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Ciclo Virtual ► Preparatório para Concursos públicos - Cargo Psicólogo 01_8 ► Recursos ► 1 - História
do Psicodiagnóstico

História do Psicodiagnóstico

1 – Introdução:
A palavra diagnóstico origina-se do grego diagõstikós e significa discernimento, faculdade de
conhecer, de ver através de. Este seria o sentido mais amplo, e desta forma o diagnóstico é
inevitável. Em sentido mais restrito, utiliza-se o termo diagnóstico para referir-se à
possibilidade de conhecimento que vai além daquela que o senso comum pode dar, ou seja, a
possibilidade de significar a realidade fazendo uso de conceitos, noções e teorias científicas.

O diagnóstico psicológico busca uma forma de compreensão situada no âmbito da Psicologia.


Em nosso país, é uma das funções exclusivas do psicólogo garantidas pela Lei nº 4119 de
27/08/62, que dispõe sobre a formação em Psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo.

Quando nos dispomos a realizar um psicodiagnóstico, presumimos possuir conhecimentos


teóricos, dominar procedimentos e técnicas psicológicas. Devemos nos lembrar que devido ao
grande número de teorias existentes, a atuação do psicólogo varia consideravelmente. Com
isso o próprio uso do termo varia e muitas vezes, ao invés de “diagnóstico psicológico”
encontra-se “psicodiagnóstico”, “diagnóstico da personalidade”, “estudo de caso” ou
“avaliação psicológica”.

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Segundo Trinca (1984) na avaliação psicológica houve uma procura de integração das diversas
abordagens e quando olhamos concretamente para a Psicologia Clínica, verificamos grandes
variações de conhecimentos e atuações, e, portanto, na prática do psicodiagnóstico, temos
também várias formas de atuação, muitas das quais não podem ser consideradas decorrentes
de exclusivamente uma ou outra abordagem.

Atualmente, todas as correntes em Psicologia concordam, embora partindo de pressupostos e


métodos diferentes, que, para se compreender o homem é necessário organizar
conhecimentos que digam respeito à sua vida biológica, intrapsíquica e social não sendo
possível excluir nenhum desses horizontes.

Segundo Ocampo (1981) o processo Psicodiagnóstico era considerado, anteriormente, como


uma situação em que o psicólogo aplicava um teste em alguém. Ele então cumpria uma
solicitação seguindo os passos e utilizando os instrumentos indicados por outros profissionais,
quase sempre da área médica (psiquiatra, pediatra, neurologista). Assim o psicólogo atuava
como alguém que aprendeu a aplicar testes e esperava que o paciente colaborasse
docilmente.

O psicólogo trabalhou durante muito tempo com um modelo similar ao do médico clínico que,
para proceder com eficiência e objetividade, toma a maior distância possível em relação a
seu paciente a fim de estabelecer um vínculo afetivo que não lhe impeça de trabalhar com a
tranquilidade e objetividade necessárias. Ocampo (1981) atribui este fato à falta de uma
identidade sólida por parte do psicólogo, que lhe permitisse saber quem era e qual era seu
verdadeiro trabalho dentro das ocupações ligadas à saúde mental. Neste momento os testes
eram utilizados no psicodiagnóstico como se eles constituíssem em si mesmos o objetivo do
psicodiagnóstico e como escudo entre o profissional e o paciente, para evitar pensamentos e
sentimentos que mobilizassem afetos.

Observamos aqueles profissionais que buscaram uma aproximação autêntica com o paciente,
mas para isso tiveram que abandonar o modelo médico sem estarem preparados para isso.
Com a difusão da Psicanálise os psicólogos optaram por aceitá-la como modelo de trabalho, o
que trouxe progressos e ao mesmo tempo uma nova crise de identidade no psicólogo, uma
vez que este se esqueceu de que a dinâmica do processo psicanalítico era muito diferente da
dinâmica do processo psicodiagnóstico.

Assim podemos perceber, como nos mostra Ocampo (1981), que o psicólogo teve que
percorrer as mesmas etapas que um indivíduo percorre em seu crescimento. Buscou figuras
boas para se identificar, aderiu ingênua e dogmaticamente a certa ideologia e identificou-se
com outros profissionais, até que pôde questionar-se sobre a possibilidade de não ser como
eles. Por fim entrou em um período de maturidade ao perceber que utilizava uma “pseudo” -
identidade que distorcia sua identidade real, conseguindo assim uma maior autonomia de

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pensamento e prática.

A palavra diagnóstico origina-se do grego diagõstikós e significa discernimento,


faculdade de conhecer, de ver através de.

O diagnóstico psicológico busca uma forma de compreensão situada no âmbito da


Psicologia. Em nosso país, é uma das funções exclusivas do psicólogo garantidas pela Lei
nº 4119 de 27/08/62, que dispõe sobre a formação em Psicologia e regulamenta a
profissão de psicólogo.

2 - Fundamentos do Psicodiagnóstico e seu Histórico

“Os psicólogos, hoje em dia, não apenas administram testes; eles realizam avaliações”.
Segundo Jurema Cunha e colaboradores “os psicólogos realizam avaliações; psicólogos
clínicos, entre outras tarefas, realizam psicodiagnósticos”. A avaliação psicológica é um
conceito muito amplo. O psicodiagnóstico é um capítulo dentro da avaliação psicológica,
realizado com propósitos clínicos e, portanto não abrange todos os modelos de avaliação
psicológica das diferenças individuais. Testagem é um método de avaliação psicológica.
Psicodiagnóstico pressupõe a utilização de outros instrumentos, além dos testes, para
abordar os dados psicológicos de forma sistemática, científica, orientada para a resolução de
problemas.

O psicodiagnóstico nasceu (derivou) da Psicologia Clínica que foi criada sob a tradição da
psicologia acadêmica e da tradição médica e é um ramo da Psicologia que tem por finalidade
básica o desenvolvimento e a aplicação das técnicas de diagnóstico e psicoterapêuticas para
a identificação e tratamento de distúrbios do comportamento. Entre essas técnicas ¾
usualmente designadas pelo nome de método clínico ¾ salientam-se as entrevistas, os testes,
as técnicas projetivas e a observação diagnóstica.

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Galton

Pode-se dizer que as primeiras sementes do psicodiagnóstico foram lançadas no final do


século XIX e no início do século XX, através dos trabalhos de Galton que introduziu o estudo
das diferenças individuais, de Cattell, a quem se deve as primeiras provas, designadas como
testes mentais, e de Binet, que propôs a utilização do exame psicológico (através da
mensuração intelectual) como coadjuvante da avaliação pedagógica. Por tais razões, foi
atribuída a paternidade do psicodiagnóstico a esses três autores: Galton, Cattell e Binet.
A tradição psicométrica (medida quantitativa dos fenômenos psíquicos) foi desta maneira
fundada e ficou sedimentada pela difusão das escalas de Binet que em 1905 apresenta um
teste de inteligência para separar crianças com retardo mental, seguidas pela criação dos
testes do exército americano em 1906 que foi o primeiro teste coletivo para selecionar
recrutas.

Cattell

Por outro lado, na medicina, após a reabilitação moral dos casos psiquiátricos (abolição dos
métodos terapêuticos brutais ¾ eletrochoque), iniciada por Philippe Pinel, a necessidade de
compreender o doente mental, obrigou o meio médico a estudar a doença mental. Como
seria de esperar, as causas da doença mental foram buscadas no organismo e, em especial,
no sistema nervoso, e, como decorrência disso, “os pacientes psiquiátricos, não mais
considerados lunáticos, se tornaram “nervosos ou” neuróticos”.

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Binet

Desta época, data a divisão dicotômica dos transtornos psiquiátricos em “orgânicos” e


“funcionais”. Foi nessa escala pré-dinâmica da psiquiatria que surgiu Emil Krapelin, que se
notabilizou por seu sistema de classificação dos transtornos mentais e, especialmente, por
seus estudos diferenciais entre esquizofrenia e psicose maníaco-depressiva. Em
consequência, as classificações nosológicas e o diagnóstico diferencial ganharam ênfase.

Emil Krapelin

É importante lembrar que ao mesmo tempo Freud publica “A Interpretação dos Sonhos”, que
provinha da melhor tradição neurofisiológica, mas que representou o primeiro elo de uma
corrente de conteúdo dinâmico, logo em seguida com o aparecimento do teste de associação
de palavras, de Jung, fornecendo a base para o lançamento, mais tarde, das técnicas
projetivas.

Hermann Rorschach

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A expressão psicodiagnóstico é utilizada pela primeira vez por Hermann Rorschach quando
publica em 1921 seu teste de manchas de tinta. O teste passou a ser utilizado como um passo
essencial (e, às vezes, único) do processo psicodiagnóstico. A grande popularidade alcançada
nas décadas de quarenta e cinquenta é atribuída ao fato de que os dados gerados pelo
método eram compatíveis com os princípios básicos da teoria psicanalítica.

Esse foi o tempo áureo das técnicas de personalidade. Embora o teste de Rorschach e o Teste
de Apercepção Temática (Apercepção ¾ a partir da apresentação de um estímulo em forma
de tema, por exemplo, leva o sujeito a aperceber nele necessidades e motivos que existiam
no seu inconsciente e que projeta no tema, assim facilitando o diagnóstico de seus
ajustamentos e desajustamentos) fossem os instrumentos mais conhecidos, começaram a se
multiplicar rapidamente as técnicas projetivas, como o teste da figura humana, o Szondi
(protótipo do BBT: teste de fotos de profissões) e tantos outros. Entretanto, a partir de
então, as técnicas projetivas começaram a apresentar certo declínio em seu uso, por
problemas metodológicos, pelo incremento de pesquisas com instrumentos alternativos,
como o MMPI e outros inventários de personalidade, por sua associação com alguma
perspectiva teórica, novamente a psicanalítica e pela ênfase na interpretação intuitiva
apesar de esforços para o desenvolvimento de sistemas de escores. Apesar disso, essas
técnicas ainda são bastante utilizadas, embora com objeções por parte dos psicólogos que
lutam por avaliações de orientação condutista (behaviorista) e biológica.

Atualmente, há indiscutível ênfase no uso de instrumentos mais objetivos e entrevistas


diagnósticas mais estruturadas, notadamente com o incremento no desenvolvimento de
avaliações computadorizadas de personalidade que vêm oferecendo novas estratégias neste
campo.

Também, as necessidades de manter um embasamento científico para o psicodiagnóstico,


compatível com os progressos em outros ramos da ciência, têm levado ao desenvolvimento de
novos instrumentos mais precisos, especialmente após o advento do DSM-IV e de baterias
padronizadas, que permitem nova abordagem na área diagnóstica da neuropsicologia,
constituída pela confluência da psicologia clínica e da neurologia comportamental.

Por outro lado, pode-se afirmar, que “o campo da avaliação psicológica da personalidade tem
feito contribuições vitais para a teoria, prática e pesquisa clínica”.

Mas alguns autores propõem uma questão: terá o psicodiagnóstico o impacto que
merece?

Neste sentido, algumas pesquisas foram desenvolvidas, uma delas com 70 pacientes,
encontrando concordância entre as recomendações diagnósticas do psicólogo e do psiquiatra,
em 94% dos casos, mesmo quando havia ocorrido uma discordância inicial. Considera que o

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reconhecimento da qualidade do psicodiagnóstico tem que ver, em primeiro lugar, com um


refinamento dos instrumentos e, em segundo lugar, com estratégias de marketing de que o
psicólogo deve lançar mão para aumentar a utilização dos serviços de avaliação pelos
receptores de laudos.

Também se levantou outra questão: observando que muitas vezes psicólogos competentes
acabam por “fornecer uma grande quantidade de informações inúteis para as fontes de
encaminhamento”, por falta de uma compreensão adequada das verdadeiras razões que
motivaram o encaminhamento ou, em outras palavras, por desconhecimento das decisões que
devem ser tomadas com base nos resultados do psicodiagnóstico.

As sugestões apontadas, de conhecer as necessidades do mercado e de desenvolver


estratégias de conquistas desse mercado, parecem se fundamentar na pressuposição de que o
psicólogo, sobrecarregado com suas tarefas, não está avaliando a adequabilidade de seus
dados ao público consumidor.

Mas que público é este? Que profissionais ou serviços podem ter necessidade de solicitar
psicodiagnósticos? Primeiramente, vejamos onde costuma trabalhar um psicólogo que lida
com psicodiagnósticos. Mais comumente exerce suas funções numa instituição que presta
serviços psiquiátricos ou de medicina geral, num contexto educacional ou legal ou numa
clínica ou consultório psicológico, em que o psicólogo recebe encaminhamento
principalmente de psiquiatras, de outros médicos (pediatras, neurologistas, etc.), da
comunidade escolar (de orientadores, professores, etc.), de juízes ou de advogados, ou
atende casos que procuram espontaneamente um exame, ou são recomendados por algum
familiar ou amigo.

A questão básica com que se defronta o psicólogo é que, embora um encaminhamento seja
feito, porque a pessoa necessita de subsídios para basear uma decisão para resolver um
problema, muitas vezes ela não sabe claramente que perguntas levantar ou, por razões de
sigilo profissional, faz um encaminhamento vago para uma “avaliação psicológica”. Em
consequência, uma das falhas comuns do psicólogo é a aceitação silenciosa de tal
encaminhamento, com a realização de um psicodiagnóstico, cujos resultados não são
pertinentes às necessidades da fonte de solicitação.

É, pois, responsabilidade do clínico manter canais de comunicação com os diferentes tipos de


contextos profissionais para os quais trabalha, familiarizando-se com a variabilidade de
problemas com que se defrontam e conhecendo as diversas decisões que os mesmos
pressupõem. Mais do que isto: deve determinar e esclarecer o que dele se espera, no caso
individual. Esta é uma estratégia de aproximação, que lhe permitirá adequar seus dados às
necessidades das fontes de encaminhamento, de forma que seus resultados tenham o
impacto que merecem e o psicodiagnóstico receba o crédito a que faz jus.

“Os psicólogos, hoje em dia, não apenas administram testes; eles realizam avaliações”.

O psicodiagnóstico é um capítulo dentro da avaliação psicológica, realizado com


propósitos clínicos e, portanto não abrange todos os modelos de avaliação psicológica
das diferenças individuais. Testagem é um método de avaliação psicológica.
Psicodiagnóstico pressupõe a utilização de outros instrumentos, além dos testes, para
abordar os dados psicológicos de forma sistemática, científica, orientada para a
resolução de problemas.

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3 - O Psicodiagnóstico Clínico na Atualidade

Segundo Arzeno (1995), o psicodiagnóstico está recuperando-se de uma época durante a qual
poderíamos dizer que havia caído no descrédito da maioria dos profissionais da saúde mental.

É imprescindível revalorizar a etapa diagnóstica no trabalho clínico, e um bom diagnóstico


clínico está na base da orientação vocacional e profissional, do trabalho com peritos forenses
ou trabalhistas, etc.

Se o psicólogo é consultado é porque existe um problema, alguém sofre ou está incomodado


e deve indagar a verdadeira causa disso.

Fazer um diagnóstico psicológico não significa necessariamente o mesmo que fazer um


psicodiagnóstico. Este termo implica automaticamente a administração de testes e estes nem
sempre são necessários ou convenientes.

Um diagnóstico psicológico tão preciso quanto possível é imprescindível por diversas razões:

Para saber o que ocorre e suas causas, de forma a responder ao pedido com o qual foi
iniciada a consulta.

