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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciências Económicas e Sociais

Licenciatura em Contabilidade e Auditoria

Importância Da Auditoria Interna Na Prevenção E Combate Às Fraudes Nas Organizações

Estudo de Caso: Shine Water & Serviços, Lda(2016-2017)

Monografia apresentada em cumprimento dos requisitos exigidos para a obtencao do grau de


Licenciatura em Contabilidade e Auditoria na Unversidade Técnica de Moçambique.

Astra Sadira Aly Cassimo

Maputo, Abril de 2021


Importância Da Auditoria Interna Na Prevenção E Combate Às Fraudes Nas Organizações

Estudo de Caso: Shine Water & Serviços, Lda(2016-2017)

Monografia apresentada em cumprimento dos requisitos exigidos para a obtencao do grau de


Licenciatura em Contabilidade e Auditoria na Unversidade Técnica de Moçambique.

Astra Sadira Aly Cassimo

LICENCIATURA ORIENTADA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA


ÁREA DE FORMAÇÃO EM CONTABILIDADE E AUDITORIA
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE

Tutora: Prof. Doutora Joana Ribisse

Maputo, Abril de 2021

O JÚRI:

O Presidente A Tutora O Arguente Data


.………………. …………………. ………………….. ..../…/….

II
Cassimo
DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro que este Trabalho de Diploma nunca foi apresentado na sua essência para a obtenção de
qualquar grau académico e ele constitui o resultado da minha pesquisa pessoal.

Astra Sadira Aly Cassimo

III
Cassimo
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Allah, meu Criador, Protector e Salvador, todo louvor, honra
e gloria são para ELE.

Aos meus pais, irmãs e familiares, pela compreensão dos momentos ausentes; aos amigos e
colegas, pelo apoio e incentivo recebidos; às grandes amizades conquistadas durante o curso e, a
doutora Joana Ribisse, por sua orientação atenciosa, prestativa e paciente.

IV
Cassimo
AGRADECIMENTOS

V
Cassimo
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

S.W- Shine Water

ODS6 – Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 6

AICPA- American Institute of Certified Public Accountants (Instituto Americano de Contadores


Públicos Certificados)

A.C. – antes de Cristo

NBCT 12 – Normas Brasileiras de Contabilidade relativas à Auditoria Interna

ONG’s – Organizações Não-Governamentais

CFC- Conselho Federal de Contabilidade

VI
Cassimo
LISTA DE TABELA

Tabela 1. Âmbito, Conceitos e objectivos de Auditoria Interna e Externa………......…pag. 14

Tabela 2. Comparação de Auditoria Interna e Auditoria Externa………………………pag. 17

Tabela 3. Cronograma das Actividades…………………………………………………pag. 53

VII
Cassimo
RESUMO

A auditoria interna é uma função de avaliação, criada dentro da organização para examinar,
verificar e administrar todos os procedimentos e políticas internas referentes a análise do
sistema de contabilidade e controlos financeiros internos; assegurando-se, assim, de que todos
esses procedimentos estão de acordo com as regras e políticas das empresas. O presente
trabalho busca fundamentos para esclarecer questionamentos referentes á detecção de fraudes
e erros no decorrer dos trabalhos de auditoria e á prevenção dos mesmos.

O objetivo geral deste trabalho consiste em demonstrar a importância da auditoria interna na


prevenção e combate às fraudes nas organizações, utilizando livros e artigos da área de
Contabilidade, principalmente, no que refere á temática auditoria. Tem com objectivo
especifíco identificar as actuais práticas de controlo interno na organização; apresentar as
melhores práticas, propor melhores mecanismos e analisar as eventuais falhas existentes na
organização.Utilizou-se a metodologia qualitativa, com a abordagem descritiva, mediante a
um estudo de campo, sendo que na colecta de dados usou-se um questionário (uma entrevista).
Um dos resultados obtidos mostrou que a auditoria interna é uma ferramenta de controlo
administrativo e de verificação sistemática da eficiência e eficácia das actividades operacionais
a avaliação dos controles internos das actividades e processos administrativos e operacionais,
analisando as deficiências e riscos envolvidos, visando a proteção dos bens e direitos da
organização contra fraudes, desvios e desfalques.

Conclui-se que o papel do auditor interno é fundamental na prevenção e combate à fraude.


Levando em consideração que o auditor interno deve analisar, interpretar, sugerir e documentar
todas as informações físicas, financeiras, contabilísticas e operacionais para dar suporte aos
resultados planificados pelas organizações.

Palavras chave: Auditoria Interna, Contabilidade, Prevenção, Fraude e Erros

VIII
Cassimo
ABSTRACT

Internal audit is an assessment function, created within the organization to examine, verify and
manage all internal procedures and policies related to the analysis of the accounting system and
internal financial controls, thus ensuring that all these procedures are in accordance with to
company rules and policies. The present work seeks to clarify questions regarding the detection of
fraud and errors during the audit work and the prevention thereof.

The general objective of this work is to demonstrate the importance of internal auditing in
preventing and combating fraud in organizations, using books and articles in the Accounting area,
mainly with regard to the audit theme. Its specific objective is to identify the current internal
control practices in the organization; present the best practices, propose better mechanisms and
analyze any existing failures in the organization. The qualitative methodology was used, with a
descriptive approach, through a field study, and a questionnaire (an interview) was used in the data
collection. One of the results obtained showed that internal audit is a tool for administrative control
and systematic verification of the efficiency and effectiveness of operational activities, the
evaluation of internal controls of administrative and operational activities and processes, analyzing
the deficiencies and risks involved, aiming at the protection of employees. Assets and rights of the
organization against fraud, embezzlement and embezzlement.

It is concluded that the role of the internal auditor is fundamental in preventing and combating
fraud. Taking into account that the internal auditor must analyze, interpret, suggest and document
all physical, financial, accounting and operational information to support the results planned by
the organizations.

Keywords: Internal Audit, Accounting, Prevention, Fraud and Errors

IX
Cassimo
Índice
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1.1. Contextualização ......................................................................................................................... 1
1.2. Contabilidade .............................................................................................................................. 2
1.3. PROBLEMATIZAÇÃO ............................................................................................................. 4
1.4. OBJECTIVOS ............................................................................................................................. 5
1.4.1. OBJECTIVO GERAL ............................................................................................................ 5
1.4.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 5
1.5. QUESTÕES DE PESQUISA...................................................................................................... 5
1.6. DELIMITAÇÕES DA PESQUISA ........................................................................................... 6
1.7. JUSTIFICATIVA DA RELEVÂNCIA DA INVESTIGAÇÃO .............................................. 6
1.8. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................... 7
CAPÍTULO II ............................................................................................................................................. 9
ENQUADRAMENTO TEORICO............................................................................................................. 9
2.1. Auditoria Interna e Auditoria Externa ................................................................................... 13
2.2. As diferenças entre a Auditoria Interna e Auditoria Externa .............................................. 14
2.3. Vantagens e Benefícios da Auditoria ....................................................................................... 18
2.4. Autonomia Profissional ............................................................................................................ 19
2.5. Modalidades de Auditoria Interna .......................................................................................... 19
2.6. Hierarquia da Auditoria Interna ............................................................................................. 21
2.7. Importância da Auditoria Interna para a Organização ........................................................ 21
2.8. Normas relativas ao relatório da auditoria interna ............................................................... 22
2.9. Qual a formação necessária para ser Auditor Interno (Perfile do Auditor) ....................... 23
2.10. Qualidades do Auditor Interno ............................................................................................ 25
2.12 . Responsabilidade pelos Controlos Internos ...................................................................... 28
2.13. Características de um Sistema de Controlo Interno ...................................................... 31
2.14. Plano de Organização ....................................................................................................... 32
2.15. Sistema de Autorização e Procedimentos de Escrituração............................................ 32
2.16. Práticas Salutares (Boas Práticas) ................................................................................... 33
2.17. Pessoal Qualificado ........................................................................................................... 33
CAPÍTULO III – METODOLOGIA ...................................................................................................... 34
3.1. Método ou Abordagem de Pesquisa ......................................................................................... 34
3.2.Modalidade de Pesquisa ............................................................................................................. 34
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Cassimo
3.3.Instrumento de Recolha de Dados ............................................................................................. 35
3.4. Sujeitos da pesquisa ................................................................................................................... 36
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA ........................... 37
4.1. APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA ............................................................ 37
4.2. ANÁLISE QUALITATIVA DOS DADOS DA PESQUISA ............................................. 45
4.3. DISCUSSÃO DE RESULTADOS DA PESQUISA ........................................................... 47
4.4 CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 50
4.5 RECOMENDAÇÕES ..................................................................................................................... 51
5. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES ........................................................................................... 53
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 54

XI
Cassimo
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
Com o avanço da economia e do desenvolvimento das organizações empresariais, os processos
tornaram-se de difícil compreensão, dificultando o acompanhamento dos administradores. Esse
crescimento económico gerou a necessidade de adoptar controlos nas organizações para facilitar e
verificar melhor a veracidade das informações, demonstrações e procedimentos internos. A
administração de uma organização tem o dever de apresentar informações fiáveis à avaliação
pública. O parecer dos auditores externos sobre essas informações é um elemento decisivo e de
extrema importância no que se traduz em sinônimo de confiabilidade às informações prestadas.

A auditoria interna exerce um papel importante no apuramento das irregularidades nas


organizações, visto que releva e evidência as fraudes, e, principalmente, impede a prática desses
delitos com aplicação dos controlos internos, e não apenas identifica os factos já realizados, como
também os previne. Atualmente vivemos num mundo onde há uma cultura económica globalizada,
onde as organizações enfrentam não mais uma concorrência local, regional, mas sim, uma
concorrência a nível mundial.

Nesse contexto, cada esforço eficazmente estudado, cada economicidade realizada nos processos
produtivos fará grande diferença, como também, cada erro, fraude, desvio, falha e perda será um
fardo cada vez mais pesado e difícil de suportar e recuperar na organização.

Assim, a partir desta pesquisa será possível identificar a importância da auditoria interna na
prevenção e combate à fraudes nas organizações.

Será possível, também, destacar a importância de uma auditoria interna nas organizações e sua
relação com quem a administra, poderá enfocar a necessidade de controlos internos adequados a
cada organização para atingir objetivos traçados pelas organizações, citar o trabalho de um auditor
dentro de uma organização. Por considerar um tema de extrema relevância no contexto
organizacional e por não poder falar em auditoria, sem lembrar que ela é parte integrante de todas
as ações de controlo interno das empresas.

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Cassimo
1.2. Contabilidade
A contabilidade é uma ciência social, que visa à proteção de um conjunto de elementos que
compõem o patrimônio das entidades, assim como também é uma fornecedora de informações da
situação econômica e financeira da organização. Diante da tamanha importância destas
demonstrações, percebeu-se por parte dos investidores financeiros a necessidade de um
profissional que não tivesse vínculos com a empresa para comprovar a situação real das
demonstrações contabilísticas.

Como consequência da necessidade desta verificação geral, surgiu o profissional auditor


independente que efetua seu trabalho sem qualquer ligação com a entidade. Este profissional
desenvolve suas actividades totalmente interligadas com as práticas contabilísticas e com a
utilização de normas contabilísticas estabelecidas por órgãos competentes que regulam a profissão
do contador. Assim como também, levando em conta as exigências do mercado, surgiu o auditor
interno como ramificação da auditoria externa. (BLANCH, 2016).

O auditor interno é um funcionário da empresa e é o foco principal desta pesquisa.

A auditoria ainda não é bem absorvida e compreendida pela maioria dos seus usuários, talvez pela
divulgação, ou quem sabe, até porque suas necessidades vão além dos objectivos do trabalho do
auditor. Um facto de suma importância, que precisa ser analisado, é a expectativa que a maioria
das pessoas tem em relação à detecção de fraudes e erros por parte do auditor.

A diferença de expectativa na auditoria tem vindo a afectar os profissionais de auditoria desde


anos passados, sendo responsáveis pelo ambiente de críticas, movido por parte de tribunais,
políticos, imprensa e pela sociedade, contra os auditores, relativamente à sua qualidade e ao seu
desempenho. Dentro da classe contabilística, entende-se que esse não é o objectivo principal da
auditoria, podendo, as fraudes e erros virem a ser detectadas no decurso dos trabalhos. Mas sim, o
objectivo principal da auditoria interna é de auxiliar a administração no desempenho das suas
funções e responsabilidades no que diz respeito a documentos e às informações físicas,
contabilísticas e operacionais para dar um suporte aos resultados atingidos pela organização ou
empresa.

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Cassimo
Cumpre ao auditor, ao se deparar com sinais que alertam possíveis erros e fraudes, gastando todos
os esforços necessários a averiguações do assunto e, ao constatar erros relevantes ou fraudes, emitir
relatórios e encaminhá-los à administração da organização inclusive sugerindo medidas
correctivas.

Desde, então surge a reflexão acerca do papel da auditoria e a sua responsabilidade diante do
quadro económico e social.

As normas usuais de auditoria representam os requisitos básicos relacionados e a serem observados


no desempenho do trabalho de auditoria.

