Profª.
Adriane Fauth DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITOS POLÍTICOS
NOÇÕES GERAIS
Os direitos políticos são direitos públicos subjetivos
que asseguram aos chamados CIDADÃOS o
exercício da Soberania Popular, atribuindo a esses
poderes para participarem das decisões políticas do
Estado, através, por exemplo, do chamado direito
de sufrágio, que é o direito de votar e o direito de
ser votado.
A Soberania popular contudo, não se resume ao
direito de sufrágio, havendo outros instrumentos
para o seu exercício, como por exemplo a iniciativa
popular, a ação popular etc.
O exercício dos direitos políticos decorre do Regime
Político adotado no nosso país que é o regime
político democrático.
REGIME POLÍTICO - DEMOCRACIA
O Regime político é a forma como um Estado se
organiza para exercer o seu poder sobre a
sociedade, assim podemos dividir os regimes
políticos em dois grandes grupos:
a) os democráticos: que permitem a
participação do povo nas decisões políticas
do Estado.
b) os não democráticos: regimes
autoritários ou totalitários.
Quanto ao regime político o caput do art. 1o da CF
afirma que o Estado brasileiro é um Estado
Democrático de Direito, consagrando assim a
adoção de um regime político democrático.
Art. 1º A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
Um regime político democrático é aquele que
permite a participação do povo nas decisões
políticas do Estado, dependendo da forma como
essa participação é realizada nós temos as
modalidades de democracia, que podem ser:
❖ direta,
❖ indireta ou representativa e
❖ semidireta ou participativa.
A democracia direta é aquela que permite a
participação do povo diretamente na tomada de
decisões políticas, sem intermediários, exercendo a
chamada soberania popular. A CF consagra algumas
formas de participação direta do povo no art. 14, I
da CF através do: referendo, do plebiscito e da
iniciativa popular; podemos acrescentar a esse rol
de instrumentos de democracia direta a chamada
Ação popular.
A democracia indireta ou representativa é aquela
em que a vontade popular é exercida através de
representantes legitimamente eleitos, através de
um processo eleitoral democrático, pelo voto,
modelo esse também encontrado na nossa CF.
Dessa forma, podemos observar que a nossa CF
estabelece tanto elementos da democracia direta
quanto elementos da democracia indireta, de modo
que quando isso ocorre temos a chamada
democracia semidireta. Assim, o modelo de
democracia adotada no Brasil é a democracia
SEMIDIRETA ou PARTICIPATIVA, que conjuga
elementos da democracia direta e da democracia
indireta.
A escolha desse modelo pode ser visualizada no
parágrafo único do art. 1o da CF
Parágrafo único. Todo o poder emana do
povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos
termos desta Constituição.
Soberania Popular
A Soberania popular, nos termos do art. 14 da CF,
deve ser exercida pelo Sufrágio Universal, pelo voto
e pelos instrumentos de democracia direta, a saber:
plebiscito, referendo e iniciativa popular.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
Assim, podemos dizer que a Soberania Popular será
exercida pelo sufrágio universal e pelo voto, direto
e secreto, não podemos, entretanto, confundir
Sufrágio, com voto e com escrutínio, vejamos:
➢ DIREITOS DE SUFRÁGIO: É direito público,
subjetivo fundamental que assegura o direito de
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votar e ser votado. Desse modo o direito de sufrágio
pode ser visto por duas perspectivas:
(i) capacidade eleitoral ativa: que é o
direito de votar, de alistar-se perante a
justiça eleitoral de ter o título de eleitor;
(ii)capacidade eleitoral passiva: que é o
direito de se candidatar a um cargo
eletivo. O direito de sufrágio é o que
caracteriza os chamados direitos
políticos.
De acordo com a doutrina, o SUFRÁGIO pode ser de
dois tipos, universal ou restrito:
a) Universal: quando o direito de votar é concedido
a todos os nacionais, independentemente de
condições econômicas, culturais, sociais ou outras
condições especiais, preenchidos mínimos
requisitos constitucionais. Os critérios para se
determinar a capacidade de votar e de ser votado
são não-discriminatórios nessa modalidade.
b) Restrito (qualificativo): quando o direito de
votar depende do preenchimento de algumas
condições especiais, sendo atribuído a apenas uma
parcela dos nacionais. O sufrágio restrito pode ser
censitário, quando depender do preenchimento de
condições econômicas (renda, bens, etc.) ou
capacitário, quando exigir que o indivíduo
apresente alguma característica especial, de
natureza intelectual (ser alfabetizado, por
exemplo).
A Constituição Federal de 1988 consagra o
SUFRÁGIO UNIVERSAL, assegurando o direito de
votar e de ser votado a todos os nacionais que
cumpram alguns requisitos.
UNIVERSAL
SUFRÁGIO Censitário
RESTRITO
Capacitário
➢ VOTO: O voto é o instrumento para o
exercício do sufrágio. É um direito e um dever
fundamental (para maiores de 18 e menores de 70
anos)
O voto tem algumas características:
1
É cláusula pétrea: art. 60 § 4º Não será objeto de deliberação a
proposta de emenda tendente a abolir: II - o voto direto, secreto,
universal e periódico;
• DIRETO = dado aquele que se pretende
eleger.
