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Psicológica
Aula 1- 23 de fevereiro
→ A avaliação é algo que define o ser humano, a forma como interagimos, pensamos,
etc. A nível de desenvolvimento é algo que nos acompanha sempre.
→ Mais importante do que os instrumentos (meios) são a observação (do
comportamento, a relação que tem com a pessoa que a acompanha, a forma como
chega) e a entrevista, que definem os instrumentos.
→ É importante entender a natureza do pedido de avaliação: se foi a pessoa que pediu,
se está por obrigação.
→ Premissa da avaliação psicológica = Tudo o que é observável pode ser medido
1840 - Séguin
- Pioneiro no treino de pessoas com atraso mental
- 1837: Abre a primeira escola orientada para o ensino de crianças com atraso mental
1879 – Wundt, considerado um dos fundadores da Psicologia, cria o primeiro
Laboratório de Psicologia no mundo (Universidade de Leipzig, Alemanha)
● No início do séc. XIX, os cientistas/psicólogos experimentais estavam
geralmente mais interessados na identificação de aspetos comuns do
funcionamento humano do que na identificação das diferenças individuais. As
diferenças individuais eram consideradas uma fonte de erro que tornavam a
medida humana inexata
Alfred Binet
- Considera que o foco da avaliação devem ser as faculdades mentais (psíquicas) –
propôs o estudo de 10 processos psíquicos
- Propõe o método subjacente aos testes mentais (estudo da memória, imagens
mentais, imaginação, atenção, força de vontade)
- Foi o primeiro autora apresentar os requisitos das provas de avaliação:
● Tarefas simples e de r ápida aplicação
● Independentes do avaliador
● Que seja possível comparar resultados obtidos por um observador com os
resultados obtidos por outro
- Conceptualizou o diagnóstico psicológico:
● Exame médico (físico, fisiológico)
● Exame escolar (aprendizagem)
● Diagnóstico psicológico centrado na avaliação da inteligência para a qual Binet
contribuiu com o desenvolvimento da escala Binet-Simon
- Condições para o desenvolvimento dos testes:
● Tão variados quanto possível de maneira a abarcar o maior número possível de
faculdades psíquicas
● Relativos às faculdades psíquicas superiores
● De curta duração para o indivíduo (não mais de 1h30m)
● Diversificados para não fatigar ou aborrecer o sujeito
● Apropriados ao meio do sujeito
● Sem aparelhos complicados, nem Instalação especial
Aula 2- 2 de março
1904 – Spearman → Início da análise fatorial das aptidões (deu origem à teoria dos
dois fatores na inteligência – inteligência verbal e inteligência de realização)
● Duas ideias dominantes sobre a inteligência: Fator geral que se encontra
dividida em subdomínios ou várias inteligências
1905 - Binet e Simon apresentam uma escala de diagnóstico do nível intelectual de
crianças normais e anormais
1904 - Primeiro teste projetivo de Jung (aluno do psiquiatra suíço Bleuler) e Riklin
(teste de associação de palavras que compreendia no início 400 palavras)
● Estes estudos confirmam a integração e influencia das emoções na capacidade
da memória
1908 - Binet e Simon - Segunda escala de inteligência
● Mais itens
● Invenção da noção de idade mental
● Melhor amostra de estandardização: 300 crianças
1919 - Métodos de seleção de alunos sobredotados (QI acima de 140) – Estudos vão
mostrar que a inteligência esta associada a melhor sucesso quer profissional quer
pessoal, relação social, académico
● Primeiro Serviço de Psicologia Penitenciária
● Primeiros trabalhos estatísticos e psicológicos sobre acidentes de trabalho
1920 - Primeira Conferência Internacional de Psicotécnica e fundação da Associação
Internacional de Psicotécnica (constituído por psicometristas – que constroem
instrumentos de avaliação - e não psicólogos)
● Jung – Personalidade: Dois tipos - Introvertido e extrovertido
● Rorschach – Teste projetivo
Aula 3- 9 de março
Baterias fixas = Aplicamos sempre pela mesma ordem, essa ordem deve ser seguida,
foi testada (a ordem tem influência nos resultados que vamos recolher) ≠ Baterias
flexíveis
● As instruções de um teste são muito importantes (os testes podem ser
utilizados em vários momentos, por qualquer pessoa, sempre da mesma forma)
● Psicometria = avaliar instrumentos de avaliação (em laboratório), se têm
estabilidade temporal, consistência interna, se têm capacidade para avaliar os
construtos que é suposto medirem, em vários momentos ao longo do tempo
Testes computorizados - Falta a humanização. A motivação das pessoas avaliadas difere
quando está presente uma pessoa, mesmo que esteja virtualmente, a aplicar testes
computarizados (Vantagem: Fazer mini relatórios rapidamente)
→ NOTA: Versão experimental tem o triplo dos itens que terá a versão final!
