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Universidade Licungo
Quelimane
2019
Egídio Alberto Marinho
Universidade Licungo
Quelimane
2019
ii
Índice
Lista de tabelas ............................................................................................................................... vi
Declaração.................................................................................................................................... viii
Dedicatória. .................................................................................................................................... ix
Agradecimentos. ............................................................................................................................. x
Resumo .......................................................................................................................................... xi
Introdução. .................................................................................................................................... 13
1.6.Metodologia. ........................................................................................................................... 17
3.9. Normas e procedimentos seguidos até a realização das despesas públicas na APZ. ............. 50
4.2. A principal lei obedecida no controlo das despesas públicas na APZ. .................................. 51
4.4. Departamento que vela pela fiscalização e controlo interno das despesas públicas na APZ. 51
4.5. Entidades que velam pela fiscalização e controlo externo das despesas públicas da entidade.
....................................................................................................................................................... 52
4.6. Aplicação de procedimentos no controlo da despesa pública pelos gestores públicos da APZ.
....................................................................................................................................................... 52
v
Conclusão...................................................................................................................................... 53
Sugestões....................................................................................................................................... 55
Bibliografia. .................................................................................................................................. 56
Apêndice. ...................................................................................................................................... 59
Lista de tabelas
Tabela9. Normas e procedimentos seguidos até a realização das despesas públicas. ................................. 50
vii
Lista de abreviaturas.
Declaração.
Declaro por minha honra, que esta monografia científica é resultado da minha investigação e das
orientações do supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente citadas em notas bibliográficas.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção
de qualquer grau académico e esta é a primeira vez que submeto numa instituição académica
para obtenção do grau de Licenciatura em Contabilidade com habilitações e auditoria.
__________________________________________
/Egídio Alberto Marinho/
ix
Dedicatória.
Dedico este trabalho ao meu pai Alberto Marinho e a minha mãe Jenita Matos Auzara que teve
uma morte precoce nesta caminhada da vida, dedico ainda a minha segunda mãe Angelina
Pereira, que também perdeu a vida após um acidente de viação, contribuíram significativamente
ao longo desta caminhada estudantil.
x
Agradecimentos.
Os meus agradecimentos vão em primeiro lugar, a Deus todo-poderoso que me concedeu a vida,
a saúde, força e sabedoria para esta grande caminhada, a minha família e, a minha Esposa
Amélia Cipriano Silvério em particular, pelo carinho e calor que sempre me deu para concretizar
este nobre sonho.
Também quero deixar uma palavra de apreço, a todos aqueles que contribuíram de forma directa
e indirecta para a efectivação deste trabalho. Os meus colegas do curso de Contabilidade com
Habilitação em Auditoria, os meus amigos, colegas do trabalho e outras pessoas.
xi
Resumo
O presente trabalho tem como tema análise do controlo das despesas públicas, estudo de caso:
Assembleia Provincial da Zambézia no período (2017 – 2018), com principal objectivo de analisar o nível
de Controlo das despesas e compreender como é feita a realização da despesa pública. Se a despesa é
realizada de acordo os procedimentos e normas preconizadas pela lei no 9/2002 de 12 de Fevereiro, que
aprova o Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE). A Administração Pública
Moçambicana, está em constante evolução no que diz respeito as normas procedimentos e princípios de
execução da despesa pública. Dai que houve uma necessidade de compreender e fazer uma análise sobre
controlo da despesa em particular na Assembleia Provincial da Zambézia. A escolha do tema deveu-se
pelo facto de se tratar de um tema muito importante na vida de qualquer instituição ou entidade pública, o
controlo das despesas públicas é preponderante para as Instituições obterem informações contabilísticas
mais consistentes e procedimentos de programação, execução do erário público, bem como produzir
informações de forma integrada e antecipada, concernente à administração financeira dos órgãos e
instituições do Estado. O trabalho apresenta o estudo realizado no sector de contabilidade no
Departamento de Administração e Finanças da Assembleia Provincial por meio da análise dos dados
internos, observação quotidiana e entrevista com gestores e responsáveis das áreas. De acordo o estudo
realizado o resultado mostra que o controlo da despesa pública na Assembleia Provincial da Zambézia
obedece a lei do SISTAFE, no entanto é preciso melhorar cada vez mais a aplicação dos procedimentos e
normas vigentes no MAF.
Abstract.
