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ÍNDICE

INTRODUÇÃO.................................................................................................................2
Constitucionalidade e compatibilidade da prisão preventiva com o princípio da
presunção de inocência do arguido até ao trânsito em julgado.......................................3
O que é a prisão preventiva...............................................................................................3
Fins da prisão preventiva..................................................................................................3
Quando pode ter lugar a prisão preventiva......................................................................4
Quem pode ordenar a prisão preventiva...........................................................................7
As formalidades imediatas no caso de prisão preventiva.................................................8
Regularização da prisão preventiva: apresentação ao juiz e Ministério Público............8
Actos subsequentes ao primeiro interrogatório dos detidos...........................................10
Prazos de prisão preventiva............................................................................................10
Do habeas corpus.............................................................................................................12
Considerações gerais sobre o habeas corpus...................................................................13
Pressupostos de sua aplicabilidade e funcionamento......................................................13
Legitimidade do requerente, requisitos da petição e procedimentos posteriores a sua
apresentação....................................................................................................................13
Legitimidade do requerente.........................................................................................13
Requisitos da petição...................................................................................................14
Procedimentos posteriores a apresentação da petição ou requerimento......................14
Possíveis respostas da entidade responsável pela prisão e suas implicações..................14
Apresentação do processo na secção criminal do Tribunal supremo e deliberação........15
Declaração da ilegalidade da prisão e ordem de imediata libertação do recluso............15
Do requerimento para apresentação jurídica e seus fundamentos...................................15
CONCLUSÃO.................................................................................................................16
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................17
INTRODUÇÃO

No presente trabalho da cadeira de Direito Processual Penal, na qual tem como tema em
destaque a Prisão Preventiva, onde pretendemos falar de tudo quanto é o tema em tela,
aprofundar e buscar obter mais conhecimento sobre o mesmo, e desde já iremos falar da
constitucionalidade e compatibilidade da prisão preventiva com o princípio da
presunção de inocência do arguido até ao trânsito em julgado, onde analisaremos os dois
aspectos e esperamos obter uma conclusão sobre a constitucionalidade e
compatibilidade, também falaremos dos fins da prisão preventiva, e que momento
podemos aplicar a prisão preventiva, quando pode ser aplicada, os prazos e, por fim
falaremos do habeas corpus.

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Constitucionalidade e compatibilidade da prisão preventiva com o princípio da
presunção de inocência do arguido até ao trânsito em julgado

A admissibilidade excepcional da prisão preventiva, consagrada na CRM (art. 64º), não


entra em contradição com o princípio, também constitucional, da presunção de
inocência do arguido até ao trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 59º, n.º
2).
A contradição entre os preceitos constitucionais referidos é, porém, meramente
aparente. Esta é uma medida de aplicação exclusiva aos inocentes, pois, só após o
trânsito em julgado da sentença condenatória os arguidos deixam de o ser. A prisão
preventiva não é uma pena, é antes uma medida preventiva, uma providência cautelar
cuja justificação só poderá assentar numa ideia preventiva, nunca num ideal retributivo.

O que é a prisão preventiva

A prisão preventiva consiste na privação da liberdade física do cidadão antes da sua


condenação por uma sentença do tribunal que seja insusceptível de recurso ordinário, ou
seja por sentença que tenha transitado em julgado.
Medida de coacção aplicável ao arguido subsidiariamente, ou seja, quando se
considerem todas as outras inadequadas ou insuficientes e quando houverem fortes
indícios da pratica do crime doloso punível com pena de prisão máximo superior a 5
anos, ou se se tratar de pessoa que tiver penetrado ou permaneça irregularmente em
território nacional, ou contra qual estiver em curso o processo de extradição ou expulsão
(PRATA, 2010).

Fins da prisão preventiva

De acordo com Capez (2000, p. 227), citado por Carolina Ferreira: “A prisão preventiva
é uma espécie de prisão provisória, possuindo natureza tipicamente cautelar”. Visa,
portanto, à garantia da eficácia de um provimento jurisdicional futuro.

