, como a corrupção passiva é crime
contra a administração, esse princípio não será aplicado.

33
33. LEGÍTIMA DEFESA E CRIME CONTRA A VIDA.
Determinada autoridade policial de uma Comarca da Bahia, que preside
investigação policial envolvendo crime de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, em razão dos elementos colhidos, representou à autoridade judiciária
competente pela prisão preventiva de seu principal integrante, Pedro. Em razão do

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acolhimento dos argumentos apresentados pela autoridade policial, o Juiz de Direito
determinou a prisão preventiva de Pedro, ordenando a expedição do mandado de
prisão e demais formalidades administrativas. Sendo assim, a autoridade policial
determinou a André, investigador de polícia do Estado da Bahia, que desse
cumprimento ao mandado de prisão expedido.
André, ao dar cumprimento ao mandado de prisão preventiva de Pedro, foi
surpreendido com uso de violência física e agressões por parte de Pedro. Este
desferiu socos e chutes contra André. Nesse contexto, Pedro tirou uma arma de
dentro de sua jaqueta e atirou contra André, atingindo seu ombro esquerdo.
Todavia, ao final de toda confusão, André, mesmo ferido, acabou revidando também
com uso de arma de fogo, com intuito de fazer cessar a agressão perpetrada por
Pedro, atingindo-o com um tiro fatal.

A partir da situação hipotética, responda:


a) André cometeu crime? Fundamente.
b) Por qual delito responde Pedro? Fundamente.

No caso em tela, verifica-se que o policial André não cometeu nenhum


crime, visto que acobertado pela excludente de ilicitude da legítima defesa.
Isso se justifica pelo fato de estarem presentes todos os requisitos
necessários para que a legítima defesa se configure, a saber: agressão injusta
e atual, expondo a perigo de lesão um bem jurídico tutelado pelo ordenamento
jurídico; emprego dos meios necessários de forma moderada e proporcional,
na medida para fazer cessar a agressão injusta; e em proteção de direito
próprio, no caso, a vida do policial.
Por outro lado, no que se refere a Pedro, observa-se o cometimento do
crime de resistência, em concurso com a tentativa de homicídio qualificado.
Segundo o Código Penal (CP), o crime de resistência consiste na oposição à
execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário
competente para executá-lo. É o que ocorre no caso, visto que Pedro se opôs,
mediante violência, ao cumprimento de mandado de prisão preventiva
operacionalizado por um policial.

34
34. ABANDONO DE INCAPAZ
Mévio, de 24 anos, separado, pai de Caio e Tícia, gêmeos de 3 anos de idade, no
fim de semana destinado a ficar com os filhos, é convidado para uma festa de
casamento. Não encontrando ninguém para ficar com as crianças e decidido a não
perder a festa, Mévio aguarda os filhos dormirem e sai. Mévio fechou a porta do

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quarto das crianças, bem como todas as janelas do imóvel, a fim de abafar bem o
barulho, para que os vizinhos não ouvissem o choro dos filhos, caso acordassem.
Mévio permaneceu longe dos filhos por cerca de 5 horas. Quando retornou, já na
madrugada, logo que abriu a porta de casa, ouviu o choro de um dos filhos.
Chegando no quarto, contudo, notou que a menina, Tícia, estava imóvel, virada de
bruços. Ao desvirar a criança, percebeu que ela já apresentava sinais arroxeados.
Desesperado, o pai chama o socorro. A criança é levada ainda com vida para o
hospital, mas não sobrevive. A criança morreu por asfixia, causada por espasmo do
choro. Instaurado inquérito policial, Mévio negou que tivesse deixado os filhos
sozinhos. No entanto, as imagens das câmeras de segurança do prédio, solicitadas
pela Autoridade Policial, mostraram que Mévio saiu na noite dos fatos,
permanecendo por pelo menos 5 horas longe dos filhos.
Considerando o fato típico, seus elementos e a ilustração hipotética, responda:
A) O resultado morte de Tícia pode ser imputado a Mévio? Fundamente a resposta.
B) Com relação ao bebê Caio, que nada sofreu, o pai praticou algum crime?
Fundamente a resposta.

Em referência à situação, o resultado morte de Tícia pode ser imputado a


Mévio, ainda que ele não tenha praticado nenhuma conduta ativa que levasse
à morte da filha, visto que a omissão também pode ser causa do resultado.
Configurou-se o crime de abandono de incapaz que consiste, de acordo com o
CP, em abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos
resultantes do abandono. Assim, no caso, haja vista a existência de uma
relação jurídica (pai e filhos) que implica num dever específico de guarda; a
incapacidade dos filhos de três anos e a ocorrência do núcleo do tipo
“abandonar”, gerando um perigo concreto aos filhos, a conduta de Mévio
subsume-se ao delito mencionado.
Por fim, em relação a Caio, o pai também praticou o crime de abandono
de incapaz, mas na sua forma simples e também majorado pela sua condição
de ascendente. Apesar de Caio nada ter sofrido, o crime se consuma no
momento do abandono, desde que resulte perigo concreto.

35
35. IMPUTABILIDADE PENAL

Sobre a imputabilidade, escreva um texto dissertativo que responda às seguinte


perguntas:

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Quais os critérios para a aferição da inimputabilidade penal? Quais foram adotados
pelo Código Penal?

Inicialmente, esclareça-se sobre a existência de três critérios para a


aferição da imputabilidade do agente. O primeiro deles é o biológico em que
basta a existência de uma doença mental ou determinada idade para que o
agente seja considerado inimputável. O segundo é o psicológico, por meio do
qual só se pode aferir a imputabilidade na análise do caso concreto.
Ainda, como terceiro critério, há que se mencionar o critério
biopsicológico, o qual consiste numa mescla das características dos dois
primeiros. A inimputabilidade decorrente da adoção deste critério deve provir
de dois fatores: deve haver uma situação prévia que gere a presunção de
inimputabilidade (critério biológico, legal, objetivo), mas o juiz deve analisar
no caso concreto se o agente era ou não capaz de entender o caráter ilícito da
conduta ou de se comportar conforme o direito (critério psicológico). Segundo
entendimento doutrinário, o critério adotado pelo Código Penal (CP) brasileiro,
como regra, é o biopsicológico. Excepcionalmente, foi adotado o sistema
biológico no que se refere aos menores de 18 anos.

36
36. IMPUTABILIDADE PENAL.
José encontra Paulo na festa de formatura de uma amiga em comum. Todavia, José
é inimigo de longa data de Paulo e, estando já completamente embriagado, por ter
exagerado no consumo de álcool, resolve colocar na bebida de Paulo uma
determinada substância tóxica, a fim de ceifar a vida deste. Paulo, sem saber do

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ocorrido, ingere a bebida e começa a passar mal, ficando descontrolado,
absolutamente fora de si. Durante o socorro prestado pelos paramédicos, Paulo
profere xingamentos graves contra os referidos servidores públicos.
Posteriormente, José e Paulo são processados criminalmente. O primeiro por
tentativa de homicídio e o segundo por desacato. No decorrer do processo, fica
comprovado que José era portador de doença mental e, no momento do fato, era
parcialmente incapaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de
acordo com este entendimento. Fica comprovado, também, que Paulo não tinha
discernimento algum quando desacatou os funcionários, em razão da ingestão da
substância colocada por José.
Neste caso, exclusivamente sob o prisma da imputabilidade penal, responda:
A) José é inimputável? Qual a consequência jurídica para o agente?
B) Paulo é inimputável? Quais as consequências penais cabíveis?

No caso em tela, José é considerado semi-imputável, e não inimputável.


Isso, porque ficou comprovado que José era portador de doença mental e, no
momento do fato, era parcialmente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
e de determinar-se de acordo com este entendimento. A embriaguez completa,
neste caso, não tem relevância, eis que se trata de embriaguez voluntária. No
caso, a consequência jurídica é a condenação, porém com redução de pena,
de um a dois terços, ou a substituição da pena por medida de segurança.
Paulo, por sua vez, é considerado inimputável, porque, no momento do
fato, não possuía qualquer discernimento, em razão de embriaguez acidental
(decorrente de caso fortuito ou força maior). Como essa embriaguez é
completa, fica, pois, excluída a culpabilidade e o agente é isento de pena.

37
37. CONCURSO DE PESSOAS
Leia, com atenção, o texto a seguir.

Frequentemente a ação delituosa é produto da concorrência de várias condutas


praticadas por sujeitos distintos. As razões que podem levar o indivíduo a

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consorciar-se para a realização de uma empresa criminosa podem ser as mais
variadas: assegurar o êxito do empreendimento delituoso, garantir a impunidade,
possibilitar o proveito coletivo do resultado do crime ou simplesmente satisfazer
outros interesses pessoais. No cometimento de uma infração penal, essa reunião de
pessoas dá origem ao chamado concursus deliquentium.

Considerando que o texto apresentado tem caráter meramente motivador, redija um


texto dissertativo no tocante ao Concurso de Pessoas. Aborde, necessariamente, os
seguintes tópicos:
a) a teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro;
b) os requisitos do concurso de pessoas;

Inicialmente, esclareça-se que o concurso de pessoas ocorre quando duas


ou mais pessoas concorrem para a prática de uma mesma infração penal. Ao
dispor que quem, de qualquer modo, concorrer para o crime incide nas penas
a este cominadas, na medida de sua culpabilidade, o Código Penal Brasileiro
(CPB) adota, em regra, a teoria monista ou monística para distinguir o crime
cometido pelas pessoas que participaram do crime. Frise-se que, embora
ambos respondam pelo mesmo tipo penal, o juiz individualizará as penas em
concreto de acordo com a maior ou menor relevância das pessoas envolvidas
na atividade criminosa, ou seja, de acordo com a sua culpabilidade. Em razão
da possível diferenciação na pena de cada infrator, parte da doutrina entende
que o CPB adotou uma espécie de teoria monista mitigada.
Outrossim, como requisitos para o concurso de pessoas, citam-se: a
pluralidade de agentes culpáveis; a relevância causal das condutas para a
produção do resultado; o vínculo ou liame subjetivo; a unidade de infração
penal para todos os agentes e a existência de fato punível.

38
38. CONCURSO DE PESSOAS

Ainda sobre o Concurso de Pessoas, redija um texto dissertativo e aborde os


seguintes tópicos:
c) a figura dos coautores e partícipes;

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d) a comunicabilidade e a incomunicabilidade das condições de caráter pessoal.

Em virtude de o Código Penal (CP) não ter diferenciado as figuras dos


coautores e partícipes, as definições ficaram por conta da doutrina. A doutrina
majoritária considera que o CP adota a teoria objetivo-formal, segundo a qual
o autor é quem pratica a ação nuclear típica descrita pelo preceito primário da
norma incriminadora e o partícipe é quem concorre de qualquer forma para o
crime, sem, no entanto, praticar o núcleo do tipo.
Segundo o CP, não se comunicam as circunstâncias e as condições de
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Trata-se de disposição a
partir da qual se extraem as seguintes conclusões. Em primeiro, as
circunstâncias e as condições de caráter pessoal não se comunicam.
Contudo, se essas circunstâncias ou condições forem de caráter real, elas se
comunicam, desde que os demais agentes tenham conhecimento a seu
respeito. Finalmente, as elementares sempre se comunicam, sejam elas de
caráter real ou pessoal. Nesse caso, também, desde que sejam do
conhecimento dos demais agentes.

39
39. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ E POSTERIOR.
"Desde que o desígnio criminoso aparece no foro íntimo da pessoa, como um
produto da imaginação, até que se opere a consumação do delito, existe um
processo, parte do qual não se exterioriza, necessariamente, de maneira a ser
observado por algum espectador, excluído o próprio autor. A este processo dá-se o

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nome de iter criminis ou caminho do crime, que significa o conjunto de etapas que
se sucedem, cronologicamente, no desenvolvimento do deleito."

Com base no que acima foi exposto, elabore um texto dissertativo sobre o iter
criminis ou caminho do crime. Mencione, necessariamente, os seguintes aspectos:
A) Diferencie a desistência voluntária e o arrependimento eficaz;
c) Conceito, natureza jurídica e efeitos do arrependimento posterior.

A desistência voluntária configura-se quando o agente, por ato voluntário,


interrompe os atos executórios. De forma diversa, no arrependimento eficaz, o
agente já praticou todos os atos executórios suficientes para a consumação
do crime, mas, após isso, arrepende-se do ato e adota providências que
impedem a produção do resultado. Assim, a desistência voluntária aplica-se
até o fim dos atos executórios, enquanto o arrependimento eficaz é cabível
somente a partir desse ponto, mas antes que o crime se consuma. São
requisitos de ambos os institutos: que já se tenha iniciada a execução, a
voluntariedade e a eficácia, de modo que o resultado do crime seja evitado.
Por fim, o arrependimento posterior ocorre quando, nos crimes cometidos
sem violência ou grave ameaça à pessoa, o agente, voluntariamente e até o
recebimento da denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano
provocado pela sua conduta. Possui natureza jurídica de causa obrigatória de
diminuição de pena, cuja redução variará de 1/3 a 2/3, a depender da
celeridade com que ocorreu o arrependimento e a voluntariedade desse ato.

