Você está na página 1de 7

PRÁTICA SIMULADA III - CCJ0047

Semana Aula: 7

Relaxamento da Prisão
ra de Conteúdo

1. A diferença entre prisão legal e a ilegal.

 Prisão legal: caberá pedido de liberdade provisória

 Prisão ilegal: caberá pedido de relaxamento de prisão

2. Breve revisão sobre PRISÃO PREVENTIVA:

a) Idéia:

Trata-se de prisão cautelar decretada pelo magistrado, mediante representação


da Autoridade Policial ou requerimento do MP quando preenchidos os
requisitos legais (art.313, CPP) e quando presentes os motivos autorizadores
(art. 312, CPP).

OBS:

Representa verdadeira afronta a Constituição a possibilidade de ser


decretada de ofício pelo juiz (Inconstitucionalidade por violação ao Sistema
Acusatório), embora seja controvertido.

b) Não se confunde com a prisão temporária (Lei 7.960/89)

Que só pode ser decretada na fase pré-processual e somente nas hipóteses dos
crime do inciso III do referido Diploma Legal, comprazo de 5 dias
prorrogáveis por igual período ou em caso da Lei 8.072/90, com prazo de 30
dias prorrogáveis por mais 30 dias.

1
c) Prisão Preventiva na fase pré-processual:

É cabível, segundo disposição expressa na lei (art. 311, CPP), contudo, é


MAJORITÁRIO que havendo provas de materialidade e indícios de autoria,
há também elementos para o oferecimento de DENÚNCIA.

d) Pressupostos da prisão preventiva (análise do art. 312, CPP):

Fumus comissi delicti: prova da existência do crime e indícios suficientes de


autoria.

Periculum libertatis: (art. 312, 1ª parte, CPP)

 Garantia da Ordem Pública:

Significa o risco considerável de reiteração criminosa por parte do acusado


caso permaneça em liberdade.

Críticas:

Proj.lei nº4208/01 que retirava a expressão do artigo mas não foi aprovado...

 É uma expressão extremamente vaga e imprecisa, que concede amplo


poder discricionário ao magistrado.

 Se decretada com fundamento nesse dispositivo, não possui caráter


instrumental, mas sim um exercício de vidência (futurologia).

 Com esse fundamento, é feito verdadeiro juízo de periculosidade sobre


o acusado que é Constitucionalmente presumidamente inocente.

 Não é possível manejar a “garantia da ordem pública” com fundamento


na gravidade em abstrato do delito. P.ex. Tráfico é um crime hediondo
muito grave.

 Clamor público provocado pelos veículos de imprensa

2
Prisão preventiva é excepcional, somente cabível quando não for cabível a
sua substituição por outra medida cautelar (art. 282, §6º, CPP)

Caráter instrumental : Medidas cautelares são instrumentos a serviço do


processo e JAMAIS PODEM SER UTILIZADAS PARA “FAZER JUSTIÇA”

 Garantia da Ordem Econômica:

Significa o risco de reiteração criminosa em relação a crimes que


perturbem o livre exercício de qualquer atividade econômica, como abuso
de Poder Econômica ou interferência na livre concorrência.

Aplicável em tese em crimes e contra Ordem Tributária (Lei 8137/90), Crimes


contra a Ordem Econômica (Lei 8.176/91), Crime contra o consumidor (Lei
8.078/90)

 Conveniência da instrução criminal:

Visa impedir que o agente venha a interferir na colheita de provas, ou seja,


na instrução criminal.

Havendo indícios de intimidação de testemunhas, aliciamento de peritos,


supressão ou alteração de documentos, poderá ser decretada a prisão
preventiva.

 Para assegurar a aplicação da lei penal:

Pode ser decretada com esse fundamento quando o agente demonstrar que
pretende se evadir do distrito de culpa,inviabilizando futura execução penal.

 Não se pode presumir que o agente vai fugir com o fundamento de sua
favorável situação socioeconômica

3
 Ou com fundamento em meras conjecturas ou illações desprovidas de
base empírica.

 Descumprimento de qualquer das obrigações impostas por outras


cautelares ( arts. 312, § único e 282, §4º, CPP)

e) Hipóteses de admissibilidade (art.313, CPP) Mencionar


HOMOGENEIDADE
3. Breve revisão sobre ostratégias de Aprendiza
Fundamento: artigo 5º, LXV, CF.

Conceito: peça cabível para libertar quem foi preso em flagrante de forma ilegal.

Prazo: enquanto perdurar a prisão ilegal.

Como identificá-lo: o seu cliente foi preso em flagrante. Entretanto, o problema não dirá
expressamente que a prisão foi ilegal, pois a análise deverá ser feita pelo examinando. A
prisão em flagrante está prevista nos artigos 301/310 do Código de Processo Penal, onde há
o procedimento a ser adotado pela autoridade policial no momento da prisão. Não atendidos
os ditames legais, a prisão será ilegal. No entanto, a ilegalidade pode ser decorrente da

inobservância de outros dispositivos do CPP, e não apenas dos artigos que tratam
especificamente do flagrante. O interessante é que o examinando pesquise hipóteses de
ilegalidade durante a sua preparação, pois não há como elaborar um rol taxativo.

