Você está na página 1de 48

Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

RESUMO

Primeiramente, será feita uma revisão do enquadramento teórico, abordando as leis e


regulamentos relevantes que fundamentam o Sistema de Controlo Interno e o Plano de
Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas.

Em seguida, será realizado um estudo sobre o Relatório de Auditoria do Tribunal de


Contas e ao Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas referente ao
IAPMEI. Serão identificados os principais pontos levantados pelo relatório, como
eventuais irregularidades, falhas e riscos de corrupção e infrações conexas.

Após a análise do relatório, será feita uma avaliação crítica dos resultados apresentados,
levando em consideração as recomendações e conclusões do Tribunal de Contas. Serão
abordadas possíveis lacunas e sugestões de melhorias para fortalecer a gestão do IAPMEI.

Por fim, será feita uma análise às normas de controlo interno do município de Porto.

Elsa Silva Página 1 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3
2. METODOLOGIA ............................................................................................................................. 4
3. ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................................... 5
4. RELATÓRIO DE AUDITORIA DO TRIBUNAL DE CONTAS E PLANO DE GESTÃO DE
RISCOS DE CORRUPÇÃO E INFRAÇÕES CONEXAS DO IAPMEI ............................................. 6
4.1. IAPMEI ........................................................................................................................................... 6
4.1.2. Missão, Visão e Valores ............................................................................................................ 7
4.1.3. Estrutura e organização .............................................................................................................. 8
4.2. RELATÓRIO DE AUDITORIA DO TRIBUNAL DE CONTAS .................................................................. 9
4.2.1. Enquadramento teórico .............................................................................................................. 9
4.2.1.1. Auditoria Pública ................................................................................................................................ 9
4.2.1.2. Tribunal de contas............................................................................................................................. 10
4.2.2. Análise crítica do Relatório de Contas..................................................................................... 11
4.3. PLANO DE GESTÃO DE RISCOS DE CORRUPÇÃO E INFRAÇÕES CONEXAS ....................................... 19
4.3.1. Enquadramento teórico ............................................................................................................ 19
4.3.1.1. Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas ......................................................... 19
4.3.1.2. Corrupção ......................................................................................................................................... 21
4.3.1.2.1. Corrupção em Portugal ............................................................................................................. 25
4.3.1.3. Conselho de Prevenção da Corrupção .............................................................................................. 29
4.3.1.4. Infrações conexas.............................................................................................................................. 31
4.3.2. Análise Crítica ......................................................................................................................... 33
5. SISTEMA DE CONTROLO INTERNO DO MUNICÍPIO DO PORTO...................................... 38
5.1. CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO (CMP) ....................................................................................... 38
5.1.2. Missão, Visão e Valores gerais do Município do Porto ........................................................... 38
5.1.3. Estratégia ................................................................................................................................. 38
5.1.4. Estrutura Organizacional ......................................................................................................... 39
5.2. SISTEMA DE CONTROLO INTERNO ................................................................................................. 40
5.2.1. Enquadramento teórico ............................................................................................................ 40
5.2.2. Análise crítica .......................................................................................................................... 42
6. CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 44
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 46

Elsa Silva Página 2 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise crítica do relatório de
auditoria do Tribunal de Contas, o Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações
Conexas e Sistema de Controlo Interno. Esta análise está inserida na unidade curricular
de Auditoria Pública, que faz parte do Mestrado em Gestão das Organizações, ramo de
Gestão Pública, lecionado no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA).

A auditoria pública desempenha um papel fundamental na fiscalização e avaliação dos


órgãos e entidades governamentais, visando garantir a legalidade, eficácia e transparência
na gestão dos recursos públicos. Nesse contexto, o relatório de auditoria do Tribunal de
Contas é uma ferramenta essencial para a identificação de eventuais falhas e o
aperfeiçoamento dos sistemas de controlo interno e gestão de riscos.

Este estudo aborda a análise crítica de três documentos fundamentais: o relatório de


auditoria do Tribunal de Contas, o Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações
Conexas do IAPMEI e a Norma de Controlo Interno do Município do Porto.

O IAPMEI é uma entidade de referência no apoio ao desenvolvimento das pequenas e


médias empresas e à promoção da inovação. A análise crítica ao seu Relatório de
Auditoria do Tribunal de Contas e plano de gestão de riscos de corrupção e infrações
conexas é de extrema relevância, tendo em vista a importância estratégica da organização
e a necessidade de assegurar a integridade e transparência nas suas atividades. É
importante ressaltar que a falta de disponibilidade pública do sistema de controlo interno
do IAPMEI limitou esta análise.

A Câmara Municipal do Porto é o órgão executivo responsável pela gestão e


administração do município do Porto, uma das principais cidades de Portugal. A câmara
municipal é composta por um presidente e um conjunto de vereadores eleitos pelo povo.
A instituição tem como objetivo promover o desenvolvimento e o bem-estar da cidade,
implementando políticas e projetos nas áreas da educação, cultura, urbanismo, habitação,
transporte, turismo, entre outras. A análise da Norma de Controlo Interno do Município
do Porto revela um documento abrangente e bem estruturado, que visa promover a
eficiência e a legalidade nas atividades municipais.

Elsa Silva Página 3 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

2. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a análise crítica do relatório de auditoria do Tribunal de


Contas sobre o Sistema de Controlo Interno e Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e
Infrações Conexas baseou-se em uma abordagem qualitativa, com foco na leitura e análise
de documentos.

A abordagem qualitativa envolve a interpretação e compreensão aprofundada dos dados


e informações disponíveis, buscando captar nuances, contextos e significados
subjacentes. Nesse sentido, a leitura e análise dos documentos foram realizadas de forma
detalhada e minuciosa, procurando extrair informações relevantes e compreender o
contexto em que as instituições operam.

Ao utilizar esta abordagem, foram considerados diferentes tipos de documentos, como o


próprio relatório de auditoria do Tribunal de Contas, políticas internas, normas,
regulamentos, legislações, orientações e outras informações pertinentes ao sistema de
controlo interno e ao plano de gestão de riscos.

Ao longo do processo de análise, foram utilizadas técnicas de interpretação de dados,


procurando estabelecer conexões e relações entre as informações presentes nos
documentos. Estas técnicas permitiram obter uma visão mais abrangente e consistente do
funcionamento do sistema de controlo interno e do plano de gestão de riscos.

Elsa Silva Página 4 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

3. ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está dividido em seis partes, inicialmente, será apresentada uma introdução
que contextualiza a importância da transparência e integridade na gestão dos recursos
públicos. Em seguida, será descrita a metodologia utilizada, que envolveu a revisão
minuciosa dos documentos mencionados e a análise comparativa das práticas adotadas
pelos órgãos em questão.

Nesta, será explicada a organização do estudo, destacando as seções subsequentes. O foco


será dado à análise detalhada do Relatório de Auditoria do Tribunal de Contas e do Plano
de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas do IAPMEI, com ênfase na
identificação de eventuais inconsistências e lacunas nos mecanismos de controle.

Posteriormente, será realizada uma análise crítica do Sistema de Controlo Interno do


Município do Porto, examinando a efetividade dos mecanismos de controle adotados e
destacando pontos fortes e desafios enfrentados.

Finalmente, na conclusão, serão apresentados os principais resultados e considerações


obtidos a partir da análise crítica realizada. Será ressaltada a importância de fortalecer os
mecanismos de controle, promover a transparência e a integridade na gestão dos recursos
públicos.

Elsa Silva Página 5 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

4. RELATÓRIO DE AUDITORIA DO TRIBUNAL DE CONTAS E PLANO DE


GESTÃO DE RISCOS DE CORRUPÇÃO E INFRAÇÕES CONEXAS DO
IAPMEI

4.1. IAPMEI

O Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) é uma


entidade governamental portuguesa que tem como principal objetivo apoiar e promover
o desenvolvimento das pequenas e médias empresas (PMEs) e a inovação empresarial em
Portugal.

Criado em 1975, o IAPMEI desempenha um papel fundamental na implementação de


políticas de apoio às PMEs, contribuindo para o fortalecimento do tecido empresarial e
para a dinamização da economia portuguesa. Através de diversos programas, incentivos
e serviços, o IAPMEI procura fomentar a competitividade, o empreendedorismo e a
internacionalização das empresas de menor dimensão.

Além do apoio às PMEs, o IAPMEI também desempenha um papel relevante na


promoção da inovação empresarial. Através de programas de financiamento e incentivos,
o instituto estimula a realização de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação
(PD&I) nas empresas, incentivando a criação de produtos e serviços inovadores e a
adoção de práticas mais eficientes e sustentáveis.

O IAPMEI também desempenha funções de supervisão e controlo, assegurando o


cumprimento de obrigações legais e regulamentares por parte das empresas, e
colaborando com outras entidades públicas e privadas na definição de políticas e
estratégias para o desenvolvimento económico.

Dada a sua importância no panorama empresarial português, é essencial que o IAPMEI


adote um plano de gestão de riscos de corrupção e infrações conexas, visando garantir a
transparência, a legalidade e a integridade nas suas atividades. A análise crítica do
relatório de auditoria do Tribunal de Contas sobre o IAPMEI tem como objetivo
identificar eventuais falhas nesses sistemas e propor melhorias que contribuam para uma
gestão mais eficaz e responsável.

Elsa Silva Página 6 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

4.1.2. Missão, Visão e Valores

Missão

Promover a competitividade e o crescimento empresarial, assegurar o apoio à conceção,


execução e avaliação de políticas dirigidas à atividade industrial, visando o reforço da
inovação, do empreendedorismo e do investimento empresarial nas empresas que
exerçam a sua atividade nas áreas sob tutela do Ministério da Economia e do Mar,
designadamente das empresas de pequena e média dimensão, com exceção do setor do
turismo e das competências de acompanhamento neste âmbito atribuídas à Direção-Geral
das Atividades Económicas.

Visão

Ser o parceiro estratégico para a inovação e crescimento das empresas, empresários e


empreendedores.

Valores

Objetividade Atuação de modo imparcial e isento

Reserva e discrição em relação a factos e a informações recebidas


Confidencialidade
no exercício de funções

Independência e equidistância relativamente a todas as entidades e


Independência
pessoas com quem se estabeleçam relações no exercício de funções

Honestidade e lealdade pessoal e do interesse público representado,


Integridade
como garantia da veracidade e confiança no trabalho realizado

Profissionalismo, empenho e rigor técnico no cumprimento das


Competência e rigor
tarefas

Proporcionalidade Adequação de procedimentos aos objetivos da atividade

Elsa Silva Página 7 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

4.1.3. Estrutura e organização

A estrutura orgânica do IAPMEI conta com sete direções e vinte e oito departamentos. A
sua estrutura descentralizada visa assegurar uma presença em todo o território continental,
fomentando uma atuação de proximidade relativamente às empresas, empresários e
empreendedores e aprofundar o conhecimento das realidades empresariais locais.

