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R. Ra’e Ga DOI: 10.

5380/raega
Curitiba, v.44, p. 21 -35 , Mai/2018 eISSN: 2177-2738

APONTAMENTOS TEÓRICOS PARA A RELAÇÃO ENTRE PAISAGEM E FOTOGRAFIA NA


GEOGRAFIA
THEORETICAL INDICATIONS FOR RELATION BETWEEN LANDSCAPE AND PHOTOGRAPHY IN
GEOGRAPHY
Rafaela Araujo do Nascimento1, Valdir Adilson Steinke2
RESUMO
A utilização de elementos visuais se apresenta cada vez mais crescente e intenso na sociedade, devido sobretudo às
últimas décadas de expansão significativa no campo tecnológico. De modo singular a ascensão da fotografia, que no
tempo presente é de amplo acesso para registros instantâneos. Um tema central na discussão da ciência geográfica
é a análise da paisagem, em especial, a relação Geografia-Paisagem-Fotografia, que demanda uma discussão teórica
mais verticalizada. Neste sentido, o objetivo deste ensaio é trazer à tona apontamentos teóricos necessários a uma
relação significativa entre estes campos de estudos, tratando-se de uma breve discussão teórica capaz de contribuir
ao embasamento metodológico para o aperfeiçoamento destas interfaces.
Palavras-chave: Território; Fotografia; Análise Geográfica.
ABSTRACT
The use of visuals, appears increasingly growing and intense in society, the last decades have been significant ex-
pansion in the technological field. Uniquely the rise of photography, which at this time is broad access to instant
records. A central theme in the discussion of geographical science is the analysis of the landscape in this respect
geography-Landscape-Photography relationship, demands a more delicate and vertical discussion. In this sense, the
objective of this paper is to bring out theoretical approaches necessary for a meaningful relationship between these
fields of study. So this is a brief theoretical discussion can contribute to the methodological basis for the improve-
ment of these interfaces.
Key-words: Territory; Photography; Geography Analysis.

Recebido em: 16/06/2016


Aceito em: 06/12/2017

1
Universidade Nacional de Brasília, Brasília/DF, e-mail: rafaela.unb@gmail.com
2
Universidade Nacional de Brasília, Brasília/DF, e-mail: valdirs@unb.br
NASCIMENTO, R. A., STEINKE, V. A.

APONTAMENTOS TEÓRICOS PARA A RELAÇÃO ENTRE PAISAGEM E FOTOGRAFIA NA GEO-


GRAFIA
1. INTRODUÇÃO memória, ou paisagens culturais/antropizadas,
No campo de investigação da ciência do território vivido ao território representado
Geográfica, indiscutivelmente amplo e comple- (TURRI, 2011).
xo, é possível afirmar que seus horizontes pare- Para Schwartz (2000) as investigações
cem não ter limites, em especial pelas infinitas de Humboldt, tiveram função significativa em
possibilidades de interações que esta área do moldar as práticas fotográficas para observação
conhecimento possibilita. das paisagens, pois seu pensamento amplo e
Historicamente, a Geografia tem, co- repleto de experiências de campo enquanto
mo um de seus temas de investigação central a explorador, naturalista, historiador, escritor e
representação visual, no entanto, nos tempos cientista afetaram diretamente os pressupostos
mais recentes da história humana, é inegável o sobre o alcance e efeito da câmera. Segundo
ciclo de desenvolvimentos tecnológicos e cultu- este autor, a fotografia ofereceu uma maneira
rais, em especial com os progressos tecnológi- de ver através do espaço e do tempo, desta
cos mais atuais, o que caracteriza um desafio forma, não é de admirar, então, que Humboldt,
ainda mais amplo para a ciência geográfica e viajante científico, observador crítico e escritor
sua respectiva preocupação em apresentar e prolífico, percebesse o significado desta nova
representar o mundo e seu amplo espectro, por tecnologia.
meio da linguagem visual.
Esse espectro amplo e repleto de pos- 2. A PAISAGEM
sibilidades traz a segurança para tratar a temá- A análise da paisagem acompanhou o
tica geográfica como uma intricada rede de processo de evolução científica e epistemológi-
conexões, a qual requer prudência quanto aos ca, portanto, passou por mudanças conceituais
arranjos que se articulam nestas conexões e e metodológicas ao longo do tempo. Desta
acabam refletindo em um conjunto de cenários forma, não há consenso em torno de uma defi-
a serem analisados. Talvez, um “caleidoscópio” nição e uma metodologia única a serem segui-
possa representar, em certa medida, as inúme- das, pois a paisagem torna-se o resultado dos
ras possibilidades de resultados a partir de um acontecimentos históricos. Ao longo dos anos,
determinado ângulo de observação. os conceitos abordados pelos geógrafos passa-
A Geografia poderia então ter suas ca- ram por modificações e adaptações como
tegorias de análise representadas nesse calei- aponta Corrêa (1995):
doscópio, e neste trabalho, optamos por discu-
tir apenas um destes “espelhos do caleidoscó- A geografia tradicional em suas diversas
pio”, ou “lentes”, ou “olhares”, a paisagem e versões privilegiou os conceitos de paisa-
sua relação com a fotografia para a discussão gem e região, em torno deles estabelecen-
do-se a discussão sobre o objeto da geo-
da ciência Geográfica (STEINKE, 2014).
grafia e sua identidade no âmbito das de-
A paisagem, e consequentemente as
mais ciências. Assim, os debates incluíam
análises dela derivadas, mostram as diferentes os conceitos de paisagem cultural, gênero
formas em que ocorrem as dinâmicas sociais e de vida e diferenciação de áreas. Envolviam
ambientais no meio. Estas modificações podem geógrafos vinculados ao positivismo e ao
destacar um fator com mais ênfase, em detri- historicismo, conforme aponta CAPEL
mento de outros como, por exemplo, a cons- (1982) ou, em outros termos, aqueles geó-
trução de prédios, a canalização de rios e a grafos deterministas, possibilistas, culturais
organização de espaços urbanos e rurais. A e regionais. A abordagem espacial, associ-
ada à localização das atividades dos ho-
paisagem nos mostra elementos do passado
mens e aos fluxos, era muito secundária
(herança) e do presente (vivido) que convivem
entre geógrafos, como aponta CORRÊA
cotidianamente em um mesmo espaço, seja de (1986a) (CORRÊA, 1995, p.17).
forma a preservar um aspecto natural, ou uma

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Os geógrafos analisam a paisagem sob seus processos ecológicos. Esta idéia se en-
duas vertentes: a natural e a humanizada, fator contra, entre outros, também na
este que gera discussões acerca da referência Landschaftsökologie (ecologia da paisa-
gem), como foi proposta por Carl Troll e
conceitual e da metodologia que deve ser utili-
mais tarde por Hartmut Leser. A Human
zada em suas pesquisas/experimentos. A paisa-
ecology, de cunho norte-americano, defi-
gem sempre esteve presente na ciência geográ- niu igualmente a paisagem como um sis-
fica, e de acordo com Brito e Ferreira (2011). tema ecológico (SCHIER, 2003, p.80).