The present work has as theme analysis of the control of public expenditure, case study:
Zambezia Provincial Assembly in the period (2017 - 2018), with the main objective of assessing
the level of control of expenditure and understanding how the realization of public expenditure is
made if the expenditure is carried out in accordance with the procedures and standards prescribed
by law 9/2002 of the 12 February, which approves the state financial administration system
(SITAFE). The Mozambican Public Administration is constantly evolving as regards the rules,
procedures and principles for the execution of public expenditure. Hence there was a need to
understand and make an analysis of expenditure control in particular at the Zambezia provincial
Assembly. The choice of theme was due to the fact that it is a very important theme in the live of
any institution or public entity, public expenditure control is paramount for the institutions to
obtain more consistent accounting information and programming procedures, execution of the
public purse, as well as to produce information in an integrated and early manner, concerning the
financial administration of the state organs and institutions. The paper presents the study carried
out in the accounting sector in Department of Administration and Finance of the Provincial
Assembly through internal data analysis, daily observation and interviews with managers and
heads of the areas. According to the study carried out the result shows that the control of public
expenditure in the Zambezia Provincial Assembly is in accordance with the SISTAFE law,
however the application of the procedures and rules in force in the MAF needs to be increasingly
improved.
Introdução.
A Administração Pública Moçambicana, está em constante evolução no que diz respeito as
normas procedimentos e princípios de execução da despesa pública. Dai que houve uma
necessidade de compreender e fazer uma análise sobre controlo da despesa em particular na
Assembleia Provincial da Zambézia.
Segundo ANDRADE (2002:27), a contabilidade pública é uma ciência que regista, controla e
estuda os actos e factos administrativos e económicos operados no património público duma
entidade, possibilitando a geração de informações, variações e resultados sobre a composição
deste, auferidos por sua administração e pelos usuários.
Sendo a contabilidade pública uma ferramenta preponderante para registo das transacções
patrimoniais, financeiras bem como a contabilização, controlo e prestação de contas por parte
dos gestores públicos. É importante perceber como são feitas as operações financeiras no
Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE). De forma a garantir mais
confiabilidade e qualidade da informação financeira fornecida pelos contabilistas e gestores da
administração pública Moçambicana, em particular da Assembleia Provincial da Zambézia.
A lei no 9/2002 de 12 de Fevereiro, que cria o SISTFE preconiza que a partir de 1997 houve a
necessidade de se introduzir um novo sistema de contabilização e controlo da despesa pública,
para deixar de se usar regras utilizadas à mas de cem anos.
Ainda no que diz respeito ao controlo interno, no contexto da eficiência e eficácia na gestão
pública, o controlo interno tem um papel fundamental para atingir os objectivos no menor custo e
da melhor forma para oferecer a certeza de que os números registados nas demonstrações
financeiras são financeiras são confiáveis.
Ainda no contexto da optimização das relações dos recursos das operações e produtos/serviços, o
que se configura numa mudança da política de gestão e da estrutura de funcionamento das
administrações públicas. Por isso o controlo público pode ser visto segundo Gerigk et al (2007:7)
como um resposta a essa nova realidade cuja implantação e estruturação nos entes públicos tem
por objectivo o acompanhamento e a colaboração na coordenação de acções com enfoque na
gerência.
No entanto, o presente trabalho tem particular enfoque a análise do controlo das despesas
públicas na Assembleia Provincial da Zambézia, cujo principal objectivo é de analisar o nível de
controlo da despesa e compreender como é feita a realização da despesa pública. Se a despesa é
realizada de acordo os procedimentos e normas preconizadas pela lei no 9/2002 de 12 de
Fevereiro, que aprova o Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE).
O presente trabalho para além da parte introdutória apresenta três capítulos: no Capítulo I
constam os elementos de pesquisa tais como: a delimitação do estudo, o problema, a justificativa,
os objectivos, as questões de pesquisa, a metodologia usada, a população e a amostra. O Capítulo
II faz referência do marco teórico, onde apresentamos os conceitos e as respectivas citações e por
fim no Capítulo III faz referência a apresentação, análise e interpretação de dados e, depois a
conclusão, as sugestões, a bibliografia e apêndice.
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1.1.Delimitação do tema.
Entende-se por delimitação do tema o acto de colocar limites a uma investigação científica. De
acordo com Lakatos e Marconi (2003).
