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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS

NÁUTICAS
Departamento de Rádio
Curso de Engenharia Eletrónica e de Telecomunicações

Leis e Reformas

Análise da evolução do direito constitucional em


Moçambique (1975,1990 e 2004)

Turma: 4R 4ºAno Sala: 203 2º Semestre

Discentes: Docente:

Edmilson Rui Chaúque Hagira NAide Gelo

Maputo, Dezembro de 2022

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INDICE

CAPÍTULO-I INTRODUÇÃO....................................................................................................1
1.1. Objectivos do Trabalho.......................................................................................................1
1.1.1. Objectivo Geral................................................................................................................1
1.1.2. Objectivos específicos.......................................................................................................1
1.2. Metodologia de Trabalho................................................................................................1
2 EVOLUCAO DO DIREITO CONSTITUCIONAM EM MOCAMBIQUE.......................3
2.1 Constituição de 1975............................................................................................................3
2.2 Constituição de 1990...........................................................................................................3
2.3 Constituição de 2004............................................................................................................4
2.4 Análise comparativa das Constituições de 1990 e 2004.....................................................6
3 Conclusão.................................................................................................................................9
CAPÍTULO-I INTRODUÇÃO
O presente trabalho enquadra-se na disciplina de Leis e reformas , desenvolvido na
perspectiva de analisar a evolução do direito constitucional em Moçambique nos anos
1975, 1990 e 2004. A primeira Constituição de Moçambique entrou em vigor em
simultâneo com a proclamação da independência nacional em 25 de Junho de 1975.
Nesta altura, a competência para proceder a revisão constitucional fora atribuída ao
Comité Central da Frelimo até a criação da Assembleia com poderes constituintes, que
ocorreu em 1978. Considerando a importância da constituição como a “lei-mãe” do
Estado moçambicano, e daí a necessidade do seu conhecimento pelos cidadãos, de
seguida é feita uma breve menção sobre a evolução constitucional de Moçambique

1.1. Objectivos do Trabalho

1.1.1. Objectivo Geral


 Fazer analise a evolução do direito constitucional em Moçambique nos anos
1975, 1990 e 2004

1.1.2. Objectivos específicos


1 Trazer aspectos de continuidade e descontinuidade matéria e formal entre as
constituições de 1975, 1990 e 2004.

1.2. Metodologia de Trabalho


Esta secção é de extrema importância, pois “é na metodologia que se descreve e se
explica os métodos que foram aplicados ao longo do trabalho, de forma a sistematizar
os procedimentos adoptados durante as várias etapas, procurando garantir a validade e a
fidelidade dos resultados”.

Por outro lado, metodologia na visão de GIL (2008, p.15), “os métodos de recolha de
informação têm por objectivo proporcionar ao investigador os meios técnicos para
garantir a objectividade e a precisão. […] Mais especificamente, visam fornecer a
orientação necessária à realização da pesquisa, sobretudo no referente à obtenção,
processamento e validação dos dados pertinentes à problemática que está a ser
investigada”.

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GIL (1999) define Metodologia como sendo “o método ou conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos adoptados para atingir um determinado propósito ou
conhecimento.” Para o autor existem três (3) tipos de pesquisa quanto aos objetivos
nomeadamente: exploratória, descritiva e explicativa.

Sendo assim, o presente trabalho caracteriza-se com a pesquisa exploratória de modo a


proporcionar maior aprofundamento do tema com vista a torna-o explícito. Nele contem
levantamento bibliográfico; análise de exemplos que estimulem a compreensão assume
em geral, as formas de Pesquisas bibliográfica, documental e virtual. Para a
materialização deste trabalho a metodologia usada seguiu três (3) fases distintas
nomeadamente:

1.2.1. 1ª Fase: Delimitação e contextualização do Tema


Esta fase consistiu na identificação e leitura de obras literárias e documentos que foram
de grande relevância para a delimitação do tema e recolha de informação para a
elaboração do trabalho. Baseou-se em três (3) técnicas nomeadamente:

a) Pesquisa bibliográfica – GIL (1999) considera pesquisa bibliográfica quando


“elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros,
artigos periódicos e actualmente com material disponibilizado na Internet.” Esta técnica
consistiu na recolha de informação em diversas obras literárias de autores que versam
sobre o tema em estudo.
b) Pesquisa documental – Para GIL (1999), considera-se pesquisa documental quando
elaborada a partir de materiais que ainda não receberam tratamento analítico.
Possibilitou a consulta e leitura de documentos que abordam de maneira clara sobre o
tema em estudo.
Consulta virtual – A pesquisa virtual é realizada através de um dispositivo com acesso
a internet onde através de ferramentas de busca (como o Google académico) é realizada
a pesquisa de informações sobre Analise da evolução do direito constitucional em
Moçambique nos anos 1975, 1990 e 2004.