• SECRETO = Sigiloso, não se pode violar a
cabine de votação.
• UNIVERSAL = é um direito que abrange
todas as pessoas. Vale ressaltar que esse
universalismo, na prática, não é absoluto, visto
que existem condições para poder participar do
processo eleitoral, como as idades mínimas para
votar e se candidatar, entre outras.
• PERIÓDICO = ocorre em um intervalo de
tempo definido com a finalidade de assegurar a
rotatividade no poder.
• IGUAL VALOR PARA TODOS = one man one
vote.
• LIVRE = liberdade de escolha do eleitor,
escolha do candidato.
• PERSONALISSIMO = só exercido pela
pessoa, não pode votar por procuração ou
correspondência.
• OBRIGATÓRIO = para alguns brasileiros,
mas não para todos.
STF (ADI 4643): inconstitucional a impressão do voto.
STF (ADI 4.467): não precisa do título eleitoral para
votar – basta apresentar documento com foto
IMPORTANTE!!! O voto OBRIGATÓRIO não é
cláusula pétrea1, dessa forma é possível alterar o voto no
Brasil de obrigatório para facultativo.
VOTO (materialização do Sufrágio)
DIRETO SECRETO UNIVERSAL PERIÓDICO
IGUAL VALOR
PARA TODOS
OBRIGATÓRIO -
não é CP!
➢ ESCRUTÍNIO: é a maneira, o modo
como se realiza o voto, se público ou secreto.
secreto
Escrutínio
público
(aberto)
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Além do sufrágio e do voto a soberania popular
também é exercida através do Referendo, do
Plebiscito e da Iniciativa Popular, que são
instrumentos ou institutos da democracia direta,
importante destacarmos as suas principais
características e diferenças:
Plebiscito e Referendo
Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao
povo para que delibere sobre matéria de acentuada
relevância, de natureza constitucional, legislativa
ou administrativa.
A diferença entre eles é que o plebiscito é
convocado com anterioridade a ato legislativo ou
administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar
ou rejeitar o que lhe tenha sido submetido.
Enquanto o referendo é convocado com
posterioridade a ato legislativo ou administrativo,
cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou
rejeição.
Para não confundir: PLEBISCITO = “PRÉBISCITO”
(ANTES)
Como a decisão decorre do exercício de soberania
popular a decisão tomada pelo povo vincula os
governantes.
Ademais, tem-se que uma decisão tomada pelo povo
em plebiscito ou referendo não pode ser alterada
por lei, nem mesmo por emenda constitucional, de
modo que podemos afirmar que a democracia
direta prevalece sobre a democracia indireta.
Referência Histórica: O primeiro plebiscito no
Brasil foi realizado em 1993, nos termos do art. 2o
do ADCT2, para definição da nossa forma e sistema
de governo. Quanto ao primeiro referendo a
doutrina diverge, uns defendem que foi em 1963
para retorno do sistema presidencialista outros
defendem que foi o referendo do desarmamento, de
23 de outubro de 2005.
Iniciativa Popular
2
Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá,
através de plebiscito, a forma (república ou monarquia
constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou
presidencialismo) que devem vigorar no País.
A iniciativa popular é a possibilidade de o povo
deflagrar, iniciar um projeto de lei, tanto de lei
ordinária quanto de lei complementar.
Esse projeto de lei deve ser apresentado perante à
Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo,
um por cento do eleitorado nacional, distribuído
pelo menos por cinco Estados, com não menos de
três décimos por cento dos eleitores de cada um
deles. Como se extrai do art. 61 § 2º da CF, veja:
Art. 61. § 2º A iniciativa popular pode ser
exercida pela apresentação à Câmara dos
Deputados de projeto de lei subscrito por, no
mínimo, um por cento do eleitorado nacional,
distribuído pelo menos por cinco Estados, com
não menos de três décimos por cento dos
eleitores de cada um deles.
Ação Popular
Art. 5º LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
e do ônus da sucumbência;
RECALL POLÍTICO
Revogação de mandato por força popular direta – sem
ocorrência de crime de responsabilidade. Mecanismo
político de afastamento de um agente público.
Direito de organização e participação em
partidos,
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o
regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos
fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes
preceitos:
DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS
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Como visto o direito de sufrágio, também chamado § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
de direito político positivo, se divide no exercício do I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
direito de votar – capacidade eleitoral ativa e no II - facultativos para:
direito de se eleger – capacidade eleitoral passiva. a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
(ALISTABILIDADE) – DIREITO DE § 2º Não podem alistar-se como eleitores os
estrangeiros e, durante o período do serviço militar
VOTAR. obrigatório, os conscritos.
