Você está na página 1de 5

1

DIREITO DO TRABALHO I
Apostila 3
5º Período do Curso de Direito
Professor: Vagner dos Santos da Costa

OBS.: A leitura deste material não exime o aluno da leitura de Legislação e


Doutrina indicados pelo professor, que se fazem necessárias para o devido
aprendizado e resultado nas avaliações desta matéria.

1. CONTRATOS DE TRABALHO – Arts. 442 e ss


Contrato de trabalho é o pacto, expresso ou tácito, verbal ou escrito,
pelo qual o empregado, pessoa física, compromete-se a prestar serviços não
eventuais e subordinados e o empregador a pagar a retribuição respectiva, seja
esta convencionada ou imposta pela lei.
Dessa forma, o contrato é fonte de obrigações. Para o empregador, gera
a obrigação principal de pagar os salários. Para o empregado, a obrigação é a
prestação de serviços sob a direção do empregador.
A CLT, no artigo 442, define o conceito de Contrato de Trabalho, conceito
esse muito criticado pela doutrina, como vemos:
Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso,
correspondente à relação de emprego.

A controvérsia se dá porque o artigo em nada define as atribuições de


empregador e empregado, apenas diz que é um acordo tácito ou expresso.
Devido a isso, o conceito legal de Contrato de Trabalho se dá na junção
dos artigos 2º e 3º da CLT, que estabelecem, respectivamente, o conceito de
empregado e empregador.

2. MODALIDADES DE CONTRATO DE TRABALHO


O contrato de trabalho pode ser celebrado de forma expressa ou tácita,
verbal ou escrita, por tempo determinado ou indeterminado, solene ou informal,
individual ou por equipe.
A CLT ainda apresenta duas outras modalidades de contrato de trabalho
que são o contrato individual de trabalho e o contrato coletivo de trabalho (acordo ou
convenção coletiva).

2.1 Contrato de Trabalho Expresso e Tácito (quanto a forma)


Essas modalidades estão inseridas no artigo 442 da CLT, já citado aqui.
2

a) Contratos expressos: são aqueles em que a manifestação de vontade


entre as partes (empregado e empregador) se dá através de documento escrito em
que as condições ajustadas são estabelecidas e anotadas (normalmente) em CTPS
(Carteira de Trabalho e Previdência Social).
Registre-se, por oportuno, que as alterações ocorridas durante a vigência
de um contrato de trabalho formalmente ajustado, ainda que não documentadas ou
anotadas em CTPS, desde que não lesivas ou prejudiciais ao empregado, passam a
integrar o contrato de trabalho em função do princípio da primazia da realidade.

b) Contratos tácitos: são aqueles que são ajustados verbalmente e, não


raro, alterados pela dinâmica de condições em que o trabalho é realizado e que
são "incorporadas" ao contrato de trabalho.
Esta espécie de contrato individual de trabalho é, em regra, marcada pela
informalidade e ausência de recolhimentos de encargos fiscais, previdenciários e
acessórios (FGTS, por exemplo) e, consequentemente, notoriamente prejudiciais ao
trabalhador.
Em relação à espécie contrato verbal veja a disciplina estabelecida pelo
artigo 447 consolidado:
Art. 447 - Na falta de acordo ou prova sobre condição essencial ao contrato verbal,
esta se presume existente, como se a tivessem estatuído os interessados na
conformidade dos preceitos jurídicos adequados à sua legitimidade.

2.1 Por Prazo Indeterminado


Os contratos indeterminados são aqueles em que o seu prazo final não
está fixado, constituindo em regra geral, no sentido de serem os que
predominam no Direito Pátrio. Tal presunção decorre do princípio da continuidade
da relação empregatícia.
Importante dizer que, se não observadas as regras legais para a
celebração do contrato de emprego determinado, como data de término, por exemplo,
esse se torna automaticamente por tempo indeterminado.

2.2. Por Prazo Determinado


No Direito Trabalhista, é admitido a existência do termo final no contrato de
trabalho, seja ele por tempo/prazo (mais comum) ou por evento futuro e certo,
caracterizando assim o Contrato por prazo determinado.
O §1º do artigo 443 nos traz a definição desse tipo de contrato de trabalho:
3

§ 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja


vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou
ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada.