Porque iniciar um tratamento sem o questionamento prévio do que realmente ocorre


representa um risco muito alto. Significa, para o paciente, a certeza de que se pode
“curá-lo” (usando termos clássicos). E o que ocorre se logo aparecem patologias ou
situações complicadas com as quais o psicólogo não sabe lidar, que vão além daquilo
que podemos absorver, através de supervisões e análises? Buscaremos a forma de
interromper (consciente ou inconscientemente) o tratamento com a conseguinte
hostilidade ou decepção do paciente, o qual terá muitas duvidas antes de tornar a
solicitar ajuda.

Para proteger o psicólogo, que ao iniciar o tratamento contrai automaticamente um


compromisso em dois sentidos: clínico e ético. Do ponto de vista clínico, deve estar certo
de poder ser idôneo perante o caso sem cair em posturas ingênuas nem onipotentes. Do
ponto de vista ético, deve proteger-se de situações nas quais está implicitamente
comprometendo-se a fazer algo que não sabe exatamente o que é. No entanto, a
consequência do não cumprimento de um contrato terapêutico é, em alguns países, a
cassação da carteira profissional.

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Freud

Por estas razões explica-se a importância da etapa diagnóstica, sejam quais forem os
instrumentos científicos utilizados na mesma. Freud já falava da importância desta etapa, à
qual ele dedicava os primeiros meses do tratamento. Coloca que ela é vantajosa tanto para o
paciente quanto para o profissional, que avalia assim, se poderá ou não chegar a uma
conclusão positiva.

Quando se dedica muito tempo ao diagnóstico acaba-se estabelecendo uma relação


transferencial muito difícil de dissolver caso a decisão de interromper o processo seja
tomada. Além do mais, dispomos na atualidade de muitos recursos que permitem solucionar
as dúvidas em um tempo menor.

Vejamos agora, segundo Arzeno (1995) com quais finalidades pode ser utilizado o
psicodiagnóstico.

1) Diagnóstico -- Conforme o exposto acima é óbvio que a principal finalidade de um estudo


psicodiagnóstico é a de estabelecer um diagnóstico. E cabe esclarecer que isto não equivale a
“colocar um rótulo”, mas a explicar o que ocorre além do que o paciente pode descrever
conscientemente.

Durante a primeira entrevista elaboramos certas hipóteses presuntivas. Mas a entrevista


projetiva, mesmo sendo imprescindível, não é suficiente para um diagnóstico cientificamente
fundamentado.

Menninger

Lembremos o que diz Karl Menninger, no prefácio do livro de David Rapaport:

"Durante séculos o diagnóstico psiquiátrico dependeu fundamentalmente da observação clínica. Todas


as grandes obras mestras da nosologia psiquiátrica foram realizadas sem a ajuda das técnicas de
laboratório e de nenhum dos instrumentos de precisão que atualmente relacionamos com o
desenvolvimento da ciência moderna. Tanto a psiquiatria do século XIX como a da primeira parte do
século XX, era uma psiquiatria de impressões clínicas, de impressões colhidas graças a uma situação

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privilegiada: a do médico capacitado para submeter o paciente a exame. Mas esse exame à sua
disposição não era de modo algum uniforme ou estável; e tampouco poderia ter sido padronizado de
forma que fosse possível comparar os diferentes dados obtidos. Com o advento dos modernos
métodos de exame psicológico através de testes, a psiquiatria atingiu a idade adulta dentro do
mundo científico. Sem medo de exagerar pode-se afirmar que é o campo da ciência mental que tem
tido o maior progresso relativo nos últimos anos."

Menninger foi durante muitos anos chefe da clínica que leva seu nome. Ele apoiou e animou a
criação e o desenvolvimento dos testes tanto projetivos como objetivos. Cada paciente que
ingressava na clínica era submetido a uma bateria completa de testes.

Ainda hoje esse modelo de trabalho é eficiente, porque a entrevista clínica não é uma
ferramenta infalível, a não ser quando em mãos de grandes mestres, e às vezes, nem mesmo
nesses casos. Os testes tão pouco o são. Mas se utilizarmos ambos os instrumentos de forma
complementar há uma margem de segurança maior para chegar a um diagnóstico correto,
especialmente se incluirmos testes padronizados.

Além do mais, a utilização de diferentes instrumentos diagnósticos permite estudar o


paciente através de todas as vias de comunicação: pode falar livremente, dizer o que vê em
uma lâmina, desenhar, imaginar o que gostaria de ser, montar quebra cabeças, copiar algo,
etc. Se por algum motivo o domínio da linguagem verbal não foi alcançado (idade, doença,
casos de surdos-mudos, etc.) os testes gráficos e lúdicos facilitam a comunicação.

A bateria de testes utilizada deve incluir instrumentos que permitam obter ao máximo a
projeção de si mesmo. Por isso, se pedirmos ao paciente que desenhe uma figura humana,
sabemos que haverá uma projeção, mas muito mais se lhe pedirmos que desenhe uma casa
ou uma árvore, já que ele não pode controlar totalmente o que projeta.

Como dito antes, é importante incluir testes padronizados porque nos dão uma margem de
segurança diagnóstica maior.

Outro elemento importante que nos é dado pelo psicodiagnóstico refere-se à relação de
transferência-contratransferência.

Ao longo de um processo que se estende entre três e cinco entrevistas, aproximadamente, e


observando como o paciente se relaciona diante de cada proposta e o que nós sentimos em
cada momento, podemos extrair conclusões de grande utilidade para prever como será o
vínculo terapêutico (se houver terapia futura), quais serão os momentos mais difíceis do
tratamento, os riscos de deserção, etc.

Porém, nem todos os psicólogos, psicanalistas e psicólogos clínicos concordam com esse
ponto de vista. Alguns reservam a utilização do psicodiagnóstico para casos nos quais surgem
dúvidas diagnósticas ou quando querem obter uma informação mais precisa, diante, por
exemplo, de uma suspeita de risco de suicídio, dependência de drogas, desestruturação
psicótica, etc. Em outras ocasiões o solicitam porque têm dúvidas sobre o tratamento mais
aconselhável, se a psicanálise ou uma terapia individual ou vincular. Finalmente, existe outro
grupo de profissionais que não concordam em absoluto com este ponto de vista e prescindem
totalmente do psicodiagnóstico. Ainda mais, não concedem valor científico algum aos testes
projetivos. Alguns vão mais longe, dizendo que de forma alguma é importante fazer um
diagnóstico inicial, que isso chega com o tempo, ao longo do tratamento.

Todas as posições são respeitáveis, porém devem ser fundamentadas cientificamente e, até o
momento, não foram encontradas demonstrações, baseadas na teoria da projeção e da

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psicologia da personalidade, que os testes projetivos carecem de validade.

2) Avaliação do tratamento - Outra forma de utilizar o psicodiagnóstico é como meio para


avaliar o andamento do tratamento. É o que se denomina “re-testes” e consiste em aplicar
novamente a mesma bateria de testes aplicados na primeira ocasião. Havendo suspeita de
que o paciente lembre perfeitamente o que fez na primeira vez e se deseje variar, pode-se
criar uma bateria paralela selecionando testes equivalentes. Algumas vezes isto é feito para
apreciar os avanços terapêuticos de forma mais objetiva e também para planejar uma alta.
Em outras palavras é para descobrir o motivo de um “impasse” no tratamento e para que,
tanto o paciente como o terapeuta possa falar sobre isso, estabelecendo, talvez, um novo
contrato sobre bases atualizadas. Em outros casos ainda, é porque existe disparidade de
opiniões entre eles. Um deles acredita que pode dar fim ao tratamento, enquanto que o
outro se opõe. Estes casos representam um trabalho difícil para o psicólogo, pois passa a
ocupar o papel de um árbitro que dará a razão a um dos dois. É então conveniente esclarecer
ao paciente que o psicodiagnóstico não será realizado para demonstrar-lhe que estava
enganado, mas, como um fotógrafo, ele registrará as situações para depois comentá-las. O
mesmo esclarecimento deve ser dado ao terapeuta. Obviamente, é conveniente que a
entrevista de devolução seja feita por aquele que realizou o estudo, tendo um cuidado muito
especial em mostrar uma atitude imparcial e fundamentando as afirmações no material dado
pelo paciente. Nos tratamentos particulares, o terapeuta é quem decide o momento
adequado para um novo psicodiagnóstico (ou, talvez, para o primeiro). No entanto, nos
tratamentos realizados em instituições públicas ou privadas, são elas que fixam os critérios
que devem ser levados em consideração. Algumas deixam isto a critério dos terapeutas,
outras, decidem pautá-lo considerando tanto a necessidade de avaliar a eficiência de seus
profissionais quanto a de contar com um banco de dados úteis, por exemplo, para fins de
pesquisa. Assim, é possível que o primeiro psicodiagnóstico seja indicado quando o paciente
entra na instituição, e o outro de seis a oito meses após, dependendo isto do período
destinado a cada paciente.

3) Como meio de comunicação - Existem pacientes com dificuldades para conversar


espontaneamente sobre sua vida e seus problemas. Outros, como é o caso de crianças muito
pequenas, não podem fazê-lo. Outros emudecem e só dão respostas lacônicas e esporádicas.
Favorecer a comunicação é favorecer a tomada de insight, ou seja, contribuir para que
aquele que consulta adquira a consciência de sofrimento suficiente para aceitar cooperar na
consulta. Também provoca a perda de certas inibições, possibilitando assim um
comportamento mais natural.

Não se trata de cair em atitudes condescendentes, mas de realizar a tarefa dentro de um


clima ideal de comunicação, na medida do possível. Procura-se também respeitar o timing do
paciente, ou seja, o seu tempo. Alguns estabelecem rapport imediatamente, enquanto que
para outros, isso pode exigir bastante tempo.

Por isso seria grotesco ficar em silêncio por um longo período, apoiando-se no princípio de

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que a entrevista é livre e é o cliente que deve falar. Como seria também grotesco
interrompê-lo enquanto está relatando algo importante para impor-lhe a tarefa de desenhar.
O psicodiagnóstico possui um fim em si mesmo, mas é também um meio para outro fim:
conhecer esta pessoa que chega porque precisa de nós. A finalidade é conhecê-la de forma
mais profunda possível. Para isso o bom rapport é imprescindível.

4) Na investigação - No que se refere à investigação devemos distinguir dois objetivos: um é


a criação de novos instrumentos de exploração da personalidade que podem ser incluídos na
tarefa psicodiagnóstica. Outro objetivo é o de planejar a investigação para o estudo de uma
determinada patologia, algum problema trabalhista, educacional ou forense, etc. Neste caso,
usa-se o psicodiagnóstico como uma das ferramentas úteis para chegar a conclusões
confiáveis e, portanto, válidas. Um exemplo do primeiro caso é o que fez o próprio Hermann
Rorschach quando criou as manchas e selecionou entre milhares aquelas que demonstravam
ser mais estimulantes. Para dar validade a este teste mostrou as lâminas a um grupo de
pacientes selecionados aleatoriamente e, após, a outro grupo já diagnosticado com o método
da entrevista clínica (esquizofrênicos, fóbicos, etc.). Assim pôde estabelecer as respostas
populares (próprias da maioria estatística selecionada aleatoriamente) e as diferentes
“síndromes” ou perfil de respostas típico de cada quadro patológico.

Da mesma forma procedeu Murray, criador do T.A.T. (Thematic Apperception Test). As


respostas estatisticamente mais frequentes foram denominadas “populares”. Os desvios
dessas respostas populares eram considerados significativos tanto no aspecto enriquecedor e
criativo como no sentido oposto, ou seja, no aspecto patológico, podendo proceder do
mesmo modo que Rorschach.

A criação de um teste não é uma tarefa fácil. Não podem ser colhidos alguns registros e deles
extraídas conclusões com a pretensão de que sejam válidas para todos. É necessário respeitar
aquilo que a psicoestatística indica como modelo de investigação para que as suas conclusões
sejam aceitáveis.

Também é necessário um conhecimento abrangente e o trabalho em equipe para a correta


interpretação dos resultados. Assim, por exemplo, caso se pretenda criar um teste que avalie
a inteligência em crianças surdas-mudas, será imprescindível a presença de um especialista
dessa área. Se a intenção é criar um teste para pesquisar determinados conflitos emocionais
em crianças pequenas, é indispensável que alguém conheça perfeitamente como é o
desenvolvimento normal da criança a cada idade e da criança do grupo étnico ao qual
pertence o pesquisador, já que, não sendo assim, se a pesquisa tratasse de estudar o mesmo
aspecto, mas em crianças suecas ou japonesas, sem a presença de um antropólogo e um
psicólogo, conhecedores da matéria, como integrantes da equipe pesquisadora, poderia se
chegar a conclusões incorretas.

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Em relação ao segundo objetivo, trata-se em primeiro lugar de definir claramente o que se


deseja pesquisar. Suponhamos que a finalidade é descobrir se existe um perfil psicológico
típico dos homossexuais, dependentes de drogas ou claustrofóbicos. O primeiro passo deve
ser selecionar adequadamente os instrumentos a serem utilizados, a ordem que será seguida,
as ordens que serão dadas, o material (tamanho do papel, número do lápis, etc.) e os limites
dentro dos quais podemos admitir variações individuais. Isto é chamado de padronizar a
forma de administração do psicodiagnóstico. Se cada examinador trabalhasse à sua maneira,
seria impossível comparar os registros colhidos e, portanto, não poderíamos pretender tirar
deles conclusões cientificamente válidas.

Logo após, administraremos este psicodiagnóstico assim planejado: por um lado, há uma
amostra de homossexuais, dependentes de drogas, etc., e, por outro lado, o mesmo
psicodiagnóstico, a outra amostra chamada de controle, que não registra a mesma patologia
do grupo em estudo. Em uma terceira etapa, serão buscadas as recorrências e convergências
em ambos os grupos, para poder-se assim chegar a conclusões válidas. Por exemplo, é
significativo que os homossexuais desenhem primeiro a figura do sexo oposto, já que na
amostra de controle a pessoa desenha primeiro a do seu próprio sexo, no Teste das Duas
Pessoas. Foram usados exemplos simples com a finalidade de transmitir claramente em que
consiste essa tarefa. A utilidade destas pesquisas varia muito e as mais importantes são
aquelas que permitem identificar indicadores que servirão para detectar precocemente
problemas clínicos, trabalhistas, educacionais, etc., com a consequente economia de
sofrimento, problemas e até complicações institucionais. O psicodiagnóstico inclui, além das
entrevistas iniciais, os testes, a hora de jogo com crianças, entrevistas familiares, vinculares,
etc. As conclusões de todo o material obtido são discutidas com o interessado, com seus pais,
ou com a família completa, conforme o caso e o sistema do profissional.

Os testes realizados individualmente são reservados, geralmente, para a entrevista individual


com essa pessoa, para a entrega dos resultados. Porém o que tem sido feito e conversado
entre todos pode ser mostrado ou assinado para exemplificar algum conflito que os clientes
minimizam ou negam.

Um diagnóstico psicológico tão preciso quanto possível é imprescindível por diversas


razões:

- Para saber o que ocorre e suas causas;


- Porque iniciar um tratamento sem o questionamento prévio do que realmente ocorre
representa um risco muito alto;
- Para proteger o psicólogo, que ao iniciar o tratamento contrai automaticamente um
compromisso em dois sentidos: clínico e ético.

