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ÍNDICE

Introdução..........................................................................................................................2

A figura do lock-out e Medidas excepcionais do empregador. (in) possibilidade da


responsabilidade civil do Empregador por lock-out..........................................................3

Por que razão se veio a proibir o lock-out? Não corresponderá tal proibição a uma
violação do Princípio da Igualdade, constitucionalmente consagrado?............................4

Caracterização...................................................................................................................5

Responsabilidade civil.......................................................................................................6

REGIME JURÍDICO DA RESPONSABILIDADE CIVIL..............................................7

CONCLUSÃO...................................................................................................................8

BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................9
INTRODUÇÃO
No presente trabalho da cadeira de Direito de Trabalho, de carácter individual que tem
como tema principal: A figura do lock-out e Medidas excepcionais do empregador. (in)
possibilidade da responsabilidade civil do Empregador por lock-out, onde a principio,
pretendo a fundo definir o lock-out, perceber como esta figura actua e é aplicável no
nosso ordenamento jurídico, pretendo também como um foco principal, constatar se o
empregador pode ou não ser civilmente responsabilizado pela prática do lock-out.

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A figura do lock-out e Medidas excepcionais do empregador. (in) possibilidade da
responsabilidade civil do Empregador por lock-out
Importa antes porém, entender o que significa desta figura do lock-out, a nível geral, o
lock-out, é a exclusão sistemática de um certo número de trabalhadores da sua
actividade geralmente pela dissolução conjunta das relações de trabalho, para a
obtenção de um fim litigioso, com o propósito de readmissão após o termo do conflito.

A nível jurídico, que de certo modo é o que nos importa, de acordo com o n. o 2, do art.
203.o da LT, lock-out é qualquer decisão do empregador de enceramento da empresa ou
serviços ou suspensão da laboração que atinja parte ou a totalidade dos seus sectores,
com a intenção de exercer pressão sobre os trabalhadores, no sentido da manutenção das
condições de trabalho existentes ou do estabelecimento de outras menos favoráveis.

Trata-se, como se vê, de fechamento provisório, pelo empregador, da empresa,


estabelecimento ou simplesmente de algum de seus sectores, efetuado com objectivo de
provocar pressão arrefecedora de reivindicações operárias.

O lock-out é uma manifestação de força do empregador no sentido de levar a classe de


empregados a aceitar determinada condição ou determinação de sua parte. Esta
manifestação se dá pelo fechamento temporário de um ou mais postos de trabalho. Não
tendo o trabalhador poderio suficiente para confrontar tal medida, consequentemente,
haverá um desequilíbrio injustificado nas relações, o que enseja um repúdio social ao
instituto do lock-out.

O lock-out não é considerado um direito, mas diante da liberdade de actos inseridos na


constituição, indirectamente existe a liberdade de proceder dessa forma, desde que sua
necessidade seja justa.

Neste âmbito, surgem duas subespécies do lock-out, o lock-out ofensivo e lock-out


defensivo. Estaremos a falar de um lock-out ofensivo se o encerramento da empresa se
destinar a pressionar os trabalhadores a aderirem a uma alteração na relação laboral
favorável ao empregador. Será um lock-out defensivo se o intuito do lock-out for o dos
trabalhadores desistirem das suas pretensões.

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Lock-out defensivo designado como “encerramento reactivo” e que consiste na
“suspensão da actividade empresarial, não por razões de mérito relativas à pretensão em
jogo, mas por reacção à luta sindical dos trabalhadores conduzida em formas anómalas e
de duvidosa legitimidade”. (FERNANDES, 2009).

Mesmo havendo esta proibição, o legislador traz uma medida excepcional, que conta do
art. 204.o da LT, em que estabelece que o empregador pode suspender total ou
parcialmente a actividade da empresa enquanto durar a greve, em face de imperiosa
necessidade de salvaguardar a manutenção das instalações e equipamentos da empresa
ou de garantir a segurança dos trabalhadores e das outras pessoas.

Sendo que esta deve obedecer a procedimentos que constam do n. o 2 do artigo supra
citado.