A capacidade eleitoral ativa permite a participação
do cidadão no exercício da democracia, através do
exercício do voto. CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA
Essa capacidade é adquirida com o alistamento na
Justiça Eleitoral, não sendo, portanto, um ato de (ELEGIBILIDADE) – DIREITO DE SER
ofício. A qualidade de eleitor é demonstrada através VOTADO.
do título de eleitor que dá ao nacional a condição de Caracteriza-se pela possibilidade de participar das
cidadão. decisões políticas do Estado, concorrendo a
De acordo com o art. 14 § 1o da CF o alistamento e mandato eletivo.
o voto são obrigatórios para alguns, facultativos São requisitos de elegibilidade:
para outros e pode ainda ser proibido para ✓ *nacionalidade brasileira: nato,
determinadas pessoas. Vejamos: naturalizado, ou condição de português
✓ O alistamento e o voto são equiparado, em alguns casos a CF exige que o cargo
obrigatórios: para maiores de 18 anos e seja privativo de brasileiros natos, como o cargo de
menores de 70 anos, que não sejam Presidente e Vice- Presidente da República. (art. 12
analfabetos. § 3o)
✓ O alistamento e o voto são ✓ *Pleno exercício dos Direitos Políticos: não
facultativos: Analfabetos, maiores de setenta pode incidir nas causas de perda ou suspensão dos
anos e jovens entre dezesseis e dezoito anos. direitos políticos (art. 15 CF).
Destaca-se que o adolescente que ainda tiver 15 ✓ *Alistamento eleitoral: tem que ter
anos poderá, no ano eleitoral, realizar o alistamento capacidade eleitoral ativa para poder ser eleito, ter
desde que complete 16 anos até a data da eleição, título de eleitor.
inclusive. ✓ *Domicílio eleitoral – na circunscrição onde
Analfabeto: aquele que não sabe ler nem escrever pretende se eleger – vínculo com a população, pelo
→ não é o funcional prazo mínimo de 6 meses antes das eleições.
70 anos – automática facultatividade. Domicílio eleitoral diferente de domicílio civil.
✓ *Filiação partidária: deve estar filiado a um
✓ O alistamento e o voto são proibidos: partido político, pelo prazo mínimo de 6 meses3
estrangeiros e os conscritos. antes das eleições, pois o nosso sistema eleitoral
1. Estrangeiros – não possuem Nacionalidade não admite candidaturas avulsas ou autônomas,
brasileira – pressuposto da cidadania; sem partido político.
Destaque-se que os portugueses equiparados ✓ *Idade mínima: idade constitucional exigida
(quase nacional), por receberem tratamento para exercício de determinados cargos, a ser
equivalente ao de brasileiro, poderão se alistar comprovada em regra na data da posse, salvo para
como eleitores. o caso do vereador, que deve ser comprovada na
2. Conscritos – convocados para o serviço data-limite do pedido de registro de candidatura4.
militar obrigatório.

3 4 Lei das Eleições 9.504/97 – Art. 11 §2o A idade mínima constitucionalmente

Lei das Eleições 9.504/97 - Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato
deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de seis
estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a
meses e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo.
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35 -
➢ Quanto ao fundamento as inelegibilidades
Presidente/Vice/Senador podem classificadas como:
✓ sanção ou cominada: são aquelas que
30 - Governador/Vice decorrem de uma punição, ou seja, da prática
de um ato ilício e vai depender de uma
21 - Deputados, Prefeito, juiz de paz
determinação judicial que constituirá a
inelegibilidade, nesse caso a decisão judicial
terá efeitos constitutivos. Ex: condenados
18 - Vereador
por abuso do poder econômico.
✓ originária ou inata: o indivíduo pela sua
situação encontra-se impedido de concorrer
a cargos eletivos, não em virtude de uma
DIREITOS POLITICOS NEGATIVOS ilicitude, mas em decorrência de uma
São normas que impedem a participação do cidadão situação fática. Por ex: é analfabeto, ou em
no processo político, implicam na negativa dos decorrência do parentesco. Nesse caso, se
direitos políticos positivos, são eles: houver decisão judicial reconhecendo a
1. As Inelegibilidades. inelegibilidade, essa decisão será
2. As causas de perda ou suspensão dos meramente declaratória e não constitutiva.
direitos políticos – art. 15
A CF estabelece dois tipos de inelegibilidades: (i)
absolutas; (ii) relativas.
INELEGIBILIDADES
As inelegibilidades são circunstâncias, fatores que INELEGIBILIDADES ABSOLUTAS
impedem o indivíduo de exercer a capacidade As inelegibilidades absolutas impedem que o
eleitoral passiva, ou seja, de se eleger, total ou cidadão concorra para qualquer cargo eletivo, por
parcialmente e são classificadas dentro dos direitos condições pessoais.
políticos negativos. Por se tratar de medidas excepcionais as
As inelegibilidades podem ser classificadas quanto inelegibilidades absolutas são previstas apenas na
a natureza, modo de incidir e quanto ao CF em rol taxativo.
fundamento, vejamos: São inelegíveis absolutamente: os inalistáveis e os
➢ Quanto a sua natureza5 as inelegibilidades analfabetos, nos termos do art. 14 § 4º da CF:
podem ser classificadas como:
✓ Constitucionais: previstas na CF; § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os
analfabetos.
✓ Infraconstitucionais: previstas na LC 64/90,
alterada pela Lei Complementar nº
135/2010 (Lei do Ficha Limpa). Os inalistáveis são os estrangeiros e os conscritos,
conforme já analisado.
