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FACULDADE DAS AMÉRICAS

CURSO DE GRADUAÇÃO PSICOLOGIA

FELIPE DE JESUS DO NASCIMENTO SANTIAGO

A AVALIAÇÃO PSICOLOGICA DA PERSONALIDADE

SÃO PAULO

2022
Sumário

Os instrumentos estruturados e psicométricos (objetivos) X provas projetivas


................................................................................................................................................3
Estratégia de avaliação:...........................................................................................4
A avaliação psicológica diferencial: passos, interfaces com a psicopatologia
características.....................................................................................................................5
Metodologia adotada pelo psicólogo:...................................................................5
Medidas do psicólogo:..............................................................................................5
A CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO.................................................................6
FORMULAÇÃO DAS PERGUNTAS BÁSICAS OU HIPÓTESES.......................7
O CONTRATO DE TRABALHO................................................................................8
TAT – Teste de Apercepção Temática: características, aplicação e
interpretação.......................................................................................................................9
Características:...............................................................................................................9
A aplicação do TAT..................................................................................................10
INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DAS LÂMINAS DO TAT..................................11
O CAT (Children’s Apperception Test): características, aplicação e
interpretação.....................................................................................................................12
Características..........................................................................................................12
Aplicação do CAT.....................................................................................................13
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO CAT, SEGUNDO BELLAK E BELLAK. .14
Referencias Bibliográficas.............................................................................................16
Anexo I................................................................................................................................17

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Os instrumentos estruturados e psicométricos (objetivos) X
provas projetivas

Capazes de ajudar o sujeito a ter um entendimento mais claro de


algo que ele ainda não tem muita consciência, os testes psicológicos são
instrumentos através dos quais pode-se mensurar algo do comportamento
humano, assim como também pode ser projetado algo que está inconsciente
para o consciente, podendo ser através de histórias, desenhos, etc.

Segundo Anastasi (1954, p. 28), citado em Hongan (2006, p. 28) os


testes psicológicos são considerados “uma medida objetiva e padronizada
de uma amostra de comportamento”. Enquanto, para Croanbach (1996,
apud SILVA, 2009), os testes psicológicos, são um procedimento sistemático
para se observar um comportamento e desta forma, descrevê-lo com a ajuda
de escalas numéricas ou de categorias.

De acordo Hongan (2006), através das definições de testes, podem


ser extraídos, seis elementos, no que compreende os testes no contexto da
ciência do comportamento.

Primeiro- o teste é um procedimento ou instrumento;

Segundo- é a informação que os testes podem trazer;

Terceiro- o teste traz informações sobre o comportamento;

Quarto- muitas definições enfatizam que os testes fornece apenas


uma amostra de comportamento;

Quinto- um teste é um procedimento sistemático e padronizado;

Sexto- o teste é alguma referência a qualificação ou mensuração (a


parte numérica das informações obtidas nos testes).

Instrumentos capazes de descrever através de números fenômenos


psicológicos, podem ser corrigidos objetivamente, tanto através do ser

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humano como também pode ser corrigido por um computador e não é
necessário um julgamento.

Usados principalmente nas clínicas para obter uma avaliação


padronizada dos traços da personalidade, os testes objetivos também
podem ser utilizados com o propósito de aconselhamento, para seleção de
colaboradores de empresas, e são muito utilizados em pesquisas sobre a
personalidade humana.

