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Prática Forense: II

Estagiário (a): Gabriella Rodrigues Dantas

Supervisor (a): Celma Mendonça Milhomem Jardim

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

AO JUÍZO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE GURUPI, ESTADO


DO TOCANTINS.

URGENTE: RÉU PRESO

IP nº XXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX
Requerente: XXXX XXXXX XXX XXXXX

XXXX XXXXX XXX XXXXX, brasileiro, casado, autônomo, portador do RG


sob o n° XXXXXX SSP/TO e inscrito no CPF n.º XXX.XXX.XXX-XX, atualmente
recolhido na Casa de Prisão Provisória desta comarca, comparece, por
intermédio de seu procurador, com fundamento no Art. 310, inciso III do
Código de Processo Penal e Art. 5º, LXVI da Constituição Federal, à presença
de Vossa Excelência para requerer REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA
aduzindo para tanto o que se segue:

1. SÍNTESE PROCESSUAL
O Requerente foi preso em flagrante no dia 09 de agosto do corrente ano,
nesta

urbe, acusado de ter supostamente praticado a conduta descrita no Art. 121,


caput, do Código Penal, fato ocorrido em uma fazenda momentos antes da
prisão, conforme depreende-se do APF n.º XXXXX\XXXX.

Realizada audiência de custódia na mesma data (Evento XX dos autos de


Inquérito Policial em apenso), o representante do Ministério Público pugnou
pela conversão da prisão em flagrante em preventiva com fundamento na
garantia da ordem pública, o que fora acatado por este juízo conforme decisão
acostada ao evento XX.

Mandado de prisão nº XXXXX expedido por este juízo.

É o que consta.

2. DA ORDEM PÚBLICA COMO MOTIVO INSUFICIENTE PARA


DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA

A real necessidade da custódia cautelar máxima deve guardar estreita


consonância com o que já resta apurado até o momento de sua análise, não
bastando citar os requisitos constantes da lei, devendo-se analisar se estes
requisitos estão presentes no caso concreto.

A natureza do delito não pode justificar a garantia da ordem pública.


Mecanismos de controle social, solucionam-se com a implementação de
políticas criminais efetivas e não pela adoção de medidas processuais isoladas
que apenas prejudicam o preso individualmente considerado, o qual é,
ressalte-se, presumidamente inocente, conforme determinação constitucional.

A garantia da ordem pública deve fundar-se em fatos concretos, que


demonstrem que a liberdade do agente representa perigo real para a
coletividade, sob pena de consagrar-se a possibilidade de admissão da
supressão da liberdade do indivíduo a partir de uma presunção de reiteração
criminosa em detrimento da presunção de inocência.

O requerente confessou a prática do fato, existiam testemunhas oculares, e,


ao que tudo indica, este agiu em violenta emoção, logo após ter sido agredido
pela vítima.

De mais a mais, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do AgRg no HC


860841, publicado em 27/10/2023, voltou a assentar que “o aparente
cometimento de um delito, por si só, não evidencia a periculosidade
exacerbada do agente ou abalo da ordem pública, a demandar a sua
segregação antes da condenação definitiva” (grifo nosso).

Dessa feita, no caso sob exame, em que pese a respeitável decisão desse
juízo, não há demonstração da presença dos fundamentos da prisão
preventiva.

3. DA EXCEPCIONALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA

Toda prisão deve ser aplicada com prudência, como ultima ratio que é,
devendo-se fundamentar, concretamente, o não cabimento/insuficiência das
medidas cautelares, pois, no Sistema Processual Penal Brasileiro, em
observância à própria essência do Estado Democrático de Direito (art. 1º da
Constituição Federal) a liberdade é a regra.

Deve-se ressaltar na espécie o Postulado da Presunção de Não Culpabilidade


(art. 5º, LVII, da Constituição Federal; Art. XI, da Declaração Universal dos
Direitos Humanos e Art. 8°, n° 2, do Pacto de San José da Costa Rica).

Não obstante, no caso sob apreciação, não existe qualquer indício de que a
liberdade do requerente importará em risco à ordem pública, nem que o
mesmo almeje frustrar a aplicação da lei penal em caso de eventual
condenação, bem como interferir na instrução criminal.

4. DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO REQUERENTE


Dos autos do IP não emerge nenhuma informação que apontem que o
Requerente, caso solto, perturbará o regular desenvolvimento da instrução
criminal. Não há sequer indícios de ameaças a testemunhas, de investida
contra provas com o fim de desaparecer evidências, ou intimidação às partes e
demais agentes envolvidos.

A manutenção do ergástulo para garantia de suposta aplicação da lei penal


também não há de subsistir, pois não há indícios de que o requerente uma vez
posto em liberdade, tentará fugir ou desobedecer aos chamados da Justiça.
Pelo contrário, o mesmo possui endereço fixo, conforme comprovantes
acostados aos autos (ANEXO X), bem como presta serviços regularmente a
uma empresa local (ANEXO X).

Todas estas circunstâncias demonstram que o Requerente não representará,


quando solto, ameaça para a instrução do processo, nem para a ordem pública
e econômica, ou ainda, para suposta aplicação da lei penal, se for o caso.

5. DOS REQUERIMENTOS E PEDIDOS

Diante do exposto, REQUER a revogação da prisão preventiva com fundamento


no Art. 316 do CPP, como medida de justiça, ante a desnecessidade da
segregação cautelar, com a consequente expedição de alvará de soltura em
favor do requerente.

Caso não seja esse o entendimento de V. Excelência, requer-se a sua


substituição por medidas cautelares diversas da prisão, previstas no Art. 319
do Código de Processo Penal, expedindo-se alvará de soltura.

Nesses termos, pede deferimento.

Local e data.

Nome e assinatura do Advogado

Nº da OAB

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