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Avaliação Psicológica:

Definição e Etapas

Prof. Ana Britto

2020
O que é diagnóstico?
Pensando :
 Queixa
 Sintomas
 Doença
Avaliação Psicológica /
Psicodiagnóstico
Definição segundo Hutz et al. (2016):
 Compreendemos que o psicodiagnóstico é um procedimento científico de
investigação e intervenção clínica, limitado no tempo, que emprega técnicas
e/ou testes como propósito de avaliar uma ou mais características
psicológicas, visando um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou
dinâmico), construído a luz de uma orientação teórica que subsidia a
compreensão da situação avaliada, gerando uma ou mais indicações
terapêuticas e encaminhamento.
Como assim?
 Em uma avaliação psicológica o psicólogo pode, mas NÃO é obrigado a
dar um diagnóstico psiquiátrico.
Diagnóstico Prognóstico
Psicodiagnóstico e Avaliação
Psicológica
 Modelo médico;
 Análise do discurso;
 Temporal;
 Fenômeno;
Primeiro passo ....
 Quem é o cliente / paciente?
 De onde veio?
 Para que veio?
 Quem encaminhou?
 Qual o propósito da Avaliação x Diagnóstico?
A avaliação já é uma
intervenção?
Avaliação Psicológica /
Psicodiagnóstico
 Assim o psicodiagnóstico pressupõe a adoção de um ponto de vista
científico sobre o fenômeno avaliado. Em psicologia, acreditamos que
esse caráter científico é adquirido por meio de métodos e técnicas de
intervenção, com base em teorias psicológicas.

 Importante ressaltar que o psicólogo tem autonomia na escolha dos


instrumentos e técnicas utilizadas para a realização da avaliação
psicológica, desde que amparada na ciência psicológica.
Avaliação Psicológica /
Psicodiagnóstico
 Com relação a avaliação psicológica não podemos esquecer:
 Uma avaliação nunca explica o homem em sua totalidade. Um
psicodiagnóstico tentará explicar apenas alguns aspectos do
funcionamento psíquico daquele que está sendo avaliado.
 Os resultados dizem respeito ao período que o indivíduo foi submetido
a uma avaliação. Dessa forma, uma avaliação tem validade. Devido as
vivências e o processo de desenvolvimento constante que todas as
pessoas atravessam, uma mesma avaliação realizada em épocas distintas
podem apresentar resultados diferentes.
Etapas de Elaboração do
Psicodiagnóstico
 Devido a existência de várias abordagens teóricas e áreas de
atuação do psicólogo, não existe apenas uma única forma de se
realizar uma avaliação psicológica.

 No entanto alguns elementos desse processo são constantes,


independente da atuação do psicólogo.

 Apresentaremos a seguir o modelo mais usado na clínica


psicológica.
Primeiro contato e entrevista inicial
com o paciente
 Primeiro contato: telefonema, whatsapp, e-mail etc.

 Entrevista inicial: livre, dirigida ou semi-dirigida?

 Motivo da consulta: manifesto e latente.

 Perceber a primeira impressão que nos desperta o paciente e ver


se ela se mantém ao longo de toda a entrevista ou se muda, e em
que sentido.
 Considerar o que é verbalizado e não verbalizado.
Material
• Dalgalarrondo
• Cunha
• Ocampo
Bleger (psico-higiene)
A entrevista é uma técnica de investigação cientifica em
psicologia, identificando ou fazendo coexistir no
psicólogo as funções de investigador e
de profissional, interagindo entre a ciência e as
necessidades práticas, aplicando conhecimento
científicos possibilitando um processo ininterrupto de
interação. ”

“Ainda tem em seus múltiplos usos uma grande


variedade de objetivos, com o qual se busca objetivos
psicológicos, investigando, diagnosticando e
promovendo terapia, etc.”
• A entrevista psicológica deriva sua denominação
exclusivamente de seus objetivos ou finalidades,
incluindo dois aspectos: regras ou indicações
práticas de sua execução, o outro é a psicologia
da entrevista psicológica, instrumento
fundamental de trabalho. ”
• Pode diferenciar as entrevistas segundo seus beneficiários
do resultado, distinguindo em: entrevista que se realiza
em benefício do entrevistado, consulta psicológica;
entrevista com objetivo de pesquisa, importando os
resultados científicos e entrevista que se realiza com
resultados científicos. ”

