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Rawlyson Maciel Mendes

120 horas

Noções de Direito
Previdenciário Com certificado
online

Este material é parte integrante do curso online "Noções de Direito Previdenciário" do INTRA
(www.intra-ead.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou
divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29).
Rawlyson Maciel Mendes

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 4
CONCEITO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ..................................................................... 5
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL ..................... 7
3.1 CONSTITUIÇÃO DE 1824 ........................................................................................ 7
3.2 CONSTITUIÇÃO DE 1891 ........................................................................................ 7
3.3 CONSTITUIÇÃO DE 1934 ........................................................................................ 8
3.4 CONSTITUIÇÃO DE 1937 ........................................................................................ 8
3.5 CONSTITUIÇÃO DE 1946 ...................................................................................... 10
3.6 CONSTITUIÇÃO DE 1967 (EMENDA N. 1 DE 1969) .......................................... 10
3.7 CONSTITUIÇÃO DE 1988 ...................................................................................... 11
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO MUNDO .................. 14
4.1 INGLATERRA .......................................................................................................... 14
4.2 MÉXICO ................................................................................................................... 14
4.3 ALEMANHA ............................................................................................................ 15
4.4 ESTADOS UNIDOS ................................................................................................. 15
PREVIDÊNCIA ................................................................................................................. 17
5.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL ......................................................................................... 17
5.2 PREVIDÊNCIA PRIVADA ...................................................................................... 17
SEGURIDADE SOCIAL (SEGURANÇA SOCIAL) – (CONSTITUIÇÃO FEDERAL,
ARTIGOS 194 E SEGUINTES) ....................................................................................... 19
SAÚDE (CF, ARTIGOS, 196 E SEGUINTES) ............................................................... 20
7.1 A SAÚDE É DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO (CF, ART. 196). .... 20
ASSISTÊNCIA SOCIAL (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ARTIGOS 203 E 204) ..... 22
PREVIDÊNCIA SOCIAL (ARTS. 201 E 202 CF) ......................................................... 24
PRINCIPAIS NORMAS CONSTITUCIONAIS ACERCA DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL .............................................................................................................................. 27
CONCLUSÃO .................................................................................................................... 35
AVALIAÇÃO..................................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 43
Noções de Direito Previdenciário

01
INTRODUÇÃO

Para que se possa entender melhor a Previdência Social em nossa sociedade atual, mister
se faz a análise da evolução histórica da mesma, não apenas em nosso país, como também
em alguns outros países do mundo. Ademais, tal estudo também se mostra de vital
importância no que diz respeito à busca de um aprimoramento cada vez maior do
mencionado instituto.

Assim, entende-se que, ao se examinar o curso da evolução histórica da Previdência


Social, faz-se possível que, partindo-se de elementos históricos, se conheça melhor os
institutos que atualmente vigoram. Ademais, mencionada análise permite um melhor
entendimento de qual é a melhor forma de se construir as bases para o futuro, aproveitando
os acertos dos projetos que trouxeram resultados positivos e, concomitantemente,
descartando aqueles que não deram certo.

Desta forma, o presente trabalho possui o intuito de analisar os momentos


históricos em que a Previdência Social esteve em evidência no Brasil e no mundo, de
forma a se buscar um maior entendimento sobre os avanços de tal instituto, o que se fará
por meio do estudo pormenorizado do tratamento dispensado ao instituto ao longo das
Constituições brasileiras, além de uma pontuação dos principais marcos históricos relativos
à Previdência Social em países como o México, a Inglaterra e a Alemanha.

Ademais, cumpre ressaltar que os direitos relativos à Previdência Social podem ser
considerados direitos fundamentais sociais, ou direitos de segunda dimensão e, devido a tal
“status”, tais direitos têm adquirido uma força normativa cada vez maior, tendo atingido o
seu mais alto grau, no Ordenamento Jurídico pátrio, com o advento da Constituição
Federal de 1988, que por ser o nosso atual texto constitucional, além de ser o documento
legal pátrio que mais se preocupou em tratar de questões relativas à Previdência Social,
merecerá grande destaque no presente estudo.

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Unidade 2 – Conceito de Previdência Social

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CONCEITO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Inicialmente, importante destacar que os direitos relativos à Previdência Social fazem parte
dos assim denominados direitos fundamentais sociais, os quais, de acordo com o disposto
pelo art. 6º da Constituição Federal de 1988, são os direitos à educação, à saúde, ao
trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança, à previdência social, à proteção à maternidade e
à infância, à assistência aos desamparados.

Para um melhor entendimento do que vem a ser os direitos sociais, dentre os quais
incluem-se, como visto acima, os direitos relativos à Previdência Social, importante a
transcrição da lição trazida pelo ilustre doutrinador José Afonso da Silva 1, segundo o qual
os direitos sociais consistem em:

“Prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente,


enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos
mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais.
São, portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade.”

Ante o exposto, entende-se que os direitos sociais são os direitos de igualdade, ou


seja, aqueles que possuem o escopo de fazer com que o Estado atue de maneira positiva,
garantindo, assim, a dignidade humana de todos os cidadãos.

Por possuírem a finalidade de garantir a observância da dignidade da pessoa


humana, os direitos sociais, dentre os quais se incluem os direitos relativos à Previdência
Social, são considerados direitos fundamentais, o que significa que são protegidos pela
imutabilidade, ou seja, são consideradas cláusulas pétreas, não havendo que se falar,
portanto, na supressão dos direitos fundamentais sociais e, consequentemente, não havendo
que se falar na supressão do direito à Previdência Social.

A Constituição Federal de 1988 inseriu a Previdência Social em um sistema de


proteção social mais amplo. Em conjunto com políticas de saúde e assistência social, a
previdência compõe o sistema de seguridade social, conforme consta do art. 194, do
capítulo que trata da Seguridade Social.

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Noções de Direito Previdenciário

De acordo com o citado art. 194, a seguridade social consiste em um conjunto de


ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito à
saúde, à previdência social e à assistência social.

Entretanto, mister se faz a distinção entre os conceitos de assistência social e


previdência social, sendo que esta última deve ser encarada como um seguro de
contribuição mútua para que haja o recebimento pelo segurado no futuro, enquanto a
primeira é financiada pelo governo por meio dos tributos pagos pela sociedade.

A própria Constituição Federal de 1998 traz, em seus arts. 201 e 203 características
da Previdência Social e da Assistência Social, respectivamente, não havendo margem para
que haja a confusão entre os dois institutos.

Para a finalidade do presente trabalho, nos interessa entender o que vem a ser a
Previdência Social. O art. 201 da CF/88 dispõe que “a previdência social será organizada
sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”.

Desta forma, pode-se concluir que a Previdência Social consiste em uma poupança
forçada, imposta ao cidadão para que este possua condições financeiras de usufruir da vida
em sociedade quando não mais possuir capacidade laboral.

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Unidade 3 – Evolução Histórica da Previdência Social no Brasil

03
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL NO BRASIL

3.1 CONSTITUIÇÃO DE 1824


O primeiro documento legislativo a tratar sobre a Previdência Social no Brasil foi a
Constituição de 1824, a qual dedicou o inciso XXXI de seu art. 179 a tal escopo. Tal
dispositivo garantia aos cidadãos o direito aos então denominados “socorros públicos”.

Apesar da referida previsão, a utilidade prática de tal dispositivo constitucional não


existiu, tendo em vista que os cidadãos não dispunham de meios para exigir o efetivo
cumprimento de tal garantia, ou seja, apesar de previsto constitucionalmente, o direito aos
“socorros públicos” não era dotado de exigibilidade.

Todavia, não obstante a inutilidade prática do referido dispositivo, não há que se


negar o valor histórico da inserção de direitos relacionados à Previdência Social na
Constituição de 1824, tendo em vista que, a despeito de sua ineficácia, é historicamente
relevante o fato de tal direito (por exigir uma prestação positiva por parte do Estado, não
consistindo tão somente em uma liberdade individual), ter encontrado proteção
constitucional já nessa época.

3.2 CONSTITUIÇÃO DE 1891


A Constituição brasileira de 1891 previu em seu bojo dois dispositivos relacionados à
Previdência Social, quais sejam, o art. 5º e o art. 75, sendo que o primeiro dispunha sobre a
obrigação de a União prestar socorro aos Estados em calamidade pública, se tal Estado
solicitasse, e o último dispunha sobre a aposentadoria por invalidez dos funcionários
públicos.

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Noções de Direito Previdenciário

No que tange ao art. 75 da Constituição de 1891, deve-se observar que a referida


aposentadoria concedida aos funcionários públicos que viessem a ficar inválidos, não
dependia de qualquer contribuição por parte do trabalhador, sendo completamente custeada
pelo Estado.

Importante frisar que a doutrina majoritária não considera qualquer dos dispositivos
acima citados, regras relacionadas com a Previdência Social, conferindo a eles tão somente
valor histórico.

Desta forma, toda a legislação realmente importante relativa à Previdência Social,


foi editada de forma infraconstitucional, não obstante sob a égide da Constituição
republicana.