Sendo assim, a escolha do tema deste trabalho teve como motivação a análise do controlo das
despesas públicas e terá como linha de pesquisa contabilidade, finanças públicas e controlo
interno na Administração Pública, o estudo de caso será realizado na Assembleia Provincial da
Zambézia, no Departamento de Administração e Finanças (DAF) composto pelas áreas de
Administração, Finanças e do Aprovisionamento e Património. Compreenderá um período de 2
anos referentes os anos (2017 – 2018) com vista a colher dados do problema a ser estudado.
1.2. Problematização.
De acordo com BRAGA (1995:35),”nas empresas públicas bem como privadas, as actividades
relacionadas com a função financeira, geralmente, ficam sob a responsabilidade do chefe do
Departamento de administração e Finanças (entidade pública) e de um dos sócios (entidade
privada) ”.
Em Moçambique, com a aprovação da Lei 09/2002 de 12 de Fevereiro, lei que cria o SISTAFE,
regulamentado pelo Decreto n.º 23/2004 de 20 de Agosto, e o Diploma Ministerial n.º 169/2007,
de 31 de Dezembro, observou-se mais um avanço instrumento de controlo das despesas públicas
em Moçambique. No entanto, o controlo dá ao administrador suporte e confiança na gestão do
património do Estado e ou, dos entes públicos. Este compreende uma relevante ferramenta na
prevenção e correcção, que deve ser operado com todo o rigor e independência, a fim de cumprir
as finalidades que se propõe. Qualquer entidade precisa de instrumentos e planos para
acompanhamento da execução e avaliação do cumprimento de normas e procedimentos
financeiros e administrativos que salvaguardem o património da mesma. Existem relatos que
indicam os inúmeros casos de práticas perversas sobre a gestão de fundos públicos, duplicação
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1.3. Justificativa.
A informação prestada pelos gestores públicos sobre a execução das despesas públicas é
preponderante para o país, partindo da ideia de que os recursos são escassos e a administração
pública tem como objectivo principal a prestação de serviços sociais ao público. Actualmente os
gestores financeiros e contabilistas públicos são exigidos por lei a aplicar regras, políticas e
princípios estabelecidos de modo a mostrar a situação financeira das entidades públicas, para o
melhor controlo do bem público e permitir a realização eficaz e económica das despesas
públicas. A motivação para o estudo deste tema e do local resultou das seguintes razões:
Por se tratar de um tema muito importante na vida de qualquer instituição ou entidade
pública, o controlo das despesas públicas é preponderante para as Instituições obterem
informações contabilísticas mais consistentes e procedimentos de programação, execução
do erário público, bem como produzir informações de forma integrada e antecipada,
concernente à administração financeira dos órgãos e instituições do Estado.
A relevância do estudo deste tema é uma larga medida de mais-valia, pois de certa forma
contribui significativamente em ajudar ao Estado a prestar muita atenção aos problemas
actuais, às oportunidades e prever o futuro das decisões tomadas pelo mesmo, não só,
mas também, os demais que o forem a consultar servirá de uma referência bibliográfica
para a efectividade de certos trabalhos de calibre didáctico, científico, social e mais.
1.4. Objectivos.
Constituem objectivos desta pesquisa científica:
1.6.Metodologia.
A metodologia utilizada para a elaboração da monografia tem por finalidade demonstrar os
procedimentos necessários para que os objectivos propostos sejam alcançados, sendo assim para
tornar possível a implementação do trabalho usou-se pesquisa bibliográfica e documental para
extrair o máximo de informação sobre a análise do controlo das despesas públicas, que baseou-se
na recolha de informações na instituição onde foi feito o estudo bem como em livros
especializados na área, revistas e periódicos, bem como na internet.
Sendo assim, o presente trabalho fala sobre a “Analise do controlo das despesas públicas no caso
da Assembleia Provincial da Zambézia” o estudo realizado é do tipo exploratório, qualitativo. A
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pesquisa deste tipo tem como objectivo, relatar, explicar sem alterar conceitos e ideias, com vista
a formulação do problema mais preciso ou hipóteses pesquisáveis para análise seguinte.
Assim, segundo GIL (2002:42), a pesquisa exploratória visa “proporcionar maior familiaridade
com o problema, com vista a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses”.
Ainda no que diz respeito a metodologia de procedimento foram aplicados também os seguintes
métodos: método de estudo de caso que consistiu em particularizar o tema de modo a permitir
uma maior compreensão do tema em estudo, e neste caso o estudo foi direccionado na
Assembleia Provincial da Zambézia
Para o presente estudo, usou-se uma observação do tipo participante e trabalho de campo, que
decorreu na Assembleia Provincial da Zambézia para colher informações que darão suporte as
nossas conclusões.