É possível perceber a existência conceitual Os autores franceses, influenciados


de várias paisagens, em forma de região, por La Blache (1941), usam o conceito de
território, lugar, etc., se fazendo presente
paysage (ou o pays) para caracterizar o relacio-
na geografia física, quanto na geografia
namento que o homem estabelece com o seu
cultural [...]. Diferentes legados e contri-
buições fundamentaram a concepção de
espaço físico. Sauer (1998) e Claval (1999) afir-
paisagem, colocando-a como categoria de mam, em suas obras, que é possível notar as
análise geográfica (BRITTO; FERREIRA, diferentes configurações que as paisagens re-
2011, p.2). presentam, sendo estas geradas da interação
homem-meio, resultando nas paisagens cultu-
Os estudos envolvendo modificações rais.
na paisagem proporcionam uma análise acerca Ritter (1865) sugere que a área de es-
das interações físicas e sociais que nela ocor- tudo seja delimitada e que suas particularida-
rem, além de fazer com que o pesquisador des sejam analisadas como próprias daquele
possa tomar mais de uma característica a ser lugar para, posteriormente, serem comparadas
analisada na sua dinâmica. às outras regiões. Deste modo, ele se destaca
A paisagem passou por diversas con- pelo estabelecimento de métodos comparati-
ceituações ao longo de anos e de diferentes vos entre diferentes regiões e paisagens, esta-
territórios, sobre isso, Schier (2003) afirma que: belecendo uma organização dos elementos
ambientais e sociais.
A geografia alemã, por exemplo, introduziu Consequentemente, nota-se que é ca-
o conceito da paisagem como categoria ci-
da vez mais indispensável a análise dos valores
entífica e a compreendeu até os anos 1940
e significados que a sociedade atribui às paisa-
como um conjunto de fatores naturais e
humanos (Otto Schlüter, Siegfried Passarge
gens com as quais se relacionam. Logo, o con-
e Karl Hettner). Os autores franceses, sob ceito de paisagem foi utilizado pelos geógrafos
influência de Paul Vidal de la Blache e Jean como uma área que pode ser reconhecida e
Rochefort, caracterizaram a paysage (ou o entendida, tanto fisicamente, quanto cultural-
pays) como o relacionamento do homem mente, podendo ser, também, representada
com o seu espaço físico. A revolução quan- em mapas e imagens, não se restringindo ape-
titativa, iniciada nos anos 40 nos Estados nas aos elementos alcançados pela vista.
Unidos, substituiu o termo landscape, que
As paisagens acabam sendo diferenci-
estava, até então, em uso nesse país sob
adas não apenas pelo contexto físico, mas tam-
influência da geografia alemã (Carl Sauer),
pela idéia da “região” (Richard Hartshor-
bém, pelas consequências das ações culturais e
ne), sendo esta um conjunto de variáveis da elaboração de signos representativos de
abstratas deduzidas da realidade da paisa- cada cultura/lugar. Logo, os símbolos impostos
gem e da ação humana. Paralelamente, e, também, relacionados a uma determinada
surgiu na Alemanha e no Leste europeu paisagem “imprimem nesse espaço suas carac-
uma idéia mais holística e sinérgica da terísticas culturais, ou seja, as paisagens natu-
Landschaft, denominada Landschaftskom- rais ‘evoluem’ para paisagens culturais” (CAE-
plex (Paul Schmithüsen), que definiu as
TANO; BEZZI, 2011, p.455).
unidades da paisagem pelo conjunto dos

