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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Politicas

Direito, 4.o Ano, Pós – Laboral.

Contencioso e garantias jurídicas do cidadão no sistema de segurança social


moçambicano.

Discentes:
Mariza De Castro Ribeiro
Mércio Luciano Salvador
Raufa Tomé Varela
Sara Domingos Francisco

Docente:
dr. Mutela Supinho

Quelimane, Novembro de 2020.


Índice
Introdução....................................................................................................................................3

Contencioso e garantias jurídicas do cidadão no sistema de segurança social moçambicano.......4

Recursos contenciosos..................................................................................................................5

Títulos executivos........................................................................................................................5

Execução da dívida da segurança social obrigatória.....................................................................6

Período de mora e título executivo...............................................................................................6

Direito de retenção.......................................................................................................................6

Privilégios creditórios..................................................................................................................6

Impenhorabilidade dos créditos e bens.........................................................................................7

Fiscalização e controlo.................................................................................................................7

Inspecção.....................................................................................................................................8

Abuso de confiança......................................................................................................................8

Infracções.....................................................................................................................................8

Recurso gracioso..........................................................................................................................9

Conclusão...................................................................................................................................10

Bibliografia................................................................................................................................11

2
Introdução

No presente trabalho da cadeira de Direito do Trabalho II, de carácter colectivo, na qual


tem como o tema principal, o contencioso e garantias jurídicas do cidadão no sistema de
segurança social moçambicano, e onde pretendemos debruçar em torno do mesmo,
buscando conhecer quais as garantias plasmadas nas demais leis, em torno da
salvaguarda dos seus interesses legalmente protegidos e no que tange aos conflitos,
como é feita a resolução dos mesmos e, como assegurando no âmbito do sistema de
segurança social moçambicano.

3
Contencioso e garantias jurídicas do cidadão no sistema de segurança social
moçambicano.

Em primeiro lugar, cumpre referir que estamos perante um pilar fundamental no qual
assenta toda a edificação do Estado Social Moderno, na medida em que a própria
concepção do Estado, implica que este é essencialmente governado pela e para a
sociedade, sendo o Estado o principal garante da população face às adversidades da
vida. No entanto, deve o Direito ser capaz de conformar todos aspectos da
colectividade, pois assenta num sistema de Segurança Social que garante a todos os
cidadãos uma protecção “virtualmente” universal, ou seja, tenta abranger o maior
número de pessoas possíveis, contudo existem certas franjas da sociedade que escapam
à protecção concedida por parte do sistema. (MELO, Daniel Eduardo Ferreira, pág. 5)

A expressão de Segurança Social foi usada oficialmente pela primeira vez com a “Lei
da Segurança Social” de 1935 dos Estados Unidos. Nos anos subsequentes a mesma
expressão viria a ser utilizada numa Lei Neozelandesa, cuja definição foi empregada na
«Carta do Atlântico» em 1941. Reconhece-se contudo que a primeira concepção,
abrangente e tendencialmente universal de Segurança Social tal qual como concebemos
hoje, é um fruto dos esforços desenvolvidos pela OIT de 1952 a 1982.

Garantia da relação jurídica, é o conjunto de providências sancionatórias que o Estado


predispõe, em particular através dos tribunais, para coagir ao cumprimento dos seus
deveres o sujeito passivo da relação ou para o sancionar pelo incumprimento. Garantia
é, pois, o elemento da relação que se traduz na possibilidade de utilização da forca
pública para assegurar ao sujeito activo a realização do seu direito. (PRATA, Ana
2008).

Contencioso, é tudo que deriva de um conflito, disputa ou litígio entre pessoas


(singulares ou colectivas, ou mesmo entre ambos) que não conseguem chegar a um
consenso.1

1
https://dicionariodireito.com.br/contencioso

4
No âmbito das garantias jurídicas e contencioso do cidadão no sistema de segurança
social moçambicano. Estas vêm plasmadas na Lei n. o 4/2007, de 7 de Fevereiro2 e, na
Lei n.o 57/2017, de 9 de Outubro3.

