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UNIVERSIDADE Católica DE MOÇAMBIQUE

EXTENSÃO DE MAPUTO
CURSO DE LICENCIATURA EM CIENCIA POLÍTICA E
RELAÇÕES

Tema: ELEIÇÕES E OS SISTEMAS ELEITORAIS

Por: Msc. Gonçalves Zacarias Cumbana – Docente da Cadeira de Economia


Política na Universidade Católica de Moçambique.

Maputo, Junho de 2022


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Notas introdutórias

A – A democracia implica e impõe que os governados (povo) possam manifestar a


sua vontade relativamente a forma como o poder politico deve ser exercido pelos
governantes.
A forma contemporaneamente mais eficaz de o fazer é através do sufrágio, na
modalidade de eleição. Como ensina o Prof. Jorge Miranda, “na democracia
representativa, o modo por excelência de o povo formar e manifestar a sua
vontade é por meio de eleição”.

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Notas introdutórias

Portanto, a eleição é, como o referendo, uma forma de sufrágio. A utilização de


um ou outro modo depende do resultado que se pretende alcançar:
 Na eleição a escolha dos titulares dos órgãos;
 No referendo a deliberação ou consulta sobre questões concretas.

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A Eleição

Características comuns de uma eleição:


a) Pluralidade de intervenientes, por direito próprio ou a representar outrem, no
seu interesse ou no interesse do representado;
b) “identidade de posições jurídicas dessas pessoas”;
c) Diversidade de funções das pessoas intervenientes na (eleição), os eleitores, e
da pessoa eleita, o titular do cargo ou órgão;
d) Manifestação da vontade individualizada de cada uma dessas pessoas;
e) Apuramento de um resultado final ou vontade comum, decorrente da
pluralidade de expressões de vontade;
f) Revelação externa de pluralidade de manifestação individuais e, eventualmente,
relevância da sua distribuição.
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Eleição no sentido material

Para uma eleição se preenche ou se exige os seguintes requisitos:


 Pluralidade de intervenientes e pluralidade de votos;
 Pluralidade de candidatos (ou pessoas consideradas idóneas) a eleição;
 Pluralidade ou o pluralismo de tendências eleitorais (ou concorrentes de
eleitores).

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A eleição em sentido formal

Se contemplam apenas os requisitos da pluralidade de intervenientes e da


pluralidade de votos.
Entretanto, a eleição política caracteriza-se por:
 Um direito politico que é de exercido em conjunto por todos os seus titulares; o
que significa que “cada cidadão vota por si, segundo a sua situação e as suas
aspirações, mas o seu voto somente tem valor somando a dos restantes
eleitores e enquanto exibe uma posição do conjunto dos eleitores ou de parte
considerável destes.
 Um modo de intervenção dos cidadãos na vida pública de tipo periódico.

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A eleição em sentido formal

Deve ser sublinhado que a democracia pode existir mesmo nas situações em que
não são eleitos os titulares de todos os órgãos do poder político: é o que sucede
nas monarquias, em que a designação do Chefe do Estado é resultado da
hereditariedade.
A eleição, em resultado da votação, vai permitir apurar uma vontade com base no
princípio da maioria. É que o princípio electivo assenta no princípio maioritário e
este por seu turno, no princípio de igualdade.
Com as mesmas qualidades substanciais e portadores de interesses comuns (ou
de um mínimo de interesses comuns) a prosseguir, os eleitores poem as suas
vontades em concorrência, prevalecendo como objecto da vontade de todos o
que for objecto de vontade da maioria

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A eleição em sentido formal

Neste termos, segundo o Prof. Jorge Miranda, a regra da maioria deve assentar
num fundamento axiológico (valor/ética, estética), “ conjugação da igualdade e
da liberdade”… não por uma presunção puramente negativa, de que ninguém
conta mais do que os outros” mas por reconhecimento da dignidade cívica de
todos os homens” e como “um corolário ou uma exigência de uma igualdade livre
ou de uma liberdade igual para todos.”
Na verdade, o Prof. Jorge Miranda ensina que “a maioria não é critério de
verdade.
Portanto, não há, nem deixa de haver verdade nesta ou naquela opção politica; há
só referência ao bem comum. Pelo contrário, quando se suscitem problemas de
verdade, sejam quais forem- religiosos, morais, filosóficos e até científicos ou
técnicos – não cabe decisão por maioria.

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Sistema Eleitoral

O sistema eleitoral é normalmente identificado pela forma como os votos são


convertidos em mandatos, isto é, pelo modo de escrutínio (averiguação).
O Prof. Jorge Miranda aponta dois sentidos no conceito de sistema eleitoral:
 O Sentido amplo, em que é o conjunto de regras, de procedimentos e de
práticas, com a sua coerência e sua lógica interna, a que está sujeita a eleição
em qualquer país, e que condiciona o exercício do direito do sufrágio.
 O sentido restrito, em que é a forma de expressão da vontade eleitoral, o modo
como a vontade dos eleitores de escolher este ou aquele candidato, esta ou
aquela lista, se traduz num resultado global final, o modo como a vontade
(psicológica) de cada eleitor ou conjunto de eleitores é interpretada ou
transformada na vontade eleitoral (vontade jurídica que se traduz, na
distribuição dos mandatos ou lugares no Parlamento).
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Sistema Eleitoral

A eleição em particular, e o sufrágio em geral, implicam, assim, que sejam


definidos previamente:
 As pessoas que compõem o colégio eleitoral, i.e, quais é são as pessoas que
podem votar em geral ou votar no âmbito de uma determinada eleição
(capacidade eleitoral);
 As entidades ou órgãos do Estado que acompanham o processo eleitoral e que
terão competência para a matéria do contencioso eleitoral, isto é, para a
resolução dos conflitos que surjam durante o processo eleitoral e relativamente
aos seus resultados.