➢ Quanto ao modo de incidir as Analfabeto é aquele que não sabe ler nem escrever,
inelegibilidades podem classificadas como: exigindo-se assim o mínimo de conhecimento da
✓ Diretas: quando a causa da inelegibilidade língua portuguesa para que o cidadão possa
decorre do próprio individuo. concorrer a um cargo eletivo.
✓ Indireta ou Reflexa: quando a inelegibilidade Ressalta-se que o analfabeto possui capacidade
é decorrente de um ato de terceiros, como o eleitoral ativa de forma facultativa, mas não tem
cônjuge ou um parente. capacidade eleitoral passiva, é dizer: pode votar,
mas não pode ser eleito.

data da posse, salvo quando fixada em dezoito anos, hipótese em que será aferida ser alegadas nas diversas fases do processo eleitoral, enquanto as
na data-limite para o pedido de registro. inelegibilidades infraconstitucionais se não forem arguidas em momento
5 A importância da distinção das inelegibilidades constitucionais das oportuno, ficarão preclusas.
infraconstitucionais é a de que quanto as primeiras não há preclusão, podendo
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Não devemos confundir o analfabeto, que não sabe
ler nem escrever, com o analfabeto funcional, que é
aquele que, apesar de saber ler e escrever, não
compreende textos simples e/ou realizar operações
básicas de matemática. Dessa forma, o analfabeto
funcional pode se candidatar a cargos eletivos.
Mesmo que o candidato tenha sido eleito e
diplomado será possível verificar sua situação de
analfabetismo.
INELEGIBILIDADES RELATIVAS
As inelegibilidades relativas são circunstâncias que
impedem que o cidadão concorra a alguns cargos
em virtude de condições especiais do próprio
candidato ou de seu cônjuge ou parente.
As hipóteses de inelegibilidades relativas são
EXEMPLIFICATIVAS e não taxativas, isso porque a
própria constituição autoriza que outras hipóteses
de inelegibilidades sejam criadas através de Lei
Complementar. Veja o art. 14§ 9º da CF:
Art. 14 § 9º Lei complementar estabelecerá
outros casos de inelegibilidade e os prazos
de sua cessação, a fim de proteger a
probidade administrativa, a moralidade
para exercício de mandato considerada vida
pregressa do candidato, e a normalidade e
legitimidade das eleições contra a influência
do poder econômico ou o abuso do exercício
de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta.
Podemos destacar quatro hipóteses de
inelegibilidades relativas previstas na CF:
a) inelegibilidade por motivos funcionais: limite de
reeleição;
b) inelegibilidade por motivos funcionais:
desincompatibilização;
c) inelegibilidade reflexa ou em virtude do
parentesco;
d) inelegibilidade do militar.
INELEGIBILIDADE POR MOTIVOS
FUNCIONAIS – LIMITE DE REELEIÇÃO
6
(STF - RE: 366488 SP, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de
Julgamento: 04/10/2005, Segunda Turma, Data de
Publicação: DJ 28-10-2005)
Dispõe a CF no art. 14 § 5º:
§ 5º O Presidente da República, os
Governadores de Estado e do Distrito
Federal, os Prefeitos e quem os houver
sucedido, ou substituído no curso dos
mandatos poderão ser reeleitos para um
único período subsequente.
Dessa forma, o Presidente da República,
Governadores de Estado e Prefeitos só podem se
reeleger por um único período subsequente, ou
seja, 4 anos mais 4 anos, estando inelegíveis para o
mandato seguinte.
Esse dispositivo estabelece um limite a reeleição
dos membros do Poder Executivo, vedando a
reeleição para um terceiro mandato de forma
sucessiva.
Observe que a vedação é para um terceiro mandato
SUCESSIVO, isso porque é possível que um
candidato cumpra três ou mais mandatos, desde
que não os realize de forma sucessiva.
Outra observação importante é a de que essa
limitação só se aplica aos membros do Poder
Executivo, pois não existe limitação à reeleição para
os membros do Poder Legislativo.
De acordo com a literalidade da CF essa limitação
abrange não apenas os titulares, mas também
aqueles que sucederam (definitivo) ou
substituíram (temporário) o titular do cargo, ou
seja, os vices.
Contudo, de acordo com a jurisprudência do STF6 a
“mera substituição” não deve ser computada para
fins de reeleição, incidindo a inelegibilidade relativa
somente quando houver o exercício efetivo da
titularidade do cargo, que se dá mediante eleição ou
sucessão.
Dessa forma, podemos estabelecer algumas
observações pertinentes em relação ao Vice:
a) Os vices poderão ser eleitos para o
mesmo cargo, ou seja, o de vice por um único
período subsequente;
b) Os vices reeleitos poderão se
candidatar ao cargo do titular nas eleições
subsequentes, mesmo que tenham
substituído os titulares.