As normas de auditoria diferem dos procedimentos de auditoria, uma vez que os procedimentos se
relacionam com actos a serem praticados, enquanto as normas tratam das medidas de qualidade na
execução desses actos e dos objectivos a serem alcançados através dos procedimentos. As normas
de auditoria dizem respeito não apenas às qualidades do auditor, mas também à avaliação pessoal
pelo exame efectuado.

A auditoria interna passou a ser um instrumento amplo no controlo dos administradores, através
de suas actividades de trabalho, serve à administração como meio de identificação de todos os
processos internos e políticas definidas pela organização, assim como sistemas contabilísticos e de
controlo interno e verifica se estão efectivamente a serem ou não seguidos e que as transações
realizadas estão reflectidas em concordância com os critérios previamente definidos.

O auditor interno, por sua formação, tem capacidade de revisar controlos administrativos e
gerenciais de qualquer actividade na empresa. Contudo, esta capacidade não pode ser estendida a
avaliação de performance de actividades profissionais ou técnicas, que requeriam estudo e
conhecimento especializado, a menos que ele detenha.

Fala-se do trabalho do auditor, quer seja ele interno ou externo, citando também algumas de suas
habilidades (ATTIE, 2006), como por exemplo:

 Ser criativo: Para perceber as soluções dos problemas diários.


 Ter percepção aguçada: Para que possa antever as possibilidades de existência de erros e
fraudes. Ter vocação estratégica – Para que seus atos resultem em ações que evitem
elevação de custos e garantam o aumento da eficácia e da eficiência organizacional.

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Cassimo
 Ser empreendedor: Não basta, ao auditor, encontrar, no dia-a-dia, erros e fraudes. O mais
importante é associá-los ao desenvolvimento da instituição em prol do alcance de sua
missão, de seus objetivos e metas.
 Ser atualizado – O auditor deve estar constantemente familiarizado com o que há de mais
moderno em termos de auditoria e controlos internos, pois a atualização constante deve ser
uma tônica em seu trabalho diário, para corrigir rumos da empresa, devendo possuir uma
postura de eterno curioso.

1.3. PROBLEMATIZAÇÃO
A actual capacidade de disponibilização de água potável aos moçambicanos quer pelo provedor
público como pelo provedor privado está ainda muito longe de atingir os níveis aceitáveis de
satisfação das necessidades pois, ela não tem sido proporcional a expansão e a densidade
populacional das cidades.

Esta capacidade, pode ser incrementada através de conjugação de sinergias entre os sectores
públicos e o sector privado, e de se criarem condições de âmbito legal, visando a participação do
sector privado no processo de abastecimento de água potável aos moçambicanos. Dai, a Shine
Water viu como oportunidade o fornecimento de água á população de Magoanine, pois nenhum
provedor se encontrava lá instalado.

A Shine Water & Serviço Limitada desempenha um papel importante no provimento do recurso
precioso à população. A melhoria da eficiência na gestão de abastecimento de água não só
contribui para o aumento do índice de cobertura de água potável em diferentes pontos de Maputo
bem como contribui para o alcance de desenvolvimento sustentável (ODS6) no que respeita o
acesso universal equitativo e seguro de água.

A Shine Water & Serviço Limitada, é uma Sociedade Comercial por quotas de responsabilidade
limitada, localiza-se no Bairro de Magoanine B, número cento e sessenta e seis (166), na cidade
de Maputo.

A Shine Water (S.W) é uma empresa privada, que se dedica ao fornecimento de água potável
destinada ao consumo humano e tem prestado serviços na área de contabilidade a outras empresas.

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Cassimo
Ela sofreu situações de fraude e desvios entre os anos 2016 e 2017, pelos seus trabalhadores, daí
que surgiu a seguinte pergunta de pesquisa:

Até que ponto a auditoria interna pode contribuir na detecção de erros e fraudes nas organizações?
Estudo de caso da empresa Shine Water e Serviços, Lda.

1.4. OBJECTIVOS

1.4.1. OBJECTIVO GERAL


Compreender o papal da auditoria interna na prevenção e combate às fraudes nas organizações.

1.4.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS


1) Examinar a adequacidade das práticas do funcionamento do sistema de controlo
interno existente na empresa Shine Water e Serviços, Lda. (S.W);
2) Apresentar as melhores práticas de controlo interno na organização;
3) Analisar a rotina diária da empresa e propor melhorias no sistema de controlo
interno da organização;
4) Analisar possíveis irregularidades que possam criar condições para a ocorrência de
erros e fraudes na organização.

1.5. QUESTÕES DE PESQUISA

1) Que importância é dada a auditoria interna na organização objecto de estudo?


2) Quais os requisitos necessários para os profissionais de auditoria interna?
3) Que contributo a Auditoria Interna presta à organização de modo a minimizar a ocorrência
de erros e fraude?
4) Quais são os métodos utilizados para a prevenção e combate às fraudes na organização-
objecto de estudo?

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Cassimo
1.6. DELIMITAÇÕES DA PESQUISA

O estudo terá a sua delimitação caracterizada como uma pesquisa bibliográfica. Cervo e Bervian
(1983, p. 55 apud, 2003, p.86) definem a pesquisa bibliográfica como:

Aquela pesquisa que explica um problema a partir de referências teóricas publicadas em


documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou
experimental. Ambos casos buscam conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas
do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema.

A pesquisa bibliográfica tem como objectivo reunir o material teórico desenvolvido sobre um
determinado tema, ou seja, é um estudo de referências publicadas e reconhecidas, como os livros,
artigos científicos, documentos e alguns websites (internet).

Para alcançar os objectivos deste trabalho, fez-se necessário efectuar algumas pesquisas no terreno
(trabalho de campo) e a livros, artigos ou documentos que dizem respeito as Normas de Auditoria,
onde contém as especificações e conceitos.

O período previsto para o trabalho em estudo encontra-se no intervalo de 3 a 5 anos.

1.7. JUSTIFICATIVA DA RELEVÂNCIA DA INVESTIGAÇÃO

A razão da escolha do tema “ A importância da auditoria interna na prevenção e combate às fraudes


nas organizações” foi devido a importância na área empresarial, como uma alerta aos empresários
e aos administradores das organizações.

Este trabalho tem importância acadêmica, pois há poucos estudos nesta área, a falta de pesquisa
em auditoria interna é citada por Lelis (2012) que comenta sobre a contribuição da pesquisa a
literatura desta área, devido aos poucos artigos e estudos sobre a qualidade do trabalho da auditoria
interna.

A escolha do tema surgiu da necessidade dos estudantes e acadêmicos terem retorno sobre a
funcionalidade da auditoria interna e comprovar, se os objectivos estão sendo alcançados dentro
das organizações, ou seja, se a teoria, as normas e leis conhecidas pela sociedade acadêmica
funcionam de facto na prática, dentro das organizações e empresas.

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Cassimo
No âmbito económico, a função da auditoria interna é de fornecer garantia independente de que os
processos de gestão de risco, governança e controlo interno de uma organização estão a operar de
forma eficaz. A auditoria serve para evitar e prevenir de todas as formas possíveis as fraudes e
roubos, garantindo assim, que cada organização consiga atingir seus objectivos e metas, de tal
forma que siga com as regras escritas por lei, cumprindo com os seus direitos e obrigações (por
exemplo, pagamento de impostos).

Quanto ao âmbito social, a auditoria interna em todos os órgãos da administração pública e no


sector privado pode ajudar as organizações a atingirem os seus objectivos. Bem como dar aos
gestores uma garantia razoável de atingir esses objectivos. Atuando junto ao poder da
administração pública ou de uma empresa (organização) privada, o sistema de auditoria interna
nem sempre pode garantir a confiabilidade das demonstrações financeiras e o cumprimento da lei,
mas certamente minimiza os riscos e erros.

A relevância teórica desta Pesquisa é que ela contribui com novos conhecimentos que
complementam os já acumulados sobre a formação profissional dos auditores. Em termos da
relevância prática do Trabalho, acredita-se que a formação profissional tratada neste trabalho pode
elevar as habilidades dos auditores, o que beneficia a eles mesmos e às empresas (organizações).
Em último ponto, os consumidores também seriam beneficiados, porque lhes seriam prestados
serviços justos e de alto padrão de qualidade.

Promovendo assim, o progresso a uma nova cultura de valorização do profissional, caso concreto
o auditor interno dentro das referidas organizações, destacando-o como um instrumento importante
na prevenção e identificação de irregularidades, entre outras relevantes atribuições e actividades
do mesmo.

1.8. ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em quatro (4) capítulos: I. Introdução; II. Enquadramento
Teórico; III. Metodologia; e por ultimo, IV. Apresentação e Análise Qualitativa dos Dados de
Pesquisa.

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Cassimo
No primeiro capítulo apresenta-se a introdução sendo expostas todas as orientações iniciais do
trabalho. O tema está sendo apresentado, assim como a contextualização, a problematização, os
objectivos (geral e específicos), a questão de pesquisa, a justificativa e a estrutura do trabalho.

No segundo capitulo, evidencia-se a parte do enquadramento teórico. É neste capítulo que estão
inseridas as teorias que se relacionam com o tema.

No terceiro capítulo, está exposta a metodologia de tal maneira que seja possível a compreensão
do método de pesquisa. O instrumento de recolha de dados usado para fazer a pesquisa foi a revisão
da literatura, algumas pesquisas electrónicas e uma entrevista semi-estruturada.

No quarto capítulo, encontram-se as considerações finais, um breve relato das análises e resultados
da pesquisa (o desenvolvimento da pesquisa, com o levantamento das falhas existentes nos
processos atuais da organização e as sugestões de melhorias para as deficiências encontradas).
Estão também expostas as referências que representam as fontes de pesquisas bibliográficas
utilizadas para desenvolver o trabalho.

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Cassimo
CAPÍTULO II

ENQUADRAMENTO TEORICO
Neste capítulo, estão inseridos os principais conceitos teóricos necessários para o desenvolvimento
deste trabalho. Iniciando pelo conceito, a origem, a evolução e a importância da auditoria interna.
Fala-se, também, do conceito de auditoria externa, das diferenças entre a auditoria interna e
externa, o controlo interno.

De uma forma sintetizada, pode-se definir a Auditoria como um levantamento, avaliação e um


estudo aprofundado dos procedimentos, operações e demonstrações financeiras de uma
organização.

O termo auditoria é da origem latim audire (ouvir). Para os ingleses Auditing representava os
procedimentos de revisão de escrituração e evidenciação dos registos contabilísticos.

“Auditoria é um processo sistemático de obtenção e avaliação objectiva de evidência sobre


afirmações a respeito de acções e eventos para determinação do grau de correspondência entre as
afirmações, os critérios estabelecidos, e a comunicação dos resultados aos usuários interessados”
(BOYNTON, 2002.)

Conceitua Franco e Marra (2001) que a auditoria compreende o exame de documentos, livros e
registos, inspeções e obtenção de informações e confirmações internas e externas, relacionadas
com o controlo do patrimônio, objectivando mensurar a exatidão desses registos a das
demonstrações contabilísticas deles concorrentes.

O termo auditor provém do inglês (to audit) que uma vez traduzido para o português, significa
examinar, corrigir, ajustar, certificar. Assim, o nome auditor é dado a quem pratica a técnica da
auditoria. Ele foi surgindo no final do século XIII, no reinado de Eduardo I, na Inglaterra. O auditor
examinava as contas e, caso estas não refletissem a realidade dos fatos, seu parecer era motivo de
punição. Naquela época, o propósito da auditoria era associado à identificação de irregularidades,
com o objetivo de punir os infratores. Era grande a confiança depositada no auditor.

O cargo de auditor foi criado em 1314, na Inglaterra, visto a grande potência económica que o país
exerceu na época colonial e que séculos depois, com a eclosão da Revolução Industrial, se tornou

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Cassimo
o berço do capitalismo. Desde então, a auditoria praticada actualmente, provém do final de século
XVIII na Inglaterra devido a transformações económico-financeiras decorridas naquela época.

Em 1929, devido à quebra de Bolsa de Valores nos Estados Unidos, grande parte dos investidores,
para continuarem a investir em entidades, mercados de capitais, dentre outros, passaram a exigir
as práticas das auditorias para maior segurança e credibilidade nas informações contabilísticas e
as suas demonstrações. A influência britânica nas práticas contabilísticas e na economia dos
Estados de Unidos, em função do povo que fundou o país do seu próprio crescimento durante o
seculo XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, explica as práticas e metodologias
adoptadas, e a responsabilidade que os auditores exercem hoje nas entidades em todo o planeta.

Em 1930, com o surgimento do American Institute of Certified Public Accountants (AICPA), que
teve a importância decisiva para o desenvolvimento das práticas contabilísticas e de auditoria.

Actualmente, auditoria interna é definida como uma técnica de controlo de gestão que, mediante
a análise, verificação e avaliação independente das actividades da empresa, e da eficácia, eficiência
e em conformidade com o funcionamento das demais técnicas do controlo, tem em vista auxiliar
os gestores e os demais serviços no desempenho das suas funções e responsabilidades.

Auditoria Interna é o conjunto de procedimentos que tem por objectivo examinar e adequar a
eficiência dos controles, e também uma revisão das operações das empresas, para verificar se ela
enquadra as normas pertinentes.

A auditoria interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações,


metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficiência, eficácia e
economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controlos internos integrados ao
ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir a administração da entidade no
cumprimento de seus objectivos.