40
40. CRIME CONTRA A ADM. PÚBLICA E LEI DE DROGAS
O policial civil Carlos Sperto, após exaustiva investigação, logra prender em
flagrante delito, o indivíduo Pedro Custódio, conhecido pela alcunha de "Motoboy ",
quando este vendia a pessoa não identificada por ter se evadido, certa quantidade
da droga conhecida como crack, substância sabidamente nociva à saúde. No

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momento da abordagem policial, foi encontrada na mochila portada por "Motoboy" a
quantidade de 72 (setenta e duas) pedras de crack e 103 (cento e três) papelotes de
cloridrato de cocaína. Instigado por seu cunhado David Silva, presente no momento
da ação, o policial Carlos obriga "Motoboy" a pagar a quantia de R$ 2.500,00 (dois
mil e quinhentos reais), para não conduzi-lo até a delegacia policial da área, sendo
certo que o preso concordou com o valor estipulado, entretanto, alegou que
somente poderia efetuar o pagamento em questão de dois dias depois, quando iria
dispor do dinheiro, e assim ficou acertado. Neste interregno, o fato chegou ao
conhecimento da Corregedoria de Polícia, tendo a autoridade instaurado o regular
inquérito policial e representado pela prisão temporária, que foi decretada pelo juiz
de direito competente. De posse do mandado de prisão, agentes da Corregedoria
de Polícia se postaram de forma estratégica no local e obstaram o pagamento a ser
realizado.

Analisando o fato descrito sob a ótica do Direito Penal, tipifique as condutas de


Carlos Sperto e Pedro Custódio, o "Motoboy", de forma justificada, em texto
discursivo.

O policial Carlos Sperto, funcionário público, encontrando-se no exercício


da função, com sua conduta, praticou o crime contra a Administração Pública
tipificado como Concussão. Segundo o Código Penal, o referido crime
consiste em exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem
indevida em razão da função que ocupa. Observe-se que o fato de a vantagem
exigida não ter sido recebida não descaracteriza a conduta criminosa, uma vez
que o crime de concussão é formal.
Por fim, Pedro Custódio, o “Motoboy”, por sua vez, comete o delito de
tráfico ilícito de drogas, cominado na Lei 11.343/2006, por ter sido flagrado no
momento em que vendia droga a pessoa não identificada, além de ter em seu
poder grande quantidade de crack e de cocaína. Frise-se que, no caso, Pedro
Custódio não comete o delito de corrupção ativa, uma vez que a conduta
típica do referido crime consiste no oferecimento ou na promessa de
vantagem de forma espontânea, o que não ocorreu no caso concreto.

41
41. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Ricardo é servidor público. Insatisfeito com o rendimento de seu computador
próprio, Ricardo resolve subtrair um computador pertencente a um particular, mas
que se encontrava acautelado no Órgão público em que labora, fruto de uma
apreensão realizada meses antes. Como Ricardo não tinha acesso livre ao local em

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que estava o computador, aguardou o anoitecer e dirigiu-se até a sede do referido
Órgão, juntamente com Lucas, seu primo, a quem solicitou ajuda para a empreitada
criminosa. Lucas conhecia a condição pessoal de Ricardo. Enquanto Lucas espera
no carro, Ricardo se dirige à recepção do Órgão, oportunidade na qual se identifica
e informa que esqueceu um pen-drive em sua sala, e tem o acesso liberado pelo
vigilante. Uma vez dentro do prédio, Ricardo efetivamente subtrai o computador e o
coloca na mochila, saindo pela porta da frente e indo embora juntamente com
Lucas. Uma semana depois, com medo de ser pego e perder o computador, Ricardo
procura Júlio, seu irmão, e pede a ele para ficar com o computador por um tempo,
até a “poeira baixar”. Júlio, irmão muito bondoso, aceita a proposta. Três dias
depois, Ricardo retorna e pega o computador com Júlio. Arrependido, Ricardo
devolve o bem à repartição, sem que ninguém perceba.

Diante dos fatos narrados, qual a responsabilidade penal de Ricardo, Lucas e Júlio?
Há concurso de agentes na hipótese?

No caso em tela, Ricardo, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a


qualidade de funcionário público, subtrai bem móvel, um computador
particular, sob a guarda da Administração. A referida conduta amolda-se ao
delito de peculato-furto, previsto no art. 312, §1º, do Código Penal (CP). Lucas,
por sua vez, na medida em que concorreu dolosamente para a subtração,
também praticou o referido delito, agindo em concurso de pessoas com
Ricardo. O fato de Lucas não ser funcionário público é irrelevante, pois tal
circunstância, por ser uma elementar do delito, comunica-se entre os agentes
da empreitada criminosa, na forma do art. 30 do CP.
Por sua vez, Júlio responderá pelo delito de favorecimento real, nos termos
do art. 349 do CP, pois prestou auxílio destinado a tornar seguro o proveito do
crime, não sendo caso de coautoria ou de receptação. Júlio não responde
como partícipe do delito de peculato-furto pois sua contribuição é posterior à
consumação do delito, não tendo havido combinação ou ajuste prévio, motivo
pelo qual não é possível falar em concurso de pessoas.

42
42. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Ainda sobre a situação descrita na questão anterior, responda fundamentadamente:

Pela restituição da coisa, é cabível a extinção da punibilidade e algum mecanismo

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de redução da pena?

Não é cabível, a aplicação de causa de extinção da punibilidade pela


restituição da coisa, eis que restrita ao peculato culposo, nos termos do art.
312, §3º do Código Penal. No que se refere à redução da pena, cabe, ao caso, a
aplicação da figura do arrependimento posterior, visto ser crime cometido sem
violência ou grave ameaça à pessoa e ter sido reparado o dano ou restituída a
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente. Em decorrência disso, a pena será reduzida de um a dois terços,
benefício estendido aos coautores e partícipes, de acordo com a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
Por fim, Júlio não faz jus à causa de isenção de pena prevista no art. 348,
§2º do CP, pois tal só se aplica ao favorecimento pessoal, não sendo cabível
para as hipóteses de favorecimento real.

43
43. ESTUPRO
Juliana compareceu à delegacia de polícia, onde alegou que sua filha Maria,
adolescente de treze anos de idade, havia sido violentada, alguns dias atrás, por
João, de trinta anos de idade. Realizado exame de corpo de delito em Maria, foi
constatado que ela havia praticado conjunção carnal em data recente.

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Na presença do delegado, João afirmou que sabia a idade de Maria e que, de fato,
havia praticado com ela conjunção carnal sob o consentimento dela, visto que eles
haviam iniciado um relacionamento amoroso dias antes. Maria, também em
depoimento ao delegado, afirmou que tinha praticado conjunção carnal com João de
modo consentido, pois tiveram um breve romance, e que ela já possuía uma
experiência sexual anterior.

Acerca da situação hipotética acima descrita, responda aos seguintes


questionamentos:
1. Houve prática de crime por parte de João?
2. Comente sobre o consentimento da vítima e sobre a existência de relacionamento
amoroso entre João e Maria e a experiência sexual anterior de Maria.

Inicialmente, mencione-se que o crime cometido por João foi o estupro de


vulnerável, previsto no art. 217-A do Código Penal (CP), cujo tipo penal
consiste na realização de conjunção carnal ou na prática de outro ato
libidinoso com menor de catorze anos.
Outrossim, de acordo com o que consta no CP e com o posicionamento
jurisprudencial, o fato de a vítima ter dado o seu consentimento não afasta a
ocorrência do crime de estupro de vulnerável. Isso, porque, nesse delito, há a
presunção absoluta de violência, o que torna o consentimento da vítima
irrelevante. Ademais, nesse contexto, considera-se que o consentimento da
vítima não é válido, já que ela ainda não é capaz de tomar livremente uma
decisão dessa natureza, o que leva o agente a responder pelo crime em
questão. Além disso, a existência de um relacionamento amoroso entre o
agente e a vítima, bem como a existência de experiência sexual anterior da
vítima menor de quatorze anos de idade também não elidem a ocorrência do
delito em apreço.

44
44. LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
Numa determinada delegacia, verificaram-se os seguintes procedimentos:
▪ Comunicação da prisão aos familiares dos presos, em regra, após 24h da sua
ocorrência.
▪ Nos flagrantes delito, entrega da nota de culpa sem os motivos que justificaram a

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prisão.
▪ Realização de interrogatório em qualquer horário do dia ou da noite.
▪ Cumprimento de mandado de busca e apreensão em qualquer horário do dia ou
da noite.

Com base nessa situação, responda:


À luz do que prevê a Lei nº 13.869/2019, a qual dispõe sobre os crimes de abuso de
autoridade, e o Código de Processo Penal, comente cada um dos procedimentos
acima apresentados, definindo se tratar ou não de abuso de autoridade.
Observação: considere que em todos os casos houve o “dolo específico”, previsto
no art. 1°, §1°, da Lei nº 13.869/2019.

Inicialmente, destaque-se que, consoante o que dispõe a Lei 13.869/2019,


todos os procedimentos realizados na referida delegacia encontram-se
eivados de ilegalidade. Primeiramente, nos termos da referida lei, é necessária
a comunicação imediata da prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontra à sua família ou a pessoa por ela indicada, o que torna ilegal a
comunicação somente após 24 horas. Além disso, a nota de culpa, documento
entregue em até 24 horas da prisão em flagrante, deve conter o motivo da
prisão, formalidade não observada na sobredita delegacia.
Ademais, é ato de abuso de autoridade submeter o preso a interrogatório
policial durante o período de repouso noturno, exceto se este foi capturado
em flagrante delito ou se, devidamente assistido, consentir em prestar tais
declarações. Por fim, a Lei é expressa ao criminalizar o cumprimento de
mandado de busca e apreensão domiciliar após as vinte e uma horas ou antes
das cinco horas. Assim, em ambas as situações, não se permite a realização
dos respectivos procedimentos em qualquer horário do dia ou da noite.

45
45. LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

Ainda sobre a Lei de Abuso de Autoridade, responda:


A) Nos crimes de abuso de autoridade, caso a vítima permaneça inerte por temer
represália por parte da autoridade policial, a persecução penal poderá ser

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instaurada? Justifique.
B) Comente sobre os sujeitos ativos do crime de abuso de autoridade e esclareça
se particular pode cometer esse tipo de delito.

A Lei 13.869/2019 determinou que os crimes de abuso de autoridade são


de ação penal pública incondicionada, fato que torna dispensável a
manifestação do ofendido para que se inicie a persecução penal.
Ainda segundo a referida lei, é sujeito ativo do crime de abuso de
autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta,
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes e em qualquer ente
federativo. Esclarece-se também que, para fins dessa lei, agente público é
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração,
mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades mencionados.
Por fim, o citado crime pode ser cometido por particular, na posição de
coautor ou partícipe. Isso, porque o art. 30 do Código Penal (CP) determina
que as circunstâncias de caráter pessoal, quando elementares do crime,
comunicam-se às demais pessoas. Assim, como a condição de funcionário
público funciona é elementar desses delitos, comunica-se ao particular que
eventualmente concorra com a prática do delito.

46
46. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

Estabeleça, com base no Código Penal brasileiro e na doutrina de referência, a


diferença entre o crime de tráfico de influência e o de exploração de prestígio.

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A conduta prevista é basicamente a mesma nos crimes de tráfico de
influência e o de exploração de prestígio. O ponto diferenciador envolve o
sujeito passivo da influência.
O ato de influenciar funcionário público do Poder Executivo ou do Poder
Legislativo configura crime de tráfico de influência. Quando a influência
atingir funcionário do Judiciário ou pessoas que atuam perante esse poder
(juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito,
tradutor, intérprete ou testemunha), estaremos diante do crime de exploração
de prestígio.
Dessa forma, a diferença básica entre os crimes consiste no fato de que
o tráfico de influência é espécie de crime praticado por particular contra a
administração em geral, enquanto que o crime de exploração de prestígio é
crime contra a administração da justiça.

47
47. CRIMES CONTRA A HONRA
Durante uma reunião em que se discutia a aplicação à empresa Alfa Ltda. de
penalidade de impedimento de licitar — que fora sugerida em parecer elaborado por
Marcelo, advogado da União —, o proprietário da empresa, João, com a intenção de
atingir a honra do referido servidor público, acusou-o falsamente de estar utilizando

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seu cargo para beneficiar sua concorrente, a empresa Beta S.A., já que, com a
aplicação da penalidade sugerida, a empresa Beta seria a única no mercado
nacional apta a fornecer o objeto do contrato.