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Vamos exemplificar: Imagine que Zezinho e
Luizinho sejam eleitos respectivamente aos cargos
de Prefeito e Vice, uma vez cumprido o primeiro
mandato, foram reeleitos, e finalizaram o segundo
mandato, pergunta-se:
a) Zezinho pode ser candidato a
reeleição como Prefeito? A resposta é
evidentemente não, pois ele já cumpriu dois
mandatos e está impedido de cumprir um
terceiro mandato consecutivo.
b) Zezinho pode ser candidato a vice-
prefeito na eleição imediatamente seguinte
ao término do seu segundo mandato como
Prefeito? A Resposta é também não, pois
caso o titular venha a falecer ou perca o seu
cargo, Zezinho assumiria e iria cumprir um
terceiro mandato, o que é proibido pela CF.
c) Luizinho pode ser candidato a vice-
prefeito nas eleições seguintes? A resposta é
não pois ele já foi vice por dois mandatos
consecutivos.
d) Luizinho pode ser candidato ao cargo
de Prefeito nas eleições seguintes? Aqui a
resposta é SIM, ainda que Luizinho tenha
substituído temporariamente o titular ele
poderá se candidatar ao cargo do titular, isso
porque o tempo em que Luizinho foi vice não
é computado como exercício de mandato
eletivo, dessa forma, ele poderia ser
candidato a Prefeito.
Quando a essa última indagação temos que ir além.
No exemplo citado Zezinho e Luizinho cumpriram
dois mandatos na condição de Prefeito e vice até o
final, dessa forma, Luizinho pode ser candidato ao
cargo do Prefeito cumprindo um primeiro mandato
e por consequência poderá na sequência ser
candidato a reeleição.
Entretanto, se Luizinho tiver sucedido Zezinho ou
substituído nos seis meses anteriores ao pleito,
poderá também candidatar-se ao cargo do titular,
contudo, não poderá ser candidato a reeleição, pois
o período de sucessão deve ser contado como um
primeiro mandato.
PREFEITO ITINERANTE – PROIBIÇÃO
DE TERCEIRA ELEIÇÃO EM CARGO DA MESMA
NATUREZA
De acordo com a jurisprudência os PREFEITOS que já
cumpriram o segundo mandato sucessivo não poderão
candidatar-se a outro cargo de prefeito, ainda que em
Município distinto, em respeito ao princípio
republicano, essa decisão veio afastar a figura do
Prefeito itinerante ou profissional
INELEGIBILIDADE POR MOTIVOS
FUNCIONAIS – REGRA DE
DESINCOMPATIBILIZAÇÃO
Os membros do Poder Executivo para concorrerem a
OUTROS cargos deverão renunciar aos seus
respectivos mandatos no prazo de 6 (seis) meses antes
das eleições, conforme art. 14 §6º da CF:
§ 6º. Para concorrerem a outros cargos, o
Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
devem renunciar aos respectivos mandatos
até seis meses antes do pleito.
Observe que não será necessária a renúncia para
concorrer ao mesmo cargo, ou seja, para concorrer
a reeleição.
Os vices não precisam se desincompatibilizar para
concorrer a outros cargos desde que não tenham
sucedido ou substituído o titular nos seis meses
anteriores ao pleito.
Inclusive, caso o vice assuma o mandato de seus
titulares, no prazo de desincompatibilização, ainda
que de forma temporária, haverá inelegibilidade
reflexa para os seus parentes.
INELEGIBILIDADE REFLEXA -
Parentesco
A inelegibilidade em decorrência do parentesco é
chamada de reflexa, porque a inelegibilidade é
gerada para terceiros e não para quem está no cargo
eletivo, ou seja, não é direta. É uma proibição para o
cônjuge ou parente até 2o grau de membros do
Poder Executivo. Vejamos o que diz o texto
constitucional no art. 14 § 7º:
§ 7º São inelegíveis, no território de
jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, até o segundo grau
ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de
mandato eletivo e candidato à reeleição.