Por sua vez, Mirabete (2000, p. 384), também citado por Carolina Ferreira declara: "É
uma medida cautelar, constituída da privação de liberdade do indigitado autor do crime
e decretada pelo juiz durante o inquérito ou instrução criminal em face da existência de
pressupostos legais, para resguardar os interesses sociais de segurança".

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A prisão preventiva, de acordo com o estabelecido no § 3º do art. 291º do CPP, pode ter
uma tríplice finalidade, em função da qual se aferirá a sua necessidade ou seja
impossibilidade de tal finalidade ser alcançada através do recurso às medidas de
liberdade provisória previstas na lei.
Assim a prisão preventiva pode destinar-se a:
a) Impedir a fuga do arguido, garantindo assim a sua presença nos actos processuais que
a exijam e a garantir a exequibilidade da decisão;
b) Evitar perturbações para a instrução do processo, garantindo a segurança das provas,
que poderia ser posta em causa por manobras do arguido;
c) Evitar que o arguido cometa novos crimes ou perturbe a ordem e tranquilidade
públicas.
A prisão preventiva verifica-se como garantia da presença do arguido nos actos
processuais em que se exige a sua presença e também para possibilitar a execução das
penas que por ventura lhe venham a ser aplicadas.
Podemos distinguir entre prisão preventiva sem culpa formada e prisão preventiva com
culpa formada.
A formação da culpa ocorre com o despacho de pronúncia (nos processos de querela)
ou equivalente, que é aquele que fixa dia para julgamento (nos processos de polícia
correccional, transgressão e sumário).

Quando pode ter lugar a prisão preventiva

A prisão preventiva não é efectuada arbitrariamente e obedece a um quadro legal muito


rigoroso. Assim, o exige a Constituição da República de Moçambique ao estabelecer no
artigo 64º, n.º 1, que “a prisão preventiva só é permitida nos casos previstos na lei, que
fixa os respectivos prazos.”
E é o artigo 286º do Código de Processo Penal que estabelece quando pode o cidadão
ser detido antes da sua condenação. Por força deste preceito, o cidadão só pode ser
detido preventivamente nas seguintes situações:
Em flagrante delito
O conceito de flagrante delito é um conceito legal e objectivo, estabelecido no artigo
288º do Código de Processo Penal. Assim, é considerado flagrante delito todo o facto
punível:

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a) Que se está cometendo;
b) Que se acabou de cometer;
c) Que motivou a perseguição do infractor por qualquer pessoa, logo após a infracção;
d) Quando o infractor tenha sido encontrado a seguir à prática da infracção com
objectos ou sinais do crime.
Ainda por força deste artigo, a prisão preventiva nestes casos só terá lugar se o crime
praticado for punido com pena de prisão. Se ao facto punível não corresponder pena de
prisão, o infractor só poderá ser detido por qualquer autoridade ou agente da autoridade
quando não for conhecido o seu nome e residência e não possa ser imediatamente
determinado, ou quando se trate de arguidos em liberdade provisória ou condenados em
liberdade condicional que tenham infringido as obrigações a que estejam sujeitos. ( §
único do art. 287º do CPP).
No caso de flagrante delito, o infractor poderá ser detido por qualquer cidadão.
A lei distingue 3 situações de flagrante delito:
1ª Flagrante delito em sentido restrito: “está cometendo”, previsão da 1ª parte do art.
288º;
2ª Quase flagrante delito: “acabou de cometer”, previsão na 2ª parte do art. 288º;
3ª Presunção legal de flagrante delito: o agente é perseguido ou, mesmo não sendo
perseguido, é encontrado (já não no local do crime) com objectos ou sinais que mostrem
claramente que a cometeu ou nela participou, tendo-se sempre em conta o elemento
temporal (que a lei não define), pois se o agente tiver sido encontrado com sinais de ter
cometido o crime um dia após a ocorrência do mesmo, não se considera flagrante delito.
Para a prisão dos réus em flagrante e quando à infracção corresponder a pena de prisão é
permitida a entrada tanto na casa ou no lugar onde o facto se está cometendo, ainda que
não seja acessível ao público, como naquele a que o infractor se acolheu,
independentemente de qualquer formalidade.