Redija um texto dissertativo a respeito da conduta de João, proprietário da empresa


Alfa Ltda. Em seu texto, aborde 1- o crime cometido por João; e 2- o objeto jurídico
tutelado pelo Código Penal com a tipificação do crime cometido e os requisitos para
a configuração desse delito.

Em relação ao item 1, João perpetrou o delito de calúnia, nos termos do


art. 138 do CP, pois imputou falsamente ao Advogado da União fato tido como
crime.
Em relação ao item 2, a doutrina abalizada menciona que o bem jurídico
tutelado com a tipificação do crime de calúnia é a honra objetiva, ou seja, a
reputação da pessoa, abarcando o conceito que os demais membros da
sociedade possuem a respeito do indivíduo. Esse conceito abrange os
atributos morais, éticos, culturais, intelectuais, físicos e/ou profissionais,
sendo, portanto, o sentimento do outro que incide acerca das próprias
qualidades ou atributos.
Ainda em relação ao item 2, para que a calúnia fique configurada como
crime, demanda-se: a) a imputação de fato determinado qualificado como
crime; b) a falsidade da imputação; e c) o elemento subjetivo. Se não houver a
configuração de qualquer desses elementos, não se cristaliza o delito de
calúnia.

48
48. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

No tocante aos crimes praticados por particular contra a administração em geral,


diferencie, com base no Código Penal, o crime de contrabando e o crime de
descaminho, citando exemplos e suas principais características.

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Segundo o Código Penal, comete Descaminho aquele que iludir, no todo
ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela
saída ou pelo consumo de mercadoria. Por exemplo, comete tal crime aquele
ingressa no país com alguns celulares (mercadoria lícita) e deixa de pagar o
imposto de importação.
Já o crime de Contrabando, previsto no artigo 334-A do Código Penal
Brasileiro, prevê a conduta criminosa daquele que importar ou exportar mercadoria
proibida. Nesse contexto, comete contrabando aquele que, por exemplo, importa
medicamentos esteróides sem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), pois apesar de serem medicamentos, são considerados mercadoria
proibida por não haver registro.

49
DIREITO PROCESSUAL PENAL

49. INQUÉRITO POLICIAL

João foi indiciado em inquérito policial (IP), e, no curso deste, o juiz competente, de

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ofício, decretou a prisão temporária do dito indiciado. Para defender seus
interesses, João constituiu um advogado, que, na primeira oportunidade, requereu
ao delegado de polícia responsável acesso a todos os elementos de prova no curso
do IP, para permitir a ampla defesa de seu cliente, de modo a se garantir, assim, o
devido processo legal.

Acerca da situação hipotética acima apresentada e do IP, redija um texto


dissertativo que atenda, de modo fundamentado, às determinações e aos
questionamentos seguintes.
A) Apresente o conceito e a finalidade do IP.
B) Cite suas principais características e descreva uma delas.

O inquérito policial (IP) é o conjunto de diligências realizadas pela polícia


judiciária para a apuração de uma infração penal e de sua autoria, a fim de que
o titular da ação penal possa ingressar em juízo. Entre as suas características,
destaca-se o fato de ser um procedimento administrativo, inquisitivo, escrito e
sigiloso marcado pela oficialidade, oficiosidade, discricionariedade e
indisponibilidade.
Devido a sua inquisitoriedade, não há direito a contraditório e ampla
defesa, o que justifica seu valor probatório relativo, tendo como principal
função auxiliar na formação da opinião do titular da ação penal, para que esse
ofereça a denúncia ou queixa. Nesse sentido, regra geral, o juiz não poderá
fundamentar sua decisão exclusivamente com base nos elementos
informativos colhidos no IP, conforme prevê o Código de Processo Penal.

50
50. INQUÉRITO POLICIAL E PRISÃO TEMPORÁRIA

Ainda sobre a situação descrita na questão anterior, responda:


A) Na situação considerada, a prisão temporária de João, nos moldes em que foi
decretada — de ofício — foi legal? Justifique.

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B) Na situação considerada, há fundamento legal para o direito de acesso do
defensor de João aos elementos de prova no curso do IP? Em sua resposta,
destaque o entendimento do Supremo Tribunal Federal a respeito.

De acordo com a Lei 7.960/1989, a prisão temporária não pode ser


decretada de ofício pelo juiz, dependerá de representação da autoridade
policial ou de requerimento do MP, conforme expressa disposição legal. Desse
modo, pode-se afirmar que, na situação considerada, nos moldes em que foi
decretada, a prisão temporária de João foi ilegal.
Por fim, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (Súmula
Vinculante 14), é direito do advogado ter acesso amplo aos elementos de
prova já documentados em procedimento investigatório. Assim, o acesso do
advogado de João aos autos do inquérito policial é possível, restringindo-se,
contudo, o acesso às diligências em andamento e ainda não documentadas no
inquérito.

51
51. INQUÉRITO POLICIAL

Elabore um texto dissertativo sobre o inquérito policial (IP). Abordando


necessariamente os seguintes aspectos:
A) O entendimento do Supremo Tribunal Federal a respeito do direito de acesso do

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causídico aos elementos de prova no curso do IP.
B) Responda justificadamente se é possível a abertura de IP considerando
unicamente fato relatado em denúncia anônima.

Conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), é direito do


advogado ter acesso amplo aos elementos de prova já documentados em
procedimento investigatório. Assim, o acesso do advogado aos autos do
Inquérito Policial (IP) é possível, restringindo-se, contudo, o acesso às
diligências em andamento e ainda não documentadas.
Ademais, segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, não é
possível a abertura de (IP) considerando unicamente conteúdo de denúncia
anônima. Nesse caso, a autoridade policial deve realizar diligências
preliminares para apurar a veracidade dos fatos narrados. Somente após essa
investigação prévia, uma vez confirmadas a procedência e veracidade das
informações, a autoridade poderá instaurar o IP.

52
52. INQUÉRITO POLICIAL
Elabore um texto dissertativo sobre o inquérito policial (IP). Abordando
necessariamente os seguintes aspectos:
A) A dinâmica do arquivamento do inquérito policial nos crimes de ação penal
pública.

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d) A possibilidade, ou não, de que a decisão de arquivamento do inquérito policial
faça coisa julgada material.

O arquivamento do IP, nos crimes de ação penal pública, é um ato


complexo, que se inicia com o requerimento de arquivamento, formulado pelo
membro do Ministério Público (MP), e termina com a decisão de arquivamento
pelo juiz. Caso não concorde com o pedido de arquivamento, o juiz remeterá o
inquérito ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro
órgão do MP para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual
só então estará o juiz obrigado a atender. Finalmente, não obstante o chamado
“pacote anticrime” tenha alterado essa sistemática, sua eficácia se encontra
suspensa, segundo decisão do Supremo Tribunal Federal.
Outrossim, o arquivamento do IP, em regra, não faz coisa julgada material,
o que, em tese, permite o seu futuro desarquivamento, desde que existentes
novas provas. Contudo, há determinadas situações em que o referido
arquivamento fará coisa julgada material, o que ocorre, por exemplo, quando o
arquivamento se der por atipicidade do fato.

53
53. INQUÉRITO POLICIAL
Elabore um texto dissertativo sobre o inquérito policial (IP). Abordando
necessariamente os seguintes aspectos:

A) A legitimidade do Ministério Público para investigar.

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B) A legitimidade do Ministério Público para presidir o IP.

Atualmente o entendimento pacificado do Supremo Tribunal Federal (STF)


é no sentido de que o Ministério Público (MP) possui, sim, poderes
investigatórios, uma vez que a polícia judiciária não detém o monopólio
constitucional dessa tarefa.
No entanto, o que o “Parquet” não pode é presidir ou conduzir o Inquérito
Policial (IP), pois conduzir o Inquérito Policial é tarefa privativa da autoridade
policial, leia-se delegado de polícia.
Dessa forma, para que possa exercer seu poder de investigação, o
Ministério Público deverá se valer de procedimentos próprios de investigação.
Segundo o STF, além de “respeitados os direitos e garantias que assistem
a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado”, a
apuração ministerial só pode se dar em “hipóteses excepcionais e taxativas”,
ou seja, são “necessariamente, subsidiárias, ocorrendo, apenas, quando não
for possível, ou recomendável, se efetivem pela própria polícia”.

54
54. BUSCA E APREENSÃO

No curso de uma investigação policial, atendendo a representação da autoridade


policial, foi autorizada judicialmente medida de busca e apreensão de bens e
documentos, a ser realizada em endereço determinado, conforme descrito no

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competente mandado. De posse do mandado, os agentes de polícia,
acompanhados da autoridade policial, chegaram ao sobredito imóvel somente no
período noturno, devido a vários contratempos havidos no decorrer das diligências.
Confirmado o endereço, constatou-se a presença de várias pessoas no interior do
imóvel, entre elas, o proprietário da casa, indiciado no inquérito policial que originou
o mandado de busca e apreensão. Adicionalmente, constatou-se a existência de
três veículos na garagem do imóvel.

Considerando a situação hipotética acima apresentada, redija um texto dissertativo


acerca do instituto da busca e apreensão no processo penal. Ao elaborar seu texto,
aborde, fundamentadamente, os seguintes tópicos:
A) Natureza jurídica da busca e apreensão; e
B) Seus objetivos e suas características e normas gerais.

Inicialmente, disponha-se que a busca e apreensão consistem numa


medida restritiva de direitos individuais, com o objetivo de encontrar objetos
ou pessoas, preservar elementos de prova ou assegurar a reparação do dano
provocado pelo crime. Segundo a doutrina, a depender do seu elemento
motivador, possui natureza de meio de prova, de meio de obtenção de prova
ou de medida assecuratória de direitos. Outrossim, possui como principais
características: ser excepcional, por implicar tanto a quebra da inviolabilidade
do domicílio quanto a inviolabilidade pessoal; estar adstrita a cláusula de
reserva de jurisdição, ou seja, somente a autoridade judiciária pode
autorizá-la; poder ser realizada em fase inquisitorial e na fase processual; e
desdobrar-se em duas espécies: a domiciliar e a pessoal.

55
55. BUSCA E APREENSÃO
Ainda sobre a situação acima, redija um texto dissertativo acerca do instituto da
busca e apreensão no processo penal. Ao elaborar seu texto, aborde,
fundamentadamente, os seguintes tópicos:
A) Requisitos para o cumprimento da busca e apreensão em suas modalidades

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domiciliar; e
B) Em sua modalidade pessoal.

Sobre os requisitos para a execução da busca domiciliar, podemos citar


os seguintes: a existência de ordem judicial escrita e fundamentada; a
indicação precisa do local, dos motivos e da finalidade da diligência e o fato
de a diligência ser executada durante o dia, salvo se o morador consentir sua
realização no período noturno.
Já a busca pessoal, de acordo com o Código de Processo Penal (CPP),
apresenta como requisito a fundada suspeita de que o indivíduo porte,
consigo ou em seus pertences, armas, instrumentos do crime e demais
objetos necessários à prova do fato delituoso. Pode ocorrer, também, no caso
de recolhimento do indivíduo à prisão ou no transcurso de busca domiciliar.

56
56. BUSCA E APREENSÃO
Ainda sobre a situação acima, redija um texto dissertativo acerca do instituto da
busca e apreensão no processo penal. Ao elaborar seu texto, aborde,
fundamentadamente, os seguintes tópicos:
A) possibilidade jurídica de realização da diligência no horário noturno.

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B) possibilidade jurídica de realização de busca pessoal nas pessoas encontradas
no interior do imóvel, bem como no interior dos veículos estacionados na garagem.

Como a medida de busca e apreensão domiciliar viabilizada por


autorização judicial somente pode ser executada no período diurno, há, no
caso, a impossibilidade jurídica de realização da referida diligência no horário
noturno, exceto se houver o consentimento do morador.
O Código de Processo Penal autoriza a busca pessoal no decorrer da
busca e apreensão domiciliar, mesmo que o mandado não o afirme de maneira
expressa. Essa possibilidade se estende aos objetos pertencentes à pessoa, a
exemplo de bolsas e veículos. Dessa forma, viabilizada a entrada no imóvel,
será possível a realização de busca pessoal nas pessoas encontradas no
interior do imóvel, bem como no interior dos veículos estacionados na
garagem do imóvel.

57
57. BUSCA E APREENSÃO
Dispõe a Constituição Federal, no art. 5°, XI que “a casa é asilo inviolável do
indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial”. De acordo com o texto constitucional, existem exceções ao

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princípio da inviolabilidade de domicílio, sendo uma delas a busca domiciliar,
regulada pela legislação processual penal (arts. 240 a 250). Os artigos em comento
disciplinam as possibilidades de busca domiciliar ou pessoal, bem como o
procedimento a ser seguido, sob pena de nulidade da medida.