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Finalidades do psicodiagnóstico:

- Diagnóstico;
- Avaliação do tratamento;
- Meio de comunicação;
- Investigação.

O psicodiagnóstico possui um fim em si mesmo, mas é também um meio para outro fim:

- Conhecer esta pessoa que chega e porque precisa de nós;


- A finalidade é conhecê-la de forma mais profunda possível..

4 - Caracterização do Processo Psicodiagnóstico

Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes


psicológicos, a nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos,
identificar e avaliar aspectos específicos ou para classificar o caso e prever seu curso possível,
comunicando os resultados. (CUNHA, 2000)

O Psicodiagnóstico é caracterizado como um processo científico porque deve partir de um


levantamento prévio de hipóteses que serão confirmadas ou anuladas através de passos
predeterminados e com objetivos precisos.

A avaliação psicológica é mais ampla que o psicodiagnóstico, e seu objeto de estudo pode ser
um sujeito, um grupo, uma instituição, uma comunidade, daí a importância dos trabalhos
interdisciplinares já que o objeto a avaliar é sempre um sistema complexo, integrado por
subsistemas diversos: biológico, psicológico, social, cultural, em interação permanente.

O psicodiagnóstico está mais vinculado com a clínica, está vinculado com temas de interesse
clínicos, tais como nosologias psicopatológicas, critérios de saúde psíquica, enfoques
patogênicos e saudáveis. Logo, diagnosticar supõe situarmo-nos no plano do processo saúde-
enfermidade e poder determinar em que medida se está ou não em presença de uma
patologia ou transtorno que necessita de um determinado tipo de intervenção.

O processo psicodiagnóstico é limitado no tempo porque ele é baseado num contrato de


trabalho entre paciente ou responsável e o psicólogo, tão logo os dados iniciais permitam,
deve estabelecer um plano de avaliação e, portanto, uma estimativa do tempo necessário
para sua realização (número aproximado de sessões de exame).

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O plano de avaliação é estabelecido com base nas perguntas ou hipóteses iniciais,


definindo-se não só quais os instrumentos necessários, mas como e quando utilizá-los.

Pressupõe-se, evidentemente, que o psicólogo saiba que instrumentos são eficazes, isto é,
quais instrumentos podem ser eficientes, se aplicados com propósitos específicos, para
fornecer respostas a determinadas perguntas ou testar certas hipóteses. Por este grande
motivo, é que o psicólogo deve conhecer os diferentes instrumentos de avaliação psicológica.

Depois da administração de uma bateria de testes, nós obtemos dados que devem ser
articulados com as informações da história clínica, da história pessoal ou com outras, a partir
do elenco das hipóteses iniciais, para permitir uma seleção e uma integração, rodeada pelos
objetivos do psicodiagnóstico, que determinam o nível de inferências que deve ser
alcançado.

Para Ocampo (1981) o processo psicodiagnóstico pode ser visto como uma situação com
papéis bem definidos e com um contrato no qual o cliente pede uma ajuda, e o psicólogo
aceita o pedido e se compromete a satisfazê-lo na medida de suas possibilidades. Ela ainda
caracteriza o processo...

...como uma situação bipessoal, de duração limitada, cujo objetivo é conseguir uma descrição e
compreensão, a mais profunda e completa possível, da personalidade total do paciente ou do grupo
familiar. Enfatiza também a investigação de algum aspecto em particular, segundo a sintomatologia e
as características da indicação. Abrange os aspectos passados, presentes (diagnóstico) e futuros
(prognóstico) desta personalidade, utilizando para alcançar tais objetivos certas técnicas. (pg.17)

Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e


testes psicológicos, a nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de
pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos ou para classificar o
caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (CUNHA, 2000).

Para Ocampo, o psicodiagnóstico é uma situação bipessoal, de duração limitada, cujo


objetivo é conseguir uma descrição e compreensão, a mais profunda e completa
possível, da personalidade total do paciente ou do grupo familiar. Enfatiza também a
investigação de algum aspecto em particular, segundo a sintomatologia e as
características da indicação. Abrangem os aspectos passados, presentes (diagnóstico) e
futuros (prognóstico) desta personalidade, utilizando certas técnicas para alcançar tais
objetivos.

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Assista ao vídeo sobre psicodiagnóstico:

http://www.youtube.com/watch?v=BGWEfvRe5KE&feature=relmfu

5 - Objetivos do Psicodiagnóstico

Segundo Cunha (2000) o processo psicodiagnóstico pode ter um ou vários objetivos,


dependendo das perguntas ou hipóteses inicialmente formuladas. Mais comumente envolve
vários objetivos, que norteiam e delimitam o elenco das hipóteses. Dependendo da
simplicidade ou da complexidade das questões propostas, variam os objetivos.

Classificação simples (descritivo);

Classificação nosológica;

Diagnóstico diferencial;

Avaliação compreensiva;

Entendimento dinâmico;

Prevenção;

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Prognóstico;

Perícia forense.

As perguntas mais elementares que podem ser formuladas em relação a uma capacidade, um
traço, um estado emocional, seriam: “Quanto?” ou “Qual?” Aqui, o objetivo seria de
classificação simples. Um caso comum de exame com este objetivo seria o de avaliação do
nível intelectual. O examinando é submetido a testes, adequados à sua idade e nível de
escolaridade. São levantados escores (valor quantitativo obtido pela soma ou total de pontos
creditados a um indivíduo em situação de prova ou teste), consulta de tabelas e os resultados
são fornecidos em dados quantitativos, classificados sinteticamente (resumidamente).

Mas, é raro que um exame psicológico se restrinja a este objetivo, uma vez que os resultados
dos testes, os escores dos subtestes e as respostas intratestes praticamente nunca são
regulares e as diferenças encontradas são susceptíveis de interpretação. Pode-se, então,
identificar forças e fraquezas, dizer como é o desempenho do paciente do ponto de vista
intelectual. Neste caso, o objetivo do psicodiagnóstico é descritivo.

É também descritivo, o exame do estado mental do paciente que é um tipo de recurso


diagnóstico que envolve a exploração da presença de sinais e sintomas, eventualmente
utilizando provas muito simples, não padronizadas, para uma estimativa sumária de algumas
funções, como a atenção e memória. Este constituiria um exame subjetivo de rotina em
clínicas psiquiátricas (o exame subjetivo se baseia em informações dadas pelo paciente e em
observações de seu comportamento), muitas vezes completado por um exame objetivo.

Frequentemente dados resultantes desse exame, da história clínica e da história pessoal


permitem atender ao objetivo de classificação nosológica. A avaliação com tal objetivo é
realizada pelo psiquiatra e, também, pelo psicólogo quando o paciente não é testável.
Quando está sob a responsabilidade do psicólogo, sempre que possível, além desses recursos
o mesmo deverá lançar mão de outros instrumentos psicológicos, como testes e técnicas,
para poder testar cientificamente a sua hipótese. A classificação nosológica, além de facilitar
a comunicação entre profissionais, contribui para o levantamento de dados epidemiológicos
de uma população.

Outro objetivo do psicodiagnóstico é o do diagnóstico diferencial, praticamente associado ao


objetivo de classificação nosológica. O psicólogo investiga irregularidades e inconsistências
do quadro sintomático e/ou dos resultados dos testes para diferenciar categorias nosológicas,
níveis de funcionamento mental. Naturalmente, para trabalhar neste objetivo (diagnóstico
diferencial), o psicólogo, além de experiência e de sensibilidade clínica, deve ter
conhecimentos avançados de psicopatologia e de técnicas sofisticadas de diagnóstico.

O objetivo de avaliação compreensiva considera o caso numa perspectiva mais global,

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determinando o nível de funcionamento da personalidade, examinando funções do ego


(controle da percepção e da mobilidade; prova da realidade; antecipação, ordenação
temporal; pensamento lógico, coerente, racional; elaboração das representações pela
linguagem, etc.), em especial quando há insight, para indicação terapêutica ou, ainda, para
estimativa de progressos ou resultados de tratamento. Não chega necessariamente à
classificação nosológica, embora esta possa ocorrer subsidiariamente (auxiliar), uma vez que
o exame pode revelar alterações psicopatológicas. Mas, de qualquer forma, envolve algum
tipo de classificação, já que a determinação do nível de funcionamento (compreensão o
funcionamento psíquico do paciente) é especialmente importante para a indicação
terapêutica, definindo limites da responsabilidade profissional.

Basicamente, podem não ser utilizados testes. A não utilização de testes é um objetivo
explícito ou implícito nos contatos iniciais do paciente com psiquiatras, psicanalistas e
psicólogos de diferentes linhas de orientação terapêutica. Ao passo que, se o objetivo é
atingido através de um psicodiagnóstico, obtêm-se evidências mais objetivas e precisas, que
podem, inclusive, servir de parâmetro para avaliar resultados terapêuticos, mais tarde,
através de um reteste.

O objetivo do psicodiagnóstico como entendimento dinâmico, em sentido lato


(amplo/restrito), pode ser considerado como uma forma de avaliação compreensiva, já que
enfoca a personalidade de maneira global, mas pressupõe um nível mais elevado de
inferência clínica (dedução, conclusão, julgamento clínico). Através do exame, se procura
entender a problemática de um sujeito, com uma dimensão mais profunda, na perspectiva
histórica do desenvolvimento, investigando fatores psicodinâmicos, identificando conflitos e
chegando a uma compreensão do caso com base num referencial teórico.

Um exame deste tipo requer entrevistas muito bem conduzidas, cujos dados nem sempre são
consubstanciados pelos passos específicos de um psicodiagnóstico, portanto, não sendo um
recurso privativo do psicólogo clínico. Frequentemente, se combina com os objetivos de
classificação nosológica e de diagnóstico diferencial. Porém, quando é um objetivo do
psicodiagnóstico, leva não só a uma abordagem diferenciada das entrevistas e do material de
testagem, como a uma integração dos dados com base em pressupostos psicodinâmicos.

Um psicodiagnóstico também pode ter um objetivo de prevenção. Tal exame visa identificar
problemas precocemente, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas do ego,
bem como da capacidade para enfrentar situações novas, difíceis, conflitivas ou
ansiogênicas. Em sentido lato, pode ser realizado por outros profissionais de uma equipe de
saúde pública.

Não obstante, num exame individual, que pode requerer uma dimensão mais profunda,

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especialmente envolvendo uma estimativa de condições do ego frente a certos riscos ou no


enfrentamento de situações difíceis, seria indicado um psicodiagnóstico.

Outro objetivo é o prognóstico, que depende fundamentalmente da classificação nosológica


e, neste sentido, não é privativo do psicólogo. Por fim, o psicodiagnóstico com o objetivo de
perícia forense. Com esta finalidade, o exame procura resolver questões relacionadas com
“insanidade”, competência para o exercício de funções de cidadão, avaliação de
incapacidade ou de comprometimentos psicopatológicos que etiologicamente (na sua origem)
possam se associar com infrações da lei, etc.

Geralmente, é colocada uma série de quesitos (interrogações) que o psicólogo deve


responder para instruir um determinado processo. Suas respostas devem ser claras, precisas e
objetivas. Portanto, deve haver um grau satisfatório de certeza quanto aos dados dos testes,
o que é bastante complexo, por que...

...os dados descrevem o que uma pessoa pode ou não fazer no contexto da testagem, mas o psicólogo
deve ainda inferir (concluir, julgar, deduzir) o que ele acredita que ela (pessoa) poderia ou não fazer
na vida cotidiana. (Groth-Marnat, 1984, p.25).

As respostas fornecem subsídios para instruir decisões de caráter vital para o indivíduo.
Consequentemente, a necessidade de chegar a inferências que tenham tais implicações pode
se tornar até certo ponto ansiogênica para o psicólogo.

Na realidade, comumente o psiquiatra é nomeado como perito e solicita o exame psicológico


para fundamentar o seu parecer. Não obstante, muitas vezes o psicólogo é chamado para
colabora com a justiça, de forma independente.

Ocampo (1981) afirma que a investigação psicológica deve conseguir uma descrição e
compreensão da personalidade do paciente, onde é importante explicar a dinâmica do caso
tal como aparece no material recolhido, integrando-o num quadro global. Uma vez alcançado
um panorama preciso e completo do caso, incluindo os aspectos patológicos e os adaptativos,
trataremos de formular recomendações terapêuticas adequadas.

O processo psicodiagnóstico pode ter um ou vários objetivos:

- Classificação simples (descritivo);


- Classificação nosológica;
- Diagnóstico diferencial;
- Avaliação compreensiva;
- Entendimento dinâmico;
- Prevenção
- Prognóstico;

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- Perícia forense.

6 - Passos do Psicodiagnóstico

Segundo Cunha (2000), de forma bastante resumida, os passos de um diagnóstico, utilizando


um modelo psicológico de natureza clínica, são os seguintes:

Levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definição das


hipóteses iniciais;

Seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico;

Levantamento quantitativo e qualitativo dos dados;

Formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como pontos de referências
as hipóteses iniciais e os objetivos do exame;

Comunicação de resultados e enceramento do processo.

Já no enfoque da Ocampo (1981) reconhecemos os seguintes passos:

Primeiro contato e entrevista inicial com o paciente.

Aplicação de testes e técnicas ordenadas e selecionadas de acordo com o caso.

Encerramento do processo: devolução oral ao paciente e aos pais.

Informe escrito para o requerente.

Como foi dito anteriormente, o psicodiagnóstico é um estudo profundo da personalidade, do


ponto de vista fundamentalmente clínico. Quando o objetivo do estudo é outro (trabalhista,
educacional, forense, etc.) o psicodiagnóstico clínico é anterior e serve de base para as
conclusões necessárias nessas outras áreas.

A concepção usada da personalidade parte da base de que a esta possui um aspecto


consciente e outro inconsciente; que tem uma dinâmica interna que foi descrita muito bem
pela psicanálise; que existem ansiedades básicas que mobilizam defesas mais primitivas e
outras mais evoluídas (como colocaram Melanie Klein e Anna Freud, respectivamente); que
cada indivíduo possui uma configuração de personalidade única e inconfundível, algo assim

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como uma gestalt pessoal; que tem um nível e um tipo de inteligência que pode
manifestar-se segundo existam ou não interferências emocionais, que há emoções e impulsos
mais intensos ou mais moderados que o indivíduo pode controlar adequada ou
inadequadamente; que existem desejos, inveja e ciúmes entrelaçados constantemente com
todo o resto da personalidade; que impulsos libidinosos e tanáticos lutam para ganhar a
primazia ao longo da vida; que o sadismo e o masoquismo estão sempre presentes em maior
ou menor escala; que o nível de narcisismo pode ser baixo demais, adequado ou
excessivamente alto, e isto incide no grau de submissão, maturidade ou onipotência que
demonstre.

Magritte

E ainda, que as qualidades depressivas ou esquizoides que predominarem como base da


personalidade, podem ser razoáveis ou sofrer um aumento até transformarem-se em um
conflito que atrapalha ou altera o desenvolvimento do indivíduo; que as defesas que o mesmo
tem usado ao longo da vida podem ou não ser benéficas dependendo do contexto, sem que o
sejam em si mesmas; que sobre a estrutura de base de predomínio esquizoide ou depressivo
instalam-se outras estruturas defensivas de tipo obsessivo, fóbico ou histérico; que os fatores
hereditários e constitutivos desempenham um papel muito importante, razão pela qual não é
recomendável trabalhar exclusivamente com a história do indivíduo e o fato desencadeante
da consulta, mas estar aberto à possibilidade de incluir outros estudos complementares
(médico-clínicos, neurológicos, endocrinológicos, etc.). Isto significa levar em consideração a
hipótese das séries complementares de Freud.