Elsa Silva Página 8 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

4.2. Relatório de Auditoria do Tribunal de Contas

4.2.1. Enquadramento teórico

4.2.1.1. Auditoria Pública

A auditoria pública é realizada pelo Tribunal de Contas, que é o órgão máximo de


controlo externo das finanças públicas. O Tribunal de Contas é responsável por verificar
a legalidade, a regularidade, a eficiência e a eficácia da gestão financeira das entidades
do setor público.

As auditorias públicas têm como principais objetivos:

● Verificar a legalidade e regularidade dos atos de gestão financeira, orçamental e


patrimonial das entidades públicas.

● Avaliar a eficiência, eficácia e economia na utilização dos recursos públicos.

● Identificar e prevenir irregularidades, fraude e corrupção nas entidades públicas.

● Emitir pareceres e recomendações para a melhoria da gestão financeira e do


desempenho das entidades públicas.

● Promover a transparência e prestação de contas no setor público.

Durante uma auditoria pública, o Tribunal de Contas realiza análises e verificações dos
registos contabilísticos, dos processos de contratação pública, das operações financeiras,
do cumprimento das normas legais e regulamentares, entre outros elementos relacionados
à gestão dos recursos públicos.

O Tribunal de Contas emite relatórios de auditoria com os resultados das suas verificações
e recomendações para a correção de eventuais irregularidades ou melhorias na gestão das
entidades auditadas. Esses relatórios são submetidos ao Parlamento e divulgados
publicamente para garantir a transparência e o escrutínio público.

As leis n.º 148/2015 e n.º 99-A/2021 estabelecem o regime jurídico da supervisão de


auditoria em Portugal. Estas leis têm como objetivo regular e monitorizar as atividades
de auditoria, promovendo a transparência e a qualidade dos serviços prestados. Elas
definem as competências dos órgãos de supervisão, como a Comissão do Mercado de
Valores Mobiliários (CMVM) e a Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), na
fiscalização dos auditores. Além disso, as leis estabelecem requisitos de independência,

Elsa Silva Página 9 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

competência técnica e conduta ética em relação aos auditores. Também são previstas
inspeções, ações disciplinares e sanções em caso de infrações. Estas leis visam fortalecer
a confiança nos serviços de auditoria.

4.2.1.2. Tribunal de contas

O Tribunal de Contas é o órgão supremo de controlo financeiro e jurídico das entidades


públicas. A principal função é fiscalizar e controlar a legalidade, a regularidade, a
eficiência, a eficácia e a economia na utilização dos recursos públicos.

O Tribunal de Contas é regido pela Constituição da República Portuguesa, em especial


pelo seu artigo 214.º. Além disso, a legislação complementar que regulamenta o Tribunal
de Contas é a Lei n.º 54/2008, de 4 de setembro, que estabelece a Lei Orgânica do
Tribunal de Contas.

As competências do Tribunal de Contas em Portugal incluem:

● Emitir parecer prévio sobre a Conta Geral do Estado e das Regiões Autónomas;

● Efetuar auditorias e inspeções às contas e à gestão financeira das entidades públicas;

● Verificar a legalidade, a regularidade e a eficácia dos atos financeiros;

● Julgar as contas dos responsáveis por dinheiros e bens públicos;

● Avaliar os programas e as políticas públicas quanto aos seus impactos financeiros.

O Tribunal de Contas é composto por juízes conselheiros, que são nomeados pelo
Presidente da República, sob proposta do Conselho Superior do Ministério Público e após
audição da Assembleia da República. O mandato dos juízes conselheiros é de nove anos,
não renovável.

O Tribunal de Contas exerce uma função fiscalizadora independente, contribuindo para a


transparência e a responsabilidade na administração pública e garantindo a boa gestão dos
recursos do Estado.

O Tribunal de Contas em Portugal é organizado em três secções especializadas, conforme


estabelecido no artigo 15º da Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas
(LOPTC). Cada uma dessas secções possui diferentes competências e finalidades:

Elsa Silva Página 10 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

● 1ª Secção: Esta secção é responsável pela fiscalização prévia e concomitante dos atos
e contratos. Ela verifica a legalidade, a regularidade e a eficiência desses atos,
podendo aplicar multas e atribuir responsabilidades financeiras em determinados
casos.

● 2ª Secção: A segunda secção do Tribunal de Contas exerce a fiscalização sucessiva


e concomitante da atividade financeira. Ela analisa os atos financeiros realizados,
verificando sua legalidade e regularidade. Assim como a 1ª Secção, a 2ª Secção
também tem o poder de aplicar multas e relevar responsabilidades financeiras
conforme previsto na legislação.

● 3ª Secção: A terceira seção tem como finalidade exercer a função jurisdicional do


Tribunal de Contas. Ela é responsável por julgar os processos de efetivação de
responsabilidades financeiras e de aplicação de multas, mediante requerimento das
entidades competentes. Esta seção atua como uma instância de julgamento para casos
específicos relacionados a responsabilidades financeiras.

Esta divisão em secções permite ao Tribunal de Contas abranger diversas áreas de atuação
e garantir uma análise mais especializada e aprofundada das questões relacionadas ao
controlo financeiro do Estado português.

4.2.2. Análise crítica do Relatório de Contas

O relatório de auditoria financeira nº 10/2019 da 2ª Secção, faz uma análise da situação


financeira e patrimonial do IAPMEI no triénio 2014 -- 2016.

O relatório destaca algumas falhas na gestão financeira do IAPMEI e faz recomendações


para melhorar a eficiência e a eficácia das suas atividades.

O controlo interno do IAPMEI foi considerado regular, destacando-se os seguintes


pontos:

● Inexistência de manuais de controlo interno e de procedimentos contabilísticos, bem


como de formalização de procedimentos de gestão da tesouraria, dos ativos e
passivos financeiros e do imobilizado corpóreo;

Elsa Silva Página 11 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

● Deficiências dos sistemas de informação que não disponibilizam informação


agregada sobre a antiguidade das dívidas de e a terceiros, a sua distinção em vencida,
vincenda e a existência de contencioso;

● Inexistência de registo no sistema informático dos fundos disponíveis, não sendo


dado integral cumprimento ao disposto na LCPA (n.° 2 do artigo 5.°);

● Não realização de conciliações regulares entre a Direção Jurídica e de Contencioso e


o Departamento Financeiro sobre a evolução dos processos em contencioso de
dívidas de terceiros;

● As autorizações de pagamento não são numeradas automaticamente e, em regra, não


são datadas e não constam do Sistema de Gestão Documental;

● O fiscal único desempenha funções no IAPMEI desde 2006, já tendo ultrapassado o


limite de mandatos.

Em relação à execução orçamental do IAPMEI, pode-se destacar o seguinte:

Durante o período de 2014 a 2016, a receita própria foi a principal fonte de financiamento
do IAPMEI, representando 62,2% do total da receita em 2016. Esta receita foi
principalmente proveniente de ativos financeiros e saldos transitados, totalizando 662,8
milhões de euros.

No entanto, foi identificada uma diferença de 3,2 milhões de euros entre a receita
orçamental registada no Mapa de Fluxos de Caixa em 2016 e a receita inscrita no mapa
de Controlo Orçamental da receita.

Em relação à despesa, em 2016, ela alcançou 604,5 milhões de euros, voltando ao nível
registado em 2014. Esse aumento foi atribuído ao aumento dos gastos com ativos
financeiros e com pessoal. No caso das despesas com pessoal, o aumento foi
principalmente devido ao fim das reduções remuneratórias.

Em relação à situação financeira, pode-se destacar o seguinte:

O balanço do IAPMEI em 31 de dezembro de 2016 era de 3.455,4 milhões de euros, dos


quais 1.073,0 milhões de euros correspondiam aos fundos próprios, principalmente
constituídos por reservas e resultados transitados.

Elsa Silva Página 12 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

No entanto, o resultado líquido do exercício de 2016 foi negativo. Isso deveu-se à


diminuição significativa dos resultados correntes, que foi causada pelo aumento dos
custos operacionais e pela redução das prestações de serviços.

Em relação à utilização de contas indevidas:

O IAPMEI continuou a utilizar indevidamente uma conta bancária na banca comercial


para realizar movimentos não autorizados. No entanto, foi observada uma melhoria
significativa nessa área em comparação com a auditoria anterior realizada pelo Tribunal
de Contas em 2011.

No final de 2016, o IAPMEI ainda detinha um montante de 1,6 milhões de euros


relacionados às extintas Direções Regionais de Economia. Esse valor precisava ser
distribuído entre as três entidades que absorveram as competências das mencionadas
Direções Regionais.

Em relação a dívidas a terceiros:

As dívidas a receber que constam no balanço final totalizam 1.724,1 milhões de euros.
Deste valor, 9 milhões de euros estão provisionados devido a possíveis dificuldades de
cobrança.

Além disso, existem 50,6 milhões de euros de ordens de devolução relacionadas a apoios
concedidos no âmbito de programas anteriores que não estão contabilizados
adequadamente devido a diferentes práticas contabilísticas.

No que diz respeito à dívida de terceiros, há algumas questões relevantes:

● Não foram contabilizados corretamente os incentivos reembolsáveis com base no


prazo de reembolso, exceto os concedidos no âmbito do Portugal 2020.

● Nas contas de "Clientes, contribuintes e utentes", foram identificadas dívidas


incobráveis ou com alta probabilidade de não serem pagas devido à antiguidade ou
ao grande número de entidades devedoras em processo de insolvência.

● As dívidas incobráveis totalizavam 4,1 milhões de euros e não foram devidamente


ajustadas nas demonstrações financeiras.

Elsa Silva Página 13 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

● Uma dívida registada em nome da Secretaria Regional da Economia dos Açores, no


valor de 7,2 milhões de euros, não foi reconhecida por esse órgão durante o processo
de confirmação de saldos.

● O IAPMEI desconhece a origem de uma dívida registada na categoria de "Outros


devedores" no valor de 872,1 milhões de euros. Além disso, não foi encontrada
documentação de suporte para uma dívida de 28,9 milhões de euros na categoria de
"Clientes, contribuintes e utentes".

● Não há uma conta específica para registar as dívidas oriundas do Fundo de


Desenvolvimento Empresarial, o que dificulta a confirmação dos valores devidos a
esse fundo no final de 2016.

Em relação às Provisões:

Foi identificado um registo incorreto de uma provisão no valor de 4,7 milhões de euros
na conta do passivo denominada "Provisões para riscos e encargos". Além disso,
verificou-se que o valor dessa provisão excedeu as necessidades em 540 mil euros.

Não foi apresentada evidência que comprovasse a existência de 2 milhões de euros em


provisões para riscos e encargos.

Em relação ao imobilizado, foi subavaliado:

Os investimentos financeiros do IAPMEI estão subavaliados, o que resulta em distorções


nos ativos (menos 67,5 milhões de euros), nos fundos próprios (menos 38,9 milhões de
euros em reservas) e no passivo (menos 28,5 milhões de euros).