O teste projetivo é um tipo de teste livre, onde o testando irá ter um


estímulo seja através de uma imagem, uma frase, ou algo que faça com que
o testando crie uma resposta consciente ou inconsciente para o estimulo
dado (a resposta será interpretada pelo psicólogo, mas este terá que seguir
regras estabelecidas em manuais para a correção desses testes). Podendo
ser empregadas em aconselhamento, nas clinicas, em escolas e além de
usadas em pesquisas e outros locais de acordo com a necessidade.
Os testes objetivos, seguem uma estrutura, em que há opções de
respostas e tabelas de correção, enquanto nos testes projetivos, as
respostas são livres e o testando pode construir sua resposta, para correção,
é necessário que o psicólogo faça uma análise do conteúdo da resposta,
pois não há uma estrutura de respostas e correção onde o psicólogo possa
focar.
Os testes psicológicos surgidos no fim do século XIX e começo do
século XX – tinham o papel do psicólogo como testólogo, na atualidade,
utiliza estratégias de avaliação psicológica, com objetivos bem definidos,
com o intuito de encontrar respostas a questões propostas com vistas à
solução de problemas. Ao considerar que a testagem é um passo importante
do processo, no entanto, é apenas um dos recursos de avaliação possíveis.
O psicodiagnóstico é feito através de uma avaliação psicológica, realizada
com propósitos clínicos;
Estratégia de avaliação:

A estratégia de avaliação, pode se referir ao enfoque teórico adotado


pelo psicólogo. No século XX, influenciada pelas principais correntes de

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pensamento que se destacavam na época, como a do comportamento, do
afeto e da cognição, na organização e no funcionamento do psiquismo
humano. Na primeira metade do século XX, predominaram conceituações
comportamentais e psicanalíticas, já na segunda metade, foi assinalada pela
chamada “revolução cognitiva”.
Ao longo dos anos, foi ocorrendo a integração, com a tendência a
mesclar estratégias de diferentes abordagens teóricas, o que pode ser
considerado positivo, como um recurso científico que permitiu a aproximação
do objeto de estudo, para explicar aspectos clinicamente relevantes.

A avaliação psicológica diferencial: passos, interfaces com a


psicopatologia características

No psicodiagnóstico, utiliza-se de diferenciação entre normal e


patológico, para a determinação de uma psicopatologia, no entanto, apesar
de adotar uma classificação psiquiátrica, este não é o principal ponto do
diagnóstico, mas sim, um meio para a determinação de parâmetros dos
limites da variabilidade normal.

Metodologia adotada pelo psicólogo:

A escolha de métodos mais individualizados, qualitativos, ou ainda,


métodos psicométricos, onde o manejo se fundamenta em normas de
grupos. A estes métodos, pode-se acrescentar a entrevista, que tem
precedência histórica sobre os demais, bem como a observação sistemática
de comportamentos (linha comportamental).
A escolha de métodos, sofre a influência de eventos e avanços que
ocorrem nesta e em outras áreas da psicologia.

Medidas do psicólogo:

São necessárias para resolver questões diagnósticas, após a


valorização científica dos quadros de comorbidade psiquiátrica. Os
Psicólogos lançam mão de estratégias quando realizam avaliações, em uma

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perspectiva clínica, é feita a avaliação que é comumente chamada de
psicodiagnóstico, por procurar avaliar forças e fraquezas no funcionamento
psicológico, com foco na existência ou não de psicopatologia.
Ao considerar que por mais que a aplicação de testes se apresente
como um passo fundamental do psicodiagnóstico, deve-se ressaltar a
diferença entre um psicometrista, que tem como única função, a aplicação e
correção de testes, enquanto o psicólogo clínico tem um enfoque no
psicodiagnóstico, se valendo da utilização de testes e de outras estratégias,
para avaliar o paciente de forma sistemática, científica e orientada para a
resolução de problemas.

A CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO

Definição:
“Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no
tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input),
em nível individual ou não, seja para entender
problemas à luz de pressupostos teóricos,
identificar e avaliar aspectos específicos, seja para
classificar o caso e prever seu curso possível,
comunicando os resultados (output), na base dos quais
são propostas soluções, se for o caso.” (CUNHA,2000,
p.26)
Objetivos:
“O processo do psicodiagnóstico pode ter um
ou vários objetivos, dependendo dos motivos
alegados ou reais do encaminhamento e/ou da
consulta, que norteiam o elenco de hipóteses
inicialmente formuladas, e delimitam o escopo da
avaliação.” (CUNHA, 2000, p. 26)

Responsabilidade:
O psicodiagnóstico poderá ser realizado:
a) por psicólogos, psiquiatras, neurologistas ou psicanalistas;
b) pelo psicólogo clínico;
c) por uma equipe multidisciplinar.