• Tanto o método clínico como a técnica da entrevista


procede do campo da medicina e, consulta não é sinônimo
de entrevista e a entrevista não é uma anamnese, pois
essa se preocupa e tem como finalidade residindo na
compilação de dados. Toda a contribuição é considerada
como uma perturbação da anamnese”.
Psicodiagnóstico
• Classificar pessoas (CID 10 / 11) (DSM V);
• Despir as pessoas;
• Liberdade X Dignidade;
• DISCRIMINAÇÃO = OS TESTES
DESUMANIZAM?
“que as tentativas de classificação, sejam de
acordo com os traços de personalidade ou
dimensões do comportamento, são
procedimentos desumanizantes, que despem as
pessoas de sua liberdade e dignidade” (WEINER,
1983, p.450)

• Temor em classificar pessoas;


• Classificações errôneas ou discriminatórias;
“O psicodiagnóstico é uma tarefa do psicólogo
clínico e a única que lhe é privativa. É, pois, de
fundamental importância que consiga exercê-la
bem.”

Na primeira metade do século XX predominaram os


conceitos psicanalíticos, enquanto na segunda
metade predominaram os conceitos da revolução
cognitiva. (Mahoney, 1993).... Depois
neurociência.
Qual é o nosso objeto de
estudo?
• Pacientes diferentes;
• Demandas diferentes;
• Situações diferentes;
• Encaminhamentos pontuais?
Entrevista X Anamnese
Rapport
• Estratégias de auto-relato;
• Interpretação;
• “EU”;
• Objetivo X Subjetivo;
• Avaliação psicológica X Psicodiagnóstico
(psicopatologias);
• Avaliar a pessoa de maneira sistemática;
• Avaliação é um processo??????
• Inicio: neuróticos e psicóticos.
Psicodiagnóstico
• Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo,
que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível
individual ou não, seja para entender problemas à luz de
pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos,
seja para classificar o caso e prever seu curso possível,
comunicando os resultados (output), na base dos quais são
propostas soluções, se for o caso.
• Caracterizamos o psicodiagnóstico como um processo
científico, porque deve partir de um levantamento prévio de
hipóteses que serão confirmadas ou infirmadas através de
passos predeterminados e com objetivos precisos. Tal processo
é limitado no tempo, baseado num contrato de trabalho entre
paciente ou responsável e o psicólogo, tão logo os dados
iniciais permitam estabelecer um plano de avaliação e, portanto,
uma estimativa do tempo necessário (número aproximado de
sessões de exame).
• O plano de avaliação é estabelecido com base
nas perguntas ou hipóteses iniciais, definindo-se
não só quais os instrumentos necessários, mas
como e quando utilizá-los. Pressupõe-se,
naturalmente, que o psicólogo saiba que
instrumentos são eficazes quanto a requisitos
metodológicos. Portanto, a questão, aqui, é o
quanto certos instrumentos podem ser eficientes,
se aplicados com um propósito específico, para
fornecer respostas a determinadas perguntas ou
testar certas hipóteses.
• Selecionada e administrada uma bateria de
testes, obtêm-se dados que devem ser
interrelacionados com as informações da história
clínica, da história pessoal ou com outras, a partir
do elenco das hipóteses iniciais, para permitir
uma seleção e uma integração, norteada pelos
objetivos do psicodiagnóstico, que determinam o
nível de inferências que deve ser alcançado. Tais
resultados são comunicados a quem de direito,
podendo oferecer subsídios para decisões ou
recomendações.
Comportamentos específicos
Os comportamentos específicos do psicólogo podem ser assim
relacionados, embora possam variar na sua especificidade e na
sua seriação, conforme os objetivos do psicodiagnóstico:
a) determinar motivos do encaminhamento, queixas e outros
problemas iniciais;
b) levantar dados de natureza psicológica, social, médica,
profissional e/ou escolar, etc. sobre o sujeito e pessoas
significativas, solicitando eventualmente informações de fontes
complementares;
c) colher dados sobre a história clínica e história pessoal, procurando
reconhecer denominadores comuns com a situação atual, do ponto
de vista psicopatológico e dinâmico;
d) realizar o exame do estado mental do paciente (exame subjetivo),
eventualmente complementado por outras fontes (exame objetivo);
e) levantar hipóteses iniciais e definir os objetivos do exame;
f) estabelecer um plano de avaliação;
g) estabelecer um contrato de trabalho com o sujeito ou
responsável; h) administrar testes e outros instrumentos
psicológicos;
i) levantar dados quantitativos e qualitativos;
j) selecionar, organizar e integrar todos os dados significativos
para os objetivos do exame, conforme o nível de inferência
previsto, com os dados da história e características das
circunstâncias atuais de vida do examinando;
l) comunicar resultados (entrevista devolutiva, relatório, laudo,
parecer e outros informes), propondo soluções, se for o caso,
em benefício do examinando;
m) encerrar o processo
Passos do diagnóstico (modelo
psicológico de natureza clínica)
De forma bastante resumida, os passos do diagnóstico, utilizando
um modelo psicológico de natureza clínica, são os seguintes:
a)levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da
consulta e definição das hipóteses iniciais e dos objetivos do
exame;
b)planejamento, seleção e utilização de instrumentos de exame
psicológico;
c)levantamento quantitativo e qualitativo dos dados;
d)integração de dados e informações e formulação de inferências
pela integração dos dados, tendo como pontos de referência as
hipóteses iniciais e os objetivos do exame;
e)comunicação de resultados, orientação sobre o caso e
encerramento do processo.
Atividade!
• Entrevista
• Anamnese
Etapas de Elaboração do
Psicodiagnóstico
 Demanda
“Um psicodiagnóstico tem mais chance de ser bem sucedido quando
há uma boa pergunta a ser respondida” (HUTZ et al., 2016).