Diferentemente da greve, o lock-out no nosso ordenamento jurídico é proibido. Dai que


importa realçar as seguintes questões só para um breve entender:

Por que razão se veio a proibir o lock-out? Não corresponderá tal proibição a uma
violação do Princípio da Igualdade, constitucionalmente consagrado?
De facto, greve e lock-out não podem ser encarados enquanto comportamentos
idênticos.

Enquanto que o primeiro se traduz numa abstenção da prestação de trabalho por parte
dos trabalhadores, o segundo envolve uma iniciativa por parte do empregador em cessar
(ainda que transitoriamente) a actividade da empresa para pressionar os trabalhadores a
adoptarem um determinado comportamento (entenda-se adesão às pretensões do
empregador ou recuo nas pretensões por eles formuladas).

Assim sendo, o facto de um ser proibido no nosso ordenamento (lock-out) não implica
uma violação do princípio da igualdade, uma vez que não estamos perante
comportamentos idênticos ou verdadeiramente equiparáveis.

Desde logo, porque o trabalhador fruto da relação de subordinação jurídica não se


encontra ao mesmo nível que o empregador (art. 18.º e 19/1.º L.T). Existe uma clara
desproporção originária de forças.

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Para atenuar o desequilíbrio de forças existente, ao trabalhador é reconhecido o direito
e, consequentemente, assegurada a possibilidade de aderir à greve, por forma a assim
fazer valer as suas pretensões.

O reconhecimento jurídico do direito ao lock-out destituiria a greve de qualquer eficácia


o que se consubstanciaria, na prática, pelo seu não reconhecimento.

Efectivamente, se houvesse a possibilidade de o empregador realizar o lock-out, então


regressaríamos à situação de desigualdade originária, em resultado da ineficácia da
greve, enquanto instrumento destinado à imposição da referida igualdade/equiparação
de direitos e garantias. Estar-se-ia sem qualquer dúvida a retirar o efeito útil ao impacto
da greve.

Por outro lado (e como um dos principais factores de distinção entre os dois
comportamentos em causa), o lock-out decorre de uma vontade unilateral do
empregador, ao passo que a greve deriva de uma vontade colectiva: a vontade dos
trabalhadores. Querer estabelecer uma possível simetria entre ambos os
comportamentos, não nos parece plausível nem legitimo, à luz do ordenamento vigente,
na sua globalidade.

“O lock-out sendo ilegítimo, não tem qualquer influência sobre as relações de trabalho;
não suspende as relações emergentes do contrato de trabalho, designadamente a
retribuição, nem tem qualquer efeito sobre a antiguidade e os efeitos dela decorrente.
Mas, traduzindo-se numa violação do contrato de trabalho (incumprimento da obrigação
de dar trabalho), o lock-out constitui a entidade patronal em responsabilidade contratual,
podendo conferir aos trabalhadores o direito de resolução do contrato por
incumprimento da outra parte”. (CANOTILHO, 1978).

Caracterização
A tipicidade do lock-out (locaute) envolve quatro elementos combinados: paralisação
empresarial; ato de vontade do empregador; tempo de paralisação; objectivos por
ela visados.

Efectivamente, trata-se de uma paralisação das actividades empresariais. Esta ocorre


seja no âmbito amplo de toda a empresa, seja no plano mais restrito de um de seus
estabelecimentos ou, até mesmo, de uma simples subdivisão intra-empresarial.

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A paralisação envolvida há-de resultar de decisão do próprio empresário, sob pena de
escapar à tipicidade do locaute. De maneira geral, a paralisação que se enquadra na
figura do locaute é temporária. É que, sendo instrumento de pressão sobre os
respectivos empregados, visando frustrar ou enfraquecer reivindicações colectivas, há
deter, em princípio, duração limitada no tempo. Contudo, não é inviável imaginar-se a
possibilidade de uma falsa paralisação definitiva do estabelecimento, como meio de
estabelecer pressão ainda mais eficaz sobre os trabalhadores.

Por fim, a paralisação intentada tem o objectivo de produzir pressões sobre os


trabalhadores, visando enfraquecer ou frustrar suas reivindicações grupais ou a própria
negociação colectiva.