A existência da auditoria interna remota desde a antiguidade, com o surgimento do comércio entre
os povos. Alguns pesquisadores mencionam que no ano 4.000 a.C. já havia auditores de impostos
na Babilônia; as primeiras contratações de auditores internos por empresas privadas ocorreram no
final do século XIX, nas estradas de ferro americanos.

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Cassimo
A função teve grande desenvolvimento a partir da criação, em 1941, em New York (Nova Iorque),
do Institute of Internal Auditors, que já em 1990 contava com cerca de 40.000 associados em todo
o mundo.

Em decorrência de sua evolução profissional e exigência de um mundo empresarial muito mais


complexo, abrangente e dinâmico, o auditor interno já não se limita ao restrito papel de agir como
um fiscal a serviço do dono da empresa. Actualmente, além das tradicionais tarefas para as quais
foi criada, a Auditoria Interna tem a função de servir, também, como órgão orientador para os
gestores de alto nível e para os proprietários do capital.

O surgimento do auditor interno nas empresas foi decorrência de vários factores, tais como:

 Crescimento económico das organizações;


 Diversificação e complexidade das actividades empresariais;
 Necessidade de delegar funções a atribuições;
 Incompetência e/ ou desonestidade de alguns dos integrados do quadro de funcionários.

Segundo Attie (2006), “A importância que a auditoria interna tem em suas actividades de trabalho
serve para a administração como meio de identificação de que todos os procedimentos internos e
políticas definidas pela companhia, os sistemas e de controlos internos estão sendo efectivamente
seguidos, e todas as transações realizadas estão refletidas contabilisticamente em concordância
com os critérios previamente definidos” (p 52).

Do latim fraus, uma fraude é uma acção que é contrário áquilo que é verdade e áquilo que é
correcto e honesto. A fraude é cometida com vista a prejudicar uma pessoa ou uma organização.

O conceito de fraude está associado ao de burla, que é um direito contra o património ou a


propriedade alheia. Consiste concretamente em enganar para obter um bem patrimonial, levando
o pagador (pessoa ou empresa) a crer que obterá algo que na realidade, não existe.

A fraude também pode ser definida como sendo um crime ou ofensa de deliberadamente enganar
outros com o propósito de prejudicá-los, usualmente para obter propriedades ou serviços dele ou
dela injustamente. A fraude pode ser efetuada através de auxílio de objectos falsificados, isto é, a
fraude é um esquema ilícito ou de má fé criado para obter ganhos pessoais.

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Cassimo
A NBCT 12 – Normas Brasileiras de Contabilidade relativas à Auditoria Interna -, item 12.1.4,
conceitua erro e fraude:

Fraude: Aplica-se a atos voluntários de omissão e manipulação de transações e operações,


adulteração de documentos, registos, relatórios e demonstrações, tanto em termos físicos quanto
monetários.

Erro: Aplica-se a atos involuntários de omissão, desatenção, desconhecimento ou má interpretação


de fatos na elaboração de registos e demonstrações contábeis, bem como a transações e operações
da entidade, tanto em termos físicos quanto monetários.

Alguns tópicos relevantes devem estar na mira do auditor. São eles:

 Conhecer os controlos internos, estabelecendo assim os limites da área a ser examinada;


 Conhecer o grau de responsabilidade das pessoas envolvidas na auditoria, com vistas a
eliminar possíveis irregularidades;
 Usar entrevistas como técnica de levantamento preliminar de dados;
 Analisar detalhadamente os organogramas funcionais da empresa, observando a
distribuição da autoridade e a rede de comunicação;
 Averiguar se existem indícios de que dirigentes ou empregados tenham níveis de vida
superiores àqueles suportados por seus rendimentos;
 Verificar se os empregados que ocupam cargos de confiança gozam de férias regularmente
e se podem ser substituídos e;
 Relatar à direção da empresa, todas as irregularidades encontradas, alertando para a
gravidade dos fatos e sugerindo as possíveis providências.

“Fraude, aplica-se a acto intencional de omissão e/ ou manipulação de transações e operações,


adulteração de documentos, registos, relatórios, informações e demonstrações, tanto em termos
físicos quanto monetários” (ATTIE, 2011).

O termo “erro “aplica-se ao acto não intencional de omissão, desatenção, desconhecimento ou má


interpretação de factos na elaboração de registros, informações e demonstrações contabilísticas,
bem como de transações e operações da entidade, tanto em termos físicos quanto monetários.

12
Cassimo
Segundo Maximiniano (1993), uma organização é uma combinação de esforços individuais que
tem por finalidade realizar propósitos colectivos. Por meio de uma organização torna-se possível
perseguir e alcançar objectivos que seriam inatingíveis para uma pessoa.

2.1.Auditoria Interna e Auditoria Externa


Para facilitar o entendimento das funções e actividades dessa especialização do contador
(contabilista), torna-se necessária a divisão em duas ramificações de atuação, que são:
1. Auditoria Interna;
2. Auditoria Externa Independente.

Auditoria Interna é o instrumento de controlo administrativo e de verificação sistemática da


eficácia e eficiência das actividades operacionais. Enfoca a avaliação dos controlos internos das
actividades e processos administrativos e operacionais, analisando as deficiências e os riscos
envolvidos, visando:

 Á proteção dos bens e direitos da empresa contra fraudes, desvios, desfalques;


 Á constatação de possíveis irregularidades e usos indevidos dos bens e direitos da empresa,
que comprometam seu desempenho;
 Ao aprimoramento contínuo da eficiência e eficácia operacional, contribuindo com
soluções que possibilitam e facilitam o atingimento das metas e dos planos estabelecidos.

Auditoria Externa Independente é a técnica que visa obter elementos de convicção que permitam
julgar se as Demonstrações de uma entidade, bem como os registros contábeis foram efectuados
de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e refletem adequadamente a situação
económico-financeira do património, os resultados do período examinado e as demais situações e
informações nelas demonstradas e constantes das notas explicativas.

Devido à complexidade das actividades empresárias actuais e a evolução da sociedade, é de


fundamental importância que o auditor se especialize em um determinado segmento, por causa das
peculiaridades envolvidas. Citam-se, meramente, alguns sectores de actividades que exigem
conhecimentos especializados:

13
Cassimo
 Instituições financeiras;
 Empresas comerciais;
 Entidades sem fins lucrativos;
 ONG’s – organizações não-governamentais;
 Condomínios comerciais e residenciais
 Construtoras;
 Hospitais.

2.2. As diferenças entre a Auditoria Interna e Auditoria Externa


Evidentemente, o profissional da auditoria não deve conhecer apenas uma ou poucas dessas
actividades especializada. O ideal é que tenha uma visão geral de todos os sectores, dentro de sua
capacidade técnica, e procure conhecer melhor um determinado sector de actividade.

No presente quadro, especifica-se os conceitos, os objectivos, o âmbito e a realização da auditoria


interna e auditoria externa, segundo MORAIS e MARTINS (2013):
Características Auditoria Interna Auditoria Externa

É um exame cuidadoso, sistemático e É um exame das demonstrações


independente das Normas e procedimentos, Financeiras, com o objectivo de
com o objectivo de garantir a sua fornecer a seus usuários uma opinião
Definição implementação e adequação, dentro da imparcial e fundamentada em
Organização em que o auditor interno normas e princípios e garantir a
procura tomar conta a todo o tempo da terceiros a imagem real da
justeza, a adequação e funcionalidade do organização.
sistema do controlo interno implementado.
Auxiliar a Administração no desempenho Emitir pareceres sobre a
Objectivos das suas funções e responsabilidade. razoabilidade das Demonstrações
Financeiras.
Incide sobre todas as funções da Incide sobre as Demonstrações
Âmbito organização. Financeiras.

14
Cassimo
Normalmente realizada por profissionais Por profissionais de uma entidade
Realização da própria Organização. contratada.

Fonte: MORAIS e MARTINS (2013)

Segundo OLIVEIRA (2001), as principais diferenças entre essas duas funções, podem ser
sumarizadas da seguinte forma:

a) Propósito do trabalho
A auditoria interna visa elaborar sugestões para o aprimoramento da gestão operacional,
salvaguardar os activos da empresa e tornar mais eficientes os controlos internos. Na auditoria
externa independente, sua preocupação é verificar se as demonstrações contabilísticas condizem
com os princípios fundamentais da contabilidade e se os saldos das contas refletem com
propriedade a posição patrimonial e financeira do cliente.

b) Parâmetros para a execução de trabalho


O auditor interno fundamenta-se nas normas e politicas elaboradas pela empresa para a realização
e emissão de seus relatórios. Por sua vez, o auditor externo independente vale-se principalmente
dos princípios fundamentais de contabilidade para subsidiar suas opiniões. Os órgãos normativos
e orientadores da actividade emitem e discutem, com frequência, padrões que devem ser
obedecidos pela categoria. Ele (auditor independente) não pode desobedecer a tais padrões de
trabalho, sob pena de ver cerceada sua actuação.

c) Nível de preocupação com os controles internos


A preocupação do auditor interno é com a eficiência do funcionamento dos controlos; esse aspecto
é de suma importância para seus trabalhos. A auditoria externa, por sua vez, verifica se possíveis
falhas nos controlos internos podem produzir efeitos relevantes nas demonstrações contabilísticas.

d) Dependência Profissional
O auditor interno, por ser funcionário da empresa e, consequentemente, dependente do emprego,
pode sofrer restrições para a emissão de relatórios com críticas às práticas empresariais ou decisões
do alto escalão. Para diminuir o grau de dependência, o auditor interno deve ocupar um cargo de
nível hierárquico superior, de preferência subordinado ao alto escalão de comando da empresa.
15
Cassimo
Conclui-se que o trabalho de auditor precisa ter forte respaldo por parte da direção da empresa. É
claro que, como é um departamento que irá aturar com outros departamentos para verificar se os
trabalhos desenvolvidos estão de acordo com o desejo da direção, somente a própria direção pode
outorgar à auditoria a autoridade necessária para o desempenho dessa função. Por outro lado, o
auditor deve ser um profissional capacitado a atender aos desejos da direção á qual assessora.

A auditoria externa, por ser independente, sofre menores restrições, tendo maior autonomia para
reportar as suas críticas e opiniões.

e) Formato relatório
O relatório da auditoria interna não é padronizado, podendo variar de empresa para empresa, ou
mesmo depende do responsável pelo gerenciamento do departamento. Diferente do auditor
externo, o seu relatório não pode fugir aos modelos padronizados pelos órgãos normativos da
actividade – Conselho Federal de Contabilidade, Ibracon, Banca Central. Comissão de Valores
Mobiliários entre outros.

f) Usuários os trabalhadores e dos relatórios de auditoria


Os relatórios de auditoria interna destinam-se quase sempre aos gestores da empresa; normalmente
é restrita sua circulação. Os relatórios da auditoria externa independente têm como principais
usuários o público externo ao cliente, tais como os acionistas, investidores no mercado de capitais
e credores.

Mesmo com interesses em comum no trabalho do auditor externo e interno, existem diferenças
fundamentais, sendo as principais de acordo com CREPALDI (2011):

a) Extensão dos trabalhos: o escopo dos trabalhos feitos pelo auditor interno normalmente
é determinado pela gerência, enquanto a extensão do exame do auditor externo é
determinada pelas normas usuais reconhecidas no país ou requeridas por legislação
específica;
b) Direção: o auditor interno dirige seus trabalhos para assegurar que o sistema contábil e
de controlo interno funcionam eficientemente, a fim de que os dados fornecidos à
gerência apresentem os fatos com exatidão. Os trabalhos do auditor externo, entretanto,
são determinados por seu dever de fazer com que as demonstrações a serem apresentadas
a terceiros, como por exemplo, a acionistas, investidores, fornecedores, à fiscalização,
16
Cassimo
reflitam com propriedade a situação de uma empresa em certa data, e os resultados das
operações do período examinado;
c) Responsabilidade: a responsabilidade do auditor interno é para com a gerência, ao passo
que a responsabilidade do auditor externo geralmente é mais ampla. É evidente que o
audito interno, sendo funcionário da empresa, não tem a condição de total independência
que possui o auditor externo;
d) Métodos: não obstante as diferenças apontadas, os trabalhos de ambos são efetuados em
geral por métodos idênticos. O auditor interno segue mais as rotinas de cunho interno,
pois ele tem domínio da cultura da empresa, enquanto o auditor externo observa mais o
cumprimento das normas associadas às leis de forma bem ampla, ele tem melhor
domínio dos aspectos de interesse coletivo. (CREPALDI, 2011, p.39).