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Dessa forma, o titular de um mandato eletivo ou Observe o esquema:

quem tenha substituído nos últimos seis meses
antes das eleições, pertencente ao Poder Executivo FORMAS DE GRAUS DE
– Presidente, Governador e Prefeito, gera, no seu PARENTESCO PARENTESCO
território de jurisdição, inelegibilidade para o
1º grau 2º grau
cônjuge ou parente até segundo grau, tanto para
cargos do poder executivo quanto para os cargos do Em Ascend PAIS AVÓS
Parente
poder legislativo. linha ente (inclusi
sco
Observe que os membros do Poder Legislativo não reta ve
consang
geram inelegibilidades ao seu cônjuge e parentes, madras
uíneos
mas tão somente os membros do Executivo. ta e
Cônjuge é o esposo, a esposa, decorrente do padrast
casamento civil, religioso, ou de União Estável, o)
inclusive as uniões homoafetivas. Descen FILHOS NETOS
O parentesco pode se dar de duas formas, por dente
consanguinidade – que decorre de aspectos Em ---- ----- IRMÃOS
biológicos – ou por afinidade – que se constitui em linha
decorrência do casamento ou da união estável, colat
tornando o cônjuge ou companheiro parente dos eral
parentes do outro, inclusive nas hipóteses de
Parente Em Ascend SOGRO AVÓS DO
adoção. linha entes S CÔNJUG
s Por
Esse parentesco pode-se dar em linha reta ou
Afinidad reta (inclusi E OU
colateral. ve COMPAN
e
➢ Por consanguinidade e em linha reta temos padrast HEIRO
os ascendentes e os descendentes, sem limites de o ou
graus: madras
1º grau: pai e filho ta do
2º grau: avô e neto cônjuge
3º grau: bisavô e bisneto ou
➢ Por consanguinidade e em linha colateral compan
temos aquelas pessoas que apesar de não serem heiro)
ascendentes e descentes decorrem de um ancestral Descen ENTEA NETOS
comum, encerrando o parentesco até o 4o grau: dentes DOS,
2º grau: irmãos GENRO
3º grau: tios e sobrinhos SE
4º grau: sobrinhos-netos, tios-avós e primos NORAS
(inclusi
➢ Por afinidade e em linha reta temos os ve do
ascendentes e os descendentes do cônjuge, sem cônjuge
limites: ou
1º grau: sogro, sogra, genro, nora, enteados compan
2º grau: avôs do cônjuge, netos do cônjuge heiro)
3º grau: bisavô e bisneto do cônjuge. Em - - CUNHAD
➢ Por afinidade e em linha colateral temos linha OS
aquelas pessoas que apesar de não serem colat (irmãos
ascendentes e descentes decorrem de um ancestral eral do
comum, a afinidade vai apenas até o segundo grau: cônjuge
2o grau: cunhados. ou
Veja que a inelegibilidade reflexa se estende até os compan
parentes de 2o grau, não alcançando, portanto, heiro)
parentes de 3o e 4o graus.
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Aliás, a inelegibilidade reflexa se aplica apenas para
aquelas candidaturas do cônjuge ou parentes até 2º
grau, no território de jurisdição do titular, ou seja, na
circunscrição que foi eleito, assim podemos concluir
que:
1) O cônjuge, parentes e afins, até o segundo
grau, ou por adoção de PRESIDENTE não poderão
se candidatar a nenhum cargo eletivo no País.
2) O cônjuge, parentes e afins, até o segundo
grau, ou por adoção de GOVERNADOR não poderão
se candidatar a nenhum cargo dentro daquele
Estado. Isso inclui os cargos de Vereador, Prefeito e
Vice-Prefeito (de qualquer dos Municípios daquele
estado), bem como os cargos de Deputado Federal,
Deputado Estadual, Senador, Governador e Vice-
governador por aquele estado.
3) O cônjuge, parentes e afins, até o segundo
grau, ou por adoção de PREFEITO não poderão se
candidatar a nenhum cargo dentro daquele
Município, ou seja, estarão inelegíveis par ao cargo
de Vereador, Prefeito e Vice-Prefeito.
EXCEÇÕES:
1A - REELEIÇÃO
Ao lermos o art. 14, §7o, percebemos, em sua parte
final, que há uma exceção a essa regra da
inelegibilidade reflexa, vejamos: “salvo se já titular
de mandato eletivo e candidato à reeleição”.
Essa disposição significa que a inelegibilidade
reflexa não se aplica caso o cônjuge, parente ou afim
já possua mandato eletivo e esteja candidato a
reeleição; nessa situação, será possível que estes se
candidatem à reeleição, mesmo se ocuparem cargos
dentro da circunscrição do Chefe do Executivo, se,
entretanto, a candidatura for para outro cargo que
não de reeleição haverá inelegibilidade.
2A – RENÚNCIA
O cônjuge, parentes e afins são elegíveis até mesmo
para o cargo do titular, quando este (o titular) tiver
direito à reeleição (primeiro mandato) e houver
renunciado seis meses antes do pleito.
Se for para outros cargos que não o do titular,
bastará a renúncia seis meses antes do pleito.
Imagine o seguinte exemplo: José é Prefeito e Maria,
sua esposa quer se candidatar:
7 RE 758.461
a) Se Maria quiser se candidatar ao
cargo de vereadora, basta que José renuncie
seis meses antes do pleito para que ela fique
elegível.
b) Se Maria quiser se candidatar ao
cargo do titular, ou seja, ao cargo de prefeita,
para que fique elegível o titular deverá estar
no primeiro mandato (tenha direito à
reeleição) e renunciar seis meses antes do
pleito.
Lembra-se o caso da ex-governadora do RJ, Rosinha
Garotinho, que foi eleita em 2002, logo após seu
esposo, Anthony Garotinho, que foi eleito em 1998,
para um primeiro mandato, ter renunciado seis
meses antes para concorrer ao cargo de presidente
em 2002.
Destaca-se que não haverá inelegibilidade reflexa
se, por exemplo, o esposo e a esposa forem
candidatos a cargos eletivos pela primeira vez, isso
porque, como nenhum dos dois detêm mandato
eletivo não haverá inelegibilidades.
Quanto a figura do cônjuge temos que destacar
ainda a Súmula vinculante 18 do STF:
A dissolução da sociedade ou do vínculo
conjugal, no curso do mandato, não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14
da Constituição Federal.