O património do IAPMEI oriundo do ex-Gabinete da Área de Sines inclui terrenos


rústicos que ainda aguardam a intervenção dos Serviços de Finanças competentes. Isso
impediu a reavaliação desses terrenos e o fiscal único não pôde emitir uma opinião sobre
a necessidade de ajustar o valor do imobilizado.

Os bens móveis transferidos do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação


para o IAPMEI ainda não estão registados.

Elsa Silva Página 14 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Em relação aos suplementos remuneratórios e benefícios sociais foram pagos


indevidamente:

Entre janeiro de 2016 e março de 2018, o sistema remuneratório do IAPMEI incluía


diversos suplementos remuneratórios, como diuturnidades, subsídio de função, subsídio
de isenção de horário de trabalho, abono por falhas e subsídio de lavagem de viaturas.

No ano de 2017, o IAPMEI não cumpriu o prazo estabelecido para comunicar as regalias
e benefícios suplementares do sistema remuneratório, atrasando cerca de 8 meses o seu
reporte.

Durante o período mencionado, foram pagos 255.420,23 € em suplementos


remuneratórios, dos quais 203.595,90 € correspondem ao subsídio de função. O
pagamento desses subsídios, com exceção de cinco assistentes técnicos que exercem
funções de secretariado de apoio ao Conselho Diretivo, foi interrompido em março de
2018 para os coordenadores informais e em maio e junho de 2018 para dois funcionários
de apoio ao Conselho Diretivo. Esses pagamentos foram considerados ilegais devido à
falta de base legal. O IAPMEI informou que encerrou a atribuição destes subsídios em 16
de janeiro de 2019.

No mesmo período, de janeiro de 2016 a março de 2018, foram pagos 40.633,55 € a três
funcionários a título de subsídio de isenção de horário de trabalho, o que está em
desconformidade com a legislação aplicável. O IAPMEI informou que também
interrompeu a atribuição deste subsídio durante o processo de contraditório.

Em relação ao benefícios sociais, foram feitos pagamentos indevidos de subsídio de


estudo:

Entre janeiro de 2016 e março de 2018, o IAPMEI realizou pagamentos no valor de


43.565,16 € a título de subsídio de estudo a trabalhadores admitidos antes da entrada em
vigor do Decreto-Lei n.° 14/2003. Esses pagamentos foram considerados indevidos, pois
não possuíam natureza retributiva e não podiam ser considerados como direitos
adquiridos. O IAPMEI informou que interrompeu a atribuição do subsídio de estudo
durante o processo de contraditório.

Em 31 de dezembro de 2016, as contribuições do IAPMEI para o Fundo de Pensões


totalizavam 7.145.773€. No entanto, em março de 2018, foi decidida a extinção desse
fundo pelo órgão de gestão, e o processo está em andamento.

Elsa Silva Página 15 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Os seguros de saúde, vida e acidentes pessoais oferecidos aos trabalhadores do IAPMEI


e seus agregados familiares, mantidos com base em decisões judiciais, são restritos apenas
aos trabalhadores admitidos antes da entrada em vigor do Decreto-Lei n.° 14/2003. No
entanto, esses seguros contrariam as disposições do referido diploma legal, bem como da
Lei n.° 53-A/2006 e da Lei n.° 35/2014 (LTFP).

Problemas
Resumo Contraditório
identificados

A receita própria foi a principal fonte de


financiamento do IAPMEI, mas houve uma
diferença entre a receita registada no Mapa
Execução
de Fluxos de Caixa e no mapa de Controlo
orçamental do --------
Orçamental da receita. Além disso, a despesa
IAPMEI
aumentou em 2016 devido aos gastos com
ativos financeiros e ao fim das reduções
remuneratórias.

Embora o IAPMEI tenha fundos próprios


Caracterização
consideráveis, o resultado líquido do
financeira:
exercício de 2016 foi negativo devido ao --------
resultado líquido
aumento dos custos operacionais e à redução
negativo
das prestações de serviços.

Em relação às saídas de
verbas, foi apresentada
O IAPMEI utilizou indevidamente uma
Disponibilidades: documentação que as
conta bancária e ainda tinha fundos a serem
utilização indevida sustenta. Quanto aos
distribuídos em relação às extintas Direções
de conta bancária créditos, o IAPMEI
Regionais de Economia.
desconhecia a sua
proveniência.

A ausência de uma conta específica para O IAPMEI referiu que


Dívida de terceiros: registar as dívidas do Fundo de irá proceder à análise e
subavaliada e falta Desenvolvimento Empresarial dificultou a avaliação desta situação,
de evidência confirmação dos valores devidos a esse aquando dos trabalhos de
fundo até o final de 2016 transição para o SNC-AP

Houve deficiências no registo adequado das O IAPMEI, veio referir


Provisões: provisões e falta de documentação que procederá à sua
deficiente registo e comprobatória para um montante análise e avaliação
falta de evidência significativo de provisões relacionadas a aquando dos trabalhos de
riscos e encargos. transição para o SNC-AP

Imobilizado: o imobilizado do IAPMEI foi subavaliado O IAPMEI solicitou à

Elsa Silva Página 16 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

subavaliado devido a investimentos financeiros AICEP Global


subavaliados, terrenos rústicos não informação sobre o
reavaliados e bens móveis não registados. ponto de situação dos
Isso causou distorções nas demonstrações processos de redefinição
financeiras do instituto. geométrica dos referidos
imóveis tendo aquela
entidade informado que
apesar dos esforços e
diligências conjuntas, a
demora verificada na
regularização destes
processos.

Durante o período mencionado, o IAPMEI


Suplementos realizou pagamentos ilegais relacionados a O IAPMEI informou
remuneratórios e suplementos remuneratórios, que, em 16 de janeiro de
benefícios sociais: especificamente subsídio de função e 2019, fez cessar a
pagamentos ilegais subsídio de isenção de horário de trabalho, respetiva atribuição.
em desacordo com a legislação aplicável.

Durante o período mencionado, o IAPMEI


Benefícios sociais:
realizou pagamentos indevidos de subsídio O IAPMEI informou que
pagamentos
de estudo a trabalhadores e possui contratos fez cessar a atribuição do
indevidos de
de seguro que não estão em conformidade subsídio de estudo
subsídio de estudo
com a legislação aplicável.

Em suma relativamente ao Acolhimento de Recomendações e Juízo:

O Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) apresentou


uma fraca evolução no acolhimento das recomendações do Relatório de Auditoria
anterior. A maioria das recomendações ainda não foram totalmente implementadas, mas
espera-se que sejam abordadas no âmbito da implementação do SNC-AP (Sistema de
Normalização Contabilística para as Administrações Públicas). Apesar das distorções
identificadas, as demonstrações financeiras e a execução orçamental do IAPMEI são
consideradas confiáveis, legais e regulares, resultando em um JUÍZO FAVORÁVEL
COM RESERVAS.

Das conclusões da auditoria, resultaram as seguintes recomendações:

Aos Ministros Adjunto e da Economia e das Finanças:

● Nomear o fiscal único, conforme exigido pela Lei Quadra dos Institutos Públicos.

Elsa Silva Página 17 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Aos Ministros Adjunto e da Economia, do Ambiente e da Transição Energética e das


Finanças:

● Garantir que as verbas do IAPMEI relacionadas às extintas Direções Regionais de


Economia sejam distribuídas adequadamente para as entidades que assumiram suas
competências.

À Agência para a Competitividade e Inovação, I.P. (IAPMEI):

a) Elaborar manuais de controlo interno e contabilístico.

b) Estabelecer procedimentos de conciliação regular entre a Direção Jurídica e de


Contencioso e o Departamento Financeiro para acompanhar o andamento dos
processos em contencioso.

c) Incluir as autorizações de pagamento no sistema de gestão documental, com


numeração sequencial e datação.

d) Utilizar a conta na banca comercial apenas para operações relacionadas à custódia de


valores mobiliários, excluindo títulos da dívida pública.

e) Desenvolver um sistema de informação que forneça dados agregados sobre a


antiguidade das dívidas a terceiros, distinguindo-as entre vencida, vincenda e a
existência de contencioso.

f) Implementar um sistema informático para calcular os fundos disponíveis de acordo


com as normas legais.

g) No âmbito do processo de implementação do SNC-AP:

● Avaliar a origem dos saldos credores nas contas específicas e regularizá-los


contabilisticamente.

● Analisar a incobrabilidade das dívidas registadas em contas específicas.

● Identificar, em colaboração com as entidades competentes da Região Autónoma dos


Açores, o montante em dívida registado.

● Avaliar a necessidade de reduzir ou anular a provisão na conta específica relacionada


a "Provisões para riscos e encargos".

● Realizar a contabilidade correta dos bens móveis transferidos do INETI, de acordo


com as normas contabilísticas.

Elsa Silva Página 18 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

h) Proceder à extinção do Fundo de Pensões do IAPMEI.

i) Encerrar os pagamentos dos seguros de saúde, de vida e de acidentes pessoais.

4.3. Plano de gestão de riscos de corrupção e infrações conexas

4.3.1. Enquadramento teórico

4.3.1.1. Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas

O Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas (PGRCIC) é um


documento estratégico que estabelece as diretrizes, políticas e medidas adotadas por uma
organização para prevenir, identificar e combater a corrupção e outras práticas indevidas
relacionadas.

Este plano tem como objetivo principal promover a integridade, a transparência e a ética
na organização, estabelecendo mecanismos eficazes para evitar a ocorrência de atos de
corrupção, suborno, fraudes e outras infrações que possam comprometer a integridade
institucional e a confiança pública.

No âmbito do Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas, são


realizadas avaliações de risco, identificando as áreas e atividades mais suscetíveis a
práticas ilícitas. Com base nessa análise, são implementadas medidas preventivas, como
políticas de ética e conduta, controlos internos, canais de denúncia e outras ações que
visam fortalecer a cultura de integridade e reduzir os riscos de corrupção.

Além disso, o plano pode estabelecer procedimentos para investigação, detecção e


repressão de atos ilícitos, bem como prever ações de monitorização e avaliação contínua
dos resultados alcançados, permitindo aperfeiçoar constantemente as políticas e práticas
anticorrupção da organização.

A elaboração de um Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas pode


variar dependendo da organização ou entidade em questão, mas geralmente segue os
seguintes passos:

● Identificação e avaliação dos riscos: O primeiro passo é realizar uma análise


detalhada das atividades, processos e áreas de maior vulnerabilidade a riscos de
corrupção e infrações conexas. Isso pode envolver revisão de políticas internas,

Elsa Silva Página 19 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

identificação de pontos fracos nos processos, revisão da estrutura organizacional,


análise de transações financeiras, entre outros.

● Avaliação do ambiente interno: É importante avaliar o ambiente interno da


organização, incluindo a cultura organizacional, o sistema de governação, os
controlos internos e a consciencialização dos funcionários sobre ética e
anticorrupção. Isso pode ser feito por meio de entrevistas, questionários, revisão de
documentos e outras técnicas de avaliação.