● É necessário fazer a revisão dos instrumentos já existentes, pedir autorização
para utilizar alguns itens dos testes anteriores no nosso novo teste
● Validade face = Opinião de um perito da área, que vai avaliar a validade e
fiabilidade consoante as teorias e afins
● Validade de conteúdo = Se aqueles itens estão a refletir aquilo que está a ser
medido, se é adequado ao grupo de pessoas a quem se dirige o teste (grupos
focais)
● Às vezes é necessário fazer adaptações de testes originais devido a diferenças
culturais para que possa ser aplicado noutro pais que não o país de origem do
autor original
2) Construção do instrumento
● Elaboração de escalas (Instrumento utilizado para medir algo)
● Tipo de escalas (Nominal, Ordinal, Métrica)
● O tipo de escala escolhida depende da:
o Variável em estudo
o Público-alvo
o Contexto de aplicação
o Preferências do/a(s) autor(es/as)
2.1) Escalas
● Escala de estimação: Palavras ou símbolos relativos à intensidade de uma
caraterística, emoção ou atitude, e em relação aos quais o sujeito emite o seu
parecer ou opinião
● Escala de likert
o Fornece, tradicionalmente, 5 possibilidades de resposta ao item;
o Contínuo entre discordância e concordância, aprovação e desaprovação
o Muito utilizadas, fáceis de elaborar, permitem uma estimação somatória
o Escala visual análoga – O respondente deve indicar a opção com a qual
mais se identifica num continuum que varia entre dois extremos
(resolve o problema da escala de likert – pois o 2 pode corresponder a
poucas vezes - para uma pessoa “pouco” pode significar 2 vezes por ano,
para outra pode significar 2 vezes por mês)
● Comparação de pares: São apresentados ao sujeito pares de estímulos, duas
afirmações, duas fotografias ou dois objetos que o sujeito terá de comparar. A
seguir o sujeito terá de selecionar um dos estímulos de acordo com alguma
regra
● Escala Guttman: Os itens variam de forma sequencial, das expressões mais
fracas às mais fortes da atitude, crença ou sentimento que se está a medir
(avaliar se a pessoa concorda de forma vincada, menos vincada ou não
concorda com a afirmação)
4) Estudos de validação
● Fiabilidade (teste-reteste, consistência interna (itens, inter-avaliadores)
● Validade
o Validade de
Critério preditiva
e concorrente
o Validade de
Construto
o Validade Facial
● Sensibilidade e
Especificidade
5) Revisão
Aula 4- 16 de março
Tomada de decisão
● Em atividades /processo de Avaliação Psicológica, os psicólogos desenvolvem e
mantêm um reportório de estratégias de raciocínio, de
processamento/elaboração de informação (heurísticas, esquemas de
conhecimento, representações cognitivas)
● Tais estratégias permitem “filtrar”, simplificar e organizar a informação e
elaborar as apreciações e inferências que vão servir de suporte aos processos
de avaliação, diagnóstico, intervenção
● Tais estratégias orientam, portanto, os processos de formulação de juízos e
tomada de decisão
● Estas estratégias são usadas inconscientemente
● Os processos de julgamento/formulação de juízos e tomada de decisão são,
frequente e, muitas vezes, inevitavelmente:
o Elaborados em condições de incerteza
o De valor problemático, na medida em que as referidas estratégias de
raciocínio podem conduzir a enviesamentos cognitivos e a erros
Heurísticas
● Estratégias de simplificação e redução da complexidade da informação
● Regras princípios organizadores estratégias de julgamento inferencial e de
descoberta
● Ajudam a organizar e a simplificar a informação disponível a formular
inferências e a predizer, tendo por base informação escassa e/ ou pouco fiável
● São suscetíveis de enviesar ou distorcer o julgamento e de conduzir a erros
Enviesamentos cognitivos
● Erros sistemáticos, tendência para o julgamento se desviar invariavelmente de
uma norma ou critério aceite de validade
● Preferência subjetivamente fundamentada por uma dada conclusão ou
interferência em detrimento de conclusões alternativas possíveis
● Podem funcionar como tendências a distorcer (ex: processos ou estratégias
cognitivas subjacentes aos erros inferenciais, cometidos devido ao uso
incorreto da informação disponível)
Erro
● Definido a partir da existência de consequências indesejadas
● Inconsistência entre uma hipótese, conclusão ou inferência
● Crença não comprovada … contradição com aquilo que é prescrito por um
modelo de desempenho optimal
● Os erros inferenciais sistemáticos podem corresponder ou a uma utilização
excessiva de certas estratégias inferenciais, intuitivas e, geralmente, válidas ou a
um recurso diminuto de estratégias formais, lógicas ou estatísticas