Dentre os documentos legais editados durante o referido período, merece destaque a


Lei Elói Chaves (Decreto Legislativo n. 4.682/1923).

O referido decreto data do dia 14 de janeiro do referido ano, e pode ser considerado
um dos grandes marcos no que toca ao progresso da Previdência Social no Brasil, tendo em
vista que foi responsável pela criação das caixas de aposentadorias e pensões para os
ferroviários.

Além disso, após a Lei Elói Chaves foram sendo criadas inúmeras caixas de
aposentadoria em prol das mais variadas categorias de trabalhadores, como os portuários,
os servidores públicos, os mineradores etc.

Quase todas as caixas de aposentadoria e pensão previam a forma de custeio da


previdência da respectiva categoria, além dos benefícios a serem concedidos.

3.3 CONSTITUIÇÃO DE 1934


O sistema tripartide de financiamento da Previdência Social, tal qual o conhecemos hoje,
foi previsto inicialmente na Constituição de 1934.

Desta forma, a referida Constituição foi a primeira no Brasil a prever que o


trabalhador, o empregador e o Estado deveriam contribuir para o financiamento da
Previdência Social, o que significou um grande progresso de tal Instituto em nosso país.

3.4 CONSTITUIÇÃO DE 1937


O art. 137, alínea “m”, da Constituição Federal de 1937 instituiu seguros em decorrência
de acidente de trabalho, sendo eles os seguros de vida, de invalidez e de velhice.

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Unidade 3 – Evolução Histórica da Previdência Social no Brasil

Para além do exposto acima, não se pode dizer que a referida Carta trouxe qualquer
tipo de inovação no que tange à Previdência Social, a qual era tratada pelo uso da
expressão, até então sinônima, “seguro social”.

Não obstante a falta de inovação no plano constitucional, não se pode dizer o


mesmo do plano infraconstitucional, tendo em vista que, sob a égide da Constituição
Federal de 1937, vários foram os documentos editados.

Em ordem cronológica, tem-se que o primeiro documento legal editado sob a égide
da Constituição Federal de 1937 foi o Decreto-Lei n. 288, o qual data de 23 de fevereiro de
1938. O referido decreto foi responsável pela criação do Instituto de Previdência e
Assistência dos Servidores do Estado.

Logo após, ainda em 1938, foi editado, em 26 de agosto, o Decreto-Lei n. 651, o


qual transformou a Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Trabalhadores em Trapiches e
Armazéns, criando, assim, o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Empregados em
Transportes e Cargas.

Ademais, já em 1939, foi editado o Decreto-Lei n. 1.142, datado do dia 9 de março


do referido ano. Tal documento, além de ter sido responsável pela filiação dos condutores
de veículos ao Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e
Cargas, também fez uma ressalva no que tange ao princípio da vinculação pela categoria
profissional, utilizando como critério a atividade genérica da empresa.

Ainda no ano de 1939 tivemos a edição do Decreto-Lei n. 1.355, no dia 19 de


junho, documento este que instituiu o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Operários
Estivadores.

Para finalizar as inovações legislativas ocorridas no ano de 1939, tivemos a edição


do Decreto-Lei n. 1.469, no dia 1º de agosto, o qual foi responsável pela criação do Serviço
Central de Alimentação do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários.

Por sua vez, no ano de 1940, foi editado o Decreto-Lei n. 2.122, na data de 9 de
abril. Tal documento dispunha sobre o regime de filiação de comerciantes ao sistema da
Previdência Social, que passou a ser misto.

Em 6 de agosto de 1945, houve a edição do Decreto-Lei n. 7.835, que estabeleceu


um percentual mínimo de 70% e 35% do salário mínimo para as aposentadorias e pensões,
respectivamente.

Por fim, no dia 19 de janeiro de 1946, pouco antes da promulgação da Constituição


Federal de 1946, foi editado o Decreto-Lei n. 8.742, o qual teve o condão de criar o
Departamento Nacional de Previdência Social.

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Noções de Direito Previdenciário

3.5 CONSTITUIÇÃO DE 1946


Em primeiro lugar, importante destacar que a Constituição brasileira de 1946 não
representou nenhuma mudança de conteúdo no que tange à Previdência Social se
comparada com a Constituição anterior. Não obstante, é no bojo desta Constituição que cai
totalmente em desuso o termo “seguro social”, o qual foi substituído, pela primeira vez em
termos constitucionais no Brasil, pelo termo “Previdência Social”.

Entretanto, mister salientar que, sob a égide da mencionada Constituição, foi


editada a Lei Orgânica da Previdência Social, em 1960, a qual teve o condão de unificar
todos os dispositivos infraconstitucionais relativos à Previdência Social que até então
existiam.

Ademais, a referida Lei Orgânica (Lei n. 3.807/1960) instituiu o auxilio-reclusão, o


auxilio-natalidade e o auxilio-funeral tendo, portanto, representado grandes avanços
também no plano substancial.

Desta forma, conforme se observa do exposto acima, apesar de a nossa Constituição


Federal de 1946 não ter trazido mudanças no tocante à Previdência Social, sob a sua égide
é que foi dado o primeiro passo em direção ao sistema de seguridade social tal qual o
conhecemos atualmente.

3.6 CONSTITUIÇÃO DE 1967 (EMENDA N. 1 DE 1969)


A maior inovação trazida pela Constituição Federal de 1967, no que diz respeito à
Previdência Social, foi a instituição do seguro desemprego. Ademais, importante salientar
também que foi neste texto constitucional que ocorreu a inclusão do salário família, que
antes só havia recebido tratamento infraconstitucional.

Ademais das referidas inovações constitucionais no tocante à Previdência Social,


ocorreram também várias inovações no plano infraconstitucional, a saber:

Em 14 de setembro de 1967 foi editada a lei n. 5.316, a qual passou a incluir na


Previdência Social o seguro de acidentes de trabalho.

Em 1º de maio de 1969 foi editado o Decreto-Lei n. 564, o qual passou a


comtemplar o trabalhador rural na Previdência Social.

Em 7 de setembro de 1970 foi editada a LC n. 7. Tal lei foi a responsável pela


criação do PIS (Programa de Integração Social). Ademais, ainda no ano de 1970,
especificamente de 3 de dezembro, foi editada a LC n. 8, que foi responsável pela criação
do PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público).

Em 1971, a LC n. 11, datada de 25 de maio, teve o condão de substituir o plano


básico de Previdência Social Rural pelo Programa de Assistência ao Trabalhador Rural
(PRÓ-RURAL).

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Unidade 3 – Evolução Histórica da Previdência Social no Brasil

Já em 1972, a lei n. 5.859, de 11 de dezembro, foi a responsável pela inclusão, na


Previdência Social, dos empregados domésticos.

Em 1º de maio de 1974 foi editada a lei n. 6.036, a qual desmembrou o Ministério


do Trabalho e Previdência Social, dando origem ao Ministério da Previdência e Assistência
Social.

Em 4 de novembro de 1974, a lei n. 6.125 teve o poder de autorizar a criação, pelo


Poder Executivo, da Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social
(DATAPREV).

Em 24 de janeiro de 1976 foi editado o Decreto n. 77.077, o qual instituiu a


Consolidação das Leis da Previdência Social.

Já no ano de 1977, especificamente no dia 1º de setembro, foi editada a lei n. 6.439,


responsável pela criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social
(SINPAS), o qual possuía o escopo de propor a política de previdência e assistência
médica, farmacêutica e social.

Por fim, como último documento legal editado sob a égide da Constituição Federal
de 1967, pode-se citar o Decreto n. 89.312, o qual foi edital no dia 23 de janeiro de 1984, e
teve o condão de aprovar uma nova Consolidação das Leis da Previdência Social.

3.7 CONSTITUIÇÃO DE 1988


Conforme se sabe, a Constituição Federal brasileira de 1988 marca o retorno de um Estado
democrático de direito em nosso país, tendo contemplado vários direitos e garantias
fundamentais aos cidadãos.

É neste contexto em que, com relação aos direitos fundamentais sociais, também
chamados de direitos fundamentais de segunda dimensão (dentre os quais se inclui os
direitos relativos à Previdência Social) surge a discussão a respeito da eficácia de tais
direitos, ou seja, se é possível se exigir do Estado prestações de cunho positivo a fim de
que os direitos fundamentais sociais sejam efetivamente garantidos.

É certo que há, sobre o tema ora em evidência, muita divergência doutrinária. No
entanto, atualmente já é majoritário o entendimento de que um mínimo de dignidade da
pessoa humana deve ser garantido a todos os cidadãos, de maneira que indiscutível que o
Estado possui um dever perante a sociedade no sentido de garantir de forma efetiva que
todos os cidadãos possam usufruir de seus direitos fundamentais sociais.

Ademais, cumpre ressaltar que os direitos fundamentais sociais, assim como os


direitos fundamentais individuais, possuem uma proteção reforçada, constituindo clausulas
pétreas, o que significa que, por força do disposto no art. 60, §4º, II, da CF/88, tais direitos
não podem ser suprimidos nem mesmo por meio de emenda constitucional.

