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D I R E I T O S U B S TA N T I V O D O T R A B A L H O
Consiste, por isso, numa modalidade especial de contrato de trabalho (situação especial de
organização e duração do tempo de trabalho).
O seu regime vem previsto nos arts. 157.º a 160.º, do Código do Trabalho.
Tem tido pouca expressão a nível jurisprudencial (embora discutido de forma lateral, vide Ac. STJ 22-
nov.-1995, (Matos Canas), Proc. 0036957; Ac. STJ 20-nov.-2013, (Mário Belo Morgado), Proc. 2867/06).
Para que se possa constituir um contrato de trabalho intermitente terá de existir um requisito prévio
essencial: o empregador exercer uma atividade empresarial com descontinuidade ou intensidade
variável.
O trabalhador terá de celebrar um contrato de trabalho por tempo indeterminado (art. 157.º, n.º 2).
É a inatividade que molda todo o regime deste tipo especial: é requisito e características da prestação
laboral, moldando, direta ou indiretamente, todo o quadro legal, nomeadamente (i) a forma do
contrato, (ii) o período de prestação do trabalho; e (iii) a retribuição.
§ 2. Modalidades
As partes poderão adotar fórmulas mistas , desde que respeitados os períodos de prestação e a
antecedência mínima, presentes no n.º 2 do art. 159.º.
No caso do contrato de trabalho dos profissionais de espetáculo, o art. 8.º, n.º 4, da Lei n.º
4/2008, prevê apenas a modalidade de contrato de trabalho intermitente à chamada.
§ 3. Delimitação de figuras próximas
A solução do art. 150.º, n.º 3, não poderá deixar de ter consequências legais: (i) aplicação, por
analogia, dos arts. 159.º, n.º 2 e 160.º, n.º 1 e n.º 2, que constituem as principais garantias do
trabalhador pela inatividade; (ii) pagamento da compensação pela inatividade.
§ 4. Forma e formalidades
O contrato de trabalho intermitente é sujeito a forma escrita (art. 158.º, n.º 2).
A mesma cominação se prevê para a omissão de uma formalidade obrigatória prevista na alínea
b) do n.º 1 do art. 158.º, que exige que o contrato de trabalho intermitente contenha a
“indicação do número anual de horas de trabalho, ou do número anual de dias de trabalho a
tempo completo”.
§ 5. compensação retributiva no
período de inatividade
O contrato de trabalho intermitente prevê uma compensação prevista para os períodos de
inatividade (art. 160.º, n.º 2).
Esta será, no mínimo, correspondente a 20% da retribuição base auferida, devendo ter
periodicidade igual à retribuição (art. 160.º, n.º 2).
§ 5. compensação retributiva no
período de inatividade (cont.)
Porém, se o trabalhador exercer outra atividade durante o período de inatividade, o montante da
correspondente retribuição é deduzido à compensação retributiva (alteração leva a cabo lei Lei
n.º 93/2019, de 4 e setembro).
Pretende-se que com esta alteração o regime do contrato de trabalho intermitente seja mais
aliciante para os empregadores.
§ 6. A afetação da intermitência nos
direitos e deveres do trabalhador
Nos termos do art. 160.º, n.º 1, “Durante o período de inatividade, o trabalhador pode exercer
outra atividade, devendo informar o empregador desse facto”.
Lida a contrario, esta disposição indica que o estatuto legal do trabalhador coincidirá com aquele
que é estabelecido para os restantes trabalhadores. Contudo, o período de inatividade
influenciará, inevitavelmente, o regime jurídico aplicado (exemplo: prémios de produtividade).
O trabalhador intermitente não ficará privado de exercer outra atividade durante o período de
inatividade. E as cláusulas de exclusividade serão admitidas?
Obrigado.