● Os erros ocorrem:
o Porque as estratégias não são adequadas aos problemas
o Porque a complexidade de informação excede a capacidade cognitiva do
avaliador
o Devido a défices de competência inferencial ou a lapsos de desempenho
inferencial (não utilização de conhecimentos disponíveis)
Enviesamentos confirmatórios
● Tendência geral para codificar, processar e recuperar a informação que é
consistente com um esquema reter, de forma seletiva e sistemática, a
informação que confirma as hipóteses iniciais e resistência a novas evidências
● Associados a um trabalho quase instantâneo de elaboração inicial de
conceptualizações ou categorizações acerca do sujeito tendo por base uma
quantidade mínima de informação
● As primeiras impressões são prevalecentes - Exemplos:
o Primeira entrevista
o “Imagem do cliente”: papel decisivo das quatro primeiras horas de
terapia (2ª - 4ª sessão, num processo de 24 sessões)
o “Impressões diagnósticas”: 30 primeiros segundos de entrevista filmada
Correlações ilusórias
● Interpretações ou atribuições de correlação ou mesmo de causalidade entre
duas classes de acontecimentos que não estão correlacionados
● Baseadas em simples associações de ideias semelhantes ao senso comum sem
suporte empírico ou teoria credível
● Processo mais pronunciado quando há mais informação a ser objeto de
tratamento
● Exemplos características/desempenhos no teste - Desenho da Figura Humana
(“olhos grandes e estranhos”, cabeça grande ou pequena)
Heurística da disponibilidade
● Quando as inferências formuladas, acerca da frequência ou da probabilidade de
um acontecimento/resultado (prognóstico cometer um crime, suicídio, são
excessivamente influenciadas por outros fatores, como a recordação seletiva de
acontecimentos anteriores (casos raros, sucessos inesperados, fracassos,
envolvimento emocional, aparência física), facilidade de evocação/acesso
cognitivo
● Memória: Sobre/sub-estimação VS Novos casos
● Ex: Valorizar uma experiência isolada (concreta, bizarra), em detrimento de
dados empíricos da pesquisa, linhas base valorizar um acontecimento intenso,
mas não representativo
● Quanto mais ambíguos são os dados mais as descrições são influenciadas por
ideias preconcebidas e que estão mais facilmente disponíveis
Heurística da representatividade
● Apreciações relativas à probabilidade de determinada pessoa pertencer a uma
determinada classe (ex: categoria nosológica) ou de determinado
acontecimento poder ser prognosticado a partir de determinada sequência de
antecedentes
● Exemplos:
o Considerar o desempenho de uma pessoa em dada situação/momento
como sendo representativo do seu comportamento em geral ou do seu
estado de funcionamento futuro
o Recurso a um único instrumento ou interlocutor
o Diagnóstico de depressão (MMPI 2)
o Avaliação da inteligência (WISC III, MPCRaven, DAP)
o Diagnóstico de hiperatividade (CBCL, …TRF, YSR);
o Insensibilidade ao tamanho das amostras; amostra versus população
● Importância de dados normativos, linha base do problema
Soluções (I)
● Ter conhecimento e consciência da ação das heurísticas, enviesamentos e erros
ainda que, por si só, esta familiaridade com as fontes de erro não seja suficiente)
● Treino, formação e experiência profissional
● Monitorização da prática de uma forma sistemática (colocar questões, discutir
argumentos)
● Oportunidades para observar exposição direta e prática a situações concretas
partilhar, em voz alta, os processos de análise/decisão
o Ex: Existe uma maior diferenciação das zonas do cérebro de um
adolescente ao contrário dos idosos que não existe diferenciação de
áreas cerebrais → Este facto leva-nos a concluir que os idosos tomam
melhores decisões porque englobam mais fatores na tomada de
decisão porque não existem áreas cerebrais diferenciadas
Soluções (II)
● O juízo clínico não deve, apenas, depender da intuição
● Não basta a capacidade/ conhecimentos/ competência é também necessária
performance (não basta saber tudo de côr como se fossemos um robô, é
preciso saber adaptar a linguagem e o discurso)
● Diminuir a “confiança” na memória: registar, consultar registos,
dados/informações
● Prestar atenção a causas de natureza contextual/ambiental
● Prestar atenção às fontes de incerteza
● Maior prudência na formulação de juízos definitivos acerca da pessoa e do(s)
seu(s) problema(s) – Ex: Nunca devemos formular a frase “os resultados
demonstraram”, mas sim “os resultados sugerem que” – é necessário fazer um
exercício mental e pensar o que falta saber, perceber a exatidão do diagnóstico
Soluções (III)
● “O que é que necessito de saber?”