Para LAKATOS & MARCONI (2003:92) a “Entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim
de que uma delas obtenha, informação a respeito de determinado assunto, mediante uma
conversa de natureza profissional.”
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De modo geral, a entrevista é a aquisição de dados de alguém sobre um dado facto. Podendo ser
duma forma desestruturada, visto que não é rígido podendo-se explorar mais questões. Tais
entrevistas tiveram o intuito de compreender o funcionamento da organização, em termos
estratégicos e operacionais; analisar a capacitações técnicas dos funcionários e sua interferência
nas actividades e estratégias do Departamento de Administração e Finanças.
RICHARDSON (1989:148) afirma que “uma das grandes vantagens das perguntas abertas é a
possibilidade de o entrevistado responder com mais liberdade, não estando restritivo a marcar
uma ou outra alternativa”.
O tipo de entrevista que se realizou nesta pesquisa é Padronizada ou Estruturada, que de acordo
Lodi (1974:16)
“É aquela em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido; as
perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas. Ela se realiza de acordo com um
formulário elaborado e é efectuada de preferência com pessoas seleccionadas de acordo
com um plano. O motivo da padronização é obter, dos entrevistados, respostas às mesmas
perguntas, permitindo que todas elas sejam comparadas com o mesmo conjunto de
perguntas, e que as diferenças devem reflectir entre os respondentes e não diferenças nas
perguntas.”
Na visão de GIL (2002:63), “desde que se tenha decidido que a solução de um problema seja
procurada a partir de material já elaborado, como livros, revistas, dissertações, artigos,
publicações periódicas, aí estamos em presença da pesquisa bibliográfica”.
Os dados qualitativos após a recolha, serão agrupados em função da proximidade das respostas.
Durante a sua interpretação, os mesmos serão apresentados descritivamente e em tabelas de
modo analisar as informações colhidas dos entrevistados e trabalho.
1.7.2. Amostra.
A escolha dos funcionários julgou-se significativa por ser uma amostra capaz de exprimir a real
situação do controlo da despesa pública naquela instituição e responder fidedignamente a questão
de partida.
No entanto usou-se uma amostragem não-probabilística, visto que a escolha dos elementos da
amostra foi feita de forma não-aleatoria, dai que destinou-se aos funcionários do DAF da
Assembleia Provincial da Zambézia.
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Este capítulo é constituído pela revisão de literaturas com base em livros, manuais, internet, Leis,
regulamentos que versam sobre o assunto. Faz menção aos principais tópicos sobre conceitos
relacionados a despesa pública, contabilização da despesa pública e controlo das despesas
públicas e outros tópicos pertinentes.
Para KOHAMA, (2001:214) “Bens públicos são as utilidades postas à disposição do povo de
forma gratuita ou remunerada, conforme dispuser a legislação específica.”
Deste modo geral pode-se afirmar que bens públicos visão a satisfação das necessidades
publicas, sem nenhuma compensação monetária.
Para não se limitar apenas ao conceito sobre a contabilidade pública acima citado, no entender de
ANGÉLICO (1994:107), “a Contabilidade pública é a disciplina aplicada na administração
pública, as técnicas de registos e apuramentos contabilísticos em harmonia com as normas gerais
do direito financeiro.”
Com os conceitos acima citados pode-se afirmar que a contabilidade é instrumento de registo e
controlo do património público e privado.
Sendo assim, a despesa pública também pode ser definida como conjunto de gastos realizados
pelos entes públicos para custear os serviços públicos que são as despesas correntes prestados a
sociedade ou para a realização de investimentos que são as despesas de capital.
“Na contabilidade, despesa é definida como consumo de bens ou serviços, o qual ajuda produzir
uma receita e quando diminui um activo ou aumenta o passivo, a despesa é realizada com o
objectivo de gerar uma receita, onde ambas são confrontadas no final do exercício para a
apuramento de resultado.” De acordo (ARAÚJO; ARRUDA, 2009; IUDÍCIBUS, 2007).
ou natureza, gastos pelo Estado, com ressalva daqueles em que o beneficiário se encontra
obrigado à reposição dos mesmos.
Das definições acima citadas, nota-se que as despesas públicas são os gastos feitos numa
entidade pública que visam a prestação de serviços públicos.
2.4.1.Despesas Orçamentais.