Como uma das garantias, temos a reclamação, queixa e recurso gracioso, em que podem
ser objecto de reclamação e queixa os actos praticados pela entidade gestora da
segurança social obrigatória, e o legislador adverte que sem prejuízo do direito de
recurso contencioso, ou seja, nada obsta que possam ser submetidos os recursos
contenciosos.

E estabelece-se que antes de serem submetidas ao órgão judicial competente, as


reclamações formuladas contra as decisões tomadas pela entidade gestora da segurança
social obrigatória são presentes à instância de recursos graciosos desta (Vide n. os 1 e 2,
ambos do art. 43, da Lei n.o 4/2007 de 7 de Fevereiro).

Recursos contenciosos

Os conflitos resultantes da aplicação da legislação sobre a segurança social obrigatória


são dirimidos pelos tribunais competentes (Tribunal Administrativos, Vide arts. 13 e 14,
ambos da Lei 7/2014, de 28 de Fevereiro4).

Títulos executivos

Por título executivo, definem ANTONIO MONTALVAO MACHADO e PAULO


PIMENTA (Ambos citados por TIMBANE, Tomás 2010), como um documento que
exterioriza ou demostra a existência de um acto – que, por sua vez, é constitutivo ou
certificativo de uma ou mais obrigações –, ao qual a lei confere força bastante para
servir de base a acção executivo5.

No âmbito do INSS, é definido como títulos executivos as certidões de dívida emitidas


pelo INSS, com força executiva e aviso a eventual terceiro fiador, salienta ainda o
legislador, estabelecendo que estas certidões referidas, devem indicar o órgão de

2
Lei n.o 4/2007, de 7 de Fevereiro que define as bases em que assenta a protecção social e organiza o
respectivo sistema.
3
Lei n.o 51/2017, de 9 de Outubro que aprova o Regulamento de Segurança Social Obrigatória e revoga
o Decreto n.º 53/2007, de 3 de Dezembro.
4
Lei n.o 7/2014 de 28 de Fevereiro, Regula os procedimentos atenentes ao processo administrativo
contencioso, revoga a Lei n.o 9/2001, de 7 de Julho e os artigos 106 e 107 da Lei n. o 2/97, de 18 de
Fevereiro.
5
TIMBANE, Tomás. Licoes de Processo Civil I. Escolar Editora, 2010.

5
execução que os tiver emitido, com assinatura devidamente autenticada, data em que
foram elaboradas, nome e morada do devedor, proveniência da dívida e indicação, por
extenso, do seu montante e ao título executivo deve ser junto o extracto da conta
corrente do contribuinte e, o título executivo é equiparado à decisão judicial com
trânsito em julgado. (Vide, art. 45, da Lei n. o 4/2007, de 7 de Fevereiro, conjugado com
os n.os 1, 2 e 3, ambos do art. 86, da Lei n.o 51/2017, de 9 de Outubro).

Execução da dívida da segurança social obrigatória

Tendo já o título executivo, para efeitos de execução da dívida da segurança social


obrigatória, o INSS dispõe de um Serviço de Execução da Dívida, que é o garante da tal
execução.

Período de mora e título executivo

A cobrança coerciva é obrigatoriamente precedida de um período de mora de 15 dias,


sendo o contribuinte notificado por escrito, durante o qual pode regularizar a sua
situação devedora. E se o devedor não regularizar a sua situação no prazo referido, a
respectiva certidão de dívida (titulo executivo) é submetida ao Serviço de Execução da
Dívida da Segurança Social Obrigatória, para efeitos de execução.

Direito de retenção

É estabelecido que, a entidade gestora da segurança social obrigatória tem o direito de


retenção sobre créditos que o devedor da segurança social obrigatória detenha sobre
terceiros, sem prejuízo das disposições do direito das sociedades.

