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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Gestão de Turismo e Informática


Av. 25 de Setembro, 725
C.P 336 Pemba - Moçambique
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Aula teórica de Amostragem

AMOSTRAGEM EM AUDITORIA
Amostragem é a utilização de um processo para a obtenção de dados aplicáveis a um
conjunto, denominado universo ou população, por meio do exame de uma parte deste
conjunto denominada amostra.
Deste modo, segundo CARVALHO a amostragem de auditoria é a aplicação de
procedimentos de auditoria sobre uma parte de totalidade dos itens que compõem o
saldo de uma conta, ou classe de transacções, para permitir que o auditor obtenha e
avalie a evidência de auditoria sobre algumas características dos itens seleccionados,
para formar, ou ajudar a formar, uma conclusão sobre a população.
Segundo CARVALHO, por intermédio da amostragem é possível formar-se uma
opinião a respeito de uma determinada população com base na análise de apenas alguns
de seus elementos. O auditor pode, por exemplo, seleccionar alguns itens que compõe o
stock de mercadorias e, com base neles, formar sua opinião a respeito de todo o stock.
Métodos de amostragem em auditoria
A auditoria pode utilizar técnicas de amostragem estatística e não estatística.
 Amostragem estatística: é probabilística, isto é, todos os itens têm a mesma
probabilidade de serem selecionados. Amostragem estatística é aquela em que a amostra
é seleccionada cientificamente com a finalidade de que os resultados obtidos possam ser
estendidos ao conjunto de acordo com a teoria da probabilidade ou as regras estatísticas.
O emprego de amostragem estatística é recomendável quando os itens da população
apresentam características homogéneas (CARVALHO, 2006).
A utilização da amostragem estatística apresenta as seguintes vantagens:
 Facilita a determinação de uma amostra eficiente;
 Mede a suficiência da matéria de prova;
 Facilita a avaliação dos resultados da amostra;
 Permite a quantificação dos riscos da amostragem.
Amostragem não estatística: é também chamada amostragem de apreciação, não
aleatória e direccionada.
De acordo com CARVALHO a amostragem não estatística é aquela em que a amostra é
determinada pelo auditor utilizando sua experiência, critério e conhecimento da
entidade. No entanto, devido ao facto de ser de aplicação fácil e mais praticas, as
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técnicas de amostragem de apreciação são muito mais utilizadas que as de amostragem
estatística. Qualquer que seja o tipo de amostragem utilizado, o auditor deve sempre
efectuar quatro fases distintas, a saber:
 Determinar o tamanho apropriado da amostra;
 Seleccionar ou identificar a amostra;
 Aplicar procedimentos de auditoria apropriados aos itens seleccionados;
 Avaliar os resultados da amostra.
Ao usar métodos de amostragem estatística ou não estatística, o auditor deve planear e
seleccionar a amostra de auditoria, aplicar a essa amostra procedimentos de auditoria e
avaliar os resultados da amostra, de forma a proporcionar evidências de auditoria
suficientes e apropriada. Na determinação da amostra, uma das maiores preocupações
do auditor é que ela seja representativa, ou seja, tenha as mesmas características da
população. Isso é essencial para que as conclusões alcançadas para a amostra possam
ser abrangentes para toda a população.
Segundo SANTI, para que a amostra seja representativa, alguns factores deverão ser
levados em consideração, dentre os quais é possível destacar sete:
 Os objectivos específicos da auditoria;
 A população da qual o auditor pretende extrair a amostra;
 A estratificação da população;
 O tamanho da amostra;
 O risco da amostragem;
 O erro tolerável;
 Erro esperado.
Tamanho da amostra
Ao determinar o tamanho da amostra, o auditor deve considerar o risco de amostragem,
bem como os erros toleráveis e os esperados. O tamanho da amostra, geralmente esta
relacionada directamente ao tamanho da população. Quanto maior a população, maior
será o tamanho da amostra. Para que a conclusão a que chegou o auditor, utilizando uma
amostra, seja correctamente planeada para aplicação à população é necessário que a
amostra seja:
 Representativa da população;
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 Que todos os itens da população tenham oportunidade idêntica de serem
seleccionados.
Risco De Amostragem
O risco da amostragem surge da possibilidade de que a conclusão do auditor, com base
em uma amostra, possa ser diferente da conclusão que seria alcançada se toda a
população estivesse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria. O auditor está sujeito
ao risco de amostragem nos testes de observância e testes substantivos.
Testes de Observância
Os testes de observância são também denominados de testes de aderência ou testes de
controlo. De acordo com BAPTISTA, define como os testes que se realizam para obter
prova de auditoria acerca da adequada concepção e da eficaz operacionalidade dos
sistemas contabilístico e de controlo interno. Quando se regista um sistema há que ter o
cuidado de, de tanto quanto possível, deixar documentado aquilo que o órgão de gestão
tem implementado. De facto, quando o auditor procede ao levantamento (recolha) e ao
registo dos referidos sistemas pode de imediato constatar se os mesmos são ou não
adequados. No primeiro caso terá forçosamente que testar os sistemas para concluir que,
sendo adequados, estão efectivamente em funcionamento. Para tal realizara os
chamados testes de controlo que são geralmente os seguintes:
 Teste à vendas e às dividas dos clientes;
 Teste às compras e as dividas aos fornecedores;
 Teste aos custos com o pessoal.