Fora de flagrante delito


O arguido só pode ser detido, desde que cumulativamente, se verifiquem os seguintes
requisitos:
a) A infracção cometida corresponda a crime doloso ou seja, no caso de o arguido ter
tido a intenção de cometer o crime, e se esse crime for punível com pena de prisão
superior a um ano.
b) Existência de forte suspeita da prática do crime pelo arguido;

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c) Não ser admissível liberdade provisória ou quando esta se mostrar insuficiente para a
realização dos seus fins.
Em relação ao primeiro requisito, importa dizer que as penas de prisão são as que vêm
previstas nos artigos 55º, n.ºs 1 a 5 e 56º, n. 1, ambos do CP. Daqui resulta que a prisão
preventiva pode ter lugar fora de flagrante delito, não apenas em relação a crimes a que
corresponda processo de querela (puníveis com pena maior), como também em relação
a que corresponde processo de polícia correccional (puníveis com prisão superior a um
ano).
O segundo requisito que se tem de verificar para que a prisão preventiva fora de
flagrante delito seja autorizada consiste na existência de forte suspeita da prática do
crime pelo arguido. E tal suspeita existe “quando se encontre comprovada a sua
existência e se verifiquem indícios suficientes da sua imputação ao arguido, sendo
sempre ilegal a captura destinada a obter esses indícios” (§ 1º do art. 291º do CPP).
Por último, como terceiro requisito, exige-se também que a liberdade provisória seja
inadmissível ou insuficiente.
É inadmissível a liberdade provisória, devendo efectuar-se a captura, quando:
a) O crime praticado seja punido com as penas dos n.ºs 1, 2, 3 e 4 do art. 55º do CP;
b) O crime praticado seja doloso punível com pena de prisão superior a um ano e seja
praticado por reincidentes, vadios ou equiparados.
A liberdade provisória é insuficiente quando se verifique qualquer uma das seguintes
situações (§ 3º do art. 291º do CPP):
a) Quando haja comprovado receio de fuga da pessoa que é indiciada da prática da
infracção; contudo, nestes casos, esse receio deve ser fundamentado com provas
objectivas e inequívocas;
b) Quando haja comprovado perigo de perturbação do andamento da instrução do
processo mantendo-se o arguido em liberdade;
c) Quando, em razão da natureza e circunstâncias do crime, ou da personalidade do
delinquente, haja receio fundado de perturbação da ordem ou da continuação da
actividade criminosa.
É obrigatoriamente detido em prisão preventiva, o infractor que, estando em liberdade
provisória mediante caução:
a) Cometer qualquer crime doloso punível com pena de prisão superior a um ano, ou
continuar a actividade criminosa pela qual ele é arguido;

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b) Não cumprir as obrigações impostas pelo tribunal (art. 269º, n.ºs 1, 2, 3 e 4 do CPP),
aquando da concessão da liberdade provisória.
O arguido em liberdade provisória mediante termo de identidade e residência que
prestar caução por ter faltado ao cumprimento das obrigações impostas pelo tribunal e
vier a infringir de novo essas obrigações, poderá ser preso, nos termos da 1º parte do
artigo 291º do CPP. (§ 4º do art. 291º do CPP).
Fora de flagrante delito, e ao contrário do que em flagrante delito sucede para as
autoridades policiais, a prisão preventiva não é imposta mas tão-só autorizada.
Nos termos do disposto no n.º 5 do artigo 366º do CPP, no despacho de pronúncia o juiz
julgador terá de decidir obrigatoriamente sobre a liberdade provisória do arguido,
mantendo ou alterando a situação anterior.
Após a culpa formada, ou seja após o despacho judicial de recebimento Da acusação
(com o despacho de pronúncia ou equivalente), a exigência da verificação de forte
suspeita da prática do crime pelo arguido, indispensável para a prisão fora de flagrante
delito ser autorizada, já se encontra judicialmente declarada. Também a insuficiência da
liberdade provisória pelo perigo que a manutenção do arguido em liberdade
representaria para a instrução, deixou em tal momento, de se verificar, pois a instrução
já findou. Mantém-se porém a possibilidade da liberdade provisória, por força, quer da
alínea a) quer da alínea c), do art. 291º do CPP, situações que, a verificarem-se deverão
determinar a prisão preventiva do arguido.
A prisão preventiva, depois da culpa formada, deverá ser ordenada, naturalmente e
unicamente, pela entidade competente para proferir o despacho de pronúncia: o juiz do
julgamento.