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TIPOS DE SUFRÁGIO

A determinação do colégio eleitoral é fundamental para se saber quem é que


pode exercer o sufrágio. O direito do voto pode ser, com efeito, atribuído a grupos
restritos ou a totalidade da população.
Nos primórdios da democracia o direito de sufrágio/voto era apenas concedido
aquelas pessoas que eram julgadas capazes de proceder as escolhas de natureza
politica (os mais ilustrados).
Todavia, actualmente a regra é a do sufrágio universal, isto é, a da atribuição do
direito de voto a todas as pessoas, a partir de uma certa idade,
independentemente do sexo, raça, grau de instrução, condição social, estado
civil, etnia, religião, etc.

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Tipos de sufrágio

Na verdade a extensão do sufrágio adquire um enorme significado politico e social


pela correspondência que se verifica entre a composição do colégio eleitoral e os
interesses prosseguidos através dos corpos electivos. Com efeito, se um pequeno
número de eleitores realiza os interesses de um pequeno número de cidadãos,
torna-se lícito presumir que um grande número de eleitores virá defender
interesses comuns à maior parte da colectividade.

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Tipos de sufrágio

O sufrágio universal pode ser tido, assim, como um dos traços distintivos das
democracias representativas contemporâneas. É, no entanto, necessário sublinhar
que só existe uma democracia em sentido material, e não em termos estritamente
formais, se a eleição permitir aos eleitores procederem a escolhas efectivas
entre alternativas que traduzam a pluralidade de interesses da comunidade em
questão. Não se podem, nestes termos, considerar-se relevante as situações em
que as eleição se traduz fundamentalmente na tentativa de legitimação do poder
de um líder ou de um partido único.

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Tipos de sufrágio

O sufrágio pode ser:


 Directo e indirecto: consoante os eleitores escolhem imediatamente os seus
representantes ou vão escolher pessoas que procedem a essa escolha por eles;
 Restrito (censitário e capacitário) e universal: consoante o direito de voto seja
reconhecido a um grupo limitado de cidadãos ou a generalidade de cidadãos a
partir de um certo limite de idade;
 O sufrágio restrito é censitário se a atribuição do direito de voto depender dos
meios de fortuna e capacitário se a atribuição do direito de voto implica um
determinado grau de instrução, como por exemplo saber ler;
 Inorgânico e orgânico – também designado, respectivamente, por sufrágio de
base territorial e sufrágio de base corporativa – que tem lugar:

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Tipos de sufrágio

 No primeiro caso, “quando o direito de voto é exercido pelo cidadão, pelo


simples facto de reunir os requisitos legais de sufrágio, os votos são recolhidos
por circunscrições territoriais cuja a delimitação é mais ou menos arbitrária;
 No segundo caso, quando o cidadão dá a sua contribuição efectiva para a
colectividade, como chefe de uma família domiciliada, por exemplo, numa
localidade, profissional associado num sindicato ou num grémio (associação),
ou elemento activo de uma associação ou instituição privada de utilidade
pública.

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Tipos de sufrágio

Ainda podemos ter sufrágio: plural, múltiplo e simples – que são formas de
sufrágio que tem como critério distintivo o número de votos que são atribuídos a
cada eleitor para uma mesma eleição:
 O sufrágio plural – consiste no direito dado a certos eleitores de votarem uma
vez só mas com mais de um voto e tem sido defendido sobretudo sob a forma
de voto familiar;
 O sufrágio múltiplo, consiste no direito dada ao mesmo eleitor de votar,
embora com um só voto de cada vez, em diversas qualidades, na mesma
eleição (eleição do PR, AR, AP e GP, por exemplo);
 O sufrágio simples, consiste na atribuição de um único voto a cada eleitor.

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Tipos de sufrágio

 O sufrágio pode ser ainda, público e secreto: consoante a votação se faça em


termos de o sentido do voto de um eleitor poder ser ou não do conhecimento
dos restantes;
 Facultativo e obrigatório: consoante o exercício do direito de voto seja, ou não,
deixado à vontade dos eleitores e possa haver, no segundo caso, a aplicação de
sanções aos não votantes.

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Tipos de sufrágio

 Individual e por listas: consoante o sufrágio tenha, no primeiro caso, “objecto


por escolher indivíduos e assim recair nos seus nomes” e o segundo caso
“destinar-se a designar o partido, a orientação ou tendência organizada a que
se refere, e então o voto incide sobre uma lista preparada pelas organizações
politicas, contando-se o número de votos recolhidos por lista pela lista e sendo
secundário o número de votos obtidos por cada nome dela”.
 Uninominal e plurinominal: consoante o eleitor só possa votar em cada divisão
eleitoral, em um, ou em mais do que um candidato.

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Referências bibliográficas

Bastos, F.L. (1999). Ciência Politica – Guia de Estudos. pp.173-180.

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O Futuro Começa Aqui!

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