Você está na página 1de 5

AULA 2

DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA


PROF MARCOS REINALDO

FUNDAMENTOS DO PSICODIAGNÓSTICO
Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica com propósitos clínicos, focada em
identificar forças e fraquezas no funcionamento psicológico, sem necessariamente visar a
classificação psiquiátrica.
Derivado da psicologia clínica, introduzida por Witmer em 1896, o psicodiagnóstico
se baseia em modelos de identificação médica e acadêmica, influenciando a formação do
psicólogo clínico.
Entre o final do século XIX e início do século XX, autores como Galton, Cattell e Binet
contribuíram para o desenvolvimento do psicodiagnóstico, sendo atribuída a esses a
paternidade do mesmo.
A psicometria, essencial no aprimoramento dos instrumentos do psicólogo, distingue-
se do psicodiagnóstico por focar mais nos aspectos técnicos da testagem, enquanto este utiliza
testes e estratégias para avaliar de forma sistemática e científica. Nos séculos passados, a
evolução da biologia influenciou a medicina a buscar causas orgânicas para doenças mentais,
gerando uma divisão entre transtornos psiquiátricos "orgânicos" e "funcionais".
Autores como Kraepelin e Freud contribuíram para classificações nosológicas e
diagnóstico diferencial. O uso de técnicas projetivas, como o teste de Rorschach, no
diagnóstico ganhou popularidade, mas gradualmente declinou devido a problemas
metodológicos e busca por métodos mais objetivos. Atualmente, há ênfase em instrumentos
objetivos e entrevistas diagnósticas estruturadas, além do desenvolvimento de avaliações
computadorizadas de personalidade.
A importância do psicodiagnóstico também está ligada ao refinamento dos
instrumentos, à compreensão das necessidades do usuário e ao desenvolvimento de estratégias
de marketing para sua promoção. O psicólogo clínico geralmente atua em instituições de
saúde mental, contextos legais, educacionais ou clínicas psicológicas, recebendo
encaminhamento de médicos, da comunidade escolar, de juízes, advogados ou por indicação
de familiares ou amigos.
A solicitação de um psicodiagnóstico visa oferecer subsídios para basear decisões e
resolver problemas, embora a pessoa geralmente não saiba exatamente que questões levantar
devido a motivos de sigilo profissional. Os psicólogos muitas vezes aceitam
encaminhamentos sem questionar, realizando psicodiagnósticos irrelevantes.
É importante manter comunicação com diferentes contextos profissionais, entendendo
os problemas enfrentados. O psicólogo deve esclarecer o que se espera dele em cada caso,
adaptando seus dados às necessidades do encaminhamento para garantir que seus resultados
sejam valorizados e o psicodiagnóstico seja reconhecido adequadamente.

CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO

Definição
O psicodiagnóstico é um processo científico que utiliza técnicas e testes psicológicos
para compreender problemas, identificar aspectos específicos, classificar casos e prever seu
curso possível. É um processo limitado no tempo, estabelecido através de um contrato de
trabalho entre paciente e psicólogo, com um plano de avaliação definido com base em
hipóteses iniciais.
Os instrumentos utilizados devem ser eficazes e aplicados com um propósito
específico para fornecer respostas e testar hipóteses. Os dados obtidos são interrelacionados
com informações relevantes e os resultados comunicados para oferecer subsídios para
decisões ou recomendações. O psicodiagnóstico é orientado pelos objetivos estabelecidos,
determinando o nível de inferências a ser alcançado.

