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(UNIVERSIDADE)

Curso de Administração Pública

Faculdade de Ciências Sociais e Humanidade

Risco no Processo de Auditoria Interna


Licenciatura em Administração Pública

Cristino Naricha

Nampula
1

2019

(UNIVERSIDADE)
Curso de Administração Pública

Faculdade de Ciências Sociais e Humanidade

Risco no Processo de Auditoria Interna

Trabalho de carácter avaliativo a ser


entregue na Faculdade de Ciências
Sociais e Humanidade, Curso de
Administração Pública, recomendado
pelo docente da cadeira de Auditoria I,

Nampula
2

2019
Índice
Introdução..........................................................................................................................3
Objectivos..........................................................................................................................3
Geral..................................................................................................................................3
Específicos:........................................................................................................................3
Metodologia.......................................................................................................................3
1. Risco no Processo de Auditoria Interna........................................................................4
1.1.Breve conceitos sobre o tema......................................................................................4
1.1.1.Auditoria Interna......................................................................................................4
1.1.2.Risco de Auditoria....................................................................................................4
1.2.Objectivos da Auditoria Interna..................................................................................5
1.3.Auditoria interna Vs. Controlo Interno.......................................................................7
1.3.1.Controlo Interno.......................................................................................................7
1.4.Relação entre controlo interno e Auditoria interna...................................................10
1.5.O Risco no Processo de Auditoria Interna e a Influência do Risco na orientação da
auditoria...........................................................................................................................11
1.6.Factores de Risco, Avaliação e Medição do Risco....................................................12
Conclusão........................................................................................................................15
Bibliografia......................................................................................................................16
3

Introdução
Para que uma empresa obtenha uma boa governança, é necessário que o seu gestor
possua conhecimentos a fim de fazer com que ela venha a definir e alcançar seus
objetivos, já que o comportamento da empresa é refletido pelo comportamento de seus
executivos. No entanto, torna-se relevante que eles venham a identificar, além das
oportunidades, os riscos, já que eles influenciam no fracasso ou sucesso do
empreendimento.
Os riscos podem afetar os objetivos e as metas da organização, e quando isso ocorre a
mesma precisa investir em programas de prevenção e minimização de riscos. Nesse
sentido, podem ser adotados controles de gestão que permitem visualizar se a empresa
está indo de encontro ao que foi estabelecido.
Para que a empresa possua uma gestão adequada, ela deve ter uma cultura de controle
interno forte, e para que isso ocorra é aconselhada a existência de uma auditoria interna,
já que esta pode aprimorar a visualização dos riscos que interferem no negócio.
Nos dias que correm, diretores têm tido uma maior responsabilidade de governança de
gestão de risco e controle; com isso, estão contando com auditoria interna para ajudá-los
com essas responsabilidades.
É portanto, a partir desta perspectiva que o presente trabalho visa fazer uma abordagem
sobre Risco no Processo de Auditoria Interna, onde far-se-á uma abordagem
minuciosa sobre o controlo interno, os factores de risco, avaliação e medição do risco; a
influência do risco na auditoria interna.
Objectivos
Geral
 Compreender os riscoms no processo de auditoria interna.
Específicos:
 Descrever o controlo interno;
 Destacar os objectivos da auditoria interna;
 Explicar o risco no processo de auditoria interna e a influência do risco na
orientação da auditoria
 Identificar os factores de risco, Avaliação e Medição do risco.
4

Metodologia
Para o desenvolvimento do presente trabalho usou-se o método bibliográfico, que
consistiu na leitura de diversas obras referentes ao tema em estudo.
1. Risco no Processo de Auditoria Interna
1.1.Breve conceitos sobre o tema
1.1.1.Auditoria Interna
De acordo com LÉLIS & PINHEIRO (2012:214) a “auditoria interna é uma actividade
independente e objetiva, que presta serviços de avaliação e consultoria e tem como
objetivo adicionar valor e melhorar as operações de uma organização”.
Por sua vez, o Instituto de Auditores Internos (AII) afirma que a auditoria interna pode
ser definida como “a função de auditoria interna que deve fornecer resultados completos
e independentes, oportunando e objetivando testes quantitativos e qualitativos para a
gerência, e, em essência, ajudar a avaliar a gestão de risco organizacional”
(BASIOULDS, 2012:2).
Assim, percebe-se que a auditoria interna á uma área de suporte que trabalha
especificamente com intuito de fazer uma análise técnica da empresa sobre o que pode
estar afetando o seu resultado.

