Você está na página 1de 29

PUC Minas

Curso de Graduação em Psicologia


Disciplina: Psicodiagnóstico

Introdução ao Processo
Psicodiagnóstico

Eduardo de Paula Lima


2015
Roteiro de apresentação

 Definição de Avaliação Psicológica


 Definição de Psicodiagnóstico
 Influências teóricas sobre a construção da
identidade do psicólogo
 Objetivos do psicodiagnóstico
 Psicodiagnóstico: com ou sem testes?
Definição e objetivo
Avaliação Psicológica é uma subárea de atuação
exclusiva do Psicólogo que visa auxiliar a tomada de
decisão em diferentes contextos com o objetivo de
promover a dignidade e a liberdade dos indivíduos

(Diniz, Almeida & Pais, 2007)


Tipos de processos de Avaliação Psicológica
 Psicodiagnóstico

 Psicologia do Trânsito

 Seleção profissional e pedagógica

 Pesquisas

 Identificação de demandas específicas


Técnicas de Avaliação Psicológica

 Observação comportamental
 Anamneses e entrevistas psicodiagnósticas
 Testes de desempenho e de habilidades
 Testes, questionários e inventários de
Personalidade e de atributos
 Testes projetivos
 Dinâmicas de grupo e testes situacionais
 Avaliação Neuropsicológica
Psicodiagnóstico

Procedimento científico que utiliza teste psicológicos e outros


métodos avaliativos do funcionamento mental

 Circunscrito no tempo e espaço


 Procura produzir um parecer sobre um indivíduo em sua totalidade
 Procura promover maior integração do indivíduo avaliado com seu
contexto
 Procura auxiliar procedimentos terapêuticos

(Conselho Federal de Psicologia)


Psicodiagnóstico
 É uma situação bi-pessoal, de duração limitada cujo
objetivo é conseguir uma descrição e compreensão
do funcionamento total do paciente ou do grupo
familiar
 Abrange aspectos do passado, presente
(diagnóstico) e futuro (prognóstico) utilizando
técnicas para alcançar seus objetivos

(OCampo, 2000)
Influências sobre o psicodiagnóstico

a) Influência do modelo médico

b) Influência do modelo psicanalítico

c) Influência da psicometria

d) Influência da pesquisa biológica


Influências sobre o psicodiagnóstico

a) Influência do modelo médico


 Tradicionalmente tarefa do psicólogo era cumprir
uma solicitação - aplicação de um teste

 Encaminhamento:
“fazer um Rorschach” ou “aplicar um teste HTP”

 (-) Maior distância possível em relação a seu


paciente a fim de estabelecer um vinculo afetivo que
não impedisse de trabalhar com eficiência e
objetividade
 Finalizada a aplicação do último teste, o psicólogo
despedia-se do paciente e enviava ao remetente um
informe

 Possível interpretação desse comportamento: sinal


de insegurança, fruto da frágil identidade profissional

≈ aplicar testes e não trabalhava para compreender


o funcionamento do sujeito como um todo
Influências sobre o psicodiagnóstico
b) Influência do modelo psicanalítico

 Idéias de Freud: elo entre a tradição neurofisiológica e a


corrente de conteúdo dinâmico

 Popularidade das técnicas projetivas


a) os dados gerados eram compatíveis com os princípios básicos
da teoria psicanalítica - valorizado o entendimento dinâmico

b) os testes objetivos valorizados na época anterior, na área


militar e da indústria, já não pareciam tão úteis na avaliação de
problemas da vida (neurose e psicose)
Influências sobre o psicodiagnóstico

b) Influência do modelo psicanalítico

 Contribuição: enriquecimento da compreensão


dinâmica do caso

 Aproximação autêntica com o paciente e, para


colocá-lo em prática, abandonaram o modelo
médico enfrentando a sobrecarga afetiva e os
afetos na relação com o paciente sem estarem
preparados para isso
b) Influência do modelo psicanalítico

Não considerou as características específicas desse processo


que precisava se respaldar num corpo de conhecimento e
metodologia próprios

 Os instrumentos foram desvalorizados apesar do psicólogo


estar preparado para utilizá-los

 Atitude frente ao paciente estava condicionada ao modelo


psicanalítico: o psicólogo permitia que o paciente
desenvolvesse um tipo de conduta espontânea
b) Influência do modelo psicanalítico

(-) da transferência da dinâmica do processo psicanalítico para


o processo de psicodiagnóstico

 técnicas projetivas começaram a apresentar problemas


metodológicos diante do incremento de pesquisas em
instrumentos objetivos por aqueles que propunham orientação
comportamental e biológica: ênfase na interpretação intuitiva
Influências sobre o psicodiagnóstico
 Identidade de terapeuta se confundiu com a do
psicólogo no psicodiagnóstico

Aceitar silêncios prolongados, não falar sobre temas


fundamentais ou insistir em um mesmo tema é funcionar
com a identidade do terapeuta e romper com o
enquadramento do psicodiagnóstico
Influências sobre o psicodiagnóstico
c) Influência da psicometria