● “Qual a exatidão dos relatos do cliente?”
● “Que informação falta?”
● “Hipóteses explicativas alternativas?” “Que dados são necessários para falsificar
as minhas hipóteses iniciais?” “Os dados podem ser explicados de outro
modo?”
● “Como conseguir fazer a decomposição do problema?”
● Algoritmos, folhas de balanço, diagramas e gráficos, árvores de decisão
Resumidamente:
⮚ Estratégias de raciocínio: Organizar a informação e elaborar inferências que
vão servir de suporte aos processos de avaliação → Formulação de juízo
elaborados em condições de incerteza e podem conduzir a enviesamentos
cognitivos e a erros
⮚ Processamento automático: Acontece com toda a gente, mas os bons
psicólogos estão atentos a isto e tentam evitar erros de processamento,
duvidando sempre das suas estratégias de tomada de decisão
⮚ Erro do caso único: Não se enquadra em nenhum caso clínico
Aula 5- 23 de março
Entrevista
● Principal técnica de avaliação, sendo insubstituível e indispensável para o
trabalho do psicólogo
● Forma de comunicação e de troca verbal numa situação de face a face
orientada para a procura de informação relevante
o Comunicar corresponde a vários objetivos: trocar informações.
Estabelecer relações, “saber o que se sabia antes”
● Usualmente, constitui o primeiro momento de contacto com o sujeito (e
pessoas significativas) e o caso
● Primeiro passo no processo de avaliação e de formulação de hipóteses acerca
dos problemas comunicados e identificados
Objetivos da entrevista
● Geral: Desenvolvimento de hipóteses testáveis acerca dos fatores que
contribuem para os atuais problemas do sujeito e que podem ser relevantes
para a posterior planificação da intervenção
● Facultar informação acerca dos problemas subjacentes ao pedido de
consulta/avaliação → Funcionamento psicológico do sujeito; identificação do
modo como os problemas afetam o sujeito (ex: relações familiares, sociais,
profissionais/escolares)
● Obter consentimento informado e estabelecer relação necessária e positiva
entre avaliador, sujeito e outros interlocutores
● Delimitar e explicitar as fases posteriores da avaliação (processo de avaliação,
enquadramento temporal, assegurar confidencialidade custos/pagamento)
● Solicitar autorização para o envolvimento de outros interlocutores (ex:
professor, outro familiar)
● A informação obtida a partir da(s) entrevista(s) escolha de medidas e de
instrumentos de avaliação adicionais
● Identificar preocupações, expectativas, objetivos, perceções, sentimentos
acerca do problema
● Precisar áreas “e áreas “de dificuldade” do sujeito
● Motivação e recursos existentes para a modificação da situação
● Informação relevante para identificação e análise funcional dos
comportamentos alvo (fatores que os suscitam e mantêm)
● Informação relevante para a planificação e avaliação da intervenção
● Restituição de informação/ entrevista de restituição de informação
o Usualmente, as entrevistas são empregues como: instrumentos de
despiste screening e/ou diagnóstico de problemas
Técnicas de entrevista
● Técnica com elevada flexibilidade (No desenrolar da entrevista, apesar dos
objetivos pré-estabelecidos, o/a psicólogo/a deve adaptar se às características
únicas do/a cliente)
● Técnica polivalente
o Função motivadora
o Função clarificadora
o Função terapêutica
Exame mental
● Aparência e comportamento; Discurso; Emoções; Pensamentos; Perceções;
Estado cognitivo; Insight
→ Competências de escuta
● Deixar falar
● Escuta ativa
● Baixa reatividade verbal (latência prolongada do entrevistador)
● Silêncios instrumentais
Tipos de entrevista
