Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ii
1. Introdução
No âmbito dos esforços de modernização desenvolvidos, desde 1997, nas áreas de Orçamento de
Estado, Impostos Directos, Alfandegas, entre outras, com o objectivo de melhorar o sistema de
programação e execução orçamental, harmonizar o sistema de impostos indirectos e a pauta
aduaneira com os sistemas vigentes nos países da região em que Moçambique se insere, o
Governo de Moçambique avançou para a criação do novo Sistema de Administração Financeira
do Estado (SISTAFE) com vista a obter maior eficiência no uso e gestão do erário público, bem
como produzir informação de forma integrada e atempada sobre a administração financeira dos
órgãos do Estado.
1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
Perceber a importância do Sistema de Administração Financeira do Estado no processo do
desenvolvimento das actividades no sector público.
1
2. Metodologia
De acordo com ADRANDE (2007) a metodologia corresponde aos procedimentos que serão
utilizados para a realização do trabalho, bem como o uso dos mecanismos de resolução das
questões específicas do trabalho como se deve resolver uma questão.
Importa referir que o conhecimento científico resulta da investigação metódica, sistemática, da
realidade. Ele transcende os fatos e os fenómenos em si mesmos, analisa-os para descobrir suas
causas e concluir as leis gerais que os regem (GALLIANO, 1986, pg. 19).
2.1. Tipo de pesquisa
No que diz respeito ao tipo de pesquisa, segundo GIL (2008, pg. 26), existem 3 tipos de pesquisa
que podem ser: pesquisa exploratória, descritiva e explicativa.
Deste modo, a presente pesquisa pode ser classificada com descritiva, caracterizada por GIL
(2008, pg. 28) como a que tem como objectivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.
2.2. Tipo de abordagem
Quanto a abordagem, segundo MARCONI e LAKATOS (2003, pg. 221), a pesquisa pode ser:
qualitativa e quantitativa.
A presente pesquisa é qualitativa, que de acordo com ANDRADE (2007), pesquisa qualitativa
está relacionada ao levantamento de dados sobre motivação de um grupo, em compreender e
interpretar determinados comportamentos, a opinião e as expectativas dos indivíduos de uma
população.
2.3. Tipos de procedimentos
Segundo MARCONI e LAKATOS (2003, pg. 221), quanto aos procedimentos a pesquisa pode
ser: bibliográfico, monográfico, comparativo, tipográfico e histórico.
No presente trabalho, deu-se enfase a pesquisa bibliográfica. Segundo MARCONI e LAKATOS
(2003, pg. 183), a técnica de pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído principalmente por livros e artigos científicos.
2
3. Revisão da Literatura
3.1. Sistema de Administração Financeira do Estado – SISTAFE
Para IBRAHIMO (2002), o Estado ao prosseguir os seus fins tem, naturalmente, necessidades
económicas cuja satisfação implica despesas. Não importa o regime político prosseguido, o que
importa é que qualquer Estado, quer ele siga formas de desenvolvimento do tipo capitalista, quer
siga as do tipo socialista, necessita de realizar despesas com as diversas necessidades colectivas
que prossegue, como sejam de saúde, educação, defesa da soberania, entre outras.
O Sistema de Administração Financeira vigente assenta em normas legais que remontam de há
mais de cem anos, sendo de destacar o Regulamento de Fazenda, que data de 1901, e o
Regulamento de Contabilidade Pública, de 1881.
A necessidade de reforma com vista a introduzir legislação e modelos de gestão mais adequados
às necessidades actuais de administração do erário público foram determinando a adopção e
implementação pontuais de algumas medidas. Com efeito, a partir de 1997 tem se vindo a
desenvolver esforços de modernização nas áreas do Orçamento do Estado, impostos indirectos,
alfândegas, entre outras, com o objectivo de melhorar o sistema de programação e execução
orçamental, harmonizar o sistema dos impostos indirectos e a pauta aduaneira com os sistemas
vigentes nos países da região em que Moçambique se insere e delinear circuitos de registo na
área da contabilidade pública, visando torná-los mais eficientes, eficazes e transparentes.
