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Formas de cessação ou extinção dos contratos de trabalho

Contrato de trabalho

Noção

Designa-se de contrato de trabalho, cujo regime vem descrito na lei do trabalho. O art.
18. °, da lei de trabalho define o contrato de trabalho como sendo o acordo pelo qual
uma pessoa, se obriga a prestar sua actividade a outra pessoa, sob a autoridade desta
mediante remuneração.

Esta definição consagra três elementos importantes, nomeadamente:

a) Prestação de uma activadade;


b) Subordinação;
c) Retribuição.

Prestação da actividade1

A prestação da actividade é o elemento fundamental da relação laboral por traduzir o


facto que vai necessariamente despachar a subordinação e a retribuição.

É importante salientar que se trata de uma prestação de actividade, que se concretiza em


na aplicação da força de trabalho de um dos sujeitos da relação. No contrato de trabalho
o que releva é a própria actividade do trabalhador que a outra parte coordena e combina
com outros factores de produção visando atingir um resultado que está por seu turno
além do próprio contrato.

No entanto, em determinadas situações o trabalhador cumpre a sua obrigação contratual


embora estando inactivo; na prática do mundo laboral, é frequente tal situação de
temporária inactividade, sem que se ponha em causa a existência do comportamento a
que o trabalhador se obrigou.

Subordinação

A subordinação jurídica consiste numa relação de dependência necessária da conduta


pessoal do trabalhador na execução do contrato face às ordens, regras ou orientações
ditadas pelo empregador, dentro dos limites do mesmo contrato e das normas que o
regem.

1
A. Monteiro Fernandes, Direito do Trabalho, 13ª edição, Almedina, 2006, pág. 122.
A subordinação está ligada à relativa generalidade e inconcretização da prestação de
trabalho: o trabalhador promete desempenhar um tipo genérico de actividade laborativa.
O conteúdo da prestação de trabalho é, pois, indeterminado, havendo sempre lugar a
uma especificação a cargo do empregador, no que toca à modalidade concreta
pretendida do serviço abstracto prometido no contrato.2

A subordinação jurídica, na sua vertente mais característica tem duas facetas: o dever de
obediência e o poder de direcção, conferido ao empregador.3

Retribuição ou remuneração

O terceiro elemento essencial do contrato de trabalho é a retribuição. Para a maioria da


doutrina é um dos elementos sem os quais não pode sequer existir trabalho subordinado:
actividade laboral é necessariamente retribuída e o pagamento da retribuição constitui o
dever principal do empregador. Assim, em troca da disponibilidade da força de trabalho,
é devida ao trabalhador uma retribuição, como contrapartida da actividade laboral (art.
108º nº 1 do LT), evidenciando o nexo sinalagmático do contrato de trabalho.

Classificação

Verifica-se que o contrato de trabalho é:4

 Em primeiro lugar, um contrato negocial, pois além da liberdade de celebração


própria dos contratos, as partes podem, dentro de certos limites, aprontar as
cláusulas que entenderem;
 Em segundo lugar classifica-se como consensual, ou seja, em regra, o contrato
de trabalho nasce com o acordo das partes, independentemente de particulares
formas previstas na Lei. O princípio da consensualidade não favorece apenas a
celeridade, mas facilita a prova por qualquer meio ao trabalhador da existência
de um contrato de trabalho5;
 É usual classificá-lo como contrato oneroso pois ambas as partes suportam
esforços económicos. Em termos gerais, o trabalhador suporta o sacrifício
relativo ao desempenho da sua actividade e o empregador quanto à retribuição a
pagar.
2
Bernardo da Gama Lobo Xavier com a colaboração de P. Furtado Martins/A. Nunes de Carvalho,
Iniciação ao Estudo do Direito de Trabalho, Verbo, pág. 147.
3
Pedro Romano Martinez, ob. cit., pág. 279.
4
Seguimos na íntegra a caracterização efectuada por António Menezes Cordeiro, Manual de Direito de
Trabalho, Almedina, Coimbra 1994 – reimpressão, pág. 518-519
5
Monteiro Fernandes, ob. cit., pág. 177.
Características

 É que se trata de um contrato que se classifica como típico: o Direito regula


contrato de trabalho com um regime específico, onde abundam normas
imperativas;
 Natureza obrigacional;
 Trata-se de um contrato sinalagmático. Dizem-se sinalagmáticos ou bilaterais os
contratos pelos quais «ambas as partes contraem obrigações havendo entre elas
correspectividade. Todavia o sinalagma é imperfeito, porque em alguns casos,
mantêm-se o dever principal de uma das partes perante a ausência de
cumprimento da outra parte, como é o caso do der de pagar retribuição nas férias
ou em caso de faltas justificadas;
 Trata-se de um contrato de execução continuada: ele gera obrigações, que, em
múltiplos aspectos, não conhecem intervalos juridicamente relevantes na sua
execução.

Forma de contrato de trabalho

É uma exigência legal conforme preserva o nr. 1, 38.° da lei laboral que o contrato entre
a entidade empregadora e o trabalhador seja reduzido a escrito.