● Pelo nível de estruturação: Estruturada; Semiestruturada; Aberta
● De acordo com a sua finalidade: Diagnóstica; Consultiva; Orientação vocacional;
Terapêutica/aconselhamento; Investigação
● Em função da temporalidade: Inicial; Informação complementar; Anamnese; De
devolução; Alta clínica
● Em função da idade: Crianças e adolescentes; Adultos (Relacionamentos;
parentalidade; problemas profissionais; limitações físicas/psicológicas); Idosos
Aula 6- 30 de março
Entrevista clínica
● Regras técnicas, atitudes (movimentos psíquicos)
● Faz parte do método clínico (centrado no estudo de casos individuais)
● Método clínico compreende:
o Uma clínica de mãos nuas - Entrevista e observação
o Uma clínica instrumental - Escalas, questionários e inventários clínicos,
testes de inteligência, testes projetivos, e outros instrumentos de
avaliação da personalidade
1) Atenção
● Concentração sobre o objeto, sobre o outro, sobre o que não foi dito antes
● Atitude /orientação interna do entrevistador para o destinatário
● Restaurar as ligações entre os vários elementos do discurso ou diferentes
sequências aparentemente heterogéneas do discurso do sujeito
● Atenção igualmente flutuante: Todas as palavras usadas, enunciadas por um
sujeito são à priori colocadas sob um mesmo plano, evitando privilegiar
algumas ou minimizar outras
● Atenção clínica numa entrevista: Ligar/associar tudo o que é presentemente
dito ao que já foi dito, estabelecer aproximações, conexões entre diferentes
elementos do mundo interno do sujeito em uma ou mais entrevistas
● A atenção tem limites:
o Fixar a duração da entrevista [prolongar a duração de uma entrevista
não permite acumular informações novas ou aprofundar a problemática
enunciada]
o Atenção será sustentada se for circunscrita no tempo da entrevista
2) Benevolência
● Neutralidade indulgente/benevolente (Entrevistador e paciente encontram-se
ao mesmo nível para que o paciente se sinta confortável para partilhar
informações com este)
o Intenção de fazer o bem, ajudar, analisar, curar
o Benevolência: um objetivo (sujeito)
o Atenção benevolente do psicólogo e do sujeito relativamente a si
próprio (ex: A pessoa vem com uma atitude muito pouco benevolente
sobre si próprio, que não tem salvação que a culpa é sua e o psicólogo
deve ajudar nesta questão)
o O entrevistador não deve formular juízos, críticas ou desaprovação
relativamente ao sujeito
o Assegurar confiança ao sujeito para este se exprimir livremente.
3) Confidência
● Entrevista clínica pode ser representada como um espaço de confidências:
discrição/reserva, segredo, intimidade, …
● Dizer/falar numa entrevista clínica: Confiar qualquer coisa de íntimo a alguém
disponível para acolher através de uma escuta atenta e discreta/reservada
● Devemos dar ao paciente uma espécie de consentimento informado, dizer que
a informação exposta na consulta não será partilhada com ninguém, e se for
partilhada, informar quem serão as pessoas com as quais vamos partilhar (ex:
psiquiatra). Para além disso, o psicólogo deve explicar um pouco sobre quais
serão as perguntas feitas na entrevista, para deixar a pessoa à vontade
4) Conselho
● Entrevista de aconselhamento: Descobrir por si mesmo (expetativas, receios,
etc.), suspender a guardar inteira disponibilidade, incentivar a precisar o
pedido, acompanhar um trabalho de associação reconhecido pelo sujeito
relativamente ao pedido [problemática do sujeito]
● Conselho: Testemunho da atenção ao sujeito, não uma ordem imperativa ou
obrigatória
Nota: Não é possível aconselhar sem conhecer, a partir de uma
nomenclatura/terminologia, de uma tipologia a priori...