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Noções de Direito Previdenciário

Desta forma, é neste contexto que se inserem os direitos relativos à Previdência


Social na Carta Magna de 1988, tendo em vista que, conforme já mencionado alhures, tais
direitos possuem natureza de direitos fundamentais sociais.

Com o advento da referida Constituição, houve o nascimento de um Sistema


Nacional de Seguridade Social, o qual possui a finalidade precípua de assegurar o bem-
estar e a justiça sociais, para que, desta forma, ninguém seja privado do mínimo
existencial, ou seja, para que a todos os cidadãos seja assegurado o princípio da dignidade
humana.

O mencionado sistema de seguridade social é pautado, em nossa Carta vigente, por


vários princípios, dentre eles o princípio da universalidade de cobertura e de atendimento,
o que demonstra que o sistema de seguridade social da Constituição Federal de 1988
possui caráter ideário.

Cumpre ressaltar que, dentro da Seguridade Social, os serviços de saúde e de


assistência social não dependem de custeio, ou seja, não demandam que seus usuários
efetuem uma contraprestação para que possam usufruir de tais serviços, devendo, tão
somente, se encontrarem em situação tal que demande o respectivo serviço.

Em contrapartida, os serviços de Previdência Social dependem de custeio, de


acordo com o que se depreende da leitura do art. 195, caput, da CF. Assim, pode-se
entender que, não obstante nossa Carta Magna traga a ideia de vinculação do regime de
seguridade social, o que se observa é que a necessidade de custeio prévio da Previdência
Social pelo beneficiário rompe com o mencionado ideário.

Desta forma, podemos diferenciar os setores do sistema de seguridade social de


acordo com a abrangência quantitativa e qualitativa da proteção. Assim, por um lado, os
serviços de saúde e de assistência social são garantidos a todos, não obstante possuir um
caráter de proteção do mínimo existencial, ou seja, garante-se a saúde e a assistência social
apenas até o ponto em que não se fira o princípio da dignidade humana. Em contrapartida,
o serviço de Previdência Social não é garantido a todos, porém sua proteção não abrange
tão somente o mínimo existencial, sendo qualitativamente mais abrangente que os serviços
de saúde e de assistência social.

Conforme já salientado, a principal diferença da Previdência Social para os demais


integrantes do sistema de seguridade social está no custeio. Desta forma, observa-se que o
ideário da universalidade de cobertura não foi efetivamente concretizado, tendo em vista
que tão somente o trabalhador e seus dependentes usufruem da proteção social
previdenciária.

Pode-se dizer que a Previdência Social brasileira é pautada, basicamente, por duas
características, a saber: a relação entre o padrão-social do contribuinte e a abrangência da
proteção previdenciária a ele conferida; e a restrição da proteção ao nível das necessidades
básicas, ou seja, a Previdência Social só abrange a proteção do nível de vida do
contribuinte, atentando-se, conforme já salientado, aos limites econômicos estabelecidos de
forma prévia.

A referida limitação da abrangência da proteção da Previdência Social foi reforçada


com o advento da Emenda Constitucional n. 20, de 1998, a qual, além de ratificar o regime

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Unidade 3 – Evolução Histórica da Previdência Social no Brasil

contributivo e limitado, também tratou de dispor sobre os regimes de Previdência Social


complementares, os quais não possuem limite de cobertura e possuem um regime de
vinculação facultativa.

Por fim, importante mencionar as mudanças trazidas pela EC n. 41, de 2003, a qual
indiscutivelmente trouxe maiores benefícios aos servidores públicos, pois concedeu o
direito à aposentadoria integral daqueles que ingressaram no serviço público antes da
referida emenda constitucional.

Desta forma, vários foram os ataques à referida emenda, tendo em vista que não
existem motivos, sejam de ordem técnica, política ou jurídica, para a diferenciação do
Regime Geral de Previdência Social e o Regime Próprio dos Servidores Públicos.

Não obstante todas as críticas, não há que se negar que as evoluções trazidas pela
Constituição Federal de 1988 no que tange à Previdência Social foram muitas, e que o
nível de proteção conferido aos seus beneficiários foi indiscutivelmente ampliado ao longo
das constituições brasileiras, tendo atingido o seu ápice em nossa atual Carta Maior.

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13
Noções de Direito Previdenciário

04
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL NO MUNDO

4.1 INGLATERRA
O primeiro documento legislativo de grande importância na Inglaterra, no que diz respeito
à Previdência Social, foi o “Poor Relief Act”, de 1601, o qual regulamentou a instituição
de auxílios e socorros públicos aos necessitados. Tal documento criou uma contribuição
obrigatória arrecada da sociedade pelo Estado.

Outro documento também de grande importância para a história da Previdência


Social inglesa foi o “Workmen’s Compensation Act”, de 1897, o qual criou o seguro
obrigatório contra acidentes de trabalho. Tal documento criou, para o empregador, uma
responsabilidade civil de cunho objetiva, ou seja, independente de culpa.

Ademais, em 1908 adveio o “Old Age Pensions Act”, o qual teve o condão de
conceder pensões aos maiores de 70 anos, independente de custeio.

Por fim, cabe mencionar o “National Insurance Act”, de 1911, o qual criou um
sistema compulsório de contribuições sociais, as quais ficavam a cargo do empregador, do
empregado e do Estado.

4.2 MÉXICO
Foi a Constituição mexicana de 1917, considerada como a primeira Constituição social do
mundo, que incluiu em seu texto, de maneira até então pioneira, a Previdência Social
propriamente dita não se devendo deixar de salientar, entretanto, o caráter programático de
todas as normas que previam direitos sociais (o que incluem as normas relativas à
Previdência Social).

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Unidade 4 – Evolução Histórica da Previdência Social no Mundo

Normas programáticas, como se sabe, são aquelas que estabelecem diretrizes para o
Estado sem, contudo, imprimir caráter imperativo.

Contudo, não há que se negar a importância de se elevar ao status constitucional


normas de direitos sociais.

4.3 ALEMANHA
Foi na Alemanha que teve origem o primeiro ordenamento legal que tratou sobre a
Previdência Social. Tal ordenamento foi editado pelo então chanceler Otto Von Bismarck
em 1883, tendo, inicialmente, instituído o seguro-doença e, em um momento posterior,
incluído outros benefícios, tais como o seguro contra acidente de trabalho, em 1884, e o
seguro-invalidez e o seguro velhice, ambos em 1889.

O objetivo dos chamados seguros sociais de Bismarck foi o de, precipuamente,


impedir movimentos socialistas fortalecidos com a crise industrial, atenuando a tensão
existente nas classes de trabalhadores, criando para o segurado um direito subjetivo
público ao seguro social.

Conforme já mencionado, o primeiro seguro social instituiu o seguro-doença, o


qual era custeado por contribuições dos empregados, dos empregadores e do Estado. Logo
após, foi instituído o seguro contra acidentes de trabalho, o qual era custeado pelos
empresários. Por fim, foi instituído o seguro contra invalidez e velhice, o qual, assim como
no seguro doença, era custeado pelos empregados, pelos empregadores e pelo Estado.

Ademais, importante salientar que os seguros sociais tornaram obrigatória a filiação


às sociedades seguradoras ou entidades de socorros mútuos dos trabalhadores que
recebessem até dois mil marcos por ano.

Após a fase dos seguros sociais, em 1935, com o advento da Constituição de


Weimar, foi determinado que o Estado, caso não pudesse proporcionar aos cidadãos
alemães oportunidades de trabalho produtivo, seria responsável por lhes garantir a
subsistência.

4.4 ESTADOS UNIDOS


Um dos marcos mais importantes da evolução da Previdência Social nos Estados Unidos se
deu com o “New Deal”, plano do governo Roosevelt pautado na doutrina do “Welfare
State” (Estado do bem esta social).

Tal marco foi o “Social Security Act”, de 14 de agosto de 1935, o qual tinha com o
escopo diminuir de maneira considerável os problemas sociais acarretados pela crise
econômica de 1929.

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15
Noções de Direito Previdenciário

O referido documento, além de estimular o consumo, previa também o auxílio aos


idosos, além de ter instituído o auxilio-desemprego para os trabalhadores que,
temporariamente, ficassem desempregados.

À guisa de conclusão, a evolução histórica da Previdência Social no Brasil, não


obstante todas as críticas existentes, alcançou o seu ápice com a Constituição Federal de
1988, a qual finalmente conferiu força normativa e proteção reforçada aos direitos
fundamentais sociais, dentre os quais se incluem os direitos relativos à Previdência Social.

Ademais, conclui-se que documentos como a Constituição Mexicana, o “Social


Security Act” e os seguros sociais alemães, foram de suma importância para a evolução da
Previdência Social a nível global.

Assim, espera-se ter atingido o escopo do presente trabalho, qual seja, pontuar os
principais marcos histórico-evolutivos da Previdência Social no Brasil e no mundo.

Previdência é o ato de prever, com o objetivo de evitar previamente determinadas


situações ou transtornos que sejam indesejados para o indivíduo.