Operacionalização :
“Em termos de operacionalização, devem ser
considerados os comportamentos específicos do
psicólogo e os passos para a realização do diagnóstico
com um modelo psicológico de natureza clínica.”
(CUNHA, 2000, p. 30)

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Comportamentos específicos- Os comportamentos específicos
do psicólogo podem ser relacionados desta forma, no entanto, podem variar
conforme os objetivos do psicodiagnóstico:

1 Deve-se determinar motivos do encaminhamento,


as queixas e outros problemas iniciais;
2 Deve-se levantar dados de natureza psicológica,
social, médica, profissional e/ou escolar, etc. Sobre o
sujeito e complementares;
3 Deve-se colher dados sobre a história clínica e
história pessoal ;
4 Deve-se realizar o exame do estado mental do
paciente (subjetivo), eventualmente complementado por
outras fontes (objetivas);
5 Deve-se levantar hipóteses iniciais, e definir os
objetivos do exame;
6 Deve-se estabelecer um plano de avaliação;
7 Deve-se estabelecer um contrato de trabalho com
o sujeito ou responsável;
8 Deve-se administrar testes e outros instrumentos
psicológicos; levantar dados quantitativos e qualitativos;
9 Deve-se selecionar, organizar e integrar todos os
dados significativos para os objetivos do exame;
10 Deve-se comunicar resultados (entrevista
devolutiva, relatório, laudo, parecer e outros informes),
propondo soluções;
11 Encerrar o processo.

FORMULAÇÃO DAS PERGUNTAS BÁSICAS OU HIPÓTESES

Entendendo o encaminhamento como ponto de partida para o


atendimento de um paciente, após a pressuposição realizada por alguém,
que essa pessoa apresenta problemas que tenham um fundo psicológico.

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Existe a preocupação, que pode se expressar através de uma pergunta
muito simples, como: “Será que A não aprende por um problema
psicológico?” Portanto, o psicólogo precisará de mais informações sobre o
caso, para transformar uma pergunta vaga, em uma série de perguntas
formuladas em termos psicológicos, como por exemplo: “Será que A
apresenta uma limitação intelectual?” Ainda não são perguntas muito
precisas, no entanto, a história de A vai permitir que chegue a alternativas de
explicação, como: a) “A tem um nível de inteligência fronteiriço”; estas
alternativas de explicação são conhecidas como hipóteses, que deverão ser
testadas através do psicodiagnóstico.
Desta forma, os objetivos do psicodiagnóstico dependem das
perguntas iniciais. No caso, com base no encaminhamento, foi decidido
fazer um psicodiagnóstico, com dois objetivos básicos, de classificação
nosológica e de entendimento dinâmico, para que através disso, o laudo
fornecesse ao médico não apenas uma explicação do caso, mas também
uma compreensão que lhe facilitasse o manejo do paciente.

O CONTRATO DE TRABALHO

No contrato de trabalho o psicólogo, se compromete a realizar um


exame, durante um determinado número de sessões, com duração prevista,
com horário predeterminado, definindo com o paciente ou responsável os
tipos de informações necessárias, e quem terá acesso aos dados do exame.
Tal informação, pode já estar determinada pelo encaminhamento, porém
convém ao profissional, averiguar se existe uma aceitação do interessado a
respeito.

A duração de um psicodiagnóstico, deve ser estabelecida através de


uma estimativa do tempo, onde pode-se operacionalizar as tarefas implícitas
no plano de avaliação, assim como completar as tarefas subsequentes, até a
comunicação dos resultados e recomendações necessárias. Assim que for
possível fazer uma previsão, deve-se formalizar com o paciente ou
responsável os termos em que o processo psicodiagnóstico deverá ocorrer.

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TAT – Teste de Apercepção Temática: características, aplicação
e interpretação

Características:

O TAT é uma técnica para que seja realizada a investigação da


dinâmica da personalidade. Consiste em apresentar ao indivíduo que está
em avaliação, um conjunto de imagens (lâminas), o incentivando a relatar
histórias, seguindo o curso de sua inspiração no momento da exposição. É
esperado que o examinando faça uso da sua reserva de experiência,
elaborando narrações, onde, sem se dar conta, se identifica com os
personagens apresentados ao longo das cenas.

