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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ECONOMIA E CIÊNCIAS EMPRESARIAIS

Licenciatura Em Gestão Financeira E Bancaria

AUDITORIA

Sistema de Controlo Interno

Discente: Código:

Márcia Fernando Chona 20151118

Docente:

MAPUTO, SETEMBRO DE 2023


ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO..................................................................................................................1

1.1. Objectivos da Pesquisa................................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral....................................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos.........................................................................................2

1.2. Metodologia.................................................................................................................2

II. REVISÃO DA LITERATURA..........................................................................................3

2.1. Controlo Interno..........................................................................................................3

2.2. Objectivos do Controlo Interno...................................................................................3

2.3. Tipos de Controlo Interno...........................................................................................4

2.4. Componentes do Controlo Interno..............................................................................5

2.4.1. Ambiente de Controlo..........................................................................................5

2.4.2. Avaliação de Risco...............................................................................................6

2.4.3. Actividade de Controlo........................................................................................6

2.4.4. Informação e Comunicação..................................................................................6

2.4.5. Actividades de Monitoramento................................................................................7

2.5. Princípios do Sistema de Controlo Interno..................................................................7

2.6. Limitações do Sistema Controlo Interno.....................................................................8

2.7. Importância do Controlo Interno.................................................................................9

2.7.1. Na organização.....................................................................................................9

2.7.2. Em auditoria.......................................................................................................10

III. CONCLUSÕES.............................................................................................................12
I. INTRODUÇÃO
A palavra Auditoria tem sua origem no latim, vem de "Audire", que significa ouvir; esta faz
referência a um exame analítico e pericial que segue o desenvolvimento das operações
contabilísticas desde o início até o balanço.

Arens (2012) define auditoria como um processo de acumulação e avaliação de evidências


sobre informações, de forma a determinar e reportar o grau de correspondência entre as
mesmas e os critérios estabelecidos na sua elaboração.

A auditoria externa e a auditoria interna são dois dos tipos de auditoria que podemos
encontrar numa entidade contribuindo ambas para a melhoria da fiabilidade da informação
mas com processos e objectivos diferentes.

De acordo com a definição do Institute of Internal Auditors (IIA) 1, a auditoria interna é uma
actividade independente, de avaliação objectiva e de consultoria, que tem como objectivo
acrescentar valor e melhorar as operações de uma organização. Ela pretende ajudar a
organização na prossecução dos seus objectivos através de uma abordagem sistemática e
disciplinada, na avaliação da eficácia da gestão do risco, do controlo e dos processos de
governação.

A auditoria interna é uma função contínua, completa e independente, desenvolvida na


organização, por pessoal desta ou não, baseada na avaliação do risco, que verifica a
existência, o cumprimento, a eficácia e a optimização dos controlos internos e dos processos
de governação, ajudando-a a atingir os seus objectivos (NEVES, 2014).

O controlo interno é geralmente definido como um conjunto de processos, políticas e


procedimentos definidos pelo órgão de gestão com o objectivo de assegurar a fiabilidade do
relato financeiro e a preparação de demonstrações financeiras de acordo com o referencial de
relato financeiro aplicável à entidade, sendo criado com o intuito de minimizar risco de
negócio e fraude que possam colocar em causa o alcance dos objectivos definidos para a
sociedade.

O presente trabalho é do âmbito académico para a cadeira de Auditoria e tem por tema
´´Sistema de Controlo Interno´´, tem por objectivo principal descrever todos os factos
inerentes ao Sistema Controlo Interno, o mesmo tem como base a pesquisa bibliográfica.
1
http://www.theiia.org/guidance/standards-and-guidance/ippf/definition-of-internal-auditing/

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I.1. Objectivos da Pesquisa

I.1.1. Objectivo Geral


 Versar sobre o Sistema de Controlo Interno.

I.1.2. Objectivos Específicos


 Enumerar os objectivos do Controlo Interno;
 Identificar os tipos de Controlo Interno;
 Descrever as componentes Sistema de Controlo Interno;
 Apontar os princípios e limitações do Sistema de Controlo Interno.