1.1.2.Risco de Auditoria
BEJA, (2004) define risco como, “ estar exposto à possibilidade de um resultado
negativo. Gerir o risco significa tomar acções deliberadas para mudar as probabilidades
em favor próprio aumentando as probabilidade de resutados positivos e reduzindo as
probabilidade de resultados negativos.”
MORAIS & MARTINS (2007:34), consideram o, “risco como a quantificação de
incerteza, pois no processo de negócio a incerteza está associada à concretização dos
objectivos organizacionais. As consequências podem ser positivas (oportunidades) ou
negativas (apenas riscos).”
Neste sentido, podemos aferir que o risco não só se apresenta como um limitador, mas
também como uma oportunidade de crescimento, porque a partir da compreensão do
mesmo, melhor se conhece o negócio, e as decisões tomadas consequentemente terão
maior probabilidade de sucesso.
Segundo MORAEAU (2003:57), um risco empresarial pode ser definido como uma
“ameaça de um acontecimento, uma acção ou uma inacção afectar a capacidade de a
empresa atingir os seus objectivos estratégicos e comprometer a criação de valor.”
5

Neste sentido, podemos concluir que o risco é a probabilidade que um acontecimento ou


acção possa adversamente afectar a entidade.
Contudo, TEIXEIRA (2004:253) define risco de auditoria como sendo:
“a possibilidade da existência de deficiências materiais
no controle e que não são detectadas pelo auditor
durante a auditoria. Essencialmente a confiança do
auditor gerencial na validade das conclusões do
relatório é derivada da avaliação da possibilidade de
erro indicada pelo risco de auditoria.

Por exemplo, o risco de falha nos procedimentos de auditoria quanto à detecção de


deficiências materiais no controle pode advir de diferentes áreas:
 Avaliação imprópria do risco relativo que resultou em modelo e escopo de
procedimentos de auditoria deficientes (uma forma específica de erro de
amostragem deficiente);
 Possível impropriedade do processo de avaliação do auditor como resultado de
suposições errôneas, desvios observacionais e conclusões ilógicas (formas gerais
de erros de amostragem deficiente);
 Problemas estatísticos do uso de amostra para conclusão geral sobre um sistema
como um todo (o risco que a amostra escolhida não seja representativa da
população - uma forma de amostragem deficiente); e
 Limitações inerentes à eficácia dos procedimentos de auditoria escolhidos (um
procedimento de auditoria pode ser incapaz de detectar um certo tipo de
deficiência por causa de procedimentos errôneos ou porque o sistema destacado
não é suscetível à verificação).

1.2.Objectivos da Auditoria Interna


O principal objectivo da auditoria interna é o de ajudar os administradores observando o
funcionamento dos controlos internos contribuindo para o seu melhoramento ou até
substituição caso necessário. A auditoria interna só fornece benefícios à organização,
pois controla o seu património a fim de minimizar as possíveis irregularidades,
incapacidades ou negligências caso existam.

Para CREPALDI (2000:212) os objectivos da auditoria interna são exactamente:

 Verificar se as normas internas estão sendo seguidas;


6

 Avaliar a necessidade de novas normas internas ou notificações das já existentes.