Para KOHAMA (2001:109), “a despesa orçamental é aquela cuja realização depende da
autorização legislativa. Não se pode realizar sem crédito orçamental correspondente; em outras
palavras é aquela que integra o orçamento, despesa discriminada e fixada no orçamento público.”
Para reforçar a definição acima, FORTES (2002:146), “afirma que a despesa orçamental
corresponde à todos os factos representativos de saída de recursos, excepto as devoluções de
terceiros (cauções, depósitos judiciais para recursos, etc.) e das operações de crédito por
antecipação da receita orçamental e os pagamentos de passivos financeiros anteriores (restos a
pagar).”
Segundo o nº 1, b) do artigo 23 da Lei nº 09/2002 de 12 de Fevereiro a despesa orçamental é
classificada de acordo com os critérios orgânico, territorial, económico e funcional.
“Esta classificação ocorre quando tem por finalidade delimitar a despesa, definindo-a por
sua função, ou seja, pelo maior nível de agregação das diversas áreas de despesa que
competem ao sector público. A classificação funcional subdivide-se em funções e
subfunções, com a finalidade de reflectir as políticas, directrizes, objectivos no
planeamento das acções dos administradores públicos.”
De acordo com KOHAMA (2003, p 116) “entende como função o maior nível de agregação das
diversas áreas de despesas que competem ao sector público e como subfunção uma partição da
função que visa agregar determinado subconjunto de despesa do sector público.”
Portanto, o mesmo autor atesta que os meios de controlo são compostos por várias instâncias, as
quais se incluem: a forma de organização, políticas, sistemas, procedimentos, inventários,
instruções, padrões, comités, plano de contas, estimativas, orçamentos, relatórios, registos,
métodos, projectos, segregação de funções, sistema de autorização, de aprovação, conciliação,
análise, custódia, arquivo, formulários, manuais de procedimentos, dentre outros.
Percebe-se então que o controlo interno gira em torno dos aspectos administrativos e contábeis
no âmbito das empresas. Paralelamente, os apontamentos de ALMEIDA, (2011, p. 50)
descrevem que é o conjunto de procedimentos, métodos e rotinas com objectivos de proteger os
activos e produzir dados confiáveis é o objectivo dos controles contábeis. Com isso, auxiliar a
administração na condução ordenada dos negócios se constitui o objectivo maior dos controles
administrativos.
Para CASTRO (2010, p. 291)
“Quando trata que o controlo interno administrativo busca garantir que as acções atinjam
seus objectivos no menor custo e na melhor forma, sustentando os actos praticados pelos
administradores ou se relacionando com as metas da empresa, enquanto os contábeis
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visam dar certeza aos números registados e divulgados nas demonstrações contábeis. Em
se tratando de Administração Pública, o mesmo autor afirma que os conceitos geralmente
difundidos sobre controlo interno são insuficientes para esclarecer o assunto, pois o
controlo interno compreende o conjunto de métodos e procedimentos adoptados pela
entidade, para salvaguardar os actos praticados pelo gestor e o património sob a sua
responsabilidade, conferindo fidedignidade aos dados contábeis e segurança das
informações deles decorrentes.”
O resultado disso é uma verdadeira salvaguarda dos recursos públicos contra o desperdício, o
abuso, os erros, as fraudes e as irregularidades o que, na visão de ATTIE, (2011,p. 117-118)
“requer que haja na empresa a segregação de funções, o funcionamento de um sistema de
autorização e aprovação, a determinação de funções e responsabilidades, a rotação de
funcionários, cartas de fiança, a manutenção de contas de controlo, seguros, observação da
legislação, contagens físicas e independentes e alçadas progressivas.”
Para CASTRO (2010)
“Os controlos foram divididos no tempo em controlo prévio que antecede a operatividade
do acto e cuja técnica utilizada é a contabilidade, o controlo concomitante que
acompanha a realização do acto para verificar a regularidade de sua formação, o qual
utiliza a fiscalização como técnica de trabalho e o controlo subsequente que se efectiva
após a conclusão do acto, visando corrigir eventuais defeitos ou declarar sua nulidade ou
dar-lhe eficácia e, nesse caso, é utilizado a auditoria. Nota-se que são vários os papéis
desempenhados pelo controlo interno que convergem para uma função macro, onde possa
servir de base informativa segura e tempestiva para o processo decisório no que tange a
gestão dos negócios.”