Quem pode ordenar a prisão preventiva

Quando a prisão se efectuar em flagrante delito não se terão de considerar, obviamente,


as entidades competentes para ordenar, pois aqui são competentes os agentes da
autoridade ou qualquer pessoa, sendo certo que a prisão constitui um dever para as
autoridades e uma simples faculdade para os particulares (art. 287º do CPP).
Assim, por força do art. 6º da Lei n.º 2/93, de 24 de Junho, fora dos casos de flagrante
delito, a prisão preventiva só pode ser levada a efeito mediante ordem por escrito do
juiz, do Ministério Público, ou das demais autoridades da polícia de investigação
Criminal (PIC).

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Ora, para efeitos do disposto naquele artigo, considera-se como autoridade da PIC com
competência para ordenar a prisão preventiva as seguintes:
a) Os directores, inspectores e subinspectores da PIC;
b) Os oficiais da PRM com funções de comando;
c) Os administradores de distrito, chefes de postos administrativos ou presidentes dos
conselhos municipais de localidade, onde e quando não hajam oficiais da PRM, com
funções de comando.

As formalidades imediatas no caso de prisão preventiva

Fora de flagrante delito a prisão não pode ser efectuada sem ordem escrita da
autoridade competente, que são aquelas atrás mencionadas, ou seja, a ordem de prisão
deve constar de um mandado de captura, que são passados em triplicado, e assinado
pelo juiz, nos casos de mandados de captura propriamente ditos (art. 296º do CPP), e
pelo Ministério Público ou autoridade de Polícia de Investigação Criminal, nos casos de
ordens de prisão (art. 298º do CPP) destinando-se um dos exemplares, a ser entregue ao
detido, outro a ser junto ao processo (devidamente certificado), e o último a ser entregue
ao Director do estabelecimento prisional em que o detido há-de ser recolhido.
O cumprimento dos mandados é geralmente confiado aos oficiais de diligências, ao
agente investigador ou ainda a qualquer autoridade ou agente das autoridades com
competência para ordenar a prisão preventiva. Só perante o mandado de captura é que
deverá o cidadão acompanhar o agente da autoridade.
Por outro lado, os mandados de captura só podem, como regra, ser executados durante o
dia. Em caso de entrada da autoridade em casa habitada durante a noite, esta só é
possível se os moradores o consentirem. No entanto, se se tratar de casas e lugares
sujeitos à fiscalização especial da polícia, como sejam os restaurantes, bares, etc., a
entrada durante a noite não poderá ser negada.

Regularização da prisão preventiva: apresentação ao juiz e Ministério Público

Sempre que uma pessoa é detida sem culpa formada, deverá ser apresentada ao juiz da
instrução criminal (Lei n.º 2/93, de 24 de Junho) no prazo de 48 horas, podendo
excepcionalmente ser apresentado no prazo máximo de cinco dias a contar do da
detenção.