● Definição de objetivos e estratégias: Com base na análise de riscos e na avaliação


do ambiente interno, são estabelecidos os objetivos e as estratégias do Plano de
Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas. Isso pode incluir a definição de
medidas de prevenção, detecção e combate à corrupção, a criação de políticas e
procedimentos específicos, entre outras ações.

● Implementação das ações: Nesta etapa, as medidas e ações definidas no plano são
colocadas em prática. Isso envolve a criação e implementação de políticas, a
realização de formação e workshops, a comunicação interna sobre os objetivos e
estratégias do plano, a revisão e aperfeiçoamento dos controlos internos, entre outras
atividades.

● Monitorização e avaliação contínua: Um plano de gestão de riscos de corrupção e


infrações conexas deve ser constantemente monitorizado e avaliado para verificar a
sua eficácia. Isso pode ser feito por meio de indicadores de desempenho, auditorias
internas, revisões periódicas, pesquisas de satisfação dos funcionários, entre outros
métodos. Com base nos resultados dessa avaliação, ajustes e melhorias podem ser
feitos no plano.

É importante ressaltar que a elaboração de um Plano de Gestão de Riscos de Corrupção


e Infrações Conexas requer a participação e o envolvimento de todos os níveis
hierárquicos da organização, além de um compromisso sério com a ética e a transparência.

O Regime Geral de Prevenção da Corrupção (RGPC), estabelecido pelo Decreto-Lei n.º


109-E/2021, de 9 de dezembro, torna obrigatório que pessoas coletivas em Portugal com
50 ou mais trabalhadores implementem medidas de prevenção da corrupção. Isso inclui
a criação de um Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas, um
Código de Conduta, canais de denúncia e um Plano de Formação e Comunicação.

Elsa Silva Página 20 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

4.3.1.2. Corrupção

O Código Penal português prevê o crime de corrupção no quadro do exercício de funções


públicas (artigos 372.º a 374.º-A), embora a corrupção possa existir nos mais diversos
setores de atividade.

Geralmente fala-se em corrupção quando uma pessoa, que ocupa uma posição dominante,
aceita receber uma vantagem indevida em troca da prestação de um serviço.

A corrupção é um fenómeno complexo e multifacetado que tem sido abordado por


diversos autores. Aqui estão algumas definições de corrupção fornecidas por diferentes
estudiosos:

Luís de Sousa: “A corrupção é uma das maiores fragilidades da democracia portuguesa.


Já não é o bem-estar ou o estado da economia que estão no topo das nossas preocupações,
mas a corrupção, a ineficiência e a desonestidade”.

Paulo de Morais: A corrupção e a captura da política pelos interesses económicos “inibem


o desenvolvimento do país” e colocam a “democracia em perigo”. “A corrupção em
Portugal é muito pior do que na maioria dos países civilizados”. “Só através de uma
enorme pressão da opinião pública se poderá atuar ao nível da corrupção”

A corrupção pode ser classificada em 3 tipos:

● Pequena Corrupção: Refere-se a atos de corrupção de baixo nível que ocorrem no


dia a dia, envolvendo pequenas quantias de dinheiro. Exemplos incluem subornar um
policial de trânsito para evitar uma multa ou pagar um funcionário público para
agilizar um processo burocrático.

● Corrupção de Negócios: Envolve a corrupção no setor privado, especialmente em


transações comerciais. Isso pode incluir subornos a funcionários de empresas para
obter vantagens comerciais, manipulação de concorrências ou uso de influência
indevida para obter contratos lucrativos.

● Corrupção de Influências: Refere-se à corrupção que ocorre quando indivíduos ou


grupos com poder e influência usam os contatos e conexões para obter benefícios
indevidos. Isso pode incluir a nomeação de pessoas não qualificadas para cargos
importantes, direcionar recursos públicos para interesses pessoais ou o uso de lobby
e financiamento político para influenciar decisões políticas.

Elsa Silva Página 21 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Estes tipos de corrupção podem se sobrepor e interagir entre si, e é importante abordá-los
para combater efetivamente a corrupção na sociedade.

Os elementos do crime de corrupção podem variar de acordo com a legislação de cada


país, mas geralmente incluem os seguintes elementos:

● Uma ação ou omissão: Refere-se à conduta do agente que está envolvido na


corrupção. Pode ser a solicitação, oferta, aceitação ou recebimento de uma vantagem
indevida.

● A prática de um ato lícito ou ilícito: A corrupção pode envolver tanto atos ilícitos
(como suborno, extorsão, fraude) quanto atos lícitos (como favorecimento indevido,
tráfico de influência). Dependendo da legislação, alguns atos específicos podem ser
considerados como corrupção.

● A contrapartida de uma vantagem indevida: É necessário que haja uma oferta ou


promessa de uma vantagem indevida em troca da ação ou omissão do agente. Essa
vantagem pode ser financeira (dinheiro, presentes), benefícios pessoais, favores,
entre outros.

● Para o próprio ou para um terceiro: A corrupção pode ocorrer tanto em benefício


próprio do agente corrupto como em benefício de terceiros. Estes terceiros podem
ser indivíduos, organizações ou entidades.

As causas da corrupção podem ser multifacetadas e complexas, variando de país para


país e de contexto para contexto. Alguns dos fatores frequentemente associados à
corrupção incluem:

● Existência de desigualdades sociais: A desigualdade socioeconómica pode criar um


ambiente propício para a corrupção, pois pessoas em situações de vulnerabilidade
podem ser mais suscetíveis a procurar vantagens ilícitas para melhorar a sua
condição.

● Baixo nível de educação e de valores éticos: A falta de educação de qualidade e a


ausência de valores éticos sólidos podem levar a comportamentos corruptos. A
educação desempenha um papel crucial na formação de cidadãos conscientes,
responsáveis e comprometidos com o bem comum.

Elsa Silva Página 22 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

● Políticas governamentais ineficazes: Políticas governamentais ineficientes, falta de


planeamento adequado, implementação inadequada de regulamentações e falta de
supervisão podem abrir espaço para práticas corruptas.

● Dificuldades de acesso à informação relativa aos serviços públicos: A falta de


transparência e de acesso à informação em relação aos serviços públicos pode
permitir que a corrupção prospere.

● Deficiente sistema legal e de fiscalização: A existência de um sistema legal fraco,


falta de mecanismos eficientes de fiscalização e aplicação de leis anticorrupção
podem encorajar a corrupção. É essencial ter um sistema jurídico robusto e eficaz
para prevenir e combater a corrupção.

● Burocracia excessiva: A burocracia excessiva e complexa pode criar oportunidades


para a corrupção, uma vez que as pessoas podem ser tentadas a oferecer ou receber
subornos para acelerar processos ou evitar obstáculos burocráticos.

● Falta de ética e de transparência nos organismos públicos: Quando a ética e a


transparência são negligenciadas nos organismos públicos, os funcionários e agentes
públicos podem envolver-se em práticas corruptas sem medo de consequências.

● Acumulação de cargos: A acumulação excessiva de cargos por parte de funcionários


públicos pode levar a conflitos de interesse e facilitar a ocorrência de atos corruptos.
A sobrecarga de trabalho e a falta de supervisão adequada podem permitir a prática
de atos corruptos sem serem detectados.

A corrupção também tem efeitos negativos:

● Diminuição do desenvolvimento económico: A corrupção desvia recursos que


poderiam ser usados para investimentos produtivos, infraestrutura e desenvolvimento
económico. Isso resulta num menor crescimento económico e limita as oportunidades
de progresso para a sociedade como um todo.

● Prejudica a livre concorrência económica: A corrupção distorce a competição justa


e prejudica o ambiente de negócios. Empresas corruptas podem obter vantagens
indevidas, como contratos públicos, acesso privilegiado a recursos e benefícios
fiscais injustos, o que prejudica a concorrência saudável e impede a entrada de novos
concorrentes.

Elsa Silva Página 23 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

● Prejudica o normal funcionamento dos mercados: A corrupção afeta o


funcionamento adequado dos mercados, criando distorções e impedindo a alocação
eficiente de recursos. Isso pode levar a ineficiências económicas, falta de confiança
dos investidores e desequilíbrios económicos.

● Arruína a prestação dos serviços públicos: A corrupção compromete a qualidade


e eficiência dos serviços públicos, pois recursos destinados a áreas como saúde,
educação, segurança e infraestrutura são desviados indevidamente. Isso prejudica
diretamente a vida das pessoas e dificulta o desenvolvimento social.

● Lesa o património público: A corrupção resulta na apropriação indevida de recursos


públicos, como desvio de fundos, suborno e fraude. Isso diminui o património
público e priva a sociedade dos benefícios que esses recursos poderiam fornecer.

● Compromete a vida das gerações atuais e futuras: A corrupção cria um ciclo


vicioso que afeta negativamente as gerações presentes e futuras. Os recursos
desviados de investimentos em serviços essenciais, infraestrutura e desenvolvimento
sustentável têm um impacto duradouro nas condições de vida e nas perspectivas de
progresso das gerações futuras.

● Reduz o investimento estrangeiro: A corrupção desencoraja o investimento


estrangeiro, pois os investidores temem a falta de transparência, práticas corruptas e
a possibilidade de serem explorados. Isso prejudica o crescimento económico, a
criação de empregos e a transferência de conhecimento e tecnologia.

● Promove o fraco desempenho económico: A corrupção cria um ambiente de


negócios instável e imprevisível, o que leva a uma má alocação de recursos, falta de
investimento e fraco desempenho económico em geral. Isso impede o
desenvolvimento sustentável e prejudica a competitividade do país.

● Reduz as receitas fiscais: A corrupção diminui as receitas fiscais do governo, pois


recursos são desviados. Isso limita a capacidade do governo fornecer serviços
públicos adequados e investir no desenvolvimento do país.

● Diminuição do desenvolvimento social: A corrupção desvia recursos que poderiam


ser utilizados para programas sociais, serviços de saúde, educação e desenvolvimento
comunitário. Isso leva a uma diminuição do bem-estar social e limita as
oportunidades de progresso aos indivíduos e comunidades.

Elsa Silva Página 24 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

● Aumenta a desigualdade social: A corrupção favorece os interesses de alguns em


detrimento de outros, aumentando a desigualdade de oportunidades e acesso a
serviços e recursos. Isso aprofunda as divisões sociais e económicas, prejudicando
os grupos mais vulneráveis da sociedade.

● Ameaça os Estados de direito democrático, diminuindo a qualidade da


democracia: A corrupção mina os princípios fundamentais de um Estado de direito
democrático, como transparência, prestação de contas e igualdade perante a lei. Isso
compromete a qualidade da democracia e enfraquece as instituições democráticas.

● Mina os fundamentos da cidadania, da confiança, da credibilidade e da coesão


social: A corrupção mina a confiança dos cidadãos nas instituições públicas e nos
líderes políticos, comprometendo a credibilidade do sistema. Isso leva à desilusão,
apatia cívica e diminuição da participação cidadã, prejudicando a coesão social.

