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Discente: Caroline Botelho Pinto

Matrícula: 03241492
Curso: Direito/ Noturno/ Centro
Disciplina: Direito Individual do Trabalho

Tema: Suspensão e Interrupção do Contrato de Trabalho

Introdução

A interrupção e a suspensão são dois institutos que inviabilizam a extinção do


contrato de trabalho. Esses Institutos foram elaborados pela Lei com uma forma de
interromper ou deixar que as cláusulas do contrato de trabalho tenham seus efeitos
paralisados de forma temporária.

A consolidação das leis de trabalho (CLT) relaciona no título IV, capítulo IV, dos
artigos 471 a 476-A, quais são as possibilidades de cabimento da suspensão e
interrupção do contrato de trabalho. A suspensão ou interrupção pode ocorrer diante de
acontecimentos que podem acontecer durante a vigência do contrato de trabalho de
prestação de serviços.

Suspensão do Contrato de Trabalho

A suspenção do contrato de trabalho consiste no afastamento do empregado sem


o recebimento de remuneração e trabalho, esta suspensão também é conhecida como
suspensão total, não sendo computado o tempo de afastamento como tempo de serviço,
nem pagamento de FGTS, ou seja, não é contado esse tempo de afastamento com dias
trabalhados. Com a suspensão os efeitos do contrato ficam ausente provisoriamente visto
que o trabalho não é prestado bem como a renumeração (GARCIA, 2017 p. 332).

A suspensão do contrato de trabalho é a sustação temporária dos principais efeitos


do contrato de trabalho como o salário, o trabalho e o tempo de serviço. A suspensão pode
ser uma paralisação provisória e total da execução do contrato de trabalho, em que o
empregado não tem o dever de prestar os serviços e o empregador não tem o dever de
pagar os salários. É a paralisação da prestação de serviços e do pagamento de salários,
não sendo computado o tempo de serviço do empregado durante a cessação do contrato
de trabalho.

Todavia ao suspender o contrato de trabalho, há um corte de forma temporária nos


efeitos do contrato, mas mantem-se o vínculo e as submissões contratuais, que mesmo
que estejam suspensos não isentam o empregador e o empregado do cumprimento de
algumas condutas previstas na relação trabalhista. Segundo Garcia (2017, p. 333) [...]
“suspensão do contrato de trabalho é no sentido da ausência provisória da prestação do
serviço, sem que o salário seja devido, nem se compute o respectivo período no tempo
de serviço do empregado. A suspensão pode ser definida também como a cessação
temporária e total da execução e dos principais efeitos do contrato de trabalho.
Efetivamente, na suspensão do contrato de trabalho, nenhum dos seus principais efeitos
prosseguem, pois tanto o trabalho não é prestado como o salário não é pago.

No entanto, para que haja a suspensão do contrato de trabalho é necessário que


exista um fato previsto em lei, contudo o contrato se mantém intacto. As hipóteses de
suspensão são: Afastamento previdenciário por motivo de doença, a partir do 16º dia;
Afastamento previdenciário por motivo de acidente, a partir do 16º dia; Aposentadoria
provisória por invalidez; Afastamento por exigências do serviço militar; Participação pacífica
em greve; Encargo público obrigatório; Eleição para cargo de dirigente sindical: Considera-
se de licença não remunerada o tempo em que o empregado se ausentar do trabalho no
desempenho das funções (art. 453 § 2º da CLT); Eleição para o cargo de diretor de
sociedade anônima (súmula 269 do TST); O empregado eleito para ocupar cargo de diretor
tem o respectivo contrato de trabalho suspenso (não conta tempo de serviço); Suspensão
disciplinar por no máximo 30 dias; participação do empregado em curso ou programa de
qualificação profissional oferecido pelo empregador [...], mediante previsão em CCT ou ACT
e aceitação formal do empregado. Diante das hipóteses de suspensão o empregador
poderá prestar ao empregado ajuda compensatória mensal, contudo, sem natureza salarial,
no período de suspensão contratual que será um valor acordado em convenção ou acordo
coletivo. A suspensão tem seus efeitos diretos na paralisação das obrigações contratuais e
na não prestação de trabalho não há pagamento de salário. Entretanto, no caso de
suspensão por acidente de trabalho o e na prestação do serviço militar, a empresa tem a
obrigação de continuar depositando FGTS. Em caso de acidente, haverá contagem do
tempo de serviço para as férias, caso o afastamento não seja superior a 6 meses. A
suspensão do contrato de trabalho exclui a responsabilidade do empregador ao
pagamento do FGTS, exceto nos casos em que a suspensão se dá nos casos de serviço
militar e acidente do trabalho. (GARCIA,2017, p.333). Vale lembrar que na suspensão, o
empregado não recebe pelo tempo inativo e tal período não conta como tempo de serviço.