Por sua vez, ATTIE (1992:29) afirma que os objectivos da auditoria interna se resumem
nos seguintes:
 Examinar a integridade e fidedignidade das informações financeiras e
operacionais e os meios utilizados para aferir, localizar classificar e comunicar
essas informações;
 Examinar os sistemas estabelecidos, para certificar a observância às políticas,
planos, leis e regulamentos que tenham, ou possam ter, impacto sobre operações
e relatórios, e determinar se a organização está em conformidade com as
directrizes;
 Examinar os meios usados para a protecção dos activos e, se necessário,
comprovar sua existência real;
 Verificar se os recursos são empregados de maneira eficiente e económica;
 Examinar operações e programas e verificar se os resultados são compatíveis
com os planos e se essas operações e esses programas são executados de acordo
com o que foi planeado;
 Comunicar o resultado do trabalho de auditoria e certificar que foram tomadas as
providências necessárias a respeito de suas descobertas.
Assim, pode se perceber que o objectivo da auditoria interna, é beneficiar a empresa
com um melhor controlo de seu património, procurando reduzir a ineficiência,
negligência, incapacidade etc. Pode-se claramente verificar que pelas diferentes funções
que cada autor atribui a auditoria interna tem sempre por objectivo final acrescentar
valor a organização e ajudar na melhoraria do funcionamento da organização. Ou seja a
preocupação primordial da auditoria interna é ajudar o máximo a organização onde se
encontra inserida.
Na mesma linha de pensamento, DA COSTA (2007:47) declara que a auditoria interna
tem como objetivo auxiliar todos os membros da organização no desempenho eficaz das
suas responsabilidades, proporcionando-lhes análises, apreciações, recomendações,
comentários objetivos, conselhos e informações respeitantes às atividades analisadas.
Em suma, o objetivo principal é de cooperar e apoiar a administração e colaborar com
os responsáveis e com os serviços auditados, com vista a melhorar o seu funcionamento
e os seus resultados.
7

Assim, para conseguir o cumprimento deste objetivo geral de serviços à administração,


há necessidades de desempenhar atividades tais como:
 A integridade e fidedignidade das informações financeiras;
 A aplicação dos controlos operativos contabilísticos e financeiros;
 A verificação se os recursos da empresa estão a ser aplicados de maneira
eficiente e económica;
 A elaboração de relatórios de auditoria acerca as irregularidades encontradas no
desenvolvimento do trabalho;
 Revisar e avaliar a eficácia, suficiência e aplicação dos controlos contabilísticos,
financeiros e operacionais;
 Determinar a extensão do cumprimento das normas, dos planos e procedimentos
vigentes;
 Determinar a extensão dos controlos sobre a existência dos ativos da empresa e
da sua proteção contra todo tipo de perda;
 Determinar o grau de confiança, das informações e dados contabilísticos e de
outra natureza, preparados dentro da empresa;
 Avaliar a qualidade alcançada na execução de tarefas determinadas para o
cumprimento das respetivas responsabilidades;
 Avaliar os riscos estratégicos e de negócio da organização.
O autor acima, acrescenta ainda que a auditoria interna abrange o exame e a avaliação
da adequação e eficiência do sistema de controlo interno da entidade e da qualidade de
realização das tarefas que lhe foram atribuídas, (DA COSTA, 2007:48).
É de salientar que, para DE JESUS, (1999:320) o âmbito da auditoria interna é muito
variável, dependendo sobretudo das exigências da Administração e compreende
normalmente:
 A avaliação permanente do sistema de controlo interno, tendo em vista a sua
melhoria;
 A análise da eficiência na utilização dos diversos recursos.

1.3.Auditoria interna Vs. Controlo Interno


1.3.1.Controlo Interno
De acordo com os vários autores podemos apresentar diversas definições de Controlo
interno, mas ambos com o mesmo objetivo.
8

Portanto ALMEIDA (1996) apud BORGES (2009:203) afirma que o controlo interno
representa em uma organização o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com
os objetivos de proteger os ativos, produzir dados contabilísticos confiáveis e ajudar os
administradores na condução ordenada dos negócios da empresa.
Uma das definições mais conhecidas sobre controlo interno e fornecida pela AICPA
(American Institute of Certified Public Accountants) diz que:
Controlo interno é plano de organização e todos os métodos e
medidas, adotadas numa empresa para proteger seu ativo, verificar a
exatidão e a fidedignidade de seus dados contabilísticos, a eficiência
operacional e promover a obediência às diretrizes administrativas
estabelecidas (MOTTA, 1992, Apud BORGES, 2009:206).