● Corrói a dignidade dos cidadãos e deteriora o convívio social: A corrupção cria


um ambiente de desonestidade e injustiça, onde os valores morais e éticos são
comprometidos. Isso mina a dignidade dos cidadãos e prejudica as relações sociais,
levando a um ambiente de desconfiança e deterioração do convívio comunitário.

● Mina a confiança dos cidadãos relativamente às instituições públicas e aos


respetivos representantes: A corrupção abala a confiança dos cidadãos nas
instituições públicas, incluindo o governo, a polícia, a justiça e os representantes
políticos. Isso leva a uma percepção negativa das instituições e enfraquece a
legitimidade do sistema político.

● Dilui no sistema político, administrativo e judicial: A corrupção infiltra-se no


sistema político, administrativo e judicial, comprometendo a imparcialidade, a
eficiência e a eficácia dessas instituições. Isso leva à impunidade, à injustiça e ao
enfraquecimento do Estado de direito.

4.3.1.2.1. Corrupção em Portugal

A corrupção em Portugal tem sido um problema crescente desde meados dos anos 90, e
isso pode ser atribuído a alguns fatores. Um deles é a atribuição de avultadas verbas
provenientes da União Europeia, o que aumentou as oportunidades de desvio de recursos

Elsa Silva Página 25 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

e fraudes. Além disso, o sistema penal em Portugal é considerado lento, o que dificulta a
efetividade na investigação e punição de casos de corrupção.

Outro fator é o poder económico concentrado nas mãos de indivíduos com meios de
defesa poderosos, o que torna mais difícil responsabilizá-los por práticas corruptas. É
importante ressaltar que cerca de 54% dos portugueses têm uma conceção tolerante da
corrupção, o que pode contribuir para a sua persistência na sociedade.

Uma característica interessante em Portugal é a aceitação da corrupção estilo "Robin


Hood", ou seja, quando ocorre desvio de recursos em benefício de grupos ou comunidades
marginalizadas. Esse tipo de corrupção tem uma grande aceitação na sociedade
portuguesa, o que pode influenciar a percepção geral sobre o problema.

No contexto municipal, os municípios portugueses concentram os principais fatores de


corrupção. De fato, aproximadamente 69% dos processos instaurados por corrupção
envolvem Câmaras Municipais, indicando a presença significativa deste problema nesse
âmbito.

Estes dados ressaltam a importância de fortalecer os mecanismos de prevenção, detecção


e punição da corrupção em Portugal, bem como promover uma cultura de integridade e
ética em todos os níveis da sociedade.

A corrupção em Portugal tem-se concentrado em algumas áreas específicas, incluindo:

● Favorecimento de certas empresas: Esse tipo de corrupção ocorre quando empresas


são beneficiadas indevidamente em processos de contratação pública, licenciamentos
ou obtenção de contratos, em troca de favores ou subornos.

● Setor do urbanismo: O urbanismo é um setor particularmente propenso à corrupção,


principalmente no que diz respeito à negociação dos Planos Diretores Municipais,
licenciamentos e projetos de obras. Corrupção neste contexto envolve a manipulação
de processos de licenciamento para beneficiar interesses privados.

● Tráfico de influências: Esse tipo de corrupção ocorre quando indivíduos com poder
ou influência usam sua posição para obter vantagens indevidas, como favores,
contratos ou benefícios económicos.

Elsa Silva Página 26 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

● Contratação de serviços públicos: A corrupção pode ocorrer na contratação de


serviços públicos, envolvendo o pagamento de propinas ou subornos em troca de
contratos ou para garantir a atribuição de serviços a empresas específicas.

● Desvios de fundos públicos: Esse tipo de corrupção envolve a apropriação indevida


de fundos públicos para fins privados ou partidários, desviando recursos que
deveriam ser destinados ao interesse público para benefício pessoal.

● Utilização indevida de estruturas públicas: A corrupção pode ocorrer quando


estruturas públicas, como autarquias (municípios) e outras entidades governamentais,
são utilizadas para fins privados criminosos, como desvio de recursos, favorecimento
de interesses particulares ou partidários, ou práticas ilegais.

Esses são alguns dos principais focos da corrupção em Portugal, e combatê-los exige a
implementação de medidas efetivas de prevenção, detecção e punição, além do
fortalecimento da transparência, integridade e responsabilização no setor público.

O Group of States against Corruption (GRECO) e a Transparency International são dois


organismos que desempenham papéis importantes na prevenção e combate à corrupção:

● Group of States against Corruption (GRECO): O GRECO é um órgão do


Conselho da Europa que visa promover a adesão a padrões anticorrupção por parte
dos Estados membros.

● Transparency International: A Transparency International (TI) é uma organização


não governamental global dedicada à luta contra a corrupção.

Em Portugal, existem diversos organismos e entidades que desempenham um papel


importante na prevenção e combate à corrupção:

● Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC): A UNCC é uma unidade


especializada da Polícia Judiciária responsável pela prevenção, detecção e
investigação criminal de crimes de corrupção, peculato, tráfico de influências e
participação económica em negócio. Atua em cooperação com as autoridades
judiciárias no combate à corrupção.

● Transparência e Integridade, Associação Cívica (TIAC): A TIAC é a


representante nacional da Transparency International em Portugal. É uma associação
cívica dedicada à promoção da transparência, integridade e combate à corrupção. A

Elsa Silva Página 27 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

TIAC trabalha na sensibilização, investigação e monitorização da corrupção em


Portugal.

● Conselho de Prevenção da Corrupção: O Conselho de Prevenção da Corrupção é


uma entidade nacional que desenvolve atividades no campo da prevenção da
corrupção e infrações conexas. É responsável por promover ações de prevenção,
realizar estudos e emitir recomendações para prevenir e combater a corrupção.

● Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF): O OBEGEF tem


como objetivo contribuir para o conhecimento e a prevenção da fraude em Portugal.
Realiza estudos, promove a investigação científica, divulga conhecimentos e procura
melhorar a compreensão pública sobre a fraude e a sua prevenção.

Estas entidades desempenham papéis complementares na prevenção, detecção,


investigação, sensibilização e combate à corrupção em Portugal. Trabalham em
colaboração com outras instituições, autoridades judiciárias e a sociedade civil para
promover a transparência, a integridade e o combate a práticas corruptas.

Medidas de prevenção e combate à corrupção são cruciais para promover a integridade,


transparência e fortalecer as instituições públicas. Em Portugal, diversas ações têm sido
implementadas para reduzir os índices de corrupção e promover uma cultura de
legalidade, integridade e ética.

Alguns exemplos destas medidas incluem:

● Alterações legislativas: Atualizar e fortalecer a legislação anti-corrupção para lidar


com as novas práticas corruptas e aprimorar os mecanismos de repressão a esses
crimes.

● Promoção da transparência pública: Garantir que a administração pública seja


transparente e acessível ao público, permitindo o escrutínio dos processos e decisões.

● Redução da burocracia: Simplificar os processos administrativos, eliminar


procedimentos desnecessários e exigências burocráticas excessivas, reduzindo assim
as oportunidades de corrupção.

● Promoção de uma cultura de legalidade, integridade e ética: Sensibilizar a


sociedade, através de campanhas educativas e programas de formação, para a
importância de comportamentos éticos e da rejeição à corrupção.

Elsa Silva Página 28 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

● Melhoria dos sistemas informatizados: Investir em tecnologia e sistemas eficientes


para melhorar a gestão pública, reduzir o uso de papel e minimizar a possibilidade de
fraudes e desvios.

● Melhoria dos sistemas de controlo interno: Reforçar os mecanismos de controlo e


supervisão interna nas instituições públicas, garantindo a identificação precoce de
irregularidades e o combate à corrupção.

● Dinamização das entidades inspetoras: Fortalecer as entidades responsáveis pela


fiscalização e controlo, garantindo recursos adequados e promovendo a cooperação
com outros órgãos de combate à corrupção.

● Melhorar a articulação entre o Ministério Público e a Polícia Judiciária:


Estabelecer uma maior cooperação e troca de informações entre estas instituições
para agilizar as investigações e processos relacionados com a corrupção.

● Melhoria do tratamento das denúncias anónimas: Estabelecer mecanismos


seguros e eficazes para receber e investigar denúncias anónimas, garantindo a
proteção dos denunciantes.

● Criação de um Cadastro nacional de entidades não idóneas e suspensas: Manter


um registo atualizado de empresas e indivíduos envolvidos em casos de corrupção,
para evitar que participem de contratos públicos ou obtenham benefícios do Estado.

● Divulgação e promoção das entidades comprometidas com a ética e a


integridade (Cadastro pró-ética): Reconhecer e incentivar empresas e organizações
que adotam práticas transparentes e anticorrupção, promovendo a integridade no
setor privado.

● Criação de uma unidade independente contra a corrupção: Estabelecer uma


unidade especializada, com autonomia e recursos adequados, para investigar casos
de corrupção e promover o combate efetivo a esse crime.

4.3.1.3. Conselho de Prevenção da Corrupção

Em Portugal há um órgão regulador, o Conselho de Prevenção da Corrupção (CPC),


criado pela Lei n.º 54/2008, de 4 de setembro. Esta legislação estabeleceu a criação do
CPC como um órgão consultivo independente responsável por promover e desenvolver

Elsa Silva Página 29 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

ações de prevenção da corrupção. No exercício das suas competências, o CPC publicou,


em 1 de julho de 2009, a Recomendação nº 1/2009, publicada no Diário da República, 2.ª
série, n.º 140, de 22 de julho de 2009.

As principais áreas abordadas na Recomendação nº 1/2009 incluem:

● Elaboração de códigos de ética e conduta: Recomenda a criação de códigos de ética


e conduta para os funcionários e agentes públicos, estabelecendo princípios éticos e
regras de conduta a serem seguidas.

● Implementação de sistemas de controlo interno: Recomenda o estabelecimento de


sistemas de controlo interno eficazes para garantir a legalidade, regularidade e
eficiência na gestão dos recursos públicos.

● Transparência na contratação pública: Recomenda a adoção de medidas que


promovam a transparência e a concorrência nos processos de contratação pública,
assegurando a igualdade de tratamento e a publicidade dos procedimentos.

● Sensibilização e formação: Recomenda a realização de ações de sensibilização e


formação sobre ética, integridade e prevenção da corrupção, visando promover uma
cultura de responsabilidade e transparência.

● Canais de denúncia: Recomenda a implementação de canais de denúncia internos,


para permitir que os funcionários e agentes públicos reportem suspeitas de corrupção
ou irregularidades, garantindo a confidencialidade e proteção dos denunciantes.

Em 2015, houve uma Recomendação aprovada em 1 de julho de 2015 (Recomendação


3/2015), publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 132, de 9 de julho de 2015, na
qual se estabelece que em resultado de um processo de análise e reflexão internas das
entidades destinatárias da ação do CPC, devem os planos elaborados por essas mesmas
entidades identificar, de modo exaustivo os riscos de gestão, incluindo os de corrupção,
bem como as correspondentes medidas preventivas.