Em decorrência dessa súmula, a separação ou
divórcio na vigência do mandato não afasta a
inelegibilidade reflexa para o mandato
subsequente.
Contudo, a referida súmula não se aplica no caso de
extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos
cônjuges.7
Desse modo, a inelegibilidade não se aplica ao viúvo
(a) do Chefe do Executivo, uma vez que o
falecimento afasta a inelegibilidade.
Caso seja criado um novo estado ou município, por
desmembramento de outro já existente, os parentes
do chefe do executivo do ente mãe não poderão se
candidatar aos cargos eletivos do ente filho. Assim
como o chefe do executivo do ente mãe (no segundo
mandato) também não pode se candidatar a chefia
do executivo do ente filho.8
8Criação de novo Estado ou município por desmembramento - RE
158.314-2
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MILITARES
O Militar que pode se alistar, ou seja, que pode
votar, poderá ser eleito, conforme artigo 14 § 8º:
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será
agregado pela autoridade superior e, se eleito,
passará automaticamente, no ato da diplomação,
para a inatividade.
Ressalta-se que a CF, art. 142 §3o, V, veda ao Militar
a filiação partidária enquanto no serviço ativo.
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode
estar filiado a partidos políticos
Assim, para suprir o requisito constitucional de
filiação partidária a justiça eleitoral entende que
basta o registro de candidatura do militar
apresentado pelo partido político.
OUTRAS HIPÓTESES
A CF estabelece a possibilidade de se criar, através
de Lei Complementar, novas hipóteses de
inelegibilidades relativas.
Observe que as hipóteses de inelegibilidade só
podem ser estabelecidas por LEI COMPLEMENTAR,
enquanto as hipóteses de elegibilidade podem ser
previstas em lei ordinária.
Como dispõe o art. 14 §9o:
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos
de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
fim de proteger a probidade administrativa, a
moralidade para exercício de mandato
considerada vida pregressa do candidato, e a
normalidade e legitimidade das eleições contra a
influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta.
A Lei complementar mencionada no dispositivo é a
lei 64/90, chamada de lei das inelegibilidades que
foi significativamente alterada pela LC 135/2010,
que é a Lei da Ficha Limpa.
IMPUGNAÇÃO MANDATO ELETIVO
§ 10 – O mandato eletivo poderá ser
impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo
de quinze dias contados da diplomação,
instruída a ação com provas de abuso do
poder econômico, corrupção ou fraude.
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO
§ 11 – A ação de impugnação de mandato
tramitará em segredo de justiça,
respondendo o autor, na forma da lei, se
temerária ou de manifesta má-fé.
CONSULTAS POPULARES
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições
municipais as consultas populares sobre questões locais
aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à
Justiça Eleitoral até 90 (noventa) dias antes da data das
eleições, observados os limites operacionais relativos ao
número de quesitos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 111, de 2021)
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às
questões submetidas às consultas populares nos termos
do § 12 ocorrerão durante as campanhas eleitorais, sem
a utilização de propaganda gratuita no rádio e na
televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
111, de 2021)
Quem aprova a convocação de um plebiscito ou
referendo?
O Poder Legislativo.
• Se a questão for de relevância nacional, o
plebiscito ou o referendo serão convocados
pelo Congresso Nacional (art. 3º da Lei nº
9.709/98).
• Se for um assunto de interesse estadual, a
convocação será feita pela Assembleia
Legislativa (art. 6º da Lei nº 9.709/98).
• Por sua vez, em caso de questão local, o
plebiscito ou o referendo serão aprovados
pelas Câmaras Municipais.
Que organiza e executa o plebiscito o referendo?
A Justiça Eleitoral, que utilizará a mesma estrutura
administrativa e operacional destinada às eleições.
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CONSULTAS POPULARES
• Junto com as eleições municipais
• Questões locais
• Aprovadas pela câmara
• Justiça eleitoral – 90d
• Manifestações durante a campanha
• SEM utilização de propaganda
gratuita no rádio e tv
PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS
POLÍTICOS
A CF veda expressamente a Cassação dos Direitos
Políticos, contudo permite a sua privação, restrição
de duas formas: permanente (perda) ou temporária
(suspensão).
Essa restrição privam o cidadão do direito de votar
e de ser votado.
O Art. 15o da CF apresenta um ROL TAXATIVO
dessas possíveis restrições, no entanto, não diz
quais são as hipóteses de perda e quais são as
hipóteses de suspensão, por isso, nesse ponto a
doutrina é divergente. Veja as hipóteses:
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença
transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado,
enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art.
37, § 4º.
Perda da nacionalidade
No caso do naturalizado a perda só é possível através
de decisão judicial, de competência da Justiça Federal
(art. 109, X da CF), uma vez transitada em julgado a
referida decisão ocorrerá a perda dos direitos
políticos.
Assim, apesar da CF falar apenas como hipótese de
perda dos direitos políticos o cancelamento da
naturalização, entende-se que se o brasileiro nato
perder a sua nacionalidade, por consequência também
perderá os direitos políticos.
Escusa de consciência
Parte da doutrina vai defender que são causas de
perda o cancelamento da naturalização (I) e a
escusa de consciência (IV) sendo que as demais
hipóteses seriam causas de suspensão.