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Se a prisão foi efectuada em flagrante delito, o captor entregará o detido num posto da
polícia ou a qualquer autoridade ou agente da autoridade. Esta entrega deve ser
efectuada em acto seguido à prisão e, de imediato, ou no mais curto espaço de tempo
possível, o mesmo deve ser entregue ao poder judicial para efeitos de fiscalização
judicial da legalidade da captura, acto obrigatório (art. 290º do CPP).
O decurso do prazo para a entrega dos detidos ao poder judicial, sem que a mesma se
mostre efectuada, além das providências referidas no art. 290º é ainda fundamento da
petição do habeas corpus.
Se a prisão foi efectuada fora de flagrante delito, a apresentação ao Juiz da Instrução
Criminal ou do lugar da prisão, pelas autoridades captoras, far-se-á no prazo de 48
horas, após a detenção, salvo se o Ministério Público, reconhecendo ser absolutamente
necessária maior dilação, autorizar que a apresentação se faça no prazo de cinco dias, a
contar da data da detenção (art. 311º, corpo do CPP e n.º 3 do art. 21º, do DL n. 35 007)
Apresentado o preso ao Ministério Público, imediatamente se requisitam os certificados
do registo criminal e policial seguindo-se a apresentação ao juiz da instrução criminal
ou do lugar da prisão, com a informação indicada no n.º 3 do art. 21º do DL 35007.
É especial o regime a que ficam sujeitos os indivíduos presos em flagrante delito por
crime cuja acção penal depende de acusação ou de participação particulares, pois,
apresentados ao Ministério Público, deverão tais pessoas dizer se desejam participar ou
acusa; no caso negativo serão os detidos imediatamente restituídos à liberdade (art.
292º, § único do CPP).
Uma vez apresentado o detido ao Juiz da Instrução Criminal ou do lugar da prisão, para
a validação ou manutenção da prisão (em princípio como primeiro interrogatório), o juiz
conhecerá das causas da detenção, comunicá-las-á ao detido, interrogá-lo-á e dar-lhe-á
oportunidade de se defender.
Trata-se de um interrogatório que constitui um processo especial de apreciação da
legalidade da prisão efectuada, confirmando-a ou não, e nesta medida é um importante
meio de defesa do arguido, mas que também constitui um meio de prova por ele
fornecida, pois visa a recolha imediata de elementos úteis para a instrução e julgamento.

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Actos subsequentes ao primeiro interrogatório dos detidos

Após o interrogatório do arguido, o juiz conhecerá da legalidade da prisão, validando-a


ou declarando a mesma como ilegal, por não verificação de quaisquer dos requisitos que
impõem ou autorizam a mesma.

No mesmo despacho de validação da prisão o juiz deve pronunciar-se sobre a mesma se


deverá ou não manter. E tal decisão é independente da decisão tomada sobre a
legalidade da prisão efectuada.
Assim, o juiz pode determinar, de harmonia com o previsto no artigo 263º do CPP, que
o detido fique:
a) Em liberdade sem quaisquer restrições;
b) Em liberdade provisória com termo de identidade e residência;

c) Em liberdade provisória com caução;

d) Se mantenha preso.
Assim:
a) Ficará em liberdade sem quaisquer limitações, nomeadamente, se o juiz verificar a
inexistência da infracção, que a mesma, por não ser punida com prisão, não admite
prisão preventiva, que não há indícios de ter sido o detido o autor do crime ou se,
inequivocamente, este foi por ele praticado em circunstâncias que dirimem a
responsabilidade criminal.
b) Ficará em liberdade provisória com termo de identidade e residência sujeito às
obrigações (ou a algumas delas) consignadas nos artigos 269º e 270º do CPP.
c) Ficará em liberdade provisória com caução, e eventual sujeição a todas ou algumas
das obrigações constantes dos artigos 269º e 270º do CPP, se ao crime corresponder
uma pena de prisão superior a seis meses (art. 271º do CPP).
d) Ficará preso se se verificarem cumulativamente os três requisitos do art. 291º do
CPP ou se se tratar de crimes incaucionáveis que não admitam liberdade provisória
mesmo a título excepcional (Ex. art. 72º da Lei n.º 3/97, de 13 de Março).

Prazos de prisão preventiva

A lei consagra prazos distintos de duração da prisão preventiva, consoante se trate de


prisão preventiva com ou sem culpa formada.

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Antes da formação da culpa os tais prazos constam do art. 308º do CPP, que estabelece
o princípio de nenhum arguido poder estar preso se culpa formada para além dos prazos
estabelecidos na lei.
Tais prazos contam-se:
a) Desde a captura até à notificação ao arguido da acusação ou do pedido de instrução
contraditória pelo Ministério Público (§ 1º do art. 308º do CPP).
Aqui os prazos de prisão preventiva não podem exceder:
- 20 Dias, por crimes dolosos, a que caiba pena correccional de prisão superior a um
ano;
- 40 Dias, por crimes a que caibam penas de prisão maior;
- 90 Dias, por crimes cuja instrução seja da competência exclusiva da PIC (por
Ex. Falsificação de notas, tráfico de estupefacientes, etc.) ou nos casos de competência
deferida, em que este compete ao Procurador-Geral da República.
Tais prazos são simultaneamente os prazos dentro dos quais a instrução preparatória
com arguidos presos se deverá ultimar (art. 337º do CPP).
Estes prazos contam-se a partir da data da captura.