Sendo assim, o controlo interno ganha maior importância na Administração Pública em virtude
dessa esfera não dispor de mecanismos naturais de correcção de desvios, diferentemente do
processo que ocorre nas actividades privadas, onde a “competição” e o “lucro” funcionam como
potentes instrumentos para reduzir desperdícios, melhorar o desempenho e alocar os recursos de
forma mais eficiente.
Deste modo, um sistema de controlo interno deve definir a área a controlar (em termos de
orçamento - programa: a actividade ou projecto); definir em que as informações devem ser
prestadas: um mês, uma semana, definir quem informa quem, ou seja, o nível hierárquico que
deve prestar informações e o que deve recebê-las, analisá-las e providenciar medidas; definir o
que deve ser informado, ou seja, o objectivo de informação; por exemplo: aquisição de tantas
viaturas custa tantas unidades monetárias.
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Em Moçambique nota-se hoje uma crescente preocupação por parte do Estado em racionalizar e
controlar duma forma eficaz, eficiente e económica as despesas públicas.
“Como processo social que é a actividade financeira suscita, em particular nas complexas
civilizações da actualidade, o aparecimento de múltiplas formas de controlo, as quais incidem
sobre os seus diversos instrumentos e instituições.” (FRANCO, 2001:452).
Em Moçambique, a Lei nº 09/2002, de 12 de Fevereiro no seu artigo 64, admite que o controlo
interno tem por objecto:
Fiscalizar a correcta utilização dos recursos públicos e a exactidão e fidelidade dos dados
contabilísticos;
Garantir, através da fiscalização, a uniformização da aplicação das regras e métodos
contabilísticos; e
Verificar o cumprimento das normas legais e procedimentos aplicáveis.
Sendo assim na administração pública, o controlo interno deve estar presente, actuando de forma
preventiva, em todas as suas funções, administrativa, jurídica, orçamental, contabilística,
financeira, patrimonial, de recursos humanos, dentre outra, na busca da realização dos objectivos
a que se propõe.
Ainda MEIRELLES (1990) “consiste na verdade no regime jurídico decorrente da conjugação de
dois princípios básicos: o princípio da supremacia dos interesses públicos e o da
indisponibilidade dos interesses públicos. Assim tem-se como alguns princípios da administração
pública os seguintes:”
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Ainda de acordo com o nº 2 do artigo 228 da CRM de 2004, o controlo dos actos e factos
administrativos e da aplicação das normas regulamentares emitidos pela administração pública,
bem como a fiscalização da legalidade das despesas públicas e a respectiva efectivação da
responsabilidade por infracção financeira cabem ao TA.
Os institutos públicos;
As autarquias locais; e
Outras entidades que a lei determinar.
3.1. Apresentação.
Também é composto por um Secretariado Técnico, com 25 funcionários, para apoio técnico e
administrativo as actividades da Assembleia, da mesa, das comissões de trabalho e dos
respectivos membros. E é composto por dois departamentos: de Assistência Técnica e Jurídica,
Administração e Finanças, uma repartição de Relações Públicas e Secretária-geral.
c/ pessoal civil
12 Bens e serviços 5.763.967,00 5.187.570,00 5.187.570,00 0,00 100
14 Transferências
correntes 123,650,00 105.100,00 10.000,00 95.100,00 9,51
21 Investimento 0,00 0,00 0,00 0,00 0
Total do OE 37.974.093,47 37.410.682,59 37.315.582,59 0,00 99%
Fonte: relatório financeiro da APZ, 2018.
A tabela acima ilustra a variação do orçamento de 2017 a 2018 onde a variação do orçamento
global de 2017 a 2018 decresceu em 1,6%, de acordo a mesma tabela, mostra que para os
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orçamentos das rubricas de Salários e remunerações, demais despesas com o pessoal civil e bens
e serviços registaram um acréscimo em 5%, 14,6% e 7,2% e para os orçamento de transferências
correntes e investimento registaram um decréscimo na ordem de 52,2% e 100%.
A tabela acima ilustra os anos de serviço dos funcionarios do DAF. Achamos conveniente fazer
o levantamento do tempo de serviço de modo a aferir o grau de experiência, onde constou-nos
que 2 funcionários, o tempo de serviço esta no intervalo de (1-5) anos, que corresponde a 25% e
6 funcionarios o tempo de trabalho, encontra-se no intervalo de (6-10) anos que corresponde a
75% com esses dados conclui-mos que, a maior parte dos funcionarios do DAF, tem
conhecimento sobre o controlo da despesa publica.
pelo menos uma nota de liquidação, que são pagas em conformidade processual sem restrição, e
o valor não pago é usado para outro pagamento.