- FORMA
Doutrinariamente e Jurisprudencialmente, há divergências quanto aos
requisitos esculpidos no §2º do artigo 443, no que tange à forma escrita, a seguir:
§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do
prazo;
b) de atividades empresariais de caráter transitório;
c) de contrato de experiência.

O entendimento dominante é que a forma escrita não é requisito do


negócio jurídico em comento, porém, há de se destacar a dificuldade do trabalhador
em provar o vínculo desse tipo de contrato com o empregador, em virtude da não
documentação contratual.
Dessa maneira, podemos concluir que a forma escrita é apenas uma
formalidade ad probationem do contrato de trabalho por tempo certo.

- CARACTERÍSTICAS
A principal característica do contrato por prazo determinado é a dispensa
do aviso prévio para fim à prestação de serviço.
Outra característica é a dispensa do pagamento da multa de 40% sobre
os depósitos do FGTS.
Ainda que por prazo certo, o empregador, findo o contrato, deverá pagar
ao empregado o 13º salário proporcional, bem como as férias proporcionais
acrescidas de 1/3.

- PRAZO
Conforme preceitua o artigo 445 da CLT, o prazo do contrato de trabalho
por prazo determinado não poderá ser superior a dois anos. A lei não fixa tempo
mínimo, assim, teoricamente, o contrato pode ser de apenas um dia.
Art. 445 - O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser estipulado
por mais de 2 (dois) anos, observada a regra do art. 451.

Vale frisar que existem exceções, que são os chamados contratos


especiais. Um exemplo é o contrato regido pela Lei 9615/98, que versa sobre o atleta
4

profissional. Em seu artigo 30 informa que o tempo mínimo deve ser de 3 meses e o
tempo máximo de 5 anos.

- PRORROGAÇÃO
É admitido apenas uma única prorrogação no contrato de trabalho por
prazo determinado, desde que seja observado o período máximo de dois anos.
Tal verbete está esculpido no artigo 451 da CLT.
Art. 451 - O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou
expressamente, for prorrogado mais de uma vez passará a vigorar sem
determinação de prazo.

- RENOVAÇÃO
A renovação consiste na celebração de um novo contrato, após a
expiração do anterior.
Porém, deve ser observado o intervalo mínimo de seis meses entre o
segundo e o primeiro contrato, sob cláusula de nulidade do termo final, salvo se a
expiração do primeiro depender da execução de serviços especializados ou da
realização de certos acontecimentos. (art. 452 da CLT)

- EXTINÇÃO ANTECIPADA
Havendo rescisão antecipada por uma das partes, essa deverá pagar à
outra uma indenização equivalente à metade da remuneração que seria devida
até o final do contrato. (art. 479 da CLT)
Art. 479 - Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem
justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a titulo de
indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do
contrato.

- ESTABILIDADE
Em face das características do contrato de trabalho por prazo determinado,
analisadas em conformidade com o instituto da estabilidade, entende-se que o
empregado contratado nessas condições pode ser despedido a qualquer momento,
por meio do exercício do direito potestativo do empregador, sem adquirir o direito à
estabilidade.
Contudo, o TST alterou a sua jurisprudência sumulada para admitir a
aquisição de estabilidade gestante e aquela decorrente de acidente de trabalho nas
5

hipóteses de trabalhadores contratados por prazo determinado, inclusive de


experiência, conforme se observa do teor do item III das Súmulas 244 e 378.

Súmula nº 244 do TST


GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item III alterada na
sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT
divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito
ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der
durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos
salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade.
III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no
art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo
determinado.

Súmula nº 378 do TST


ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº
8.213/1991. (inserido item III) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e
27.09.2012
I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à
estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-
doença ao empregado acidentado. (ex-OJ nº 105 da SBDI-1 - inserida em
01.10.1997)
II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a
15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se
constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de
causalidade com a execução do contrato de emprego. (primeira parte - ex-OJ nº
230 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)
III - O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado
goza da garantia provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho
prevista no n no art. 118 da Lei nº 8.213/91.

- EFEITOS
Ultrapassado o prazo mencionado de dois anos, ainda que por um dia;
mais de uma prorrogação do prazo estipulado inicialmente; ou recontratação antes de
seis meses, o contrato de emprego passa a ser considerado por prazo
indeterminado.

Você também pode gostar