b) Desde a notificação ao arguido da acusação ou do pedido de instrução contraditória


pelo Ministério Público até ao despacho de pronúncia (§ 1º do art. 308º do CPP).
Aqui os prazos de prisão preventiva não podem exceder:
- 3 Meses, se à infracção couber pena a que corresponda o processo de polícia
correccional;
- 4 Meses, se ao crime couber a pena a que corresponda processo de querela.
Estes prazos contam-se, já não a partir da data da captura, mas sim a partir da
notificação ao arguido da acusação que sobre si impende ou do pedido de instrução
contraditória.
Após o decurso dos prazos fixados no art. 308º, sem que o arguido tenha sido notificado
da acusação ou do requerimento de instrução contraditória ou sem ter sido proferido o
despacho de pronúncia, é obrigatória a sua libertação, sendo colocado em liberdade
provisória mediante caução e sujeito às obrigações que lhe forem impostas nos termos
do § 2º do art. 270º do CPP), a não ser que tais prazos venham a ser prorrogados por um
período não superior a 60 dias nos casos de inadmissibilidade de liberdade provisória (§
1º do art. 309º do CPP).

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Relacionado com a liberdade provisória e com as obrigações inerentes à mesma, a lei
estabelece um prazo especial da prisão preventiva para as situações de não cumprimento
dessas obrigações. Assim, os prazos de prisão preventiva, verificando-se esse não
cumprimento, são os correspondentes à infracção cometida.
Existe uma excepção que diz respeito aos casos de inadmissibilidade de liberdade
provisória. Nestes casos, o juiz poderá, depois de ouvido o MºPº e o defensor do
arguido, em despacho fundamentado, marcar desde logo a data das diligências que
repute indispensáveis para a ultimação da instrução e prorrogar os referidos prazos por
período não excedente a 60 dias.

Após a formação da culpa, ou seja, após o despacho de pronúncia a prisão preventiva


não poderá ultrapassar um ano nos processos de querela, seis meses nos processos de
polícia correccional e três meses nas restantes formas de processo. Se tal ocorrer, o
Ministério Público informará do facto ao Procurador-Geral da República que tomará ou
proporá as providências adequadas (§ 2º do art. 337º do CPP). Este, sempre que o julgue
conveniente, havendo ou não réus presos, pode ainda requerer ao Tribunal Supremo que
marque data para o julgamento (§ 3º do art. 337º do CPP).
Se a acusação não for recebida e, consequentemente, o acusado não for pronunciado ou
se for proferida uma sentença absolutória o arguido será imediatamente posto em
liberdade, não tendo sequer de esperar pelo trânsito em julgado da decisão.

Do habeas corpus

Placido e Silva, citados por Beatriz Trentin. O hábeas corpus é uma locução composta
do verbo latino hábeas, de habeo (ter, tomar, andar com),e corpus (corpo), de modo que
se pode traduzir: ande com o corpo ou tenha o corpo.

A origem do hábeas corpus possui diferentes correntes, entre as duas mais fortes está a
origem no Direito Romano, e a Carta Magda da Inglaterra de 1215."

Alexandre de Moares, citado por Tretin. Habeas corpus é uma garantia individual ao
direito de locomoção, consubstanciada em uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal ao
coactor, fazendo cessar a ameaça ou coacção à liberdade de locomoção em sentido
amplo - o direito do indivíduo de ir, vir e ficar.”

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Rui Barbosa citado por Trentin, habeas corpus, é uma expressão latina que significa
“que tenhas o teu corpo”. Medida que visa proteger o direito de liberdade do indivíduo.

Plácido e Silva citados por Trentin, "habeas corpus. É o instituto jurídico que tem a
perspícua finalidade de proteger a liberdade de locomoção ou direito de andar com o
corpo.”