Além do mais, conforme as últimas pesquisas, o contexto sociocultural e familiar deve ocupar
um lugar importante no estudo da personalidade de um indivíduo, já que é de onde ele
provém. Portanto, o estudo da personalidade é, na realidade, um estudo de pelo menos três
gerações, que se desenvolveram em um determinado contexto étnico sociocultural.

Por isso, é muito importante saber claramente qual é o objetivo do psicodiagnóstico que
vamos realizar.

Quando o cliente chega dizendo: “Me mandaram...” sabemos em primeiro lugar que o que
está sendo dito não é verdade, pois ninguém consulta exclusivamente por esse motivo. Em
algum recanto de si mesmo existe o desejo de fazer a consulta. Em segundo lugar, a
motivação é muito inconsciente e não a percebe, por isso a colocação soa muito superficial.

De forma que, antes de iniciar a tarefa, o psicólogo deve esclarecer com o cliente qual é o
motivo manifesto e mais consciente do estudo e intuir qual seria o motivo latente e
inconsciente do mesmo. É importante dedicar a isto todo o tempo que for necessário e não
iniciar a tarefa se o cliente insistir na ideia de que o faz por mera curiosidade, já que se
refletiria negativamente no momento da devolução de informação.

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Vejamos mais algumas informações sobre as etapas do processo psicodiagnóstico apontadas


por Arzeno (1995) e Cunha (2000).

O primeiro passo ocorre desde o momento em que o cliente ou seus responsáveis fazem a
solicitação da consulta até o encontro pessoal com o profissional.

O segundo passo ocorre na ou nas primeiras entrevistas nas quais se tenta esclarecer o
motivo latente e o motivo manifesto da consulta, as ansiedades e defesas que a pessoa que
consulta mostra (e seus pais ou o resto da família), a fantasia de doença, cura e análise que
cada um traz e a construção da história do indivíduo e da família em questão.

Foi deixado totalmente de lado o tipo de inquérito exaustivo e entediante, tanto para o
profissional como para os clientes, e vamos nos guiar na entrevista mais pelo que vai surgindo
conforme o motivo central da consulta.
Para Cunha (2000), é nesse momento que devemos fazer o contrato de trabalho, que envolve
um comprometimento de ambas as partes em cumprir certas obrigações formais.

O psicólogo compromete-se a realizar um exame, durante certo número de sessões, cada


uma com duração prevista, em horários predeterminados, definindo com o paciente ou
responsável os tipos de informes necessários e quem terá acesso aos dados do exame. Esse
contrato deve envolver certo grau de flexibilidade, devendo ser revisto sempre que o
desenvolvimento do processo tiver de sofrer modificações, seja porque novas hipóteses
precisam ser investigadas, seja por ficar obstaculizado por defesas do próprio paciente.
O paciente ou seus responsáveis, por sua vez, se comprometem a comparecer nas horas
marcadas, nos dias previstos e implicitamente a colaborar para que o plano de avaliação seja
realizado sem problemas.

O terceiro momento é o que dedicamos a refletir sobre o material colhido anteriormente e


sobre nossas hipóteses iniciais para planejar os passos a serem seguidos e os instrumentos
diagnósticos a serem utilizados. Segundo Cunha (2000), o processo psicodiagnóstico é um
processo científico e, como tal, parte de perguntas específicas, cujas respostas prováveis se
estruturam na forma de hipóteses que serão confirmadas ou não através dos passos seguintes
do processo.

Geralmente, temos um ponto de partida que é o encaminhamento. Qualquer pessoa que


encaminha um paciente o faz sob a pressuposição de que ele apresenta problemas que têm
uma explicação psicológica e todas as alternativas de explicação são hipóteses, que serão
testadas através do psicodiagnóstico. O esclarecimento e a organização das questões
pressupostas num encaminhamento são tarefas da responsabilidade do psicólogo. Ainda
segundo a mesma autora, os objetivos do psicodiagnóstico dependem das perguntas iniciais.

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Com o plano de avaliação pronto, procuramos identificar recursos que permitam estabelecer
uma relação entre as perguntas iniciais e suas possíveis respostas. O plano de avaliação
consiste em traduzir as perguntas em termos de técnicas e testes, isto é, consiste em
programar a administração de uma série de instrumentos adequados ao sujeito específico e
especialmente selecionados para fornecer subsídios para que se possa chegar às respostas
para as perguntas iniciais. Os dados resultantes, portanto, devem possibilitar confirmar ou
infirmar as hipóteses, com um grau satisfatório de certeza.

O elenco de hipóteses deve ser norteado e delimitado pelo objetivo do psicodiagnóstico. Isto
significa que nem todas as hipóteses levantadas devem ser necessariamente testadas, sob
pena de o processo se tornar inusitadamente longo ou interminável.

Conseguindo selecionar as técnicas e os testes adequados, deve-se distribuí-los conforme as


recomendações inerentes à natureza e ao tipo de cada um, considerando, ainda, o tempo de
administração e as características específicas do paciente. Como se pode pressupor, o plano
de avaliação envolve a organização de uma bateria de testes.

Bateria de testes é a expressão utilizada para designar um conjunto de testes ou de técnicas,


que podem variar entre dois e cinco ou mais instrumentos, que são incluídos no processo
psicodiagnóstico para fornecer subsídios que permitam confirmar ou infirmar as hipóteses
iniciais, atendendo o objetivo da avaliação.

A bateria de testes é utilizada por duas razões principais. Primeiramente, considera-se que
nenhum teste, isoladamente, pode proporcionar uma avaliação abrangente da pessoa como
um todo. Em segundo lugar, o emprego de uma série de testes envolve a tentativa de uma
validação intertestes dos dados obtidos, a partir de cada instrumento em particular,
diminuindo, dessa maneira, a margem de erro e fornecendo melhor fundamento para se
chegar a inferências clínicas.

Há dois tipos principais de baterias de testes: as baterias padronizadas para avaliações


específicas e as não padronizadas, que são organizadas a partir de um plano de avaliação.

No primeiro caso, a bateria de testes não resulta de uma seleção de instrumentos de acordo
com as questões levantadas num caso individual, pelo psicólogo responsável pelo
psicodiagnóstico, a não ser quando se trata de bateria padronizada especializada.

Na prática clínica, é tradicional o uso da bateria não padronizada. No plano de avaliação, são
determinadas as especificidades e o número de testes que são programados
sequencialmente, conforme sua natureza, tipo, propriedades psicométricas, tempo de
administração, grau de dificuldade, qualidade ansiogênica e características do paciente
individual. Embora a bateria não padronizada deva atender, então, a vários requisitos, ela é
organizada de acordo com critérios mais flexíveis do que a bateria padronizada. Os números
de testes eventualmente podem ser modificados para mais ou para menos.

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Em razão da variedade de questões propostas inicialmente e adequadas aos objetivos do


psicodiagnóstico, frequentemente a bateria de testes inclui testes psicométricos e técnicas
projetivas. Neste caso, sua sequência e distribuição relativa, na bateria de testes, devem ser
cuidadosamente consideradas, levando em conta o tempo necessário para a administração, o
grau de dificuldades das mesmas, sua qualidade ansiogênica e as características específicas
do paciente.

Ocampo e colegas (1981) dão primordial importância à questão da mobilização ou não da


ansiedade na distribuição sequencial das técnicas. Dessa maneira recomenda prioridade para
instrumentos não ansiogênicos.

O quarto momento consiste na realização da estratégia diagnóstica planejada.

Muitas vezes age-se de acordo com este plano, em outras, no entanto, são necessárias
modificações durante o percurso. Por isso, insistimos em que não pode haver um modelo
rígido de psicodiagnóstico que possa ser usado em todos os casos, sendo que a melhor
orientação para cada caso virá da experiência clínica e nível de análise pessoal do
profissional.

Cunha (2000) propõe algumas questões básicas relacionadas à administração de testes e


técnicas assim como as particularidades da situação da interação com o examinando e do
manejo clínico que devem ser consideradas:

1. Revisar particularidades referentes aos instrumentos e as características do paciente.


2. Estar suficientemente familiarizado com o instrumento
3. Organizar todo o material que pretende utilizar antes da chegado do cliente.
4. Ter em mente os objetivos para a inclusão de cada técnica da bateria.

O quinto momento é aquele dedicado ao estudo do material para obter um quadro o mais
claro possível sobre o caso em questão. É um trabalho árduo que frequentemente desperta
resistências, mesmo em profissionais de boa formação e que trabalham com seriedade. É
necessário buscar recorrências e convergências dentro do material, encontrar o significado
de pontos obscuros ou produções estranhas, correlacionar os diferentes instrumentos
utilizados, entre si e com a história do indivíduo e de sua família. Se forem aplicados testes,
eles devem ser tabulados corretamente e deve-se interpretar estes resultados para
integrá-los ao restante do material.

Não se trata de um tratado mecânico de montar um quebra-cabeça, mesmo tendo alguma


semelhança com essa tarefa. É mais uma busca semelhante à do antropólogo e do arqueólogo
ou à de um interprete de uma língua desconhecida pelo paciente e sua família cuja tradução

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ajuda a desvendar um mistério e reconstruir uma parte da história que desconhecem a nível
consciente, mas que se refere a quando foi gerada a patologia.

Independente das informações dos testes, nesse momento, o psicólogo já possui um acervo
de observações que constitui uma amostra do comportamento do paciente durante as várias
sessões que transcorreu o processo diagnóstico, desde o contato inicial até a última técnica
utilizada. Em resumo, é capaz de descrever o paciente.

O mais difícil nesse momento do estudo é compreender o sentido da presença de algumas


incongruências ou contradições e aceitá-las como tais, ou seja, renunciar a onipotência de
poder entender tudo. É justamente a presença de elementos ininteligíveis que vai nos alertar
acerca de algo que será entendido muito mais adiante, no decorrer do tratamento, quando a
comunicação entre o sistema consciente e inconsciente tenha-se tornado mais porosa e o
indivíduo estiver, então, em melhores condições para suportar os conteúdos que vierem à
tona. Esses elementos não deverão ser desprezados, pelo contrário, deverão ser colocados no
laudo que enviarmos a quem solicitou o estudo para deixá-lo de sobreaviso. No entanto, pode
ser imprudente incluí-los na devolução ao paciente, pois isso poderá angustiá-lo muito e
provocar uma crise, um ataque ao psicólogo ou uma deserção.

Chegamos assim ao sexto momento do processo psicodiagnóstico: a entrevista de devolução


de informação. Pode ser somente uma ou várias. Geralmente é feita de forma separada: uma
com o indivíduo que foi trazido como protagonista da consulta e outra com os pais e o
restante da família. Se a consulta foi iniciada como familiar, a devolução e nossas conclusões
também serão feitas a toda a família.

Esta última entrevista está impregnada pela ansiedade do paciente, da sua família e, por que
não dizê-lo, muitas vezes também pela do psicólogo, especialmente nos casos mais
complexos. O psicólogo não deve assumir a posição daquele que “sabe” diante dos que não
“sabem”. Primeiro, porque isso não é verdade. Segundo, porque essa posição contém muita
onipotência e dá lugar a reações que atrapalham o trabalho. É insustentável afirmar que em
umas quantas entrevistas tenhamos esgotado o conhecimento de um indivíduo e, ainda mais,
de um casal ou família. Mas é possível dizer que conseguimos desvendar, com a maior certeza
possível, o motivo que provoca o sintoma que dá origem à consulta.

Às vezes o próprio indivíduo ou seus pais podem assumir o papel daquele que pergunta e
esperar que todas as suas dúvidas sejam respondidas, como se o profissional tivesse uma
“bola de cristal”. Nesse caso é necessário reformular os respectivos papéis, especialmente o
do profissional, que não é propriamente um vidente.

O profissional irá gradualmente aventando suas conclusões e observando ás reações que estas
produzem nele ou nos entrevistados. A dinâmica usada deve favorecer o surgimento de novos
materiais. Assim como evitamos o tédio no inquérito da primeira entrevista, evitaremos
também agora transformar a transmissão de nossas conclusões em um discurso que não dê
espaço para que o interlocutor inclua suas reações. Ao contrário, as mesmas serão de grande
utilidade para validar ou não nossas conclusões diagnósticas.

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Os sujeitos ou seus pais podem não ter mencionado algo que surge no material registrado, e
aproveitaremos essa entrevista para perguntar. Muitas vezes esta informação pode mudar
radicalmente as hipóteses levantadas pelo profissional, e sua presença é um bom sinal porque
aumenta o grau de sinceridade e confiança do cliente.

Além do mais, em alguns casos específicos, especialmente em uma família com crianças,
dependendo do que tenhamos percebido na ou nas entrevistas familiares diagnósticas, pode
ser adequado realizar a entrevista de devolução com uma técnica lúdica que se alterne com a
verbal, especialmente naqueles casos nos quais o indivíduo ou a família são movidos mais por
códigos de ação que de verbalização.

Finalmente, o sétimo passo do processo consiste na elaboração do informe psicológico, se


solicitado.

Segundo Cunha (2000), de forma bastante resumida, os passos de um diagnóstico,


utilizando um modelo psicológico de natureza clínica, são os seguintes:

- Levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definição das


hipóteses iniciais;
- Seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico;
- Levantamento quantitativo e qualitativo dos dados;
- Formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como pontos de
referências as hipóteses iniciais e os objetivos do exame;
- Comunicação de resultados e enceramento do processo.

As etapas do processo psicodiagnóstico apontadas por Arzeno (1995) e Cunha (2000):

Assista ao vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=EgvLfJsQXuQ&feature=relmfu

- O primeiro passo ocorre desde o momento em que o cliente ou seus responsáveis fazem

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a solicitação da consulta até o encontro pessoal com o profissional.


- O segundo passo ocorre na ou nas primeiras entrevistas nas quais se tenta esclarecer o
motivo latente e o motivo manifesto da consulta.
- O terceiro momento é o que dedicamos a refletir sobre o material colhido
anteriormente e sobre nossas hipóteses iniciais para planejar os passos a serem seguidos
e os instrumentos diagnósticos a serem utilizados.
- O quarto momento consiste na realização da estratégia diagnóstica planejada.
- O quinto momento é aquele dedicado ao estudo do material para obter um quadro o
mais claro possível sobre o caso em questão.
- O sexto momento do processo psicodiagnóstico: a entrevista de devolução de
informação.
- Finalmente, o sétimo passo do processo consiste na elaboração do informe psicológico,
se solicitado.

7 - Testes e Técnicas Psicológicas

Segundo Scheeffer (1968), o teste psicológico pode ser definido como uma situação
padronizada que serve de estímulo a um comportamento por parte do examinando; esse
comportamento é avaliado, por comparação estatística com o de outros indivíduos
submetidos à mesma situação, permitindo assim sua classificação quantitativa e qualitativa.
Ocampo (1981) nos chama atenção: no planejamento da bateria temos que pensar que o
processo psicodiagnóstico deve ser suficientemente amplo para compreender bem o
paciente, mas ao mesmo tempo, não se deve exceder porque isto implica uma alteração no
vínculo psicólogo - paciente.