6) Contradição
● Tarefa do entrevistador: Benevolência com que pode sustentar a sua
manifestação, sobretudo nos sujeitos para quem a contradição é uma espécie
de drama ou catástrofe
● A aceitação da contradição pelo entrevistador poderá constituir a primeira
abordagem aceitável para quem sofre (postura clínica)
● A contradição faz parte de toda a experiência subjetiva e arriscar a sua exclusão
do discurso de um sujeito pode expulsar toda a manifestação da subjetividade
na Entrevista Clínica
7) Escuta
● É o “fazer” do entrevistador (clínico), a única manifestação possível do clínico
● Não é uma “intervenção” para falar, mas condição necessária a qualquer forma
de intervenção
● É a recusa de matar a palavra do outro, mas é também a recusa em
cessar/descontinuar a avaliação no sintoma [O sintoma pode ser um sinal, uma
forma de linguagem]
● Não é uma aceitação plana /niveladora e sem crítica da palavra do sujeito
● Pressupõe uma disponibilidade sem censura prévia, mas não significa
aprovação sistemática das ideias, fatos e gestos do sujeito.
● A aprovação, quando tem lugar, é relativa a sentimentos e tem como objetivo
permitir a manifestação de fantasmas e desejos
8) Defesa
- A forma como a pessoa se expressa é muito rotineira e automática e é muito
difícil mudar isso e mudar os mecanismos de defesa porque estão muito internalizados
9) Transferência
● Os fenómenos de transferência desempenham papel importante nas
entrevistas
● Os fenómenos de transferência são observáveis tanto no entrevistado (como no
entrevistador nesta última situação contratransferência)
● A relação que o sujeito estabelece com o outro é função:
o em parte da situação real (entrevista)
o em parte daquilo que cada um é (estrutura da personalidade) e do que
cada um traz da sua história, da sua organização mental e das suas
relações passadas
● Transferência: Corresponde a este tipo de transposição para uma dada relação
(de modalidades relacionais inconscientes e puramente imaginárias, que
dependem de experiências anteriores (infantis, …)
10) Contratransferência
● Serve para reconhecer os efeitos do discurso do sujeito sobre os sentimentos
inconscientes do entrevistador
● Conjunto de reações inconscientes do psicólogo (entrevistador) relativamente
ao seu interlocutor e, particularmente, às manifestações de transferência deste
● A contratransferência contra atitude comporta duas dimensões:
o Uma é constituída por respostas específicas conscientes e inconscientes
do entrevistador em relação à sua problemática pessoal, isto é, aquilo
que o discurso do sujeito (pode lembrar/trazer de volta ao
entrevistador)
o Na outra dimensão, converte se num instrumento de diagnóstico as
relações contra-transferênciais induzidas pelo sujeito no entrevistador
vão ajudar este último a compreender melhor o sujeito entrevistado
● Exemplo: Alguns sujeitos podem desencadear movimentos contra
transferênciais específicos junto do entrevistador
● Importante reter:
o É impensável e inútil imaginar poder dominar, controlar os movimentos
originários do inconsciente
o Estilos de resposta interpessoais, dependentes de características da
personalidade, podem prejudicar o curso da entrevista.