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A Geografia moderna passou a incluir
nos estudos da paisagem os elementos que A evolução das diferentes abordagens filo-
compõem o espaço, sejam elementos visuais sóficas congrega o conceito de paisagem
ou resultantes da percepção dos indivíduos, ora de forma estática, ora dinâmica, ora
destacando seu caráter abstrato, ora como
assim como, também, passou a analisar os
produto territorial das ações entre o capi-
seres naturais e os resultantes das ações antró-
tal e o trabalho, ora de caráter mais holísti-
picas na paisagem. No que tange à relação co. Atualmente, a paisagem, como um con-
temporal sofrida pela paisagem, Ferrara (1993, ceito que sintetiza o objeto geográfico, de-
p.163) defende a ideia de que o ve abarcar as questões ambientais e estéti-
cas, incluindo o homem e suas ações, dire-
Ontem e hoje se espelham mutuamente e tas ou indiretas, no espaço (BRITTO; FER-
permitem à experiência de hoje se identifi- REIRA, 2011, p.6).
car no passado, porque lá encontra um pa-
drão, um signo melhor elaborado dela Turri (2011) defende a ideia de que a
mesma: uma aprendizagem que decorre da paisagem se transforma continuamente devido
experiência sedimentada no repertório,
a reterritorialização dos espaços onde o ho-
visto, então, como memória da experiên-
mem interage. Contudo, concomitantemente à
cia, uma aprendizagem que se equilibra en-
tre a secunridade da ação e a terceiridade
modificação de algumas paisagens, a sociedade
alcançada pela inteligibilidade da experiên- ainda conserva algumas, seja por questões de
cia capaz de gerar um padrão de conduta, preservação ambiental ou por fazerem parte de
um hábito decorrente de ações e reações momentos importantes em suas vidas. A esse
sedimentadas.(FERRARA, 1993, p.163). respeito Schier (2003) chama atenção para o
fato de que:
Ao se estudar a paisagem é indissociá-
vel o estabelecimento desta com as variações Não se trata mais da interação do homem
sofridas ao longo do tempo, pois não haverá com a natureza na paisagem, mas sim de
apenas a paisagem física, in natura, mas tam- uma forma intelectual na qual diferentes
bém, a paisagem cultural. A paisagem, ao ser grupos culturais percebem e interpretam a
compreendida como um emaranhado natural e paisagem, construindo os seus marcos e
social, deve ser estudada como “essa paisagem significados nela. Nesta perspectiva, a pai-
sagem é a realização e materialização de
cultural se afirmará desse modo, através das
ideias dentro de determinados sistemas de
singularidades dos símbolos impressos na
significação (SCHIER, 2003, p.81).
mesma, marcando a presença de determinado
grupo cultural” (CAETANO; BEZZI, 2011, p.461). A paisagem, portanto, pode ser com-
Observar a paisagem e suas mudanças preendida como o aspecto visível das transfor-
tornou-se imprescindível para pesquisadores mações sociais no espaço geográfico e a sua
que trabalham com o território e questões observação faz com que seja entendido os
ambientais, pois isto permite entender o lugar acontecimentos físicos e sociais que ocor-
como condição social. Além disso, a percepção rem/ocorreram em uma determinada região.
constrói e, também, descontrói a memória Caetano e Bezzi (2011, p.454) afirmam ser
individual e coletiva, uma vez que “as lembran- necessário “integrar o conhecimento físico-
ças de outras pessoas ou ainda não serem efe- biológico ao se desenvolver um estudo atrelado
tivamente pessoais, mas passam a ser através ao processo de transformação da paisagem e a
de experiências advindas da oralidade, do es- consequente repercussão dessas mudanças
paço ou de outro veículo, desde que as pessoas para os grupos culturais”, pois a paisagem na-
envolvidas façam parte dos mesmos grupos tural não possui as ranhuras causadas pelas
sociais” (AZEVEDO, 2013, p.152). Consequen- ações antrópicas e, para ter uma visão geral das
temente, Brito e Ferreira (2011) destacam que: modificações, seria necessário abordar a paisa-
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gem com as alterações geradas pelos diversos possui sobre a paisagem e, também, sobre as
nichos sociais. Segundo Ferrara (1993) a pes- questões relacionadas ao seu imaginário espa-
quisa por meio da percepção ambiental requer cial.
alguns cuidados pois, Ao longo da ocupação espacial e de-
senvolvimento cultural, “o Homem estabeleceu
Para uma pesquisa de percepção ambien- um conjunto de práticas através das quais são
tal, a contextualização é a primeira etapa criadas, mantidas, desfeitas e refeitas as formas
metodologicamente orientada e de impor- e as interações espaciais” (CORRÊA, 1995,
tância fundamental, porque dela depende
p.35), o ambiente vai sendo moldado para
o levantamento de hipótese possíveis su-
suprir as necessidades do ser humano e tais
geridas por um contato ainda superficial
com o espaço concreto, mas suficiente-
práticas podem alterá-lo como um todo ou
mente sugestivo para permitir apreensão apenas algumas parcelas do ambiente natural.
de imagens urbanas que atritam a atenção
e permanecem, para o pesquisador com 3. A PAISAGEM COMO REFLEXO DAS AÇÕES
um desafio a ser respondido cientificamen- SOCIAIS
te, uma curiosidade que só será satisfeita Tornou-se, quase que um mecanismo
quando a possibilidade daquelas hipóteses automatizado e especialmente difundido na
for superada pela generalização, capaz de linguagem coloquial, que os ambientes natu-
explicar manifestações urbanas que ocor- rais, como rios, serras, bosques, entre outros,
rendo repetidamente em lugares diversos, diferentes combinações entre espaço, clima e
permitem uma aproximação de lugares em
tempo (horário), criam-se infinitas possibilida-
um espaço mais concreto e real (FERRARA,
des de composições do lugar, e que tem sido
1993, p.156).
utilizado para qualificar a beleza cênica deste
Linton (1960), alertava que os geógra- conjunto de elementos, como a paisagem. No
fos não se preocupam exclusivamente com o entanto, este mosaico de elementos encadea-
estudo da paisagem, mas o fato é que a paisa- dos não define, ainda, uma paisagem. Simel
gem é um desafio intelectual, um entendimen- (2011) revela que é necessário uma observação
to e uma explicação exigentes e, portanto, mais ampla e profunda, em especial ao que
necessita de análise e descrição precisa. Na sua tange a percepção, e é:
necessidade de comparar as paisagens de dife-
rentes regiões, os geógrafos devem discernir e Precisamente aí onde a unidade da exis-
tência natural tende a integrar-nos nela, a
apreciar os caracteres distintivos de cada um.
nós bem como à paisagem à nossa frente,
A percepção, na análise das modifica-
a cisão num eu que observa e num eu que
ções da paisagem, lança questões sociais e sente revela-se duplamente errónea. Es-
individuais sobre os processos de modificação tamos em face da paisagem, a natural e a
no meio. As ideias acerca de um tema podem que deveio artística, como seres humanos
se atrelar aos sentimentos que cada indivíduo inteiros, e o acto que a cria para nós é ime-
tem com uma paisagem, gerando com isto um diatamente um acto que observa e um ac-
juízo perceptivo que permite, por meio da ex- to que sente, que só a reflexão posterior
periência, a continuidade, ou não, de certos dissocia nestas particularidades (SIMEL,
2011, p.51).
costumes.
A Geografia, por meio da experiência
Segundo Turri (2011, p.169) “é neces-
social, interpreta os signos e ações culturais na
sário restituir a paisagem ao campo das mani-
paisagem. Neste contexto, a imagem fotográfi-
festações culturais e do universo representati-
ca se tornou um recurso de análise das varia-
vo dos indivíduos e da sociedade”. Assim, se-
ções da paisagem ao longo do tempo, uma vez
gundo o autor supracitado, a mudança na pai-
que pode mostrar a leitura que a sociedade
sagem reflete a ação antrópica, revelando “os