Na verdade, o objectivo específico de estabelecer especial pressão sobre os


trabalhadores é que será a principal diferença entre o lock-out e outras paralisações
empresariais decididas pelo empregador.

De lembrar que a CRM 1990 dispõe que os cidadãos gozam da liberdade de associação
e que as organizações sociais têm direito de prosseguir os seus fins, criar instituições
destinadas a alcançar os seus objectivos específicos, de possuir património para a
realização das suas actividades, nos termos da Lei. 1 Os trabalhadores têm ainda a
liberdade de se organizarem em associações profissionais ou em sindicatos, sendo que o
exercício da actividade sindical é regulado por Lei. Finalmente, os trabalhadores têm
direito à greve sendo o seu exercício regulado por Lei. 2 O exercício do direito à greve
nos serviços e actividades essenciais é limitado, no interesse das necessidades inadiáveis
da sociedade. Proíbe-se ainda o lock-out, aquilo que a contrario sensu seria a anti greve,
ou seja, a greve da entidade empregadora.3

Responsabilidade civil
Trata-se da figura que, depois dos contratos, maior importância prática e teórica assume
na criação dos vínculos obrigacionais, seja pela extraordinária frequência com que nos
Tribunais são postas acções de responsabilidade, seja pela dificuldade especial de
muitos dos problemas que o instituto tem suscitado na doutrina e na jurisprudência.

1
Conforme dispõe o art. 76º da CRM 1990.

2
Assim fixa o art. 90º da CRM 1990.

3
Estas determinações são art. 91º CRM 1990.

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Na rubrica da responsabilidade civil, cabe tanto a responsabilidade proveniente da falta
de cumprimento das obrigações emergentes dos contratos, de negócios unilaterais ou da
lei (responsabilidade contratual), como a resultante da violação de direitos absolutos
ou da prática de certos actos que, embora lícitos, causam prejuízo a outrem
(responsabilidade extra-contratual).

REGIME JURÍDICO DA RESPONSABILIDADE CIVIL


A expressão responsabilidade civil é ambígua porque dentro dela há que distinguir dois
grandes sectores:
1. A responsabilidade obrigacional ou contratual: é aquela que resulta do
incumprimento de direitos subjectivos de crédito, do incumprimento de
obrigações em sentido técnico-jurídico;
2. Responsabilidade extra-obrigacional: está prevista e regulada nos arts. 483º
e segs. CC.

Visto que o lock-out, é expressamente proibido, tanto na CRM como na LT, de certo
modo o incumprimento desta imposição leva a uma responsabilidade civil, mas sim a
responsabilidade criminal por parte do empregador (vide art. 470. o do CP), sendo que
este mesmo vedado de exercer, o mesmo opta em praticar o lock-out, e acabaria por
lesar direito dos trabalhadores e sendo este penalizado.

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CONCLUSÃO
Chegando ao final do presente trabalho, pude levantar os seguintes aspectos relevantes,
lock-out é qualquer decisão do empregador de enceramento da empresa ou serviços ou
suspensão da laboração que atinja parte ou a totalidade dos seus sectores, com a
intenção de exercer pressão sobre os trabalhadores, no sentido da manutenção das
condições de trabalho existentes ou do estabelecimento de outras menos favoráveis, a
pratica do lock-out não leva a uma responsabilidade civil, mas sim criminal.

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BIBLIOGRAFIA
Constituição da República de Moçambique, 1990.

Constituição da República de Moçambique, 2004 – Revista e republicada pela Lei nº


1/2018 de 12 de Junho de 2018.

República de Moçambique, Lei n.o 23/2007, de 1 de Agosto – Lei do Trabalho

República de Moçambique, Lei n.º 35/2014 de 31 de Dezembro – Código Penal

Decreto-Lei n.o 47 344, de 25 de Novembro de 1966 – Código Civil.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 3.a Edição

MARÇAL, Marcos Vicente et all. Direito de greve e lock-out: uma análise jurídica
desses institutos.

FERNANDES, António Monteiro. Direito do Trabalho, 14ª Edição, Almedina Editora.

https://jus.com.br/artigos/2599/o-direito-de-greve-e-o-lock-out

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