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Fortaleza–CE
Janeiro,2019
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................... 00
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1 CONTEXTUALIZANDO O ENVELHECIMENTO..........................................00
1.1 Conceito de velhice e idoso.......................................................................... 00
1.2 O idoso hoje no Brasil................................................................................... 00
1.3 A família e o idoso........................................................................................ 00
1.4 O papel do idoso na sociedade e as implicações do envelhecimento.......... 00
1.5 As limitações da velhice e as implicações socioculturais............................. 00
1.6 A dignidade do idoso.................................................................................... 00
1.7 A marginalização do idoso............................................................................ 00
1.8 O envelhecimento, as mudanças do corpo e da mente e a intervenção
multiprofissional.................................................................................................. 00
1 CONTEXTALIZANDO O ENVELHECIMENTO
O fato de ainda não existir a integração de grupos etários mais jovens com os mais
velhos, tem a participação de ambos os lados, em que associa-se a rejeição do
idoso ao próprio envelhecimento, os valores que norteiam as gerações mais novas
e a insistência dos mais velhos em manter e impor valores culturais do passado.
O vocábulo idoso tem dois elementos: idade mais o sufixo oso, que significa
“abundância ou qualificação acentuada”. “Idoso”, deste modo, pode denotar: cheio
de idade, abundante em idade etc. (VILAS BOAS, 2014, p.72).
A velhice, segundo Ariza Maria Rocha (2012, p.72) “tem uma dimensão
existencial, que modifica a relação da pessoa com o tempo, gerando mudanças em
suas relações com o mundo e com sua própria história”. Sendo assim, a velhice
deve ser entendida como uma fase da vida do indivíduo na qual, em decorrência da
avançada idade, ocorrem modificações de ordem biológica e social, que interferem
nas relações dos idosos com o seu contexto social.
Muito embora, o legislador brasileiro tenha optado pelo critério cronológico ele
não é o único que pode vir a ser estabelecido, uma vez existir, basicamente, mais
dois critérios, quais sejam: o psicológico e o econômico-social. O aspecto
psicológico exige que seja feita uma análise de cada caso particular, para
determinar se trata-se de pessoa idosa ou não, já o aspecto econômico-social tem
como fundamental olhar as condições financeiras da pessoa, pois considera que o
pobre necessita de maior proteção.
No Brasil a questão do idoso, durante muito tempo não teve prioridade, pois,
suas políticas não tinham um olhar voltado para os direitos do idoso. Mas com o
passar do tempo isso foi mudando, e o pensamento tanto dos políticos como da
sociedade acompanharam as transformações sociais.
Dessa forma, o Brasil que durante muitas décadas foi considerado um país
jovem, vem experimentando, nos últimos anos, um processo de envelhecimento da
população brasileira. Conforme o Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento, o
número de pessoas com mais de sessenta anos no país deverá crescer de forma
mais rápida do que a média internacional, pois enquanto a quantidade de idosos vai
duplicar no mundo até o ano de 2050, ela quase triplicará no Brasil.
O descaso chega a ser ainda mais grave em um País como o Brasil, onde sua
população de idosos cresce cada vez mais. Segundo a última divulgação do IBGE
em relação à população idosa no País, os brasileiros com mais de 60 (sessenta)
anos chegarão à faixa de 14.536.029 (quatorze milhões quinhentos e trinta e seis
mil e vinte nove) com uma previsão para 2030 de ser o Brasil um dos países com
maior número de idosos (NANÔ, 2014).
Em 2003 a criação da Lei nº 10.741, que foi nomeada como Estatuto do Idoso,
trouxe consigo uma revolução jurisdicional, pois defendia tão somente os idosos,
que até então eram discriminados por não ter uma lei própria para defender seus
direitos. Após a promulgação da lei a terceira idade ficou mais protegida, e se
sentiu com mais coragem para reivindicar pelos direitos que lhe eram devidos.