Serão apresentadas as diferenças básicas num quadro comparativo entre auditoria externa e interna,
segundo Crepaldi (2016):

Elementos Auditoria Externa Auditoria Interna


Sujeito Profissional Independente Auditoria Interna (funcionário
da empresa)
Acção e objectivo Exames das Demonstrações Exame dos controles
Financeiras operacional
Finalidade Opinar sobre as Promover melhoria nos
Demonstrações Financeiras controlos operacionais
Relatório Principal Parecer Recomendações de controlo
interno e eficiências
administrativas
Grau de Independência Mais amplo Menos amplo
Interessados no Trabalho A empresa e o público em A empresa
geral
Responsabilidade Profissional, civil e criminal Trabalhista

17
Cassimo
Número de áreas cobertas Maior Menor
pelo exame durante um
período
Intensidade dos trabalhos Menor Maior
em cada área
Continuidade do trabalho Período Continuo
Fonte: Crepaldi (2016)

2.3.Vantagens e Benefícios da Auditoria


Os benefícios e vantagens da auditoria são inegáveis, devendo os gastos serem encarados como
um investimento de grande retorno para a organização, devido ao caracter de prevenção contra
possíveis actos lesivos ao património e imagem da empresa. Uma pergunta que deve ser feita é: o
que aconteceria nas empresas (seja de medio ou grande porte), se não houvesse um trabalho
sistemático de auditoria? Com certeza, aumentariam significativamente os casos de prejuízos.

As vantagens e benefícios da auditoria podem ser resumidas das seguintes maneira:

a) Para Empresas:
 Fiscaliza a eficiência dos controlos internos;
 Assegura maior correção e confiança nos registos contabilísticos;
 Opina sobre a adequação das demonstrações;
 Dificulta desvios de bens patrimoniais e pagamentos indevidos;
 Possibilita a apuração de omissão nos registos das receitas e nos recebimentos;
 Contribui para a obtenção de melhores informações sobre a real situação económica,
patrimonial e financeira das empresas;
 Aponta falhas na organização administrativa da empresa e nos controlos internos;
 Contribui para soluções dessas falhas.

b) Para os Investidores
 Contribui para maior exatidão das demonstrações;
 Aumenta a credibilidade das demonstrações e notas explicativas;
 Assegura maior transparência nas informações sobre a empresa;

18
Cassimo
 Contribui para a maior proteção dos bens e direitos da empresa;
 Auxilia na identificação de passivos contingentes e ocultos.

c) Para a Sociedade:
Para a sociedade, compreendendo os trabalhadores e toda população, directa ou indirectamente
relacionada com as empresas que atuam no país, a auditoria oferece os seguintes pontos:

 Dá credibilidade às demonstrações contabilísticas dessas empresas;


 Assegura a veracidade das informações, das quais dependera a tranquilidade quanto a
sanidade das empresas e á garantia de empregos;
 Informa, através das demonstrações contabilísticas do conjunto das empresas, o grau de
evolução e solidez da economia nacional.

2.4.Autonomia Profissional
O auditor interno, não obstante sua posição funcional, deve preservar sua autonomia profissional.

Os auditores internos somente são independentes quando podem exercer suas funções de auditoria
de forma livre e objectiva. A independência permite aos auditores internos exercerem julgamento
imparcial e sem tendenciosidade, que é essencial à realização de uma boa auditoria. Isto se
consegue através de adequado status na organização e objetividade na consecução de suas
actividades.

2.5.Modalidades de Auditoria Interna


Várias modalidades de auditoria interna foram sendo incorporadas ao longo do processo de
desenvolvimentos das actividades de auditoria interna, assim demonstra GASS (2008), as
seguintes:
a) Financeira – A auditoria focaliza prioritariamente as demonstrações financeiras,
examinando e avaliando as partes componentes desses demonstrativos, bem como os
procedimentos e registros, aferindo o nível de adesão à legislação e aos Princípios
Fundamentais da Contabilidade, como também às normas internas da empresa.

19
Cassimo
O enfoque financeiro cobre, prioritariamente, as áreas de tesouraria, aplicações financeiras,
captação de recursos, envolvendo avaliação de liquidez e rentabilidade, ultimamente, vir buscando
focalizar também a atividade de planeamento e controle dos resultados.

b) Operacional - Modernamente, a Auditoria Operacional é considerada, em essência, um


enfoque. A Auditoria Operacional procura aferi se a organização ou unidade submetida a
exame e avaliação opera de forma eficiente. Sob esse enfoque, o auditor interno deve
avaliar as operações da empresa segundo o escopo dos seus objetivos definidos no plano
tático ou operacional e verifique a qualidade da versão impressa.
O objetivo geral da Auditoria Operacional é assessorar a administração no desempenho efetivo de
suas funções e responsabilidades, avaliando se a organização, unidades, sistemas, operações e
programas da empresa estão atingindo os objetivos da corporação de forma eficiente.

c) Sistemas – Abrange o exame e avaliação dos processos de desenvolvimento, teste


aplicativo e operação dos Sistemas, cabendo informar à administração sobre a adequação,
eficiência, segurança, custos, documentação, etc. É uma área de atuação muito importante
da auditoria, seja na extração de informações dos sistemas, seja na implantação de trilhas
de auditoria e, também, no próprio processo de automação interna do órgão de auditoria.
d) Qualidade – A qualidade é um pressuposto básico em todas as atividades da empresa e tem
merecido, também, um foco especial da auditoria. No entanto, é importante analisar a
questão não somente sob a ótica da percepção do cliente; mas também, do ponto de vista
de contribuição de resultados da empresa. Em tese esse objetivo da empresa é dotar os seus
produtos do mais alto padrão de qualidade. Porém não se pode esquecer de verificar se o
seu cliente está disposto a pagar pelos custos adicionais incorridos para produzir com maior
qualidade.
e) Gestão – Cada uma das modalidades de auditoria apresenta características específicas, na
maioria das vezes elas se sobrepõem o que nem sempre é possível segmentar cada uma
delas. A financeira complementa a operacional, que por sua vez se utiliza da auditoria de
sistemas e todas estão focadas na obtenção dos melhores resultados da empresa. Assim,
podemos observar que as verificações de auditoria, qualquer que seja o tipo, têm por
objetivo final, contribuir para a maioria dos resultados. A auditoria de Gestão,
especificamente, se utiliza dos procedimentos dotados nas outras modalidades de auditoria,
20
Cassimo
porém muito focada na avaliação dos resultados obtidos pela unidade sob exame, em
confrontação com a estratégia e o plano de ação, em como na identificação de ameaças e
oportunidades para consecução de resultados futuros.

2.6.Hierarquia da Auditoria Interna


Para o pleno exercício das suas funções, o auditor interno deve exercer um cargo de nível pelo
menos equivalente aos dos demais gerentes. Seu posicionamento ideal seria a subordinação ao alto
comando da empresa, de preferência ao Presidente ou ao Conselho de Administração. Nas
empresas multinacionais, em geral, o responsável pelo gerenciamento da auditoria reporta-se a um
executivo de alto nível no exterior. (OLIVEIRA, 2001)

Dentro de uma organização, o Departamento de Auditoria Interna está subordinado à alta


administração da empresa, ou seja, à presidência. A título de ilustração, numa estrutura
organizacional com diretorias, estas viriam logo abaixo do Departamento de Auditoria que, por
sua vez, está abaixo da presidência. (MORAIS)

2.7.Importância da Auditoria Interna para a Organização


Não adianta a empresa implantar um excelente sistema de controle interno sem que alguém
verifique, periodicamente, se os funcionários estão cumprindo o que foi determinado no sistema.

Os objectivos da auditoria interna são:

 Verificar se as normas internas estão a ser seguidas;


 Avaliar a necessidade de novas normas internas ou de modificação das já existentes.

Dois professores de contabilidade nos Estados Unidos, Michael W.Maher e Ramachandran


Ramana, desenvolveram uma pesquisa junto a 57 companhias, na tentativa de verificar se
realmente a auditoria interna contribui para a melhoria do desempenho gerencial dos demais
executivos. As suas conclusões foram de que, apesar das dificuldades em quantificar os benefícios
trazidos pela auditoria interna, a contribuição desse departamento é bastante positiva para a
eficácia e eficiência gerencial das organizações. (OLIVEIRA, 2001, p.98)

21
Cassimo
Os citados pesquisadores são taxativos ao afirmar que os auditores internos começaram a aumentar
a sua importância para as empresas a partir do momento em que dedicam boa parte de seus esforços
para as actividades de auditoria das operações e análises do desempenho gerencial.

2.8.Normas relativas ao relatório da auditoria interna


O relatório é o documento pelo qual a Auditoria Interna apresenta o resultado dos seus trabalhos,
devendo ser redigido com objectividade e imparcialidade, de forma a expressar, claramente, suas
conclusões, recomendações e providências a serem tomadas pela administração da entidade.

O relatório da auditoria interna deve abordar, no mínimo, os seguintes aspectos:

a) Objectivo e a extensão dos trabalhos;


b) A metodologia adoptada;
c) Os principais procedimentos de auditoria aplicados e sua extensão;
d) Eventuais limitações ao alcance dos procedimentos de auditoria;
e) A descrição dos factos constatados e as evidências encontradas;
f) Os riscos associados aos factos constatados; e
g) As conclusões e recomendações resultantes dos factos constatados.

O relatório de Auditoria Interna deve ser apresentado a quem tenha solicitado o trabalho ou a quem
este autorizar, devendo ser preservada a confidencialidade do seu conteúdo.

A Auditoria Interna deve avaliar a necessidade de emissão de relatório parcial na hipótese de


constatar impropriedades/ irregularidades/ilegalidades que necessitem providências imediatas da
administração da entidade que não possam aguardar o final dos exames.

Os auditores devem comunicar os resultados de trabalho de auditoria através do relatório realizado


após a conclusão do exame. Relatórios intermediários podem ser feitos oralmente ou por escrito e
transmitidos formal ou informalmente, desde que apurada sua necessidade.

O auditor interno deve reunir-se com os representantes de níveis adequados da administração para
discutir conclusões e recomendações, com a finalidade de reduzir ao mínimo as possibilidades de
mal entendidos.

22
Cassimo
Os relatórios devem ser objectivos, claros, concisos, construtivos e oportunos; declarar as
finalidades, âmbito e resultado de auditoria e, se necessário, o parecer do auditor.

Os relatórios podem conter recomendações para melhorias potencias e, se necessário, dar ciência
de desempenho satisfatório e de providências corretivas tomada. Os pontos de vista de sector
submetido a exame, com respeito às conclusões do auditor e suas recomendações, podem ser
incluídos no relatório de auditoria. (ATTIE, 2011, p.49)

Ao dirigente da auditoria interna cabe decidir a quem distribuir os relatórios de auditoria.

O auditor interno deve acompanhar o trabalho, para se certificar de que foram tomadas as
providências necessárias a respeito do que foi descoberto durante a auditoria.

A auditoria interna deve certificar-se de que foram tomadas providências e alcançados os


resultados esperados ou, então, de que a administração assumiu o risco de não tomar providências
a respeito das descobertas feitas pelos auditores.

2.9. Qual a formação necessária para ser Auditor Interno (Perfile do Auditor)
O auditor interno deve manter a sua qualificação técnica, atualizando-se quanto ao avanço das
normas, procedimentos e técnicas aplicáveis à auditoria, adequando-se e adaptando-se às novas
exigências do mercado. Existe a necessidade de o auditor ter um programa de educação continuada,
ampliando os seus conhecimentos técnicos, além de realizar auditorias periodicamente, de modo
a não perder o senso de perceção, estando assim capacitado a realizar o seu trabalho com excelente
qualidade e poder satisfazer plenamente os seus clientes.

O profissional desta área deve estar permanentemente atualizado, através de estudos contínuos,
adequando-se e adaptando-se às novas exigências do mercado. O auditor, no exercício das
atividades de auditoria, deve possuir um conjunto de conhecimentos técnicos, experiência e
capacidade para as tarefas que executa, conhecimentos de disciplinas específicas para o adequado
cumprimento do objetivo da auditoria. A competência profissional 23 é adquirida pela aplicação
prática dos conhecimentos técnicos. O somatório de conhecimento e experiências obtidas entre
várias situações contribui para o desenvolvimento profissional.

23
Cassimo
Para um bom desempenho, o Auditor Interno deverá obter, dos órgãos de gestão da empresa, a
definição, em documento formal, os objetivos, as responsabilidades e a autoridade da função.

Segundo OLIVEIRA, o documento de criação da Auditoria Interna deverá consagrar os seguintes


aspetos:

a) Posição hierárquica;
b) Autorizar o acesso a registos, pessoal e bens patrimoniais da empresa;
c) Âmbito da função;
d) Objetivos estratégicos da função.

O Auditor Interno deverá ter conhecimento nas seguintes áreas:

a) Capacidade de argumentação;
b) Comunicação;
c) Auditoria;
d) Ética;
e) Organização;
f) Sociologia;
g) Fraude;
h) Processamento de dados;
i) Computadores;
j) Contabilidade;
k) Legislação;
l) Impostos;
m) Métodos quantitativos;
n) Marketing;
o) Ferramentas de extração de dados;
p) Informática;
q) Estatística e;
r) Economia;

24
Cassimo
2.10. Qualidades do Auditor Interno
O auditor interno deve possuir um conjunto de princípios fundamentais para que as ações
realizadas tenham sucesso na empresa e, fundamentalmente, junto dos operacionais responsáveis
pelo exercício quotidiano de tarefas essenciais para a empresa.

O auditor interno deverá possuir características e qualidades nas quais se deverão destacar a
competência, a integridade, a capacidade de compreensão do meio e das suas condicionantes,
espírito crítico, e saber estimular o diálogo entre os vários intervenientes da gestão.