Em 2019, volta a haver nova recomendação, a Recomendação aprovada em 2 de outubro


de 2019 (Recomendação 4/2019), publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 231, de
2 de dezembro de 2019, na qual se estabelecem medidas de prevenção de riscos na
contratação pública.

Elsa Silva Página 30 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Em 2020, devido à situação atípica, volta a haver nova recomendação, esta aprovada em
6 de maio de 2020 (Recomendação n.º 2/2020), publicada no Diário da República, 2ª
série, n.º 94, de 14 de maio de 2020, no qual se estabelecem medidas de prevenção de
riscos de corrupção e infrações conexas no âmbito das medidas de resposta ao surto
pandémico da COVID-19.

4.3.1.4. Infrações conexas

Infrações conexas referem-se a uma série de crimes relacionados à corrupção e ao abuso


de poder. Em Portugal, como em outros países, existem leis que criminalizam essas
condutas, procurando combater ativamente estas práticas prejudiciais. Algumas das
infrações conexas comuns incluem:

● Peculato: Apropriação indevida de bens públicos por parte de um funcionário


público, utilizando a sua posição para obter benefícios pessoais.

● Suborno: Oferecer, prometer ou dar dinheiro, bens ou vantagens a um funcionário


público para influenciar as ações ou decisões em benefício próprio ou de terceiros.

● Espionagem: Obter informações confidenciais, sigilosas ou protegidas por parte de


um indivíduo ou grupo com intenção de prejudicar interesses nacionais ou privados.

● Sabotagem: Realizar ações deliberadas para prejudicar ou destruir bens,


infraestruturas ou atividades de interesse público ou privado.

● Concussão: Exigir, de forma ilegítima, vantagens ou pagamentos de terceiros em


troca da prática ou omissão de atos por parte de um funcionário público.

● Abuso de poder: Utilização indevida do poder, cargo ou posição de autoridade para


obter benefícios pessoais ou prejudicar terceiros.

● Branqueamento: Processo de ocultar ou disfarçar a origem ilícita de bens ou


dinheiro provenientes de atividades criminosas, tornando-os aparentemente
legítimos.

● Fraude em eleição: Manipulação, falsificação ou corrupção de processos eleitorais


com o objetivo de influenciar resultados ou obter vantagens indevidas.

Elsa Silva Página 31 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

● Prevaricação: Prática de atos contrários aos deveres de um funcionário público, em


benefício próprio ou de terceiros, prejudicando o interesse público.

● Tráfico de influência: Utilização indevida do poder ou influência para obter


vantagens ou benefícios pessoais ou para terceiros.

● Usurpação de funções: Exercício ilegal de funções públicas ou atribuições


reservadas a determinadas autoridades ou cargos.

● Favorecimento pessoal: Beneficiar alguém indevidamente, em detrimento de outras


pessoas ou do interesse público, por meio de influência ou poder.

● Violação do segredo de escrutínio: Revelação não autorizada de informações


relacionadas ao processo de votação ou apuração de eleições.

● Coação contra órgãos constitucionais: Prática de atos de ameaça, violência ou


pressão sobre órgãos constitucionais ou membros, visando influenciar suas decisões.

● Falsidade de perícia: Apresentação de perícias falsas ou adulteradas para induzir ao


erro ou obter vantagens indevidas em processos judiciais ou administrativos.

Estas infrações conexas estão sujeitas a punições legais, visando proteger a integridade
das instituições públicas e a sociedade como um todo.

Em Portugal, foram promulgadas duas leis importantes para fortalecer a prevenção e


combate à corrupção, promovendo a transparência e a integridade nas instituições
públicas e privadas.

A Resolução do Conselho de Ministros n.º 37/2021, aprovada em abril de 2021,


estabelece a Estratégia Nacional Anticorrupção 2020-2024. Essa estratégia tem como
objetivo principal identificar as causas e formas de corrupção, estabelecer objetivos
estratégicos e implementar medidas de prevenção e detecção. Além disso, procura
promover a cooperação tanto a nível nacional como internacional no combate à
corrupção.

Por outro lado, o Decreto-Lei n.º 109-E/2021, datado de dezembro de 2021, cria o regime
geral de prevenção da corrupção. Este decreto estabelece a criação do Mecanismo
Nacional Anticorrupção, responsável pela promoção, coordenação e monitorização das
políticas de prevenção da corrupção. Também prevê a implementação de Programas de

Elsa Silva Página 32 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Prevenção de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas, a promoção da transparência e


do controlo interno, bem como medidas de responsabilização e cooperação internacional.

Estas leis refletem o compromisso de Portugal em combater a corrupção, fortalecer a


governação e a ética nas instituições públicas e privadas, e promover a transparência e a
integridade como pilares fundamentais do Estado de Direito. Por meio dessas medidas,
procura-se construir uma sociedade mais justa e confiável, onde a corrupção seja
efetivamente combatida e os princípios democráticos sejam preservados.

4.3.2. Análise Crítica

O Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas (PGRCIC) do IAPMEI


foi elaborado e aprovado em 28 de dezembro de 2009, em conformidade com a
Recomendação do Conselho da Prevenção da Corrupção (CPC) datada de 1 de julho de
2009. Atualmente, o plano está disponível na página eletrónica da instituição, sendo
regularmente atualizado, sendo a última atualização registada em dezembro de 2021. No
entanto, além deste plano, o IAPMEI implementou outras iniciativas no combate à
corrupção.

Uma destas iniciativas é a Declaração de Política Antifraude, que estabelece os princípios


e valores fundamentais que norteiam a atuação do IAPMEI no que diz respeito à
prevenção e combate à fraude. Esta declaração reforça o compromisso da instituição em
adotar medidas para evitar práticas fraudulentas e promover a transparência e a ética nas
suas atividades.

Outra iniciativa importante é a participação do IAPMEI na Campanha Anticorrupção do


UN Global Compact. O UN Global Compact é uma iniciativa das Nações Unidas que
procura mobilizar empresas e organizações em todo o mundo para adotar princípios de
responsabilidade social corporativa. A participação do IAPMEI nessa campanha
demonstra o compromisso em promover a integridade e combater a corrupção.

Além disso, o IAPMEI é signatário da Convenção Anti-Corrupção Portugal-OCDE. Esta


convenção, desenvolvida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE), visa estabelecer padrões e medidas efetivas para prevenir e
combater a corrupção em diferentes setores da sociedade. A adesão do IAPMEI a essa

Elsa Silva Página 33 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

convenção reforça seu compromisso em seguir diretrizes internacionais no combate à


corrupção.

O IAPMEI também possui um Canal de Denúncias, que permite que funcionários,


parceiros e o público em geral denunciem irregularidades, fraudes ou atos de corrupção
que possam ocorrer no âmbito da instituição. Esse canal é uma ferramenta importante
para incentivar a denúncia e garantir que casos de corrupção sejam investigados e tratados
adequadamente.

Em conjunto, o PGRCIC, a Declaração de Política Antifraude, a participação na


Campanha Anticorrupção do UN Global Compact, a adesão à Convenção Anti-Corrupção
Portugal-OCDE e a disponibilização do Canal de Denúncias refletem o compromisso do
IAPMEI em promover uma cultura de integridade, transparência e combate à corrupção.
Estas iniciativas contribuem para fortalecer a confiança nas atividades do IAPMEI e na
sociedade como um todo.

O (PGRCIC) do IAPMEI está estruturado de forma abrangente para prevenir e combater


a corrupção e outras práticas indevidas na instituição. Ele divide-se em seções que visam
identificar os responsáveis, apresentar o organograma, identificar as áreas e atividades,
avaliar os riscos, adotar medidas de controlo e monitorização, além de designar os
responsáveis por cada ação.

A primeira seção do plano consiste na Identificação dos Responsáveis, na qual são


especificados os indivíduos ou unidades organizacionais responsáveis pela
implementação e supervisão das atividades relacionadas ao combate à corrupção. Isso
garante que as responsabilidades sejam atribuídas de forma clara e que haja accountability
em todas as etapas do processo.

Em seguida, o Plano apresenta o Organograma, que ilustra a estrutura hierárquica do


IAPMEI. Essa representação gráfica permite visualizar a divisão de responsabilidades e
a relação entre as diferentes unidades organizacionais envolvidas na gestão dos riscos de
corrupção e infrações conexas.

A terceira seção é crucial para o mapeamento dos riscos. Ela consiste na Identificação das
Áreas e Atividades, dos Riscos de Corrupção e Infrações Conexas. Nessa etapa, cada
unidade orgânica e subunidade orgânica do IAPMEI é detalhadamente analisada. São

Elsa Silva Página 34 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

identificadas as atividades desempenhadas por cada área e os riscos de corrupção e


infrações conexas a elas associados.

A partir da identificação dos riscos, são adotadas Medidas de Controlo para mitigar e
prevenir essas práticas indevidas. Estas medidas incluem políticas, procedimentos,
sistemas de controlo interno, diretrizes de conduta ética, entre outras ações. Cada medida
adotada é descrita de forma clara, destacando a finalidade e o impacto esperado na
prevenção e combate à corrupção.

Além disso, o plano estabelece Mecanismos de Controlo Interno e Monitorização, que


são responsáveis por garantir a eficácia e a adequação das medidas de controlo adotadas.
Esses mecanismos podem incluir auditorias internas, revisões periódicas, avaliações de
desempenho, canais de denúncia e monitorização contínua dos resultados.

Por fim, o PGRCIC designa os Responsáveis por cada área ou atividade, garantindo que
as responsabilidades sejam atribuídas de forma clara e que haja prestação de contas pelos
resultados alcançados na prevenção e combate à corrupção.

Esta estrutura do plano permite uma gestão abrangente e sistemática dos riscos de
corrupção e infrações conexas no IAPMEI. Ao identificar os riscos, adotar medidas de
controlo e monitorar continuamente os resultados, a instituição pode fortalecer sua
integridade, transparência e ética, promovendo a confiança pública e contribuindo para
um ambiente de negócios mais justo e íntegro.

O Relatório de Execução do Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas


(PGRCIC) de 2021, é uma ferramenta importante para avaliar a implementação e eficácia
das medidas adotadas no combate à corrupção e práticas indevidas. Esse relatório
apresenta uma estrutura aprimorada em relação ao primeiro de 2009 e é organizado em
seções que fornecem informações abrangentes sobre a execução do plano.

A Introdução do relatório fornece uma visão geral do PGRCIC, destacando a importância


e contexto dentro da organização. O relatório de execução anual foi aprovado em
dezembro de 2020, fornecendo informações sobre a implementação e resultados do plano.

Em seguida, o relatório aborda a execução do Plano, apresentando um panorama geral


das ações realizadas para implementar as medidas de prevenção e combate à corrupção.
Destaca as medidas implementadas para promover a integridade e a conduta ética dos
colaboradores. Isso inclui a adoção de um Código de Ética e Normas de Conduta, a

Elsa Silva Página 35 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

atualização dos manuais de procedimentos, a implementação de um sistema informático


para a desmaterialização de documentos e a segregação de funções. O IAPMEI também
participou na Campanha Anticorrupção do UN Global Compact, demonstrando o
compromisso com a prevenção da corrupção e o cumprimento dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável.