I.2. Metodologia
Define-se metodologia como o tipo de processo seguido para a elaboração e um maior
aprofundamento sobre um assunto específico, procurando sempre solucionar o problema
mencionado no assunto de forma clara e objectiva, como também, alcançar os objectivos
estipulados.

A metodologia empregada no decorrer da elaboração do trabalho terá como base as pesquisas


bibliográficas realizadas em livros, revistas e artigos científicos, que tenham por conteúdo a
Auditoria Interna, Controlo Interno e Sistema de Controlo Interno.

A pesquisa bibliográfica tem como objectivo conhecer e analisar as principais contribuições


teóricas existentes a partir de um determinado tema ou problema, procurando expor a
realidade estudada, suas características e princípios vinculados. (GIL, 1991, p.63).

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II. REVISÃO DA LITERATURA

II.1. Controlo Interno


O conceito de controlo interno é vasto e várias tem sido as suas definições.

Para Pinto (2004), corresponde ao plano da organização e dos métodos e medidas adoptadas
com vista a salvaguardar os activos, a verificar a exactidão e a fidedignidade dos dados
contabilísticos, a promover a eficácia operacional e a estimular o cumprimento das políticas
prescritas pelos gestores.

Por outro lado, Neves (2014), define o controlo interno como um processo integrado,
efetuado pela gestão ou outra entidade da organização, e é concebido para a adequada
gestão do risco organizacional e para proporcionar um grau de confiança razoável na
concretização da missão da entidade e dos objectivos de:

 Eficácia e eficiência das operações;


 Fiabilidade da informação financeira;
 Cumprimento das leis e normas estabelecidas.

O sistema de controlo interno existe, independentemente, da dimensão de uma empresa ou


entidade, pese embora seja muito mais sofisticado nas grandes entidades, do que nas
pequenas, dada a amplitude de áreas ou operações desenvolvidas e o nível de
descentralização.

O sistema de controlo interno deve gerar um ambiente de controlo interno forte, o qual
assenta em três factores essenciais (NEVES, 2014):

 Integridade;
 Valores éticos;
 Competência das pessoas.

II.2. Objectivos do Controlo Interno


Segundo Marçal & Marques (2011), os objectivos do Controlo Interno visam assegurar:

 A confiança e integridade da informação;


 A conformidade com as políticas, planos, procedimentos, leis e regulamentos;

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 A salvaguarda dos activos;
 A utilização económica e eficiente dos recursos;
 A realização dos objectivos estabelecidos para as operações ou programas

II.3. Tipos de Controlo Interno


O Controlo Interno é caracterizado por dois grandes tipos: o administrativo e o contabilístico.

O administrativo inclui, embora não se limite, o plano de organização e os procedimentos e


registos que se relacionam com os processos de decisão e que conduzem à autorização das
transacções pelo órgão de gestão. Tal autorização é uma função de tal órgão directamente
associada com a capacidade de alcançar os objectivos da organização sendo o ponto de
partida para um controlo interno contabilístico sobre as transacções (COSTA, 2017).

Ainda segundo Costa (2017) o controlo contabilístico compreende o plano da organização e


os registos e procedimentos que se relacionam com a salvaguarda dos activos e com a
confiança que inspiram os registos contabilísticos de modo a que, consequentemente,
proporcionem uma razoável certeza de que:

a) As transacções são executadas de acordo com uma autorização geral ou específica do


órgão de gestão;
b) As transacções são registadas de modo a:
 Permitirem a preparação de demonstrações financeiras em conformidade com
os princípios de contabilidade geralmente aceites ou com qualquer outro
critério aplicável a tais demonstrações;
 Manterem um controlo sobre os activos;
c) O acesso aos activos é apenas permitido de acordo com autorização do órgão de
gestão;
d) Os registos contabilísticos dos activos são periodicamente comparados com esses
mesmos activos sendo tomadas acções apropriadas sempre que se encontrem
quaisquer diferenças.

Neves (2014), considera que de acordo com as necessidades da organização, são vários os
tipos de controlos que um Sistema de Controlo Interno (SCI) deve incluir, tais como:
preventivos, detectivos, directivos ou orientativos, correctivos e compensatórios.