Com a pandemia do coronas vírus acrescentou-se outra hipótese de suspensão


que foi implementada pela medida provisória 936/2020 e posteriormente pela MP 1045/21,
que estabelece a possibilidade de suspensão dos contratos de trabalho durante a
pandemia com intuito de preservar a os empregos e a saúde do empregador. O Supremo
Tribunal Federal permitiu através da medida a realização de acordos individuais para a
redução das jornadas de trabalho e suspenção dos contratos de trabalho, onde não há
envolvimento de sindicatos. A medida provisória que estipula que as empresas podem
utilizar da suspensão do contrato de trabalho entrou em vigor como uma solução para os
efeitos devastadores da pandemia de COVID-19 e da redução da atividade econômica no
mercado de trabalho. A limitação da atividade empresarial foi uma decorrência das políticas
públicas de enfrentamento ao coronavírus, que visa limitar a circulação de pessoas foi uma
solução que muitos empregadores encontraram para manter os postos de trabalho, mesmo
com as empresas fechadas. A MP 1045/2021 é vista como uma alternativa paliativa,
evitando o aumento do desemprego devido à pandemia e isolamento social do novo
coronavírus. Em suma, a MP 1045 permite que as empresas reduzam os salários e jornadas
de trabalho dos trabalhadores ou suspendam temporariamente seus contratos. Em
contrapartida, cria o Bem, benefício emergencial, e a AMP aplica-se a todos os empregados
com carteira assinada, incluindo trabalhadores domésticos e ocasionais que trabalham por
hora e para múltiplos empregadores, e inda uma outra possibilidade que ela trouxe foi
a redução de salário e para compensar o corte de salário, o governo oferecerá um valor
com base no valor do seguro-desemprego a que um trabalhador teria direito se fosse
despedido. Na situação em que o País se viu diante de uma pandemia, a realidade mudou
e medidas como a suspensão de contratos de trabalho puderam reduzir os gastos da
empresa e conter uma crise financeira maior em se tratando desse sentido.

Portanto, a suspensão do contrato de trabalho gera uma cessação temporária dos


principais efeitos do contrato de trabalho, quais sejam: prestação de serviços e pagamento
de salário. Todavia, o empregado que esteja suspenso, ainda mantém o vínculo
empregatício, ou seja, ainda faz parte do quadro de funcionário da empresa, porém o
empregador e o empregado não precisam cumprir suas principais obrigações contratuais
por um tempo determinado.

Interrupção do Contrato de Trabalho

A interrupção do contrato de trabalho também leva a uma paralisação nas atividades


do empregado, mas neste caso o empregado continua recebendo sua remuneração e
persiste a contagem do tempo de serviço. Portanto, a interrupção trata-se de uma pausa,
uma paralisação temporária na prestação do serviço com a permanência da remuneração
do empregado e dos efeitos do contrato trabalhista.

Na hipótese de interrupção a paralisação é provisória e parcial da execução do


contrato de trabalho, em que o empregado não tem o dever de prestar os serviços, mas o
empregador tem a obrigação de pagar os salários. É quando a paralisação da prestação de
serviços, sem prejuízo do pagamento de salários e do cômputo do tempo de serviço do
empregado. A interrupção do contrato de trabalho acontece quando o empregador por
motivos estabelecidos em lei, segue pagando o trabalhador sem que o mesmo efetue sua
prestação de serviços. A interrupção também pode ser definida como a cessação
temporária e parcial da execução e dos principais efeitos do contrato de trabalho. Trata-
se de cessação parcial dos principais efeitos do contrato, pois, embora o trabalho não
seja prestado, os salários continuam sendo devidos (GARCIA, 2017, p. 333).