2.11. Controle Interno

Actualmente a competitividade torna-se um desafio para a sobrevivência das empresas, é constante


a preocupação dos gestores e administradores de uma organização em identificar ou minimizar
erros ou fraudes dentro de uma empresa. A auditoria interna, como controle gerencial, exerce um
papel importante de assessoramento, subsidiando ao administrador na tomada de decisões, no
cumprimento de metas e na correção de eventuais problemas internos. Para facilitar esse trabalho,
é que são criados os controlos internos. Sem eles, o exame de auditoria seria quase impossível em
qualquer empresa, seja qual for seu tamanho.

Por vezes, entende-se controle interno como sinónimo de auditoria interna. É uma ideia totalmente
equivocada, pois a auditoria interna equivale a um trabalho organizado de revisão e apreciação dos
controles internos, normalmente executado por um departamento especializado, ao passo que o
controle interno se refere a procedimentos de organização adotados como planos permanentes da
empresa.

O Comitê de Procedimentos de Auditoria Interna do Instituto Americano de Contadores Públicos


Certificados, AICPA, afirma:

“O controlo interno compreende o plano de organização e o conjunto coordenado dos métodos e


medidas, adotados pelas empresas, para proteger seu património, verificar a exatidão e a
fidedignacão de seus dados contábeis, promover a eficiência operacional e encorajar a adesão à
política traçada pela administração.”

25
Cassimo
A importância do controle interno fica patente a partir do momento em que se torna impossível
conceber uma empresa que não disponha de controlos que possam garantir a continuidade do fluxo
de operações e informações proposto.

A confiabilidade dos resultados gerados por um fluxo que transforma simples dados em
informações a partir das quais os empresários, utilizando-se de sua experiência administrativa,
tomam decisões com vistas no objectivo comum da empresa, assume importância.

Um facto interessante em relação ao controle interno é a sua relação com a Auditoria Interna. É
comum confundi-los, entretanto, a diferença entre as duas vertentes são significantes. Enquanto o
controle interno está voltado para a execução dos objetivos da empresa, a auditoria interna está
mais relacionada a um “trabalho organizado de revisão e apreciação dos controles internos”.
(ATTIE, 2010, p.148)

Ao iniciar um trabalho de auditoria interna, é fundamental que o auditor observe como se


encontram os controlos da empresa e que identifique os ciclos ou as áreas operacionais de maior
influência ou risco na actividade geral da empresa.

O controlo interno tem limitações inerentes à sua operacionalização. Para a análise das rotinas e
das normas, é necessário que o auditor compreenda o ambiente de controlo e esteja atento às
limitações que podem existir, dentre elas:

 É voltado para transações rotineiras;


 É deficiente nos aspectos operacional e técnico;
 É vulnerável a influência hierárquica, e;
 É desatualizado em função do desenvolvimento tecnológico.

Após o conhecimento dessas limitações, o auditor deve planejar a auditoria de modo a reduzir os
riscos de auditoria. Quanto melhor for o controle, mais segurança terá o auditor na execução de
seu trabalho e uma avaliação desses controles internos se configura tarefa essencial.

Por analogia, toda empresa possui controles internos. A diferença básica é que estes podem ser
adequados ou não. A classificação pode ser dada analisando-se a eficiência dos fluxos de operações
e informações e os seus custos/benefícios. A implantação ou aprimoramento de um tipo de controle

26
Cassimo
interno é tanto viável quanto positiva for a sua relação custo/beneficio. O grau máximo de
avaliação do benefício deve ser atribuído à importância e qualidade da informação a ser gerada.
Quanto ao custo, vale lembrar qua sempre que possível se deve utilizar o conceito de custo de
oportunidade que é muito mais amplo. (ATTIE, 2011, P.185)

O controle interno é parte integrante de cada segmento da organização e cada procedimento


corresponde a uma parte do conjunto do controle interno. Por exemplo, se o departamento de
vendas tira um pedido, devem existir procedimentos que permitem determinar se o cliente poderá
quitar seus compromissos junto a empresa. Por sua vez, o sector de expedição terá de saber se a
venda foi realizada para proceder ao seu despacho e solicitar a emissão da documentação
comprobatória, que compulsoriamente terá de ser contabilizada, e assim por diante. O conjunto de
procedimentos no exemplo é que pode ser considerado como um controle interno, embora haja
outros procedimentos que mereçam considerações para que se complete o ciclo, de vendas, no
caso.

A função da contabilidade como instrumento de controlo administrativo é hoje unanimemente


reconhecida. Um sistema de contabilidade que não esteja apoiada em eficiente controlo interno é,
até certo ponto, inútil, uma vez que não é possível confiar nas informações contidas nos seus
relatórios.

Informações contabilísticas distorcidas podem levar a conclusões erradas e danosas para a


empresa. Apesar disso, existem muitas empresas para as quais o controle interno é desconhecido.
Pensam que, tendo empregados de confiança, estarão cobertas contra qualquer irregularidade.
Confiar nos subordinados não deixa de ser correcto, mas é necessário, porém, admitir que esta
confiança pode dar lugar a toda espécie de fraudes. Basta dizer que grande parte das irregularidades
nos negócios, segundo se tem verificado, deve-se a empregados nos quais se confiava. Além disso,
quando não existem procedimentos adequados de controlo interno, são frequentes os erros
involuntários e os desperdícios.

A implantação de um sistema de controlo interno, além de proporcionar maior credibilidade,


segurança e integridade aos informes administrativos e contábeis, minimiza riscos, como erros
involuntários ou frades nas operações desempenhadas cotidianamente.

27
Cassimo
É possível constatar a importância do controle interno “a partir do momento em que se verifica
que é ele que pode garantir a continuidade do fluxo de operações com as quais convivem as
empresas”. (CREPALDI, 2011, p.385).

“Para que se verifique a importância do controle, é oportuno analisar o crescimento e a


diversificação de uma empresa.” (ATTIE, 2011, p.191), isso deve-se, porque quanto maior a
empresa, mais funcionários ela possui. Ou seja, quanto maior for o crescimento de uma empresa
mais o controle dela se afasta dos sócios. Assim torna-se necessário a constituição de um controle
interno mais elaborado, de forma que os objetivos da empresa possam ser atendidos, e também as
informações contábeis possuam a maior credibilidade possível.

Completando estas afirmações, ALMEIDA (2010, p. 5) enfatiza que “com a grande expansão dos
negócios, percebeu-se a necessidade de dar maior importância a normas ou aos procedimentos
internos, devido ao facto de o administrador, não poder supervisionar pessoalmente todas as
atividades”.

2.12. Responsabilidade pelos Controlos Internos


De quem é a responsabilidade pelos controlos internos nas organizações?

Colella e Cook & Winkle afirmam que a responsabilidade pelos controles internos cabe à
administração.

Para Colella (1979, p.5), “cabe à administração, a responsabilidade pela criação e a manutenção
do controle interno. Contudo, a responsabilidade do auditor em relação ao controlo interno limita-
se a:

 Apreciar de modo inteligente os procedimentos em vigor e determinar que os mesmos


ofereçam um razoável grau de confiança;
 Verificar se o sistema está sendo corretamente aplicado;
 Reportar as falhas observadas oferecendo recomendações para saná-las".

28
Cassimo
Cook e Winkle (1979, p.133) destacam que “a administração tem a responsabilidade de projetar e
manter um sistema de controle interno capaz de produzir demonstrações financeiras fidedignas.
Embora o auditor independente possa assessorar a administração no projeto de seu sistema inicial
e fazer sugestões para seu aperfeiçoamento, evidentemente a responsabilidade por esse sistema
cabe à administração”.

Considerando-se que dentro de uma empresa há diferentes funções, tarefas, actividades e planos
organizacionais com distribuição de responsabilidades, a administração deve fazer revisões para
verificar se os empregados desempenham suas funções conforme o sistema de controle interno
exige, cabendo ao auditor acompanhar o funcionamento do mesmo, verificando se o sistema está
correctamente aplicado, relacionando as falhas observadas e propondo sugestões e recomendações
para saná-las, no intuito de facilitar o atingimento dos objetivos estabelecidos pelo controle interno
que segundo Attie (1998, p. 117), são quatro:

1) A salvaguarda dos interesses da empresa;


2) A precisão e a confiabilidade dos informes e relatórios contábeis, financeiros e
operacionais;
3) Estímulo à eficiência operacional;
4) A adesão às políticas existentes.

Os principais meios necessários para a salvaguarda dos interesses da empresa são:

 Segregação de função;
 Sistema de autorização e de aprovação;
 Determinação de funções e responsabilidades;
 Rotação de funcionários;
 Manutenção de contas de controlo;
 Seguro;
 Legislação;
 Diminuição de erros e desperdícios;
 Contagem físicas independents;
 Alçadas progressivas.

29
Cassimo
Principais meios para a precisão e a confiabilidade das informações e dos relatórios contabilísticos,
financeiros e operacionais:

 Documentação confiável;
 Conciliação;
 Análise;
 Plano de conta;
 Tempo hábil;
 Equipamento mecânico.

Principais meios para dar suporte ao estímulo à eficiência operacional:

 Seleção;
 Treinamento;
 Plano de carreira;
 Relatórios de desempenho;
 Relatório de horas trabalhadas;
 Tempos e métodos;
 Custo-padrão;
 Manuais internos;
 Instruções formais.

Principais meios para dar suporte e adesão às políticas existentes:

 Supervisão;
 Sistema de revisão e aprovação;
 Auditoria interna.

A Resolução CFC nº 820/97 (Conselho Federal de Contabilidade, 1997) tem o seguinte


pronunciamento:

“A responsabilidade primária na prevenção e identificação de fraudes e erros é da administração


da entidade, através da implementação e manutenção de adequado sistema contábil e controle
30
Cassimo
interno. Entretanto, o auditor deve planejar seu trabalho de forma a detectar fraudes e erros que
impliquem efeitos relevantes nas demonstrações contábeis.”

“O sistema contábil e de controles internos é de responsabilidade da administração da entidade,


porém o auditor deve efetuar sugestões objetivas para aprimoramentos, decorrentes de
constatações feitas no decorrer do seu trabalho”. A maior responsabilidade refere-se aos meios
adotados pela empresa, para prevenir-se ou descobrir erros ou fraudes, com a manutenção de um
sistema de controle interno de qualidade.”

2.13.Características de um Sistema de Controlo Interno


Um sistema de controle interno bem desenvolvido pode incluir o controle orçamentário, custos-
padrão, relatórios operacionais periódicos, análises estatísticas, programas de treinamento de
pessoal e, inclusive, auditoria interna. Pode, também, por conveniência, abranger actividades em
outros campos.

Em sentido amplo, o controle interno inclui, portanto, controles e podem ser peculiares tanto à
contabilidade como à administração, como segue:

Controlos contabilísticos: compreendem o plano de organização e todos os métodos e


procedimentos directamente relacionados, principalmente com a salvaguarda do patrimônio e a
fidedignidade dos registros contabilísticos. Geralmente incluem os seguintes controlos: sistema de
autorização e aprovação; separação das funções de escrituração e elaboração dos relatórios
contabilísticas daquelas ligadas às operações ou custódia dos valores; e controles físicos sobre
estes valores.

Controles Administrativos: compreendem o plano de organização e todos os métodos e


procedimentos que dizem respeito à eficiência operacional e à adesão à política traçada pela
administração. Normalmente, se relaciona de forma indirecta aos registros financeiros.

Com frequência abrangem análises estatísticas, estudos de tempo e movimentos, relatórios e


desempenho, programas de treinamento e controle de qualidade.

31
Cassimo
As delimitações que indicam se certos planos especiais de organização de determinados métodos
e procedimentos podem ser classificados como controles contabilísticos ou administrativos
variam, naturalmente, de acordo com circunstâncias específicas.

As características de um sistema de controle interno eficiente compreendem:

Plano de organização que proporcione segregação de funções apropriada das responsabilidades


funcionais;

 Sistema de autorização e procedimentos de escrituração adequados, que proporcionem


controle eficiente sobre o activo, passivo, receitas, custos e despesas;
 Observação de práticas salutares no cumprimento dos deveres e funções de cada um dos
departamentos da organização, e;
 Pessoal com adequada qualificação técnica e profissional para a execução de suas
atribuições.

2.14.Plano de Organização
Dentro de um plano de organização, deve haver uma independência estrutural das funções de
operação, custódia, contabilidade e auditoria interna. Essa independência requer uma separação de
funções e ainda a integração e a coordenação entre os departamentos, possibilitando o trâmite
normal e a eficiência do trabalho, ou seja, os registros existentes fora de cada departamento servem
como controles das atividades dentro do departamento.

Deve haver, também, a determinação de responsabilidades acompanhada da delegação de


autoridade, para que as responsabilidades sejam cumpridas. É importante que as responsabilidades
e a delegação de autoridades estejam claras.

2.15.Sistema de Autorização e Procedimentos de Escrituração


O controle das operações e transações por meio de métodos de aprovação; o controle dos registros
das operações e transações por meio de documentos originais; e o controle para a classificação dos
documentos dentro de um plano de contas são meios que devem ser incluídos num sistema de
autorização.