Do mesmo que, a entidade gestora da segurança social obrigatória tem o direito de


retenção sobre o salário ou créditos que o representante da empresa devedora,
designadamente, proprietário, gerente, mandatário ou responsável a qualquer título,
detenha sobre terceiros, desde que tenha exercido as funções no período de formação ou
de manutenção da dívida (vide n.os 1 e 2, art. 46, da Lei 4/2007, de 7 de Fevereiro).

Privilégios creditórios

A entidade gestora da segurança social obrigatória, nos seus créditos de contribuições,


goza de privilégios idênticos aos do Tesouro, graduando-se imediatamente a seguir aos
do Estado, como dispõe o art. 47 da Lei n.o 4/2007, de 7 de Fevereiro.

6
Impenhorabilidade dos créditos e bens

No garante do INSS, os créditos e bens da entidade gestora da segurança social


obrigatória são impenhoráveis.

Por incumprimento da entidade gestora da segurança social obrigatória, os portadores de


títulos executórios podem requerer ao Ministro de tutela (Ministra de Trabalho e
Segurança Social) que as verbas necessárias à satisfação da dívida sejam orçamentadas
e, para além dos créditos e bens, tem também as prestações, em que as prestações que
integram a segurança social básica e obrigatória são intransmissíveis e impenhoráveis.
(Vide, art. 49 da Lei n.o 4/2007, de 7 de Fevereiro).

Fiscalização e controlo

A fiscalização e o controlo do cumprimento dos deveres das entidades empregadoras e


dos trabalhadores são assegurados por auditores de segurança social e inspectores do
trabalho.

Os auditores de segurança social e os inspectores do trabalho estão sujeitos ao sigilo


profissional e têm, após a apresentação da sua identificação, direito a entrar nos locais
de trabalho, de controlar os efectivos de pessoal e de examinar toda a documentação e
escrituração respeitantes à segurança social obrigatória.

A da entidade empregadora e do beneficiário à fiscalização e controlo constitui crime de


desobediência punível nos termos da legislação penal, e também a recusa injustificada
de entregar ou mostrar os documentos justificativos do enquadramento, da definição das
contribuições e do direito às prestações e valor das mesmas, por parte da entidade
empregadora ou do trabalhador, é punida como crime de desobediência, nos termos do
Código Penal (Cfr. 412, da Lei n.o 35/2014, de 31 de Dezembro6). (Vide, n.o 3, do art.
51, da Lei n.o 4/2007, de 7 de Fevereiro. Conjugado com o art. 92, da Lei n. o 51/2017,
de 9 de Outubro).

Os auditores de segurança social e os inspectores do trabalho, quando detectam uma


infracção, levantam autos de notícia que fazem fé em juízo, até prova em contrário. A
auditoria da segurança social é criada pelo Conselho de Ministros que estabelece,
também, as respectivas normas de funcionamento.

6
Lei 35/2014, de 31 de Dezembro – que aprova Lei da revisão do Código Penal.

7
Inspecção

Compete aos Auditores da Segurança Social Obrigatória e aos Inspectores do Trabalho,


a fiscalização e o controlo do cumprimento dos deveres das entidades empregadoras e
dos trabalhadores em matéria da segurança social obrigatória, nos termos do disposto no
n.º 1 do artigo 51 da Lei n.º 4/2007, de 7 de Fevereiro.

Abuso de confiança

A retenção pelas entidades empregadoras das contribuições deduzidas nas remunerações


dos seus trabalhadores é punida como crime de abuso de confiança, nos termos do
Código Penal.