Nesse sentido, responda:


A) Não é de hoje a discussão acerca da expedição de mandado de busca e
apreensão genérico, em que se elege uma determinada região, na qual todas as
casas são devassadas. Doutrina e jurisprudência expressam entendimento no
sentido da inadmissibilidade de tal medida. Fundamente referido entendimento, com
base na determinação do Código de Processo Penal acerca dos requisitos do
mandado de busca.
B) Caso o morador se oponha ao cumprimento do ato, como deverá proceder a
autoridade que realiza a busca?

Segundo o Código de Processo Penal (CPP), o mandado de busca e


apreensão deverá indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será
realizada a diligência e o nome do proprietário ou morador, devendo-se
mencionar o motivo e os fins da diligência. Assim, por se tratar de medida
limitadora de direitos e garantias fundamentais, a referida norma de exceção
não pode ser interpretada extensivamente. Dessa forma, tanto a doutrina
majoritária como a jurisprudência rechaçam a possibilidade de mandado de
busca e apreensão genérico, sem as indicações previstas no CPP.
Finalmente, caso o morador se oponha ao cumprimento do ato, o CPP
autoriza o ingresso forçado, inclusive com o arrombamento da porta, sendo
possível ao sujeito que impediu a entrada a responsabilização pelo crime de
desobediência. Uma vez ingressados na casa, havendo resistência por parte
do morador em permitir que os executores da busca vasculhem o local, será
permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior da casa,
para o descobrimento do que se procura.

58
58. PRINCÍPIOS
"Elias está sendo processado criminalmente pelo delito de extorsão. Durante a
audiência de instrução e julgamento, o magistrado indefere um requerimento
formulado pela defesa. O defensor, irresignado, questiona a atitude do Juiz, que
determina a retirada do defensor da sala de audiências, e prossegue com esta sem

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a presença do patrono do acusado.
Quando do interrogatório, o magistrado não alerta o réu sobre seu direito ao
silêncio, alertando-o, na verdade, de que deverá falar a verdade em juízo, sob pena
de cometer falso testemunho. O réu, acuado, não responde a nenhuma das
perguntas do juízo.
Ao final da audiência, o Juiz profere sentença, condenando o acusado com base no
depoimento das testemunhas e no fato de o acusado ter ficado calado durante o
interrogatório, o que seria um indicativo de sua culpa. Ao fixar a pena, o magistrado
eleva a pena base ao argumento de que o acusado é portador de maus
antecedentes, já que possui diversos inquéritos e processos criminais tramitando
contra ele".

Considerando o caso acima como meramente motivador, elabore um texto


dissertativo acerca dos princípios constitucionais do processo penal. Aborde,
necessariamente, os seguintes aspectos:
A) A definição do princípio da vedação à autoincriminação.
B) O direito do acusado ao silêncio e suas características.

O princípio da vedação à autoincriminação garante ao acusado o direito


de não ser obrigado a produzir provas contra si mesmo ou, até mesmo, a
colaborar com a acusação. Em razão desse princípio, o acusado ou indiciado
não pode ser obrigado a praticar qualquer ato que possa ser prejudicial à sua
defesa, o que inclui o direito ao silêncio, o direito de não se submeter a
procedimento probatório invasivo e o direito de não ser compelido a praticar
qualquer comportamento ativo, como realizar o teste do bafômetro.
Conforme afirmado, o direito ao silêncio é corolário do princípio da
vedação à autoincriminação. Ressalte-se que tal direito não engloba apenas o
direito de ficar calado, mas também o de ser informado quanto à existência
desse direito antes do interrogatório, bem como o de que o silêncio não seja
considerado como confissão, tampouco seja interpretado em prejuízo da
defesa, sob pena de esvaziar-se a lógica dessa garantia.

59
59. PRINCÍPIOS
Elabore um texto dissertativo acerca dos princípios constitucionais do processo
penal. Aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:
A) O princípio da publicidade no processo penal.
B) O entendimento dos Tribunais Superiores quanto à possibilidade, ou não, de se

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considerar como “maus antecedentes” a mera existência de inquéritos policiais e
ações penais em curso contra o acusado.

O princípio da publicidade estabelece que os atos processuais e as


decisões judiciais serão públicas, ou seja, de acesso livre a qualquer do povo,
estando tal previsão contida na própria Constituição Federal. Entretanto, essa
publicidade não é absoluta, podendo sofrer restrição, quando a intimidade das
partes ou interesse público exigir.
Por fim, os Tribunais Superiores entendem pela impossibilidade de se
considerar como maus antecedentes a mera existência de processos e
inquéritos em curso; caso contrário, o acusado estaria sofrendo uma
consequência grave em razão da mera existência de processos contra si. Tal
prática ofenderia o princípio da presunção de inocência em sua dimensão
externa, como regra de tratamento.

60
60. PRINCÍPIOS
Elabore um texto dissertativo acerca dos princípios constitucionais do processo
penal. Abordando, necessariamente, a definição do princípio da presunção de
inocência e as suas dimensões.

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O princípio da presunção de inocência estabelece que nenhuma pessoa
pode ser considerada culpada, nem sofrer as consequências decorrentes
disso antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Trata-se
de princípio que se desdobra em duas vertentes: primeiro, como uma regra
probatória, a qual é interpretada sob o prisma de que o ônus da prova cabe ao
acusador, de forma que, havendo dúvidas acerca da culpa do acusado, deverá
o juiz decidir em seu favor; segundo, como uma regra de tratamento, a qual
estabelece que o réu deve ser, a todo momento, tratado como inocente.
Ademais, o acusado ou indiciado também deve ser tratado como inocente
fora do processo, ou seja, o fato de estar sendo processado não pode gerar
reflexos negativos na vida do réu.

61
61. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Diferencie a escuta telefônica da gravação clandestina, comentando sobre a
necessidade da autorização judicial.

A interceptação telefônica é a captação de conversa feita por terceiro,

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sem o conhecimento dos interlocutores. Já a escuta é a captação de conversa
feita por terceiro com a ciência de um dos interlocutores. E a gravação
telefônica (gravação clandestina) é a captação realizada por um dos
comunicadores, sem o conhecimento do outro e sem a figura do terceiro.
A Constituição Federal admite a flexibilização da inviolabilidade das
comunicações telefônicas, desde que se tenha autorização judicial. Nesse
contexto, segundo posição majoritária, faz-se necessária a autorização judicial
tanto para a interceptação telefônica “stricto sensu” quanto para a escuta
telefônica, pois ambas constituem procedimentos de captação da
comunicação alheia, por terceiro interceptador, exigindo determinação
judicial. No entanto, para a gravação clandestina, segundo posição
jurisprudencial, não há a necessidade de autorização judicial para que seja
considerada prova válida no processo, desde que não tenha sido obtida com
violação de confiança ou quando a conversa não seja amparada por sigilo.

62
62. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Redija um texto dissertativo sobre a necessidade da degravação integral do
conteúdo da interceptação telefônica e explique e/ou exemplifique uma hipótese de
serendipidade.

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No que se refere à degravação integral do conteúdo da interceptação
telefônica, sabe-se que a regra é pela sua desnecessidade. Segundo
sedimentada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), é
desnecessária a juntada do conteúdo integral das degravações das escutas
telefônicas realizadas, pois basta que se tenham degravados os trechos
necessários ao embasamento da denúncia oferecida e desde que seja
disponibilizado o conteúdo completo à defesa para que se possa ter acesso a
todos os diálogos captados.
Por fim, serendipidade é o ato de fazer descobertas relevantes ao acaso,
em forma de aparentes coincidências. Um exemplo de sua ocorrência pode
ser visualizado a partir da seguinte situação: o juiz autoriza a interceptação
telefônica para a investigação do crime de tráfico de drogas, mas, no decorrer
das conversas captadas, descobre-se, também, o crime de lavagem de
dinheiro.

63
63. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Aroldo, Bernardo, Caio e David, que se conheceram em razão de todos exercerem a
função de pintores de residências, durante diversas quartas-feiras do ano de 2015
encontravam-se na garagem da residência do primeiro para organizarem a prática
de crimes de receptação simples. Com o objetivo de receber vantagem financeira,

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nos encontros, muito bem organizados e que ocorreram por mais de 06 meses, era
definido como os crimes seriam realizados, havendo plena divisão de funções e
tarefas entre os membros do grupo. Um morador da região que tinha conhecimento
dos encontros, apresenta notícia criminis à autoridade policial, mas informa que
acredita que o grupo pretendia realizar a prática de roubos. Diante disso, instaurado
o inquérito para apurar o crime de organização criminosa, o delegado de polícia
determina diretamente, sem intervenção judicial, a infiltração de agentes de polícia
no grupo, de maneira velada, para obtenção de provas. Ao mesmo tempo, realiza
outros atos investigatórios e obtém, de forma autônoma, outras provas, que, de fato,
confirmam a atividade do grupo; contudo, resta constatado que, verdadeiramente, a
pretensão do grupo era apenas a prática de crimes de receptação simples (pena:
reclusão, de um a quatro anos, e multa). Após a obtenção das provas necessárias,
Aroldo, Bernardo, Caio e David são denunciados pela prática do crime previsto no
Art. 2º da Lei nº 12.850/13.

Considerando as informações narradas, responda aos questionamentos a seguir:


A) A infiltração de agentes determinada pela autoridade policial foi válida?
Justifique.
B) Conceitue Organização Criminosa segundo a Lei 12.850.

Inicialmente, esclareça-se que a Lei 12.850/2013 estabelece requisitos


para que a infiltração seja considerada um meio legal de obtenção de prova. A
infiltração de agentes deverá ser precedida de circunstanciada, motivada e
sigilosa autorização judicial. Além disso, é necessário que as provas não
possam ser obtidas por outros meios. Nesse sentido, como, no caso em tela,
não houve autorização judicial e as provas poderiam ser obtidas por meio
diverso e o foram, a referida infiltração de agentes determinada pela
autoridade policial não foi válida.
Por fim, a Lei 12.850/2013 conceitua organização criminosa como a
associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, com objetivo de obter, direta ou
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos, ou
que sejam de caráter transnacional.

64
64. LEI DE EXECUÇÕES PENAIS
José subverteu a disciplina interna do estabelecimento prisional por ter praticado ato
previsto como crime. Nessa situação hipotética, de acordo com o que prevê a LEP
(Lei de Execução Penal):

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A) É possível que José seja submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado(RDD)?
Justifique.
B) Aponte algumas características legais do RDD.

Segundo a Lei de Execução Penal (LEP), a prática de fato previsto como


crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou
disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou
estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado.
Dessa forma, é possível que João seja submetido ao RDD (Regime Disciplinar
Diferenciado), pois sua conduta amolda-se à lei.
Dentre as principais características do RDD, podemos apontar as
seguintes: duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da
sanção por nova falta grave de mesma espécie; o recolhimento em cela
individual; e as visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem
realizadas em instalações equipadas para impedir o contato físico e a
passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro,
autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas.

65
DIREITO CONSTITUCIONAL

65. DIREITOS INDIVIDUAIS:


Redija, de forma fundamentada, um texto dissertativo acerca da inviolabilidade
domiciliar, garantida pela Constituição Federal no art. 5°, inciso XI.

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Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:
A) Conceito de domicílio para a Constituição Federal.
B) Hipóteses de admissibilidade de violação domiciliar.

De acordo com o art. 5º da Constituição Federal (CF 88), a casa é asilo


inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo nas hipóteses constitucionalmente determinadas. Assim,
destaque-se que o conceito de domicílio na seara constitucional é bastante
amplo, o qual abrange qualquer local delimitado e separado que alguma
pessoa ocupe com exclusividade, a qualquer título, inclusive de forma
profissional. Dessa forma, encaixa-se no conceito de “casa”, qualquer local
delimitado habitado (casa, apartamento, casas de veraneio, etc.); qualquer
ambiente de habitação coletiva, ainda que de ocupação temporária (hotéis,
motéis, pousadas etc.); e locais nos quais se exerce profissão ou atividade,
desde que seja local fechado ou de acesso restrito ao público.
Contudo, a inviolabilidade domiciliar não é absoluta, visto que, de acordo
com previsão constitucional, poderá ser relativizada somente nos casos em
que houver consentimento do morador, flagrante delito, desastre, para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

66
66. DIREITOS INDIVIDUAIS:
Redija, de forma fundamentada, um texto dissertativo acerca da inviolabilidade
domiciliar, garantida pela Constituição Federal no art. 5°, inciso XI.
Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:
A) Posição jurisprudencial (STF) acerca dos limites para a entrada forçada em

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domicílio sem mandado judicial.
B) Autoridades com poder de ordenar a violação domiciliar.