Com vista a estabelecer de forma global, abrangente e consistente os princípios básicos e normas
gerais de um sistema integrado de administração financeira dos órgãos e instituições do Estado e,
ao abrigo do disposto no nº 1 do Artigo 135 da Constituição da República, a Assembleia da
República aprovou a Lei 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração
Financeira do Estado, doravante designado por SISTAFE, tendo sido regulamentado pelo
Decreto nº 23/2004, de 20 de Agosto, onde estão contidas as principais normas de gestão
orçamental, financeira, patrimonial, contabilística e de controlo interno do Estado.
A necessidade de reforma com vista a introduzir legislação e modelos de gestão mais adequados
às necessidades actuais de administração do erário público, determinou a adopção e
implementação pontuais de algumas medidas.
3
O SISTAFE estabelece e harmoniza regras e procedimentos de programação, gestão, execução e
controle do erário público, de modo a permitir o seu uso eficaz e eficiente, bem como produzir a
informação de forma integrada e atempada, concernente à administração financeira dos órgãos e
instituições do Estado. O SISTAFE é aplicado a todas instituições do Estado, ligados através da
Contabilidade Pública.
4
e) Estabelecer, implementar e manter um sistema de procedimentos adequados a uma correcta,
eficaz e eficiente condução económica das actividades resultantes dos programas, projectos
e demais operações no âmbito da planificação programática delineada e dos objectivos
pretendidos.
3.4. Princípios Fundamentais
Para IBRAHIMO (2002), O SISTAFE é um programa abrangente na medida em que mexe com
toda as entidades públicas da esfera económica e financeira do Estado pois, todos os órgãos e
instituições do Estado independentemente do regime administrativo e financeiro a que estão
sujeitas, e a personalidade jurídica de que dispõem, são abrangidas pelo sistema. O SISTAFE
rege-se, de entre outros, pelos seguintes princípios:
a) Regularidade financeira, pela qual a execução do orçamento do Estado deve ser feita em
harmonia com as normas vigentes e mediante o cumprimento dos prazos estabelecidos;
b) Legalidade, o qual determina a observância integral das normas legais vigentes;
c) Economicidade, na base do qual se deve alcançar uma utilização racional nos recursos
postos à disposição e uma melhor gestão de tesouraria;
d) Eficiência, que se traduz na minimização do desperdício para a obtenção dos objectivos
delineados;
e) Eficácia, de que resulta a obtenção dos efeitos desejados com a medida adoptada,
procurando a maximização do seu impacto no desenvolvimento económico e social.
3.5. Autonomia Administrativa do SISTAFE
O regime geral de administração financeira dos órgãos e instituições do Estado é o de autonomia
administrativa, entendendo-se por esta a capacidade concedida aos serviços e organismos do
Estado de praticar actos administrativos definitivos e executórios, no âmbito da respectiva gestão
administrativa corrente (LEI 9/2002).
5
Os órgãos e instituições do Estado só poderão dispor de autonomia administrativa e
financeira quando esta se justifique para a sua adequada gestão e, cumulativamente, as suas
receitas próprias atinjam o mínimo de dois terços das respectivas despesas totais.
Para efeitos do disposto neste artigo não são consideradas receitas próprias os recursos
provenientes do Orçamento do Estado, nomeadamente os resultantes das transferências
correntes e de capital, dos orçamentos da Segurança Social, de quaisquer outros órgãos ou
instituições do Estado dotados ou não de autonomia administrativa e financeira e as receitas
provenientes de donativos ou legados.
A atribuição do regime excepcional, com fundamento na verificação dos requisitos
previstos neste artigo, bem como a sua cessação, nos termos a regulamentar, é da
competência do Governo, salvo nos casos em que a Lei expressamente defina em contrário.