1. 2.2. 2ª Fase: Análise e discussão da informação


Após a delimitação e contextualização do tema, passou-se para a fase de análise e
discussão da informação, onde se apresentou métodos que foram úteis para a realização
do trabalho como forma de dar sentido e coerência.

1.2.3. 3ª Fase: Compilação do trabalho


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Feita a análise e confrontação dos dados obtidos na pesquisa bibliográfica, documental e
virtual. Nos estudos de caso fez-se a compilação e digitalização, ou seja, a redação do
trabalho com base no Microsoft Word, este que constitui o pacote informático de
processamento de texto. Neste ponto apresentaram-se os dados obtidos em forma de
texto.

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2 EVOLUCAO DO DIREITO CONSTITUCIONAM EM MOCAMBIQUE

2.1 Constituição de 1975


Permita-me abordar, de forma sintética, alguma relacionada à esta Constituição, pois,
entendo ser a chave para compreender toda a história da Constituição e um elemento
crucial para a análise do conteúdo das Constituições que vieram a ser promulgadas
depois desta. Nos momentos que se seguiram à independência, o Estado moçambicano
optou por uma linha de orientação socialista, ou seja, democracia socialista. Assim
sendo, Moçambique tenta implementar uma concepção socialista de poder, de Estado e
de direito. Neste contexto CRPM dispunha no artigo 2

o seguinte: “ a República Popular de Moçambique é um

Estado de democracia em que todas as camadas patrióticas se engajam na construção de


uma nova sociedade, livre de exploração de homem pelo homem. Este modelo foi
adoptado de modelo de Ex-URSS, que é também do tipo ocidental. Desde a sua
independência de Portugal, em 1975, Moçambique teve três constituições (1975, 1990 e
2004). Em termos cronológicos, a Constituição de 1975 estabeleceu um regime mono
partidário que confirmava o papel destacado do Executivo. Um dos objectivos
fundamentais desta Constituição era a eliminação das estruturas de opressão e
exploração coloniais... e a luta contínua contra o colonialismo e o imperialismo, foi
instalado na República Popular de Moçambique (RPM) o regime político socialista e
uma economia marcadamente intervencionista, onde o Estado procurava evitar a
acumulação do poderio económico e garantir uma melhor redistribuição da riqueza. O
sistema político era caracterizado pela existência de um partido único e a FRELIMO
assumia o papel de dirigente. Eram abundantes as fórmulas ideológicas - proclamatórias
e de apelo das massas, compressão acentuada das liberdades públicas em moldes
autoritários, recusa de separação de poderes a nível da organização política e o primado
formal da Assembleia Popular Nacional.

2.2 Constituição de 1990


A revisão constitucional ocorrida em 1990 trouxe alterações muito profundas em
praticamente todos os campos da vida do País. Estas mudanças que já começavam a
manifestar-se na sociedade, principalmente na área económica, a partir de 1984,
encontram a sua concretização formal com a nova Constituição aprovada.
Resumidamente, podemos citar alguns aspectos mais marcantes, como sejam:

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Introdução de um sistema multipartidário na arena política, deixando o partido Frelimo
de ter um papel dirigente e passando a assumir um papel histórico na conquista da
independência;
Inserção de regras básicas da democracia representativa e da democracia participativa e
o reconhecimento do papel dos partidos políticos;
Na área económica, o Estado abandona a sua anterior função basicamente
intervencionista e gestora, para dar lugar a uma função mais reguladora e controladora
(previsão de mecanismos da economia de mercado e pluralismo de sectores de
propriedade);
Os direitos e garantias individuais são reforçados, aumentando o seu âmbito e
mecanismos de responsabilização;
Várias mudanças ocorreram nos órgãos do Estado, passam a estar melhor definidas as
funções e competências de cada órgão, a forma como são eleitos ou nomeados;
Preocupação com a garantia da constitucionalidade e da legalidade e consequente
criação do Conselho Constitucional; entre outras.
A CRM de 1990 sofreu três alterações pontuais, designadamente: duas em 1992 e uma
em 1996. Destas merece especial realce a alteração de 1996 que surge da necessidade de
se introduzir princípios e disposições sobre o Poder Local no texto da Constituição,
verificando se desse modo a descentralização do poder através da criação de órgãos
locais com competências e poderes de decisão próprios, entre outras (superação do
princípio da unidade do poder)

2.3 Constituição de 2004

A atual Constituição da República de Moçambique foi elaborada no âmbito de um


procedimento constitucional democrático, de cariz parlamentar e presidencial, já em
ambiente de parlamento pluripartidário.