Neste sentido, com esta abordagem aferimos que se trata de um plano que a organização
possui através de dados adotados na empresa para poder proteger seu ativo.
JUND (2001) apud SANTOS (2007:109) entende por controlo interno todos os
instrumentos da organização destinados à vigilância, fiscalização e verificação
administrativa que se verifica dentro da empresa e que produzem reflexos em seu
património.
MARÇAL & MARQUES (2011) destacam que o controlo interno é uma forma de
organização que pressupõe a existência de um plano e de sistemas coordenados
destinados a prevenir a ocorrência de erros e irregularidades ou minimizar as suas
consequências e maximizar o desempenho da entidade em que se insere.
Neste sentido, pode se perceber que o controlo é qualquer ação aplicada pela gestão
para reforçar a possibilidade de que os objetivos e metas estabelecidas são atingidos.
Assim, o controlo é o resultado do planeamento, organização da gestão.
Por sua vez, MORAIS e MARTINS (2007:58) afirmam que o COSO define Controlo
interno como “um processo levado a cabo pelo Conselho de Administração, Direção e
outros membros da entidade com o objetivo de proporcionar um grau de confiança
razoável na concretização desses objetivos: eficácia e eficiência dos recursos;
fiabilidade da informação financeira; cumprimento das leis e normas.”
Assim, de acordo com este organismo a definição integra os seguintes conceitos
fundamentais:
 Processo – o objetivo é transmitir que o controlo interno é um meio para atingir
um fim e não um fim em si mesmo. É constituído por um conjunto de ações que
envolve todas as atividades, processos e tarefas da entidade;
9

 Levado a cabo por pessoas – o objetivo é transmitir que o controlo interno não é
somente um manual de políticas e documentos, mas também de pessoas em cada
nível da entidade. O sistema de controlo interno é concebido e implementado
por pessoas, afetando a atuação de todos os membros da entidade;
 Confiança razoável – o objetivo é transmitir que por muito bem que esteja
concebido o sistema de controlo interno, somente pode proporcionar um certo
grau de segurança à entidade. Não oferece uma segurança total, uma vez que não
consegue eliminar a totalidade dos riscos, apenas os minimiza;
 Concretização dos objetivos – o objetivo é transmitir que o controlo interno é
concebido para permitir a consecução dos objetivos, gerais e específicos, nas
diferentes categorias e que devem ser consistentes e coerentes.
Em conclusão podemos dizer que o controlo interno são todas as políticas e
procedimentos adotadas pela entidade com o intuito de alcançar os objetivos pré-
estabelecidos.
No que tange aos objectivos do controlo interno, MARÇAL & MARQUES (2011:106),
afirmam que o IIA estabelece que os objetivos do controlo interno visam:
 A confiança e a integridade da informação;
 A conformidade com as políticas, planos, procedimentos, leis e regulamentos;
 A salvaguarda dos ativos; a utilização económica e eficiente dos recursos;
 A realização dos objetivos estabelecidos para as operações ou programas.
Na mesma linha de pensamento, NABAIS (2007:109) acrescenta que o controlo interno
compreende o plano de organização e todos os métodos e procedimentos adoptados
numa empresa e que têm como objectivos principais:
• Salvaguardar os activos da empresa;
• Comprovar a exactidão e a veracidade dos registos contabilísticos e das
demonstrações financeiras.
• Promover a eficiência da empresa,
• Comprovar a exactidão e a veracidade dos registos contabilísticos e das
demonstrações financeiras,
• Promover a eficiência da empresa,
• Motivar o elemento humano para o seguimento dos métodos estabelecidos pela
direcção, o Assegurar a confiança e a integridade da informação.
10

1.4.Relação entre controlo interno e Auditoria interna


A responsabilidade pela implementação e manutenção do sistema de controlo interno
cabe ao órgão de Gestão. O ambiente de controlo interno em qualquer organização é
iniciado pela própria Direção. É esta que deve saber transmitir a mensagem de que a
integridade e o controlo efetivo não podem ser colocados em causa e que deve estruturar
de forma clara o sistema de controlo interno e selecionar os tipos e métodos de controlo
que privilegia. É a gestão que deve planear e organizar o controlo interno de tal forma
que este possa garantir razoavelmente que os riscos organizacionais são bem geridos e
os objetivos e metas da organização estão a ser alcançados de forma eficiente e
económica, (RODRIGUES, 2013).
No que concerne ao controlo interno, a auditoria interna apenas intervém na respetiva
avaliação, assumindo neste âmbito o papel de identificar potenciais falhas e desvios ao
nível do sistema de controlo interno e ajudar a Direção através das recomendações de
melhoria que venha a conceber.
Para MORAIS & MARTINS (2007:38) enquanto o controlo oferece uma perspetiva
dinâmica e valorizada que permite manter o domínio, a auditoria interna avalia o grau
de domínio atingido.
A organização forma um todo – sistemas, organizações, funções, operações, ativos e
passivos – que deverá estar sob controlo interno e potencialmente sujeitos a auditoria.
Pois, “O auditor deve obter compreensão do controlo interno relevante para a auditoria”
“ Obter a compreensão do controlo interno envolve avaliar a conceção de um controlo e
determinar se foi implementado (…)” (IFAC1, 2004:315) .
A auditoria é uma função de supervisão, isto é, um controlo ex-post, ao passo que o
controlo interno tem carácter preventivo ou ex-ante. Não obstante, também pode ter
uma atuação ex-post, mas a sua aplicação só se justifica pela existência de normas
preventivas.
Na perspectiva de DE SÁ (1996) apud BORGES (2009) antes de elaborar o plano ou
programa que auxiliará nos trabalhos de auditoria, é necessário observar como se
encontram os controlos da empresa. A existência de um auditor eficiente e actuante, em
qualquer organização, é considerado como um ponto forte para efeitos de controlo
interno.
1
International Federation of Accountants
11