A seção de Gestão de Incentivos aborda as iniciativas adotadas para promover uma


cultura de integridade e ética na organização. Isso inclui a segregação de funções entre a
análise e seleção, garantindo que sejam realizadas por direções diferentes. As verificações
dos projetos no local são feitas por amostragem pelo Departamento de Fiscalização e
Controlo, de forma segregada da gestão operacional dos projetos. O princípio da
salvaguarda contra conflitos de interesses é parte integrante do Código de Ética e Normas
de Conduta, exigindo que os colaboradores hajam com imparcialidade e comuniquem
qualquer conflito ao presidente do Conselho Diretivo. Este mecanismo também se aplica
às equipas de outsourcing envolvidas no processo, entre outras medidas.

A Gestão do Risco é outra seção importante do relatório, que explora a análise e avaliação
contínua dos riscos de corrupção e infrações conexas. Na gestão do risco, foram
consideradas duas variáveis: a probabilidade de ocorrência do risco e o impacto que ele
pode ter na organização. Cada uma dessas variáveis foi classificada em três níveis de
graduação. A escala de risco foi estabelecida com base nessas classificações, levando em
conta a probabilidade de ocorrência e o impacto previsível. A escala de risco varia de
muito fraco a muito elevado, permitindo uma avaliação abrangente dos riscos
identificados.

A terceira seção é crucial, apresenta o relatório que aborda a execução do plano de gestão
de riscos de corrupção e infrações conexas, estruturado por Unidade Orgânica e
Subunidades Orgânicas. Cada unidade apresenta as principais atividades, riscos
identificados, escala de risco, mecanismos de controlo interno e monitorização, bem
como evidências.

Nas diferentes unidades orgânicas e subunidades orgânicas, foram identificadas as


principais atividades relacionadas ao plano, visando a prevenção e redução dos riscos. Os
riscos identificados foram avaliados e classificados numa escala que considera a
probabilidade de ocorrência e o impacto previsível.

Elsa Silva Página 36 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Para mitigar esses riscos, foram implementados mecanismos de controlo interno e


monitorização, garantindo uma gestão eficaz e transparente. As evidências obtidas ao
longo do período de execução do plano comprovam a efetividade desses mecanismos e a
conformidade das atividades realizadas.

Este relatório permite uma visão abrangente da gestão de riscos de corrupção e infrações
conexas em cada unidade orgânica e subunidades orgânicas, destacando a importância da
adoção de medidas preventivas e da aplicação de controlos internos eficientes para
salvaguardar a integridade e a imagem da instituição.

A análise crítica do documento revela uma opinião FAVORÁVEL. Embora o plano


inicial tenha apresentado lacunas na quantificação da gravidade e probabilidade dos
riscos, os relatórios de execução subsequentes demonstraram melhorias significativas
nesse sentido.

Ao analisar os relatórios dos anos seguintes, observou-se uma evolução notória e uma
diminuição dos riscos, especialmente aqueles considerados de alto impacto. Isso indica
que as medidas implementadas foram eficazes na redução dos riscos de corrupção e
infrações conexas, refletindo um progresso positivo na gestão dessas questões ao longo
do tempo.

Elsa Silva Página 37 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

5. SISTEMA DE CONTROLO INTERNO DO MUNICÍPIO DO PORTO

5.1. Câmara Municipal do Porto (CMP)

A Câmara Municipal do Porto é o órgão executivo colegial representativo do município


do Porto, tendo por missão definir e executar políticas que promovam o desenvolvimento
do concelho.

A Câmara Municipal do Porto é a segunda maior do país, representando diferentes forças


políticas. Assume o cargo de Presidente da Câmara Municipal o primeiro candidato da
lista mais votada em eleição autárquica ou, no caso de vacatura do cargo, o que se lhe
seguir na respetiva lista.

5.1.2. Missão, Visão e Valores gerais do Município do Porto

Por norma, na CMP, cada Unidade Orgânica define a sua própria visão, missão e valores,
aprovados pelo respetivo dirigente (Diretor Municipal) e que é disponibilizada na sua
respetiva página no Portal do Colaborador.

Missão

Promover o bem-estar e o conforto dos cidadãos, o desenvolvimento económico e


cultural, fomentando a competitividade e sustentabilidade da cidade.

Visão

Ser reconhecido como um Município socialmente coeso, economicamente competitivo,


inovador, atrativo, transparente, submetido a escrutínio pelo cidadão e sustentável.

Valores

Rigor; Equidade; Transparência; Cultura de melhoria contínua; Orientação para o


cidadão; Responsabilidade; Inovação; Competitividade.

5.1.3. Estratégia

A qualidade de vida dos residentes e visitantes da cidade do Porto é fundamental para o


Município. Neste sentido, foram definidos 13 objetivos estratégicos - de Coesão social,
Economia e desenvolvimento social, Inovação, Cultura, Urbanismo e habitação,

Elsa Silva Página 38 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Educação, Juventude, Segurança, Desporto e animação, Mobilidade, Ambiente e


qualidade de vida, e Governança da Câmara - para promoção do desenvolvimento social,
ambiental, económico e cultural da cidade.

De entre medidas, meios e métodos estratégicos definidos, destacam-se aqueles


relacionados com a ação e solidariedade social, o dinamismo económico, o
desenvolvimento social e a dinamização da arte, cultura e ciência.

5.1.4. Estrutura Organizacional

Esta instituição organiza-se por várias Direções Municipais, que desenvolvem as suas
atividades em diversas áreas de atuação da sua competência. Os principais clientes da
CMP dividem-se em Clientes Externos, que passam pelos cidadãos de uma forma
genérica, munícipes, entidades públicas e privadas, e os Clientes Internos, caracterizados
pelos seus colaboradores nas diferentes Direções Municipais.

O executivo da Câmara Municipal do Porto atualmente é composto pelos seguintes


membros, em junho/2023:

Presidente: Rui Moreira

Vice-Presidente: Filipe Araújo

Vereadores:

• Catarina Araújo
• Ricardo Valente
• Filipe Araújo
• Pedro Baganha
• Fernando Paulo
• Ana Maria Pinho
• Paulo Caldas
• Cristina Pimentel
• Frederico Fernandes
• Ricardo Almeida
• Catarina Araújo

Elsa Silva Página 39 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

5.2. Sistema de Controlo Interno

5.2.1. Enquadramento teórico

O âmbito do SCI abrange todos os órgãos e entidades que integram a administração


financeira do Estado, incluindo serviços, organismos e entidades públicas. Isso inclui os
ministérios, secretarias de Estado, direções-gerais, institutos públicos, entre outros.

O Decreto-Lei n.º 166/98 estabelece o enquadramento legal para o Sistema de Controlo


Interno (SCI) da administração financeira do Estado em Portugal.

O Decreto-Lei n.º 166/98 também estabelece que cada órgão ou entidade deve
implementar e manter um sistema de controlo interno adequado às suas necessidades
específicas. EsTe sistema deve incluir a definição de políticas, normas, procedimentos e
mecanismos de controlo que permitam a avaliação dos riscos, a identificação de falhas e
a adoção de medidas corretivas.

O Artigo 4.º estabelece a estrutura do Sistema de Controlo Interno (SCI) e diferentes


formas de controlo. O SCI é estruturado em três níveis de controlo: operacional, setorial
e estratégico, os quais são definidos de acordo com a natureza e âmbito de intervenção
dos serviços que o compõem.

O controlo operacional é centrado nas decisões dos órgãos de gestão das unidades de
execução das ações e consiste na verificação, acompanhamento e informação. Ele é
composto pelos órgãos e serviços de inspeção, auditoria ou fiscalização inseridos no
âmbito da respectiva unidade.

Já o controlo setorial tem como perspetiva a avaliação do controlo operacional e a


adequação da inserção de cada unidade operativa e sistema de gestão nos planos globais
de cada ministério ou região. Esse controlo é exercido pelos órgãos sectoriais e regionais
de controlo interno.

O controlo estratégico, por sua vez, tem como perspetiva a avaliação do controlo
operacional e setorial, além de verificar a realização das metas estabelecidas nos
instrumentos provisionais, como o Programa do Governo, as Grandes Opções do Plano e
o Orçamento do Estado. O controlo estratégico é de caráter horizontal e é exercido pela
Inspecção-Geral de Finanças (IGF), pela Direção-Geral do Orçamento (DGO) e pelo
Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS). Esses órgãos são

Elsa Silva Página 40 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

responsáveis por exercer o controlo estratégico em relação a toda a administração


financeira do Estado, de acordo com as suas atribuições e competências previstas na lei.

A International Standard on Auditing (ISA) 315, trata da responsabilidade do auditor em


identificar e avaliar os riscos de distorção material nas demonstrações financeiras de uma
entidade, por meio da compreensão da entidade e ambiente.

Embora a ISA 315 não aborde diretamente o controlo interno, ela descreve a importância
de compreender o controlo interno como parte da avaliação dos riscos de distorção
material. A norma enfatiza que o entendimento do controlo interno é essencial para
identificar os riscos relacionados à fraude e erro, bem como para projetar os
procedimentos de auditoria adequados.

O Decreto-Lei nº 192/2015, de 11 de setembro, aprova o Sistema de Normalização


Contabilística para as Administrações Públicas (SNC-AP) em Portugal. Em relação ao
Sistema de Controlo Interno (SCI), o decreto-lei estabelece as seguintes disposições:

O artigo 9º descreve o sistema de controlo interno a ser adotado pelas entidades públicas.
Este sistema abrange o plano de organização, políticas, métodos e procedimentos de
controlo, bem como outras medidas definidas pelos responsáveis para garantir o
desenvolvimento ordenado e eficiente das atividades.

O sistema de controlo interno baseia-se em sistemas adequados de gestão de risco,


informação e comunicação, e inclui um processo de monitorização para garantir a sua
adequação e eficácia em todas as áreas de intervenção.

Os principais objetivos do sistema de controlo interno são garantir a legalidade e


regularidade na elaboração, execução e modificação de documentos e demonstrações
orçamentais e financeiras, o cumprimento das deliberações e decisões dos órgãos
competentes, a salvaguarda do património, a exatidão e integridade dos registos
contabilísticos, a eficiência das operações, a utilização adequada de fundos e o
cumprimento dos limites legais, o controlo das aplicações e do ambiente informático, o
registo correto e oportuno das operações, e uma gestão adequada de riscos.

Elsa Silva Página 41 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

5.2.2. Análise crítica

O Sistema de Controlo Interno (SCI) do Município do Porto (MP), foi aprovado em julho
de 2017 e revisto em julho de 2022, este último encontra-se em vigor e as versões estão
publicadas na página eletrónica do município, o SCI tem como objetivo principal garantir
o cumprimento da legislação em vigor e promover a aplicação de critérios de legalidade,
economia, eficiência e eficácia nas atividades do MP. O regulamento estabelece
competências e responsabilidades, promove a segregação de funções, controla as
operações e incentiva a realização de conferências e verificações independentes dos
processos internos. O âmbito do SCI abrange todos os procedimentos e atividades
realizados pela instituição, procurando garantir uma gestão transparente, responsável e
eficiente dos recursos e processos no Município do Porto.

