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Nome De Estudantes:
Cecília Carlos Maléqua
Ema da Luz Aníbal
Euricks Mutolo
MAIO, 2021
INTRODUÇÃO
O presente trabalho enquadra-se na disciplina de Direito Constitucional, e dentro
daquilo que é o minimamente expectável e sem prescindir das demais matérias
temáticas deste campo do saber, vamos abordar acerca das Eleições e Sistemas
Eleitorais no Direito de Moçambique. Pois, é de suma importância estudar eleições dado
que, esta área de saber, a “grosso modo” interessa-se em compreender as actividades
que visam conquistar, exercer e manter o poder, portanto, nos estados democráticos
como Moçambique, as eleições constituem o veículo para o alcance do poder político.
As eleições representam o cerne do processo de participação política democrática, e
suas características ilustram a profundidade e o alcance do processo de consolidação
democrática. Em Moçambique, os processos eleitorais têm sido marcados por conflitos,
acusações e alto nível de desconfiança entre os partidos políticos, o que sinaliza para a
fragilidade das instituições democráticas no país.
Vamos começar por definir todos os conceitos afins ligados ao tema no seu todo e fazer
cabalmente o enquadramento devido ao assunto nevrálgico do tema em epígrafe.
Para elaboração do presente trabalho houve a revisão da literatura e legislativa.
REVISÃO DA LITERATURA
1. ELEIÇÕES
1.1.Noção
A eleição consiste na escolha dos governantes, feita através da expressão dos votos dos
cidadãos. Cada uma dessas pessoas chama-se eleitor e esta classificação depende da
posse de certos requisitos legais da capacidade eleitoral. O conjunto dos eleitores
costuma designar-se por colégio eleitoral.
A eleição pode ser definida como “um dispositivo para preencher um cargo ou posto
através de escolhas feitas por um corpo designado de pessoas: o eleitorado”
(HEYWOOD 2002, 422). “No fundo, as eleições são o mecanismo através do qual o
povo soberano legitima o exercício do poder legislativo, e directa ou indirectamente –
do poder executivo para um tempo determinado” (Universidade Católica de Angola,
Faculdade de Direito 2002). Portanto, pode se perceber nestas duas definições que as
eleições constituem mecanismos de delegação do poder, delegação essa, que é o acto
pelo qual “uma pessoa dá poder, como se diz, a outra pessoa, a transferência de poder
pela qual um mandante autoriza um mandatário a assinar em seu lugar, a agir em seu
lugar, a falar em seu lugar, pela qual lhe dá uma procuração […]” (Bourdieu 1987, 185).
Segundo BEETHAM and BOYLE, 1995- Eleições constituem sim a base do conceito e
prática das democracias liberais modernas. De facto, eleições carregam um duplo
significado: (a) basicamente, servem como um instrumento para legitimar o regime
político e (b) oferecem o principal fórum tanto para a competição política como para a
participação política popular. Em ambos sentidos, eleições concorrem para assegurar
controle popular sobre o governo – o que é visto como a principal característica
principal do sistema democrático representativo de governo.
1.2.2 NOÇÃO
O sistema eleitoral moçambicano, tem como sustentáculo o Acordo Geral de Paz incluía
ainda uma disposição segundo a qual deveria existir uma barreira entre 5% e 20% dos
votos expressos à escala nacional para que uma força política pudesse obter
representação na Assembleia da República. A cláusula de barreira fora exigência da
RENAMO, a qual procurava garantir sua posição como força política em Moçambique.
Ao final, estabeleceu-se a barreira em 5%, situação vigente até as recentes alterações da
legislação eleitoral, que a aboliram completamente. De acordo com a legislação eleitoral
vigente, o Presidente da República é eleito por sufrágio universal e directo num círculo
eleitoral único ao nível nacional, em eleição de cunho maioritário. Aos candidatos à
Presidência da República não é requerida a filiação a partido político (Lei no. 7/2007,
artigo 132).
Segundo BRITO et al. (2010, 23), “as comissões mistas previstas naquele texto foram
formadas tardiamente, trabalharam com dificuldades, e as eleições previstas para o ano
seguinte (1993) só viriam a acontecer um ano depois, em Outubro de 1994”.
a) facto dos círculos eleitorais (as províncias e Maputo cidade) serem extremamente
vastos;
b) facto de que, num sistema de lista fechada, os deputados dependem muito mais do
seu partido do que dos eleitores. No caso, em partidos de frágil tradição democrática e
baixa penetração social, pode ocorrer uma alienação da classe política em relação aos
cidadãos, contribuindo para a desilusão democrática por parte dos últimos. Ademais,
partidos políticos fortes e distantes dos seus eleitores podem ‘oligaquirzar-se’, ou seja,
cria-se uma estrutura partidária rígida e estratificada em que poucos líderes controlam o
poder político, no caso o poder de nomear os participantes da lista.
Nas três primeiras eleições gerais (1992; 1999 e 2004) prevaleceu a barreira dos 5%
para a eleição de deputados na Assembleia da República que para Nuvunga (2007:59),
“a utilização deste tipo de barreira tem como objectivo evitar a entrada no parlamento
de partidos com pequena representatividade e facilitar a formação de maiorias
parlamentares”. Uma das grandes críticas âncora no método de d’Hond que é usado para
a conversão de votos em assentos e que por si só é excludente. Brito (2005) Apus
(Nuvunga 2007, 60) mostrou que usando o método do “Quociente Tradicional e
Maiores Restos” haveria mais dispersão do poder na Assembleia da República o que
significa que alguns assentos passariam para alguns partidos “pequenos”.
1.7 DILEMA
A lei eleitoral moçambicana não assenta numa base estratégica, ficando vulnerável à
alterações circunstanciais na base de interesses dos dois “grandes partidos” e nas
constatações de cada eleição. Outro aspecto não menos importante relaciona-se com a
composição da Comissão Nacional de Eleições que tende cada vez mais a partidarizar-
se comprometendo a profissionalização da mesma. Uma outro dilema relaciona-se com
os círculos eleitorais que são muito grandes as vezes com uma densidade populacional
muito baixa. Exemplo de Niassa.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Doutrinas:
BRITO, Luís de, et al. 2010. “O sistema eleitoral: uma dimensão crítica da
representação política em Moçambique.” In Desafios para Moçambique 2010, 17–29.
Maputo: IESE.
Protocolo III, Ponto V, artigo 5, alínea f); Tomas Vieira Mário, Negociações de Paz de
Moçambique. Crónica dos Dias de Roma, 2004, p.129.