A partir do ponto de vista popular, a previdência é a precaução ou a cautela em


relação a algo, como a capacidade de ver de modo prévio ou antecipado o acontecimento
de alguma coisa.

No âmbito econômico e financeiro, a previdência possui o mesmo significado:


precaver. Para isso, foram criadas instituições e medidas a nível nacional que ajudam a
garantir a sobrevivência financeira de pessoas em situações de invalidez ou velhice, como
a aposentadoria e a pensão, por exemplo.

Etimologicamente, a palavra "previdência" surgiu do latim previdentia, que


significa "previsão" ou "prevenção", que por sua vez se originou a partir de praevenire,
termo latino que literalmente quer dizer "chegar antes", sendo prae, "antes" e venire, "vir".

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16
Unidade 5 – Previdência

05
PREVIDÊNCIA

5.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL


A Previdência social é uma espécie de seguro que os trabalhadores devem contribuir
durante todo o período em que estiverem em atividade laboral. O principal objetivo desta
contribuição é garantir a continuidade do benefício financeiro quando o trabalhador estiver
aposentado, assim como em casos de gravidez, doenças ou acidentes.

A entidade responsável em repassar o dinheiro para as pessoas que não possuem


condições financeiras, por vários e diferentes motivos, mas que já contribuíram para a
Previdência Social é o INSS - Instituto Nacional do Seguro Social.

Automaticamente, os funcionários tem o valor do INSS descontados diretamente na


sua folha de pagamento, variando de acordo com o salário de cada um, sendo que, quanto
maior o salário, maior é o desconto.

A contribuição para a Previdência Social é obrigatória para todos os trabalhadores


formais, garantindo, assim, a formação de renda que será destinada para os aposentados.

5.2 PREVIDÊNCIA PRIVADA


A Previdência Privada ou Previdência Complementar, ao contrário da Previdência Social,
é uma alternativa não obrigatória do trabalhador e de caráter individual.

Enquanto que a Previdência Social se constitui por ser um regime de repartição


simples, onde todos devem colaborar para poder gerar a renda para a distribuição dos
benefícios entre as pessoas aptas para recebê-la (pessoas com idade avançada, inválidos,
grávidas e etc.), a Previdência Privada, como o próprio nome diz, age como um
suplemento ou poupança reserva única para cada indivíduo.

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17
Noções de Direito Previdenciário

A Previdência Privada é um pagamento extra feito pelo indivíduo para


complementar a renda recebida pelo INSS, como também para a realização de algum
projeto de vida, como pagar a universidade dos filhos ou construir um negócio próprio.

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18
Unidade 6 – Seguridade Social (Segurança Social) – (Constituição Federal, Artigos 194 e
Seguintes)

06
SEGURIDADE SOCIAL (SEGURANÇA
SOCIAL) – (CONSTITUIÇÃO FEDERAL,
ARTIGOS 194 E SEGUINTES)

A seguridade social é definida na Constituição Federal, no artigo 194, caput, como um


“conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas
a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.

É, portanto, um sistema de proteção social que abrange os três programas sociais de


maior relevância: a previdência social, a assistência social e a saúde.

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19
Noções de Direito Previdenciário

07
SAÚDE (CF, ARTIGOS, 196 E SEGUINTES)

A saúde é segmento autônomo da Seguridade Social e se diz que ela tem a finalidade mais
ampla de todos os ramos protetivos porque não possui restrição de beneficiários e o seu
acesso também não exige contribuição dos beneficiários.

7.1 A SAÚDE É DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO (CF,


ART. 196).
Não importa nesta espécie de proteção social a condição econômica do beneficiário. O
Estado não pode negar acesso à saúde pública a uma pessoa sob o argumento de que esta
possui riqueza pessoal e meios de prover a sua própria saúde.

Ex.: se o Sílvio Santos quiser ser atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ele
poderá, na medida em que, sendo a saúde direito de todos, o Estado não pode limitar o
atendimento somente a quem não dispuser de meios pessoais para o seu cuidado.

As ações na área da saúde são de responsabilidade do Ministério da Saúde,


instrumentalizada pelo Sistema Único de Saúde.

Assim, o INSS, autarquia responsável por gerir benefícios e serviços da Previdência


Social, não tem qualquer relação e responsabilidade em relação a hospitais, casas de saúde
e atendimentos em geral na área de saúde.

O órgão responsável pelo sistema de saúde é o SUS.

Compete ao Sistema Único de Saúde:

 Executar ações de vigilância sanitária e epidemiológica, e as da saúde do


trabalhador;

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20
Unidade 7 – Saúde (CF, Artigos, 196 e Seguintes)

 Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;

 Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho;

 Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;

 Fiscalizar e inspecionar alimentos, bem como bebidas e águas para o consumo


humano;

 Participar da produção de medicamentos, equipamentos e fiscalizar procedimentos,


produtos e substâncias de interesse para a saúde.

Como se vê, as ações e serviços da saúde não se restringem à área médica, por meio
de ações remediativas, devendo haver medidas preventivas relativas ao bem-estar da
população nas áreas sanitárias, nutricionais, educacionais e ambientais como forma de
evitar situações e infortúnios no futuro, que invariavelmente causaram, além de maior
gasto financeiro para solucionar o problema, desgastes emocionais e psicológicos.

A política nacional de saúde é regulada pelas leis 8.080/90 e 8.142/90. Seu executor
é o SUS, que é constituído por órgãos federais, estaduais e municipais (Ex. policlínicas).

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21
Noções de Direito Previdenciário

08
ASSISTÊNCIA SOCIAL (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, ARTIGOS 203 E 204)

A Constituição Federal, no artigo 203, caput estabelece que:

“A ASSISTÊNCIA SOCIAL SERÁ PRESTADA A QUEM DELA NECESSITAR,


INDEPENDENTEMENTE DE CONTRIBUIÇÃO À SEGURIDADE SOCIAL, E TEM
POR OBJETIVOS (...)”.

A assistência social é o segmento autônomo da seguridade social que tratar dos


hipossuficientes, ou seja, daqueles que não possuem condições de prover sua própria
manutenção.

Cuidará daqueles que têm maiores necessidades, sem exigir deles (seus
beneficiários) qualquer contribuição à seguridade social.

Portanto, o Sílvio Santos não poderá valer-se dos benefícios e serviços da


assistência social, porque ele não é uma pessoa hipossuficiente (não necessita dos serviços
e benefícios da assistência social).

A atuação protetiva fornecerá aquilo que for absolutamente indispensável para


cessar o atual estado de necessidade do assistido (Exs.: alimentos, roupas, abrigos e até
mesmo pequenos benefícios em dinheiro).

A assistência social serve para cobrir as lacunas deixadas pela previdência social
que, devido a sua natureza contributiva, acaba por excluir os necessitados.

São objetivos da assistência social (CF, art. 203, incisos):

I. Proteção da família, da maternidade, infância, adolescência e velhice;

II. Amparo às crianças e adolescentes carentes;

III. Promoção da integração ao mercado de trabalho;


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22
Unidade 8 – Assistência Social (Constituição Federal, Artigos 203 e 204)

IV. Habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência e a promoção da sua


integração à vida comunitária;

V. Garantia de 1 salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência


e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a sua própria subsistência,
nem de tê-la provida por sua família.

São exemplos de benefícios da assistência social: auxílio-natalidade; auxílio-


funeral; o aluguel social que o Governo está pagando às famílias vitimadas pelas chuvas na
Região Serrana do Rio de Janeiro; bolsa família; benefício de prestação continuada (art.
203, V); abrigos, etc.

O Ministério responsável pelas ações da Assistência Social é o Ministério do


Desenvolvimento Social e combate à fome.

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23
Noções de Direito Previdenciário

09
PREVIDÊNCIA SOCIAL (ARTS. 201 E 202
CF)

Este segmento autônomo da seguridade social vai se preocupar exclusivamente com os


trabalhadores e com os seus dependentes econômicos.

A previdência social é a técnica de proteção social destinada a afastar necessidades


sociais decorrentes de contingências sociais que reduzem ou eliminam a capacidade de
auto sustento dos trabalhadores e/ou de seus dependentes.

Contingência social são fatos e/ou acontecimentos que, uma vez ocorridos, tem a
força de colocar uma pessoa e/ou seus dependentes em estado de necessidade, como por
exemplos invalidez (incapacidade), óbito, idade avançada.

A Previdência Social, como visto, tem em mira contingências bem específicas:


aquelas que atingem o trabalhador e, via reflexa, seus dependentes, pessoas consideradas
economicamente dependentes do segurado. Essa dependência pode ser presumida por lei
(no caso de cônjuges, filhos menores e/ou incapazes) ou comprovada no caso concreto (no
caso de pais que dependiam economicamente do filho que veio a óbito).

É o que estabelece a legislação:

Artigo 16 da Lei 8.213/91: São beneficiários do Regime Geral de Previdência


Social, na condição de dependentes do segurado:

I. O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer


condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;

II. Os pais

III. O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou

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24
Unidade 9 – Previdência Social (Arts. 201 e 202 CF)

relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº


12.470, de 2011)

§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do


direito às prestações os das classes seguintes.