Objetivos
O psicodiagnóstico pode ter diversos objetivos, dependendo dos motivos de
encaminhamento e consulta, que guiam as hipóteses formuladas e definem o escopo da
avaliação.
Os objetivos podem variar de acordo com a complexidade das questões propostas,
sendo os mais simples relacionados a avaliações quantitativas, como a avaliação do nível
intelectual. Por outro lado, objetivos mais complexos envolvem a análise de diferenças inter e
intratestes, identificação de forças e fraquezas no funcionamento intelectual, descrição de
erros e desvios, ou a identificação de déficits cognitivos.
Além disso, o psicodiagnóstico pode incluir a avaliação do estado mental do paciente,
sem a administração de testes, um recurso comum em clínicas psiquiátricas para a
classificação nosológica.
O diagnóstico diferencial também é um objetivo importante do psicodiagnóstico,
envolvendo a investigação de irregularidades e inconsistências para diferenciar categorias
nosológicas e níveis de funcionamento.
Outro objetivo é a avaliação compreensiva, que considera o caso de forma global,
determinando o nível de funcionamento da personalidade e examinando funções do ego para
indicação terapêutica.
Já o objetivo de entendimento dinâmico foca na compreensão psicodinâmica do
sujeito, investigando conflitos e fatores históricos de desenvolvimento.
O psicodiagnóstico também pode ter como objetivo a prevenção, identificando
precocemente problemas, avaliando riscos e estimando forças e fraquezas do ego.
Outros objetivos incluem o prognóstico, que depende da classificação nosológica, e a
perícia forense, que visa resolver questões relacionadas à capacidade para exercer funções de
cidadão, insanidade ou comprometimentos psicopatológicos associados a infrações da lei.
Em resumo, o psicodiagnóstico pode ter diferentes objetivos, que vão desde avaliações
quantitativas simples até avaliações mais complexas envolvendo características psicológicas
mais profundas.
Cada objetivo possui sua importância e contribuição específica para a compreensão e
tratamento do paciente, sendo essencial para fornecer subsídios para decisões cruciais em
diversas áreas, como a clínica, a terapêutica e a legal.
Responsabilidade
O diagnóstico psicológico pode ser feito pelo psicólogo, psiquiatra, neurologista ou
psicanalista, com diferentes objetivos, utilizando modelos específicos, como o médico para
examinar funções e identificar patologias, ou o psicológico (psicodiagnóstico), com técnicas
exclusivas do psicólogo clínico.
Também pode ser feito por uma equipe multiprofissional, integrando diferentes
modelos para uma avaliação mais complexa e inclusiva.
O encaminhamento dos casos para diagnóstico costuma seguir critérios não explícitos,
influenciados por raízes históricas.
O psicodiagnóstico surgiu com a psicanálise, mudando a abordagem do estudo de
transtornos mentais. Antes, o foco era médico, com pacientes graves e hospitalizados. Com
Freud, a abordagem mudou para uma compreensão mais dinâmica dos sintomas. Atualmente,
os encaminhamentos consideram a complexidade do caso, não apenas a gravidade, buscando
um diagnóstico adequado.
A definição dos casos que requerem diagnóstico do psicólogo dependerá da qualidade
de seu desempenho e da adequação às necessidades do mercado. Em resumo, o diagnóstico
psicológico pode ser realizado por diferentes profissionais e equipes, com enfoques variados,
dependendo da complexidade do caso e das necessidades do paciente.
OPERACIONALIZAÇÃO
Em termos de operacionalização, devem ser considerados os comportamentos específicos do
psicólogo e os passos para a realização do diagnóstico com um modelo psicológico de
natureza clínica.

Comportamentos específicos
Os comportamentos específicos do psicólogo podem ser assim relacionados, embora
possam variar na sua especificidade e na sua seriação, conforme os objetivos do
psicodiagnóstico:
a) determinar motivos do encaminhamento, queixas e outros problemas iniciais;
b) levantar dados de natureza psicológica, social, médica, profissional e/ou escolar, etc. sobre
o sujeito e pessoas significativas, solicitando eventualmente informações de fontes
complementares;
c) colher dados sobre a história clínica e história pessoal, procurando reconhecer
denominadores comuns com a situação atual, do ponto de vista psicopatológico e dinâmico;
d) realizar o exame do estado mental do paciente (exame subjetivo), eventualmente
complementado por outras fontes (exame objetivo);
e) levantar hipóteses iniciais e definir os objetivos do exame;
f) estabelecer um plano de avaliação;
g) estabelecer um contrato de trabalho com o sujeito ou responsável;
h) administrar testes e outros instrumentos psicológicos;
i) levantar dados quantitativos e qualitativos;
j) selecionar, organizar e integrar todos os dados significativos para os objetivos do exame,
conforme o nível de inferência previsto, com os dados da história e características das
circunstâncias atuais de vida do examinando;
l) comunicar resultados (entrevista devolutiva, relatório, laudo, parecer e outros informes),
propondo soluções, se for o caso, em benefício do examinando;
m) encerrar o processo.

Passos do diagnóstico (modelo psicológico de natureza clínica)


De forma bastante resumida, os passos do diagnóstico, utilizando um modelo
psicológico de natureza clínica, são os seguintes:
a) levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definição das
hipóteses iniciais e dos objetivos do exame;
b) planejamento, seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico;
c) levantamento quantitativo e qualitativo dos dados;
d) integração de dados e informações e formulação de inferências pela integração dos dados,
tendo como pontos de referência as hipóteses iniciais e os objetivos do exame;
e) comunicação de resultados, orientação sobre o caso e encerramento do processo.
Em resumo, o Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica que visa identificar forças
e fraquezas no funcionamento psicológico, sem focar na classificação psiquiátrica. Originado
na psicologia clínica, foi introduzido por Witmer em 1896 e influenciou a formação do
psicólogo clínico. Autores como Galton, Cattell e Binet contribuíram para seu
desenvolvimento.
A psicometria, fundamental para aprimorar os instrumentos do psicólogo, difere do
psicodiagnóstico por focar mais nos aspectos técnicos da testagem. A evolução da biologia
influenciou a medicina a buscar causas orgânicas para doenças mentais, com autores como
Kraepelin e Freud contribuindo para classificações e diagnósticos.
O psicodiagnóstico utiliza testes e estratégias para avaliar de forma sistemática,
ganhando ênfase em instrumentos objetivos e entrevistas estruturadas. O processo é
conduzido por psicólogos clínicos em diversas áreas, com encaminhamentos de médicos,
escolas, juízes ou familiares.
Diferentes objetivos incluem avaliações quantitativas simples até análises mais
complexas. A responsabilidade pelo diagnóstico pode ser de psicólogos, psiquiatras ou
equipes multiprofissionais, dependendo da complexidade do caso e das necessidades do
paciente.
Assim, o psicodiagnóstico é um processo científico que utiliza técnicas para
compreender problemas, classificar casos e prever seu curso possível, com objetivos variados
essenciais para a compreensão e tratamento do paciente.

Você também pode gostar