Quando se realiza um determinado teste de controlo e se detectam sistematicamente
desvios ao sistema que era suposto estar implementado não há vantagem em aprofundar
tal teste uma vez que a probabilidade de tal continuar a acontecer é bastante grande a
não ser que seja dada uma explicação que possa ser considerada aceitável para que tal
tenha acontecido (por exemplo: durante o período objecto do teste as funções em causa
foram desempenhadas por um empregado de uma outra secção pelo facto de o titular do
posto de trabalho ter estado de ferias).
Testes substantivos
Os testes substantivos são definidos por SANTI (1998), como, procedimentos de
auditoria destinados a obter competente e razoável evidência da validade e propriedade
do tratamento contabilístico das transacções e saldos. Portanto, para a execução dos
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testes substantivos, o auditor retira amostras com o intuito de obter evidências quanto a
validade e propriedade das transacções registadas contabilisticamente. Os testes
substantivos são procedimentos de auditoria aplicados para constatar a razoabilidade ou
não das transacções e saldos contabilísticos registados. Tem como intuito a verificação
das existências de distorções materiais nas demonstrações contabilísticas. Os testes
substantivos, visam a obtenção de evidências quanto a suficiência, exactidão e validade
dos dados produzidos pelo sistema contabilístico da entidade. Os testes substantivos
relacionam-se inversamente aos testes de observância. Quanto maior a confiança
constatada nos controlos internos, menor a exactidão e profundidade na aplicação dos
teste substantivos. Por outro lado, maior será a aplicação dos testes substantivos, quando
constatado pelo auditor um controlo interno fraco.
Erro tolerável
Erro tolerável é o máximo que o auditor aceita em função da qualidade do controle
interno. Ou seja, é o erro máximo na população que o auditor está disposto a aceitar e,
ainda assim, concluir que o resultado da amostra atingiu o objectivo da auditoria.
Quanto menor o erro tolerável, maior deve ser o tamanho da amostra.
Erro esperado
É o erro da amostra, em função da sua própria natureza. Se o auditor espera que a
população contenha erro, é necessário examinar uma amostra maior do que quando não
se espera erro, para concluir que o erro real da população não excede o erro tolerável
planejado. Tamanhos menores de amostra justificam-se quando se espera que a
população esteja isenta de erros. Ao determinar o erro esperado em uma população, o
auditor deve considerar aspectos como, por exemplo, os níveis de erros identificados em
auditorias
Técnicas de selecção de amostras em auditoria
De acordo com BAPTISTA, de entre as técnicas de selecção de amostras de auditoria
baseadas na amostragem não estatística destacam-se:
 Amostragem por intervalos
Este tipo de selecção de amostra também chamada sistemática ou sequencial, aplica-se
nas populações onde as partidas que a integram estejam ordenadas de forma
consecutiva. Para a aplicação desta técnica deverão ser seguidas as seguintes fases:
 Determinar a população (N);
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 Determinar o tamanho da amostra (n);
 Calcular o intervalo (i), dividindo N por n;
 Seleccionar o item de começo, a partir por exemplo, de uma tabela de números
aleatórios;
 Determinar os itens da amostra, adicionando o intervalo ao item de começo e assim
sucessivamente.
Por exemplo: suponhamos que o número de facturas emitidas durante um determinado
período foi de 1000 (N), numeradas de 1 a 1000, e que se pretende seleccionar 200 (n),
para a realização do teste, de onde resulta que o intervalo será 5. Se a factura de começo
tiver o numero 4 (calculado aleatoriamente) a segunda factura a testar será a que tiver o
numero 9 (4+5) e assim sucessivamente ate serem testadas todas as 200.
 Amostragem por blocos
Consiste em seleccionar numa, base não estatística (de apreciação), uma ou mais parte
da população, efectuando-se de seguida os testes de auditoria, a todas as partes da
população seleccionada. Cada parte da população (bloco), deve ser sequencial e, tanto
quanto possível, ser representativa do universo. Retomando os números do exemplo
anterior e se, se pretender testar 200 facturas poder-se-á seleccionar 4 blocos de 50
facturas cada, (i=n/nº de blocos), devendo cada bloco ser um conjunto sequencial de 50
facturas e representativas do universo. Assim os blocos poderiam ser, por exemplo, os
seguintes:
Exemplo: Número do bloco e Número das facturas 1º= 25 a 74; 2º= 289 a 338 3º= 660 a
709 4º= 909 a 958 Outra hipótese, será a de considerar como bloco um período de
tempo (uma semana, um mês, etc.,) e testar todas as facturas emitidas nesse período.
 Amostragem sobre valores estratificados.
Consiste em seleccionar todas as partes de uma população a partir de um determinado
valor mínimo. Portanto, o auditor pode seleccionar os clientes ou os itens das
existências com saldos significativos de tal modo que o total da amostra represente uma
percentagem relevante dos saldos globais de cada uma das contas.