Para planejar uma bateria é necessário pensar em testes que captem o maior número
possível de condutas (verbais, gráficas e lúdicas), de maneira a possibilitar a comparação de
um mesmo tipo de conduta, provocada por diferentes estímulos ou instrumentos e diferentes
tipos de conduta entre si. É muito importante discriminar a sequência em que serão aplicados
os testes escolhidos. Ela deve ser estabelecida em função de dois fatores: a natureza do teste
e a do caso em questão. O teste que mobiliza uma conduta que corresponde ao sintoma
nunca deve ser aplicado primeiro. Utilizar estes testes em primeiro lugar supõe colocar o
paciente na situação mais ansiógena ou deficitária sem o prévio estabelecimento de uma
relação adequada. Recomendamos como regra geral reservar os testes mais ansiógenos para
as últimas entrevistas.

Os testes gráficos são os mais adequados para começar um exame psicológico, por diversas
razões, entre elas por abarcarem os aspectos mais dissociados, menos sentidos como
próprios, e permitirem que o paciente trabalhe mais aliviado, além de serem econômicos
quanto ao tempo gasto em sua aplicação, ou seja é uma tarefa fácil.

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Consideramos necessário incluir, entre os testes gráficos, diferentes conteúdos em relação ao


tema solicitado, começando pelos de temas mais ambíguos até chegar aos mais específicos.
Numa bateria - padrão, segundo Ocampo (1981), devem ser incluídos, entre os testes
projetivos, aqueles que promovam condutas diferentes. Portanto, a bateria projetiva deve
incluir testes gráficos, verbais e lúdicos. Quanto aos testes de inteligência, sua inclusão na
sequência da bateria não pode ser arbitrária, o momento exato de sua inclusão deve ser
decidido de acordo com o caso.

No planejamento da bateria temos que pensar que o processo psicodiagnóstico deve ser
suficientemente amplo para compreender bem o paciente, mas ao mesmo tempo, não
se deve exceder porque isto implica numa alteração no vínculo psicólogo - paciente.

Numa bateria - padrão, segundo Ocampo (1981), devem ser incluídos, entre os testes
projetivos, aqueles que promovam condutas diferentes. Portanto, a bateria projetiva
deve incluir testes gráficos, verbais e lúdicos. Quanto aos testes de inteligência, sua
inclusão na sequência da bateria não pode ser arbitrária, o momento exato de sua
inclusão deve ser decidido de acordo com o caso.

7.1 – Algumas Sugestões de Métodos e Técnicas Utilizadas

1. Quanto ao método quantitativo: são utilizados testes psicométricos (tabelas padronizadas


para uma dada população), como: testes de inteligência, técnicas expressivo-gráficas
psicométricas, inventários de personalidade, inventário de traços ou estados afetivos,
inventários de sintomas específicos, escala de maturidade viso-motora.

2. Quanto ao método clínico propriamente dito: entrevistas de vários tipos, técnicas de


associação, técnicas de construção, técnicas de complemento, técnica expressivo-gráficas,
técnicas expressivo-lúdicas, técnicas de ordenação, etc.

3. Quanto ao método organizacional: observação livre ou sistemática de várias situações,


diretamente ou com a utilização de recursos técnicos.

8 - As Entrevistas

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8.1 - Definição e Tipos de Entrevistas

Em psicologia, a entrevista clínica pode ser entendida como um conjunto de técnicas de


investigação, que tem o seu tempo delimitado e é direcionada por um profissional treinado,
que vai utilizar conhecimentos psicológicos, com o objetivo de descrever e avaliar os
aspectos pessoais, relacionais ou sistêmicos (indivíduo, casal, família, rede social) do
entrevistado, em um processo que visa fazer recomendações, encaminhamentos ou propor
algum tipo de intervenção em benefício das pessoas entrevistadas.

Examinando os elementos dessa definição podemos dizer que técnica é entendida como uma
série de procedimentos que possibilitam investigar os temas em questão. A investigação
possibilita alcançar os objetivos primordiais da entrevista, que são descrever e avaliar, o que
pressupõe o levantamento de informações, a partir das quais se torna possível relacionar
eventos e experiências, fazer inferências, estabelecer conclusões e tomar decisões. Essa
investigação se dá dentro de domínios específicos da psicologia clínica e leva em
consideração conceitos e conhecimentos amplos e profundos nessas áreas. Esses domínios
incluem, por exemplo, a psicologia do desenvolvimento, a psicopatologia, a psicodinâmica,
as teorias sistêmicas. Aspectos específicos em cada uma dessas áreas podem ser priorizados
como, por exemplo, o desenvolvimento psicossexual, sinais e sintomas psicopatológicos,
conflitos de identidade, relação conjugal, etc.

Afirmamos ainda que a entrevista é parte de um processo. Este deve ser concebido,
basicamente como um processo de avaliação, que pode ocorrer em apenas uma sessão e ser
dirigido a fazer um encaminhamento, ou a definir os objetivos de um processo
psicoterapêutico. Muitas vezes, o aspecto avaliativo de uma entrevista inicial confunde-se
com a psicoterapia que se inicia, devido ao aspecto terapêutico intrínseco a um processo de
avaliação e ao aspecto avaliativo intrínseco à psicoterapia. Outras vezes, o processo de
avaliação é complexo e exige um conjunto diferenciado de técnicas de entrevistas e de
instrumentos e procedimentos de avaliação, como, por exemplo, além da entrevista, os
instrumentos projetivos ou cognitivos, as técnicas de observação, etc. A importância de
enfatizar a entrevista como parte de um processo é poder vislumbrar o seu papel e o seu
contexto ao lado de uma grande quantidade possível de procedimentos em psicologia.

A entrevista clínica é um procedimento poderoso e, pelas suas características, é o único


capaz de adaptar-se à diversidade de situações clínicas relevantes e de fazer explicitar
particularidades que escapam a outros procedimentos, principalmente aos padronizados. A
entrevista é a única técnica capaz de testar os limites de aparentes contradições e de tornar
explícitas características indicadas pelos instrumentos padronizados, dando a eles validade
clínica, por isso, a necessidade de dar destaque à entrevista clínica no âmbito da avaliação
psicológica.

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Definimos ainda a entrevista clínica como tendo características de ser dirigida. Afirmar que a
entrevista é um procedimento pode suscitar alguns questionamentos. Mesmo nas chamadas
entrevistas “livres”, é necessário o reconhecimento, pelo entrevistador, de seus objetivos.
Como afirmamos antes, os objetivos de cada tipo de entrevista definem as estratégias
utilizadas e seus limites. É no intuito de alcançar os objetivos da entrevista que o
entrevistador estrutura suas intervenções. O entrevistador precisa estar preparado para lidar
com o direcionamento que o sujeito parece querer dar à entrevista, de forma a otimizar o
encontro entre a demanda do sujeito e os objetivos da tarefa. Em síntese, concluímos que
todos os tipos de entrevista tem alguma forma de estruturação na medida em que a atividade
do entrevistador direciona a entrevista no sentido de alcançar seus objetivos.

Entrevistador e entrevistado têm, nesse processo, atribuições diferenciadas de papéis. A


função específica do entrevistador coloca a entrevista clínica no domínio de uma relação
profissional. É dele a responsabilidade pela condução do processo e pela aplicação de
conhecimentos psicológicos em benefício das pessoas envolvidas. É responsabilidade dele
dominar as especificidades da técnica e a complexidade do conhecimento utilizado. Essa
responsabilidade delimita (estrutura) o processo em seus aspectos clínicos. Assumir essas
responsabilidades profissionais pelo outro tem aspectos éticos fundamentais, significa
reconhecer a desigualdade intrínseca na relação que dá uma posição privilegiada ao
entrevistador. Essa posição lhe confere poder e, portanto, a responsabilidade de zelar pelo
interesse e bem-estar do outro. Também é do entrevistador a responsabilidade de
reconhecer a necessidade de treinamento especializado e atualizações constantes ou
periódicas.

A complexidade dos procedimentos específicos de cada tipo de entrevista clínica, dos


conhecimentos psicológicos envolvidos e dos aspectos relativos à competência do
entrevistador, necessário para sustentar uma relação interpessoal de investigação clínica,
requerem treinamento especializado. O resultado de uma entrevista depende largamente da
experiência e da habilidade do entrevistador, além do domínio da técnica.

Supõe-se que a entrevista clínica deve ter como beneficiário direto as pessoas entrevistadas.
Por outro lado, isso nem sempre é claro nos dias de hoje, quando os psicólogos têm que se
haver, cada vez mais, com terceiros envolvidos, como juízes, empregados, empresas de
seguros, etc. Nesse sentido é necessário o psicólogo definir em que sentido quem é o cliente
(empresa ou empregado, por ex.) e que demandas são apropriadas ou não.

As necessidades de delimitação temporal são claras e essa delimitação não requer,


necessariamente, um único encontro. Mesmo quando o processo requer mais de uma ocasião,
no processo de entrevista, não há um contrato de continuidade como em um processo
terapêutico, embora, frequentemente, a entrevista clínica resulte em um contrato
terapêutico. A delimitação temporal tem a função de explicitar as diferenças de objetivos
dos dois procedimentos e dos papéis diferenciados do profissional nas duas situações. Essa
delimitação define o setting e fortalece o contrato terapêutico, que pode ser consolidado

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como conclusões das entrevistas iniciais. Essas recomendações, o encaminhamento ou a


definição de um setting e contrato terapêutico podem ocorrer integrados como parte de uma
única sessão de entrevista ou podem se reservados para uma entrevista designada
exclusivamente para este fim (entrevista de devolução), demarcando, de maneira mais
precisa, o término do processo de avaliação.

Adrados (1982) afirma que a entrevista é tida como uma técnica, dentre outras de extrema
relevância, principalmente porque subsiste ao dia a dia tornando-se cada vez mais eficiente e
imprescindível, constituindo-se como ponto fundamental para o alcance de uma visão global
e consequentemente de uma conclusão diagnóstica a respeito do cliente.

Existem diversos tipos de entrevistas, que irão se diferenciar de acordo com seu objetivo
principal e com o trabalho que está sendo realizado. Para cada processo há um tipo de
entrevista, e que podem ser classificadas de várias maneiras: segundo o seu aspecto formal,
segundo os objetivos e segundo a estruturação.

Quanto ao aspecto formal, as entrevistas podem ser divididas em estruturadas,


semiestruturadas e de livre estruturação. As entrevistas estruturadas são de pouca utilidade
clínica. A aplicação desse tipo de entrevista é mais frequente em pesquisas. Sua utilização
raramente considera as necessidades ou demandas do sujeito avaliado – usualmente ela se
destina ao levantamento de informações definidas pelas necessidades de um projeto.
Privilegiam a objetividade – as perguntas são quase sempre fechadas ou delimitadas por
opções previamente determinadas e buscam respostas específicas a questões específicas.

É tradição se referir à entrevista de livre estruturação com entrevista livre ou não


estruturada ou ainda, aberta. Nesse tipo de entrevista, o paciente é convidado a falar
livremente sobre aquilo que quiser. Cunha (2000) argumenta que mesmo assim, a entrevista
tem alguma estruturação.

As entrevistas semiestruturadas são assim denominadas porque o entrevistador tem clareza


de seus objetivos, de que tipo de informação é necessária para atingi-los, de como essa
informação deve ser obtida, quando ou em que sequência, em que condições devem ser
investigadas e como deve ser considerada. Além de modo padronizado, ela aumenta a
confiabilidade ou fidedignidade da informação obtida.

Quanto à classificação das entrevistas a partir dos seus objetivos podemos dizer que há uma
grande variedade. Dentre as mais estudadas vamos citar:

1. Entrevista de triagem: tem por objetivo avaliar a demanda do sujeito e fazer um


encaminhamento. Geralmente, é utilizada em serviços de saúde pública ou em clínicas
sociais, onde existe a procura contínua por uma diversidade de serviços psicológicos, e
torna-se necessário a adequação da demanda em relação ao encaminhamento pretendido.

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2. Entrevista de anamnese: tem por objetivo o levantamento detalhado da história de


desenvolvimento da pessoa, principalmente na infância. A anamnese é uma técnica de
entrevista que pode ser facilmente estruturada cronologicamente.

3. Entrevistas diagnósticas: pode priorizar os aspectos sindrômicos ou psicodinâmicos. O


primeiro visa à descrição de sinais e sintomas para a classificação de um quadro ou síndrome.
O diagnóstico psicodinâmico visa à descrição e a compreensão da experiência ou do modo
particular de funcionamento do sujeito, tendo em vista uma abordagem teórica. É um tipo de
entrevista que visa à modificação de um quadro apresentado em benefício do sujeito.

4. Entrevistas sistêmicas: focalizam a avaliação da estrutura ou da história relacional ou


familiar. Podem também avaliar aspectos importantes da rede social de pessoas e famílias.

Assista ao vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=cZQENpG6CrU&feature=relmfu

5. Entrevista de devolução: tem por finalidade comunicar ao sujeito o resultado da avaliação.


Em muitos casos, essa atividade é integrada em uma mesma sessão, ao final da entrevista.
Em outras situações, principalmente quando as atividades de avaliação se estendem por mais
de uma sessão, é útil destacar a entrevista de devolução do restante do processo.

Em psicologia, a entrevista clínica pode ser entendida como um conjunto de técnicas de


investigação, que tem o seu tempo delimitado e é direcionada por um profissional

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treinado, que vai utilizar conhecimentos psicológicos, com o objetivo de descrever e


avaliar os aspectos pessoais, relacionais ou sistêmicos (indivíduo, casal, família, rede
social) do entrevistado, em um processo que visa a fazer recomendações,
encaminhamentos ou propor algum tipo de intervenção em benefício das pessoas
entrevistadas.

A entrevista é a única técnica capaz de testar os limites de aparentes contradições e de


tornar explícitas características indicadas pelos instrumentos padronizados, dando a
eles validade clínica, por isso, a necessidade de dar destaque à entrevista clínica no
âmbito da avaliação psicológica.

Existem diversos tipos de entrevistas, que irão se diferenciar de acordo com seu
objetivo principal e com o trabalho que está sendo realizado. Para cada processo há um
tipo de entrevista, que podem ser classificadas de várias maneiras: segundo o seu
aspecto formal, segundo os objetivos e segundo a estruturação.

Quanto ao aspecto formal, as entrevistas podem ser divididas em estruturadas,


semiestruturadas e de livre estruturação.

É tradição se referir à entrevista de livre estruturação com entrevista livre ou não


estruturada ou ainda, aberta. Nesse tipo de entrevista, o paciente é convidado a falar
livremente sobre aquilo que quiser.

As entrevistas semiestruturadas são assim denominadas porque o entrevistador tem clareza


de seus objetivos, de que tipo de informação é necessária para atingi-los, de como essa
informação deve ser obtida, quando ou em que sequência, em que condições deve ser
investigada e como deve ser considerada.

Quanto à classificação das entrevistas a partir dos seus objetivos podemos dizer que há uma
grande variedade. Dentre as mais estudadas vamos citar: triagem, anamnese, diagnóstica,
sistêmicas e devolução.