O Idoso também mudou muito a sua mentalidade com o passar das décadas,
pois antes achavam que quando velhos eram descartáveis e não tinham direito a
nada. Hoje passaram a fazer parte do mercado de trabalho produzindo e pagando
impostos, daí nada mais razoável do que o reconhecimento por parte das
autoridades e da sociedade onde vivem. (MARTINEZ, 2005).
Com isso as políticas públicas tentam acompanhar o ritmo com que os idosos
mudam, e buscam criar novas leis para que eles não tenham seus direitos violados,
por pessoas ignorantes que acham que os idosos não servem mais para nada
(DINIZ, 2011).
A maioria dos idosos que vive em asilos foi levada pelos próprios parentes, que
alegam falta de tempo ou dificuldade de apoiar o tratamento de doenças. Boa parte
deles esconde o real motivo dessa internação: o egoísmo e o desprezo às vontades
da pessoa idosa.
Há familiares que vão além do abandono afetivo, negando aos idosos, também,
o amparo material de que precisam. Nesse caso, o idoso hipossuficiente recebe
subsídio do Estado. A Lei nº 8.824/94 atribui ao poder público o dever de dar
assistência às necessidades básicas do idoso, supridas com o valor de um salário
mínimo, conforme dita o art. 203, inciso V da CF/88:
Quando essas relações sociais são reduzidas, como acontece no caso dos
idosos, esse cuidado deve ser cultivado para que a autoestima seja fortalecida.
Conforme Voli (1998 apud ROCHA, 2012, p. 83), a baixa deste sentimento impede
o indivíduo de relacionar-se, isto ocorre pelo fato da autoestima ser uma
“característica que se desenvolve socialmente, ainda que no interior de cada um”.
Em muitas famílias o idoso é visto como um problema, um ser que não traz
resultado e sim transtorno em seus lares, não importando a contribuição de longos
anos de trabalho, seja na família ou na sociedade. Não é valorizado por suas
características pessoais, não reconhecem que o idoso ainda tem muito a contribuir
para a sua própria família e sociedade. É preciso uma mudança de mentalidade
para que um dia o idoso possa ser visto como um ser que venha agregar valores à
família e não ser visto como um objeto parado em seu lar, pois é preciso que a
mudança de mentalidade comece no cenário familiar, sendo sempre um assunto
recorrente entre as famílias para que o idoso seja valorizado e tenha uma vida
digna.
Para Beauvoir (1990 apud PIRES et al) existe uma dificuldade na cultura
moderna em abordar a questão do idoso. Refere-se a um preconceito que a
sociedade prefere esquecer, por trazer inquietudes aos sentimentos mais internos.
Dessa forma, é vivida uma contradição entre a procura de longevidade cada vez
maior e um aumento da marginalização e a redução da vida útil do idoso.
Para Godinho (2007 apud MENUZZI e PIAIA, 2008, p. 11), “embora o idoso
não sela sinônimo de incapacidade ou deficiência, é inegável que a idade avançada
provoca limitações físicas e psíquicas relevantes”.
O quinto trauma é aquele em que os idosos já não podem fazer grandes planos
pois, tomam consciência de que não lhes resta mais muito tempo de vida. O sexto,
refere-se à perda dos pares, daquela pessoa que seguiu durante a vida com o
idoso. O sétimo trauma ocorre com a degradação do corpo e o sujeito se vê numa
nova imagem. O oitavo e último trauma, o idoso se percebe em diálogo com a
morte sabendo que ela vai lhe acontecer um dia (JERUZALINSKY, 1996 apud
SANTOS; GERLACH; DRÜGG, 2015).
A OMS (Organização Mundial de Saúde, 2005) define saúde como “um estado
de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença
ou enfermidade”. Durante o envelhecimento, este conceito se refere não só aos
aspectos físicos, mas também os aspectos sociais e emocionais, que são
indicadores de qualidade de vida e determinantes do bem estar físico, funcional,
psicológico, psíquico e social da pessoa idosa.