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10 de Fevereiro de 2021

BPC – Benefício de Prestação Continuada

Entenda o que é o BPC e quem tem direito ao benefício.

O Benefício de Prestação Continuada – BPC, também conhecido como


LOAS, é um benefício assistencial concedido pelo Governo Federal á
pessoas idosas ou portadoras de deficiência que não possuem recursos para
manter a própria subsistência ou de tê-la provida por sua família.

A assistência social é um direito garantido pela Constituição Federal em seu


artigo 203, e independe de contribuição previdenciária, pois visa a proteção
daqueles mais necessitados, veja:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,


independentemente de contribuição à seguridade social (...)

O BPC está previsto na Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS e


consiste na garantia de 1 (um) salário mínimo mensal ao idoso ou a pessoa
com deficiência que preencha os requisitos para sua concessão.

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Importante destacar, que a Reforma da Previdência (EC 103/2019) não
trouxe nenhuma alteração quanto ao Benefício de Prestação Continuada,
embora tivesse buscado nesse sentido no texto original, porém não teve
aprovação do Congresso Nacional, sendo mantida a regulamentação pela
Lei 8.742/93 – LOAS.

Quem tem direito ao benefício?


Como vimos acima, o BPC é voltado para a pessoa idosa ou portadora de
deficiência, e por não ser um benefício previdenciário, mas sim assistencial,
não é necessário estar contribuindo junto ao INSS para ter direito ao
benefício, no entanto, é necessário preencher os seguintes requisitos:

Requisito BPC – Idoso: a) idade a partir dos 65 (sessenta e cinco) anos;


b) renda familiar per capita inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo; c)
inscrição no Cadastro Único.

Cabe destacar aqui, que embora o Estatuto do Idoso considere idoso a


pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, não é o que ocorre
para fins do Benefício de Prestação Continuada, pois para ter direito ao
BPC, a pessoa deve ter mais de 65 (sessenta e cinco) anos de idade.

Referente a renda mensal per capita familiar, a Lei estabelece um critério


objetivo econômico-financeiro, qual seja, a renda obtida por cada
integrante da família deve ser igual ou abaixo de ¼ (um quarto) do salário
mínimo.

Importante mencionar que, essa renda per capita familiar é exigida pelo
INSS para concessão do benefício administrativamente, porém, a
jurisprudência tem relativizado esse requisito, sustentando que deve ser
realizado um estudo apurado onde se verificará as reais condições sociais e
econômicas de cada candidato ao benefício, não sendo o critério objetivo de
renda per capita o único legítimo para se aferir a condição de
miserabilidade.

/
O mencionado Cadastro Único é um banco de dados que reúne informações
das famílias com renda mensal per capita de até ½ (meio) salário mínimo
ou de renda total familiar de até 3 (três) salários mínimos, esses dados são
utilizados para diversos programas sociais, e o Decreto 8.805/16 trouxe a
obrigatoriedade de estar inscrito no CadÚnico como requisito para
concessão do BCP/LOAS.

Requisito BPC-Deficiente: a) incapacidade total e definitiva ou


comprovação de deficiência; b) renda mensal per capita inferior a ¼ (um
quarto) do salário mínimo; c) inscrição no Cadastro Único.

A incapacidade permanente é toda doença ou lesão que gera incapacidade


total e permanente, sendo insuscetível de recuperação, de forma que a
pessoa não consegue realizar nenhuma atividade laboral.

A deficiência não gera necessariamente uma incapacidade laboral, a pessoa


tem impedimento de longo prazo que pode ser física, mental, intelectual ou
sensorial e que em interação com uma ou mais barreiras, pode restringir
sua participação plena na sociedade.

Segundo o § 10 do artigo 20 da Lei 8.742/93 o impedimento de longo


prazo, para fins de caracterização da deficiência, deve ser considerado
aquele com prazo mínimo de 2 (dois) anos.

O referido parágrafo, também é utilizado como parâmetro para concessão


do benefício a pessoa com incapacidade temporária, isso porque, o STJ
concluiu que a Lei não faz distinção entre a natureza da incapacidade
(permanente ou temporária, total ou parcial), sendo plenamente possível
que um pessoa portadora de incapacidade temporária com duração de no
mínimo dois anos, tenha direito ao Benefício de Prestação Continuada.

Renda familiar per capita


Para fins de apuração da renda mensal per capita, deve-se levar em conta o
disposto no § 1º do artigo 20 da LOAS, no sentido de que a família é
composta por aquele que requer o benefício, o cônjuge ou companheiro, os

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pais ou padrastos/madrastas, os irmãos solteiros, os filhos e enteados
solteiros, bem como os menores tutelados, desde que residam sob o mesmo
teto.

Exclusão de renda para fins de


concessão do BPC
O INSS, de forma administrativa realiza uma interpretação bastante
restritiva quanto a exclusão da renda de um membro do grupo familiar, por
exemplo, se um idoso está requerendo o BPC-Idoso e sua cônjuge já recebe
um BPC-Idoso, o INSS não conta a renda da cônjuge para aferição da renda
per capita familiar (critério de pobreza ou necessidade) porém se a cônjuge
do requerente recebesse o BPC-Deficiente ao invés do BPC-Idoso, o INSS
computa o benefício dela na hora de aferir a renda per capita familiar.

Importa dizer que, se na casa somente reside o casal, considerando que a


cônjuge recebe o BCP-Deficiente que é de 1 (um) salário mínimo, o seu
esposo que está requerendo o BPC-Idoso não preencheria o requisito da
renda mensal per capita de ¼ (um quarto) do salário mínimo para
concessão do benefício, que seria negado administrativamente pelo INSS.

Como tem se posicionado o judiciário?


A boa notícia é que o STF e STJ tem se posicionado em sentido contrário,
entendendo que não pode haver discriminação das pessoas com deficiência
em relação aos idosos, tampouco dos idosos beneficiários da assistência
social em relação aos idosos titulares de benefícios previdenciários no valor
de até 1 (um) salário mínimo, dessa forma, judicialmente também é
possível a exclusão de aposentadoria, desde que no valor de um salário
mínimo, do cômputo da renda familiar per capita, assim como, é possível a
exclusão do BPC-Deficiente para esse mesmo fim.

Quando cessa o BPC?

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O Benefício de Prestação Continuada cessará quando: a) cessar as
condições que deram origem ao benefício; b) falecimento do beneficiário; c)
não comparecimento do beneficiário ao exame pericial; d) não
apresentação da declaração da composição do grupo e renda familiar.

Por fim, o benefício em questão é revisto a cada 2 (dois) anos para avaliar
se as condições que lhe deram origem ainda subsistem.

FONTES DE PESQUISA:

BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1998.

BRASIL. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 - LOAS.

BRASIL. Decreto 8.805, de 7 de julho de 2016.

JURISPRUDÊNCIAS.

ILUSTRAÇÕES - Canva.

Garcia & Fonseca Advogados Associados

Disponível em: https://marceladafonseca.jusbrasil.com.br/artigos/881812848/bpc-beneficio-de-


prestacao-continuada

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