11) Empatia
● Princípio essencial da psicoterapia e da sua eficácia (conceção humanista da
Psicologia)
● A compreensão empática é uma atitude clínica: Trata-se de compreender, de
maneira exata, o mundo interior do sujeito numa espécie de apreensão
intuitiva:
o Intuição do que se passa no outro, sem esquecer que somos nós
próprios”
o Entender, tão exatamente quanto possível, as referências internas e as
componentes emocionais de uma outra pessoa e compreendê-las como
se fôssemos essa outra pessoa”
o Capacidade de compreender o estado mental do outro identificando-se
transitoriamente a esse outro
● Não é simpatia (não se trata de partilhar um sentimento ou uma crença, mas
sobretudo, de “representar os sentimentos, os desejos e as crenças do outro
● Compreender comporta um risco, o medo da mudança → “Se eu compreendo
realmente uma pessoa, eu entro no seu quadro de referência, e é possível que
esta compreensão me faça mudar”
● Duas dimensões na Empatia
o Uma dimensão cognitiva trata-se de tentar apreender o contexto
representacional do sujeito e compreender o seu ponto de vista
o Uma dimensão afetiva necessariamente ligada à primeira, onde se trata
de se representar e experienciar o que o sujeito experimenta, sem
partilhar as suas crenças e os seus sentimentos
● Não é um estado, mas um movimento constante na relação
→ NOTA: É importante redirecionar a pessoa para o seu ponto de vista quando faz
referência à opinião de outras pessoas, pois o centro da avaliação psicológica é a sua
opinião e não a opinião dos outros
12) Identificação
- Para Freud a noção de Empatia está associada à Identificação
o É um processo inconsciente “um sujeito assimila um aspeto, uma
propriedade, um atributo do outro
o Uma atividade consciente de reconhecimento
o Identificação no sentido de reconhecer sentir o que o sujeito pensa
(“sentir intuitivamente a sua sensibilidade”) [Entrevista, história,
trabalho de reconhecimento]
o Estar parcial e temporalmente no lugar do outro
Entrevista - Relatório
● Produção de relatórios de entrevista.
● Dar conta de um modo de funcionamento psíquico a partir do discurso do
sujeito
● Dar sentido e valor ao que é vivido (emergência do subjetivo)
● O relatório não é a difusão simples de um diagnóstico ou prognóstico, mas
possibilidade de apreender transferência e reações de contratransferência
● O relatório não fecha, mas relança a atividade clínica: escuta, interrogações,
associações suscitadas pelo Relatório
● Relatório após a entrevista [de restituição de informação]
→ NOTA: É importante mencionar no relatório aspetos, como por exemplo, que temas
o paciente evitou, teve mais dificuldade de abordar ou se notou algum desconforto ao
nível da linguagem não verbal
Comportamentos do entrevistador
● Princípios gerais e conselhos técnicos
● Técnicas que remetem para comportamentos verbais
● Técnicas que remetem para comportamentos não verbais
● Formatos de entrevista
Carl Rogers:
“Atitude positiva de recetividade, acolhimento e disponibilidade” para que o sujeito se
sinta num “estado de aceitação incondicional”
● O contrário de uma atitude de iniciativa que coloca o sujeito na obrigação de
responder
● O sujeito como um convidado
● Atitude positiva significa “calor, atenção, interesse, afeição e respeito” pelos
aspetos que o sujeito julga bem mostrar
Comportamentos verbais
● Técnica: Confrontação
o É uma descrição, não é uma acusação (pois isso suscitaria uma resposta
defensiva)
o O entrevistador chama a atenção para as discrepâncias/contradições
entre: as palavras e ações do sujeito; a perceção do sujeito e a perceção
do entrevistador; os valores pessoais do sujeito e os valores sociais
o O entrevistador centra-se: na discrepância entre as afirmações do
sujeito e o modo como ele se expressa; confronta o sujeito com a sua
incongruência e encoraja o sujeito a explorar essa
inconsistência/incoerência
▪ Às vezes, o psicólogo simplesmente não percebeu bem o que o
entrevistado lhe tentou transmitir, por isso é que é tão
importante a técnica da confrontação e a posterior clarificação
o Operacionalmente, a confrontação é uma frase composta por 2 partes:
▪ 1ª parte – Técnica do espelho: Repetir a mensagem do sujeito,
de forma exata e precisa
▪ 2ª parte – Apresentar a contradição
→ NOTA: A técnica de confrontação não deve ser utilizada com toda a gente e não
pode ser utilizada logo desde o início da entrevista, para que a pessoa não se feche. Só
depois da relação terapêutica estar estabelecida é que devemos utilizar esta técnica
● Técnica: Exploração
o Algumas áreas requerem uma revisão mais exaustiva do que a