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significados subjetivos dos valores histórico- rais e discursivas entre os geógrafos (BRIT-
culturais que refletem [sic] uma identidade TO; FERREIRA, 2011, p. 25).
territorial”. Desta forma é possível encontrar
diferenças conceituais entre regiões distintas, Nesse sentido deve-se ter em mente
como é o caso das definições americana e rus- que “as cidades expressam a manifestação das
sa: particularidades culturais de um grupo, apre-
sentando as transformações simbólicas de uma
[...] whereas the concept of landscape in cultura através da temporalidade” (CAETANO;
the English-speaking world has typically fo- BEZZI, 2011, p.461). As cidades passam por
cused on landscapes as molded by humani- modificações cada vez mais constantes e anti-
ty or as understood, perceived, and repre- gas paisagens dão lugar a paisagens modernas
sented in different ways, the Russian ap- e de usos, muitas vezes, diferentes dos anterio-
proach has generally emphasized land- res, mudando, desta forma, os símbolos que
scape’s biophysical characteristics and its
lhes foram anteriormente atribuídos.
potential for utilization or transformation
Azevedo (2013, p.151) afirma que “é
by humanity (SHAW; OLDFIELD, 2007, p.
21).
importante dizer que a memória coletiva de
uma sociedade está também expressa no seu
Contudo, a interação/modificação do espaço. Logo, quando um espaço é modificado,
homem com o meio ambiente está cada vez transformado de forma intensa, a memória
maior e ocorrendo de forma mais consolidada, também sofre mudanças, podendo ser frag-
o que torna difícil fazer uma análise ambiental mentada, confusa, ou ainda apagada”.
sem levar em consideração a ação antrópica. As pesquisas realizadas por Mahdjoubi
Assim, interpretação das modificações nas e Akplotsyi (2012) mostraram que a percepção
paisagens dependem da “capacidade que o ser ambiental exerce diferentes estímulos nas
humano possui de gerar informações a partir pessoas, e tal percepção pode modificar a for-
dos impactos ambientais urbanos que constitu- ma como as pessoas interagem com o meio,
em seu cotidiano, a partir dessa produção, o fazendo com que umas estabeleçam uma rela-
ser humano conhece seu ambiente e é capaz ção mais intensa do que outras. Carvalho et al
de, sobre ele, produzir significados e ações” (2009) defendem a ideia de que, quando o
(FERRARA, 1993, p.264). sujeito relaciona suas lembranças e vivências a
A partir disso, pode-se concluir que a um meio, ele resulta afirmando e/ou negando
percepção das modificações no meio depende mais uma vivência em função de outra, este
não apenas do conhecimento que o indivíduo fato estaria diretamente relacionado às experi-
possui, mas também dos signos que este esta- ências vividas naquele meio.
beleceu com o meio, dos seus sentimentos e Silveira (2009, p.12) afirma que a ideia
das práticas sociais e culturais vivenciadas por de que a emergência das questões ambientais
este indivíduo. Desse modo, a experiência de está ligada “à perda da qualidade de vida dos
vida de cada indivíduo apresenta uma interpre- seres humanos, devido ao caráter predatório e
tação para uma determinada paisagem. A im- degradador do meio ambiente relacionado a
portância atribuída à paisagem depende da uma apropriação desregrada da natureza, cul-
percepção do indivíduo para com o meio, pois minando na alteração constante das paisa-
segundo Brito e Ferreira (2011). gens”. Tendo como base tal ideia, é necessário
ter a paisagem não apenas como uma condici-
[…] Dentro da Geografia, a paisagem adqui- onante de desenvolvimento, mas também, de
riu um caráter polissêmico, variável entre uma espécie de reflexo das ações da sociedade,
as múltiplas abordagens geográficas ado- pois segundo Silveira (2009, p.12), a paisagem
tadas e dependente das influências cultu- “compõe aspectos culturais relevantes da soci-
edade, que exprime valores, posturas e a pró-
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pria existência humana como ser explorador e [...] Os estudos de paisagem servem como
ao mesmo tempo contemplador”. base para reordenamento de territórios,
Na paisagem, segundo Turri (2011, gestão e planejamento de recursos natu-
rais por parte de organizações não gover-
p.173), “podemos encontrar o reflexo da nossa
namentais e organismos oficiais. Além dis-
ação [sic], a medida do nosso viver e agir no
so, essa categoria espacial insere-se na
território”, o que faz com que a sociedade seja, produção científica e orienta estudos e
responsável pelas mudanças na paisagem local, ações de diversos profissionais, ligados à
pois à medida que estabelece relações sociais, arquitetura, agronomia, biologia/ecologia
atribuí-se um conjunto de valores à paisagem, (SILVEIRA, 2009, p.13).
podendo desencadear a mudança de alguns
locais, com vista a suprir as demandas da soci- Em consonância com o exposto acima,
edade. Contudo, deve-se levar em conside- a paisagem exerce uma “função de referente
ração que: visual fundamental para os fins da construção
territorial” (Turri, 2011), pois nela ocorre a
A paisagem não é a simples adição de ele- interação de um espaço sem significado/vazio
mentos geográficos disparatados. É, em de sentimento para se transmutar na paisagem
uma determinada porção do espaço, o re- que, após a interação cultural, agrega símbolos
sultado da combinação dinâmica, portanto e sentimentos.
instável, de elementos físicos, biológicos e As modificações na paisagem serviriam
antrópicos que, reagindo dialeticamente
para garantir a sobrevivência e o desenvolvi-
uns sobre os outros, fazem da paisagem
mento da sociedade, pois juntamente com uma
um conjunto único e indissociável, em per-
pétua evolução.
gestão do território eficiente e controle organi-
É preciso frisar bem que não se trata so- zacional ter-se-ia uma produção de alimentos e
mente da paisagem ‘natural’ mas da paisa- meios que melhorassem a qualidade de vida, se
gem total integrando todas as implicações não de todos, ao menos, da maioria da popula-
da ação antrópica […] (BERTRAND, 2004, ção. No que tange a percepção ambiental vivida
p.141). pela sociedade, Costa (2014) afirma:

Tal ideia se tornou cada vez mais acei- A paisagem enquanto suporte material das
ta pelos geógrafos, pois é na paisagem que se lembranças assenta afetividade e efetiva
observam as mudanças na vivência social, as- acontecimentos, grupos sociais e saberes-
sim como as consequências das estratégias fazeres, guarda as marcas do tempo, o mo-
econômicas, que acabam resultando em uma vimento da história. Identidade é enraiza-
identidade territorial da sociedade com a pai- mento, é sobreposição de objetos e ações
sagem local. Neste sentido, Turri (2011, p.176) e identificação com estes mesmos elemen-
tos; a paisagem-memória cumpre esse pa-
estabelece uma relação entre a Teoria dos
pel de enraizar para afagar a alma humana
Sistemas e a paisagem, afirmando que “a pai-
com receio de se perder ante a coletivida-
sagem seria o momento comunicativo entre de a fugacidade do mundo. Por um lado, se
dois sistemas, o sistema social e o sistema terri- a paisagem é material, por outro, sua fun-
torial. Para o sistema social em particular, a ção é a de alimentar o subjetivo. Ela indica
paisagem eleva-se a referência perceptiva, as correntezas das relações do passado e
mediada pela cultura, pelo seu operar na natu- preserva as tradições técnicas no presente
reza”. Assim, as pesquisas sobre a interação para, sobretudo, dar corpo a um imaginário
homem-meio são cada vez mais importantes sobre objetos, lugares e grupos a serem
mantidos nas lembranças do futuro. As
para entender as mudanças que ocorrem na
iconografias podem cumprir o papel de re-
paisagem, como afirma Silveira (2009).
gistro, de preservar, então, a sabedoria, os
desejos, as necessidades, cumprir as técni-
cas e a ética sociais; preservar a paisagem