3.9. Normas e procedimentos seguidos até a realização das despesas públicas na APZ.
Esta foi umas das questões arroladas no questionário, sendo as repostas dos funcionários foram
de acordo a tabela abaixo.
(competências), visto que as despesas desta entidade são reconhecidas aos exercícios económicos
conforme a real ocorrência, e não quando são pagos em dinheiro.
4.4. Departamento que vela pela fiscalização e controlo interno das despesas públicas na
APZ.
De acordo os entrevistados foram unânime em afirmar que o Departamento de fiscaliza e
controla as despesas na APZ é o DAF.
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4.5. Entidades que velam pela fiscalização e controlo externo das despesas públicas da
entidade.
De acordo as respostas dos funcionários entrevistados foram unânimes ao afirmar que, as
entidades que velam pela fiscalização e controlo externo das despesas é TA e a Inspecção-geral
de Finanças.
Conclusão.
Do estudo efectuado na Assembleia Provincial da Zambézia, foi possível concluir que naquela
instituição, um dos instrumentos usados para a eficiência e eficácia dos seus planos de
desenvolvimento para as áreas de monitoria e fiscalização das actividades do Governo Provincial
é a realização da despesa pública.
O presente trabalho tem como objectivo geral analisar o nível de controlo das despesas na APZ e
compreender como é feita a realização dessa despesa pública, se os procedimentos e normas
aplicados estão conforme a Lei do SISTAFE; e o problema era saber qual o impacto do controlo
da despesa pública na Assembleia Provincial da Zambézia.
No entanto durante a realização deste trabalho constatou-se que a contabilização da despesa é
feita na APZ, pela Célula Orçamental da Despesa (COD). Por outro lado tem ocorrido também
registos contabilísticos que têm o papel de reduzir a quota do limite financeiro. A liquidação
pode ser feita com desconto (pagamento feito pelo valor liquido ao respectivo credor) e sem
desconto (pagamento feito pelo valor total ao respectivo credor); A fase da liquidação é feita,
com base nas notas de cabimento seleccionados, o Número Único de Identificação Tributária
(NUIT) do credor e o número do processo administrativo. Na fase de pagamento é feita na célula
orçamental da despesa pela importância a pagar.
O controlo interno na APZ é feito pelo Departamento de Administração e Finanças (DAF) e pela
Inspecção Geral da Finanças. Esta entidade tem feito o controlo interno regular das suas despesas
públicas através de programas de inspecção, auditoria interna, fiscalização e acompanhamento.
Por outro lado o Agente de Controlo Interno faz a conformidade processual depois do Agente de
Execução Orçamental fazer a abertura do Processo Administrativo, cabimento e a liquidação; e o
Agente de Controlo Interno volta a fazer a conformidade documental depois de o pagamento ser
efectuado pelo Agente de Execução Orçamental.
As entidades que velam pelo controlo externo das despesas públicas na APZ são o TA e a
Direcção Provincial da Economia e Finanças da Zambézia. O TA faz a apreciação das contas da
despesa pública da APZ socorrendo-se ao artigo 86 da lei nº 26/2009, de 26 de Setembro, pelas
seguintes formas: a verificação do 1º grau ou preliminar, a verificação do 2º grau, a inspecção, a
auditoria e o julgamento.
Assim sendo, com o estudo de caso foram respondidas as questões de investigação, que são: Será
que os gestores públicos da APZ aplicam procedimentos adequados no controlo da despesa
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pública? Do estudo realizado ficou claro que os gestores públicos da APZ, aplicam os
procedimentos adequados no controlo da despesa pública no entanto, há uma necessidade de
melhorar cada vez mais a monitoria no contexto da realização da despesa pública. Como é feita a
contabilização da despesa pública na APZ? A realização da despesa pública nesta instituição é
feita seguindo os estágios previstos na Lei do SISTAFE, nomeadamente: o cabimento, a
liquidação e o pagamento. Quais são os procedimentos de controlo da despesa pública na APZ?
Para esta questão os técnicos foram unânimes em afirmar que os procedimentos de controlo da
despesa na APZ, obedece o seguinte: verificar se a despesa é legal, se a realização da despesa foi
feita por uma pessoa competente ou autorizada para o efeito, se foram cumpridas todas as
normas e regras na realização das despesas públicas, se a classificação orçamental está correcta,
se há cabimento orçamental para a verba. A última questão acha que os gestores e contabilistas
aplicam as normas, procedimentos e princípios contabilísticos aprovados no MAF? Para esta
questão notou-se que há um défice no uso dos procedimentos e normas e princípios
contabilísticos, visto que tem existido dificuldades na aplicação de procedimentos por parte de
alguns técnicos afectos na contabilidade.