Embora não se pudesse duvidar da introdução do modelo de Estado de Direito


Democrático que a CRM1990 operou, o certo é que deste modo a legitimidade do texto
constitucional surgiria reforçada por dimanar de um parlamento sufragado por eleições
pluripartidárias.

Tem sido discutido se o aparecimento de uma nova Constituição -como sucede a partir
de novembro de 2004 com a CRM- não implica automaticamente a mudança de regime

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constitucional a ponto de se impor uma III República de Moçambique, à semelhança do
que sucedeu com a periodificação da história político-constitucional portuguesa. 63

Assim acontece com o surgimento de novos textos constitucionais, seja por revolução,
seja por transição, pois que os mesmos, contrastando com o passado constitucional,
estabelecem um novo projeto de Direito, alterando substancialmente a identidade
constitucional.

É esse o resultado na esmagadora maioria das experiências de mudança de Constituição


por esse mundo fora, sendo até os textos constitucionais os símbolos das alterações
ocorridas na forma política, no sistema social e no regime económico dos Estados.

A doutrina moçambicana pouco se tem dedicado ao assunto, pelo que estão em aberto
as opções quer pela manutenção da II República -inaugurada em 1990 com a nova
CRM- quer pela referência à III República - correspondente ao novo texto
constitucional de 2004.

Naturalmente que o tema não é apenas jurídico-constitucional, dado que também


oferece uma intensa coloração político-simbólica, em associação à forma da linguagem,
que no Direito Constitucional tem muitas vezes uma metafunção que não se pode
negligenciar.

Da nossa parte, não se crê que, em Moçambique, o aparecimento da CRM, em 2004,


tenha determinado a mudança para uma III República, com isto evidentemente não se
pretendendo apoucar sequer a importância deste novel texto constitucional.64

A verdade é que a Constituição de 2004 segue as linhas originalmente traçadas pela


CRM de 1990, essas realmente inovadoras e transformadoras do regime constitucional
anteriormente vivido e que foi até então a I República Moçambicana.

Pode haver decerto um impulso político legítimo trazido por um novo documento
constitucional, que representa o culminar de todo um período, alentando os
moçambicanos para os desafios futuros, explicando-se que politicamente se possa falar
em III República.

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Porém, a substância jurídica dessa ordem constitucional é o aprofundamento da ordem
constitucional inaugurada em 1990, podendo, quando muito, dizer-se que se trata de
uma consolidação de tal sistema político-constitucional, assim se atingindo a sua
plenitude na definição de elementos ali imperfeitamente expressos, sem que qualquer
dos seus traços essenciais tivesse sido modificado.

Significa isso que a nova Constituição de 2004 manteve a identidade constitucional


inaugurada em 1990, a qual não foi tolhida e dela se apresentando como um
aprofundamento jurídico-constitucional.

2.4 Análise comparativa das Constituições de 1990 e 2004


Como foi anteriormente referenciado, a CRM, sofreu sérias modificações ao longo dos
anos, e foi cada vez, se ajustando à realidade e às necessidades de cada época. É
pretensão deste trabalho mostrar com um pouco de detalhes como e quais foram os
pontos que se foram abrangidos pelas revisões constitucionais e sem fugir do nosso foco
que são as Constituições de 1990 e 2004, importa fazer, sempre, menção daquela que
foi a primeira de todas, neste caso, a Constituição da República de Moçambique de
1974 pela simples razão de ela ser a base de evolução das posteriores e ser um bom
ponto de partida para analisarmos a Constituição de 1990 e vermos em que ela evoluiu e
quais temas foram objectos de revisão. Confiramos a seguir uma tabela discriminatória
e comparativa das constituições de 1990 e 2004.

2.5 Direito Constitucional material e formal

1) A CRM é bem um exemplo da aplicação do Direito Constitucional Extravagante, que


corresponde às disposições que ficaram fora da Constituição Documental, mas
aspirando a ser consideradas “constitucionais”, quer em termos materiais, quer em
termos formais.