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Neste sentido, pode dizer-se que existem controlos de prevenção, que são controlos a priori,
uma vez que têm como objectivo prevenir a ocorrência de factos ou acontecimentos
indesejáveis. Já os controlos de detecção são controlos a posteriori, ou seja, a sua finalidade
é detectar qualquer tipo de facto indesejável que já tenha ocorrido e corrigir os seus efeitos
negativos (NEVES, 2014).

Existem, ainda, os chamados controlos directivos cuja missão é contribuir activamente para
a ocorrência de factos desejáveis, ou seja, encorajar e fazer com que esses factos aconteçam,
isto porque uma orientação positiva evita que ocorram factos indesejáveis. Existem, também,
os controlos correctivos que servem para proceder à rectificação de qualquer tipo de
problema identificado. Finalmente, existem os controlos compensatórios, os quais, como o
próprio nome indica, funcionam como forma de compensação em relação a eventuais
fraquezas ao nível do sistema de controlo que possam existir noutras áreas de actividade
(NEVES, 2014).

II.4. Componentes do Controlo Interno


Segundo Coso (2013), o Controlo Interno é constituído por cinco componentes: ambiente de
controlo, avaliação de risco, actividades de controlo, informação e comunicação e actividades
de monitorização.

II.4.1. Ambiente de Controlo


De acordo com o Coso (2013), o ambiente de controlo é um conjunto de normas, processos e
estruturas que são o pilar base que sustenta todas as outras componentes do CI. O órgão de
gestão estabelece uma directriz sobre a importância do CI, incluindo os padrões de conduta
esperados. Este órgão reforça as expectativas a todos os níveis da organização.

O ambiente de controlo, segundo Coso (2013), compreende:

 A integridade e os valores éticos da organização;


 Os parâmetros que permitem o quadro de directores executarem as suas
responsabilidades de supervisão;
 A estrutura organizacional e a atribuição de autoridades e responsabilidades;
 O processo de atrair, desenvolver e reter competências individuais;
 O rigor em torno de medidas, incentivos e recompensas por desempenho.

Os efeitos desta componente têm impactos sobre todo o sistema de CI.

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II.4.2. Avaliação de Risco
As entidades estão sujeitas a vários riscos, tanto de origem interna como externa, que são
uma ameaça à concretização dos seus objectivos. Coso (2013), afirma que a avaliação de
risco envolve um processo dinâmico e iterativo para identificar e avaliar os riscos para o
alcance dos objectivos, desencadeado pelo órgão de gestão. Assim, após ser feita a
identificação dos riscos, é crucial avaliar o seu significado, a probabilidade da sua ocorrência
e como devem ser geridos.

As constantes mudanças a nível económico, industrial, legal e operacional, obrigam as


organizações a prestarem atenção a essas alterações e à forma como estas podem influenciar
os seus objectivos. Assim, o órgão de gestão ao considerar o impacto de possíveis mudanças
no ambiente externo e, consequentemente, no seu modelo de negócio, torna o SCI eficaz.

II.4.3. Actividade de Controlo


Actividades de controlo, são entendidas como acções estabelecidas por meio de políticas e
procedimentos que ajudam a garantir o cumprimento das directrizes determinadas pelo órgão
de gestão para mitigar os riscos à realização dos objectivos, através da aplicação dos diversos
tipos de CI. Estas actividades são desenvolvidas a todos os níveis da organização e nas
diversas etapas dos processos corporativos e no ambiente tecnológico. As actividades de
controlo são também aplicadas às demonstrações financeiras, com o intuito de acautelar,
identificar e corrigir possíveis erros e fraudes que provoquem distorções em tais
demonstrações (COSO, 2013).

II.4.4. Informação e Comunicação


A informação tem um papel fundamental para que a entidade cumpra as suas
responsabilidades de CI de modo a conseguir realizar os seus objectivos. O órgão de gestão
obtém e utiliza essa mesma informação que pode ter origem interna ou externa como forma
de apoio ao funcionamento do SCI. Coso (2013), refere que a comunicação é um processo
contínuo e interactivo de partilha e obtenção das informações necessárias. A comunicação
interna é o meio utilizado para transmitir as informações por toda a organização. Já a
comunicação externa permite a entrada e saída de informações com partes exteriores à
entidade, que afectam o funcionamento do SCI.