De acordo com as normas usuais de auditoria relativas a execução do trabalho, o auditor


deve efetuar o levantamento do sistema contabilístico e de controlo interno, avaliar o
seu grau de confiança e, baseado neste, estabelecer a extensão dos procedimentos de
auditoria e o momento da sua aplicação.
Assim, é recomendável que se façam sugestões para eliminar possíveis deficiências ao
nível de controlo interno. A existência de um bom controlo interno aumenta a confiança
do auditor quanto a exatidão dos registos contabilísticos e à veracidade de outro
documento e informações internas. Por outro lado, se a avaliação aponta as fraquezas no
sistema, é preciso intensificar os testes nas áreas onde ocorrem tais fraquezas.
Para uma avaliação aprofundada do controlo interno, o auditor deve abranger no seu
exame, os sistemas de autorização, os procedimentos e registos, a eficiência com que as
normas e procedimentos estão a ser seguidos, e bem assim os controlos essenciais ao
nível das diferentes rúbricas das demonstrações financeiras.
Conforme ALMEIDA (1996) apud SANTOS (2007:87), não adianta a organização
implementar um ótimo SCI sem que alguém verifique se os funcionários estão
cumprindo o que foi determinado no sistema, ou se o sistema deveria ser adaptado às
novas circunstâncias, pois os objetivos da auditoria são: verificar se as normas internas
estão sendo seguidas e avaliar a necessidade de novas ou de modificações das normas
internas.
A partir dos depoimentos acima, apura-se que o Controlo Interno (CI) fornece os meios
necessários aos trabalhos próprios da Avaliação interna (AI), estabelecendo um regime
próprio e diferenciado de complementaridade e interdependência, em que a Auditoria
sucede o Controlo no aspeto estrutural das atividades desenvolvidas por ambos, que
apresentam igual natureza, importância e finalidade.

1.5.O Risco no Processo de Auditoria Interna e a Influência do Risco na orientação


da auditoria
Segundo MORAIS & MARTINS (2007:38), está sujeito a auditoria qualquer activo,
assim como qualquer actividade, processo ou operações sujeitos a riscos. È da
responsabilidade do Órgão de gestão de risco, incluindo a concepção e manutenção do
processo de gestão do risco. É da responsabilidade da actividade de Auditoria Interna
avaliar a adequação do processo de gestão do risco. Apesar dos auditores internos
poderem assumir um papel relevante na implementação dos processos de gestão do
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risco, normalmente a base da actividade de Auditoria Interna, jamais poderão ser os


responsáveis pela sua gestão.
Assim, uma das preocupações da gestão está relacionada com os potenciais benefícios
para a entidade, isto é, com o retorno das operações. Associada a esta preocupação está
o risco, que inclui todos os riscos, desde o financeiro ao de negócio. O risco também é
importante para os auditores internos, devido a sua relação com o sistema de controlo.
Quanto maior é o risco, maior é a necessidade de um controlo, MORAIS & MARTINS
(2007:39). Estes autores acrescentam que o risco deve ser alinhado com os objectivos
do controlo interno e de acordo com a norma 2120, A1 do IIA, deve ser avaliada a
eficiência e eficácia desses controlos, como resposta ao risco. De acordo com aquela
norma, os objectivos são:
1) Confiança e integridade da informação financeira e operacional;
2) Eficiência e eficácia das operações;
3) Salvaguarda dos activos;
4) Cumprimento das leis, regulamentos e contratos.