Com a questão de partida concluimos que o controlo da despesa publica no período de (2017-
2018), teve um impacto positivo no ambito da aplicaçao dos procedimentos e normas vigentes na
lei do SISTAF. Mas tambem é necessario melhorar cada vez mas a aplicaçao dos procedimentos
contabilisticos vigentes no MAF.
Apesar do nível de controlo da despesa ser satisfatório, sugerimos que a instituição melhore a
monitoria do controlo interno de modo para tornar o controlo interno cada vez mais eficiente e
eficaz na detecção de (fraudes, erros e desvio de aplicação) e que se preocupe na
profissionalização dos seus colaboradores em matéria de administração e gestão despesa pública.
55
Sugestões.
Em face das constatações durante o estudo de campo na Assembleia Provincial da Zambézia,
tecemos as seguintes sugestões:
Bibliografia.
ANDRADE, Nilton de Aquino. Contabilidade pública na gestão municipal.1ª edição. São Paulo:
Editora Atlas S.A, 2002.
ALMEIDA. Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. Ed. São Paulo:
Atlas, 2011.
ATTIE, Willian. Auditoria: Conceitos e aplicações. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2011.
COSTA, Carlos B.; ALVES, Gabriel C. Contabilidade Financeira.4ª edição. Lisboa. Editora Rei
dos livros.2001.
FORTES, João. Contabilidade Pública. 7ª Edição. Brasília: Franco & Fortes, 2002
GIL, António Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisas Sociais. 4ª Edição. São Paulo. Editora
Atlas S.A.2007.
GIL, António Carlos. Como elaborar projectos de pesquisa. 3ª Edição. São Paulo: editora Atlas,
1996.
JUND, S. (2008). Administração, Orçamento e Contabilidade Pública (3rd ed.). Rio de Janeiro:
Elsevier.
KOHAMA, Hélio. Contabilidade pública: Teoria e Prática.8ª edição. São Paulo: Atlas, 2001.
PISCITELLI, Roberto Bocaccio; TIMBÓ, Maria Zulene Farias; ROSA, Maria Berenice.
Contabilidade pública: uma abordagem da administração financeira pública. 7ª Edição. São
RICHARDSON, Richard Jarry. Pesquisa: Métodos e Técnicas. São Paulo: Editora Atlas, 1999.
MOCAMBIQUE, Lei 8/2015 altera e republica a lei 14/2014 de 14 de Agosto, que aprova a lei
de organização, funcionamento e processo de secção de contas públicas do Tribunal
Administrativo. Boletim da Republica de Moçambique, Outubro de 2015.
Referências Electrónicas:
http://www.ta.gov.mz (acessado em 06/11/2019)
http://www.sistafe.rsig.gov.mz (acessado em 06/11/2019)
http://www.google.com.br (acessado em Novembro 2019)
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Apêndice.
Apêndice1: Guião de Questionário.
Este guião de questionário é um instrumento de colecta de dados que tem por finalidade de,
fazer uma análise do controlo das despesas públicas: Estudo de caso, Assembleia Provincial
da Zambézia. No entanto, as respostas são para uso exclusivo deste estudo, e contribuem para o
trabalho de conclusão do curso de licenciatura em Contabilidade com Habilitações em
Auditoria na Universidade Licungo, com o objectivo de melhorar o nível de controlo e
execução das despesas públicas.
Questionário.
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2. Qual é o seu nível académico?
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3. A quanto tempo trabalha no Departamento de Administração e Finanças?
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4. Existe alguma inconveniência pelo não uso do SISTAFE?
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5. Os técnicos afectos na contabilidade têm conhecimentos do SISTAFE?
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7. Quais são normas e procedimentos seguidos até a realização das despesas públicas na APZ?
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10. Qual é a principal lei obedecida no controlo das despesas públicas na APZ?
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12. Qual é o departamento que vela pela fiscalização e controlo interno das despesas públicas na
APZ?
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13. Quais são as entidades que velam pela fiscalização e controlo externo das despesas públicas
da entidade?
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14. Será que os gestores públicos da APZ aplicam procedimentos adequados no controlo da
despesa pública?
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15. Quais são os procedimentos de controlo da despesa pública na APZ?
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