inicialmente apresentada pelo cliente
o O entrevistador estrutura mais pormenorizadamente o questionamento
numa determinada área
o Alguns clientes esperam ser questionados acerca de determinados
tópicos e podem interrogar se porque é que isso não foi/é feito
o O entrevistador não deve ser relutante em explorar áreas consideradas
mais sensíveis
● Técnica: Reformulação/Reframing
o Técnica por vezes denominada de reestruturação cognitiva
o Atitudes, opiniões, crenças ou sentimentos são reformulados de modo a
assegurar uma maior adequação à realidade
o Pode facultar ao entrevistado uma nova perspetiva e contribuir para
eliminar algumas auto verbalizações que são frequentemente irracionais
e mal adaptativas
o Pode sugerir novos comportamentos e diferentes modos de pensar
● Técnica: Humor
o Progressivo reconhecimento que o humor pode desempenhar um papel
nas entrevistas clínicas
o Deve sempre ser usado em benefício do cliente
o Positivamente: Pode reduzir a ansiedade, facilitar o movimento
terapêutico e melhorar o fluxo/ritmo da Entrevista/sessão
psicoterapêutica
o Negativamente: O cliente pode perceber ou sentir que não está a ser
considerado com seriedade
● Postura corporal
o Aberta, natural, relaxada, comunicando interesse
o Corpo ligeiramente inclinado para a frente, na direção do sujeito
o Movimentos de aceno com a cabeça
o Expressões faciais apropriadas em relação ao que está a ser discutido
▪ Ausência de expressão facial pode sugerir falta de interesse
▪ Expressão facial animada, a sua manifestação mais visível é o
sorriso
▪ O uso apropriado dos sorrisos pode ter um efeito poderoso
sobre os sujeitos, particularmente quando é acompanhado com
sinais de assentimento/ aceno feitos com a cabeça
▪ O uso contínuo do sorriso torna se, virtualmente, num estímulo
negativo
o Evitar estar sentado de uma maneira excessivamente rígida (p. ex.,
muito ereta), que não é uma postura natural
▪ O sujeito tem dificuldade em ficar relaxado
o Estar excessivamente relaxado (p. ex., sentado com os pés na cadeira)
▪ O sujeito pode sentir se incomodado e hesitar discutir as suas
dificuldades com o entrevistador
● Silêncios
o Não têm sempre o mesmo valor/significado
o Não traduzem necessariamente uma recusa de comunicação não raras
vezes vividos como inquietantes, os silêncios longe de extinguirem a
comunicação tornam-na mais intensa e fortemente emocional
o Podem constituir uma forma e uma técnica de comunicação (positiva ou
negativa)
o Vários tipos de silêncios, com diferentes significados, traduções e
consequências
▪ Necessidade de tempo:
● Para pensar, para examinar melhor alguma coisa que está
para dizer, para decidir como continuar alguma coisa que
é difícil de discutir
● Para si próprio, para absorver /compreender o que se
está a passar, as implicações do que está a ser dito
● O entrevistador não deve pensar pelo sujeito; não tem de
preencher todos os silêncios, a menos que se esteja num
impasse
● Necessário “dar tempo” ao sujeito para ele “trabalhar o
problema”, “comunicar”, “trazer as coisas para fora”
▪ Resistência [intervenção de mecanismos de defesa]:
● Desejo de evitar, ignorar, denegar questões pessoais
● Desejo de se proteger do outro (entrevistador)
▪ Percebido como uma situação/condição ameaçadora e
intimidante:
● Pode conduzir a que o entrevistador e/ou o entrevistado
sintam necessidade de falar, de preencher os espaços ou
intervalos de silêncio
▪ Pode veicular mensagens subtis do tipo:
● “Eu quero ir um pouco mais devagar”
● “Quero que pense acerca daquilo que acabou de dizer”;
“não aceito aquilo que disse”
● “Preciso de confiar em si”; “estou próximo de falar de um
problema que me perturba”
▪ Pausas ou silêncios prolongados: Dificuldade em falar sobre um
determinado assunto
● Significado negativo quando superiores a 10 15 segundos
● Possibilidade de incapacidade do sujeito clarificar o seu
problema; neste caso o entrevistador é responsável pela
continuidade da comunicação verbal
▪ Sentimentos de vergonha e dificuldade em relacionar se com o
técnico, medo de ser descoberto, adivinhado
Exercício Prático
→ Exemplo da técnica de confrontação (o psicoterapeuta está a confrontar a realidade
atual da paciente com outra realidade)
→ Na pergunta “Parece-lhe muito?” podemos considerar que estamos perante a
técnica de reformulação (tentar trazer a pessoa para a realidade)
Frequência:
- Escolha múltipla e/ou verdadeiro e falso (40%)
- Resposta curta (30%)
- Resposta médio desenvolvimento (30%)
- O teste começa às 9h30m
- Duração: 1h - 1h20m no máximo – Sala 7.02