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cultural da humanidade é preservar singu- consolidare percezioni, nel trasmettere
lares sentidos da vida material e intersub- informazioni, nel costruire modalità di
jetiva; é uma prática em defesa da memó- osservazione della realtá.[...] (BIGNANTE,
ria social (COSTA, 2014, p..82-83). 2011, p.5).

Os usos que se dão a uma determina- As observações da paisagem deman-


da paisagem, além de sua questão funcional, dam cada vez mais a utilização de diferentes
constroem a identidade social de uma região, abordagens, métodos cada vez mais complexos
onde o cotidiano pode gerar diferentes percep- e ligados a questões de percepção e cultura.
ções sobre uma mesma paisagem. E, com o Portanto, as imagens são elementos necessá-
decorrer do tempo, a paisagem pode se tornar rios no estudo da paisagem, pois por meio
cada vez mais inseparável a um sentimento, delas pode-se estabelecer uma cronologia das
pois os usos e hábitos estabelecem uma ligação modificações na paisagem e, consequentemen-
íntima com o local e com seus símbolos e códi- te, dos acontecimentos sociais vividos pela
gos. população.
A percepção ambiental deve estar li- A paisagem pode ser entendida como
gada às informações contidas nos símbolos e resultante de inter-relações entre diversas
interações antrópicas estabelecidas com o meio unidades ambientais e sociais onde, de acordo
natural, sobretudo ligada à desconstrução des- com a Teoria Geral de Sistemas empregada por
tes códigos e sentimentos intrínsecos à paisa- Christofoletti (1979), o grau de organização de
gem, sobre isso Linehan e Gross (1998) ressal- um conjunto permite que este assuma uma
tam que: função de um todo, este todo não representa a
simples soma das partes. Essa teoria fez com
To become more socially relevant, lands- que os estudos geográficos centralizassem suas
cape planners must become aware of, ac- pesquisas e dessem maior exatidão à suas in-
count for, incorporate, and challenge the vestigações, além de propiciar oportunidade
problems and opportunities that cultural
para reconsiderações críticas de muito dos seus
adoptability, economic viability, social
conceitos. Desse modo:
equitability, and political relevancy have on
the ecological condition of our landscapes.
For although natural processes largely de- As paisagens constituem respostas a um
termine the ecological condition of our complexo de processos, cada um exigindo
landscapes, social processes will continue apropriadas escalas espacial e temporal
to determine the directionality these pro- para serem estudados. Na esculturação das
cesses take. Since the fate of our landsca- formas de relevo essa complexidade é des-
pes lies so squarely on the lap of society, it crita pelas inúmeras variáveis envolvidas,
is imperative that our research move be- havendo entre elas interação, interdepen-
yond our traditional descriptions of space, dência e mecanismos de retroalimentação
our academic divisions, and our rational (CHRISTOFOLETTI, 1980, p.171).
methods (LINEHAN; GROSS, 1998, p. 43).
Contudo, é importante salientar que o
As paisagens e a cultura de uma de- conhecimento acerca de alguns eventos natu-
terminada região direcionam as mudanças que rais “sempre é imperfeito porque se expressa
nela ocorrem e, como defende Bignante (2011): através dos recursos de determinada lingua-
gem. Cada linguagem apresenta possibilidades
[...]D´altra parte, benché forse in maniera diferentes para a descrição e explicação dos
meno invasiva rispetto a oggi, l´uomo è da fenômenos observados” (CHRISTOFOLETTI,
sempre immerso in una cultura visuale. Le 1980, p.176). A paisagem se vincula a um perí-
immagini giocano, oggi come in passato, un odo de transformações na sociedade, mostran-
ruolo rivelante nell´influenzare mode, nel do a apropriação e a modificação do espaço.

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APONTAMENTOS TEÓRICOS PARA A RELAÇÃO ENTRE PAISAGEM E FOTOGRAFIA NA GEO-