Pela importância que alguns aspectos se colocam no âmbito de contrato de trabalho


vamos analisar pelo menos três a saber:

 Adesão ao termos contratuais;


 Duração;
 Período probatório.

Adesão aos termos contratuais

Contrato de trabalho de adesão, deve ser entendido como a posição que o outorgado
(trabalhador) assume ao aceitar a vontade do trabalhador no que respeita aos deveres e
direitos derivados do contrato e estabelecido por este.

Esta situação que contraria o principio da liberdade contratual, permite a entidade


empregadora induzir o trabalhador a aderir ao contrato, aceitando tácita e
expressamente, as condições de trabalho indicados nos regulamentos internos e noutros
que interessam ao empregador. Assim, o trabalhador, ao celebrar o contrato onde se
especifique a existência de regulamentos internos presume a sua inteira adesão (ar. 37. °
da lei do trabalho). Salvo se tai disposições contrariem os princípios da boa fé, ou,
quando foram manifestamente ilegais ou inconstitucionais. No entanto o trabalhador ou
seu representante, tem a oportunidade de se pronunciar por escrito sobre tais
regulamentos internos no prazo de 30 dias a contar da data da vigência do contrato ou
da publicação de tais regulamento, afastados, expressamente quando devidamente
fundamentado, aceitação dos mesmos, (nr. 3, art. 37. ° da lei laboral).

Duração do contrato

O contrato é estabelecido para durar o tempo que for condicionado pelas partes ou
conforme dispõe a lei quanto as obrigações que as mesmas têm de fazer valer o
consignado por isso a duração do contrato será espaço do tempo durante o qual vai
substituir a relação jurídico laboral, extinguindo-se nos termos do disposto nos artigos
42. ° e 55.° da LT.

Período probatório

O artigo 46. ° da lei laboral dá-nos a noção do período probatório como sendo o tempo
inicial de execução do contrato cujo duração obedece ao estipulado no art. 47 da lei
laboral. Trata-se de um período de adaptação durante o período as partes agem no
sentido de permitir que as suas relações se conforme com os objetivos pretendidos para
os contratos de trabalho por tempo indeterminado e a um prazo.

Cessação do contrato de trabalho

Noção

A cessação do contrato de trabalho, também chamada de rescisão de contrato de


trabalho, é o processo que formaliza o fim da relação de trabalho entre empregado e
empregador, ou seja, marca o fim do vínculo empregatício.

Formas de cessação ou extinção dos contratos de trabalho

Nos termos dispostos no artigo 124. °, no seu nr. 1 da LT, o contrato de trabalho pode
cessar por:

a) Caducidade;
b) Acordo revogatório;
c) Denuncia por qualquer das partes;
d) Rescisão por qualquer das partes contratantes com justa causa.

Caducidade

A caducidade é uma modalidade de cessação do contrato de trabalho. O contrato de


trabalho caduca nos termos gerais, previsto no número 1 do artigo 125.º da lei laboral,
nomeadamente:

a) Expirado o prazo ou por ter sido realizado o trabalho por que foi estabelecido;
b) Pela incapacidade superveniente, total e definitiva, de prestação do trabalho ou,
sendo aquela apenas parcial, pela incapacidade de o empregador a receber,
excepto se a incapacidade for imputável ao empregador;
c) Com a morte do empregador em nome individual, excepto se os sucessores
continuarem a actividade;
d) Com a reforma do trabalhador;
e) Com a morte do trabalhador.

A caducidade do contrato de trabalho tem como consequências, desde logo, a extinção


para o futuro das obrigações que respeitam ao cumprimento do contrato e determina a
constituição de certas prestações, tudo sem prejudicar o dever de cumprimento das
prestações vencidas.

Expirado o prazo ou por ter sido realizado o trabalho por que foi estabelecido

Incapacidade superveniente, total e definitiva

Nas situações em que a caducidade se verifique em virtude de uma ocorrência que


determine uma incapacidade superveniente, total e definitiva importa esclarecer que,
para este efeito, não basta a mera dificuldade de o empregador receber a prestação. Ou
seja, ela é absoluta quando nenhuma das funções correspondentes à categoria possa ser
exercida e é definitiva quando não seja temporária ou passível de reversão, devendo
sempre ser atestada por documento médico idóneo.

Morte do empregador em nome individual

A morte de empregador em nome individual faz caducar o contrato de trabalho (alínea


c), número 1 do art.125 da lei do Trabalho). O contrato de trabalho não caduca se o
sucessor do falecido continuar a atividade ou se ocorrer transmissão da empresa.
Reforma do trabalhador

A reforma do trabalhador é um direito e não uma obrigação. Por esta razão, a


caducidade do contrato só ocorre se a pensão de velhice for requerida, não basta o
trabalhador ter atingido a idade da reforma.
CORDEIRO, António Meneses, Manual de Direito de Trabalho, Almedina, Coimbra
1996.

XAVIER, Bernardo da Gama Lobo, Curso Direito de Trabalho, I, ª Edição, Lisboa.

MARTINEZ, Pedro Romano, Direito de Trabalho, Coimbra, 2006.

FERNANDES, António Monteiro, Direito do Trabalho, 13ª Edição, Edições Almedina,


2006.

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