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EXCELENTISSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE

PRESIDENTE FIGUEIREDO/AM - CRIMINAL,

AUTOS: 0001452-90.2019.8.04.6501

ADRIANO DE JESUS JONOSA, brasileiro, solteiro, diarista, portador do RG


nº 2955429-2, inscrito no CPF sob o nº 031.880.092-67, residente e
domiciliado a rua 16, nº 15, Comunidade do Maruaga, Presidente
Figueiredo/AM, e-mail: machado.oab7649@gmail.com, por seu advogado
devidamente constituído, vem, à presença de Vossa Excelência, requerer

LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANCA

Com fulcro no art. 321e 350 do Código de Processo Penal, e art. 5°,
inciso LXVI, da Constituição Federal Brasileira, pelas razões de fato e
de direito que passa a expor:

I – QUADRO FÁTICO:

O Requerente está custodiado no Centro de Detenção Provisória II, em


virtude de cumprimento de mandado de prisão cumprida em 13/10/2023.

A denúncia em desfavor do acusado com base no art. 155, §4º, inciso IV


do Código Penal Brasileiro foi oferecida no dia 12/06/2020.

Rua Belo Horizonte, 150, Sala 06. 1º Andar, Adrianópolis, Manaus/AM


fone: (92) 99442-5707. Atendimento com agendamento.
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O Mandado de Citação datado de 12/08/2020 constava endereço apresentado
perante Autoridade Policial em 21/11/2019.

O Oficial de Justiça não encontrou o Requerente no endereço e


então os equívocos se sucederam, a acarretar decisão de custódia
cautelar "para assegurar a aplicação da lei penal face a fuga do
acusado" (Trecho extraído da decisão de item 1.19)

Inexistia qualquer compromisso legal ou judicial para o Requerente


apresentar o novo endereço. Cabia ao estado tomar todas as
diligências e cautelas necessárias para cumprimento do mandado de
citação.

Não consta nos autos qualquer iniciativa deste Juízo para


identificar no novo endereço do Requerente, tampouco do órgão
acusador.

O Requerente nunca empreendeu em fuga, tão somente mudou-se para


endereço próprio, onde inclusive foi capturado pela Autoridade
Policial sem qualquer tipo de dificuldade.

Importa ressaltar que sua ausência nos atos processuais não está ligada
a intenção do Requerente em fuga do distrito da culpa, pois manteve-se
no município de Presidente Figueiredo, mas agora residindo em casa
própria.

O Requerente não foi orientado pela Autoridade Policial sobre a


necessidade de informar a mudança de endereço, o que corrobora que o
Requerente jamais almejou fuga, jamais buscou fugir da aplicação da lei
penal.

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II - FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

 Da Liberdade Provisória sem fiança:

O retorno ao estado natural do ser humano é imperativo quando ausentes


os requisitos fáticos da prisão preventiva. A liberdade provisória mais
do que um direito subjetivo do acusado é uma prerrogativa pública
decorrentes dos direitos e garantias individuais do indivíduo, conforme
art. 5º LXVI, in verbis:

“Ninguém será levado à prisão ou nela mantido


quando a lei admitir a liberdade provisória
com ou sem fiança”

Ademais, a Constituição Federal alberga em seu art. 5º, LVII o Princípio


da não-culpabilidade, de que ninguém será considerado culpado senão após
o trânsito em julgado da sentença penal condenatória; consagrando o
estado ou situação de inocência1.
A propósito, para a decretação dessa espécie de custódia cautelar,
deverão estar necessariamente presentes os "requisitos", os quais, na
precisa lição de Julio Fabbrini Mirabete se bipartem em "pressupostos" e
"fundamentos". Os pressupostos, caracterizadores do fumus comissi
delicti (fumaça do cometimento do delito), são traduzidos pelo binômio
"prova da existência do crime" e "indícios suficientes de autoria". Já
os fundamentos, os quais indicam o periculum libertatis (perigo em
liberdade), são, segundo o art. 312 do CPP: 1) garantia da ordem
pública; 2) garantia da ordem econômica; 3) aplicação da lei penal e 4)
conveniência da instrução criminal.

O fumus comissi delicti, por si, não é suficiente para manter uma pessoa
segregado cautelarmente. Há obrigatoriedade da incidência de qualquer
desses a seguir, o que efetivamente não acontece no caso em análise.

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a) garantia da ordem pública:

Este requisito deve ser analisado com muita cautela, pois embora o
legislador almeje o resguardo social, a evitar que o custodiado volte a
delinquir, no caso de restabelecimento da liberdade, ou ainda em virtude
da gravidade do crime e o clamor popular, nem sempre a prisão preventiva
é cabível ou a medida mais acertada.

O Requerente não se DEDICA a atividade criminosa, não faz parte de


nenhuma facção ilícita, não se sustenta do cometimento de delitos (não
há sequer indícios), "não possui personalidade perigosa e violenta",
logo, não provoca risco a sociedade, não fomenta a quebra da ordem
pública, e indubitavelmente em liberdade não irá delinquir.

Nada há em concreto, portanto, a indicar que, solto, praticará qualquer


infração à ordem jurídica, tampouco que colocará em risco a ordem
pública, uma vez que não é criminoso contumaz.

b) por conveniência da instrução criminal:

Da mesma forma, o Requerente é pessoa pacífica, não ameaçou qualquer


testemunha, não procurou destruir qualquer vestígio do crime ou obstruir
a ação da Autoridade Policial, nem existe qualquer indício sequer nesse
sentido, o que bem demonstra o seu firme propósito de não impedir a
busca da verdade real. Desnecessária, por conseguinte, sua custódia para
garantir o normal desenvolvimento da atividade instrutória que virá.

c) Pela garantia da aplicação da lei penal ou da preservação da ordem


econômica:

Por fim, também a aplicação da lei penal está garantida, o Requerente


possui residência fixa, ocupação lícita, a demonstrar que está radicado

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no distrito da culpa e não pretende subtrair-se à aplicação da lei.

Houve sim uma desídia do Poder Judiciário e do órgão acusador que nada
propuseram para encontrar o endereço do Requerente antes de decretar uma
medida tão extrema. Uma simples diligência seria suficiente para
encontrar o Requerente que se encontrava em sua residência no distrito
da culpa, sem qualquer indício de fuga.
Ilustre Magistrada, a manutenção da prisão do Requerente não representa
a melhor solução do ponto de vista da política criminal, e caracteriza
uma grave injustiça.

III - REQUERIMENTO:

Dessa forma, Excelência:

Tendo o Requerente, residência fixa, ocupação lícita, e verificada a


ausência de outros requisitos ensejadores da decretação da prisão
preventiva, sua LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA não atentará contra a
ordem pública, não perturbará a instrução criminal e não prejudicará a
aplicação da lei penal, pois se compromete desde já, a comparecer em
todos os atos a que for intimado e não ausentar-se ou mudar-se de
endereço sem prévia comunicação a esse juízo, portanto, REQUEIRO a
concessão do pedido, expedindo-se por consequência, o competente ALVARÁ
DE SOLTURA.

Subsidiariamente, requer seja aplicada qualquer das medidas cautelares


previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal, de forma a
privilegiar a Lei nº 12.403/2011.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

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Presidente Figueiredo/AM, 24 de janeiro de 2024.

Hernane Pereira Machado


OAB/AM 7649

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