3.6. Organização e Funcionamento do SISTAFE
Para a LEI 9/2002, O SISTAFE compreende um conjunto de órgãos, subsistemas, normas e
procedimentos administrativos que tornam possível a obtenção da receita, a realização da
despesa e a gestão do património do Estado, incluindo suas aplicações e correspondente registo.
A administração financeira do Estado compreende também a obtenção e gestão das receitas que
não determinem alterações ao património do Estado. A direcção e coordenação do SISTAFE
competem ao Ministro que superintende a área das Finanças. O exercício económico, no âmbito
do SISTAFE, coincide com o ano civil. Serão consideradas no exercício económico respectivo:
As receitas nele cobradas e recebidas;
As despesas nele pagas;
As despesas nele por pagar quando regularmente efectuadas
Para IBRAHIMO (2000), cada um destes subsistemas compreende um conjunto de órgãos,
normas e procedimentos administrativos que tornam possível a respectiva gestão. Por sua vez,
cada um dos subsistemas, são integrados por macro processos que compreendem a:
a) Elaboração das Propostas do Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP), Plano económico e
Social (PES) e Orçamento de Estado (OE);
b) Execução do Orçamento do Estado (Conta Geral do Estado);
c) Administração do Património do Estado;
d) Avaliação da Gestão do Orçamento e do Património do Estado.
6
Os macros processos por sua vez são compostos por conjuntos de procedimentos organizados de
modo a instruir, de forma padronizada, as actividades a serem executadas na gestão das finanças
públicas.
3.6.1. Subsistema do Orçamento do Estado
Para LEI 9/2002, O Subsistema do Orçamento do Estado, designado abreviadamente por SOE,
compreende todos os órgãos ou instituições que intervêm nos processos de programação e
controlo orçamental e financeiro e abrange ainda as respectivas normas e procedimentos.
Compete aos órgãos e instituições que integram o SOE:
a) Preparar e propor os elementos necessários para a elaboração do Orçamento do Estado;
b) Preparar o projecto de Lei Orçamental e respectiva fundamentação;
c) Avaliar os projectos de orçamentos dos órgãos e instituições do Estado;
d) Propor medidas necessárias para que o Orçamento do Estado comece a ser executado no
início do exercício económico a que respeita;
e) Preparar, em coordenação com o Subsistema do Tesouro Público, a programação relativa à
execução orçamental e financeira, mediante a observância no disposto na presente Lei e
respectiva regulamentação complementar;
f) Avaliar as alterações ao Orçamento do Estado;
g) Avaliar os processos de execução orçamental e financeira
3.6.2. Subsistema da Contabilidade Pública
De acordo com a LEI 9/2002, O Subsistema de Contabilidade Pública, designado
abreviadamente por SCP, compreende todos os órgãos e instituições do Estado que intervêm nos
processos de execução orçamental, recolha, registo, acompanhamento e processamento das
transacções susceptíveis de produzir ou que produzam modificações no património do Estado, e
abrange ainda as respectivas normas e procedimentos.
Compete aos órgãos ou instituições que integram o SCP:
a) Elaborar e propor normas, procedimentos técnicos, relatórios e mapas, bem como a
respectiva metodologia e periodicidade, tendo em vista a harmonização e
uniformização contabilísticas;
b) Elaborar e manter actualizado o plano de contas;
c) Proceder à execução do Orçamento do Estado;
d) Acompanhar e avaliar o registo sistemático e atempado de todas as transacções;
7
e) Elaborar os relatórios de informação periódica a apresentar pelo Governo a
Assembleia da Republica;
f) Elaborar a Conta Geral do Estado.