GRAFIA
Para Cosgrove (1998), a paisagem seria coisa, sendo por natureza tendenciosa, mas
uma forma material que resulta da ação huma- nunca como existência”.
na sobre a natureza primeira, em que ela deve As fotografias representam a realidade
ser sempre analisada juntamente às transfor- vivida, a realidade selecionada, o olhar do indi-
mações econômicas, sociais, políticas e ambi- víduo sobre algo. As informações contidas nas
entais. O principal problema enfrentado nesta fotografias podem ter diferentes finalidades,
correlação é “identificar os elementos, seus mas, de uma forma geral, expressam informa-
atributos e suas relações, a fim de delinear com ções sociais e/ou ambientais, além de provocar
clareza a extensão abrangida pelo sistema em no observador diferentes reações.
foco” (CHRISTOFOLETTI, 1980, p.2), mas é im- O fotógrafo exprime o seu olhar sobre
portante frisar que um elemento não necessa- a paisagem e a fotografa, mostrando nesta a
riamente exerce uma hierarquia de importância sua visão de mundo. Nesse sentido, “a fotogra-
sobre outro, sendo assim, todos devem ser fia não apenas reproduz o real, recicla-o – um
analisados de forma igualitária. procedimento fundamental numa sociedade
moderna. ]” (SONTAG, 2004, p191).
4. PAISAGEM E FOTOGRAFIA A fotografia tem o poder de gerar no
Na concepção de Nickel (2012) no dis- observador questionamentos acerca de algo,
curso cotidiano, a palavra "paisagem" denota seja aquela utilizada como arte ou como meio
uma área de abertura do espaço exterior consi- de informação, pois ao ver a fotografia começa-
derado principalmente por seus aspectos visí- se a indagar quais os pensamentos que levaram
veis. Esse mesmo discurso se refere a um tipo o fotógrafo a posicionar determinados ângulo e
de imagem que representa uma determinada olhar ao invés de outros possíveis.
localidade. Essa noção aparentemente sem Contudo, “o geógrafo deveria estabe-
idade, nas quais as características físicas peculi- lecer para o uso da fotografia um compromisso
ares da terra podem ser apreciáveis , especial- desafiador. [...] O desafio seria o de empregá-la
mente pelo seu aspecto e apelo estético, inde- com vistas a uma análise crítica” (REIS JÚNIOR,
pendentemente da sua utilidade, revela-se 2014, p.32). Assim, Aumont (2011) sugere que
bastante moderno. a fotografia exerce funções psicológicas e, ao
O surgimento da fotografia na década acentuar o real, estabelece a criação de códigos
de 1840 correspondeu apenas ao momento em sociais, culturais e ambientais. Em consonância
que essa mudança de atitudes foi plenamente com estas ideias, Bignante (2011) afirma que:
realizada, um pouco de tempo que fez a emula-
ção da paisagem romântica parecer inexorável A lungo, dunque, il ruolo giocato dalle
e nossa aceitação da categoria sem costura. immagini, e dalla fotografia in particolare,
Mas, na verdade, não há nada natural ou inevi- nell´analisi geografica à stato soprattutto
tável sobre a paisagem fotográfica, e se arra- quello di produrre, attraverso
l´osservazione, descrizioni visive il più
nharmos a superfície da história e da estética
possible complete e pertanto
que a conduzam, surge uma abundância de
<<scientifiche>>. Oggi tuttavia la geografia,
complexidades (NICKEL, 2012).
prese le distanze dalla ricerca di
A imagem fotográfica fornece uma es- un´oggettività scientifica nel proprio
pecificidade visual de algo como realmente foi, operare, in più modi ha messo in
em determinado momento, registrado por uma discussione la possibilità di produrre
câmera, como se a fotografia carregasse sem- descrizioni definitive ed esaustive del
pre com ela mesma sua referência, nas palavras mondo. Bignante (2011, p. 11).
de Barthes (1982, p. 5). Este mesmo autor afir-
As fotografias mostram ou ampliam a
ma que “a fotografia nunca mente; ou melhor,
realidade e produzem, nos indivíduos, senti-
ela pode até mentir quanto ao significado da
mentos, inclusive o de pertencimento a uma

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APONTAMENTOS TEÓRICOS PARA A RELAÇÃO ENTRE PAISAGEM E FOTOGRAFIA NA GEO-


GRAFIA
dada região ou lugar, pois “não se pode possuir terminado espaço e tempo. São estes, fatos
a realidade, mas pode-se possuir imagens (e ser diretamente conectados ao real. [...] Findo
possuído por elas) [...] Possuir o mundo na o ato a imagem obtida já se integra numa
outra realidade, a segunda realidade.
forma de imagens é, precisamente, reexperi-
A segunda realidade é a realidade do as-
mentar a irrealidade e o caráter distante do
sunto representado, contido nos limites bi-
real” (SONTAG, 2004, p.180). A realidade, por dimensionais da imagem fotográfica, não
meio das fotografias, passaria a fazer parte das importando qual seja o suporte no qual es-
lembranças de cada indivíduo. A documenta- ta imagem se encontre gravada. [...] A se-
ção iconográfica se torna cada vez mais rele- gunda realidade é, a partir do conceito
vante para se conhecer as relações antrópicas acima, a realidade de fotográfica do docu-
estabelecidas com o meio, no período passado, mento, referência sempre presente de um
mostrando, principalmente, a história vivida e passado inacessível (Kossoy, 2002, p.36-37;
grifos do autor).
produzida.
O contexto social e geográfico preser-
A fotografia, ao retratar sempre fatos
va a memória de um determinado tempo e
passados, pois o instante fotografado não po-
espaço, e na fotografia é possível ver as in-
derá mais voltar, se torna um importante ins-
fluências passadas pela paisagem. Tais imagens
trumento de análise das modificações na paisa-
acabam se tornando “documentos para a histó-
gem, sejam elas naturais ou não. Na Geografia,
ria e também para a história da fotografia”
ela pode ser empregada de diferentes modos
(KOSSOY, 1989, p.16), pois o seu conteúdo
para pesquisa e de diversos usos, pois “le im-
mostra as interações homem-meio ao longo do
magini, come si è detto, più che mostrare il
tempo.
mondo ne propongono tante, diverse, interpre-
Ao reconhecer a realidade por meio
tazioni e escondo come le utilizziamo
das fotografias, o indivíduo pode se encontrar e
nell´attività di ricerca si permetteranno di le-
reencontrar numa determinada paisagem, seja
ggere, studiare e analizare la realità e modalità
ela vivida em algum período de sua vida ou até
differenti” (BIGNANTE, 2011, p.14).
mesmo imaginada, resultando numa “satisfa-
Porém, mesmo tendo um caráter cien-
ção psicológica pressuposta pelo fato de “reen-
tífico, o evento deve ser fotografado até se
contrar” uma experiência visual em uma ima-
completar e finalizar o pensamento original-
gem, sob forma, ao mesmo tempo repetitiva,
mente definido pelo fotógrafo, pois isto faz
condensada e dominável” (AUMONT, 2011,
com que não haja uma quebra de acontecimen-
p.83). Nesse momento, há uma representação
tos lógicos e encadeados definidos pelo fotó-
da paisagem que proporciona diferentes for-
grafo.
mas de ver uma fotografia.
Ao se fotografar uma paisagem, o fo-
No que tange à realidade, Kossoy
tógrafo pode interferir na imagem resultado,
(2002) a classifica como primeira realidade e
destacar algum aspecto em especial ou ignorar
segunda realidade, em que:
algo. Assim, a “imagem pode ser entendida
A primeira realidade é o próprio passado. A
como uma das mediações do homem com o
primeira realidade é a realidade do assunto seu mundo, pois as imagens apresentam o
em si na dimensão da vida passada; [...] É mundo acessível e inacessível pela tradução de
também a realidade das ações e técnicas códigos capazes de decifrar eventos” (STEINKE,
levadas a efeito pelo fotógrafo diante do 2014, p.46).
tema – fatos estes que ocorrem ao longo Neste momento, o senso do fotógrafo
do seu processo de criação - e que culmi- seleciona situações e lugares, assim como julga
nam com a gravação da aparência do as-
os eventos como dignos ou não de serem foto-
sunto sobre um suporte fotossensível e o
grafados. E, apesar de todo este processo de
devido processamento da imagem, em de-
construção e desconstrução de um objeto e

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NASCIMENTO, R. A., STEINKE, V. A.