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No processo de relato, financeiro, é fundamental que o sistema inclua: o sistema
contabilístico e os procedimentos que permitam iniciar, contabilizar e comunicar as
transacções da entidade e manter os activos devidamente salvaguardados (COSO, 2013).

II.4.5. Actividades de Monitoramento


Consistem na supervisão regular dos controlos, sendo este um processo que avalia o
desempenho do SCI com o decorrer do tempo, através de avaliações contínuas, separadas, ou
a combinação das duas, para atestar a presença e o funcionamento de cada uma das cinco
componentes do CI. As avaliações contínuas, incorporadas nos processos corporativos nos
diferentes níveis da entidade, fornecem informações oportunas. Pelo contrário, as avaliações
independentes, efetuadas de forma periódica, terão âmbitos e frequências diferentes
dependendo da avaliação de riscos, da eficácia das avaliações contínuas, entre outros (COSO,
2013).

O monitoramento é importante não só para o órgão de gestão mas também para todos os
colaboradores. No que diz respeito à gestão, é através das actividades de monitorização que é
assegurado, de forma razoável, o alcance dos objectivos definidos para entidade, devendo o
órgão de gestão monitorizar a operacionalidade e eficiência dos controlos para efectuar os
reajustamentos necessários em função dos novos riscos identificados. Em relação aos
colaboradores, é importante que os mesmos tenham conhecimento sobre o monitoramento ao
cumprimento dos controlos e, consequentemente, a detecção do seu não cumprimento
(COSO, 2013).

Os resultados apurados pelas actividades de monitoramento são avaliados de acordo com os


critérios estabelecidos pelo órgão de gestão, sendo que as deficiências encontradas são
comunicadas à gestão (COSO, 2013).

O monitoramento realizado ao ambiente de controlo, à avaliação do risco, às actividades de


controlo e à informação e comunicação fornece informação acerca da eficiência dos
controlos, estimulando a renovação ou melhorias aos mesmos.

II.5. Princípios do Sistema de Controlo Interno


Um SCI, em concordância com Marçal e Marques (2011), é suportado por um conjunto de
princípios básicos que lhe conferem solidez, são eles: a segregação de funções, o controlo das
operações, a definição de autoridade e de responsabilidade, a competência do pessoal e o
registo de factos:

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i. Segregação de funções (também denominado de separação ou divisão de funções)
separa as funções que são inconciliáveis entre si, evitando que sejam atribuídas à
mesma pessoa as funções de autorização, aprovação, execução, controle e
contabilização com o objectivo de impedir e dificultar a prática de erros,
irregularidades ou a sua simulação;
ii. O controlo das operações (segundo princípio) apoia-se na verificação ou conferência
das operações, respeitando o princípio da segregação de funções, dado que que devem
ser efetuadas por pessoas diferentes das que intervieram na sua realização ou registo;
iii. A definição de autoridade e responsabilidade traduz-se na definição clara e
rigorosa dos níveis de autoridade e de responsabilidade em relação a qualquer
operação. Tal definição deve conter um plano organizativo, com as funções,
autoridades e responsabilidades de todo o pessoal;
iv. A competência do pessoal argumenta que os trabalhadores devem ter as habilitações
literárias e técnicas necessárias e a experiência adequada para a execução das funções
que lhe são atribuídas;
v. O registo dos factos relaciona-se com a forma como as operações são reconhecidas
na contabilidade, tendo em consideração dois requisitos fundamentais: o cumprimento
das regras contabilísticas e ou os comprovativos/documentos justificativos. Estes
documentos devem ser numerados de forma sequencial para, no caso de se
inutilizarem ou serem anulados, lhes ser possível efectuar um controlo. Este princípio
tem ainda outras três finalidades: assegurar uma adequada verificação da ligação entre
os diversos serviços, acelerar o processo de registo de operações e fornecer
informação de forma rápida, precisa e clara aos responsáveis, no exercício da
actividade de gestão.