Outra parte da doutrina vai defender que a escusa
de consciência é hipótese de suspensão dos direitos
políticos.
Dessa forma a doutrina diverge apenas quanto a
escusa de consciência, uns considerando como
causa de perda e outros como causa de suspensão.
Incapacidade civil absoluta
Incapacidade civil é o estado no qual se limita legal
ou judicialmente o exercício da vida civil a um
indivíduo, quando essa limitação é para todo e
qualquer ato da vida civil, chama-se essa
incapacidade como absoluta.
Nesse tópico, entretanto, temos um problema.
Isso porque essa hipótese constitucional se referia
ao art. 3o, II do Código Civil Brasileiro, o qual,
entretanto, foi revogado pela lei 13.146/2015 que
colocou em vigor o Estatuto das pessoas com
deficiência.
A Lei n. 13.146/15 é resultado da adesão do Brasil,
por intermédio do Decreto Legislativo n. 186, de 09
de julho de 2008, à Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo, que tem status de Emenda
Constitucional pela sua aprovação conforme
procedimento previsto no § 3o do art. 5o da
Constituição Federal.
Assim, dispunha o artigo do CCB:
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tiverem o necessário discernimento para a
prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não
puderem exprimir sua vontade.
Essa hipótese de suspensão de direitos políticos se
referia então aqueles casos em que a pessoa era
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reconhecida como incapaz através de um processo
de interdição.
Improbidade administrativa
❑ IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - ELEITORAL
JUDICIAL
Art. 37 § 4º - Os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível.
ATOS DE IMPROBIDADE
*ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
*PREJUIZO AO ERÁRIO
*ATENTEM CONTRA PRINCIPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO: NÃO GERA MAIS SUSPENSÃO.
Condenação criminal
É efeito secundário da condenação criminal
definitiva a suspensão dos direitos políticos, sendo
sua aplicabilidade direta e automática, ou seja:
• independentemente da gravidade ou
natureza do crime.
• Tipo da pena, se restritiva de liberdade ou
privativa de direitos.
APROFUNDANDO:
E se um indivíduo já eleito tiver uma condenação
criminal transitada em julgado, haverá a perda
IMEDIATA do mandato?
A resposta é que depende do cargo eletivo.
Isso porque a CF – para deputados e senadores,
dispõe que a perda do mandato, no caso de
condenação criminal transitada em julgado, só
ocorrerá após decisão pela maioria absoluta da casa
legislativa, conforme art. 55 § 2º da CF:
PARA ELES, A perda do mandato não será
automática e dependerá de decisão da casa
respectiva. Esse entendimento foi inclusive
confirmado pelo STF no julgamento da AP 565.
Para membros do executivo e vereadores a CF não
traz qualquer previsão, de modo que deve valer a
regra do art. 15, ou seja, uma vez transitada em
julgado a sentença criminal, ocorrerá a suspensão
dos direitos políticos e por consequência a perda do
mandato por não cumprir com o requisito de
elegibilidade de estar em pleno gozo dos direitos
políticos.
ANTERIORIDADE/ANUALIDADE
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral
entrará em vigor na data de sua publicação,
não se aplicando à eleição que ocorra até um
ano da data de sua vigência.
PROCESSO ELEITORAL – ALTERA O JOGO DA
ELEIÇÃO
CLÁUSULA PÉTREA
• Se aplica a leis – ordinária e complementar
• Emendas constitucionais
• Jurisprudências da Justiça Eleitoral
QUESTÕES:
1. (CESPE/2022) A Constituição Federal de 1988 garantiu
a ampliação da cidadania ao instituir o voto obrigatório
para todos os cidadãos e cidadãs, sem qualquer
restrição.
2. (CESPE/2023) O referendo é uma espécie de consulta
popular anterior à tomada de certas decisões
relevantes pelo poder público.
3. (CESPE/2023) A capacidade eleitoral passiva consiste
na possibilidade de as pessoas votarem nos candidatos
de sua escolha.
4. (CESPE/2023) O alistamento eleitoral é facultativo para
os maiores de sessenta anos de idade.
5. (CESPE/2023) É condição de elegibilidade a cargo
parlamentar ser brasileiro nato.
6. (CESPE/2023) São inelegíveis os inalistáveis.
7. (CESPE/2023) É condição de elegibilidade, na forma da
lei, a idade mínima de trinta e cinco anos para
governador de estado.
8. (CESPE/2023) Conforme a compreensão atual dos
direitos políticos previstos na Constituição Federal, não
se admitem candidaturas avulsas, isto é, aquelas para
as quais não se exige que o candidato seja afiliado a
partido político.
9. (CESPE/2023) Para concorrerem a outros cargos,
presidente da República, governador de estado,
governador do Distrito Federal e prefeitos devem
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renunciar aos respectivos mandatos até seis meses

antes do pleito.
10. (CESPE/2023) É prescindível a renúncia do presidente
da República ao mandato que ocupa, antes do pleito
eleitoral, para concorrer a cargo diverso.

GABARITO:
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