APONTAMENTOS TEÓRICOS PARA A RELAÇÃO ENTRE PAISAGEM E FOTOGRAFIA NA GEO-


GRAFIA
pensamento, “a foto ainda existirá, conferindo realidade passada num dado contexto espacial
ao evento uma espécie de imortalidade (e de e temporal.
importância) que de outro modo ele jamais Durante o processo de fotografar, o
desfrutaria” (SONTAG, 2004, p.21-22). objeto se torna único, mas não sua análise
A principal limitação da fotografia está posterior, pois cada indivíduo ao olhar uma
no fato de esta não retratar a realidade como fotografia pode, devido, sobretudo, à sua cultu-
um todo, mas sim, paisagens selecionadas e ra, analisar uma fotografia de forma diferente
pré-definidas de um todo. Ao se analisar foto- da pensada pelo fotógrafo durante o seu pro-
grafias é relevante não se ater apenas à ima- cesso de produção. Mostrando que, apesar de
gem em si, e sim relacioná-la com fatores cultu- cada fotografia ter “sua origem a partir do
rais e sociais, de vivência e de produção de desejo de um indivíduo que se viu motivado a
espaços. congelar em imagem um aspecto dado do real,
Ao mesmo tempo que a fotografia ex- em determinado lugar e época” (KOSSOY, 1989,
prime recortes espaciais e temporais da reali- p.22), ela pode resultar em diversas interpreta-
dade, ela gera uma linguagem visual resultante ções sobre um mesmo objeto.
da escolha do objeto e da percepção do fotó- Não se pode esquecer entretanto, de
grafo. Dessa forma, os fotógrafos (fotogeógra- que “embora a câmera seja um posto de obser-
fos) que pretendem expressar um cunho social vação, o ato de fotografar é mais do que uma
conscientizador e/ou problematizador supõem observação passiva” (SONTAG, 2004, p.22) ela
que seus registros imagéticos tem o poder de também exprime os sentimentos do fotógrafo
relevar a verdade. para com o local que foi escolhido.
Contudo, “por ser a fotografia sempre Igualmente, a imagem retida pelas len-
um objeto num contexto que molda qualquer tes dos fotógrafos, “fornece o testemunho
uso imediato da fotografia – em especial o visual e material dos fatos aos espectadores
político – é imediatamente seguido por contex- ausentes na cena. A imagem fotográfica é o que
tos em que tais usos são enfraquecidos e se resta do acontecido, fragmento congelado de
tornam cada vez menos relevantes” (SONTAG, uma realidade passada, informação maior de
2004, p.122). vida e morte, além de ser produto final que
A imagem-foto apresenta um caráter caracteriza a intromissão de um ser fotógrafo
próprio tanto do fotógrafo como da paisagem, num instante do tempo ” (KOSSOY, 1989, p.22).
e mostra um resultado que visa fornecer infor- A fotografia, por meio da imagem ge-
mações pré-pensadas e selecionadas, ou seja, a rada sobre uma paisagem, tem o poder de
fotografia mostra uma aquisição de conheci- conter “em si um inventário de informações
mento já pensado pelo fotógrafo, onde este, acerca de um determinado momento passado;
por meio de seus símbolos e vivências direciona ela sintetiza no documento um fragmento do
a lente da câmera ao que mais lhe interessa no real visível, destacando-o do contínuo de vida”
momento a ser fotografado. (KOSSOY, 1989, p.69).
A fotografia, de acordo com o seu uso No processo de selecionar o objeto a
posterior, também funciona como um “registro ser fotografado, há o conflito entre objetivida-
da aparência dos cenários, personagens, obje- de e subjetividade, pois “embora a autoridade
tos, fatos; documentando vivos ou mortos, é de uma fotografia sempre dependa da relação
sempre memória daquele preciso tema, num com um tema (de ser a foto de alguma coisa),
dado instante de sua existência/ocorrência” todas as pretensões fotográficas como arte
(KOSSOY, 2007, p.131). No momento posterior, devem enfatizar a subjetividade da visão”
ao apertar do botão da máquina fotográfica, a (SONTAG, 2004, p.152), fazendo com que, por
fotografia já se torna um código, um vestígio da mais que tenha um caráter técnico, a fotografia

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APONTAMENTOS TEÓRICOS PARA A RELAÇÃO ENTRE PAISAGEM E FOTOGRAFIA NA GEO-