 Enquadramento
São variáveis que se manterão constantes, pois elas intervêm no
processo:
 Esclarecimento dos papéis respectivos
 Lugares onde se realização as entrevistas/atendimentos
 Horário duração do processo
 Honorários
Primeiro contato e entrevista inicial
com o paciente
 Anamnese (história da queixa e do paciente).

 Estabelecer o grau de coerência ou discrepância entre tudo o


que foi verbalizado e tudo o que captamos através de sua
linguagem não-verbal.
 Estabelecer um bom rapport (vínculo com o paciente).
 Captar o que paciente nos transfere e o que isto nos provoca.
 Leitura de relatórios de outros profissionais (escola, justiça).
 Planejar a bateria de testes mais adequada.
Primeiro contato e entrevista inicial
com o paciente
 Com os pais:

 Detectar os vínculos (que os une, que estabelecem com o filho


e este com eles, com o psicólogo e qual vínculo que o casal
pretende que o psicólogo estabeleça com o filho).
 Avaliar a capacidade dos pais de elaboração da situação
diagnóstica atual e potencial.
Aplicação dos testes
 Evite prolongar excessivamente o processo ou encurtá-lo demais.

 Com relação ao planejamento da bateria de testes é necessário


pensar em ferramentas que captem o maior número possível de
condutas (verbais, gráficas e lúdicas).
 Isso possibilita a comparação de um mesmo tipo de conduta,
provocada por diferentes estímulos ou instrumentos e diferentes
tipos de conduta entre si.
Aplicação dos testes

 Discriminar a sequência em que serão aplicados os testes


escolhidos.
 O teste que mobiliza uma conduta que corresponde ao sintoma
nunca deve ser aplicado primeiro (Ex: um teste verbal a um
gago).
 Testes gráficos (desenhos) são os mais adequados para começar
um exame psicológico.
Aplicação dos testes
Tipos de testes:
 Psicométricos
 Avaliações cujo os resultados são objetivos e padronizados;
 Normas Quantitativas (o resultado é numérico);
 Fundamentam-se no procedimento estatístico.
 Funcionando como uma medida de desempenho, o valor da
testagem é comparado com padrões de resultados de uma
amostra representativa.
 Ex: R-1, Columbia, BFP e QUATI.
Aplicação dos testes
Tipos de testes:
 Projetivos
 São testes que, devido sua ambiguidade, obriga o avaliando a
projetar aspectos de sua própria personalidade na tentativa de
organizar os estímulos para responder o que é solicitado;
 Normas Qualitativas de resultado descritivo;
 A constância de certas características aponta para um
diagnóstico;
 Os itens devem ser tratados conjuntamente;
 Ex: HTP, TAT e CAT.
Características dos Testes
Modo de Aplicação
Individuais Coletivos Autoaplicação
• Só podem ser aplicados • Podem ser aplicados em • Possuem tempo
em uma única pessoa por grupos de pessoas. indeterminado para a
vez. aplicação.
• Costumam ter instruções
• Geralmente requer a mais simples. • Tem regras claras e
observação constante do objetivas.
examinador durante o • Não requer atenção focal
processo de testagem. do examinador ao • Podem ser utilizados
processo de testagem. individual ou
coletivamente.
• Costumam ter instruções
• Resultam em economia
mais complexas.
de tempo e são muito • Ex.: Escalas Beck, AIP,
utilizados em contexto BFP, QUATI...
• Ex.: WISC, HTP, R-2, escolar e de seleção de
Figuras Complexas de pessoal.
Rey...
Características dos Testes
Modo de Expressão
(alguns testes podem ter mais de uma fase, mesclando o modo de expressão utilizados)
Verbal Execução Escolha
• São testes que demandam • Testes que demandam a • São testes, normalmente
resposta verbal por parte execução de uma tarefa em formato de
do examinando. por parte do questionário ou
examinando, geralmente conjuntos de afirmações,
• O examinador fará gráfica ou manual. em que o examinando
apenas as instruções e o deverá escolher uma ou
registro do que é falado. • Ex.: Subteste Cubos do mais alternativas de
WISC, Bender, Fase do acordo com o que lhe é
Desenho do HTP, solicitado.
• Ex.: Fase de inquérito do
Palográfico...
HTP, Subteste Dígitos do • Ex.: Escalas Beck, Lipp,
WISC, Rorschach, TAT... QUATI, BFP...
Encerramento do processo:
devolutiva oral
 Segundo Ocampo et al. (2011, p. 384): “Entendemos por
devolução de informação a comunicação verbal discriminada e
dosificada que o psicólogo faz ao paciente, a seus pais e ao grupo
familiar, dos resultados obtidos no psicodiagnóstico. A
transmissão desta informação é, pois, objeto básico dela, que se
concretiza numa entrevista final, posterior à aplicação do último
teste”.
Encerramento do processo:
devolutiva oral
Sua importância para o processo de avaliação:
 Fechamento da comunicação realizada.