32
Cassimo
2.16.Práticas Salutares (Boas Práticas)
O emprego de práticas edificantes no cumprimento das actividades de cada departamento resultará,
em sua maioria, na eficiência dos controles internos, devendo as mesmas assegurar integridade das
autorizações, registros e custódias. Isso se faz por meio de divisão de funções e responsabilidades,
de forma que um trabalho tenha seu começo executado por um funcionário e seja concluído por
outro. Essa prática favorece a possibilidade de descoberta de fraudes ou erros. No intuito de
verificar se o funcionamento do controle interno está conforme as expectativas, este deve estar sob
constante supervisão, pois “por mais sofisticados que sejam os controles internos, estes serão
sempre vulneráveis à má fé e à desonestidade, variando tão-somente quanto ao grau de
intensidade”. (Guimarães, 2001, p. 64).

O auditor interno assessora a administração no trabalho de prevenção de fraudes e erros,


informando-a, de maneira reservada, sobre indícios ou confirmações de erros ou fraudes no
decorrer de seu trabalho.

2.17.Pessoal Qualificado
É extremamente importante a prática, dentro de uma organização, de treinamentos, cursos de
aperfeiçoamento e reciclagem, de forma que as pessoas que nela trabalham possuam informações
adequadas para a execução de sua tarefa. Além disso, competência, zelo, responsabilidade e
honestidade compõem a qualificação do profissional.

33
Cassimo
CAPÍTULO III – METODOLOGIA

De acordo com GIL (2002), a Metodologia de Investigação tem em vista a descrição dos
procedimentos a seguir na pesquisa, ou a elaboração de um plano conducente a realização de um
trabalho científico.

Existem vários tipos de pesquisa e, segundo VERGANA (2007) os tipos de pesquisa não são
mutuamente exclusivos na medida em que um determinado projecto pode ser feita de várias
pesquisas.

3.1. Método ou Abordagem de Pesquisa


O método ou abordagem de pesquisa diz respeito à forma como será conduzido este estudo.
Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007, pag.23) “em seu sentido mais geral, o método é ordem que
se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir certo fim ou um resultado
desejado”.

A pesquisa usada para este Trabalho é a pesquisa qualitativa, aquela que busca compreender o
comportamento dos consumidores, estudando as suas particularidades e experiências individuais,
este é o principal motivo que incentiva a utilização desta pesquisa.

Segundo Gil, citado por Silva (2004), a pesquisa qualitativa é uma relação dinâmica entre o mundo
real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do
sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenómenos e a atribuição de
significados são básicos no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e
técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte directa para a colheita de dados e o pesquisador
é o sujeito-chave. A pesquisa qualitativa é descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar os seus
dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

3.2.Modalidade de Pesquisa
A modalidade de pesquisa usada para este Trabalho, é o estudo de caso. Empregou-se esta tecnica
pela sua condição de proporcionar informações que muitas vezes não ficaram claras o suficiente

34
Cassimo
por meio de diálogos ou registros formais. Assim observando a situação no próprio local onde ela
ocorre, podem-se constatar problemas de forma mais realista.

De acordo com GIL (2002), o estudo de caso refere-se a um estudo profundo e exaustivo de um
ou poucos objectos de forma que permitiu seu amplo e detalhado conhecimento.

3.3.Instrumento de Recolha de Dados


Os dados colhidos serão apresentados de forma narrativa, porque foram realizadas entrevistasdas
quais dever-se-á citar alguns trechos. A entrevista foi feita de forma clara, aberta, objectiva e
padronizada.

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a
respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um
procedimento utilizado na investigação social, para a colecta de dados ou para ajudar no
diagnóstico ou no tratamento de um problema social.

A entrevista, de acordo com MARCONI e LAKATOS (2001) é uma conversa feita face a face de
forma metódica que proporciona ao entrevistador colher verbalmente a informação de que
necessita para a investigação.

A entrevista tem como objectivo principal a obtenção de informações do entrevistado, sobre um


determinado assunto ou problema.

Há diferentes tipos de entrevistas, que variam de acordo com o propósito do entrevistador:

a) Padronizada ou Estruturada- é aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente


estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas. Ela se realiza de acordo
com um formulário elaborado e é efectuada de preferência, com pessoas selecionadas de
acordo com um plano.
b) Despadronizada ou não estruturada- o entrevistado tem a liberdade para desenvolver cada
situação em qualquer direção que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais
amplamente uma questão. De forma geral, as perguntas são abertas e podem ser
respondidas dentro de uma conversação informal. Este tipo de entrevista, segundo Ander-
Egg (1978:110), apresenta três modalidades:
35
Cassimo
 Entrevista focalizada, é um roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai
estudar e o entrevistador tem a liberdade de fazer as perguntas que quiser.
 Entrevista clínica, trata-se de estudar os motivos, os sentimentos, a conduta das
pessoas. Para este tipo de entrevista pode ser organizada uma serie de perguntas
específicas.
 Não Dirigida, onde há liberdade total por parte do entrevistado, que poderá
expressar as suas opiniões e sentimentos. A função do entrevistador é de
incentivo, levando o informante a falar sobre um determinado assunto, sem,
entretanto, forçá-lo a responder.
c) Painel- consiste na repetição e perguntas, de tempo em tempo, às mesmas pessoas, a fim
de estudar a evolução das opiniões em períodos curtos. As perguntas devem ser formuladas
de maneira diversa, para que o entrevistado não distorça as respostas com essas repetições.

3.4. Sujeitos da pesquisa


É importante que, para haver credibilidade em uma pesquisa qualitativa, que sejam determinados
o sujeito e a unidade de análise em questão. Determina-se como unidade de análise, a empresa
Shine Water & Serviços, Lda., situada no Município de Maputo, no distrito de Kamabukwane. Os
sujeitos da pesquisa são os membros da direcção, o proprietário da empresa e o contabilista.

Decidiu-se entrevistar o proprietário, pois ele é o responsável pela empresa e tem o mínimo de
domínio das coisas que acontecem dentro da organização, e o contabilista, que também possui o
cargo de auditor, ele é que controla, auxilia no processo de administração, registra as transações,
realiza as análises, as classificações, conciliações contabilísticas e financeiras, incluindo o controlo
fiscal.

36
Cassimo
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA
PESQUISA
4.1.APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA
Para análise e desenvolvimento da pesquisa fez-se a elaboração de um estudo de caso para melhor
demonstrar a aplicabilidade das questões levantadas pelo trabalho.

Nesta parte do trabalho apresenta-se um breve historial da empresa em estudo, como forma de dar
a conhecer alguns aspectos relevantes sobre a mesma, incluindo a sua visão, missão, seus produtos
e colaboradores. É nesta parte também, que se explica como ocorreu a fraude na organização.

O nome da empresa em estudo é Shine Water & Serviços Limitada, Sociedade Comercial por
Quotas de responsabilidade limitada, localiza-se no Bairro de Magoanine B, número cento e
sessenta e seis (166), na cidade de Maputo.

A Shine Water & Serviços, Lda., publicada no B.R III Série, número 17 de 26 de Abril de 2012,
titular do Alvará número 6023/11/01/PS/2012, situada no Bairro de Magoanine B, quarteirão 27,
número 166 é uma empresa de direito privado, licenciado para o exercício de prestação de serviços
nas áreas de Administração e Gestão, Contabilidade e Auditoria e fornecimento de água potável
destinada ao consumo humano. Esta é a sua outra evidência com maior destaque.

A S.W conta com 7 (sete) depósitos de 10.000 (dez mil) litros de água, sendo 6 (seis) aéreos e 1
(um) subterrâneo, com uma capacidade de armazenar 80.000 (oitenta mil) litros de água, que
abastece a cerca de seiscentas (600) famílias diariamente.
A água é examinada trimestralmente pelo Laboratório Nacional e Higiene de Águas e Alimentos
do Ministério da Saúde, onde prova que a água é recomendável (boa), de acordo com os parâmetros
de potabilidade, recomendados ao consumo humano, pelo que, pode ser consumida sem nenhuma
preocupação (beber, cozinhar, lavar e demais utilidades).

A Visão da Shine Water é tornar-se referência no atendimento aos seus clientes, usando técnicas
de fornecimento de água muito avançadas sem prejudicar o meio ambiente.
A sua Missão é de fornecer melhor qualidade e quantidade de água. Como valores, a Shine Water
transmite confiança, respeito, integridade e assiduidade.

37
Cassimo
A empresa é composta por pessoal especializado e com longa experiência no trabalho, com um
número total de (10) dez trabalhadores, assim distribuídos:
 Um (1) Director Geral;
 Dois (2) no Sector Administrativo;
 Sete (7) no Sector Operacional.

A fraude e desvios ocorreram devido a falsificação dos livros de recibos. O livro de recibo é
composto por três cópias, a primeira, é a original (que é entregue ao cliente), a segunda, é uma
cópia (que é arquivada no processo individual do cliente) e a terceira, chamada de canhoto (consta
do próprio livro de recibo). O trabalhador, julgando-se de esperto usava de forma fraudulenta, a
original e a primeira cópia com o valor real da factura e voltava a preencher o canhoto com um
valor diferente da original, beneficiando-se da diferença para o seu uso pessoal. Um exemplo
prático dessa situação: um cliente paga a factura no valor de 800.00mts, o trabalhador preenche o
valor na folha original e na cópia de 800.00mts e usa o químico e canhoto com um outro valor, de
200.00mts.Nestes termos o cliente já tinha a situação regularizada. Enquanto, o canhoto, que era
o principal elemento de contabilização para a caixa, que tinha um valor inferior ao real.

A fraude e os desvios na S.W. afectam o alcance dos objectivos da organização, a sua credibilidade
no mercado como também a confiança nos colaboradores. Após um estudo comparativo quer do
período em análise (seis meses) quer das receitas arrecadadas, concluiu-se haver disparidades
razão pela qual, se procedeu a auditoria interna que culminou com a descoberta da fraude.

Com a auditoria interna e com a confrontação quer dos documentos da contabilidade quer dos
documentos individuais, quer da receita arrecadada, constatou-se divergências numéricas, o que
culminou com a detenção do individuo.

Para a recolha de informação foi realizada uma entrevista ao Proprietário da S.W, bem como ao
Contabilista.

Segundo o trabalho, a primeira questão de pesquisa foi: Que importância é dada a auditoria interna
na organização? À esta questão nosso interlocutor respondeu nos seguintes termos: a auditoria é
uma actividade que engloba os processos, sistemas e responsabilidades dos gestores de uma

38
Cassimo
determinada organização, com o intuito de verificar sua conformidade com certos objectivos,
políticas institucionais, regras ou normas.

O contabilista respondeu da seguinte forma: “A auditoria é uma actividade independente e


objectiva de consultoria e garantia, projectada para agregar o valor e melhorar as operações de
uma organização”.

Segundo BOYNTON (2002), “Auditoria é um processo sistemático de obtenção e avaliação


objectiva de evidência sobre afirmações a respeito de ações e eventos para determinação do grau
de correspondência entre as afirmações, os critérios estabelecidos, e a comunicação dos resultados
aos usuários interessados”.

A relação feita entre as respostas e a definição do autor BOYNTON (2002), pode-se concluir que,
a auditoria é um processo de verificação de operações de uma organização ou empresa, com o
objectivo de certificar aquilo que está correcto ou de poder identificar falhas que necessitem de
correcções.
Com isto, a auditoria interna diante das constantes mudanças e o crescimento das empresas,
encontra-se a necessidade de gerar informações confiáveis e seguras. Por sua vez a auditoria
interna, se torna uma ferramenta indispensável neste processo, pois ela avalia a eficiência das
informações alimentadas pelos gestores da empresa.

A segunda questão de pesquisa, Quais os requisitos necessários para os profissionais de auditoria


interna?
Segundo o proprietário, as organizações devem ter uma auditoria, porque ela serve de resguardar
o patrimônio, contra danos ou riscos provocados por erros e algumas irregularidades. Por isso, é
de extrema importância que a precisão e a confiabilidade das informações contabilísticas para a
tomada de decisões. Além disso, a auditoria serve também para conferir todos os factos e operações
que acontecem na empresa e que convergem na contabilidade. Em termos práticos, cabe a ela
avaliar se os procedimentos estão de acordo com as pràticas aceites e, dessa forma, identificar
caminhos para que os responsáveis tenham como intervir.

39
Cassimo
“As organizações precisam de auditoria porque é uma função independente e objectiva que fornece
garantia sobre á eficácia da gestão de riscos. Agrega valor ao negócio e melhora o funcionamento
da entidade. Ela fornece uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliar, e avaliar o
gerenciamento de riscos, o controlo interno e a governança corporativa”, disse o contabilista da
S.W.

Com as respostas dadas, foi possível concluir que a auditoria é uma actividade independente, que
a sua finalidade é dada em desenvolver, auxiliar, organizar os objectivos de uma entidade. A fim
de auxiliar o processo de tomadas de decisões a procura de melhores resultados. Ela tem como
objectivo observar, questionar e propor alterações e procedimentos de melhoria da organização.

Actualmente, muitas organizações e empresas entendem a necessidade de ter um auditor dentro


da organização, pois sem essa consultoria as organizações poderão ficar a mercê de erros, fraudes
e outras irregularidades. A auditoria serve como uma técnica de controlo de gestão que, mediante
a análise, verificação e avaliação independente das actividades da empresa, e da eficácia,
eficiência e em conformidade com o funcionamento das demais técnicas do controlo. Tem em
vista auxiliar os gestores e os demais serviços no desempenho das suas funções e
responsabilidades, e o mais importante, tem como função principal a salvaguarda dos activos das
empresas e a verificação do cumprimento dos procedimentos e regras estabelecidas pelos gestores.