É óbvio que esta verificação não faz hesitar por um segundo quanto a dever qualificar-
se a CRM como um Código de Direito Constitucional, dados os traços específicos que
nele se pode encontrar de um tratamento sintético, sistemático e científico do âmbito
regulativo em questão.
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2) É no Direito Constitucional Extravagante Material que se encontram os casos mais
abundantes, bastando pensar na legislação vária, de valor infraconstitucional, que se
mostra pertinente às matérias constitucionais, assim completando ou desenvolvendo as
opções que foram traçadas ao nível da Constituição Documental e Formal, sendo de
exemplificar com os seguintes diplomas:

 -Regimento da Assembleia da República: é um ato legislativo que explicita os


termos da organização e do funcionamento da Assembleia da República,
executando e concretizando muitas das normas e princípios da CRM;
 -Leis eleitorais: são atos legislativos que versam o quadro jurídico das eleições,
estabelecendo as suas fases e os critérios que determinam a escolha dos
candidatos, em razão dos diversos órgãos eletivos, tanto para o Presidente da
República como para a Assembleia da República, sem excluir ainda as normas
alusivas aos órgãos da administração eleitoral (legislação sobre a Comissão
Nacional de Eleições);
 -Lei dos Partidos Políticos: é um ato legislativo que fixa o regime da criação e
extinção dos partidos políticos, dispondo ainda sobre a respetiva estrutura e as
relações entre os seus membros.

3) Também se verifica, com a CRM, o Direito Constitucional Extravagante Formal,


caso em que há atos legislativos, pertinentes às matérias constitucionais, que alcançam o
mesmo valor da Constituição Formal, apesar de se encontrarem situados fora do texto
chamado “Constituição”, neste seu sentido documental.

São situações em que a Teoria do Direito Constitucional tem detetado “comunicações”


entre as fontes constitucionais e as fontes infraconstitucionais, permitindo que estas
alcancem o estatuto daquelas, operando-se a sua “constitucionalização”, que pode ser
receção formal ou receção material.

São vários os exemplos que se pode dar:

 -a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Carta Africana dos Direitos


do Homem e dos Povos, para as quais se remete a interpretação e a integração do
sistema constitucional de direitos fundamentais,

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 -a cláusula de abertura aos direitos fundamentais atípicos, que permite que o
catálogo constitucional se enriqueça com mais direitos oriundos de outras fontes
normativas não constitucionais,
 -os princípios de Direito Internacional Geral, na medida em que esta seja uma
cláusula de receção de princípios que, em parte, tenham um valor constitucional,
em associação ao programa constitucional que Moçambique deve cumprir em
matéria de relações internacionais.

4) Pela sua importância, os exemplos dados em matéria de direitos fundamentais


merecem uma alusão especial.

O mais significativo é o da Declaração Universal dos Direitos do Homem, para o qual o


texto constitucional opera uma remissão formal, como critério interpretativo e
integrativo dos direitos fundamentais: é, de todos, certamente o mais importante, por ser
perentório acerca da receção constitucional que se faz dos respetivos preceitos.

Outro caso de comunicação da Constituição Documental com outras fontes


infraconstitucionais -que assim passam a integrar o Direito Constitucional Extravagante
formal- é o da abertura do catálogo constitucional de direitos fundamentais a outros
tipos que, por razões várias, não lograram obter consagração no catálogo constitucional,
instituindo-se uma cláusula aberta geral de direitos fundamentais atípicos, assim com
pertinência simultânea às respetivas fontes legais.

Os tipos de direitos fundamentais não insertos nas normas constitucionais formais


podem, com esta norma de abertura, alcandorar-se ao estalão constitucional, desde que
preencham os respetivos parâmetros de reconhecimento, eficácia e âmbito

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3 Conclusão
Findo o trabalho que debruçava-se sobre as Constituições de 1990 e 2004, fica a
satisfação de ter descoberto tanto, se bem que deu para conhecer a história de
Moçambique através daquela que é considerada lei mãe de qualquer nação, a
Constituição. Foi possível apurar que o nosso país viveu sérias transformações, ao longo
dos tempos, a julgar pela evolução constitucional que viveu, caso que, aliás, mudou até
o regime político do País. A Frente de Libertação de Moçambique que tanto lutou pela
nossa independência dos Portugueses, outrora colonizadores, deixaria, após a conquista
da independência, de ser o único partido com a introdução do regime multipartidário,
preconizado pela Constituição de 1990. Enfim, foi uma viagem de descobertas e muito
aprendizado.

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4 Referências Bibliográficas
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique,
Imprensa Nacional de Moçambique, Maputo, 2004.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Assembleia da República, Ante-projecto de


Revisão da Constituição, 1998.

REPÙBLICA DE MOÇAMBIQUE, Conselho Constitucional, Deliberações e Acórdãos


do Conselho Constitucional, Vol. I, CFJJ, Maputo, 2007.

REPÙBLICA DE MOÇAMBIQUE, Conselho Constitucional, Acórdãos e Deliberações


do Conselho Constitucional, Vol. III, 1ª Edição, CFJJ, Maputo, 2009

https://www.academia.edu/39358124/
Analise_Comparativa_das_Constituicoes_de_1990_e

https://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0041-
86332018000200449

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