§ 2º. O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do


segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no
Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada,


mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226
da Constituição Federal.

§ 4º. A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e das


demais deve ser comprovada.

Logo, os beneficiários da Previdência Social são, EXCLUSIVAMENTE, OS


TRABALHADORES E SEUS DEPENDENTES previstos na legislação previdenciária
exclusivamente.

A Previdência Social tem natureza de seguro social; por isso, exige-se a


contribuição dos seus segurados. Assim:

“O só estado de necessidade advindo de uma contingência social


não dá direito à proteção previdenciária. Requer-se que a pessoa
atingida pela contingência social tenha a qualidade, o “status” de
contribuinte do sistema de previdência social”. (Eduardo Rocha
Dias; José Leandro Monteiro de Macêdo, in Curso de Direito
Previdenciário, Editora Método, 2008, p. 32).

A contribuição é da essência da previdência social já que o sistema é contributivo,


devendo haver previsão de fundo de custeio para arcar com os gastos provenientes da
concessão e manutenção de benefícios previdenciários.

O regime jurídico da Previdência Social, como um todo, parte da premissa da


obrigação contributiva do segurado (Exs.: período de carência; cálculo do valor das
prestações pecuniárias).

A contribuição do trabalhador é obrigatória. Todo e qualquer cidadão quer exercer


atividade laborativa remunerada deve, obrigatoriamente, contribuir para a Previdência
Social. Assim, a contribuição ao sistema geral de previdência social é compulsória para o
empregado e para os demais trabalhadores, como por exemplo, os profissionais liberais.

“No Brasil, qualquer pessoa, nacional ou não, que venha a exercer


atividade remunerada em território brasileiro filia-se,
automaticamente, ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS,
sendo obrigada a efetuar recolhimentos ao sistema previdenciário
(somente se excluem desta regra as pessoas já vinculadas a
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25
Noções de Direito Previdenciário

regimes próprios de previdência” (Fábio Zambite Ibrahim, in


Resumo de Direito Previdenciário, 4ª edição, 2005, Editora
Ímpetus, página 21).

Admitem-se como segurado da Previdência Social, também, pessoas que não


exerçam atividades laborativas remuneradas, mas que, por vontade própria, contribuam
facultativamente para a Previdência Social. São os segurados facultativos, por exemplo, a
dona de casa, o estudante.

Essa possibilidade de contribuição de forma facultativa decorre da aplicação do


princípio da universalidade de atendimento, na área da Previdência Social.

Esses segurados facultativos contribuem com o intuito de no futuro usufruírem


benefícios previdenciários que sem essa contribuição não teriam direito.

Todavia, essa contribuição lhes dará direito a um número restrito de benefícios, até
porque eles não pertencem à mesma categoria dos demais contribuintes, são facultativos,
não exercem atividade remunerada.

Por fim, a previdência social tem caráter legal, em contraposição ao caráter


contratual. Isso porque todo o regramento da Previdência Social está contido na lei, não
existindo espaço para acordo de vontades na relação de seguro social.

Exs.: espécies de benefícios a serem concedidos, requisitos para a concessão de


benefícios, rol de dependentes econômicos do segurado, valor da contribuição
previdenciária, a vinculação à previdência social, etc.

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Unidade 10 – Principais Normas Constitucionais Acerca da Previdência Social

10
PRINCIPAIS NORMAS
CONSTITUCIONAIS ACERCA DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL

“Art. 201, CF - A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de
caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que preservem
equilíbrio financeiro e atuarial e atenderá, nos termos da lei, a:

I. Cobertura de doença, invalidez, morte e idade avançada; (Exemplos: Auxílio-


doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte, aposentadoria por idade)

II. Proteção à maternidade, especialmente à gestante; (salário-maternidade)

III. Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário (seguro-


desemprego);

IV. Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa


renda;

V. Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e


dependentes, observado o disposto no parágrafo segundo.

Parágrafo primeiro: É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a


concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social,
ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem á
saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos
termos da lei complementar.

Parágrafo segundo: Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o


rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário-mínimo.

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27
Noções de Direito Previdenciário

Parágrafo Terceiro: Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo


de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.

Parágrafo quarto: É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes,


em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.

Parágrafo quinto: É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na


qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.

Parágrafo sexto: A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por


base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.

Parágrafo sétimo: É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência


social, nos termos da lei, observadas as seguintes condições:

I. 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem, e 30 (trinta) anos de


contribuição, se mulher;

II. 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos de idade, se


mulher, reduzido em 5 (cinco) anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos
os sexos e para os que exerçam atividades em regime de economia familiar, nestes
incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

Parágrafo oitavo: Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão


reduzidos em 5 anos para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

Parágrafo nono: Para efeito de aposentadoria, é assegurada contagem recíproca do


tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana,
hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão
financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.”

A análise do sistema da seguridade social, em todo o seu espectro de atuação, com


as devidas particularidades de cada uma delas, permite-nos o entendimento completo de
todos os programas sobre os quais são voltadas as suas ações que tem por finalidade a
proteção do trabalhador e seus dependentes bem como a assistência aos necessitados,
mediante a contribuição de toda a sociedade, trabalhador, empregador, empresa, etc. ... de
acordo com o poder econômico de cada cidadão.

No Brasil, estamos longe desse padrão de seguridade social. O capitalismo


brasileiro implantou um modelo de seguridade social sustentado predominantemente na
lógica do seguro. Desde o reconhecimento legal dos tímidos e incipientes benefícios
previdenciários com a Lei Elóy Chaves em 1923, predominou o acesso às políticas de
previdência e de saúde apenas para os contribuintes da previdência social. A assistência
social manteve-se, ao longo da história, como uma ação pública desprovida de
reconhecimento legal como direito, mas associada institucionalmente e financeiramente à
previdência social.

Foi somente com a Constituição de 1988 que as políticas de previdência, saúde e


assistência social foram reorganizadas e reestruturadas com novos princípios e diretrizes e
passaram a compor o sistema de seguridade social brasileiro. Apesar de ter um caráter
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28
Unidade 10 – Principais Normas Constitucionais Acerca da Previdência Social

inovador e intencionar compor um sistema amplo de proteção social, a seguridade social


acabou se caracterizando como um sistema híbrido, que conjuga direitos derivados e
dependentes do trabalho (previdência) com direitos de caráter universal (saúde) e direitos
seletivos (assistência).

Conforme já indicado anteriormente (BOSCHETTI, 2004), aquelas diretrizes


constitucionais, como universalidade na cobertura, uniformidade e equivalência dos
benefícios, seletividade e distributividade nos benefícios, irredutibilidade do valor dos
benefícios, equidade no custeio, diversidade do financiamento e caráter democrático e
descentralizado da administração (C.F, artigo 194), não foram totalmente materializadas e
outras orientaram as políticas sociais de forma bastante diferenciada, de modo que não se
instituiu um padrão de seguridade social homogêneo, integrado e articulado.

Para detalhamento destes princípios, consultar Boschetti, 2003; Vianna, 1998 e


1999, entre outros.

Esses princípios poderiam redirecionar as políticas de saúde, previdência e


assistência social, no sentido de articulá-las e formar um sistema de seguridade social
amplo, coerente e consistente, com predomínio da lógica social e não da lógica contratual
do seguro. Isso, contudo, não ocorreu, em função de uma série de elementos conjunturais e
estruturais. A onda neoliberal que assolou o país a partir da década de 1990 foi
determinante para o desenvolvimento de uma política econômica voltada para a
rentabilidade econômica em detrimento dos avanços sociais.

A crise econômica vivida no país foi conduzida por um Estado que não assumiu
compromissos redistributivos e o “conceito retardatário, híbrido, distorcido ou inconcluso
da seguridade social brasileira, conforme apontam importantes pesquisadores do tema,
encontrou dificuldades antigas e novas ainda maiores para se consolidar” (BEHRING e
BOSCHETTI, 2006, p. 158).

Os direitos conquistados pela classe trabalhadora e inseridos na carta constitucional


foram submetidos ao ajuste fiscal, provocando um quadro de retrocesso social com
aumento da extrema e da “nova” pobreza, conforme apontou Soares (2000). Na análise da
autora, em toda a América Latina, ocorre um aumento de demanda por benefícios e
serviços, o que se explica pela permanência de “Estado de mal-estar”, em função da não
implantação ou mesmo destruição dos incipientes sistemas de seguridade social, que vivem
um processo de contenção, limitação ou desintegração (SOARES, 2000).

Sobre o nosso conceito tímido de Seguridade Social em comparação com o de


Beveridge, consultar o texto de Boschetti (2000 e 2006). Na mesma direção, conferir
Pereira, 1996, e também a ideia de seguridade social híbrida que está presente em nosso
conceito de seguridade, segundo Fleury, 2004. Já a caracterização de uma seguridade
social tardia ou retardatária pode ser encontrada em Soares (2000) e a de sua inconclusão
encontra-se em Teixeira (1990) e Fleury (2004).