8.2 - Competências do avaliador para as entrevistas e a qualidade da relação:

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O bom uso da técnica deve ampliar o alcance das habilidades interpessoais do entrevistado e
vice-versa. Para levar uma entrevista a termo de modo adequado, o entrevistador deve ser
capaz de:

1. Estar presente, no sentido de estar inteiramente disponível para o outro naquele


momento, e poder ouvi-lo sem a interferência de questões pessoais;
2. Ajudar o paciente a se sentir à vontade e a desenvolver uma aliança de trabalho;
3. Facilitar a expressão dos motivos que levaram a pessoa a ser encaminhada ou a buscar
ajuda;
4. Buscar esclarecimentos sobre colocações vagas ou incompletas;
5. Confrontar esquivas e contradições, mas de forma gentil;
6. Tolerar a ansiedade relacionada aos temas evocados na entrevista.
7. Reconhecer defesas e modos de estruturação do paciente, especialmente quando elas
atuam diretamente na relação com o entrevistador (transferência);
8. Compreender seus processos contratransferênciais;
9. Assumir a iniciativa em momentos de impasse;
10. Dominar as técnicas que utiliza.

8.3 - Objetivos e requisitos da primeira entrevista em avaliação

No caso de ser a primeira consulta que os pais (ou paciente adulto) fazem, a primeira
entrevista é o primeiro passo do processo psicodiagnóstico e deve reunir certos requisitos
para cobrir seus objetivos, tais como: no começo ser muito livre, não direcionada, de forma
que possibilite a investigação do papel que cada um dos pais desempenha, entre eles e
conosco; o papel que cada um parece desempenhar com o filho, a fantasia que cada um traz
sobre o filho, a fantasia de doença e cura que cada um tem, a distância entre o motivo
manifesto e o latente da consulta, o grau de colaboração ou de resistência com o
profissional, etc.

Para isso, serão levados em consideração tanto elementos verbais como não verbais da
entrevista, a gesticulação dos pais, seus lapsos, suas ações, como por exemplo, ir ao
banheiro, esquecer algo ao partir, segurar uma bolsa ou pasta o tempo todo, fazer
comentários profissionais, fazer alguma queixa (mesmo parecendo justificada pode estar
encobrindo uma queixa de outra natureza), desencontro do casal ao chegar para a primeira
entrevista, trocar o horário por engano, trazer uma lista escrita com dados excessivamente
detalhados, olhar o teto o tempo todo, pedir um conselho rapidamente, etc.
Contratransferencialmente, deveremos escutar de maneira constante aquilo que sentimos e
as associações que fazemos à medida que eles vão relatando a sua versão do que ocorre.
Assim, ficaremos com uma imagem desse filho, a imagem que eles nos transmitiram, cada um
a sua, e a que fica conosco, que nem sempre é o reflexo fiel do que os pais têm tentado nos
passar.

Quando conhecermos o filho, que é o passo seguinte do processo, já poderemos comparar

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essa imagem que temos dele com a que realmente estamos recebendo. Foi dito antes que o
primeiro requisito da entrevista projetiva é de que seja livre. Um segundo requisito é que em
outro momento, quando for mais oportuno, segundo o julgamento do profissional que está
fazendo o trabalho, seja bastante dirigida de forma a poder elaborar uma história clínica
completa do paciente. Deve-se solicitar dados, colher informação exaustiva sobre a história
do sintoma e também deixar estabelecido um contrato para esta etapa do trabalho
diagnóstico. Por exemplo, quantas entrevistas serão feitas, quem deve participar, em que
horário, que ordem será dada ao filho, quais serão os honorários, qual o objetivo de todo o
estudo, em que vamos centrá-lo, qual é o motivo mais profundo, que destino terá a
informação que obtivermos (se será transmitida a eles ou ao filho, ou além deles ao pediatra,
à professora, a um juiz, etc.).

É importante detectar na primeira entrevista, seja com os pais, com o filho, com o
adolescente ou com o adulto que chegam pela primeira vez, o nível de angústia, o nível de
preocupação que provoca isso que está ocorrendo com eles. É necessário e saudável que se
produza num momento determinado da entrevista, quando o paciente ou seus pais tenham
insight de que o que ocorre é triste, preocupa ou assusta, notar que surja neles algum indício
de tais sentimentos, pois se não for assim pode predominar um clima de negação parcial da
verdadeira importância do conflito, ou um clima maníaco de negação total e projeção, como
quando tudo parece ser preocupação da professora ou do pediatra, mas não dos pais.

É importante ainda ressaltar que em um processo diagnóstico é fundamental trabalhar com


um nível de ansiedade instrumental, ou seja, saudável. Isto é importante porque o nível de
ansiedade e o modo como regem o paciente, os pais e a família para contê-la ou manejá-la é
um dado diagnóstico e prognóstico muito significativo.

Não tem o mesmo significado que os pais de uma criança entrem numa crise da qual nós
dificilmente poderemos tirá-los, que se vemos que eles mesmos são capazes de conter a
própria angústia ou um deles é capaz de conter a angústia do outro, também o é se eles
reagem positivamente à ação moderadora do psicólogo.

Quando isso ocorre, essa criança tem um respaldo, uma contenção muito mais forte que
aquela que os pais negadores oferecem, ou aqueles que estão atravessando sua própria crise
de angústia. Nestes casos, também eles deverão receber uma ajuda pertinente, porque não
há alguém capaz de resgatar o grupo familiar da situação angustiante. Existe um nível de
angústia ou ansiedade cujo aparecimento é saudável, mas exacerbação é negativa, pois o
paciente entra numa crise de angústia da qual não consegue se afastar, e não podemos de
maneira alguma pensar em aplicar algum teste; podendo isto ser, inclusive, uma conduta
pouco humana, absurda e iatrogênica. Ocorre frequentemente sob algum comando, ou diante
de determinada lâmina de algum teste que o paciente as associa automaticamente com
alguma morte ou com algum acontecimento que desencadeou o seu conflito. Nestes casos
pode ocorrer um bloqueio total, uma crise de choro ou uma rejeição violenta, talvez se
negando a realizar a tarefa. Todas estas reações têm importância diagnóstica, porque
indicam quais são as reações do paciente quando tocamos seus pontos mais vulneráveis e
dolorosos. É provável que nesses casos tenhamos que suspender a tarefa, escutar o que ele
precisa nos contar, o que lembrou ou associou, sendo que nesse momento teremos então uma
nova etapa de entrevista aberta, mesmo já estando na fase de aplicação de algum teste.

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Cabe aqui uma recomendação. Não devemos esquecer que estamos desde o início incluindo
aspectos transferenciais da relação do paciente ou dois pais conosco, e também (mesmo se
não as verbalizamos) contratransferenciais. Não devemos esquecer também que aquilo que se
reestrutura, seguindo a teoria da Gestalt, é um campo no qual cada um dos integrantes (no
qual nós incluídos) terá uma constante mobilidade dinâmica, de tal modo que o que vier a
ocorrer é algo além do mero somatório de condutas individuais.

Se os pais forem um casal bem estruturado, os sentiremos unidos e haverá uma distância
ideal entre eles e nós. Se o casal não estiver bem unido poderemos notar que um deles quer
excluir o outro e fazer uma aliança conosco. Ou então, que um deles se exclui desce o início,
não vindo à entrevista, ou tentando ser uma presença ausente (por exemplo, olhando para o
teto o tempo todo), fazendo que o outro não tenha outra solução que falar conosco
constantemente. Pode ocorrer também que não queiram vir juntos. No caso de já existir a
separação, devemos aceitar esta situação, mas deveremos tentar de todas as formas
possíveis que assistam juntos à entrevista final para que tomem uma decisão conjunta, pois
trata-se de compreender o que está acontecendo com o filho e decidir o seu futuro. Parecem
consultar com a finalidade de desqualificá-lo repetidamente e não buscando a sua ajuda.

A diferença entre uma entrevista clínica habitual e aquela que é o ponto de partida para um
estudo psicodiagnóstico com os testes projetivos é que nesta deveremos manter um duplo
papel: no início, um papel de não intervenção ativa, limitando-nos a sermos um observador
da situação que está se desenvolvendo no campo do qual estamos participando. Tentaremos
manter o nosso papel de observador que escuta e registra (através do material do paciente e
dos efeitos contratransferenciais).

A posteriori e gradualmente, iremos intercalando perguntas ou tentando dirigir o diálogo.


Devemos considerar o momento mais oportuno, adotar em papel mais ativo, tal como
intervir, investigar, e inclusive enfrentar os pais com suas próprias contradições, falta de
recordações ou falta de sensibilidade para registrar a seriedade da sintomatologia e os riscos
que o filho está correndo.

Na entrevista com um adulto ocorreria o mesmo. Tecnicamente, isto pode ser feito
simplesmente assinalado alguns pontos, sem fazer interpretações, o que não é recomendável
na primeira entrevista. Mas o grau de permeabilidade é muito variável. Alguns pais (ou
adolescentes ou adultos) vêm com muito insight e possibilitam-nos trabalhar desde o primeiro
contato, de uma maneira muito mais ágil e terapêutica. Isso, no entanto, não é o usual, e às
vezes ocorre totalmente o contrário.

Nessa entrevista inicial, usa-se o enquadre de uma entrevista aberta projetiva,


fundamentalmente no início. Mas logo, essa deve ser dirigida para colher todos os dados

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necessários ou enfrentar os pais, mostrando-lhes situações que observamos muito negadas,


deslocadas ou dissociadas.

Com crianças, o equivalente á entrevista projetiva inicial é a hora do jogo diagnóstico. Tanto
com eles quanto com adolescentes e adultos, continuaremos logo com os testes, e na maioria
dos casos teremos que fazer os respectivos inquéritos. Espera-se que o mesmo modelo se
repita: no início colheremos a produção espontânea do paciente e logo faremos um inquérito
para especificar detalhar das respostas (solucionar ambiguidades ou contradições, completar,
esclarecer, etc.) e isso exige de nós ma atitude abertamente dirigida.

É por isso que dizemos que a atitude do profissional que realiza o estudo da personalidade
com testes projetivos, é composta: não é totalmente de laissez faire[C2] , nem tampouco
uma atitude absolutamente fechada ou de dirigismo rígido. E é bastante difícil esgotar todas
as possibilidades, porque cada caso é um psicodiagnóstico único e que não se repete, devido
a que, como já se disse, não pode existir um modelo único e rígido. A atitude do psicólogo
deve ser ao mesmo tempo plástica, aberta, permeável e concretamente precisa e
centralizada em um objetivo que não podemos ignorar ou perder de vista em momento
algum. Ficarmos com uma resposta ambígua significa não podermos chegar às conclusões
necessárias para realizar o diagnóstico ou prognóstico, nem tomar uma decisão ou dar
sugestões quanto à estratégia terapêutica confeccionando um bom informe.

Por essa razão, se um paciente resiste a realizar uma tarefa determinada, podemos trocá-la
por outra equivalente, mas não omiti-la. Podemos encontrar outro teste paralelo ou
propor-lhe uma outra atividade. Podemos, inclusive, não aplicar nenhum teste no momento,
simplesmente dedicar horas de jogo com uma criança, ou realizar entrevistas com um
adolescente ou adulto, mas isso não significa que deixaremos de fazê-lo mais adiante, no
momento mais oportuno.

No caso em que estivermos fazendo um psicodiagnóstico grupal, não há uma primeira


entrevista inicial individual ou, se ela existe, é muito breve. Nesses casos, deve-se iniciar
convocando o grupo para a aplicação de uma série de provas coletivas (ou seja, cada um fará
o seu trabalho simultaneamente ao trabalho dos outros) ou grupais (nas quais, entre todos,
vão elaborar uma resposta a uma solicitação nossa). Nestes casos, a informação que viermos
a obter será algo como uma mera discriminação entre os que possuem e os que não possuem
um requisito determinado.

Nestes casos pode acontecer que não se inclua o contato individual nem a relação
transferência-contratransferência, ou seja, o campo dinâmico que é criado em uma
entrevista individual. Tudo isso é excluído para poder-se obter informações sobre um grupo
muito maior no menor tempo possível. Se estivermos trabalhando em escolas, por exemplo, é
muito importante detectar patologias sérias e posteriormente, seriam convocados os
indivíduos cujo material apresenta o que é chamando de indicadores de conflito ou de
patologia. Será então necessário entrevistar os pais e fazer um estudo mais minucioso e
individual de cada um. Não podemos esquecer que objetivo de uma pesquisa assim realizada
é ajudar um número grande de pessoas, detectando precocemente a patologia, e esta é uma
técnica extremamente útil.

Se a primeira entrevista cumpriu sua finalidade, terminaremos a mesma com:

Uma imagem do conflito central e seus derivados;

Uma história da vida do paciente e da situação desencadeadora;

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Alguma hipótese inicial sobre o motivo profundo do conflito, a qual será ratificada ou
modificada, segundo o material projetivo dos testes e da entrevista de devolução;

Uma estratégia para usar determinados instrumentos diagnósticos seguindo uma


determinada ordem, de modo que sirvam para ratificar e ampliar as nossas hipóteses
prévias ou para retificá-las.

8.4 - O Primeiro Contato na Consulta

Apesar de ter afirmado que o processo psicodiagnóstico consta de vários passos (e estes de
fato ocorrem), nunca se pode afirmar que um vem antes e o outro vem depois de uma forma
mecânica, fixa e estática. Tudo depende de diversas razões.

Esses diferentes passos já foram anteriormente abordados. Vamos relembrar:

O primeiro consiste na primeira tomada de contato. Isto significa que nessa primeira etapa
teremos recebido o telefonema do paciente ou o pedido de um profissional para realizar o
estudo de um paciente determinado. Se quem nos solicita o estudo é o terapeuta que vai se
encarregar do tratamento, nosso papel ficara restrito basicamente à aplicação de testes
pertinentes.

Nestes casos é necessário tomar cuidado para não interferir demais na relação transferencial
que o paciente já tenha estabelecido com seu terapeuta. Numa consulta dessa natureza
tentaremos reduzir a entrevista inicial ao mínimo possível. Em alguns casos é bom trabalhar
praticamente às cegas, com dados mínimos de identidade do grupo familiar, motivo da
consulta, e muito especificamente o motivo que levou o terapeuta a solicitar o estudo. Seria
preferível que a devolução (que é um dos passos finais do processo) fosse feita pelo próprio
terapeuta na medida e no momento que considerasse adequado, e somente seria feita pelo
profissional que realizou o psicodiagnóstico se aquele o considera mais conveniente,
explicitando a razão.

O informe que enviaremos a esse profissional tem uma relevância especial, pois ali deve
estar contida toda a informação que ele necessita. Devemos então realiza-lo com dedicação
especial para poder cumprir com a finalidade a que se destina o estudo.

Se não for possível atingir os objetivos, será importante continuar com mais uma entrevista.
Isto acontece frequentemente com os pais de uma criança, pois cinquenta minutos podem ser
insuficientes para todo esse trabalho. Podemos então prolongá-la ou fazer mais de uma
entrevista inicial.

Se o nível de ansiedade (persecutória, depressiva ou confusional) dos pais tornar difícil


manter um clima adequado, torna-se aconselhável chamá-los novamente, pois geralmente na

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segunda entrevista estão mais tranquilos, menos tensos, menos defensivos, mais recuperados
e melhor situados.

No caso contrário, a situação é pouco promissora e seria aconselhável pensar que a terapia
individual do filho exclusivamente não é o mais adequado. Deve ser complementado com
orientação dos pais, ou indicação de terapia de casal, familiar, vincular, etc.

Concluímos então que a “primeira entrevista” é um conceito referente à primeira etapa


diagnóstica, que tem um objetivo específico, mas não significa que deve ser só uma nem que
deve ser realizada obrigatoriamente no início do processo diagnóstico. Em circunstâncias
especiais podemos obter dados após a aplicação dos testes, e não no início da consulta.