II.6. Limitações do Sistema Controlo Interno


O COSO (2013) reconhece que, embora o SCI proporcione uma garantia razoável no que diz
respeito ao alcance dos objectivos definidos pela entidade, existem limitações. Inclusive, um
SCI eficaz pode apresentar falhas, uma vez que as medidas de CI não têm a capacidade de
evitar julgamentos erróneos, más decisões e até eventos externos que impeçam a organização
de atingir os seus objectivos operacionais.

As limitações podem resultar de:

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 Adequação dos objectivos estabelecidos como uma condição prévia ao CI;
 Falhas na tomada de decisões, devido ao julgamento humano defeituoso e
tendencioso;
 Falhas originadas por erros humanos, como enganos simples;
 Capacidade do órgão de gestão de ultrapassar o CI;
 Capacidade do órgão de gestão, outros funcionários e/ou terceiros transporem os
controlos através de conluio entre as partes;
 Eventos externos fora do controlo da organização.

Deste modo, Marçal e Marques (2011) consideram as seguintes limitações do Controlo


Interno:

 Desinteresse por parte da Administração na manutenção de um bom sistema de


controlo porque não está interessada em atingir a confiança e a integridade da
informação;
 Dimensão da empresa: a segregação de funções é mais difícil de atingir numa
empresa com pouco pessoal do que numa empresa com mais pessoal;
 Relação custo/benefício: há que ter em atenção se o custo para a implementação do
sistema não será superior ao benefício que se espera obter dele;
 Existência de erros humanos, conluio e fraudes: pode decorrer de falta de
competência ou de falta de integridade moral;
 Transacções pouco usuais: dado que um sistema de controlo interno é geralmente
implementado para prever transacções correntes;
 Utilização da informática: porque pode possibilitar o acesso directo a ficheiros.

II.7. Importância do Controlo Interno

II.7.1. Na organização
O controlo interno, inserido em uma organização, ajuda-a a mitigar os riscos de não atingir os
objectivos definidos, como é o caso da eficiência nas operações, qualidade dos produtos ou
serviços, ou o próprio cumprimento dos regulamentos e leis a que a actividade se encontra
sujeita (Messier, et al, 2017).

Existem vários riscos que podem comprometer o objectivo da fiabilidade de informação. Por
exemplo, conforme exposto por Johnstone et al (2014), um colaborador na área comercial

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pode ter a tendência a sobrevalorizar as vendas com o intuito de aumentar a probabilidade de
obter um bónus remuneratório.

Cada organização, independentemente da sua dimensão ou actividade, tem sempre definido


um conjunto de medidas de controlo, ainda que estas se apresentem de forma informal, isto é,
não constam de registo escrito e formal (Almeida B. J., 2017).

Por controlo formal entende-se a existência de um manual de controlo interno, o qual compila
as medidas que a gestão ou administração considera adequadas e necessárias para o alcance
dos objectivos previstos para a entidade. Em alternativa, poderá também verificar-se a
existência de regras registadas de forma avulsa face a determinados departamentos ou até
processos específicos (FERREIRA, 2019).

Paralelamente aos controlos formais, é comum existirem regras ou procedimentos pré-


estabelecidos ou considerados de conhecimento geral em toda a organização, que, apesar de
não se encontrarem transcritas, são igualmente cumpridas como procedimento indispensável
(FERREIRA, 2019).

II.7.2. Em auditoria
Enquanto, a nível interno, a entidade pretende assegurar o cumprimento dos seus objectivos,
a função de auditoria preocupa-se com a identificação de factores materiais com origem em
erro ou fraude que possam conduzir os utilizadores da informação financeira a conclusões
incorrectas acerca das mesmas (FERREIRA, 2019).

Desta forma, como parte do planeamento de uma auditoria financeira, o auditor utiliza o seu
julgamento profissional na identificação de riscos materiais. Esta avaliação é baseada no
conhecimento do negócio do cliente e respectivo meio envolvente, incluindo o seu controlo
interno (ISA 315, IFAC, 2015). É este conhecimento que o ajuda a identificar riscos
significativos associados ao negócio, bem como o risco de existirem distorções materiais nas
demonstrações financeiras.