1.6.Factores de Risco, Avaliação e Medição do Risco


A auditoria interna tem um papel importante na avaliação da eficácia da gestão de risco
na organização. Deve avaliar com regularidade a eficácia dos controlos internos
relativos à quantificação, informação e limitação dos riscos, (TEIXEIRA, 2004). Assim,
a avaliação de riscos em auditoria ou Auditoria Baseada em Riscos (ABR) engloba
todos os tipos, pois identifica, mede e prioriza os riscos para possibilitar a focalização
nas áreas auditáveis, imprescindíveis para a operacionalidade da organização. Permite
ao auditor delinear um programa capaz de testar os controlos importantes, profundos ou
minuciosos, (LÉLIS & PINHEIRO, 2012:212). Trata-se de um método de identificação,
mensuração e priorização de riscos, e serve para proteger e agregar valor para a
organização.
Entretanto, a avaliação dos diferentes riscos ajuda a auditoria interna a definir o seu
plano de trabalho, uma vez que lhe permite determinar quais são as áreas de maior risco,
isto é, as áreas prioritárias e sobre as quais devem recair todas as atenções, portanto, as
que devem ser analisadas primeiro.
Na perspectiva de LÉLIS & PINHEIRO, (2012:212), a noção de risco nem sempre é
pacífica, no entanto, está sempre relacionada com os efeitos possíveis da ocorrência de
um evento. Assim, o risco é a possibilidade de um evento ocorrer e afetar negativamente
13

a concretização de um objetivo planeado. O risco está no centro das atenções de toda a


organização, desde o Conselho de Administração, Gestores de Topo, Gestores
Operacionais, Auditores, Auditoria Interna e Comissão de Auditoria (quando existe).
Diante do exposto acima, MORAIS & MARTINS (2007:40) avançam que a auditoria
interna deve reportar diretamente à Comissão de Auditoria, caso a organização disponha
deste órgão, caso, não disponha, deve reportar à Administração. Assim, a decisão da
auditoria interna focar o seu trabalho na identificação e avaliação dos riscos parte de
instruções dadas pela Comissão de Auditoria ou pela Administração. A este respeito a
auditoria interna deve obter junto da Comissão de Auditoria e da Administração
orientações sobre a natureza da garantia objetiva que esperam obter com a atividade da
auditoria interna, podendo priorizar os riscos que consideram, mais relevantes.
No que tange a medição do risco, o factor que mais afecta as probabilidades é o controlo
interno. Controlos eficientes reduzem a probabilidade de perda e, por conseguinte o
risco. Os controlos deficientes aumentam a probabilidade de perda e o risco aumenta,
(ibdem). O objetivo do auditor interno, aquando da realização de uma auditoria baseada
no risco, consiste em obter uma segurança razoável, de que as demonstrações
financeiras não se encontram afetadas por distorções materialmente relevantes,
motivadas por erros ou fraudes.
No que concerne aos factores de risco, podem se destacar os seguintes de acorcom com
MORAIS & MARTINS (2007:45):
1. Aspectos conhecidos referentes ao modelo e performance anterior do sistema de
controle;
2. Competência da administração - Quanto menor a competência maior o risco de
deficiências no controle;
3. Tamanho da unidade - Maior a unidade sob exame, maior a magnitude de danos
potenciais; além disso, maior a demanda por controle com estreito limite de erro;
4. Mudanças recentes - Probabilidade das deficiências do controle serem maiores
durante períodos de parada;
5. Complexidade de operações - Probabilidade de erro é incrementada;
6. Liquidez de Ativos - Possível alvo de desfalques que põem o sistema de controle
sob pressão;
7. Condições econômicas da unidade - O risco de quebras no controle é
frequentemente maior em unidades que estão sob significante arrocho
econômico.
14