Considerações gerais sobre o habeas corpus

A prisão preventiva enquanto meio de coacção com finalidade processual (prossecução


do processo penal é execução da decisão final) que afecta a liberdade do arguido,
justifica-se pela garantia da segurança das provas e da presença do arguido e esta
condicionada a verificação de determinados requisitos legais, sendo sempre uma medida
excepcional em atenção as disposições contidas nos artigos 59/1 e 64/1 CRM.

Deste modo, quando a prisão preventiva, que se traduz na privação dos cidadãos da sua
liberdade corpórea ou física do individuo de ir, vir, ou ficar, antes de condenação
judicial transitada em julgado, seja efectuada ao arrepio da lei, ou seja, em violação da
lei tendo em vista a tutela da liberdade do cidadão. O habeas corpus serve para
impugnar a decisão de detenção ilegal, bem como permitir que se obtenha uma decisão
muito rápida para pôr termo a ilegalidade de que enfermar determinada detenção,
quando a tal ilegalidade não possa ser confrontada com recurso a meios ordinários.

Pressupostos de sua aplicabilidade e funcionamento

O habeas corpus, tal como requerimento para apresentação judicial, é um mecanismo de


tutela da Liberdade individual, em termos de se fazer uso do mesmo para pôr termo a
prisão ilegal, em atenção o disposto no artigo 315 corpo, 1a parte.

Legitimidade do requerente, requisitos da petição e procedimentos posteriores a


sua apresentação

Legitimidade do requerente

As pessoas com legitimidade para apresentar o pedido de habeas corpus estão indicadas
no art. 316.o corpo, nomeadamente o próprio preso, ou o seu cônjuge, ascendente ou
descendente, contando que seja capaz.

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O pedido é feito por meio de requerimento o qual sendo dirigido ao Presidente do
Tribunal supremo, deve ser assinado pelo advogado, conforme a exigência legal.

Requisitos da petição

Quanto aos elementos que devem constar do requerimento o numero 1 do art. 316. o
refere identificação do prazo, a entidade que o prendeu ou mandou prender, a data da
captura, o local da prisão e os motivos e os fundamentos da sua ilegalidade.
Sendo o requerimento dirigido ao presidente do tribunal supremo, pode ser directamente
entregue em duplicado ao TS ou Tribunal judicial da cidade de Maputo, ou o Tribunal
de Província ou Juiz de direito nos locais fora da capital da Província, mas não poderá
ser entregue ao juiz quando a prisão tenha sido por este ordenada, devendo neste caso o
requerimento ser enviado directamente ao Presidente do TS (art 316. o seu nr. 1 e 2
CPP).

Procedimentos posteriores a apresentação da petição ou requerimento

Apresentado o requerimento, haverá que ouvir a entidade responsável pela prisão para
saber da sua versão, para que o determina art, 317. o corpo, que o presidente do TS ou a
quem for entregue o requerimento faça remeter duplicado do mesmo a dita entidade
responsável pela prisão, sendo que o artigo anteriormente citado não prescreve o prazos
para efeitos de respostas, referidos somente que haja citada a entidade responsável para
a prisão, responderá dentro de mais breve prazo possível.

Possíveis respostas da entidade responsável pela prisão e suas implicações

A resposta dada pela entidade responsável pela prisão em como o preso foi libertado
tem como consequência que o juiz porá termo a reclamação como resultado do nr.1. o do
art. 317o CPP, o que fica a dever-se a natureza extraordinária da providencia do habeas
corpus e, por isso mesmo, somente pode ser "concedida quando se trate de prisão
efectiva, actual e ilegal por alguns motivos referidos no único do artigo 315. o CPP,
como alais o único deste artigo prescreve que só pode haver lugar a providencia do
habeas corpus quando se trate de prisão efectiva e actual ", e no aspecto do termo de
reclamação por decisão do juiz face da resposta dada pela entidade responsável pela
prisão em como o preso foi libertado, tal faz sentido porque faltaria um dos requisitos
do habeas corpus da prisão.
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Para além do seu carácter ilegal a prisão que determina o recurso a providência do
habeas corpus deve, por força única do art, 315.o CPP ser efectivo e actual, sendo que a
sua ilegalidade deve resultar de alguns motivos taxativamente indicados nas alíneas a) a
d), do citado único do art, 315o CPP.