A “primeira entrevista” é um conceito referente à primeira etapa diagnóstica, que tem


um objetivo específico, mas não significa que deve ser só uma nem que deve ser
realizada obrigatoriamente no início do processo diagnóstico. Em circunstâncias
especiais podemos obter dados após a aplicação dos testes, e não no início da consulta.

9 - O Enquadre no Processo Psicodiagnóstico

Magritte

Em todas as atividades clínicas, e entre elas se inclui o psicodiagnóstico, é necessário partir


de um enquadre.

O enquadre pode ser mais estrito, mais amplo, mais permeável ou mais plástico, conforme as
diferentes modalidades do trabalho individual ou conforme as normas da instituição na qual
se trabalhe. Varia de acordo com o enfoque teórico que serve como marco referencial
predominante para o profissional, conforme a sua formação, suas características pessoais e
também conforme as características do cliente.

Alguns profissionais afirmam que trabalham sem enquadre. Esta afirmação, no entanto,
encerra uma falácia, pois essa posição de não enquadre já é por si mesma uma forma de
enquadre, em todo caso do tipo laissez-faire.

Cada profissional assume um sistema de trabalho que o caracteriza, além das variáveis que
possa introduzir no caso.

A qualidade e o grau da patologia do cliente nos obrigam a adaptar o enquadre a cada caso.
Não é possível trabalhar da mesma forma com um paciente neurótico, com um psicótico ou

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com um psicopata grave. Cada caso implica diferentes graus de plasticidade. Uma pessoa
absolutamente dependente exigirá esclarecimentos permanentes do que deve ou não fazer,
enquanto que outros sentirão nossas intervenções como interferências desagradáveis. Um
psicopata precisa ser limitado constantemente. O psicótico exige de nossa parte uma total
concentração. Precisa ser limitado, mas também cuidado e protegido e também precisamos
proteger-nos.

A idade do paciente também influi no enquadre escolhido. Com uma criança pequena,
sentaremos para brincar no chão se ela assim solicitar. Com adolescentes, sabemos que
precisamos ser mais tolerantes quanto à sua frequência, sua pontualidade e suas resistências
para realizar certos testes dos quais “não gostam”. Talvez queiram antes acabar de escutar
uma música em seu mp3. Deixamos escutá-la até ele dizer que podemos começar. Talvez
também fizéssemos o mesmo com uma criança ou com um adulto psicótico.

Conclusão: é impossível trabalhar sem um enquadre, mas não existe um único enquadre.

Quando questionados sobre o enquadre que usamos, muitas vezes acontecerá que a reflexão
vem a posteriori da prática clínica. Em primeiro lugar, agimos, e depois refletiremos sobre
como e por que trabalhamos daquela forma. Bion recomenda trabalhar com absoluta atenção
flutuante e liberdade, e depois de terminada a sessão, então sim, é aconselhável tomar notas
e pensar sobre o ocorrido. No psicodiagnóstico isto se aplica principalmente à entrevista
inicial. Nas seguintes já é necessário agir de outra forma para atingir nosso objetivo.

Seja com um adolescente, com um adulto ou com os pais de uma criança, a primeira
entrevista nos dará subsídios que facilitarão o enquadre a ser escolhido. Seu comportamento,
seu discurso, suas reações, são indicadores que nos ajudam a resolver que tipo de enquadre
usaremos, se mais estrito ou mais permissivo.

O enquadre inclui não somente o modo formulação do trabalho, mas também o objetivo do
mesmo, a frequência dos encontros, o lugar, os horários, os honorários e, principalmente, o
papel que cabe a cada um.

O papel do psicólogo não é o de quem sabe, enquanto que o do paciente é o de quem não
sabe. Ambos sabem algo e ambos desconhecem muitas coisas que irão descobrindo juntos. O
que marca a assimetria de papéis é que o psicólogo dispõe de conhecimentos e instrumentos
de trabalho para ajudar o paciente a decifrar os seus problemas, a encontrar uma explicação
para os seus conflitos e para aconselhá-lo sobre a maneira mais eficiente de resolvê-los.

Quando alguém chega pela primeira vez, perguntamos: “Em que posso ajudá-lo?” e com a
resposta obtemos a primeira chave sobre a forma de encarar o caso. Se a resposta for:
“Venho porque estou preocupado, estou muito nervoso, não consigo dormir, não me
concentro no trabalho e não sei por que isso acontece”, não nos provoca a mesma reação do
que se o indivíduo respondesse: “Não sei, foi o médico que me mandou porque estou com

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úlcera e ele diz que é psicológico”. Perguntaríamos: “mas você, o que pensa. Acha que o
médico está certo?” sua resposta pode ser afirmativa, o que abre uma perspectiva mais
favorável, ou pode responder: “Não, eu não acredito nessas coisas”. Essa resposta deixa
pouquíssima margem para encarar qualquer tipo de trabalho. Se o médico nos enviou seu
paciente e espera receber um informe psicológico, devemos explicar-lhe que mesmo que ele
não acredite faremos alguns testes para poder enviar ao médico uma resposta conforme o
que ele espera de nós.

Não sendo assim, é muito difícil realizar o psicodiagnóstico e, quase é conveniente colocar
que, o prorrogaremos até que ele sinta a necessidade de fazê-lo, até que esteja convencido
de que seu médico esta com razão. Do contrário, mesmo que ele faça de boa vontade o que
lhe pedirmos, as conclusões que obtivermos não terão valor nenhum para ele, e a entrevista
de devolução poderia tornar-se uma espécie de desafio no qual queremos convencê-lo de
algo que ele se nega a aceitar.

Alguns autores afirmam que existem certos aspectos do enquadre que permanecem “mudos”
até que alguma circunstância nos obriga a rompê-los, e então aparecem com clareza.

Suponhamos que o terapeuta tenha sido sempre pontual, até que um dia um problema no
trânsito o obriga a chegar vinte minutos mais tarde. O paciente está esperando furioso, quase
o insulta e grita “porque o senhor deve estar aqui quando eu chego”. Se não houvesse surgido
esta “ruptura” do enquadre, essa reação teria permanecido sempre encoberta pela seriedade
do comportamento do terapeuta.

Sabemos em que tanto o profissional como o paciente, trazem para o encontro um aspecto
mais infantil e outro mais maduro. Se o contrato do psicodiagnóstico é feito sobre a base dos
aspectos infantis de ambos, os resultados serão negativos e perigosos.

Bleger, citado por Arzeno (1995), coloca em seu artigo La entrevista psicológica (publicação
interna da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires):

Para obter o campo particular da entrevista que descrevemos, devemos contar com um enquadre fixo
que consiste na transformação de certo conjunto de variáveis em constantes. Dentro deste enquadre
inclui-se não somente a atitude técnica e o papel do entrevistador como o temos descrito, mas
também os objetivos, o lugar e a duração da entrevista. O enquadre funciona como um tipo de
padronização da situação estímulo para ele, mas que deixe de oscilar como variável para o
entrevistador. Se o enquadre sofre alguma modificação (por exemplo, porque a entrevista é realizada
em um lugar diferente) essa modificação deve ser considerada como uma variável sujeita à
observação, tanto como o próprio entrevistado. Cada entrevista possui um contexto definido
(conjunto de constantes e variáveis) devido ao qual ocorrem os emergentes e estes só fazem sentido
e são significativos em relação e devido a esse contexto. O campo da entrevista também não é fixo,

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mas dinâmico, o que significa que está sujeito a uma mudança permanente, e a observação deve se
estender do campo específico existente a cada momento à continuidade e sentido dessas
mudanças... Cada situação humana é sempre única e original, sendo assim também o será a
entrevista, mas isso não se aplica somente aos fenômenos humanos, mas também aos fenômenos da
natureza, o que já era do conhecimento de Heráclito. Esta originalidade de cada acontecimento não
impede o estabelecimento de constantes gerais, ou seja, das condições em que os fatos se repetem
com maior frequência. O individual não exclui o geral nem a possibilidade de introduzir abstração e
categorias de análise... A forma de observar bem, é ir formulando hipóteses enquanto se observa, e
no transcurso da entrevista verificar e retificar as hipóteses durante o seu próprio transcurso em
função das observações subsequentes que, por sua vez, vão ser enriquecidas pelas hipóteses prévias.
Observar, pensar e imaginar coincidem totalmente e fazem parte de um único processo dialético.

Como vemos, Bleger enfatiza a importância do enquadre para manter o campo da entrevista
de forma que uma série de variáveis (aquelas que dependem do entrevistador) se mantenham
constantes. Isso contribui para uma melhor observação.

Segundo Bleger, o enquadre seria o fundo ou a base, e o processo psicodiagnóstico, a imagem


do que, unindo ambos os conceitos (enquadre e processo) configurariam a situação
terapêutica. O enquadre seria o fator constante, o que não é processo. O processo seria
aquilo que é variável, o que se modifica. Isto é o que explica de que forma vai se
desenvolvendo o processo terapêutico. No caso de um psicodiagnóstico podemos fazer uso
destes conceitos. A situação não é a terapêutica. Mas, da mesma forma, precisamos observar
o indivíduo para fazer um diagnóstico correto. Devemos ter certeza de que aquilo que surgir
será material do paciente (variáveis por ele introduzidas) e não nosso.

Como colocamos anteriormente, tanto o terapeuta como o paciente, trazem um lado infantil
e ou outro mais maduro. O enquadre, ponto de partida de importância decisiva para o
processo psicodiagnóstico, como também para o terapêutico, se torna ainda mais complicado
quando consideramos que cada um dos pais e filhos também trazem ambos os aspectos. Por
isso, advertimos sobre o risco de que se estabeleçam situações nas quais são colocadas em
jogo as partes infantis (primitivas e onipotentes) de cada um, inclusive do próprio
profissional.

Perto do final da primeira entrevista, costumamos explicar ao paciente (ou aos seus pais) que
deverá fazer alguns desenhos, inventar algumas histórias, etc. e que logo após nos reunimos
para conversar sobre os resultados. Quando estiver prevista uma entrevista familiar, devemos
também adverti-lo com o tempo. Geralmente não há resistência quando é dito que
desejamos conhecer como é a família quando estão todos juntos.

Durante a hora do jogo diagnóstico e das entrevistas familiares diagnósticas, nosso papel será
o de um observador não participante. O mesmo acontece no momento de aplicar os testes.

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Somente após colher a produção espontânea do indivíduo deveremos intervir mais ao fazer
algum inquérito e inclusive algum exame de limites.

Nosso papel é muito mais ativo durante a entrevista final, na qual o esperado é justamente
que demos a nossa opinião sobre o que ocorre. A recomendação da estratégia terapêutica
mais adequada deve ser formulada e devidamente fundamentada pelo profissional, dada a
autoridade que o seu papel lhe confere. Quando, para o paciente, é muito difícil assimilar
toda a informação que temos para dar-lhe, é aconselhável marcar mais de uma ou duas
entrevistas.

É muito difícil definir o papel do psicólogo no momento da devolução de informação. Com


alguns adultos ou adolescentes poderemos trabalhar com elasticidade e plasticidade,
enquanto com outros deveremos ser mais drásticos.

Apesar da intervenção drástica, a ética profissional orienta-nos a dizer a verdade, porque


para isso somos consultados, e se em determinados casos precisarmos posicionar-nos dessa
maneira, é imprescindível fazê-lo, tanto pelos pais quanto pelo filho, e também por nós
mesmos.

Muitas vezes o processo psicodiagnóstico não acaba com a aceitação fácil de nossas
conclusões. Os clientes ou seus responsáveis precisam de tempo para pensar, para assimilar o
que lhes foi dito. Muitas vezes também, nós precisamos de tempo para ratificar e retificar as
nossas hipóteses. De modo que algumas vezes é necessário modificar o enquadre inicial no
que se refere ao número de entrevistas e deixar mais espaço para concluir o processo com
maior clareza.

Agora vamos dedicar um breve espaço ao enquadre no âmbito institucional.

Cada instituição pode (e deve) fixar os limites dentro dos quais vai se desenvolver o trabalho
do psicólogo. Por exemplo, a duração de cada entrevista, o tipo de diagnóstico que se
espera, o modo de deixar registrado e arquivado o material, o tipo de informe final, etc. Mas
o tipo de bateria a ser usada e a sua sequência é de responsabilidade exclusiva dos
psicólogos. Eles decidirão de comum acordo o modus operandi. Do contrário, podem ocorrer
situações ridículas, iatrogênicas[C3] e até legalmente objetáveis.

Em todas as atividades clínicas, e entre elas se inclui o psicodiagnóstico, é necessário


partir de um enquadre.

Seja com um adolescente, com um adulto ou com os pais de uma criança, a primeira
entrevista nos dará subsídios que facilitarão o enquadre a ser escolhido. Seu
comportamento, seu discurso, suas reações, são indicadores que nos ajudam a resolver
que tipo de enquadre usaremos, se mais estrito ou mais permissivo.

O enquadre inclui não somente o modo de formulação do trabalho, mas também o


objetivo do mesmo, a frequência dos encontros, o lugar, os horários, os honorários e,
principalmente, o papel que cabe a cada um.

O tipo de bateria a ser usada e a sua sequência é de responsabilidade exclusiva dos

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psicólogos.

10 - Algumas contribuições úteis para a realização da


primeira entrevista com o cliente

A primeira entrevista é a primeira etapa do processo psicodiagnóstico, que possui diversos


objetivos. Isto não significa que deva necessariamente ser uma só.

Como já dissemos anteriormente, se o nível de ansiedade dos pais ou de um adulto for muito
alto ao chegar para a primeira entrevista (seja essa ansiedade persecutória, depressiva ou
confusional), torna-se difícil manter um clima ideal de trabalho. Talvez o objetivo desse
primeiro encontro seja, para eles, conhecer-nos e comprovar que não iremos acusá-los de
seus fracassos e erros.
Nesses casos, a primeira entrevista pode ser mais curta e centralizada na descrição daquilo
que causa preocupação no momento. Uma segunda consulta pode ser o mais indicado para
encontrar os indivíduos menos tensos e mais colaboradores. Se isso não ocorrer, a situação
será menos alentadora. Talvez tenham passado por uma experiência anterior muito negativa,
ou realmente não acreditem que possam ser ajudados por um psicólogo. Este é um ponto no
qual devemos deter-nos todo o tempo necessário, evitando assim que o estudo precise ser
interrompido mais adiante.

Uma vez que sabemos da presença constante da transferência positiva e da transferência


negativa no psicodiagnóstico, devemos tomar cuidado para que esta última não seja tão
intensa ao ponto de impedir o nosso trabalho.

No se trata de negar ou diluir a transferência negativa, mas e mantê-la controlada para


facilitar um clima de rapport aceitável. Em geral, bastam alguns assinalamentos ou
comentários para consegui-lo.

Quando se trata de um paciente de outro profissional, na primeira entrevista pode-se ter uma
breve conversa sobre dados de filiação, constelação familiar primária e atual, profissão, etc.
Se o cliente tem conhecimento do motivo pelo qual foi enviado e se já fez algo semelhante
antes. Esse momento deve levar entre dez e quinze minutos, e devemos evitar que se
transforme em um relato detalhado e prolongado da história da vida do paciente, já que é
isso que tende a estabelecer um vínculo transferencial que interfere naquele estabelecido
previamente com o seu terapeuta, confundindo o paciente. Nestas circunstâncias, o psicólogo
deve controlar a sua curiosidade e manter uma distância ideal que possibilite um clima
agradável para trabalhar, sem fomentar falsas expectativas no sentido de criar um vínculo
que muito brevemente será interrompido.