8. Rápido crescimento - Rápido crescimento amplia o sistema de controle pessoal e


gerencial de uma operação.
9. Extensão de operações computadorizadas - O grau para o qual os controles são
construídos dentro das funções do processo de um computador pode reduzir
visibilidade e atenção dada à adequação do controle.
10. Tempo desde a última auditoria - Efeitos de uma auditoria diminuem com o
tempo.
11. Pressões sobre a administração para alcançar os objetivos - Essencialmente as
mesmas razões anotadas no item 7.
12. Extensão da Agência Central ou outros regulamentos - Maior nível de controle
pode reduzir a probabilidade total de deficiências de controle de baixo nível.
13. Nível de motivação dos funcionários - Baixa motivação pode ser indicativo de
situações de alto risco para os controles.
14. Exposição de políticas.
15. Trabalho de auditores externos.
Essas fontes de risco em auditoria podem nunca ser eliminadas, mas uma específica
consciência delas permite aos auditores reconsiderar as medidas que eles têm tomado
para minimizar a existência de erro em seus comentários.
Amostragens estatísticas fornecem ao auditor uma medida quantificada de erro
amostral. O controle sobre outras formas de risco em auditoria, entretanto, é largamente
dependente da competência da equipe de auditoria que deve assegurar que a auditoria
está sendo realizada de acordo com o mais alto padrão de cuidado, (Opcit.p43).
Na mesma senda, TEIXEIRA, (2004:256) avança que fonte ou factor de risco é o
elemento que, individualmente ou combinado, tem o potencial intrínseco para dar
origem ao risco. Entretanto, este podem ser:
 Pessoas
 Processos
 Sistemas
 Infraestrutura física/organizacional
 Tecnologia [de produto ou de produção]
 Eventos externos (não gerenciáveis).
15

Conclusão
Após o desenvolvimento do trabalho pode se concluir que a auditoria interna é uma
peça importante e tem como principal objetivo contribuir para que os objetivos da
entidade onde se desenvolve o seu trabalho sejam atingidos com eficiência e eficácia e
numa relação custo/benefício.
Ela pode contribuir para um melhor desempenho dos processos, melhoria da estrutura
dos controles internos e uma mais eficiente gestão de riscos. Assim, o facto de a
auditoria interna beneficiar a empresa quebra o paradigma da punição; não obstante,
muitos verificaram que o processo de auditoria ocasionou melhorias na gestão e
consequentemente melhores resultados futuros.
Assim sendo, empresas necessitam cada vez mais conhecer os seus riscos, e podem
conhecê-los através da auditoria interna, e quem executa esse papel de auditoria interna
são os auditores. Entretanto, nem sempre auditores e auditados possuem a mesma
opinião sobre o que foi investigado.
Por sua vez, percebeu-se que nem todos os auditores internos avaliam com
profundidade os riscos e objetivos estratégicos do negócio, embora tanto auditores como
auditados julguem importante uma análise profunda sobre os riscos do negócio. Porém,
eles devem auxiliar a gestão e o comitê de auditoria, analisando, avaliando, relatando e
recomendando melhorias na adequação e eficácia dos processos de gestão de risco, em
que devem apontar e avaliar riscos significativos ao negócio. Eles precisam identificar e
avaliar os riscos existentes no negócio, sendo que essa identificação pode ser
classificada como riscos graves e prováveis e, assim, desenvolver uma metodologia de
melhor conhecer os riscos pertinentes.
16

Bibliografia
TEIXEIRA, P. H. Manual Prático de Auditoria Gerencial. 3ª Ed. São Paulo, 2004
DA COSTA, C. B. Auditoria Financeira – Teoria e Prática. 8ª edição, Editora Rei dos
Livros. 2007.
MARÇAL, N. e MARQUES, F.L. Manual de Auditoria e Controlo Interno no Sector
Público. Lisboa.2011.
MORAIS, G. e MARTINS, I. Auditoria Interna, função e processos. 3ª edição, Áreas
Editoras. Lisboa. 2007.
BORGES, J. V. Auditoria e Controlo Interno de contas a pagar – Centro Universitário
FEEVALE.2009.
DA COSTA, A. Auditoria nos Municípios Portugueses – Faculdade de Economia da
universidade de Coimbra, Coimbra.2008.
SANTOS, M.I. Auditoria Interna como instrumento formador da eficiência e eficácia
dos resultados organizacionais – Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.2007.
DE JESUS, J.O. A importância de Auditoria Interna nas empresas. Jornal de
Contabilidade – Boletim de Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade
(APOTEC), Instituição de utilidade Pública.1999.
NABAIS, C. O processo de Auditoria Interna. 4ª Ed. Lisboa. 2007.

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