Neste sentido, um bom sistema de controlo interno funciona assim como um “filtro” à
ocorrência e detenção de erros materiais, pelo que, quanto maior for o conhecimento e
confiança sobre os controlos da entidade, menor será o volume de testes de auditoria a
aplicar. Em suma, o risco de distorção nas demonstrações financeiras é tanto menor quanto
mais eficiente forem os controlos da entidade (FERREIRA, 2019).

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Para Costa (2017), o “controlo interno administrativo não influi, em princípio, nas
demonstrações financeiras ao contrário do que acontece com o controlo interno
contabilístico, o qual, podendo afectar significativamente a informação apresentada nas
demonstrações financeiras, deve merecer uma atenção muito especial quer do auditor
interno quer, sobretudo, do auditor externo”. Desta forma, depreende-se que a auditoria se
irá focar sobretudo nos controlos contabilísticos que têm como principal intuito assegurar a
confiança nos registos contabilísticos reflectidos nas demonstrações financeiras.

Existe ainda diferenciação nos objectivos da monitorização do controlo interno para a função
de auditoria interna face à auditoria externa. A nível interno, o auditor faz a sua avaliação
periodicamente, examina e avalia a adequação da estrutura do controlo interno e faz
recomendações para a sua melhoria. No seu plano anual de auditorias, o auditor interno avalia
várias áreas, identifica falhas, sugere melhorias e planeia a sua implementação, bem como
acompanha os resultados (FERREIRA, 2019).

Em outra perspectiva surge a auditoria externa, a qual irá realizar a sua análise periódica com
vista a verificar se o controlo interno implementado é adequado e se tem a capacidade para
servir como base para a prova de auditoria, pelo que dá mais significância aos controlos
directamente associados às demonstrações financeiras que lhe permitam reduzir o volume de
testes substantivos a executar (FERREIRA, 2019).

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III. CONCLUSÕES
Tendo sido cumpridos os objectivos específicos da pesquisa, é chegado o momento de retirar
as principais ilações inerentes ao tema em estudo, pelo que conclui-se:

 Quando se evidencia o conceito de controlo interno, percebe-se que as metas e


objectivos da empresa só serão alcançados efectivamente se existirem controlos
adequados a necessidade da empresa. O controlo interno é um delimitador para a
contabilidade, tem o intuito de evitar o abuso de poder, os erros, as fraudes e
principalmente a ineficiência;
 Com um controlo interno eficiente, os processos tornam-se ágeis e de fácil
entendimento, tanto para os auditores como para os demais usuários das informações
contabilísticas.
 Quanto aos riscos empresariais, à adopção dos Controlos Internos contribui para
melhorar a identificação de erros nas operações, quer sejam estes erros não
propositais, por estruturação incorrecta de processos, organização ou estratégia, ou
intencionais, que resultam de atitudes fraudulentas e contra os interesses da empresa.
A partir do momento que estas deficiências são identificadas, a empresa pode planear
melhor para diminuir não somente as possibilidades de ocorrência dos riscos, mas
também seus reflexos sobre os activos e principalmente na imagem da empresa que é
tão importante neste cenário competitivo;
 Contudo, é importante ressaltar que de nada vale possuir um controlo interno de
procedimentos e processos, sem manter colaboradores comprometidos e integrados
com as finalidades da empresa e ter em mente que um sistema de Controlos Internos,
por melhor planejado e implementado, não pode ser entendido como a solução
definitiva para os riscos e prejuízos, pois como todo processo este é dependente de
pessoas, que são, por natureza, susceptíveis a fraquezas. A presença da Alta
Administração, com exemplos de conduta, ética e postura profissional podem
influenciar aos demais empregados, criando assim uma cultura corporativa de
protecção aos valores da empresa.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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risco Escolar Editora. 2.ª ed. Lisboa, 2017.

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Disponível em https://www.coso.org/.

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2017.

FERREIRA, Carina. S. Sistema de Controlo Interno – Análise e Auditoria. Relatório de


Estagio. UNIVERSIDADE DOS AÇORES. Ponta Delgada, 2019.

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Qualidade, Auditoria, Revisão, Outros Trabalhos de Garantia deFiabilidade e Serviços
Relacionados (2015), Parte I. (OROC, Trad.).

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PINTO, José Paulo S. “Controlo Interno: Algumas achegas”, Revista de Contabilidade e


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