Infracções

Consideram-se como infracções à segurança social obrigatória as seguintes situações:

 Falta de entrega pela entidade empregadora, de documentos exigidos para a sua


inscrição;
 Falta de inscrição da entidade empregadora ou dos trabalhadores no prazo
estabelecido no presente regulamento;
 Entrega fora do prazo pela entidade empregadora dos documentos exigidos para
a sua inscrição;
 Falta de entrega pela entidade empregadora dos documentos exigidos para a
inscrição do trabalhador;
 Entrega fora do prazo pela entidade empregadora dos documentos exigidos para
a inscrição de cada trabalhador;
 Falta de entrega pela entidade empregadora e pelo beneficiário dos dados para a
actualização e alteração dos documentos exigidos para a sua inscrição;
 Entrega fora do prazo pela entidade empregadora e pelo beneficiário, dos dados
para a actualização e alteração dos documentos exigidos para a sua inscrição;
 Falta de entrega pela entidade empregadora da declaração de remunerações.
 Entrega fora do prazo pela entidade empregador da declaração de remunerações;
 Omissão do nome do trabalhador, ou falsificação da declaração da respectiva
remuneração pela entidade empregadora;
 Falta de pagamento de contribuições pela entidade empregadora;

8
 Pagamento de contribuições fora do prazo;
 Prestação de falsas declarações pela entidade empregadora com a finalidade de
obter ilicitamente vantagens para si ou para terceiros;
 Prestação de falsas declarações pelo trabalhador com a finalidade de obter
ilicitamente vantagens para si ou para terceiros;
 Tentativa de iludir ou iludir o INSS, por parte dos beneficiários, por actos ou
omissões, com o fim de obterem prestações indevidas ou de se subtraírem ao
cumprimento das suas obrigações;
 Defraudação do INSS pelos beneficiários que, estando na situação de
impedimento para o trabalho por doença e, exercerem actividade remunerada;
 Falta de comunicação pelo contribuinte ou beneficiário de alterações,
actualizações, cessações ou suspensões previstas neste regulamento.

Recurso gracioso

Às decisões tomadas pelos órgãos executivos do INSS cabe recurso à Comissão dos
Recursos Graciosos no prazo de 60 dias, contados a partir da data da notificação da
decisão.

9
Conclusão

Findo trabalho, podemos constatar o seguinte, a expressão de Segurança Social foi


usada oficialmente pela primeira vez com a “Lei da Segurança Social” de 1935 dos
Estados Unidos. Nos anos subsequentes a mesma expressão viria a ser utilizada numa
Lei Neozelandesa, cuja definição foi empregada na «Carta do Atlântico» em 1941.

No que diz respeito as garantias dos cidadãos a nível do sistema de segurança social
moçambicano, poucas são as garantias para os cidadãos e de certo modo, acaba
colocando a parte do cidadão em desvantagens, pois o mesmo não tem como efectivar o
seu direito se este for ferido, porque não há muito que possa se fazer para o proteger. E
no concerne as garantias, elas são plasmadas nas Leis supra citadas, no que o INSS tem
como meios para salvaguardar as suas pretensões no que diz respeito aos seus fins.

10
Bibliografia

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.o 4/2007, de 7 de Fevereiro – define bases em


que assenta a protecção social e organiza o respectivo sistema;

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.o 7/2014, de 28 de Fevereiro – regula os


procedimentos atinentes ao processo administrativo contencioso, revoga a Lei n. o
9/2001, de 7 de Julho e os artigos 106 e 107 da Lei n.o 2/97, de 18 de Fevereiro;

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.o 35/2014, de 31 de Dezembro – que aprova


Lei da revisão do Código Penal;

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.o 51/2017, de 9 de Outubro – aprova o


Regulamento de Segurança Social Obrigatória e revoga o Decreto n.º 53/2007, de 3 de
Dezembro;

MELO, Daniel Eduardo Ferreira. Direito da Segurança Social – Análise jurídico-


económica e comparação de regimes contributivos.

TIMBANE, Tomás. Lições de Processo Civil I. Escolar Editora, 2010.

PRATA, Ana. Dicionário Jurídico: Direito Civil e Direito Processual Civil. Almedina
Editora.

https://dicionariodireito.com.br/contencioso

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