Dica: o exemplo mais comum de prisão em flagrante ilegal é aquela ocorrida em seguida
da apresentação espontânea. Imagine a seguinte situação: A mata B. No dia seguinte, A se
apresenta espontaneamente ao delegado, que o prende em flagrante. Na hipótese, a prisão
será ilegal, pois não há o que se falar em flagrância quando o suspeito, por vontade própria, 
se entrega à autoridade policial. Contudo, não confunda: se, durante uma perseguição, logo
após o delito, o suspeito desiste de fugir e se entrega, não teremos a situação de
apresentação espontânea (veja o artigo 302 do CPP).

Importante: não se esqueça de pedir a expedição do alvará de soltura.

Atenção: se o problema falar em decisão que nega o pedido de relaxamento, a peça cabível
será o Habeas Corpus ao Tribunal.

4
Aplicação: articulação teoria e prática
 
No dia 15/11/2016, por volta das 22 horas, Matias conduzia veículo automotor, marca
Volkswagen, modelo Gol, placa XYX0611, pela Av. Brasil, na Comarca da Capital, na
altura do nº YY, quando foi abordado por uma guarnição da Policia Militar, sendo certo
que os policiais constataram que o Matias dirigia veículo produto de crime. Desta maneira,
Matias foi preso em flagrante delito pelos PM´s como incurso nas penas do art. 180, do CP.

Já em sede policial, a Sra. Miranda , proprietária do veículo, reconheceu, em conformidade


com o art. 226 do CPP, Matias como autor do crime de roubo ocorrido 2 dias antes, ou seja,
em 13/11/2016.

Observado o procedimento de lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, Matias agora


encontra-se preso, como autor do delito previsto no art. 180 do CP. Você, advogado
criminalista é procurado pela família de Matias para tomar as medidas cabíveis nesse caso.

Peça: Relaxamento da Prisão em Flagrante.

Fundamentação: artigo 5º, LXV, CF e art. 310, I, CPP.

Tese: não ocorrência das hipóteses de flagrância do artigo 302 do CPP.

Pedido: relaxamento da prisão ilegal e expedição do alvará de soltura.

5
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ AUDIÊNCIA DE
CUSTÓDIA DA COMARCA ____

Obs.: o uso do doutor não é uma exigência; observar o espaço entre endereçamento e início
da redação.

APF nº___________________

RG nº____________________

MATIAS (nome completo), nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de


identidade n. ____, inscrito no CPF/MF sob o n. ____, residente e domiciliado no endereço,
na comarca de ____, por seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, requerer o

RELAXAMENTO DE PRISÃO

com fulcro no artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal, art. 310, inciso I, CPP, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas:

Como ainda não há um processo, a qualificação do requerente é necessária.

I. DOS FATOS

No dia ____, por volta das 22h, o Requerente conduzia veículo automotor, marca
Volkswagen, modelo Gol, placa XYX0611, pela Av. Brasil, na Comarca da Capital, na
altura do nº YY, quando foi abordado por Policiais Militares que constataram que o sujeito
dirigia veículo produto de crime.

Desta maneira, o Requerente foi conduzido a sede policial onde foi lavrado APF nº
xxxxx, sendo o mesmo autuado pelo art. 180, do CP.

 Insta salientar que a proprietária do veículo que estava na posse do Requerente


naquela ocasião, Sra. Miranda, reconheceu o mesmo como autor de delito de roubo (art,
157, CP) ocorrido 2 dias antes, o que desconfigura a situação de flagrante delito referente
ao crime do art. 180 do CP.

Ora, como pode ser o Requerente ser autor do crime de roubo (ocorrido mais de 48
horas antes) e do delito de recepção, sem que haja violação ao princípio do ne bin in idem?

Estes são os fatos.

6
II. DA ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE: INOCORRÊNCIA DAS
HIPÓTESES DO ART. 302, CPP

Como se pode perceber, a prisão do Requerente deve ser imediatamente relaxada,


pois ocorreu de forma ilegal.

Isso porque, de acordo com o artigo 302 do Código de Processo Penal, considera-se
em flagrante delito quem:
a) está cometendo a infração penal;
b) acaba de cometê-la;
c) é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis
que façam presumir ser ele autor da infração.

Somente faça a transcrição de artigo -excepcionalmente - quando for interessante à


fundamentação da tese.

No caso em discussão, o Requerente não encontrava-se em qualquer das hipóteses


acima descritas em relação ao delito que cometeu, segundo a proprietária do veículo que
afirmou ter sido vítima de roubo (art. 157,CP) 2 dias antes.

Na verdade o Requerente, como já dito, foi reconhecido como autor de crime


diverso ocorrido 2 dias antes.

Portanto, a prisão em flagrante do requerente é manifestamente ilegal, sendo imperioso o


imediato relaxamento, nos termos do artigo 5º, LXV, da Constituição Federal.

III. DO PEDIDO

Diante do exposto, requer seja deferido o RELAXAMENTO DA PRISÃO (art.


310, I, CPP e art. 5º, LXV da CRFB/88) para que se expeça o respectivo alvará de soltura
em favor do Requerente, diante da manifesta ilegalidade do ato, como medida de justiça.

Termos em que,

Pede deferimento.

Comarca, data.

Advogado,

OAB/____ n. ____.

Você também pode gostar