GRAFIA
tirada também possa ser encarada como uma tação desta faz com que a fotografia se torne
forma de arte. cada vez mais um elemento necessário ao coti-
O tempo é um dos principais respon- diano, pois
sáveis por evidenciar as práticas cotidianas, as
interações sociais e a individualidade de cada A fotografia reforça a necessidade de re-
ser na construção do imaginário espacial. Neste presentar. Nas fotografias, as pessoas fa-
sentido, a fotografia tem o poder de mostrar as zem supor. Ao mesmo tempo, a fotografia
se propõe como apontamento da memó-
modificações visuais ocorridas no cotidiano
ria, e não como memória, como lembrete
social, já que em um dado momento “se pode
do que se perdeu no cotidiano, na banali-
encontrar o elo entre a cotidianidade e a foto- zação, na secundarização de certos aconte-
grafia, a fotografia como representação sócia e cidos, e não se quis perder (MARTINS,
memória do fragmentário, que é o modo pró- 2008, p.43).
prio de ser da sociedade contemporânea”
(MARTINS, 2008, p.36). Portanto, a fotografia Entretanto, “como cada foto é apenas
pode ser vista, também, como um elemento um fragmento, seu peso moral e emocional
capaz de estabelecer um sentimento de conti- depende do lugar em que se insere. Uma foto
nuidade de mudanças e do cotidiano social. muda de acordo com o contexto em que é vista
A fotografia proporciona ao sujeito [...] Cada uma dessas situações sugere um uso
uma revelação da realidade, muitas vezes como diferente para as fotos mas nenhuma delas
esta não era vista antes, dando assim, um cará- pode assegurar seu significado” (SONTAG,
ter revelador à fotografia. Assim, “na observa- 2004, p.122) e assim, o pensamento primeiro
ção da representação da imagem capturada da do fotografo pode ser interpretado de maneira
realidade, utilizamos e expandimos nossa ima- não apenas equivocada, mas também de forma
ginação para análise e interpretação do mo- a não seguir a sua linha de raciocínio estabele-
mento, objeto ou fato registrado, na busca por cida durante o momento em que fotografava o
explicações” (SOUZA; SOUZA, 2013, p.110). objeto.
Dessa forma, além do caráter artístico As imagens têm o poder de produzir
da fotografia, ela adquire uma função de ima- em cada indivíduo uma reação diferente, pois a
gem refletida da realidade, servindo como uma percepção depende da vivência de cada ser.
espécie de testemunha ou evidência de algo, Assim, as imagens podem também provocar
fazendo com que haja análises do cotidiano impactos diferentes em cada ser e “é impossí-
com as práticas de vivências culturais e ambien- vel haver ‘interpretações-padrão’ sobre o que
tais. se vê registrado nas imagens” (KOSSOY, 2002,
A fotografia cria um sentimento de p.46).
pertencimento na medida que o ser a analisa, A dualidade de significados gerada pe-
fazendo com que a memória crie um arquivo las fotografias, mencionada anteriormente,
visual ligado aos sentimentos e ao conhecimen- resulta em uma ilusão criada pelo espectador
to de mundo. que acaba por enganá-lo do real significado da
No entanto, Kossoy (2002, p.45) suge- fotografia. Neste sentido, “é claro que a maio-
re que “uma vez assimiladas em nossas mentes, ria das imagens comporta elementos que, to-
deixam de ser estáticas; tornam-se dinâmicas e mados isoladamente, pertencem ao domínio da
fluidas e mesclem-se ao que somos, pensamos ilusão. É o caso, em nível micro analítico, de
e fazemos. Nosso imaginário reage diante das todas as ilusões ‘elementares’ presentes nas
imagens visuais de acordo com nossas concep- imagens” (AUMONT, 2011, p.99).
ções de vida, situação econômica, ideologia, Ao geógrafo, durante o seu processo
conceitos e pré-conceitos”. O sentimento asso- de investigação, ao utilizar as fotografias em
ciado a uma determinada fotografia e interpre- suas pesquisas, é relevante observar detalha-

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APONTAMENTOS TEÓRICOS PARA A RELAÇÃO ENTRE PAISAGEM E FOTOGRAFIA NA GEO-


GRAFIA
damente o seu objeto de investigação, com o Diante do exposto, a observação da
firme propósito de retratá-lo da forma mais paisagem e suas alterações tornou-se de suma
“honesta” possível para que haja o mínimo importância para pesquisadores que trabalham
possível de dualidade nas interpretações inferi- com o território e questões ambientais. Como
das por terceiros. consequência dessa importância, a fotografia
A fotografia, por apresentar caracterís- apresenta-se como um mecanismo crucial para
ticas materiais e subjetivas, mostra a paisagem estabelecer análises, pois pode “revelar” a
como “o resultado da interação entre materia- paisagem em transformação ao longo do tem-
lidade das formas e o sentimento que desperta po e a interação estabelecida entre a sociedade
nas pessoas que a observam e a vivenciam no e o meio ambiente com o qual se relaciona.
cotidiano de suas vidas” (CAETANO; BEZZI, Os trabalhos mais recentes sobre a re-
2011, p. 53) e com isto, pode-se dizer que “o lação entre fotografia e Geografia têm focado
estudo da paisagem pode ser realizado através no significado dos objetos fotografados, inclusi-
do método iconográfico, que comtempla a ve com argumentos sólidos da importância da
análise dos símbolos e signos de uma determi- fotografia como fonte de registros históricos,
nada cultura” (SONTAG, 2004, p.26), pois a não apenas para descrever com fidelidade o
partir de tais correlações é possível analisar a tempo passado, mas como um importante
paisagem e suas modificações de uma forma instrumento das construções sociais históricas,
completa. o que em particular, para o campo da paisagem
Ao longo do tempo, o sentimento que se mostra relevante, uma vez que além da
um indivíduo estabelece com um determinado mera comparação estética ou quantitativa, se
lugar pode mudar e, por meio da fotografia, sua pode aliar uma avaliação, ainda que especulati-
memória pode ser perpetuada. O sentimento, o va do ponto de vista qualitativo.
saudosismo de uma época e de um lugar, de É salutar observar que a compreensão
pessoas e animais pode ser lembrado por meio da teoria da paisagem sugere, portanto, que
das fotografias, em que esta mostra o “espaço nem toda fotografia de terra é, necessariamen-
recortado, fragmentado, o tempo paralisado; te, uma paisagem e nem todas as paisagens
uma fatia de vida (re)tirada de seu constante representam a terra. Pois a posição padrão
fluir e cristalizada em forma de imagem” (KOS- aponta para lugares do mundo, ou melhor,
SOY, 2007, p.133). lugares registrados em imagens, as quais assu-
Estabelecer uma conexão viável e ne- mem a qualidade de uma “amostra”. Mas a
cessária entre a Paisagem e a Fotografia, para a "Paisagem" provavelmente é melhor entendida
investigação da ciência Geográfica, requer o como esse conjunto de elementos, expectativas
cuidado em estabelecer um vínculo real e du- e crenças sobre o meio ambiente e as conven-
radouro, no qual, segundo Kossoy (2007) a ções de sua representação que são projeções
fotografia seria então o elo imagético que per- sobre o mundo. Tais convenções e expectativas
dura em um movimento de longa duração. estão sujeitas a mudanças históricas e são cul-
turalmente específicas.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste sentido, uma ótima maneira me-
Assim como o seu conceito, a paisa- lhor de observar os recursos característicos de
gem é algo dinâmico, e pesquisadores e profis- qualquer paisagem é fotografa-la. Pois a foto-
sionais que trabalham com esta categoria geo- grafia não é apenas um registro, é um meio de
gráfica percebem, ou ao menos deveriam, que permitir que o geógrafo veja o que ele observa
ela apresenta não uma definição única, mas e um modo de entender o que ele vê.
sim, que ela é um termo polissêmico, que muda
ao longo do tempo e da escala em que se anali- 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
sa o fenômeno.

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NASCIMENTO, R. A., STEINKE, V. A.

APONTAMENTOS TEÓRICOS PARA A RELAÇÃO ENTRE PAISAGEM E FOTOGRAFIA NA GEO-


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