 Reintegração psíquica do paciente.

 Prova de realidade.

 Dar uma resposta ao seu problema, faz com que o paciente seja
mais colaborativo no processo terapêutico.
Encerramento do processo:
devolutiva oral
 Possibilidade dos pais de reintegrar uma imagem do filho, deles e
do grupo familiar, corrigida, atualizada e ampliada ou
restringida.
 Perceber se haverá cooperação dos responsáveis no
prosseguimento do tratamento.
 Garantir a saúde mental do psicólogo.
Encerramento do processo:
devolutiva oral
Cuidados a serem levados em conta:
 A linguagem da devolutiva deve ser clara e respeitar a idade de
quem a recebe, e cuidadosa quanto ao uso que será feito pelos
solicitantes - médico, escola, pais, empresa etc.
 Com relação as informações, devemos respeitar o limite do
paciente e/ou dos pais do que eles dão conta de suportar no
momento.
 Começar a devolução pelos aspectos adaptativos do paciente e
continuamos com os menos adaptativos.
Encerramento do processo:
devolutiva oral
 A dinâmica encontrada na entrevista devolutiva dá ao psicólogo
novas informações que irão contribuir no psicodiagnóstico.
 Além de informar o paciente acerca do que pensamos que se
passa com ele, a devolutiva possibilita orientá-lo com relação à
atitude mais recomendável a ser tomada em seu caso.
 Informe escrito para quem solicitou o psicodiagnóstico. A forma
e o conteúdo do documento dependem de quem o solicitou e do
que pediu que fosse investigado mais especificamente.
Exemplo:
Habilidades Mínimas do Candidato à CNH e do
Condutor de Veículos Automotores
• Os candidatos à Carteira Nacional de Habilitação e condutores
de veículos automotores deverão ser avaliados:

• I – quanto aos aspectos cognitivos:


• a) atenção concentrada;
• b) atenção dividida;
• c) atenção alternada;
• d) memória visual;
• e) inteligência.
Exemplo:
Habilidades Mínimas do Candidato à CNH e do
Condutor de Veículos Automotores
• II – quanto ao juízo crítico/comportamento:
• a) Deverá ser avaliado por meio de entrevista e criação de
situações hipotéticas que versem sobre reações/decisões
adequadas às situações no trânsito, tempo de reação, assim como
a capacidade para perceber quando as ações no trânsito
correspondem ou não a decisões ou comportamentos adequados,
sejam eles individuais ou na relação com o outro.
• Ainda, o psicólogo deverá obter informações a respeito do
histórico do candidato com relação a acidentes de trânsito e
opiniões sobre cidadania e mobilidade humana e urbana.
Exemplo:
Habilidades Mínimas do Candidato à CNH e do
Condutor de Veículos Automotores
• III – quanto aos traços de personalidade:
• a) impulsividade adequada, não podendo estar exacerbada ou
muito diminuída;
• b) agressividade adequada, não podendo estar exacerbada ou muito
diminuída;
• c) ansiedade adequada, não podendo estar exacerbada ou muito
diminuída.
Referências

ARAÚJO, M. F. Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica.


Psicologia:Teoria e Prática, v. 9, n. 2, p. 126-141, 2007.

HUTZ, C. S. et al. Psicodiagnóstico. Rio Grande do Sul: Artmed, 2016.

OCAMPO, M. L. S. et al. O processo psicodiagnóstico e as técnicas


projetivas. São Paulo: Martins Fontes

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