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Nome: Thiago Pereira Camargo Comelli R.

A: 1811400386

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA [xxx]


VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP.
INQUÉRITO POLICIAL Nº.: [xxx]

ROBERTA, devidamente qualificada nos autos do inquérito policial,


vem perante Vossa Excelência por intermédio de seu ADVOGADO
com devida procuração assinada (documento em anexo) requerer o
relaxamento da prisão, com fulcro no artigo LXV da Constituição
Federal/88, dentre outros dispositivos do código penal que serão
apresentados pelas razões de fato e direito a seguir expostas:
1) Dos Fatos: [...]

2) Do Direito:

2.a) Da Ilegalidade da Prisão:

A norma processual penal é intransigente quando diz respeito ao


ato ilegal de prisão em flagrante. Assim sendo, A AUTORIDADE
COMPETENTE É OBRIGADA ASSEGURAR TODOS OS
DIREITOS CONSTITUCIONAIS DO DETIDO. Caso seus direitos
não sejam assegurados pela autoridade, a mesma poderá
responder por abuso de autoridade conforme LEI Nº 13.869, DE 5
DE SETEMBRO DE 2019:

“Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por


agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a
pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.

§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade


quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar
outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
satisfação pessoal.

Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente


público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a:

I - Servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;

II - Membros do Poder Legislativo;

III - Membros do Poder Executivo;

IV - Membros do Poder Judiciário;

V - Membros do Ministério Público;

VI - Membros dos tribunais ou conselhos de contas.”

Ressalta-se que ao evidenciar a ilegalidade da prisão, a mesma


deverá ser relaxada imediatamente pelo Magistrado competente,
sob pena de contrariar o ordenamento jurídico. vejamos, por
conseguinte, as ilegalidades demonstradas:

2.b - Da ilegalidade cometida pela autoridade competente ao


não assegurar direitos ao detido em designar seu advogado:

Frente ao exposto, é evidente que a prisão em flagrante foi


decretada de forma deveras abusiva, tendo em vista que não fora
dado o direito da indiciada de designar seu advogado de confiança.
Outrossim, vejamos o que a Carta Magna nos elucida quanto ao
assunto:

Art. 5º CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

(...)

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer


calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo


inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos
limites da lei.

Portanto, não fora possibilitado à requerente designar um advogado


para sua defesa, o que nos leva a concluir que a autoridade
competente cometeu falta gravíssima para com a norma
constitucional, negando assim o direito ao contraditório e a ampla
defesa. Ora, é mais do que imprescindível então que haja o
relaxamento da prisão em flagrante;

2.c) Da ilegalidade quanto ao lapso temporal da audiência de


custódia:

Ao se tratar de lapso temporal, observamos que o Código de


Processo Penal, com entrada em vigor da lei 13.964/2019 (pacote
anticrime) consolidou o lapso temporal previsto para a realização da
audiência de custódia, sendo este em não prorrogáveis 24 (vinte e
quatro) horas:

Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até
24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá
promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu
advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do
Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:

I - Relaxar a prisão ilegal;

(...)

Ao analisar os autos do inquérito policial, concluímos que a prisão


em flagrante fora realizada no dia 05 de junho de 2021 e a
audiência de custódia no dia 10 de junho de 2021, ou seja, se
passaram mais de 120 horas (5 dias) após a prisão. Assim sendo,
não fora realizada a audiência de custódia, que poderia implicar o
relaxamento de prisão relatada anteriormente ou então determinar
até mesmo a liberdade provisória do requerente;

2.d) Do não Cabimento da Prisão Preventiva:


Frente aos fatos narrados, a indiciada fora encontrada em uma
manifestação de marcha de maconha, portando apenas três
cigarros de maconha. Logo, não há a possibilidade de se falar no
crime de tráfico de drogas, haja vista tratar-se de uma usuária, pois
a indiciada estava portando os cigarros para uso próprio, sem o
fulcro de vender ou distribuir. Ademais, a quantia flagrada é
ridiculamente baixa, enquadrando-se assim na tipologia penal que
trata do usuário, não do traficante de drogas:

Art. 28 da Lei 11343/2006: Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,


transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às
seguintes penas:
I - Advertência sobre os efeitos das drogas;
II - Prestação de serviços à comunidade;
III- Medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia
da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo
gerado pelo estado de liberdade do imputado.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:
I - Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
máxima superior a 4 (quatro) anos;

Cabe então ao Magistrado revogar a prisão em flagrante, colocando


a indiciada em liberdade provisória, conforme garante o Artigo 321
do CPP:

Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da


prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória,
impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319
deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste
Código;

Sendo assim, ao tratar de crime de USUARIO DE


INTORPECENTES, a autoridade competente deverá somente
aplicar algumas penas previstas no Art. 28 da lei de drogas.

3) Do Pedido:

Frente ao exposto, requer de Vossa Excelência que após a


manifestação do Ministério Público:
a) Sejam acolhidos os pedidos da requerente;
b) Que seja concedido o alvará de soltura, relaxando a injusta
prisão em flagrante;
Termos em que

Pede deferimento

Assis, 13 de junho de 2021.

OAB/SP nº. [xxx]

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