Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE INTERATIVA PAULISTA – UNIP

SERVIÇO SOCIAL

JEANE KAROLINA BATISTA LEITE

ANÁLISE CRÍTICA: dificuldades para a concessão do benefício de


prestação continuada - BPC

Pirapora - MG
2020
JEANE KAROLINA BATISTA LEITE – RA 1510500

ANÁLISE CRÍTICA: dificuldades para a concessão do benefício de


prestação continuada - BPC

Análise Crítica apresentada ao 7º Período do Curso de


Serviço Social da Universidade Interativa Paulista,
UNIP.

Supervisora Acadêmcia: Carla Valéria Soares Vita

Pirapora – MG
2020
ANÁLISE CRÍTICA: dificuldades para a concessão do benefício de prestação
continuada - BPC

O beneficio de prestação continuada (BPC) é um direito garantido pela


constituição Federal de 1988 e consiste no pagamento de um salário mínimo mensal
a pessoas com 65 anos de idade ou mais e a pessoas com deficiência incapacitante
para gerir seus atos da vida independente e para o trabalho. Em ambos os casos
por via de regra a renda per capita familiar precisa ser inferior a ¹/4 do salário
mínimo.
O beneficio é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS), sendo operacionalizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) e custeado pelo Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Para ser
concedido o beneficio de prestação continuada, a pessoa ou o cidadão interessado
deve seguir os procedimentos legais da seguinte maneira: a) Solicitar ao INSS, por
meio de requerimento próprio fornecido pela autarquia, o qual deve ser preenchido
com clareza e assinado pelo requerente ou seu representante/responsável legal; b)
Declarar em formulário próprio e especifico a composição do grupo familiar
juntamente com a comprovação da renda per capita inferior a ¹/4 do salário mínimo
mensal; c) No caso das pessoas idosas devem também comprovar a idade de 65
anos ou mais; d) Quando o caso for de deficiência a pessoa devera comprovar sua
condição de incapacitada para a vida independente e para o trabalho através de
atestado fornecido pela pericia medica do INSS, o qual os convocará informando a
data da realização da pericia.
Ao longo dos anos, muitas leis, decretos, portarias e normativas foram
estabelecidos para a concessão, manutenção e revisão do BPC; porém, não foram
tantos os avanços, ainda mais que muitos deles deveriam estar garantidos na Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS) desde 1993. Além disso, algumas
regulamentações menores desconsideram a maior, gerando critérios adicionais com
o propósito de restrição ao acesso. Nesse aspecto, confirma-se o quanto a
burocracia é funcional ao sistema capitalista e à garantia da dominação de classe,
por intermédio de mecanismos que possibilitam a legitimação da ordem. Entretanto,
alguns avanços podem ser mencionados aqui: a alteração da idade para 65 anos, o
fato de não se considerar o recebimento do BPC de uma pessoa idosa na contagem
de renda para outra pessoa idosa, a inclusão da avaliação da deficiência baseada
na CIF, o recebimento do BPC para a pessoa com deficiência concomitantemente à
remuneração na condição de aprendiz, e a suspensão do benefício em caso de
trabalho, em vez de seu cancelamento.
Nesse contexto, verifica-se que apesar de ser imprescindível na vida dos
beneficiários e de suas famílias, tendo mais de 4,5 milhões de benefícios mantidos,
a materialização do BPC em dois espaços (Assistência Social e INSS), a burocracia
estatal, a falta de informações e, principalmente, a (i)lógica perversa dos critérios
tornam penoso o caminho percorrido pelos usuários.
Assim, observa-se que as dificuldades para concessão do BPC têm
aumentando cada vez mais com o passar do tempo. Para conseguir o benefício é
necessário preencher vários requisitos estabelecidos em Lei, que na maioria dos
casos os idosos não se enquadram em tais requisitos, sendo difícil obter a