Assim, estabeleceu-se um sistema de seguridade social que, teoricamente, manteve


o princípio de universalidade e integralidade no âmbito da saúde com Sistema Único de
Saúde (SUS), que passou a reestruturar, a partir de 2004, a política de assistência social,
com base no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), e que fortaleceu a lógica do
seguro no âmbito da previdência, sobretudo com as reformas de 1998 e 2003.

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29
Noções de Direito Previdenciário

A seguridade social brasileira, desse modo, não avançou no sentido de fortalecer a


lógica social. Ao contrário, caminhou na direção do fortalecimento da lógica do contrato, o
que levou Vianna (1998) a caracterizá-la como “americanização perversa”, visto que, em
sua análise, o sistema público foi se “‘especializando’ cada vez mais no (mau) atendimento
dos muito pobres”, ao mesmo tempo em que “o mercado de serviços médicos, assim como
o de previdência, conquista adeptos entre a classe média e o operariado” (VIANNA, 1998,
p. 142)8.

Essa imbricação histórica entre elementos próprios à assistência e elementos


próprios ao seguro social poderia ter provocado a instituição de uma ousada seguridade
social, de caráter universal, redistributiva, pública, com direitos amplos fundados na
cidadania. Não foi, entretanto, o que ocorreu, e a seguridade social brasileira, ao incorporar
uma tendência de separação entre a lógica do seguro (bismarckiana) e a lógica da
assistência (beveridgiana), e não de reforço à clássica justaposição existente, acabou
materializando políticas com características próprias e específicas que mais se excluem do
que se complementam, fazendo com que, na prática, o conceito de seguridade fique no
meio do caminho, entre o seguro e a assistência.

Sobre o sistema norte-americano, consultar Vianna (1998), p. 143 e 144.

A não instituição de uma “sociedade salarial” no Brasil, que se caracterizaria pela


generalização de empregos assalariados estáveis e garantidores de direitos, faz com que
aproximadamente metade da população economicamente ativa permaneça fora do mercado
formal de trabalho e, portanto, sem garantia de acesso aos direitos decorrentes do trabalho,
tais como salário regular, seguro-desemprego e seguro acidente de trabalho, e também
daqueles da seguridade social condicionados a um emprego ou a uma contribuição como
autônomos, tais como aposentadorias e pensões, 13º salário, salário-família e auxílio-
saúde.

De acordo com a PNAD/IBGE, em 2002, entre os 40,6 milhões de não


contribuintes para a Seguridade Social, que não têm e não terão acesso aos direitos
previdenciários, o correspondente a 20,4 milhões (50,12%) não possuía rendimentos ou
recebia menos de um salário mínimo. Esses dados expressam a dramática condição de
desigualdade e pobreza, bem como o limite desse modelo de seguridade social, e a
perversidade da estrutura econômico-social que produz e concentra riqueza, ao mesmo
tempo em que exclui os trabalhadores pobres de seu acesso e os confina a relações de
trabalho precárias, incertas, eventuais, de baixo rendimento e não garantidoras de direitos.
Apesar de reconhecer as conquistas da

Constituição no campo da seguridade social, é impossível deixar de sinalizar seus


limites estruturais na ordem capitalista. Esses se agravam em países com condições
socioeconômicas como as do Brasil, de frágil assalariamento, baixos salários e
desigualdades sociais agudas. A situação do mercado de trabalho brasileiro, em que metade
da população economicamente ativa possui relações informais de trabalho, faz com que a
seguridade social, além de contribuir para a produção e reprodução da força de trabalho,
deixe fora do acesso à previdência a população não contribuinte e, ainda, exclui do acesso
aos direitos assistenciais aqueles que podem trabalhar.

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Unidade 10 – Principais Normas Constitucionais Acerca da Previdência Social

O programa de transferência de renda, que abrange trabalhadores adultos (bolsa-


família), não possui caráter de direito e seus valores, condicionalidades e forma de gestão o
colocam na órbita das políticas compensatórias.

Os dados aqui apresentados e sua análise foram desenvolvidos em Boschetti,


“Assistência Social no Brasil: um Direito entre Originalidade e Conservadorismo”, 2003a,
p. 65-68. Essa condição não se modificou. Como mostra o trabalho de Dias (2006).

A assistência social e a previdência, no âmbito da seguridade social, constituem um


campo de proteção que não restringem e nem limitam a lógica de produção e reprodução
do capitalismo. No Brasil, sua lógica securitária determinante a aprisiona no rol das
políticas, que agem mais na reiteração das desigualdades sociais que na sua redução. E
mesmo essa parca conquista vem sofrendo duros golpes, que estão provocando seu
desmonte, e não sua ampliação.

Praticamente todos os princípios constitucionais estão sendo desconsiderados


profundamente: a universalidade dos direitos, a uniformidade e equivalência dos direitos, a
diversidade de financiamento no sentido de transferir recursos do capital para o trabalho e
a gestão democrática e descentralizada. Todos esses princípios estão sendo gradualmente
diluídos em sucessivas contrarreformas ou medidas tidas como de natureza técnica, mas
que, na verdade, têm um nítido sentido político de desestruturação da seguridade social. O
princípio de seletividade e distributividade é o único que não está sendo derruído, ao
contrário, está sendo colocado em prática com bastante rigor. Os caminhos desse desmonte
seguem diferentes tendências.

O primeiro caminho do desmonte é o da desconfiguração dos direitos previstos


constitucionalmente. Estes não foram nem uniformizados e nem universalizados. Diversas
contrarreformas, como a da previdência de 1998, 2002 e 2003, sendo as primeiras no
Governo Fernando Henrique Cardoso e outra no Governo Lula, restringiram direitos,
reforçaram a lógica do seguro, reduziram valor de benefícios, abriram caminho para a
privatização e para a expansão dos planos privados, para os fundos de pensão, ampliaram o
tempo de trabalho e contribuição para obter a aposentadoria (BOSCHETTI e
SALVADOR, 2003). A tendência mais recente na previdência é a proposta de
desvinculação dos benefícios previdenciários do salário mínimo, o que permitiria reduzir
seus valores progressivamente10.

No momento de finalização deste texto, em agosto de 2007, essa proposta estava


em discussão, com posicionamento favorável de diversos setores conservadores, entre eles
o do Ministro da Previdência, Luís Marinho, que quando estava na presidência da CUT era
contrário a tal proposição.

No âmbito da política de saúde, os princípios do SUS, como descentralização e


participação democrática, universalização e integralidade das ações, estão sendo diluídos
pela manutenção cotidiana, apenas de uma cesta básica, que não assegura nem os
atendimentos de urgência. É notória a falta de medicamento, ausência de condições de
trabalho, de orçamento e de capacidade de absorção das demandas, o que se evidencia nas
longas filas de espera por uma consulta ou internação.

A política de assistência social, por sua vez, não conseguiu superar a histórica
focalização em segmentos ditos hoje “vulneráveis” ou nas chamadas “situações de risco”.

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Noções de Direito Previdenciário

Sua abrangência é restritiva e os benefícios, serviços e programas não atingem mais do que
25% da população que teria direito, com exceção do Benefício de Prestação Continuada
(BPC) e do bolsa-família, que vêm crescendo rapidamente nos últimos anos, revelando sua
tendência de política de transferência de renda.

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) tem se caracterizado como gestão


da escassez, decorrente de uma política econômica que prioriza o pagamento dos juros da
dívida Os recursos federais repassados aos municípios para realização dos serviços
socioassistenciais (e que excluem BPC, RMV – Renda Mensal Vitalícia – e Bolsa Família)
são reduzidos e apresentam tendência decrescente no Fundo Nacional de Assistência
Social11.

O segundo caminho do desmonte é a fragilização dos espaços de participação e


controle democrático previstos na Constituição, como Conselhos e Conferências. Enquanto
instâncias deliberativas e participativas, os Conselhos não estão sendo consolidados.
Primeiro, pela extinção do Conselho Nacional de Seguridade Social, que tinha a função de
articular as três políticas e atribuir unidade ao sistema. Em seguida, pela extinção dos
Conselhos locais de Previdência Social12, o que denota a intenção de centralização no
Conselho Nacional de Previdência Social.

11 Para uma análise detalhada do orçamento da seguridade social entre 1995 e


2005, consultar Boschetti e Salvador, 2006. 12 Os Conselhos de Previdência foram
reinstituídos em 2004, em âmbito regional, mas com natureza mais técnica e menos
política.

E, sobretudo, pelo movimento de institucionalização dos conselhos, quase como um


setor do estado. Essas iniciativas dificultam a consolidação dos conselhos como espaço
autônomo de participação, controle democrático e fiscalização. A terceira, e talvez mais
destrutiva forma de desmonte, é a via do orçamento. As fontes de recurso não foram
diversificadas, contrariando o dispositivo constitucional, e permanece a arrecadação
predominantemente sobre folha de salários. Ocorre uma usurpação de 20% dos recursos da
seguridade social para o pagamento da dívida pública por meio da Desvinculação das
Receitas da União.