A terceira questão da pesquisa foi a seguinte: “Que contributo a auditoria interna presta á
organização de modo a minimizar a ocorrência de erros e fraudes?”
“A auditoria interna é essencial para todas as organizações que pretendem crescer e ter processos
internos eficientes. A auditoria interna tem um papel muito importante dentro das organizações a
fim de apoiar a gestão nas tomadas de decisão, além de identificar que todos os processos internos
e políticas definidas pela empresa estão sendo seguidos. É importante ter um profissional auditor
dentro das organizações, pois ele é responsável por garantir a conformidade de produtos, serviços
e processos internos de uma empresa, atestando, através de levantamentos e relatórios precisos”,
disse o proprietário da S.W.
“Como um princípio geral, os auditores externos devem ser capazes de usar evidências e relatórios
obtidos da função de auditoria interna para auxilia-los, informar seu entendimento da organização

40
Cassimo
e seu ambiente de controlo e ajudar a identificar e avaliar os riscos de distorção relevante”,
respondeu o contabilista.

Foi possível concluir que, por um lado, a auditoria interna trabalha com a identificação de
irregularidades nos processos em uma organização, essa identificação é fundamental para que a
organização consiga melhorar os seus processos e por consequência agregar qualidade ao seu
produto. Por outro lado, ter um auditor na organização, ajuda a analisar as informações e consegue
tratar os dados disponíveis transformando em informações para a tomada de decisão, assegurando
a qualidade e fidedignidade das informações.

A quarta e última questão, Quais são os métodos utilizados para a prevenção e combate às fraudes
nas organizações?
O proprietário citou alguns dos métodos que podem ajudar muito na prevenção a fraudes nas
organizações são:

 Fazer auditorias periódicas e manter o processo de auditoria contínua;


 Implementar políticas de controlo de acesso;
 Conhecer e valorizar as ideias dos funcionários;
 Dar um treinamento/formação aos funcionários.

Segundo o contabilista, os métodos utilizados para a prevenção e combate às fraudes nas


organizações são:

 Criar controlos para todos os processos realizados na empresa;


 Configurar uma função de auditoria interna e comunicar as funções e actividades de
monitoramento;
 Teste os dados transacionais para possíveis indicadores de fraude;
 Fornecer gerenciamento com notificação imediata quando as coisas estão dando errado;
 Concertar qualquer controle quebrado imediatamente e melhorar as políticas e
procedimentos.

41
Cassimo
Foi possível concluir que, os métodos utilizados para a prevenção e combate às fraudes nas
organizações variam de caso a caso, pois existem casos mais tensos e prejudiciais a cada
organização podendo levá-la á falência. Neste caso concreto, foi possível verificar que se deve
sempre fazer uma análise dos funcionários ou colaboradores existentes na organização. É
importante ter um controlo interno, ter regras, deixar bem claro as funções e cada um, dar um
treinamento, pois assim o funcionário terá mais conhecimento e vontade de crescer junto com a
organização.

Identificar as actuais práticas de controlo interno na S.W

Nesta parte do trabalho, fez-se um estudo das actuais práticas de controlo interno da organização.

As actuais práticas de controlo interno na S.W são:

 Registos de todas as operações ocorridas na empresa, isto é, a parte administrativa da


empresa;
 Registos de consumo contabilístico (as despesas e receitas ocorridas na empresa);
 Registo do consumo natural, verificação da qualidade e quantidade da água consumida
diariamente;
 Confrontação dos documentos e da receita ordinária (caixa) registrados diariamente.

Propor mecanismos para melhorar o controlo interno das organizações

Com base nas deficiências encontradas nos processos de controlo interno algumas sugestões ou
mecanismos são propostas.

Tem-se por indispensável, como primeira medida, a informatização dos processos através da
implantação de um sistema de informação gerencial, para a eliminação da repetição das
actividades, melhoria da qualidade e do fluxo das informações que consequentemente afecta nas
tomadas de decisões e nos processos internos, maior confiabilidade, credibilidade, controle da
execução e acessos a tais informações, além de permitir a gravação e recuperação dos dados,

42
Cassimo
podendo ser consultados a qualquer momento sem ter que efectivamente buscá-los fisicamente nos
arquivos e agregar valor a empresa no que tange a modernidade e sua competitividade empresarial.

Complementando Silva (2007) descreve que:


“A utilização de um sistema de informação para o controlo interno das operações desempenhadas
dentro da sociedade empresária destina-se a fornecer elementos confiáveis de apoio à tomada de
decisão, auxiliando diretores, gerentes e funcionários na organização, possibilitando a análise de
problemas, sua visualização e soluções.” (SILVA, 2007, p.18).

Analisar as eventuais falhas dos controlos internos existentes na organização

Após a descoberta de diversas fraudes, concluiu-se que existe fragilidades nos processos. Na
realização das entrevistas com o proprietário e o contabilista, percebe-se alguns obstáculos
enfrentados diariamente.

Com base nos questionários aplicados e nas respostas apresentadas pelo entrevistado (contabilista)
foi constatado que não existiu um controle interno eficiente nem um sistema informatizado que
agilizou as actividades exercidas.

Verificou-se, também, que a S.W não possui um manual de procedimentos internos detalhando as
actividades por funções, com isso as atribuições e responsabilidades de cada funcionário não estão
bem definidas.

Apesar de poucos funcionários, não se vê claramente a segregação de funções, mesmo quando se


tem funcionários de confiança não se está livre de riscos e irregularidades, além de possíveis
fraudes nas organizações.

É necessário criar um manual de controlo interno onde constem as instruções operacionais, as


normas e condutas adoptados pela empresa. É importante que o responsável pela empresa, neste
caso, o proprietário os organize e os distribua a seus funcionários. Esta adoção colabora para a
coibição de erros de execução e também garante a qualidade dos processos. Todos os funcionários
deverão ter livre acesso ao manual, para que saibam claramente suas funções e tarefas a cumprir.
Com estes manuais o proprietário terá uma ferramenta para definir melhor as atividades e se será

43
Cassimo
necessária a atualização do responsável pela execução de tal atividade com treinamentos
específicos.

De acordo com Dias (2010) os manuais devem ser de fácil e rápida compreensão, para que
qualquer pessoa ao ler o manual de controles internos, entenda:

 A ordem de execução das atividades;


 Como são realizados os procedimentos;
 As informações registradas nos sistemas informatizados;
 As operações automatizadas;
 As operações que necessitam de intervenção humana;
 Os relatórios emitidos e seu destino e objetivo. (DIAS, 2010, p. 45).

É importante que estes manuais sejam actualizados sempre que necessário, ou alterado alguma
regra, pois estes facilitam o entendimento dos funcionários quanto as suas responsabilidades.

Através da sugestão acima proposta fica mais fácil designar para cada funcionário suas funções.
Segregar as funções é um factor relevante para a eficiência e confiabilidade das informações, pois
como já foi dito anteriormente mesmo quando se tem funcionários de confiança não se está livre
de risco e irregularidades, além de possíveis fraudes.

44
Cassimo
4.2. ANÁLISE QUALITATIVA DOS DADOS DA PESQUISA

Com a pesquisa feita para a elaboração deste trabalho, constatou-se que as organizações passaram
a dar importância à auditoria interna depois que passaram por uma fiscalização ou uma fraude,
onde conseguiu-se notar que a auditoria interna é uma ferramenta essencial que auxilia a alta
administração com informações exactas e ajuda no controlo interno e na elaboração de controlos
contabilísticos, financeiros e outro tipo de controlo.

Neste trabalho procurou-se mostrar a importância da auditoria interna nas organizações, frente a
uma nova realidade de um ambiente globalizado, sua contribuição significativa para a gestão eficaz
dos negócios.

Nas organizações a auditoria interna deve ser de um "agente visionário", com atitudes e voltadas
para alcançar resultados, e não somente exercer actividades de controlos internos. O profissional
desta área deve estar permanentemente actualizado, através de estudos contínuos, adequando-se e
adaptando-se às novas exigências do mercado alvo.

Conclui-se, através da pesquisa realizada neste trabalho, que a auditoria interna é uma ferramenta
que auxilia a administração da empresa, assegurando que os controlos internos e rotinas de trabalho
estejam sendo habitualmente executadas e que os dados contabilísticos merecem um voto de
confiança ou não.

Existem varias formas de mostrar a importância da auditoria interna, porem a importância da


auditoria interna será sempre lembrada pela necessidade de garantir que os procedimentos do
controle interno serão executados correctamente, e prevenir a empresa de fraudes e desvios, por
parte de funcionários.

Dentre as diversas actividades executadas pela função de auditoria interna, destaca-se a


importância da visão do auditor para a continuidade da organização.

Em 2016, com a ocorrência de fraudes na S.W foi possível verificar que o controle interno era
muito fraco, dando chance aos trabalhadores a terem ideias cada dia mais fraudulentas.

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Cassimo
Após a descoberta da fraude e desvios, do ano seguinte (2017), o administrador tomou algumas
medidas de prevenção e foi melhorando a sua forma de organização.

Começou por punir o seu trabalhador que trabalhava de má-fé, foi fazendo um acompanhamento
aos livros de recibos, verificando e dando atenção a cada processo individual de cada cliente.

O administrador conseguiu perceber que não deve-se dar total confiança aos seus trabalhadores,
pois nem todos querem crescer junto com a empresa. Conseguiu perceber também que a sua
empresa não tinha um controle interno adequado.

São falhas desse tipo que faz com que empresas pequenas, meso as grandes, começam a valorizar
e dar importância ao departamento de auditoria, ou mesmo um simples auditor, seja ele interno ou
externo.

O estudo fez com que a empresa conseguisse ultrapassar essa situação, visto hoje, com controles
internos bem definidos, uma organização adequada e apropriada e faz um controle diário com os
trabalhadores.

A auditoria proporciona ao usuário dados e informações necessárias para um melhor controle,


clareza e transparência das várias entidades empresariais. É uma técnica contabilística que pode
ser adoptada como uma ferramenta estratégica, e tem como objetivo normalizar, supervisionar,
fiscalizar e avaliar os dados contabilísticos, financeiros, orçamentários, operacionais e
patrimoniais, visando facilitar a gestão de entidades com ou sem fins lucrativos.

Juntamente com os controles internos que são um conjunto de processos, constituídos de sistemas,
métodos e regras específicas, atualmente aprimoradas com o desenvolvimento das tecnologias de
informação, atingindo uma escala de confiabilidade de seus resultados.

Tendo em conta a importância da auditoria interna, foi possível notar que a auditoria interna e o
controlo interno estão ligados por um laço que juntos fortificam a organização de qualquer
organização ou empresa.

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Cassimo
4.3. DISCUSSÃO DE RESULTADOS DA PESQUISA
Os resultados obtidos nesta pesquisa deram-se através do objetivo geral e dos objetivos
específicos, onde foi possível esclarecer a importância da auditoria interna, a sua contribuição em
organizações e a diferenciação entre auditores internos e auditores externos.

Ao longo do desenvolvimento da pesquisa, foi possível analisar a importância do trabalho


desempenhado pelo auditor interno dentro das organizações, gerando uma maior confiabilidade e
propósito organizacional.

Mostrou-se a princípio a relação da contabilidade com a auditoria, para que dessa forma pudesse
trazer o entendimento acerca do papel da auditoria e a classificação da auditoria externa e interna.
Para que seja possível trazer um entendimento de forma mais clara sobre a auditoria interna e
externa nas organizações ou instituições privadas, retratando suas principais características, foram
evidenciadas as singularidades entre as auditorias interna e externa em um quadro, facilitando esse
entendimento de forma objectiva.

A realização deste trabalho permitiu, também, verificar a importância dos sistemas informatizados
para o processo operacional da organização, dos manuais internos para padronização,
conhecimentos e aplicação por todos os funcionários, a segregação de funções para redução de
risco e irregularidades, além de possíveis fraudes e de uma rotina bem administrada e planejada.

Entende-se que os objetivos propostos foram alcançados, tendo em vista o conhecimento adquirido
sobre o assunto, através do referencial teórico e das sugestões de melhorias efetuadas.

Considerando a actividade de auditoria, foi questionado quais seriam as principais fraudes, bem
como suas consequências, que poderiam acorrer no contexto operacional da empresa.

Como a actividade principal é de prestação de serviços nas áreas de Administração e Gestão,


Contabilidade e Auditoria e fornecimento de água potável destinada ao consumo humano, a fonte
de receita é a cobrança dos pagamentos pelos serviços prestados (com a maior parte das transações
ocorrendo em dinheiro), sendo a folha de controle de arrecadação uma das principais fraudes
potenciais, uma vez que representa riscos de desvios.

47
Cassimo
Essas actividades são responsáveis pela saída e entrada de dinheiro, representando riscos de
desvios, podendo ocorrer fraudes também para com esta operação.

Abordando a magnitude da auditoria interna em relação à eficácia do controle interno e prevenção


de fraudes ou possíveis erros, foi constatado que os controles são realizados com escopo de
auditoria, porém não há auditoria interna (um departamento) constituída na S.W.