 Final década de 1890: Trabalhos de Galton e


Cattell (testes psicológicos) sobre diferenças
individuais

 Binet que propôs a utilização do exame psicológico


por meio de medidas intelectuais como coadjuvante
da avaliação pedagógica

(+) Garantia de cientificidade ao processo


Influências sobre o psicodiagnóstico
c) Influência da psicometria

 O psicometrista tende a valorizar os aspectos técnicos da


testagem

 Utiliza testes para obter dados e o produto final é uma série


de traços ou descrições de capacidades
Não há uma interação das informações com contexto total da
pessoa
Influências sobre o psicodiagnóstico
d) Influência da Biologia

 Tendência a buscar a base biológica dos fenômenos foi seguida


pela verificação de correlacionar síndromes mentais com achados
de autopsia, principalmente, alterações do SNC

 Consequentemente, os doentes mentais não eram mais


considerados “lunáticos” e se tornaram “nervosos”

 (+) diagnóstico diferencial e as classificações nosológicas


ganharam ênfase
Construção da Identidade

 Maturidade do psicólogo: percebeu que utilizava


uma “pseudo” identidade que distorcia sua
identidade real

 Questionando sua postura, ele conseguiu maior


autonomia de pensamento e prática com a qual se
distingue e fortalece sua própria identidade
Concepção de psicodiagnóstico

Processo científico, limitado no tempo, que utiliza


técnicas e testes psicológicos, em nível individual ou
não, seja para entender problemas à luz de
pressupostos teórico, identificar e avaliar aspectos
específicos, seja para classificar o caso e prever seu
curso possível, comunicando resultados e fazendo
recomendações

(Cunha, 2001)
 Processo científico
Parte do levantamento prévio de hipóteses que
serão confirmadas ou infirmadas através de passos
predeterminados e com objetivos precisos

 Limitado no tempo
Baseado em um contrato de trabalho entre paciente
ou responsável e o psicólogo e em uma estimativa
do tempo necessário (número de sessões do exame)

 Plano de avaliação
Estabelecido com base em perguntas ou hipóteses
iniciais em que se define os instrumentos e como e
quando utilizá-los
Objetivos de uma avaliação psicológica clínica
Pode ter um ou vários objetivos dependendo dos motivos alegados ou
reais do encaminhamento que irão dar subsídios para as hipóteses
formuladas

1- Classificação Simples:

 Avaliação que compara o funcionamento mental de um indivíduo com


base nas normas de um teste

 Exemplo: avaliação do nível intelectual

 Proximidade com a tarefa do psicometrista


Objetivos de uma avaliação psicológica clínica

2- Descrição clínica:

 Interpretação dos significados dos resultados da


avaliação em termos de déficits psicológicos

 Identificação de forças e fraquezas para descrição


do desempenho do paciente

 Exemplo: avaliação neuropsicológica


3-Classificação nosológica

 Testagem de hipóteses diagnósticas com base em


critérios de classificação psicopatológica para verificar
presença de sintomas

 Utilizada nos casos em que o paciente não é testável

 Facilitar a comunicação entre profissionais

 Exemplo: Exame do estado mental é um recurso


diagnóstico que envolve a exploração da presença de
sinais e sintomas
4-Diagnóstico diferencial

 Investigação das inconsistências de um diagnóstico,


de seu funcionamento e da etiologia da patologia

 Conhecimentos avançados em Psicopatologia


5 - Avaliação compreensiva

 Avaliação que considera o caso em uma perspectiva mais


global determinando o nível de funcionamento da personalidade,
funções do ego, mecanismos de defesa, habilidade adaptativa

 Objetivo: fazer encaminhamentos psicoterapêuticos ou laborais,


como pessoas a serem encaminhadas a locais ermos

 Não deve chegar necessariamente a uma classificação


nosológica embora esta possa ocorrer subsidiariamente
6-Entendimento dinâmico: além do foco na personalidade,
há uma integração dos dados coletados com uma base
teórica. Permite se explicar aspectos não-acessíveis
diretamente por meio de inferências

7-Prevenção/Previsão: identificação precoce de problemas,


avaliação de risco, levantamento de capacidade de
enfrentamento.
Exemplo: Como uma avaliação no DETRAN
8-Prognóstico
 Determinar o curso de caso
 Área que ainda exige muitas pesquisas

9-Perícia Forense
 Verificar se o indivíduo pode ser responsabilizado
pelos próprios atos
 Fornece subsídios para “insanidade” e
ininputabulidade penal
Psicodiagnóstico: com ou sem testes?
 É possível realizar um psicodagnóstico sem o uso dos testes
padronizados

 Contribuições:
a) Obtenção de evidencias mais objetivas e precisas que podem
b) Oferece parâmetros para uma avaliação dos resultados
terapêuticos mais tarde (reteste)
c) Permite responder de forma clara, precisa e objetiva as
questões que lhe são colocadas

Você também pode gostar