Em relação ao financiamento, quem paga a conta da seguridade social é,


majoritariamente, a contribuição dos empregadores e dos trabalhadores sobre folha de
salário, o que torna o financiamento regressivo, já que sustentado nos rendimentos do
trabalho. Assim, quem paga a maior parte da conta da seguridade social são os
trabalhadores, com o desconto em folha, sendo que as contribuições sociais baseadas no
lucro (CSLL) e faturamento das empresas (Cofins) acabam sendo transferidas para as
mercadorias onerando os consumidores. Do ponto de vista das fontes de financiamento,
podemos afirmar que a seguridade tem caráter regressivo, pois não transfere renda do
capital para o trabalho.

Ainda no âmbito do orçamento, outro elemento importante para compreendermos


esse processo de desmonte é conhecer o destino dos recursos. Historicamente, a maior fatia
de recurso do orçamento da seguridade social fica com previdência social (média de 60%),
seguida pela política de saúde (média de 14%), e, finalmente, a política de assistência, com
média de aproximadamente 6%. As análises históricas mostram o crescimento da
participação percentual da assistência social e a redução da participação da saúde, o que

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Unidade 10 – Principais Normas Constitucionais Acerca da Previdência Social

reforça as tendências das políticas de seguridade social, já apontadas acima. Outra


tendência revelada

Na análise orçamentária é que as três políticas reconhecidas constitucionalmente


como políticas da seguridade social absorvem em média 80% dos recursos, enquanto 20%
são utilizados em outras políticas sociais.

Não se pode compreender a seguridade social em sua totalidade sem entender sua
relação com a política econômica. A redução dos direitos, a restrição dos espaços
democráticos de controle democrático e as contenções dos recursos têm íntima relação com
a política econômica, que engole parte significativa do orçamento da seguridade social. Os
recursos que compõem as fontes de financiamento da Seguridade Social desempenham um
papel relevante na sustentação da política econômica e social, e, desde 1994, vem
ocorrendo apropriação indevida desses recursos do Orçamento da Seguridade Social por
meio da Desvinculação das Receitas da União, que são retidos pelo Orçamento Fiscal da
União e canalizados para a esfera financeira e geração do superavit primário. Esse
movimento constitui uma “perversa alquimia” (BOSCHETTI e SALVADOR, 2006), que
transforma recursos destinados aos direitos sociais em fonte de sustentação da política
monetarista de juros altos, estímulo à ciranda financeira.

Os caminhos do desmonte da seguridade social, apontados acima, desdobram-se em


várias trilhas. Uma é a realocação das receitas do orçamento da seguridade social pelo
Tesouro Nacional, por meio da DRU, que vem crescendo anualmente. Além do pagamento
dos encargos da dívida, os recursos desvinculados pela DRU são utilizados para cobrir
aposentadorias do setor público, investimento em infraestrutura nos Estados e vale-
transporte e auxílio alimentação de servidores públicos. Outra é a baixa participação do
orçamento fiscal no orçamento da seguridade social.

O repasse de receitas do Tesouro Nacional (orçamento fiscal) para a seguridade


social vem sendo reduzido progressivamente, ou seja, o recurso do orçamento fiscal, que
deveria ir para a seguridade social, conforme determinação constitucional, está sendo
utilizado para outras destinações. Uma terceira é o mecanismo da isenção fiscal, que faz
com que a seguridade social tenha enormes perdas de arrecadação.

Calcula-se que seguridade social deixa de arrecadar anualmente em torno de R$ 13


bilhões devido às renúncias previdenciárias às “entidades filantrópicas” (assistência, saúde
e educação), micro e pequenas empresas e clubes de futebol, segundo dados da ANFIP
(2005). Ainda que legais, pois previstas em leis, essas isenções poderiam ser limitadas de
modo a assegurar maior arrecadação para a seguridade social. Outra trilha de desmonte é a
sonegação fiscal. Dados da ANASPS (Associação Nacional dos Servidores da Previdência
Social) revelam que, entre 2003 e 2005, o governo acumulou R$ 100 bilhões de deficit de
caixa no INSS por motivo de uso indevido do orçamento da seguridade social, sendo R$ 90
bilhões em função de sonegação, evasão e elisão contributiva e R$ 35 bilhões em função
de renúncias contributivas.

O favorecimento de planos privados de aposentadoria, que proliferaram após a


contrarreforma da previdência social, é outro caminho de desmonte, pois provoca uma
privatização passiva, ao estimular a demanda ao setor privado, em detrimento do setor
público. Em 2004, mais de seis milhões de brasileiros (as) já haviam se associado a planos
privados, o que reduz e fragiliza a seguridade social pública.

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33
Noções de Direito Previdenciário

Outras medidas de desmonte estão acontecendo intempestivamente. Uma é a


reforma tributária, antecipada pela Emenda Constitucional n. 24, que abre a possibilidade
para que as contribuições sobre folha de pagamento sejam substituídas por contribuições
sobre o faturamento. Isso significa que a única fonte da seguridade social que não está
sujeita à DRU, que é a contribuição sobre a folha de salários (não só do trabalhador, mas
do empregador), pode ser substituída por outras fontes como a Cofins, o que pode provocar
redução do orçamento da seguridade social, já que essa fonte está sujeita à DRU.

Outra é publicação da Medida Provisória n. 258 de 16 de agosto de 2005 (aprovada


no Congresso), que provoca a fusão da Receita Federal e Previdenciária e concretiza o
caixa único entre orçamento fiscal e da seguridade social. Tal medida submete a aprovação
e execução do orçamento da seguridade social à autorização e liberação do Ministro da
Fazenda, subordinando ainda mais a Seguridade Social à austera e regressiva política fiscal
em curso.

Esse quadro revela que a seguridade social brasileira, fruto das lutas e conquistas da
classe trabalhadora, é espaço de fortes disputas de recurso e de poder, constituindo-se em
uma arena de conflitos. A defesa e ampliação dessas conquistas e o posicionamento
contrário às reformas neoliberais regressivas são desafios permanentes e condições para
consolidação da seguridade social pública e universal.

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34
Unidade 11 – Conclusão

11
CONCLUSÃO

Assim, um dos pilares de estruturação da seguridade social é sua organização com base na
lógica do seguro social. Essa é a lógica que estrutura os direitos da previdência social em
praticamente todos os países capitalistas. Em alguns países como França, Inglaterra e
Alemanha, a lógica do seguro sustenta também a política de saúde. No Brasil, a lógica do
seguro estruturou e estabeleceu os critérios de acesso da previdência e da saúde desde a
década de 1923 até a Constituição de 1988. O princípio dessa lógica é garantir proteção, às
vezes exclusivamente, e às vezes prioritariamente, ao trabalhador e à sua família. É um
tipo de proteção limitada, que garante direitos apenas àquele trabalhador que está inserido
no mercado de trabalho ou que contribui mensalmente como autônomo ou segurado
especial à seguridade social.

Nesta lógica, só tem acesso aos direitos da seguridade social os chamados


“segurados” e seus dependentes, pois esses direitos são considerados como decorrentes do
direito do trabalho. Assim, se destinam a quem está inserido em relações formais e estáveis
de trabalho e possuem duas características centrais. Primeiro são condicionados a uma
contribuição prévia, ou seja, só têm acesso aqueles que contribuem mensalmente. Segundo,
o valor dos benefícios é proporcional à contribuição efetuada. Essa é a característica básica
da previdência social no Brasil, que assegura aposentadorias, pensões, salário-família,
auxílio doença e outros benefícios somente aos contribuintes e seus familiares.

A seguridade social pode garantir mais, ou menos, acesso a direitos, quanto mais se
desvencilhar da lógica do seguro e quanto mais assumir a lógica social. De todo modo,
ambas são profundamente dependentes da organização social do trabalho. Nos países em
que as duas lógicas convivem no âmbito da seguridade social, elas estabelecem entre si
uma relação que venho designando como sendo de atração e rejeição. É a ausência de uma
dessas lógicas que leva à necessidade e à instauração da outra lógica.

Por exemplo, aqueles trabalhadores que não estão inseridos no mercado de


trabalho, que não têm acesso ao seguro, ou à previdência social, acabam caindo em uma
situação de ausência dos direitos derivados do trabalho. Muitos deles, por não terem
contribuído para a seguridade social, chegam aos 65 anos (essa idade varia de país para
país) e não têm direito à aposentadoria. A exigência da lógica do seguro e a

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35
Noções de Direito Previdenciário

impossibilidade de sua manutenção para todos os trabalhadores, sobretudo para os


desempregados, empurram esse trabalhador para demandar a outra lógica, a lógica social,
do direito não contributivo. Assim, aqueles que não contribuem, que não estão inseridos
em uma relação de trabalho estável e que não têm direito ao benefício contributivo,
tornam-se potenciais demandantes da lógica social, do benefício não contributivo.