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Retomando agora o assunto da primeira entrevista, tal como ela é realizada em termos
gerais, ou seja, depois de um primeiro contato telefônico com alguém que inicia a consulta
diretamente conosco.

Magritte

Uma forma delicada e adequada de “abrir” essa entrevista, após as respectivas


apresentações, pode ser a seguinte pergunta: “Em que posso ajudá-lo?” e adequar-se à
resposta recebida para decidir a estratégia seguinte.
A palavra estratégia não se refere a um plano rígido nem a uma dinâmica de entrevista
previamente planejada. Ao contrário, refere-se à resposta a essa pergunta que vai dar uma
pauta que dirigirá a nossa atenção para um ou outro caminho, dando-nos a possibilidade de
fazermos novas perguntas. Estabelece-se assim um diálogo e não um monólogo.

No início da primeira entrevista, nossas perguntas devem ser mínimas, para dar mais
liberdade ao sujeito ou casal de pais, mas à medida que formos elaborando hipóteses
presuntivas sobre o que estiver ocorrendo será imprescindível fazer comentários e perguntas
pertinentes.

O motivo da consulta vai guiar a nossa busca, e é conveniente explorar detalhadamente todas
as áreas com ele relacionadas, deixando para uma entrevista ulterior, outras perguntas que
vierem a surgir, para não transformar o primeiro encontro em um inquérito tão entediante
quanto persecutório.

Será considerado o motivo manifesto da consulta a resposta da nossa primeira pergunta nessa
entrevista inicial.

É aquilo que está mais próximo da consciência e o que o indivíduo prefere mencionar em
primeiro lugar. Talvez, ao ter mais confiança, venha a mencionar outros motivos de
preocupação mais difíceis de comunicar. Estes são chamados de motivo latente ou
inconsciente da consulta, que poderá surgir à medida que formos realizando o estudo, e será
ou não transmitido ao paciente dependendo das circunstâncias.

Como já foi colocado anteriormente, chamaremos provisoriamente “sintoma” àquilo que o


paciente traz como motivo manifesto da solicitação de psicodiagnóstico.

Quanto ao motivo manifesto da consulta e consciência de doença poderíamos estabelecer um


paralelo entre ambos os conceitos.

A preocupação do paciente, o que ele considera sintoma preocupante, e assim o coloca deste
o início, deveria ser considerado como consciência da doença: ele sabe que algo esta mal e o

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descreve como pode. Se ele não registrar nenhum desconforto, poderemos falar sobre a não
consciência da doença.

Para sermos bem precisos, devemos esclarecer que existe uma distância enorme entre o grau
de consciência de doença com o qual o paciente chega para a primeira entrevista e aquele
que é obtido no início do tratamento, ou quando este já está bem adiantado. É nesse
momento que o paciente, a criança, o adolescente ou adulto, poderá falar de seus conflitos,
depois de tornar consciente o que era inconsciente, ou seja, quando à consciência de doença
original tenham sido incorporados aspectos importantes que pertenciam ao plano mais
inconsciente.

Anna Freud e Melanie Klein

No que se refere à consciência de doença e fantasia inconsciente de doença, Arzeno aponta


que são dois conceitos distintos. Uma grande parte das discussões entre Anna Freud e Melanie
Klein sobre a criança tem ou não consciência de doença foi devido ao fato de que elas
falavam de duas ideias diferentes. Anna Freud estava certa, já que a maioria das crianças
responde que estão bem e não sabem o que ocorre com elas. É excepcional que possam
relatar sintomas e mostrar preocupação ou sofrimento pelos mesmos. Geralmente são os pais
que fazem essa parte. Mas estamos falando de “consciência de doença”. As crianças (e os
outros também) só conseguem falar de seus conflitos quando já entraram na etapa final do
tratamento, e isso é um dos elementos que indicam justamente o êxito do mesmo e a
proximidade de seu fim.

Isto significa que todo aquele que consulta percebe, mesmo a nível inconsciente, que há algo
mal e causa dor, mal-estar, etc. dramatizando-o ou visualizando-o como um sonho,
justamente para detectar esta matéria.

Sobre o motivo latente da consulta e fantasia de doença e cura observamos que já na


primeira hora de jogo a criança dramatiza, associa, desenha, modela e brinca, mostrando,
sem saber, qual é a sua fantasia de doença e cura. Talvez isso não apareça exatamente na
primeira hora de jogo e pode ser necessária outra hora para isso. Isso fica, no entanto, a
critério do profissional. Com crianças, essa atividade pode ser complementada com o
Desenho Livre.

Poderíamos agora acrescentar que não somente o sujeito que consulta tem a sua própria
fantasia inconsciente de doença, mas também cada um dos pais e o psicólogo possuem as
suas.

A fantasia inconsciente de doença é aquilo que o sujeito sente, sem dar-se conta disso, o que
passa por baixo do nível consciente. Tem relação com o sentimento de responsabilidade e
compromisso com o sintoma descrito consciente e se refere ao que está mal e à sua causa.

Se o paciente diz que: “Estou me sentindo mal porque não consigo me concentrar” e nós
perguntarmos o que ele acha sobre esse problema de não conseguir concentrar-se, estaremos

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a caminho de descobrir algo sobre a sua fantasia inconsciente de doença.

A fantasia inconsciente de doença está correlacionada com o conceito de fantasia de cura,


que implica aquilo que o sujeito poderia imaginar como a solução para os seus problemas.

Dalí

A fantasia inconsciente de análise é um terceiro conceito que juntamente com os dois


anteriores, configuraria uma espécie de tripé de grande importância quando se pretende
iniciar um trabalho terapêutico com um sujeito.

O desfecho dos testes projetivos verbais com histórias é um elemento que dá uma informação
valiosa a respeito, e por isso é imprescindível incluir alguns deles na bateria de testes.

Como dito anteriormente, a fantasia de doença é um núcleo enquistado, com o qual a pessoa
mantém um determinado tipo de relação.

Poderíamos dizer, em geral, que as fantasias iniciais de cura possuem um marcante toque
mágico onipotente que vão adquirindo características mais realistas e menos onipotentes à
medida que o sujeito amadurece.

Geralmente, o objetivo primordial da primeira entrevista é conhecer a história do sujeito e


de sua família. Porém, mais importante que o registro cronológico dos fatos de três gerações
é a reconstrução do “romance familiar” com seus mitos, seus segredos, suas tradições, etc.

Mesmo tendo que fazer uso do inquérito, principalmente sobre fatos que os pais ou o próprio
sujeito nos relataram, tentando fazer com que estes sejam amenos e, principalmente, que
mantenha certa lógica em relação ao assunto que está sendo tratado.

Uma vez conhecido o motivo manifesto da consulta, faremos perguntas sobre tudo o que
possa estar relacionado com ele. Por exemplo, se os pais dizem que a criança de sete anos
ainda molha a cama à noite, perguntaremos se ele tem um sono muito pesado, se bebe muito
líquido antes de dormir, qual é a atitude deles diante desse acontecimento, se o menino está
preocupado ou não com a sua enurese e aos poucos iremos entrando em níveis mais
profundos. Perguntaremos então se na família há algum membro enurético. Se tiverem
mencionado que o levam para a cama do casal porque assim ele não urina, perguntaremos se
isto interfere ou não nas relações sexuais do casal e finalmente indagaremos se, pelo
contrário, o levam para a sua cama para preencher um vazio que existe no casal e essa
superestimulação provoca o sintoma. Se assim for, isso explicaria por que não consultaram
antes. Mas se agora, quando o menino se queixa de que assim não pode acampar nem dormir
na casa de algum amigo, a vergonha do menino encobre os seus sentimentos de culpa por ser
um terceiro incluído no casal ao qual realmente separa. Aqui, aparece então, o motivo

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manifesto e o motivo latente da consulta. Ao mesmo tempo, os pais trazem como motivo a
enurese do filho, mas logo a seguir colocam as suas próprias cartas sobre a mesa. É como se
nos dissessem: “Viemos devido aos nossos conflitos sexuais”.

Magritte

É essencial que o profissional esgote todas as perguntas que possam ter relação com este
assunto. Por exemplo, como foi a infância de cada um, que lembranças têm do vínculo com
os seus pais e irmãos, etc. Todo o resto é importante, mas deve ser perguntado como
complemento o assunto anterior.

Poderíamos, assim, dirigir nossas perguntas lembrando o seguinte:

1. O sintoma apresenta um aspecto fenomenológico: nesse sentido devemos perguntar


minuciosamente tudo aquilo que se refere ao mesmo, sem dar nada por sabido. Os pais
dizem, “é teimoso”, mas ao pedir descrições podemos descobrir, talvez, que seja uma
conduta de reafirmação muito madura de um menino que não se submete a seus pais,
excessivamente rígidos e obsessivos.

2. O sintoma apresenta um aspecto dinâmico: mostra e esconde ao mesmo tempo um


desejo inconsciente que entra em oposição com uma proibição do superego. Por isso é
importante perguntar como a criança ou o adolescente reagem diante dos sintomas descritos
pelos pais. A vergonha, a repulsa e o pudor são elementos que indicam a existência de um
conflito intrapsíquico, que o sujeito irá cooperar no trabalho do psicodiagnóstico e no
tratamento posterior, e que a patologia é predominantemente neurótica.

3. Todo sintoma causa um beneficio secundário, sendo importante então calcular o que
esse sujeito obtém nesse sentido e o que ele perderia no caso de que abandonasse o sintoma.
Isso nos ajudará a medir as resistências que ele colocará para a superação do mesmo.

4. Sintoma expressa algo no nível familiar: a entrevista familiar diagnóstica nos dará maior
informação em relação a esse aspecto do que a entrevista inicial, mas mesmo assim,
deveremos estar alertas para captar sinais referentes a isso, desde o início.

Também os psicanalistas decidiram usar esse novo enfoque, familiar, de maneira que o
psicólogo dispõe agora de vários esquemas referenciais entre os quais poderá escolher o mais
convincente, sem omitir essa perspectiva tão importante na atualidade.

Seguindo esse enfoque, torna-se imprescindível interrogar, durante a primeira entrevista,


sobre o nome e sobrenome de cada progenitor, idade atual, se o pai e a mãe vivem ou são
falecidos (quando e por qual motivo), se os encontros com esses são frequentes ou não e
como é a relação. Também serão feitas perguntas sobre os irmãos de cada um e as suas
idades, assim como a história e todos os detalhes do ou dos nomes escolhidos para o filho que

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foi trazido para consultar, ou para o adulto que está consultando.

Magritte

O sintoma esta expressando algo que não foi dito, ele ocupa o lugar dessa verdade não dita,
surge com e para outro. Seria inútil, então procurar a etiologia da doença exclusivamente
dentro do sujeito. Devem também ser explorados o contexto atual e a história familiar dentro
dos quais ela surgiu.
A Escola Francesa nos proporciona também outra hipótese de grande valor para compreender
o gênese de muitos problemas: qual é o lugar do filho no desejo de seus pais: é um
prolongamento narcisístico ou falo da mãe? Ou é reconhecido como um outro com autonomia
e vontade próprias? Isso não pode ser objeto de um inquérito direto. É mais fácil que seja
observado nas entrevistas familiares. Se tivermos dúvidas, é indicado realizar uma entrevista
vincular mãe-filho e outra para pai-filho, além da familiar, para registrar fatos que nos
tragam informações a esse respeito.

5. Todo sintoma implica o fracasso ou a ruptura do equilíbrio intrapsíquico prévio: O


momento no qual os pais de uma criança, adolescente ou adulto consultam, é quando o
sintoma já não mantém o equilíbrio familiar ou não basta, e a estrutura familiar balança.

Recordando o esquema freudiano, poderemos utilizá-lo como um guia ideal pra saber quais as
informações devemos colher na entrevista inicial e nas posteriores.

1. Herança e constituição (ou seja, a história dos seus antepassados);


2. História prévia do sujeito (seja ela real ou fantasiada);
3. Situação desencadeante (individual e familiar).

Estes fatores contribuem para a criação de um conflito interno que provoca angústia e
mobiliza defesas. O sujeito entra então num quadro neurótico com formação e sintomas, os
quais, como afirmamos anteriormente, serão o motivo tanto manifesto como latente da
consulta.

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Em relação aos recursos de que dispõe o psicólogo para registrar tudo o que é necessário
desde a entrevista inicial, cabe resumir o seguinte:

1. Sem dúvida, a comunicação verbal é a via essencial para tal objetivo.


2. O registro do não verbal também é essencial e por isso o psicólogo deve ser um ouvinte
atento a gestos, lapsos, atuações, etc., que possuem um valor inestimável, pois não são
produtos de um discurso planejado, mas de um discurso do inconsciente. Neste momento não
é o inquérito, mas a observação atenta que serve ao psicólogo como fonte de coleta de
dados.
3. Finalmente, existe outro nível de registro com o qual o psicólogo pode contar: seu registro
contratransferencial. Para que ele seja confiável, o psicólogo deve ter realizado uma boa
psicanálise de forma a não confundir aquilo que ele registra como algo do outro com efeitos
das suas intervenções em áreas não resolvidas e si mesmo.

No encerramento da primeira entrevista, que é o momento da despedida desse primeiro


encontro entre os pais ou o adulto e o psicólogo, é indicado combinar os passos que serão
seguidos, os horários das consultas posteriores, assim como esclarecer também quais serão os
honorários e a forma de pagamento dos mesmos.

Presente ou passado, por onde começar? Se o psicólogo aplicar mecanicamente a técnica


habitual do inquérito, cairá no erro de começar pelo passado. Por exemplo: foi um filho
desejado? Como foi a gravidez? E o parto? Foi com fórceps ou não? Foi com anestesia? Entre
outros. Se os pais (ou o adulto) chegarem muito angustiados por algum fato recente, isso
seria contraproducente e até poderíamos pensar que é uma defesa do profissional para
impedir a sua angústia.

Por isso, assinalamos que o mais conveniente é começar pelo motivo manifesto da consulta
passando por todas as áreas que possam ter conexão com o mesmo, para logo investigar as
outras cautelosamente sem descartá-las sob nenhuma hipótese, já que podem surgir dados
muito valiosos.

Quando o sujeito ou os pais chegam angustiados demais pelo presente, é contraproducente


remetê-los ao passado. Também pode ocorrer o posto: ficam presos à primeira infância e
parece impossível que consigam descrever o filho como o veem nesse momento. Quando
tratamos com um adulto, notamos a facilidade com que ele responde às perguntas sobre o
que está acontecendo no presente.

Quando notarmos que é impossível para o paciente desprender-se do passado ou do presente,


devemos deixar essa etapa da história, que ficou incompleta, para uma próxima entrevista,
evitando assim a pressão para obter uma informação que possivelmente acabara chegando
mais adiante.

Será considerado o motivo manifesto da consulta a resposta da nossa primeira pergunta


na entrevista inicial. Já conteúdos mais difíceis de comunicar são chamados de motivo
latente ou inconsciente.

Lembrar:

1- O sintoma apresenta um aspecto fenomenológico;


2- O sintoma apresenta um aspecto dinâmico;

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3- Todo sintoma causa um beneficio secundário;


4- Sintoma expressa algo no nível familiar;
5- Todo sintoma implica o fracasso ou a ruptura do equilíbrio intrapsíquico prévio.

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Última atualização: segunda, 16 julho 2012, 09:16

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