O Sistema de Controlo Interno do Município do Porto (MP), chamado de norma de


sistema interno, é um conjunto abrangente de diretrizes e normas estabelecidas em 20
capítulos, totalizando 171 artigos e 92 páginas. Estes capítulos abordam diversas áreas e
temas relacionados ao controlo interno, visando garantir o cumprimento da legislação,
promover a legalidade, a economia, a eficiência e a eficácia nas atividades do MP.

No Capítulo I, são estabelecidas as disposições gerais que fornecem a base para o


funcionamento do sistema. O Capítulo II aborda a estrutura orgânica do MP e os
princípios fundamentais, como a melhoria contínua, a definição de autoridade e
responsabilidade, e a segregação de funções.

O Capítulo III detalha o Sistema de Controlo Interno em si, estabelecendo as


competências, responsabilidades e procedimentos para garantir a legalidade, a
regularidade e a boa gestão das atividades do MP. O Capítulo IV aborda a documentação
e os sistemas de informação utilizados no sistema, garantindo a correta organização,
circulação e arquivo de documentos.

Os Capítulos V a XVIII são dedicados a áreas específicas, como orçamento, prestação de


contas, meios financeiros líquidos, receita, despesa, compras, inventários, entidades
terceiras, ativos de investimento, endividamento bancário, fundos de maneio, recursos
humanos, contabilidade de gestão e gestão de riscos. Cada capítulo estabelece os
princípios, procedimentos e responsabilidades relacionados com essas áreas, visando a
eficiência, transparência e controlo adequado.

Elsa Silva Página 42 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Finalmente, o Capítulo XIX aborda outros controlos relevantes que não foram abordados
nos capítulos anteriores, garantindo uma abordagem abrangente do controlo interno. O
Capítulo XX contém as disposições finais, incluindo delegações de competências,
acompanhamento do sistema de controlo interno e normas revogatórias.

No geral, o sistema de controlo interno do MP é abrangente, procura garantir o


cumprimento da legislação, promover a eficiência e a transparência nas atividades do
município e proteger os interesses financeiros públicos.

Em síntese, o documento "Norma de Controlo Interno" do Município do Porto, na sua


versão atualizada de 2021, demonstra ser um recurso adequado e detalhado. Levando em
consideração a revisão de literatura e os diplomas legais relacionados, é possível observar
que esta nova versão apresenta melhorias significativas em relação à versão anterior,
lançada em 2017.

A nova edição do documento proporciona uma clareza ainda maior sobre os princípios,
diretrizes e procedimentos do sistema de controlo interno adotado pelo Município do
Porto. Com uma abordagem mais detalhada, é possível perceber a preocupação em
estabelecer políticas eficazes para garantir a eficiência das operações, a transparência dos
relatórios financeiros e a conformidade com as leis e regulamentos pertinentes. Deste
ponto de vista este documento parece-nos BASTANTE ADEQUADO.

Elsa Silva Página 43 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

6. CONCLUSÃO

Nesta análise crítica do Relatório de Auditoria do Tribunal de Contas, Plano de Gestão


de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas do IAPMEI e Sistema de Controlo Interno
do Município do Porto, pudemos identificar várias questões relevantes relacionadas à
gestão dos recursos públicos e ao controle interno.

O relatório do Tribunal de Contas revelou falhas na contabilidade e gestão das dívidas,


bem como a falta de documentação de suporte em alguns casos. Além disso, foram
encontradas práticas contabilísticas divergentes e problemas na contabilidade dos
incentivos reembolsáveis.

O Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas do IAPMEI mostrou a


preocupação em mitigar os riscos relacionados à corrupção, mas também identificou a
necessidade de aprimoramento nas práticas de prevenção e detecção desses casos.

Embora o IAPMEI demonstra ter uma política anti-corrupção, o último Relatório de


Auditoria do Tribunal de Contas identificou algumas incongruências que podem levantar
preocupações em relação a possíveis fraudes e corrupção. Essas incongruências podem
indicar a necessidade de fortalecer os mecanismos de controle e prevenção dessas
práticas.

O Sistema de Controlo Interno do Município do Porto demonstrou ser adequado e


detalhado, fornecendo diretrizes e procedimentos para garantir a transparência e a
eficiência na utilização dos recursos públicos.

Diante destas análises, é evidente a importância de fortalecer o controle interno, aprimorar


as práticas contabilísticas e garantir uma gestão eficiente e transparente dos recursos
públicos. Recomenda-se que o Tribunal de Contas e as entidades envolvidas
implementem as medidas corretivas necessárias para abordar as falhas identificadas e
garantir a conformidade com as normas e regulamentos aplicáveis.

É fundamental que as entidades públicas estejam comprometidas em promover a


transparência, a prestação de contas e a prevenção de práticas corruptas, procurando
constantemente o aprimoramento dos seus sistemas de controle interno e gestão de riscos.

Elsa Silva Página 44 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Por fim, este trabalho ressalta a importância da auditoria pública como uma ferramenta
essencial para a fiscalização e a monitorização dos recursos públicos, contribuindo para
o desenvolvimento sustentável das finanças públicas e a confiança da sociedade na
administração pública.

Elsa Silva Página 45 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

7. REFERÊNCIAS

Câmara Municipal do Porto: https://www.cm-


porto.pt/files/uploads/cms/cmp/9/files/1612961512-EiRQ0nTeqk.pdf

Corrupção: https://dgpj.justica.gov.pt/Documentos/Prevenir-e-combater-a-
corrupcao/Prevenir-situacoes-de-corrupcao

Decreto-lei 400/82, de 23 de setembro. Diário da República n.º 221/1982, 1º Suplemento,


Série I de 1982-09-23. Aprova o Código Penal.

Decreto-lei 48/95, de 15 de março. Diário da República n.º 63/1995, Série I-A de 1995-
03-15. Revê o Código Penal aprovado pelo Decreto-Lei n.º 400/82, de 23 de Setembro

Decreto-Lei n.º 109-E/2021, de 9 de dezembro. Diário da República n.º 237/2021, 1º


Suplemento, Série I de 2021-12-09, páginas 19 - 42. Cria o Mecanismo Nacional
Anticorrupção e estabelece o regime geral de prevenção da corrupção.

Decreto-Lei n.º 192/2015 de 11 de setembro. Diário da República, 1.ª série N.º 178 11
de setembro de 2015. Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações
Públicas (SNC-AP)

Decreto-Lei nº 166/98, de 25 de junho. Diário da República nº 144/1988, Série I. Sistema


de Controlo Interno da Administração Financeira do Estado

Executivo do Município do Porto: https://www.cm-porto.pt/executivo

IAPMEI: https://www.iapmei.pt/

Iniciativas anti-corrupção do IAPMEI: https://www.iapmei.pt/SOBRE-O-


IAPMEI/Instrumentos-de-Gestao/Iniciativas-anti-corrupcao.aspx

Lei n.º 1/2005, de 12 de agosto. Diário da República nº 155/2004, I Série A. Decreto de


Aprovação da Constituição da República Portuguesa.

Lei n.º 148/2015 de 9 de setembro. Diário da República n.º 176/2015, Série I de 2015-09-
09. Aprova o Regime Jurídico da Supervisão de Auditoria - Artigo 17.º.

Lei n.º 54/2008, de 4 de setembro. Diário da República n.º 171/2008, Série I de 2008-09-
04. Conselho de Prevenção da Corrupção (CPC).

Elsa Silva Página 46 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Lei n.º 98/97. Diário da República n.º 196/1997, Série I-A de 1997-08-26. Lei de
Organização e Processo do Tribunal de Contas - Secção II.

Lei n.º 99-A/2021, de 31 de dezembro. Diário da República n.º 253/2021, 1º Suplemento,


Série I de 2021-12-31, páginas 2 - 128. Alteração ao Código dos Valores Mobiliários, ao
Regime Geral dos Organismos de Investimento Coletivo, ao Estatuto da Ordem dos
Revisores Oficiais de Contas, ao Regime Jurídico da Supervisão de Auditoria, aos
estatutos da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, ao Código da Insolvência e
da Recuperação de Empresas e a legislação conexa.

Luís de Sousa: https://ionline.sapo.pt/artigo/421227/luis-de-sousa-a-corrupcao-e-uma-


das-maiores-fragilidades-da-democracia-portuguesa?seccao=Portugal_i

Norma de controlo interno do Município de Porto (2017): https://www.cm-


porto.pt/files/uploads/cms/cmp/174/files/3605/2017.07-norma-de-controlo-interno-vf-
aprovada.pdf

Norma de controlo interno do Município de Porto (2022): https://www.cm-


porto.pt/files/uploads/cms/cmp/103/files/norma_controlo_interno.pdf

Norma Internacional De Auditoria 315 (Revista): https://ifrs.ocpcangola.org/ifrs/wp-


content/uploads/2017/07/A046-2012-IAASB-Handbook-ISA-315-Revista-PT.pdf

Paulo de Morais: https://jornaldascaldas.pt/2022/11/09/a-corrupcao-comentada-por-ana-


gomes-e-paulo-morais/

Recomendação 1/2009, de 22 de julho. Diário Da República - 2.ª Série, Nº 140, de


22.07.2009. Recomendação sobre planos de gestão de riscos de corrupção e infracções
conexas.

Recomendação 3/2015, de 9 de julho. Diário da República n.º 132/2015, Série II de 2015-


07-09. Recomendação do Conselho de Prevenção da Corrupção sobre Planos de
Prevenção de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas.

Recomendação 4/2019, de 2 de dezembro. Diário da República n.º 231/2019, Série II de


2019-12-02. Prevenção de riscos de corrupção na contratação pública.

Recomendação n.º 2/2020, de 14 de maio. Diário da República n.º 94/2020, Série II de


2020-05-14. Prevenção de riscos de corrupção e infrações conexas no âmbito das medidas
de resposta ao surto pandémico da COVID-19.

Elsa Silva Página 47 de 48


Mestrado em Gestão das Organizações | Ramo Gestão Pública Auditoria Pública

Relatório nº 10/2019 - 2ª Secção, do tribunal de contas:


https://erario.tcontas.pt/pt/actos/rel_auditoria/2019/2s/rel010-2019-2s.pdf

Resolução do Conselho de Ministros n.º 37/2021, de 6 de abril. Diário da República n.º


66/2021, Série I de 2021-04-06, páginas 8 - 49. Aprova a Estratégia Nacional
Anticorrupção 2020-2024.

Serra, S. (2023). Sebenta de Auditoria Pública 2022/2023. Instituto Politécnico do


Cávado e do Ave.

Elsa Silva Página 48 de 48

Você também pode gostar