Apresentação do processo na secção criminal do Tribunal supremo e deliberação

Com a petição ou requerimento do habeas corpus dá-se lugar ao processo respectivo. O


referido processo, que em princípio consistira do requerimento e da resposta da entidade
responsável pela prisão, se houver, será apresentado na primeira sessão ordinária da
secção criminal do TS, tendo a juiz-presidente a faculdade de convocar uma sessão
extraordinária da citada secção quando considere urgência do assunto (art 318. o CPP
corpo).

A constituição da secção para efeitos de apreciar e deliberar sobre o pedido do habeas


corpus é regulado pelo único art, 318 o CPP, que faz em termos tais que atendam a
necessidade de, no mais espaço de tempo possível, a secção poder reunir quorum
bastante para liberar mesmo em férias judiciais, sendo que a secção funciona com o
sistema do MP.

Declaração da ilegalidade da prisão e ordem de imediata libertação do recluso

A decisão do tribunal no sentido de declarar ilegal a prisão e ordenar a imediata


libertação do recluso sem duvidas que será consequência de constatação, com base nos
elementos constados do processo, de quem a prisão enferma de ilegalidade por algum
fundamento

Do requerimento para apresentação jurídica e seus fundamentos

O requerimento para apresentação jurídica ou providência inominada deve ser dirigida


ao juiz de instrução criminal de província, ou ao juiz de direito tribunal de província. No
casso de tribunal de província sem sessão de instrução criminal, por detidos, por um
lado a ordem de autoridade cuja competência territorial não excede a área de província e
por outra por motivos da competência dos tribunais judiciais de província.

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CONCLUSÃO

Chegados ao final deste trabalho, podemos constar que, a contradição entre os preceitos
constitucionais referidos (prisão preventiva e presunção de inocência) é, porém,
meramente aparente. A presunção de inocência é uma medida de aplicação exclusiva
aos inocentes, pois, só após o trânsito em julgado da sentença condenatória os arguidos
deixam de o ser. A prisão preventiva não é uma pena, é antes uma medida preventiva,
uma providência cautelar cuja justificação só poderá assentar numa ideia preventiva,
nunca num ideal retributivo.

E quanto ao conceito da Prisão preventiva, é a medida de coacção aplicável ao arguido


quando se considerem todas as outras inadequadas ou insuficientes e quando houverem
fortes indícios da prática do crime doloso punível com pena de prisão máximo superior
a 5 anos.

Quanto ao fim da prisão preventiva, é uma espécie de prisão provisória, possuindo


natureza tipicamente cautelar”. Visa, portanto, à garantia da eficácia de um provimento
jurisdicional futuro.

Em relação ao habeas corpus, o grupo optou pela definição trazida por Plácido e Silva
ambos citados por Trentin, sendo que, é o instituto jurídico que tem a perspícua
finalidade de proteger a liberdade de locomoção ou direito de andar com o corpo. E em
termos de legitimidade para o requer, sendo o próprio preso, ou o seu cônjuge,
ascendente ou descendente, contando que seja capaz. O pedido é feito por meio de
requerimento o qual sendo dirigido ao Presidente do Tribunal Supremo, deve ser
assinado pelo advogado, conforme a exigência legal.

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BIBLIOGRAFIA

República de Moçambique. Constituição da República de Moçambique, 2004 – Revista


e republicada pela Lei nº 1/2018 de 12 de Junho de 2018.
República de Moçambique. Lei n.º 35/2014 de 31 de Dezembro – Código Penal
Código de Processo Penal de Moçambique, 2.a Edição Revista, 2016.
PRATA, Ana. Dicionário Jurídico - Direito Penal e Direito Processual Penal – Volume
II, 3ª edição.

FERREIRA, Carolina Figueiredo Pinto. A prisão preventiva e o princípio da presunção


de inocência.

TRENTIN Beatriz. Manual de Direito processual Penal. Saraiva Editora, 1991.

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