De acordo com o Supremo Tribunal Federal, admite-se como lícita a


entrada forçada em domicílio sem mandado judicial, mesmo em período
noturno, desde que amparada em fundadas razões que indiquem que dentro
da casa ocorre situação de flagrante delito. Essas razões deverão ser
devidamente justificadas a posteriori, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos.
Por fim, há que se frisar que a única autoridade com poder de ordenar a
violação domiciliar é o juiz, o que permite afirmar que a inviolabilidade do
domicílio está submetida à reserva de jurisdição, uma vez que só pode ser
emitida pelo Poder Judiciário. Dessarte, não podem violar a proteção
domiciliar: polícia judiciária, administração tributária, Comissão Parlamentar
de Inquérito ou Ministério Público.

67
67. DIREITOS INDIVIDUAIS:
À noite, no retorno para a delegacia, depois de cumpridas outras diligências,
policiais civis suspeitaram, com razões justificáveis, da ocorrência de tráfico de
drogas em determinada residência. Imediatamente, entraram à força no local e
realizaram busca e apreensão no domicílio.

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Considerando o entendimento do STF, responda, de forma fundamentada, aos
seguintes questionamentos a respeito da legalidade da entrada na residência e da
busca e apreensão realizada na situação hipotética acima descrita.
A) Ao entrarem na residência, naquele momento, os policiais agiram de maneira
legal?
B) Caso a ação dos policiais seja considerada ilícita, quais serão as consequências
dessa ação?

A Constituição Federal (CF/1988) determina ser a casa asilo inviolável do


indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial. Assim, na situação, amparado pela
flagrância e pelo entendimento da jurisprudência, pode-se afirmar que a
entrada policial na residência foi legal, visto que também havia por parte das
referidas autoridades razões justificáveis da ocorrência de tráfico de drogas
no local.
Por fim, se a ação for considerada ilícita, o agente ou a autoridade poderá
ser responsabilizada disciplinar, civil e penalmente. Mencione-se também a
possibilidade de se enquadrar o fato como crime de abuso de autoridade,
desde que presente o dolo especial para tanto. Ademais, ressalta-se, ainda, a
possibilidade de nulidade de todos os atos praticados pelo agente e eventual
responsabilização civil do Estado pelos danos causados por seus agentes.

68
68. DIREITOS INDIVIDUAIS
Com foco no que prevê a Constituição Federal, disserte sobre os direitos da pessoa
presa, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:
A) O respeito à integridade do preso e as consequências da inobservância desses
direitos pela autoridade policial.

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B) Direitos do preso em relação à comunicabilidade da prisão.

Segundo a Constituição Federal é assegurado aos presos o respeito à


integridade física e moral, decorrente do mandamento constitucional de que
ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.
Isso implica, por exemplo, o direito à assistência material (vestuário,
alojamento, entre outros), à saúde, ao trabalho e a ser tratado de forma digna.
Além disso, de acordo com a CF/1988, a prisão efetuada com inobservância
desses direitos será considerada ilegal, motivo pelo qual será imediatamente
relaxada pela autoridade judiciária. Ademais, de acordo com a teoria da árvore
dos frutos envenenados, adotada pela jurisprudência pátria, as provas
geradas em descumprimento a algum desses direitos constitucionalmente
previstos serão consideradas ilícitas e as que com elas guardarem nexo de
causalidade serão ilícitas por derivação, implicando o seu desentranhamento
do processo. Por fim, é válido citar que a prisão de qualquer pessoa e o local
onde se encontrar deverão ser comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou a pessoa por ele indicada.

69
69. DIREITOS INDIVIDUAIS
No âmbito de procedimento investigatório criminal, agentes policiais decidiram
interceptar a correspondência de servidor público estadual suspeito da prática dos
crimes de peculato e corrupção passiva. Os documentos apreendidos abrangiam
faturas de cartão de crédito, cartas e envelopes. Simultaneamente, mediante

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autorização judicial determinando a quebra do sigilo da comunicação telefônica do
referido servidor, os agentes policiais gravaram as conversas telefônicas do
investigado com várias pessoas. As provas obtidas serviram de base para o
indiciamento do servidor público e o envio do inquérito policial ao MP para o
oferecimento de denúncia.
Em face dessa situação hipotética, discorra sobre a constitucionalidade dos
procedimentos adotados pelos policiais, indicando os direitos e as garantias
fundamentais aplicáveis ao caso e mencionando a possibilidade de o advogado de
defesa ter acesso aos elementos de prova produzidos no âmbito do inquérito
policial.

O fato de os agentes policiais terem interceptado a correspondência de


servidor é flagrantemente inconstitucional, uma vez que ofende a sua
inviolabilidade. É necessário ressaltar que, embora a referida garantia não seja
absoluta, a situação apresentada não representa nenhuma das hipóteses em
que seria possível a violação do sigilo, a exemplo da quebra de sigilo por
autorização judicial.
No entanto, quanto à interceptação telefônica, a conduta dos agentes
policiais ocorreu em conformidade com as regras previstas na CF/1988, visto
que foi precedida de autorização judicial e adveio com o fim de proceder à
investigação criminal.
Por fim, conforme entendimento exarado pela Súmula Vinculante 14, é
direito do advogado ter acesso amplo aos elementos de prova já
documentados em procedimento investigatório. Assim, o acesso do advogado
aos autos do inquérito policial é possível, restringindo-se, contudo, o acesso
às diligências em andamento e ainda não documentadas no inquérito.

70
70. DIREITOS INDIVIDUAIS

Discorra sobre o princípio da presunção de inocência como direito individual do


cidadão, analisando a sua fundamentação constitucional e o conteúdo .

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Segundo a Constituição Federal, ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Essa é a presunção de
inocência. Trata-se de uma decorrência do princípio do devido processo legal
e relaciona-se com os do contraditório e da ampla defesa. Nesse sentido, a
presunção de inocência define-se como o direito de não se ser declarado
culpado antes do término do devido processo legal, durante o qual deve ser
possibilitado ao acusado utilizar de todos os meios de prova pertinentes para
a sua defesa e para a destruição da credibilidade das provas apresentadas
pela acusação. Por fim, correlaciona-se, pois, com o direito individual de
segurança, permitindo que o Estado satisfaça a sua pretensão punitiva
somente após devidamente comprovada a autoria e a materialidade dos fatos.

71
71. DIREITOS INDIVIDUAIS
Após recebimento de denúncia anônima, agentes da polícia civil invadiram, no
período da noite, quarto de hotel, com o objetivo de proceder à busca e à apreensão
de materiais e documentos supostamente utilizados por determinado hóspede em
crimes relacionados à clonagem de cartões de crédito. Os materiais e os

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documentos obtidos durante a invasão do quarto de hotel foram as únicas provas
que alicerçaram a denúncia oferecida pelo MP. Com base nessas provas, foram
tomados depoimentos de diversas testemunhas, os quais serviram, também, de
fundamento para a condenação do réu.
Com base nessa situação hipotética, redija texto dissertativo sobre a
(in)constitucionalidade da operação policial, abordando, necessariamente, de forma
justificada, os seguintes aspectos:
A) Direitos e garantias fundamentais aplicáveis ao caso.
B) (Im)Possibilidade jurídica de utilização, em processo judicial, das provas obtidas
na referida operação.

De acordo com o art. 5º da Constituição Federal (CF 88), a casa é asilo


inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
Aplica-se ao caso a doutrina referente às provas ilícitas por derivação,
prevista no Código de Processo Penal, amparada pela teoria dos frutos da
árvore envenenada. Uma prova ilícita por derivação é aquela que, apesar de
ter sido produzida de forma legal, encontra-se afetada pelo vício da ilicitude
originária, transmitida em função do nexo causal entre elas. Assim, a ilicitude
das provas geradas pelo desrespeito à inviolabilidade domiciliar se transmitirá
às demais provas, tendo em vista que dessa ilicitude originária derivou todo o
suporte probatório que culminou na condenação do réu.
Dessa forma, no referido processo judicial, constata-se a impossibilidade
jurídica da utilização das provas obtidas na operação.

72
72. DIREITOS E GARANTIAS
Redija um texto dissertativo, abordando necessariamente as seguintes questões.
A) Explique no que consiste o princípio da individualização da pena.

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B) Mencione três tipos de penas diretamente previstas na Constituição Federal de
1988.

Em primeira análise, esclareça-se que o princípio da individualização da


pena, consagrado pelo artigo 5° da CF/1988, estabelece que a fixação,
aplicação e execução das sanções devem ser definidas de modo justo e
proporcional, tendo em conta a natureza e circunstância do delito e as
caraterísticas pessoais do infrator. Assim, os delitos cometidos por
determinado agente devem ser analisados verificando-se a sua culpabilidade e
as circunstâncias de cada crime, individualizando-se, dessa forma, a pena
para cada condenado.
Por fim, entre as penas previstas no próprio texto constitucional, podemos
citar a privação ou restrição da liberdade, a perda de bens e a prestação social
alternativa.

73
73. DIREITOS E GARANTIAS
Em uma ação de combate ao tráfico de drogas em determinada cidade, a polícia
civil, por meio de departamento especializado em repressão ao narcotráfico,
prendeu um homem que portava vinte quilos de entorpecentes, balança de precisão
e certa quantia em dinheiro, em cédulas trocadas. Esse indivíduo foi encontrado em

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um bar de sua propriedade, oportunidade na qual foi algemado e conduzido à
delegacia.
A operação deflagrada foi possível após a prisão de outro traficante, que forneceu
as informações em confissão extrajudicial realizada em sede inquisitorial após a
utilização de meios de tortura.
Considerando essa situação hipotética, disserte sobre o princípio da proibição à
tortura, à luz da Constituição Federal de 1988, da doutrina e do entendimento do
STF. Em seu texto, aborde, fundamentadamente, os seguintes aspectos:
A) proibição à tortura como direito fundamental e efeitos jurídicos de eventual
violação a esse direito;
B) extensão dos efeitos da violação ao princípio fundamental da proibição à tortura,
no que se refere aos sujeitos.

A Constituição Federal de 1988 (CF/1988) reconhece expressamente, no


art. 5, a proibição à tortura, assinalando que ninguém poderá ser submetido a
tortura, nem a tratamento desumano ou degradante. Trata-se, conforme
entendimento doutrinário, de direito absoluto e insuscetível a relativizações.
Além disso, a própria Carta Magna determina que a lei considere como crime
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia a prática da tortura, o que
impõe ao legislador a adoção de providências destinadas a reprimir tal prática.
Ademais, o art. 5º da CF/1988 estabelece que devem responder pelo crime
de tortura os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-lo, se
omitirem. Nesse sentido, foi ilegal a conduta dos agentes que utilizaram os
meios de constrangimento mediante a prática de violência física, psicológica
ou moral e, por isso, deverão ser responsabilizados na forma da lei. Essa
responsabilização pode, inclusive, significar a perda do cargo público e a
imputação de ato de improbidade administrativa fundamentada em ofensa aos
princípios da administração pública.

74
74. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
A Constituição Federal de 1988 inscreveu, no inciso LVII do art.5º, o princípio da
presunção de inocência. Sobre a presunção de inocência, responda:
A) Disserte sobre o princípio da presunção de inocência, abordando o conceito.
B) Cite um exemplo de um abrandamento legal ao princípio da presunção de

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inocência.

O princípio da presunção de inocência é um direito e garantia


fundamental do cidadão, insculpido no artigo 5º da Constituição Federal de
1988. Ele garante que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória”.
Nesse contexto, é válido falarmos ainda que este princípio se trata
uma decorrência do princípio do devido processo legal e relaciona-se com os
do contraditório e da ampla defesa.
O referido princípio não é absoluto, sofrendo abrandamentos legais,
como, por exemplo, é o caso da previsão de prisão preventiva, dentro dos
parâmetros para sua decretação.

75
75. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
Discorra sobre o mandado de segurança, analisando os seguintes aspectos:
A) Apresente a hipótese prevista na Constituição Federal para o cabimento do
mandado de segurança.
B) De acordo com a Constituição Federal, quais são os legitimados para

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apresentação do mandado de segurança coletivo.

De acordo com a Constituição Federal de 1988 (CF/1988), o mandado de


segurança (MS) é cabível para proteger direito líquido e certo, não amparado
por “habeas corpus” ou “habeas data”, quando o responsável pela ilegalidade
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do poder público.
Outrossim, de acordo com a CF/1988, o mandado de segurança coletivo
(MSC) pode ser impetrado por partido político com representação no
Congresso Nacional ou por organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

76
76. DIREITOS POLÍTICOS
Luiziane, canadense naturalizada brasileira, foi eleita Deputada Federal. Após tomar
posse, foi condenada por sentença judicial transitada em julgado por conduta que
gerava comprometimento da soberania nacional, com o correlato cancelamento da
nacionalidade brasileira.