Ao se verificar quais as principais acções que a empresa desenvolve para evitar as fraudes citadas,
foi constatado que são realizados diversos controles e cruzamento de informações, porém por
questão de ética e sigilo não foi possível apresentar o detalhamento de tais acções. Considerando
o exemplo: “Normalmente as pessoas vão ao médico uma vez por ano, mesmo não se sentindo
doentes, só para fazerem exames e confirmarem a saúde aparente”, foi questionado se a auditoria
interna tem algo parecido com o exemplo dos exames, mas neste caso, para confirmar a aparente
saúde da empresa e de quanto em quanto tempo se recomenda uma auditoria interna. A resposta
foi positiva em comparação de ambas, sendo que para cada actividade ou cada tipo de negócio vai
exigir um "tempo" específico, porem é recomendado o teste no mínimo 2 vezes por ano.

Ao levantar a hipótese de que a auditoria interna teria mesmo o papel de prevenir o aparecimento
de uma fraude na empresa em questão, se obteve uma resposta negativa, pois foi considerado que
a auditoria não irá prevenir o aparecimento e sim possibilita a descoberta, se ocorrer. Analisando
qual seria a área da empresa que representa maior dificuldade para desenvolvimento das
actividades de auditoria, foi observado que no ramo de negócio em que a organização está inserida,
a maior dificuldade é na auditoria operacional, pelo número de clientes.

De forma geral, o tipo de "fraude" que possui maior probabilidade de incidência em uma empresa
desse ramo seria no mínimo duas: desvio do valor de pagamento e falsificação ou alteração de
registros.

Espera-se que após esta pesquisa a empresa adopte novas condutas para um melhor controlo
interno, adquira um sistema informatizado para auxiliar na funcionalidade dos controles e
acompanhe as evoluções tecnológicas e do mercado para que se tenha um diferencial competitivo
que possa agregar valor a empresa visando o alcance das metas e seus objetivos.

48
Cassimo
É de ressaltar que foi dada mais ênfase na auditoria interna, pois esse é o foco principal desta
pesquisa. No tocante à responsabilidade do auditor na detecção de irregularidades, o auditor não é
responsável pela detecção de fraudes e erros. A responsabilidade da detecção de ilícitos é de
competência primária dos gestores ou administradores da organização. Com isto, não cabe ao
auditor resolver, e sim, dar sua opinião de forma independente.

No que diz respeito à importância do auditor interno, ele desempenha suas funções diminuindo os
indicadores de ilícitos. Deste modo, destaca-se a importância da auditoria na questão de avaliar a
situação da empresa para uma maior eficiência operacional e administrativa, onde o auditor
trabalha para trazer conformidade das normas internas e proteção aos bens da organização.

Assim, no contexto atual em que se encontram as empresas, o auditor é visto como peça-chave e
tem-se tornado um instrumento indispensável para avaliar a eficiência dos gestores e zelar pela
credibilidade das informações geradas. Com relação às práticas de ilícitos, é necessário fazer uma
distinção entre erros e fraudes cometidas no âmbito interno.

Assim é visto que a contribuição da auditoria garante uma maior solidez da empresa e
consequentemente abre portas para novos empregos. O auditor contribui com a fiscalização dos
controles, diminuindo a ocorrência de fraudes e ilícitos.

Pôde-se observar que o caminho traçado para obter as informações sobre o papel do auditor e sua
importância dentro das organizações foi alcançado. Vale ressaltar que a temática vai além do
apresentado nesse trabalho, pois o trabalho do auditor conta com as participações de todos os
departamentos da organização.

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Cassimo
4.4 CONCLUSÕES
Neste trabalho, procurou-se mostrar a importância da auditoria interna nas organizações como a
importância do auditor interno dentro de uma organização.

O papel da auditoria interna é muito importante para revisão e apreciação dos controles internos,
executado por departamentos especializado e utilizando suas técnicas, onde o auditor precisa
conhecer tais controles, para a minimização de risco de fraudes (ATTIE, 2011).

Analisou-se uma empresa, a Shine Water, que através dos dados coletados, obteve-se algumas
considerações para com o problema em questão. Concluiu-se que a empresa não possui um
Departamento de auditoria interna constituída, mas sim que os controlos são realizados com
escopo de auditoria.

O objectivo principal foi alcançado, pois o principal factor que contribui para o aparecimento de
fraude neste ramo é a dificuldade de desenvolvimento da actividade de auditoria na parte de
controlo operacional, por causa do grande número de usuários (clientes) da empresa. Os objectivos
específicos também foram alcançados com sucesso

Dentre os principais resultados, verificou-se que a principal acção que a empresa desenvolve para
evitar as fraudes é o cruzamento de informações, sendo recomendada a auditoria interna.

Concluiu-se que os principais factores relacionados ao aparecimento de fraudes ocorrem na folha


de controlo de arrecadação, pois esta pode possibilitar desvios já que a arrecadação é com maior
parte das transações ocorre em dinheiro, e bem como, também, nas actividades de corte e
montagem de contadores que por serem responsáveis por grande saída de dinheiro exige manter
um controlo para evitar desvios.

Através da revisão de literatura pode-se concluir que a auditoria interna é uma ferramenta de
controlo administrativo e de verificação sistemática da eficiência e eficácia das atividades
operacionais enfocando a avaliação dos controlos internos das atividades e processos
administrativos e operacionais, analisando as deficiências e riscos envolvidos, visando a proteção
dos bens, direitos e obrigações da empresa contra fraudes e desvios, por exemplo.

Considera-se que a utilização da auditoria interna, através do controlo interno é imprescindível


para a boa saúde das organizações, pois são ferramentas que permitem identificar erros e fraudes,

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Cassimo
auxiliando na prevenção, tomadas de decisões e registro de fluxos contabilísticos, proporcionando
ao administrador uma visão mais clara da contabilidade da empresa.

Ressalta-se, ainda, que a auditoria interna é de suma importância para as organizações, pois
desempenham um papel de grande relevância, ajudando a eliminar desperdícios, simplificando
tarefas, servindo de ferramenta de apoio à gestão e transmitindo informações aos administradores
sobre o desenvolvimento das actividades executadas.

Conclui-se, também, que o papel do auditor interno é fundamental no combate à fraude. Levando
em consideração que o auditor interno deve obter, analisar, interpretar e documentar todas as
informações físicas, financeiras, contabilísticas e operacionais para dar suporte aos resultados
almejados pelas organizações.

Entretanto, mesmo diante do trabalho desenvolvido por esse profissional, a empresa não fica isenta
da ocorrência de possíveis fraudes ou erros, ficando claro também que esse profissional de
auditoria não é responsável primário na detecção de ilícitos. Portanto, para evitar a ocorrência de
ilícitos, cabe aos gestores investir cada vez mais na implantação de sistemas informatizados, isto
é, ter um controlo interno adequado com a sua activadade, capazes de detectar a ocorrência de
erros ou fraudes que prejudiquem o desenvolvimento da empresa, trabalhando sempre de forma
preventiva, assim como colocando como princípio da sua empresa a ética e a moral, tanto para
com os próprios gestores, como para os colaboradores.

4.5 RECOMENDAÇÕES
Espera-se que após a pesquisa feita e com as recomendações, a S.W consiga adoptar novas
condutas para melhorar o controlo interno, que possa adquirir um sistema informatizado para
auxiliar na funcionalidade dos controles e consiga criar um departamento de auditoria interna, que
possa acompanhar as evoluções e desenvolvimento da empresa.

Melhorando o controlo interno, no sentido de, ter um controlo mais rígido e eficaz. É muito
importante ter um controlo interno, ter regras, deixar bem claro as funções de cada funcionário, se
possível dar uma formação ou um treinamento, pois assim o funcionário terá mais conhecimento
e motivação em querer desenvolver junto com a organização.

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Adquirindo um sistema informatizado, criará uma implantação de um sistema de informação
gerencial, para a eliminação da repetição das actividades, melhoria da qualidade e rapidez nas
informações, tornando-as mais eficientes e eficazes que afectará nas tomadas de decisões e nos
processos internos da organização.

Por ultimo, tendo um departamento de auditoria interna na organização, ia contribuir muito na


tomada de decisão, no sentido de avaliar, opinar e resguardar o património, contra danos ou riscos
provocados por erros e irregularidades. É de extrema importância a precisão e a confiabilidade das
informações contabilísticas para a tomada de decisões.

Tendo uma auditoria na empresa, pode por exemplo, ajudar a entender e identificar quais são os
principais factores de risco do negócio do ponto de vista operacional e de controles internos, pode
contribuir para identificar falhas ou inconsistências contabilísticas e contribuir para o crescimento
da empresa dentro de um ambiente saudável e extremamente competitivo.

Muitos empresários, principalmente os donos de pequenas e médias empresas, acreditam que a


auditoria seja exclusiva dos grandes grupos de capital, isto é, de grandes empresas, que precisa
prestar contas aos acionistas ou aos gerentes. Infelizmente, eles não consideram que o auditor
também é uma forma de aperfeiçoar seu negócio, corrigir falhas e encontrar alternativas de
expansão.

A auditoria interna mostra o real desempenho da empresa, suas falhas, seus problemas, e mostra
soluções para solução para os pontos críticos.

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5. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES
Como a pesquisa se desenvolve em várias etapas, é necessario fazer a previsão de tempo necessário
para se passar de uma fase para a outra. Como, também, determinadas fases são desenvolvidas
simultaneamente, é necessário ter a indicação de quando isso ocorre.

Para tanto, convém definir um cronograma que indique com clareza o tempo de execução previsto
para as diversas fases, bem como os momentos em que estas se interpõem. Esse cronograma, numa
representação bastante prática (conhecida como gráfico de Gannt), é constituído por linhas, que
indicam as fases da pesquisa, e por colunas, que indicam o tempo previsto.

2020 2021

N° Actividades
Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril

Elaboração do projecto de
1 investigação x
Submissão do projecto à
2 Direcção do curso x
3 Aprovação do projecto x
4 Recolha de dados x
5 Apresentação e análise de dados x
Estruturação e Esboço da
6 monografia x x
Redação da monografia (I
7 versão) x
Redação da monografia (II
8 versão) x x
9 Análise das entrevistas x x
Redação da monografia (III
10 versão) x x
Submissão da monografia à
11 Direcção do Curso x
12 Entrega do trabalho x

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti (2010. 517 p.). Auditoria: um curso moderno e completo: textos,
exemplos e exercícios resolvidos. 7ª Edição. São Paulo: Atlas

ATTIE, William (2006). Auditoria: Conceitos e Aplicações. 3ª Edição. São Paulo: Atlas

ATTIE, William (2011). Auditoria Interna. 2ª Edição. São Paulo: Atlas

BOYNTON, William C; JOHNSON, Raymond N; KELL, Walter G.; tradução José Evaristo dos
Santos (2002). Auditoria. São Paulo: Atlas. Disponível em 07/06/2020 in https:
//www.nucleodoconhecimento.com.br/contabilidade/auditoria-interna

CLÁUDIO, Marcelo e CORDEIRO, Rodrigues (2013). Auditoria Interna e Operacional-


Fundamentos, Conceitos e Aplicações Práticas. São Paulo: Editoras Atlas

COLELLA, Victor (1979). Auditoria: Controle Interno e Estoques. São Paulo: Saraiva

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (Brasil). Normas de auditoria independente das


demonstrações contábeis. Publicada pela Portaria n° 820, de 17/12/1997. Disponível em
04/01/2021 in https: //www.nucleodoconhecimento.com.br/contabilidade/auditoria-
interna/controle-interna

COOK, John W.; WINKLE, Gary M (1979). Auditoria: Filosofia e Técnica. São Paulo: Saraiva

CREPALDI, Sílvio Aparecido (.2011. 770 p.). Auditoria Contábil: teoria e prática. 7ª Edição. São
Paulo: Atlas

CREPALDI, S. A; CREPALDI, G. S (2016). Auditoria Contábil - Teoria e Prática. 10ª Edição.


São Paulo: Atlas

FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto (2001). Auditoria Contábil. São Paulo: Atlas

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GASS, Armando. Papel da Auditoria Interna. Disponível em 04/01/2021 in
http://www.crcrs.org.br/comissoes/audinterna

GIL,António Carlos (2002). Como elaborar um projecto de pesquisa. 4ª Edição. São Paulo: Atlas

GLEIM, Irvin N (2013). Conceitos básicos de Auditoria Interna Parte 1, 17ª Edição

GUIMARÃES, Rafaela dos Santos. A importância do controle interno para o êxito das empresas.
Revista Brasileira de Contabilidade, Rio de Janeiro

MAXIMINIANO, Antonio Cesar Amaru (1993). Introdução á Administração. 6ª Edição. São


Paulo: Atlas. Disponível em 07/06/2020 in https:
//www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/auditoria-interna-organizacoes.htm

MORAIS, Georgina & MARTINS, Isabel (2013). Auditoria Interna Função e Processo, 4ª Edição.
Lisboa:Áreas, Editoras

LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade (2002). Técnicas de Pesquisa, 5ª


Edição.São Paulo: Atlas

LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade (2001). Metodologia do Trabalho


Cientifico, 6ª Edição.São Paulo: Atlas

OLIVEIRA, Luís Martins (2001). Curso Básico de Auditoria. São Paulo: Atlas

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