concessão do benefício.
Essas concessões têm o objetivo de proteger os mais fragilizados, através da
assistência social, porém não é feito uma análise individual de cada caso, sendo
generalizada a forma de concessão e a forma de indeferimento do direito que é dado
aos idosos e as pessoas com deficiência. Com isso, muitos que carecem de uma
assistência, não a conseguem por estar fora dos critérios exigidos.
Muitas vezes a renda por pessoa da família ultrapassa o valor de ¼ do salário
mínimo, dificultando a concessão do benefício para quem solicitou, e na maioria
dessas vezes o idoso tem a plena e real necessidade do benefício, mas não o
consegue por não se enquadrar no que lhe foi pedido. Constata-se assim, que o
estado de miserabilidade tem um conceito muito adverso, visto que, é necessário
que o idoso esteja vivendo em situações degradantes e vivendo de uma forma
realmente “miserável”, considerando que, para viver com menos de ¼ de um salário
mínimo por pessoa, é de fato uma situação em que se encontra em plena miséria e
desconforto.
Olhando toda dificuldade em conseguir comprovar a baixa renda, vemos que
os critérios para concessão do benefício teriam que ser alterados, tornando mais
fáceis as formas de cada um comprovar suas necessidades e comprovar que
realmente precisam do benefício assistencial.
Além dessas dificuldades, a necessidade de agendamento do serviço pelo
portal do INSS ou pelo teleatendimento e os documentos que devem ser
apresentados no protocolo resultam em entraves para o acesso ao benefício. É
exatamente nesse contexto que os intermediários identificam essas pessoas e
oportunizam um “auxílio”, cobrando por esse serviço. Os valores vão de três a seis
salários mínimos em média, são altos frente à realidade dos beneficiários que vivem
com renda per capita familiar inferior a ¼ do salário mínimo e são pessoas com
deficiência e idosos. Com a instituição do INSS digital, essa realidade se torna ainda
mais cruel para os requerentes, pois impõe mais entraves para o acesso, facilitando
a ação dos intermediários, uma vez que a realidade brasileira configura-se em um
alto índice de analfabetismo e do não acesso às mídias digitais. Assim, tornar os
serviços informatizados dificultará ainda mais o acesso ao benefício.
Desse modo, desde a insuficiente regulamentação inicial do BPC até os dias
atuais, tem cabido ao Poder Judiciário, quando provocado, a concretização desse
direito fundamental em favor dos idosos e das pessoas com deficiência.
Diante desse contexto, verifica-se a necessidade da materialização da
articulação dos serviços, programas, projetos e benefícios da Assistência Social e a
efetivação do trabalho com os beneficiários e suas famílias e com as pessoas que
requerem e não têm o acesso concretizado ao BPC. Além disso, o correto seria a
mudança nos critérios de avaliação para concessão do benefício, sendo feita uma
análise individual da real situação de cada um que requer tal benefício, podendo
assim alcançar a sociedade de uma forma mais extensa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GUEDES, Heloisa Helena da Silva; FONSECA, Gabriela Lima; ABDO, Rubiane de


Souza Ribeiro; DONATO, Suélem Alves Santiago; AGUIAR, Andrea Toledo de;
ESTEVES, Érica Ferreira. Novo modelo avaliativo do BPC: desafios, possibilidades
ao Serviço Social. Revista Temporalis, Brasília (DF), ano 13, n. 25, p. 235-259,
jan./jun. 2013.

PEREIRA, Luciano Meneguetti. Políticas públicas, direitos fundamentais e Poder


Judiciário: uma análise crítica do benefício de prestação continuada (BPC). Revista
Brasileira de Políticas Públicas, v.3, n.1, jan-jun. 2013.

RIBEIRO, Ademar. BPC - benefício de prestação continuada e a assistência


social no Brasil. Três Passos-RS, 2014. Disponível em:
http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789. Acesso em:
20/05/2020.

Você também pode gostar