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Nessa situação fática, disserte sobre os direitos políticos, respondendo as seguintes
perguntas:
A) A condenação de Luiziane produz efeitos em relação à sua capacidade de votar
e de ser votada?
B) O mandato eletivo de Luiziane deve ser preservado?

Primeiramente, com o cancelamento da naturalização por sentença judicial


transitada em julgado, Luiziane perdeu os seus direitos políticos, o que a impede
de votar e de ser votada. Tal situação é prevista na Constituição Federal em
seu artigo 15, inciso I onde diz que: é vedada a cassação de direitos políticos,
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de cancelamento da
naturalização por sentença transitada em julgado. A doutrina majoritária
classifica tal situação como perda dos direitos políticos.
Além disso, Luiziane deve perder o Mandato de Deputada Federal uma vez
que também incorreu a perda dos seus direitos políticos. Tal decisão deve ser
declarada pela Mesa da Câmara dos Deputados.

77
77. SEGURANÇA PÚBLICA
Tendo por base a Constituição Federal de 1988, discorra sobre os seguintes
aspectos:
A) Cite os órgãos de Segurança Pública.
B) Disserte sobre as atribuições constitucionais da Polícia Civil.

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O artigo 144 da Constituição Federal diz que a segurança pública é dever
do Estado, direito e responsabilidade de todos e é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos: a Polícia Federal, a Polícia
Rodoviária Federal, a Polícia Ferroviária Federal, as Polícias Civis, as Polícias
Militares e Corpos de Bombeiros Militares e as Polícias Penais Federal,
Estaduais e Distrital.
Tal artigo diz também que às Polícias Civis, dirigidas por delegados de
polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
Assim, a Polícia Civil não é polícia judiciária da União, pois essa atribuição é
da Polícia Federal.

78
DIREITO ADMINISTRATIVO

78. ATOS ADMINISTRATIVOS:


Segundo entendimento de abalizada doutrina, pode-se definir o ato administrativo
como a declaração de vontade do Estado, nessa qualidade, exteriorizada por

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agente competente e no exercício de suas funções, visando à produção de efeitos
jurídicos conformes ao interesse público, com ela objetivados, determinados ou
admitidos pelo ordenamento jurídico, em matéria administrativa.

A partir da ideia acima mencionada, redija texto dissertativo a respeito do tema ato
administrativo em que se conceitue e demonstre as diferenças entre ato
discricionário e vinculado.

Inicialmente, diferencie-se o ato discricionário do vinculado. O ato


discricionário é aquele em que a lei deixa certa margem de liberdade de
decisão diante do caso concreto, de forma que a autoridade pode optar por
uma dentre várias soluções legalmente possíveis. Já o ato vinculado é aquele
em que o agente público que o pratica não possui liberdade de ação, pois a lei
estabeleceu previamente os requisitos e as condições para a sua realização.
Assim, enquanto no ato administrativo vinculado o agente público está
adstrito à lei quanto a todos os elementos desse ato, nos atos discricionários,
ele possui liberdade, dentro dos limites da lei, quanto à valoração dos motivos
e à escolha do objeto, segundo seus critérios de conveniência e oportunidade.

79
79. ATOS ADMINISTRATIVOS
Cite os atributos do ato administrativo e expresse o significado de dois desses
atributos.

De acordo com a doutrina da professora Di Pietro, são quatro os atributos

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do ato administrativos: a presunção de legitimidade ou veracidade, a
imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade.
A presunção de legitimidade enuncia que os atos administrativos se
presumem editados em conformidade com a lei, até que se prove o contrário.
Segundo a eminente administrativista, a presunção de legitimidade e a de
veracidade apresentam significados diferentes, pois, enquanto a primeira diz
respeito à conformidade do ato com a lei, a segunda diz respeito à
conformidade em relação aos fatos.
A imperatividade ou coercibilidade é o atributo pelo qual os atos
administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua
concordância. Representa a possibilidade de a Administração Pública, de
forma unilateral, criar obrigações aos particulares ou impor-lhes restrições.

80
80. PODER DE POLÍCIA
“Esses caracteres, que sem dúvida informam a atuação administrativa, de modo
algum autorizariam a supor que a Administração Pública, escudada na supremacia
do interesse público sobre o interesse privado, pode expressar tais prerrogativas
com a mesma autonomia e liberdade com que os particulares exercitam seus

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direitos. É que a Administração exerce função: a função administrativa. Existe
função quando alguém está investido no dever de satisfazer dadas finalidades em
prol do interesse de outrem, necessitando, para tanto, manejar os poderes
requeridos para supri-las. Logo, tais poderes são instrumentais ao alcance das
sobreditas finalidades. Sem eles, o sujeito investido na função não teria como
desincumbir-se do dever posto a seu cargo. Donde, quem os titulariza maneja, na
verdade, ‘deveres-poderes’, no interesse alheio”

Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto
dissertativo a respeito do poder de polícia. Ao elaborar seu texto, faça o que se
pede a seguir.
A) Defina Poder de Polícia.
B) Apresente as distinções entre Polícia judiciária e administrativa.

Inicialmente, destaque-se que o poder de polícia é uma atividade da


Administração Pública que se expressa por meio de seus atos normativos ou
concretos, com fundamento na supremacia geral e, na forma da lei, de
condicionar a liberdade e a propriedade dos indivíduos mediante ações
fiscalizadoras, preventivas e repressivas.
Doutrinariamente estabelecem-se três grandes diferenças entre a atividade
de polícia administrativa e a judiciária. A primeira diferença refere-se ao fato
de que a polícia administrativa incide na seara administrativa e se rege pelo
Direito Administrativo, enquanto a judiciária visa a prevenção e a repressão à
prática de ilícitos criminais, cujo estudo fica a cargo da disciplina de Direito
Processual Penal. Além disso, a atividade de polícia administrativa incide
sobre bens, direitos e atividades, ao passo que, a polícia judiciária atua sobre
as pessoas. Por fim, a polícia judiciária é privativa de corporações
especializadas (polícia civil e militar), enquanto administrativa se reparte entre
diversos órgãos da Administração, cuja competência lhes foi atribuída pela lei.

81
81. PODER DE POLÍCIA

Cite e explique os atributos do Poder de Polícia.

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O Poder de Polícia possui como atributos a discricionariedade, a
autoexecutoriedade e a coercibilidade. A discricionariedade dispõe que a
Administração possui, em regra, liberdade para atuar. Cabe, pois, à própria
Administração julgar a oportunidade e conveniência da prática do ato e da
intensidade das sanções aplicáveis (se for o caso), bem como definir o motivo
e o objeto, sempre observando os limites impostos em lei e os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade. Já a autoexecutoriedade é o atributo que a
permite à Administração Pública decidir e executar sua decisão por seus
próprios meios, sem necessidade de ordem judicial. É esse atributo que
permite, por exemplo, à vigilância sanitária interditar os locais onde se
constate violação da legislação pertinente ou nos de risco iminente à saúde.
Por fim, a coercibilidade caracteriza-se pela possibilidade de as medidas
adotadas pela administração serem impostas ao administrado,
independentemente da sua vontade, inclusive mediante o emprego de força,
se necessário.

82
82. PODERES
A ideia de poder envolve uma condição relacional. Para que haja poder de A sobre
B, ambos devem participar de alguma relação especial. Na relação Estado-cidadão,
a característica de sujeição é permanente e involuntária: submetemo-nos ao poder

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do Estado não por opção, mas por fazermos parte de uma sociedade política. Daí o
traço extroverso do poder estatal.
Para se legitimar, o poder extroverso precisa estar vinculado a uma condição geral:
deve cumprir finalidades de interesse geral, ou então transformar-se-ia em um poder
arbitrário. A partir, então, da adstrição dos poderes estatais às regras de direito,
passa-se a exigir que a manifestação dos poderes que correspondam a medidas
constritivas de direitos dos cidadãos só possam ser adotadas mediante expresso
fundamento legal e para satisfazer finalidades de que resultem benefícios, diretos
ou indiretos, a todos. A construção estatal acaba por se afastar da ideia de poderes
implícitos, antitética ao conceito de Estado de direito.
Assim, os poderes administrativos devem ser compreendidos como ferramentas de
trabalho do poder público e, como tais, podem ser afastadas no caso concreto em
favor de outro instrumento legalmente previsto que se mostre mais apto a satisfazer
o interesse público, como os acordos substitutivos de sanções. Disso decorre a
ideia de poder-dever, no sentido de um poder que não é prerrogativa, mas função.

Tendo o texto acima como referência inicial, redija um texto dissertativo acerca dos
poderes da administração pública. Discorra sobre os poderes da administração
pública e conceitue a expressão poder-dever, considerando o contexto apresentado
no texto.

Os poderes da administração representam prerrogativas especiais de


direito público outorgadas aos agentes do Estado, que devem ser exercidos
dentro dos limites da lei e dos princípios constitucionais. São outorgados aos
agentes do poder público para lhes permitir atuação voltada aos interesses da
coletividade, sendo necessários para que o administrador possa fazer
sobrepor a vontade da lei à vontade individual, o interesse público ao
interesse privado. Desse fato, emanam duas das suas principais
características: a irrenunciabilidade e o dever de serem obrigatoriamente
exercidos pelos titulares.
Dessa forma, as prerrogativas públicas, constituem poderes para o
administrador público e impõem-lhe o seu exercício e lhe vedam a inércia.
Esse aspecto dúplice denomina-se poder-dever, implicando o fato de que tais
poderes não se traduzem em meras prerrogativas, mas numa obrigação,
função do poder público, a qual deve ser exercida sempre que preenchidos os
requisitos legais, respeitadas as hipóteses de discricionariedade do gestor.

83
83. PODERES
Elabore um texto dissertativo em que:
- Cite pelo menos quatro poderes da administração pública.
- Conceitue ao menos dois dos poderes da administração pública citados.

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Segundo a doutrina, são poderes da administração o normativo (ou
regulamentar), o disciplinar, os decorrentes da hierarquia (hierárquico) e o
poder de polícia. O poder normativo é aquele que é conferido à administração
pública para editar normas e regulamentos de natureza complementar à lei,
garantindo sua fiel execução. É a prerrogativa para editar comandos
normativos gerais e abstratos, de caráter infralegal, secundário e com efeitos
“erga omnes”.
Já o poder disciplinar é o que possibilita à administração apurar, julgar
infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e às pessoas sujeitas
às regras disciplinares do regime jurídico-administrativo. O vínculo que
possibilita o seu exercício pode ser oriundo das relações de trabalho, das
relações funcionais com os administrados ou de relações contratuais, a
exemplo dos particulares que celebram contrato com o poder público.

84
84. ABUSO DE PODER E ATO ADMINISTRATIVO:
A Administração Pública de determinado município removeu, de ofício, servidor
público estável. Em tal ato, o responsável pela remoção, desafeto de longa data do
servidor removido, indicou como motivação informações de necessidade de
interesse público inverídicas.

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Diante do caso concreto exposto, redija um texto em que aborde os seguintes
aspectos:
A) cite a espécie de abuso de poder cometida pelo responsável pela remoção,
caracterizando-a e justificando-a.
B) Tratando-se a remoção de servidor público de atuação discricionária da
Administração, cite o(s) elemento(s) do ato supracitado que se encontra(m)
eivado(s) de vício e justifique sua resposta.

No caso, a espécie de abuso de poder cometida pelo responsável pela


remoção é o desvio de poder ou desvio de finalidade. Esse vício ocorre
quando a atuação do agente, embora tenha ocorrido dentro da sua órbita de
competências, contraria a finalidade geral do ato, o interesse público, ou a sua
finalidade específica, o resultado específico previsto na lei, de forma explícita
ou implícita, a ser alcançado com a prática do referido ato.
Assim, como, no caso, o responsável pela remoção era “desafeto de longa
data do servidor removido” e motivou a decisão por “informações de
necessidade de interesse público inverídicas”, nota-se que a finalidade geral
do ato não está presente, pois a remoção visou a atender interesses
individuais ou egoísticos. Além disso, o ato não atende à finalidade específica,
visto que, apesar de a remoção ser ferramenta administrativa que objetiva
adequar o quantitativo de servidores à demanda de trabalho entre diferentes
locais, foi aplicada como punição ou perseguição e, portanto, desvirtuada da
sua finalidade. Diante disso, há vício no elemento finalidade do ato .