Os casos típicos de interrupção: Afastamento do trabalho por motivo de doença ou


acidente do trabalho, até os 15 primeiros dias; convocação eleitoral; licença maternidade
e paternidade; comparecimento em juízo; Comparecimento como jurado; Testemunha (art.
822 da CLT); Parte de um processo (súmula 155 do TST: As horas em que o empregado
falta ao serviço para comparecimento necessário, como parte, à Justiça do Trabalho não
serão descontadas de seus salários); representação sindical; exames gestacionais;
consultas medicas; Todas as pausas laborais: intervalos, férias, descanso semanal,
feriados; Aborto não criminoso, por até duas semanas; Interrupção dos serviços da
empresa em caso de acidentes ou força maior; Existem ainda algumas hipóteses taxativas
de interrupção arroladas no artigo 473 em que o empregado deixará de comparecer no
trabalho, sem prejuízo aos seus vencimentos, são elas: Art.473. O empregado poderá
deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: I - até 2 (dois) dias consecutivos,
em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que,
declarada em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, viva sob sua dependência
econômica; II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; III - por 1 (um) dia,
em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana; IV - por 1 (um) dia, em
cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente
comprovada; V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos
termos da lei respectiva; VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências
do Serviço Militar referidas na letra c do art. 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964
(Lei do Serviço Militar); VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas
de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior.

Portanto, com a interrupção do contrato de trabalho apenas parte das obrigações


são sustadas, ou seja, o empregado não presta serviço e não fica à disposição do
empregador. Mas as demais obrigações, como salário, contagem do tempo de serviço,
recolhimento das obrigações, se mantém de forma integral. Conforme depreende-se do
próprio conceito de interrupção apresentado os efeitos da interrupção incidem
principalmente na ausência provisória de prestação dos serviços por motivo estabelecido
em lei, enquanto o salário continua sendo devido e computado o tempo de afastamento, ou
seja, a empresa continua pagando salários ao empregado e o período de afastamento
será considerado como tempo de serviço.

CONCLUSÃO

Com base no que foi apresentado, nos casos de suspensão e interrupção não se
observa dificuldade na diferenciação entre ambas, mas ainda assim podem gerar dúvidas
quando levamos a aplicação em casos concretos. Existem certa similaridade entre elas,
e esses elementos similares acabam por dificultar a classificação. Na interrupção do
contrato de trabalho, o empregado fica sem trabalhar, mas recebe o pagamento do salário. É
o que podemos ver quando um trabalhador está no gozo das férias, e neste caso o tempo de
serviço é computado para todos os efeitos, ainda que o trabalhador fique livre,
temporariamente, de suas obrigações. No entanto, o que se depreende da suspensão do
contrato de trabalho, é que o empregado fica sem trabalhar e por sua vez não recebe o salário
e durante esse período, o tempo de serviço não é computado, mas deve-se lembrar que nesse
caso há exceções como: acidente/doença de trabalho e serviço militar. Mas não se deve
esquecer que nesse período de suspensão e interrupção do contrato de trabalho, o
empregador não poderá demitir o empregado sem justa causa, mas somente em caso de
extinção da empresa ou motivo de força maior. Dessa forma, a suspensão e interrupção são
institutos do direito do trabalho de suma importância, uma vez que os fatos novos que
podem ocorrer no contrato de trabalho e os direitos garantidos, necessariamente, deverão
ser assegurados.

Portanto, é necessário analisar cada caso para que se possa conceder o que é de
direito do empregado, embasando-se nas leis existentes, mas também nas doutrinas e
jurisprudências já proferidas pelos tribunais para evitar quaisquer dúvidas ou confusão
sobre a aplicação destes institutos. Um exemplo bem comum é nos casos de serviço
militar, pois este por sua vez pode ocorrer em alguns casos o afastamento e noutros a
interrupção como elencada anteriormente. Por isso, a ausência de prestação de serviço
por parte do empregador pode acarretar tanto na suspenção ou a interrupção que pode
afetar ou não no recebimento do seu salário, ou ainda em alguns casos no recolhimento
ou não do FGTS por parte do empregador. Logo, a maioria dos autores conceituam que
quando há a necessidade de pagamento de salários pelo empregador configura-se em
interrupção e quando não há necessidade do pagamento do salário seria o caso da
aplicação do instituto da suspensão.

REFERÊNCIAS

https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/679331704/agravo-de-instrumento-em-recurso-de-
revista-airr-10005675720165020362 - pesquisa realizada em 25 de março de 2023.

https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711503/artigo-472-do-decreto-lein5452-de-01-de-maio-de-
1943#:~:text=472%20%2D%20O%20afastamento%20do%20empregado,trabalho%20por%20part
e%20do%20empregador – pesquisa realizada em 25 de março de 2023.
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito do trabalho. – 11ª ed., rev., atual. e ampl. –
Rio de Janeiro: Forense, 2017.

https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10710676/artigo-476-do-decreto-lein5452-de-01-de-maio-
de-1943 - pesquisa realizada em 25 de março de 2023.

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