Assim, quando se diz, por exemplo, que o alcance da circularização dos clientes é de
1000 contos quer significar-se que todos os clientes que apresentem saldos maiores ou
iguais àquele valor devem ser circularizados, uma vez que o total dos saldos
representara uma percentagem muito significativa do saldo global da conta.
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 Amostragem por números aleatórios.
Consiste em submeter a uma determinada população o concurso de selecção das
partidas que vão representar através de números ao acaso obtidos de um computador ou
de uma tabela de números aleatórios previamente elaborada. Esta técnica significa que
cada unidade de amostra tem hipótese de ser seleccionada da população.
Por outro lado, de entre as técnicas de selecção de amostras de auditoria baseadas na
amostragem estatística destacam-se:
 Amostragem sobre os valores acumulados
Faculta uma margem superior de segurança na sua aplicação, uma vez que praticamente
considera todos os elementos de tipo prático e estatístico que intervêm na selecção, a
qual alias se efectua sobre os valores e não sobre o número dos documentos. Na
realização desta técnica intervêm dois elementos: o limite de precisão monetária (LPM)
e a classificação atribuída ao controlo interno (CI). A determinação do limite de
precisão monetária, representa um dos aspectos de maior importância na utilização desta
técnica uma vez que o auditor esta sobretudo interessado em obter uma razoável
segurança de que os erros não são suficientemente relevantes para afectar o seu parecer
sobre as demonstrações financeiras ou sobre as operações que pretende examinar. Para
chegar a determinação do limite de precisão monetária parte-se do princípio que, numa
população dada, é aceitável uma margem de erro (e) correspondente ate 5% do resultado
líquido do exercício ou de um substituto deste resultado (margem bruta, resultado
liquido antes dos encargos financeiros, resultado liquido estimado, resultado liquido do
exercício anteriores.). Por classificação atribuída ao controlo interno entende-se a
avaliação potencial (bom: 1; regular: 2,deficiente: 3) que o auditor atribui ao controlo
interno depois de proceder ao seu levantamento. Se, se dividir o limite de precisão
monetária (LPM) pela classificação atribuída ao controlo interno (CI) obtêm-se o
chamado limite de precisão monetária corrigido LPMC), ou seja: Formula:
LPMC=LPM/CI Resulta pois que quanto melhor for a classificação atribuída ao
controlo interno menor será o numero de itens a testar. Suponhamos que um auditor, ao
pretender efectuar o teste de controlo as vendas, classificou como bom o controlo
interno da empresa ABC, SA a qual prevê obter o resultado líquido de 16 000 mts. O
limite de precisão monetário corrigido será pois de 800 mts.
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 Amostragem numérica.
Esta técnica pode considera-se como uma combinação da amostragem da apreciação por
intervalos e da amostragem estatística sobre valores acumulados. Esta técnica de
amostragem consiste, basicamente em determinar um intervalo mas sobre bases
estatísticas contando para o efeito com os elementos já trabalhados na amostragem
estatística sobre valores acumulados. A formulação para a determinação do intervalo é a

N∗LPM
seguinte: i = m Onde: i = intervalo N = população em quantidade (numero de
CI
facturas, por exemplo) para o período x m = saldo total das facturas ( valor total das
facturas) para o período x LPM= limite de precisão monetária CI= classificação do
controlo interno Exemplo: O número de facturas que a empresa ABC, SA emitiu
durante o ano de 2018 foi de 10187 (numeradas sequencialmente a partir do numero 1),
a que correspondeu o valor total de 34.851.088,00MTN. Supondo que o auditor
determinou o limite de precisão monetária com base na margem bruta de
(14 000.000,00) e que entendeu ser bom o controlo interno existente, determinar os
números das 2ª e 3ª facturas a ser objecto do teste de controlo, admitindo que o numero
escolhido ao acaso (e que portanto corresponda ao numero da 1ª factura a testa) é o 119.
 Determinação do limite de precisão monetária LPM=14 000 000 × 5% LPM= 700 000
 Determinação do intervalo i = 10187 (700 000,00/34 851 088,00)
 Determinação do numero da factura 2 ( Nº 2) N.º 2= 119+ 204 =323
 Determinação do número da factura 3 (N.º3) N.o3 = 323 + 204 = 527.
Amostragem em auditoria é o processo de aplicação de procedimentos de auditoria ao
menos de 100% da população, retirando conclusões sobre essa mesma população. O
auditor pode utilizar amostragem estatística e não estatística para testar os controlos da
empresa. Amostragem estatística permite quantificar o risco de controlo e o risco de
amostragem. A principal técnica aplicada aos testes aos controlos é amostragem por
atributos, este tipo de amostragem pode ser estatística ou não estatística Os auditores
também podem retirar conclusões erradas devido a erros não estatísticos, como é o caso
de uma incorrecta aplicação dos procedimentos de auditoria ou o não reconhecimento
de erros nos documentos e transacções analisadas. Este risco é referido como risco não
estatístico, este risco pode ser reduzido através de um adequado planeamento e
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supervisão do trabalho, bem como, no caso de empresa de auditoria, pela
implementação de controlo interno de qualidade.

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