85
85. LICITAÇÕES
Em razão de fortes chuvas que caíram sobre a cidade, o prédio de determinado

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Órgão ficou totalmente destelhado, colocando em risco a segurança dos
funcionários e equipamentos. Diante desse quadro, há necessidade de conserto
urgente do telhado, cujo custo estimado ultrapassa o valor que autorizaria a
dispensa de licitação. O presidente do referido Órgão pretende aproveitar a situação
para incluir a obra de reforma do Anexo, não foi atingido pelas chuvas.
Com base nessa situação, responda às seguintes questões:
A) Explique sucintamente o que se entende como licitação e qual os seus principais
fundamentos legais no nosso ordenamento jurídico.
B) A hipótese narrada enquadra-se em algum caso de contratação direta? Qual?

A Constituição Federal estabelece que as obras, os serviços, as compras


e as alienações sejam contratados mediante processo de licitação pública que
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes e que possibilite a
aquisição da proposta a ela mais vantajosa. Coube à Lei de Licitações o
tratamento de algumas exceções.
Entre os casos em que é possível a contratação direta, encontram-se as
hipóteses de licitação dispensável, nas quais, embora seja possível a
realização da licitação, a lei permite a celebração do contrato sem a realização
de todo o procedimento licitatório. Uma das situações possíveis foi
apresentada pela questão: casos de emergência ou de calamidade pública,
quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços,
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares. Dessa forma, podemos
afirmar que, por ser caso de licitação dispensável, a administração pública
poderá efetuar a contratação direta.

86
86. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
O Estado, como pessoa jurídica, é um ser intangível. Somente se faz presente no
mundo jurídico por meio de seus agentes, pessoas físicas cuja conduta é a ele
imputada. O Estado, por si só, não pode causar danos a ninguém. Segundo o direito
positivo, o Estado é civilmente responsável pelos danos que seus agentes

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causarem a terceiros. Sendo-o, incumbe-lhe reparar os prejuízos causados,
mediante obrigação de pagar as devidas indenizações.

Considerando que o fragmento de texto anteriormente apresentado tem caráter


unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca da responsabilidade civil
do Estado, citando e explicando teoria da responsabilidade civil do Estado
atualmente aplicada no direito brasileiro;

Inicialmente, esclareça-se que a teoria da responsabilidade civil do Estado


aplicada atualmente no direito brasileiro é a da responsabilidade objetiva do
Estado, baseada na teoria do risco administrativo. Trata-se de conclusão
amparada no art. 37, §6º, da Constituição Federal de 1988 (CF/1988), o qual
dispõe que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado, no entanto, o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Outrossim, na
teoria da responsabilidade objetiva, a culpa é desconsiderada com
pressuposto da responsabilidade, o que torna desnecessária a apuração do
elemento subjetivo.

87
87. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Redija um texto dissertativo sobre a responsabilidade civil do Estado e aborde os
seguintes aspectos:
A) requisitos da responsabilidade civil;
B) direito de regresso.

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Os requisitos da responsabilidade civil do Estado são: fato administrativo,
que é considerado qualquer conduta atribuída ao poder público; dano, pois
não há responsabilidade sem que haja o dano, seja material, seja moral; e
nexo causal, pois somente haverá responsabilidade se houver uma relação de
causalidade entre o fato administrativo e o dano.
Finalmente, ainda conforme o dispositivo constitucional supracitado, a
responsabilidade dos agentes públicos, quando atuam nessa qualidade, é
subjetiva e regressiva. Subjetiva porque o servidor só indenizará prejuízos
que tenha causado em caso de dolo ou de culpa e regressiva, pois
primeiramente as pessoas jurídicas indenizam os prejuízos causados a
terceiros para depois ingressarem com ação judicial contra os agentes, se
estes forem os responsáveis pelo dano, com o objetivo de reaver os valores
pagos.

88
88. ATOS ADMINISTRATIVOS E PODERES
A fim de proporcionar maior conforto a seus clientes, o dono de determinado
restaurante realizou uma ampliação em seu estabelecimento, tendo a construção
avançado sobre área pública, razão por que o órgão responsável pela fiscalização
urbana da prefeitura autuou o comerciante, fixando prazo para que a situação fosse

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regularizada. Sob a alegação de que a área pública invadida estava abandonada e
suja e de que ele havia realizado melhorias no espaço, o comerciante recusou-se a
cumprir a determinação da prefeitura para que desfizesse a obra. Dada a
recalcitrância do comerciante, os fiscais, com base no disposto no código municipal
de edificações, demoliram a área irregular e multaram-no. O dono do restaurante,
então, ajuizou ação judicial contra a prefeitura, sob a alegação de que o ato
praticado pela prefeitura foi ilegal, dada a ausência de ação demolitória anterior, e
causou-lhe danos materiais e morais.

Com base na situação hipotética acima apresentada, discorra sobre a legalidade


dos atos praticados pela prefeitura, abordando os poderes administrativos.

Inicialmente, considerando princípios administrativos como o da


indisponibilidade do interesse público, incumbe ao administrador, sob risco
de cometimento de improbidade e infração disciplinar, promover a retomada
da área pública ilegalmente ocupada, utilizando, se necessário, meios
coercitivos para isso.
Outrossim, os atos da prefeitura consistentes na autuação e multa
aplicadas ao comerciante, bem como na demolição das áreas irregulares
ocorreram de forma legal com amparo no poder de polícia. Trata-se de poder
de que dispõe a administração pública para, na forma da lei, condicionar ou
restringir o uso de bens, o exercício de direitos e a prática de atividades
privadas, com vistas a proteger o interesse público.

89
89. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Não é fácil estabelecer distinção entre moralidade administrativa e probidade
administrativa. A rigor, pode-se afirmar que os significados dessas expressões são
idênticos, haja vista que ambas se relacionam com a ideia de honestidade na
administração pública. Quando se exige probidade ou moralidade administrativa,

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isso significa que não basta a legalidade formal, restrita, da atuação administrativa,
com observância da lei; é preciso também a observância de princípios éticos, de
lealdade, de boa-fé, de regras que assegurem a boa administração e a disciplina
interna na administração pública.

Considerando o fragmento de texto acima, que têm caráter motivador, redija um


texto dissertativo, com base na Lei n.º 8.429/1992, acerca da ação de improbidade
administrativa como instrumento processual de defesa da moralidade administrativa,
abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:
A) modalidades dos atos de improbidade administrativa;
B) sanções aplicáveis aos atos de improbidade administrativa;

Segundo a Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa LIA), são


espécies de atos ímprobos: os que importam enriquecimento ilícito; os que
causam prejuízo ao erário; os decorrentes da concessão ou aplicação
indevida de benefício financeiro ou tributário (relacionado ao imposto sobre
serviços de qualquer natureza – ISS); e, finalmente, os que atentam contra os
princípios da Administração Pública.
Outrossim, consoante o art. 12 da referida lei, os que incorrerem em atos
de improbidade submetem-se às seguintes sanções: perda dos bens ou de
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio; ressarcimento integral do dano;
perda da função pública; suspensão dos direitos políticos; pagamento de
multa civil; e proibição de contratar com o Poder Público ou de receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário. Essas
sanções podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato.

90
90. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Determinado servidor público, agindo dentro de suas atribuições, dispensa a
realização de licitação para a contratação de serviços de limpeza, alegando, para
tanto, ardilosamente, motivo falso. Com isso, promove a contratação direta de

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empresa da qual sua esposa é sócia majoritária, para a prestação dos mesmos
serviços a preço superior ao de mercado. Por sua vez, a autoridade superior, agindo
negligentemente, deixa de perceber a ilicitude e homologa a dispensa de licitação.
Explique e discuta a sujeição de ambos os agentes públicos aos dispositivos da lei
de improbidade administrativa, mencionando as hipóteses em que, em tese, possam
estar incursos.

Nas contratações da Administração Pública, a regra é a realização de


prévia licitação. Os casos de dispensa e inexigibilidade são exceções e
exigem justificada fundamentada do gestor público. Configurando-se ato de
improbidade administrativa frustrar a licitude de licitação e dispensá-la
indevidamente, inclusive no caso de concorrer para que terceiro se enriqueça
ilicitamente. O ato causou prejuízo ao erário e também violou os princípios da
Administração Pública, sendo a lesão à legalidade, à impessoalidade, à
imparcialidade e à moralidade administrativa.
Aplicam-se também as sanções previstas na Lei de Improbidade à
autoridade superior que não percebeu a ilicitude e homologou a dispensa de
licitação, pois como presume que causou lesão ao erário, o ilícito é cabível na
forma culposa. Nesse contexto, segundo a Constituição, os atos de
improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal.

91
EXTRAVAGANTE

91. ESTATUTO DO DESARMAMENTO


Carlos é um dentista de meia idade que, temeroso em viver na zona urbana
brasileira, decidiu requerer "posse" de arma de fogo junto à Polícia Federal. Após

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percorrer todos os trâmites e se habilitar para o registro e a compra do objeto
pretendido, Carlos, enfim, adquiriu um revólver de calibre permitido.
Certa feita, caminhando no centro da cidade com o revólver armazenado no coldre,
ele foi abordado por policiais, que exigiram a exibição de documento comprobatório
do "porte" de arma de fogo de uso permitido. Carlos exibiu o documento que
possuía, mas foi autuado pelos policiais. Revoltado, disse que estava habilitado
para andar armado pela via pública e que tinha, inclusive, buscado os meios legais
para tanto.

De acordo com a Lei Federal nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), Carlos


tem razão ou não? Fundamente sua resposta fazendo a distinção conceitual cabível
e explicando os requisitos necessários para registro e aquisição de arma de fogo de
uso permitido.

De acordo com as regras do Estatuto do Desarmamento, Carlos não tem


razão e não pode portar arma, porque a autorização estatal a ele cedida foi da
posse. A posse autoriza o seu proprietário a manter essa arma exclusivamente
no interior de sua residência ou domicílio, ou, ainda, no seu local de trabalho,
desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento. Já o
porte autoriza ao proprietário o uso não ostensivo do instrumento fora das
dependências dos estabelecimentos domiciliar ou comercial.
Ademais, para adquirir a posse de arma de fogo de uso permitido, o
interessado precisa ter 25 anos de idade completos; declarar a efetiva
necessidade; comprovar sua idoneidade, com a apresentação de certidões
negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual,
Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a
processo criminal; apresentar documento comprobatório de ocupação lícita e
de residência certa; e comprovar capacidade técnica e de aptidão psicológica
para o manuseio de arma de fogo.

92
92. ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Ainda sobre a situação anterior, considerando que Carlos fosse residente da zona
rural catarinense e necessitasse de um instrumento mais adequado para caçar
javaporcos invasores de sua propriedade, os quais efetivamente caçados seriam

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utilizados para alimentação, qual tipo de autorização ele poderia obter e quais
seriam os requisitos necessários?

Caso Carlos residisse na zona rural de Santa Catarina e precisasse de


uma arma de fogo para abater javaporcos invasores, considerando que faria
uso alimentar dos animais caçados, ele poderia obter a autorização de porte
de arma de fogo de uso permitido, na categoria de caçador para subsistência.
Para isso, seria necessária a comprovação dos seguintes requisitos: ter 25
anos de idade; comprovar que depende do emprego de arma de fogo para
prover sua subsistência alimentar familiar; e evidenciar a efetiva necessidade
em requerimento ao qual deverão ser anexados o seu documento de
identificação pessoal, comprovante de residência em área rural e atestado de
bons antecedentes.

93
93. ECA
Acerca dos aspectos criminais do Estatuto da Criança e do Adolescente(ECA), discorra
fundamentadamente sobre os seguintes aspectos:
A) O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional poderá ser conduzido ou
transportado em compartimento fechado de veículo policial? Justifique.
B) Em regra, comparecendo ao distrito policial qualquer dos pais ou responsável, o adolescente

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apreendido em flagrante de ato infracional deverá ser liberado pela autoridade policial?
Justifique.

De acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o


adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser
conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em
condições atentatórias à sua dignidade ou que impliquem risco à sua
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Por fim, comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente
será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de
compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do
Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil
imediato. A exceção a essa regra ocorre quando, pela gravidade do ato
infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob
internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem
pública, hipótese em que será encaminhado, desde logo, ao representante do
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de
ocorrência.

94
94. LEI MARIA DA PENHA
Discorra, fundamentadamente, sobre violência doméstica e familiar contra a mulher
(Lei Maria da Penha). Ao elaborar seu texto, fale sobre o conceito e as formas de
violência doméstica e familiar contra a mulher.

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A Lei nº 11.340/2006, também conhecida como Lei Maria da Penha (LMP),
criou mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar
contra a mulher. A Lei diz também que toda mulher, independentemente de
classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade
e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem
violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral,
intelectual e social.
De acordo com a Lei Maria da Penha, configura violência doméstica e
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe
cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial. A referida lei afirma que são formas de violência doméstica e
familiar contra a mulher, entre outras: a física, a psicológica, a sexual, a
patrimonial e a moral.