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1. À luz da Seguridade Social definida na Constituição Federal, julgue os itens abaixo:

I. Previdência Social, Saúde e Assistência Social são partes da Seguridade Social.

II. A saúde exige contribuição prévia.

III. A previdência Social exige contribuição prévia.

A assistência social possui abrangência universal, sendo qualquer pessoa por ela
amparada

a. III e IV estão incorretos.

b. Somente I está incorreto.

c. II e IV estão incorretos.

d. I e II estão incorretos.

2. A filiação ao Regime Geral de Previdência Social está limitada à idade mínima


permitida pela Constituição Federal para o exercício de atividade laborativa. Porém,
existe uma única situação em que ocorre filiação antes da idade mínima, a qual é:

a. Quatorze anos, no caso de menor aprendiz.

b. Dez anos, no caso de comprovada necessidade econômica da família.

c. Dezoito anos, no caso de estudante.

d. Doze anos, no caso de menor aprendiz.


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37
Noções de Direito Previdenciário

3. Considere:

I. Servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com


autarquia Federal.

II. Servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com
Fundação Pública Federal.

III. Exercente de mandato eletivo estadual não vinculado a regime próprio de


previdência social.

IV. Estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em


sucursal ou agência de empresa nacional no exterior

De acordo com a Lei no 8.212/1991 são segurados obrigatórios da Previdência Social


como empregado os indicados em

a. I, II e IV, apenas.

b. I, III e IV, apenas.

c. I, II e III, apenas.

d. I, II, III e IV.

4. De acordo com a Lei no 8.212/1991, as propostas orçamentárias anuais ou plurianuais


da Seguridade Social serão elaboradas por Comissão integrada por:

a. Três representantes da área da assistência social.

b. Três representantes, sendo um da área da saúde, um da área da previdência


social e um da área de assistência social.

c. Sete representantes, sendo dois da área da saúde, dois da área da previdência


social e três da área de assistência social.

d. Sete representantes, sendo dois da área da saúde, três da área da previdência


social e dois da área de assistência social.

5. Considere as afirmações:

I. No âmbito do Direito Previdenciário, as expressões “seguridade social” e


“assistência social” são sinônimas puras, revelando sistemas idênticos, que são

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universalizados, contributivos e contam com a participação obrigatória da União,


de empregadores e empregados.

II. Em Direito Previdenciário, torna-se possível a solução de controvérsias mediante


aplicação da equidade, de que é exemplo a concessão de salário-maternidade para o
segurado homem que, em relação homoafetiva, adota criança.

III. As normas internacionais entre organismos estrangeiros e o Brasil, tais como


tratados, acordos ou convenções, quando versem sobre matéria previdenciária,
devem ser interpretados como lei especial, nos termos do artigo 85-A, da Lei nº
8212/1991.

IV. Previdência Social engloba um conceito amplo, universal, sendo em verdade o


gênero da qual são espécies a assistência social, a saúde e a seguridade social.

Está correto o que se afirma APENAS em:

a. I, II e III.

b. II e IV.

c. II e III.

d. III e IV.

6. Maria de Fátima, empregada de confecção de roupas, após 15anos de prestação de


serviços ajuizou, em razão de acidente de trabalho de que fora vítima, dado que a
empresa não adotou medidas legais de segurança no trabalho, ação judicial no juizado
especial federal com o objetivo de reverter decisão do INSS que lhe negara a concessão
de auxílio-doença por não ter ela cumprido o período de carência exigido para o
benefício.

Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta à luz da legislação


previdenciária

a. O pedido de benefício por Maria de Fátima não obedeceu a requisito


fundamental estabelecido pela legislação previdenciária para a concessão do
auxílio-doença, qual seja, a comprovação da qualidade de segurado; por essa
razão, a ação deve ser extinta sem julgamento do mérito.

b. Maria de Fátima deveria ter ajuizado sua ação perante a justiça do trabalho,
dado que, na condição de responsável pela ocorrência do acidente de trabalho,
pois não adotou as medidas legais de segurança e saúde no trabalho, a empresa
deve arcar com o pagamento do auxílio-doença.

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39
Noções de Direito Previdenciário

c. Apresenta-se correta a decisão do INSS, dado que o cumprimento de carência é


requisito fundamental para que os segurados façam jus aos benefícios por
incapacidade previstos no RGPS.

d. O juizado especial federal não tem competência para processar e julgar a ação
ajuizada por Maria de Fátima, visto que os litígios e medidas cautelares
relativos a acidentes do trabalho são da competência da justiça estadual.

7. Após a promulgação da EC 20, de 15 de dezembro de 1998, pode-se afirmar que:

I. A única aposentadoria possível ao homem será quando comprovada a carência


exigida em lei e 35 anos de contribuição.

II. A única aposentadoria possível à mulher será quando comprovada a carência


exigida em lei e 30 anos de contribuição.

III. Será possível a aposentadoria por tempo de contribuição, seja integral ou


proporcional, se o segurado, além do tempo de serviço, 30 anos a mulher e 35 anos
o homem, acrescentar 20% sobre o tempo que faltava para completar os 30 e 35
anos, respectivamente, em 15/12/98.

IV. Será possível a aposentadoria proporcional ao segurado do sexo masculino quando,


contando com a carência na forma da lei, possuir 53 anos de idade, 30 anos de
contribuição e um período adicional de contribuição equivalente a 40% sobre o
tempo que lhe faltava para atingir trinta anos de serviço em 15/12/98.

V. Que será possível a aposentadoria proporcional à segurada quando, contando com a


carência exigida na lei, possuir 48 anos de idade, 25 anos de contribuição e um
período adicional de contribuição equivalente a 40% sobre o tempo que lhe faltava
para atingir 25 anos de serviço em 15/12/98.

Indique a alternativa CORRETA:

a. Apenas as assertivas I e II estão corretas

b. Apenas a assertiva III está correta.

c. Apenas as assertivas III e IV estão corretas.

d. Apenas as assertivas IV e V estão corretas..

8. Sobre seguridade social são dadas uma proposição 1 e uma razão 2.

1. As áreas de ação do sistema da seguridade social brasileira são a saúde, a


assistência social e a previdência, mas a elas acrescenta-se outra, PORQUE.

2. A seguridade social brasileira também abrange as indenizações de guerrilha.

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Assinale a alternativa CORRETA

a. A proposição e a razão são verdadeiras e a razão justifica a proposição.

b. A proposição e a razão são verdadeiras, mas a razão não justifica a proposição.

c. A proposição é verdadeira, mas a razão é falsa.

d. A proposição é falsa, mas a razão é verdadeira.

9. Quanto à assistência à saúde, é correto afirmar:

a. É um direito de acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde e


de atendimento integral, com preferência para as atividades preventivas, sendo
devido pelo Estado complementarmente aos serviços privados, podendo ser
executado diretamente pelo Poder Público ou por intermédio de terceiros,
pessoas físicas ou jurídicas.

b. As ações e os serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e


hierarquizada, constituída na forma de um sistema único de saúde, financiado
com recursos do orçamento da seguridade social e da União, não podendo, no
caso da União, a receita líquida do respectivo exercício financeiro ser inferior a
15% (quinze por cento).

c. A Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS é autarquia especial,


vinculada ao Ministério da Saúde, com funções de regular, normatizar,
controlar e fiscalizar as medidas sanitárias, cabendo aos Estados e Municípios e
à rede privada a prestação dos serviços de saúde e vigilância sanitária em todo o
território nacional.

d. Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar,


diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários
decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação
de serviços de interesse da saúde.

10. Consoante o caput do art. 194 da CF, “A seguridade social compreende um conjunto
integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.” No que se
refere às distinções entre as três grandes funções de governo que compõem a
seguridade social, é correto afirmar que:

a. A função de assistência social destina-se aos segurados da previdência social


mais carentes, ao passo que a previdência destina-se ao segurado que não tem
plano próprio de previdência privada.

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Noções de Direito Previdenciário

b. As ações do poder público no campo da saúde estão precipuamente voltadas


para a prestação de serviços, enquanto aquelas no âmbito da previdência social
referem-se à prestação de benefícios previdenciários.

c. A função saúde atende aos segurados que se encontram no gozo dos direitos
que, nessa qualidade, lhe são inerentes, ao passo que a assistência social
destina-se aos que perderam essa qualidade..

d. O benefício de prestação continuada, previsto na Lei Orgânica da Assistência


Social, destina-se a ações direcionadas à saúde e à assistência social.

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Referência

REFERÊNCIAS

Aproveite para estudar também as referências bibliográficas e ampliar ainda


mais o seu conhecimento.

ALVIM, Ruy Carlos Machado. Citado por FERNANDES, Aníbal. Uma história crítica
da legislação previdenciária Brasileira. RDT 18/13. Citado por PEREIRA JÚNIOR,
Aécio. Evolução histórica da Previdência Social e os direitos fundamentais. Jus
Navigandi, Teresina, ano 9, n. 707, 12 jun. 2005. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/6881>. Acesso em: 22 fev. 2012.

AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito Previdenciário Sistematizado. 2 ed.


Salvador: Juspodivm, 2011.

BALERA, Wagner. Sistema de Seguridade Social. 3 ed. São Paulo: Ed. dos Tribunais,
2003, p. 133-160.

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