3.6.3. Subsistema do Tesouro Público
Ainda para LEI 9/2002, O Subsistema do Tesouro Público, designado abreviadamente por STP,
compreende o conjunto dos órgãos e instituições do Estado que intervêm nos processos de
programação, captação de recursos e gestão de meios de pagamento e abrange ainda as
respectivas normas e procedimentos. Compete aos órgãos ou instituições do Estado que integram
o STP nomeadamente:
Zelar pelo equilíbrio financeiro;
Administrar os haveres financeiros e mobiliários;
Elaborar a programação financeira;
Elaborar as estatísticas das Finanças Publicas;
Gerir a conta única;
O Tesouro Público, compreendendo os direitos, as garantias e obrigações da responsabilidade do
Estado, tem por objecto a elaboração da programação financeira, os desembolsos e pagamentos
relativos à execução orçamental e financeira.
3.6.4. Subsistema do Património do Estado
Para LEI 9/2002, O Subsistema do Património do Estado, designado abreviadamente por SPE,
compreende os órgãos ou instituições do Estado que intervêm nos processos de administração e
gestão dos bens patrimoniais do Estado e abrange ainda as respectivas normas e procedimentos.
Compete aos órgãos ou instituições que integram o SPE:
Coordenar a gestão dos bens patrimoniais do Estado;
Organizar o tombo dos bens imóveis do Estado; Elaborar anualmente o mapa de
inventário físico consolidado e das variações dos bens patrimoniais do Estado;
Proceder periodicamente ao confronto dos inventários físicos com os respectivos valores
contabilísticos. Propor normas e instruções regulamentares pertinentes sobre os bens
patrimoniais do Estado.
A inventariação e gestão do património do Estado compete à entidade onde se localizam os bens
e direitos patrimoniais, de acordo com a legislação vigente.
8
O Património do Estado tem por objecto a coordenação e gestão dos bens patrimoniais do
Estado, a organização da informação relativa à inventariação dos referidos bens e à elaboração
do respectivo inventário.
9
A unidade intermédia representa o elo de ligação entre a unidade de supervisão e as unidades
gestoras, possibilitando deste modo a aplicação do princípio de desconcentração dos
procedimentos. As unidades gestoras podem ser beneficiárias ou executoras.
10
4. Conclusão
A Contabilidade proporciona uma série de informações e sua integração com os outros diversos
sistemas dos governos/empresas auxilia os administradores na busca de soluções para os
problemas apresentados. Muitas administrações públicas apresentam projectos implantados na
sua gestão dizendo o quanto executaram em um determinado período, preocupando-se em
mostrar o volume de obras realizadas, de populações atendidas, etc. Dificilmente, dizem que este
ou aquele projecto foi feito com baixos custos e excelente qualidade.
A preocupação com a correcta aplicação dos recursos públicos tem levado os administradores à
busca de formas de se tentar medir custos mais adequadamente, visando o conhecimento de
como foi feito determinado projecto e qual o custo-benefício dele para a população. Os recursos
são escassos, por isso, é fundamental sua aplicação com racionalidade.
A Administração Financeira é a disciplina que estuda a actividade financeira do Estado. As
finanças do Estado estão directamente ligadas a um instrumento chamado Orçamento Público,
que é o compromisso do governante com a sociedade para a execução de políticas públicas.
A necessidade de maior eficiência, eficácia e efectividade por parte dos órgãos governamentais,
a demanda por uma avaliação sistemática, contínua e eficaz enfatiza a necessidade de
indicadores de desempenho no sector público. A administração pública notou que economias
mais eficientes, mais desenvolvidas, são fundamentais para uma boa gestão de recursos públicos.
E, dentre essas medidas, estão a redução de deficit fiscal e maior capacidade alocativa de
recursos. Adicionalmente, uma análise de eficiência sobre os gastos públicos contribui para a
melhora dos resultados, pois há uma melhor gerência dos recursos. A eficiência no sector público
é tão pretendida.
11
5. Bibliografia
GIL, A. C. (2008). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª edição. São Paulo: Atlas.
12