95
95. LEI MARIA DA PENHA
Sobre a Lei Maria da Penha, discorra sobre: a aplicabilidade ou não dos institutos
despenalizadores, de penas de multa e de cestas básicas e a competência para
processar e julgar os crimes da referida lei.

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Segundo a LMP, aos crimes praticados com violência doméstica e familiar
contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº
9.099/1995. Assim, a lei determina que crimes não serão processados e
julgados no âmbito do Juizado Especial Criminal, e, por isso, não se aplicam
os institutos despenalizadores nela previstos (transação penal e suspensão
condicional do processo). Esse entendimento é, inclusive, referendado pelo
Supremo Tribunal Federal. Outrossim, ainda conforme a sobredita lei, é
vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem
como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.
No que tange à competência, os crimes que envolvem violência doméstica
e familiar contra a mulher serão processados e julgados nos Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Trata-se de órgãos da Justiça
Ordinária (estadual ou distrital) com competência cível e criminal e com
estrutura específica para o tratamento de casos dessa natureza.

96
96. LEI MARIA DA PENHA:
Ainda sobre a Lei Maria da Penha, redija um texto dissertativo as medidas protetivas
e prisão preventiva prevista na referida lei.

Entre as providências adotadas pela lei para a proteção da mulher,

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destacam-se as medidas protetivas, voltadas tanto para o ofensor, quanto
para a vítima, nas esferas pessoal e patrimonial. São exemplos dessas
medidas: afastamento do ofensor do lar, domicílio ou local de convivência
com a ofendida e o encaminhamento da ofendida e seus dependentes a
programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento.
Finalmente, a Lei Maria da Penha prevê o cabimento da prisão preventiva
em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal. Alinhado a
esse dispositivo, o Código de Processo Penal dispõe que, em caso de
desobedecimento às referidas medidas protetivas, caberá a decretação da
prisão preventiva para dar execução à essa providência.

97
97. LEI MARIA DA PENHA:

Pedro, casado com Rosana, com quem convive maritalmente há 10 anos, vem
mantendo, nos últimos cinco anos, relacionamento paralelo extraconjugal com
Simone, com quem chegou, inclusive, a coabitar por alguns meses. Desconfiado de

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que a sua amante Simone esteja envolvida com outro homem, Pedro decide
esclarecer a situação. Sem, inicialmente, ter coragem para questioná-la, decide,
primeiramente, ir até um bar situado próximo a sua residência a fim de se
embriagar. No referido estabelecimento, já sob o efeito do álcool, comenta a
suspeita de traição de Simone com seu amigo e confidente Paulo, que ali também
estava, porém sóbrio, e que já tinha conhecimento do relacionamento paralelo de
Pedro. Ambos, então, resolvem dirigir-se até a residência de Simone, a fim de
agredi-la. Chegando na casa de Simone, Paulo a imobiliza, enquanto Pedro passa a
desferir tapas em seu rosto, causando-lhe lesões de natureza leve. Com os gritos
de Simone, ambos Pedro e Paulo fogem do local. Simone, então, procura a
autoridade policial e registra ocorrência em razão das agressões praticadas por
Pedro e Paulo. Passadas algumas semanas, Pedro e Simone conversam sobre o
que aconteceu, ocasião em que, com a promessa de Pedro se separar de Rosana e
passar a viver com Simone, esta decide, então, renunciar à representação
anteriormente feita contra Pedro e Paulo.

Diante do caso exposto, e com base no ordenamento jurídico brasileiro, responda


fundamentadamente:
A) Especifique o(s) crime(s), em tese, praticado(s) por Pedro e Paulo.
B) Tanto Pedro quanto Paulo poderão ser enquadrados na Lei n° 11.340/2006 − Lei
Maria da Penha?

Inicialmente, esclareça-se que o crime praticado por ambos, Pedro e Paulo,


é o de violência doméstica, em concurso de agentes, agravado para Pedro
pela embriaguez preordenada. Destaque-se que, segundo a Lei Maria da
Penha, a violência doméstica é configurada em qualquer relação íntima de
afeto, ainda que não haja coabitação, entendimento avalizado por Súmula do
Superior Tribunal de Justiça.
Outrossim, tanto Pedro quanto Paulo poderão ser enquadrados na Lei
11.340/2006 − Lei Maria da Penha (LMP), haja vista que as elementares do
crime se comunicam, tenham elas caráter objetivo ou subjetivo, desde que
tenham entrado na esfera de conhecimento de todos os agentes. No presente
caso, a violência doméstica é elementar do crime, portanto, comunicável ao
coautor do delito. Mencione-se, também, que Paulo tinha perfeita ciência do
relacionamento paralelo de Pedro.

98
98. LEI MARIA DA PENHA
Fernando agrediu fisicamente sua ex-companheira, Olga, causando-lhe lesões que
resultaram na perda de vários dentes, o que provocou debilidade permanente da
função mastigatória. Ninguém presenciou o ocorrido, tendo a vítima registrado
ocorrência policial a respeito dos fatos. Posteriormente, profundamente arrependido,

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Fernando custeou tratamento ortodôntico para a substituição dos dentes que Olga
perdera. O casal reatou o relacionamento, e a vítima compareceu à delegacia para
retratar a representação ofertada.

Em face dessa situação hipotética, redija um texto dissertativo, respondendo, de


forma fundamentada, às seguintes indagações.
A) Qual é a tipificação do crime praticado por Fernando?
B) A retratação da representação pela vítima na delegacia de polícia obsta o
prosseguimento da persecução penal? Caso a vítima não manifestasse intenção de
retratar a representação, poderia o juiz, de ofício, determinar a designação de
audiência de retratação?

Inicialmente, esclareça-se que Fernando cometeu o crime de lesão


corporal grave, visto ter provocado com seu ato debilidade permanente da
função mastigatória na vítima. Ademais, mencione-se que o fato de o crime ter
sido praticado contra mulher, mediante violência física, por indivíduo que
possuía relação íntima de afeto com a vítima, com a qual conviveu, atrai a
incidência da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006). Nesse sentido, incidirá a
majorante, aumentando em 1/3 a pena, uma vez que o crime foi praticado no
contexto de violência doméstica, consoante previsão contida no art. 129, §10,
do Código Penal.
Outrossim, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. Assim, não cabe falar em
retratação da representação, visto que se trata de instituto não aplicável à
ação penal pública incondicionada. Também conforme a jurisprudência do
STJ, caso se tratasse de crime de ação penal pública condicionada à
representação, caso a vítima não manifestasse intenção de retratar, não
poderia o juiz, de ofício, determinar a designação de audiência de retratação.

99
99. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
Um homem investigado por usar carteira de identidade com a foto de um ator
norte-americano foi indiciado por estelionato e uso de documento falso. No
documento apreendido pela polícia, além da foto, constava também o nome do ator;
a assinatura do titular, no entanto, era do próprio infrator.

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De acordo com o delegado responsável pelo caso, o homem, que, pelos crimes
cometidos, poderá ser condenado a até dezoito anos de prisão, tinha outras cinco
identidades falsas. Duas, entre elas a que continha a foto do ator, foram utilizadas
para a abertura de uma empresa fictícia e, com ela, uma conta bancária. O
indiciado, ainda segundo o delegado, utilizava o limite dos cheques e dos cartões de
crédito para aplicar golpes.

Com base nas informações do texto acima e no disposto na Lei n.º 12.037/2009, e
supondo que, futuramente, o indiciado venha a ser preso por crime de furto e
apresente à autoridade policial, para fins de identificação civil, apenas a carteira de
trabalho original, disserte acerca de identificação civil e criminal. Em seu texto,
aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:

A) Documentos que podem atestar a identificação civil.


B) Possibilidade de o homem citado no texto ser identificado criminalmente.

Segundo a Lei 12.037/2009, a identificação civil é atestada por qualquer


dos seguintes documentos: carteira de identidade, carteira de trabalho,
carteira profissional, passaporte, carteira de identificação funcional ou outro
documento público que permita a identificação do indiciado.
No caso, afirma-se ser possível a identificação criminal, tendo em vista a
existência de registros policiais que atestam o uso de outros nomes ou
diferentes qualificações. Há que se frisar que a identificação também poderá
ocorrer, na hipótese de a autoridade judiciária competente julgar essencial às
investigações policiais, por decisão de ofício ou mediante representação da
autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa.

100
100. CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITOS DE RAÇA E COR
Joana trabalha em uma padaria na cidade de Curitiba. Em um domingo pela manhã,
Patrícia, freguesa da padaria, acreditando não estar sendo bem atendida por Joana,
após com ela discutir, a chama de “macaca” em razão da cor de sua pele.
Inconformados com o ocorrido, outros fregueses acionam policiais que efetuam a

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prisão em flagrante de Patrícia por crime de racismo (Lei nº 7.716/89 – Lei do
Preconceito Racial), apesar de Joana dizer que não queria que fosse tomada
qualquer providência em desfavor da pessoa detida. A autoridade policial lavra o
flagrante respectivo, independente da vontade da ofendida, asseverando que os
crimes da Lei nº 7.716/89 são de ação penal pública incondicionada. O Ministério
Público opina pela liberdade de Patrícia porque ainda existiam diligências a serem
cumpridas em sede policial. Patrícia, sete meses após o ocorrido, procura seu
advogado para obter esclarecimentos, informando que a vítima foi ouvida em sede
policial e confirmou o ocorrido, bem como o desinteresse em ver a autora dos fatos
responsabilizada criminalmente.

Discorra sobre a situação acima narrada, responde os seguintes questionamentos:


A) Agiu corretamente a autoridade policial ao indiciar Patrícia pela prática do crime
de racismo? Justifique.
B) Existe algum argumento defensivo para garantir, de imediato, o arquivamento do
inquérito policial? Justifique.

Inicialmente, foi incorreto o indiciamento de Patrícia pela prática do crime


de racismo, pois o delito praticado foi de injúria racial, previsto no Código
Penal. Isso, porque, enquanto a injúria racial consiste em ofender a honra de
alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou
origem, o crime de racismo atinge uma coletividade indeterminada de
indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça, ainda que a
discriminação tenha sido praticada em determinado momento contra apenas
uma pessoa. Ocorrendo, por parte de Patrícia, ofensa à honra subjetiva de
Joana, para tanto valendo-se de elementos referentes à sua cor, assim o delito
praticado foi de injúria racial.
Por fim, vale dizer que a injúria racial é de ação penal pública condicionada
à representação e que, passados mais de seis meses desde a data do fato e
conhecimento da autoria, a vítima não teve interesse em ver a autora
criminalizada, o que implica o reconhecimento da decadência e,
consequentemente, o arquivamento do inquérito.

101
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

101. ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO CEARÁ


No que concerne ao Estatuto dos Servidores Públicos do Ceará, responda:

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A) Quais os deveres gerais dos servidores públicos?
B) Quais as sanções previstas nesta Lei?

Dentre os deveres gerais do funcionário podemos citar: I - lealdade e


respeito às instituições constitucionais e administrativas a que servir; II -
observância das normas constitucionais, legais e regulamentares; III -
obediência às ordens de seus superiores hierárquicos; IV - continência de
comportamento, tendo em vista o decoro funcional e social; V - levar, por
escrito, ao conhecimento da autoridade superior irregularidades
administrativas de que tiver ciência em razão do cargo que ocupa, ou da
função que exerça; VI - assiduidade; VII - pontualidade; VIII - urbanidade; IX -
discrição; X - guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos de natureza
reservada de que tenha conhecimento em razão do cargo que ocupa, ou da
função que exerça.
Já as sanções aplicáveis ao funcionário são as seguintes: I - repreensão;
II - suspensão; III - multa; IV - demissão; V - cassação de disponibilidade; VI -
cassação de aposentadoria.

102
102. ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL DO CEARÁ:

Segundo o Estatuto da Polícia Civil do Ceará, responda:


A) Aplica-se a sanção de demissão e a demissão a bem do serviço público em que
casos?

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B) Quando se aplica a cassação de aposentadoria ou disponibilidade?

Conforme o Estatuto da Polícia Civil de Carreira do Estado do Ceará (Lei


nº 12.124), aplicar-se-á a pena de demissão a bem do serviço público no caso
de transgressão disciplinar de quarto grau e nos casos de transgressão
disciplinar de terceiro grau, quando a gravidade do caso justifique tal medida,
a critério da autoridade julgadora. Já a sanção de demissão, será cabível para
a transgressão disciplinar do terceiro grau.
Ainda segundo o Estatuto da Polícia Civil de Carreira do Estado do Ceará
(Lei nº 12.124), será cassada a aposentadoria e disponibilidade quando o
aposentado ou disponível praticar, quando no exercício funcional,
transgressões disciplinares de terceiro e quarto grau.

103

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