Essas histórias fornecerão subsidio para o entendimento sobre a


relação do examinando com as figuras de autoridade, além de outros tipos
de vínculos, também revelando o funcionamento das relações familiares, a
natureza dos medos, dificuldades e desejos, assim como a hierarquia das
necessidades, e da estrutura das relações entre id, ego e superego.

Desta forma, a interpretação do TAT, segundo Bellak (1967b, 1979),


baseia-se neste fundamento. Exemplificando, o autor comenta que a
percepção passada que um indivíduo tem de seus próprios pais influirá na
percepção das figuras parentais no TAT, portanto isso será prova válida e
confiável das percepções das figuras paternas do sujeito.

Ainda de acordo com Bellak (1967b, 1979), distingue-se cinco


formas de apercepção, sendo elas:

a) projeção invertida - é, na realidade, o mecanismo de defesa


descrito por Freud na paranóia, podendo ser observada como uma
passagem do inconsciente “eu o amo” para a consciência de “eu o odeio”.

Projeção simples: que é uma pequena distorção ou transferência,


pela aprendizagem ou pela influência de imagens prévias. Por exemplo, uma
pessoa chega tarde ao trabalho e passa a inferir incorretamente que seu
chefe o olha com raiva.

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Percepção autista: acontece quando a personalidade está sob
tensão ou em estado de grande necessidade. Um indivíduo, por exemplo,
com muita fome, passa a perceber objetos comestíveis frente a estímulos
que objetivamente não representam comida.

Sensibilização: não é a construção de um percepto objetivamente


inexistente, mas sim de uma percepção mais sensível de estímulos
existentes. A sensibilização, então, significa que o objeto que se “ajusta a
um padrão preestabelecido se percebe mais facilmente do que aquele que
não se ajusta”.

Externalização: como uma apercepção que, diferentemente dos


anteriores, não é um processo inconsciente, e sim pré-consciente. Sem
dúvida, o conteúdo não era consciente, enquanto essa pessoa contava a
história, mas, em um determinado momento, facilmente se tornou
consciente, passando a reconhecer o episódio como parte de sua própria
história pessoal.

Sem nenhuma dúvida, os pressupostos básicos que contemplam o


TAT são de base psicanalítica, e a interpretação e a análise, fundamentam-
se na teoria estrutural freudiana (id, ego, superego).

A aplicação do TAT

Bellak propões a administração, numa única sessão, de no máximo


12 lâminas. Justifica-se esta escolha com o objetivo de economizar tempo,
além de entender que esse número de lâminas é suficiente para obter
material dinâmico do paciente. Considera essencial administrar 9 lâminas,
que, segundo ele, investigam todas as relações humanas básicas.

São elas, para os homens, 1, 2, 3RH, 4, 6RH, 7RH, 11, 12H e 13HF,
e, para as mulheres, 1, 2, 3RH, 4, 6MF, 7MF, 9MF, 11 e 12HF. Bellak inclui
a lâmina 3RH para as mulheres.

Além dos critérios da idade e do sexo do examinando, existem


outros fatores que podem ser critérios para a escolha das lâminas, como a
suscetibilidade e/ou vulnerabilidade das mesmas para mobilizar, com maior
probabilidade, determinadas situações, problemas e aspectos dinâmicos.
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As nove lâminas básicas, deve-se acrescentar, de acordo com
Bellak, o máximo de três lâminas específicas para atender a situação
particular da pessoa que está sendo avaliada, de acordo com os dados
obtidos na história clínica.

Com referência ao inquérito, Bellak (1979) propõe-se que seja


realizado depois de completar todas as histórias, e não após cada história,
por considerar que o material pré-consciente se faria consciente, interferindo
no resto das respostas ao teste.

INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DAS LÂMINAS DO TAT

O TAT é um teste projetivo que tem a capacidade de despertar o


conteúdo e a dinâmica das relações interpessoais e os padrões
psicodinâmicos de funcionamento. Em função disso, propõe um método
interpretativo, constituído por dez categorias de classificação, que se
relacionam, em primeiro lugar, com estas dimensões e, só secundariamente,
com as características formais.

As dez categorias são: 1) tema principal; 2) herói principal; 3)


necessidades e impulsos do herói; 4) conceito do meio ambiente; 5) atitudes
frente às figuras de vinculação; 6) conflitos significativos; 7) natureza das

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ansiedades; 8) principais defesas; 9) adequação do superego; 10)
integração do ego.

O tema principal refere-se ao núcleo principal da história, portanto, é


o tema básico do enredo. Para interpretá-lo e entende-lo, Bellak recomendou
que fosse desmembrá-lo em quatro níveis:

Nível descritivo: a proposta é resumir a história relatada pelo


examinando numa forma mais simples.

Nível interpretativo: deve-se alcançar o significado oculto do


resumo obtido no nível descritivo.

Nível diagnóstico: se procura transformar as impressões do nível


interpretativo numa formulação definitiva.

Nível simbólico: interpretar os símbolos que possam existir na


história, de acordo com as hipóteses psicanalíticas.

Bellak esclarece, que o TAT é um instrumento que auxilia muito o


estabelecimento do diagnóstico dinâmico e estrutural do examinando, mas
não é uma prova que propicie uma classificação nosológica.

O CAT (Children’s Apperception Test): características,


aplicação e interpretação

Características
É um teste aperceptivo, um instrumento que permite a investigação
da personalidade, os estudos das dinâmicas significativas das diferenças
individuais na percepção de estímulos padronizados. As verbalizações
refletem o conteúdo latente e os processos psíquicos. Desta forma, a partir
das verbalizações, é possível levantar hipóteses sobre a organização da
personalidade infantil.

O CAT é um instrumento muito útil aos psicólogos que trabalham em


atividades diagnósticas e de tratamento dos diferentes transtornos clínicos
infantis, como: problemas neuróticos, psicóticos, psicossomáticos, bem
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como a repercussão de situações traumáticas no psiquismo da criança.
Pode-se citar: negligência, abuso, abandono, maus tratos, perdas. 
É útil para determinar os fatores dinâmicos relacionados com as
reações infantis em um grupo, na escola e diante dos acontecimentos
familiares.
Muitas tentativas foram realizadas, para padronizar o CAT,
empregando critérios estatísticos. No entanto, as evidências apontam para a
maior utilidade do emprego do CAT como um teste projetivo.
 O manejo requer que o Psicólogo possua conhecimentos
aprofundados sobre a psicodinâmica, também sobre o desenvolvimento
infantil. O CAT é a forma infantil do TAT, portanto, é imprescindível conhecer
a Teoria da Personalidade de Murray, a Personologia (1953), e as
proposições de Bellak, para sua análise e interpretação.

Será de fundamental importância, que o clínico conheça o histórico


da criança, antes de aplicar o teste: sua situação familiar, suas questões de
saúde/doença, o desenvolvimento da criança. Tais dados, devem ser
integrados à dinâmica do teste. Deverá ser função do psicólogo clínico,
integrar e interpretar, com base no conteúdo, as dificuldades da criança e
buscar formas de auxiliar a criança, e aquelas pessoas envolvidas com seus
cuidados.

Aplicação do CAT

Deverá ser aplicado individualmente, a duração pode variar, mas


não deve ultrapassar o período de uma hora. Solicita-se à criança que conte
uma história, sobre cada uma das dez gravuras apresentadas.
Na interpretação do CAT, será preciso ter atenção, às verbalizações
e associações entre as gravuras.

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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO CAT, SEGUNDO BELLAK E
BELLAK

Na abordagem interpretativa do material projetivo infantil, é


indispensável trabalhar com esquemas claros do desenvolvimento evolutivo
normal e, portanto, das conquistas de pensamento e adequação à realidade
de cada momento cronológico. A partir daí, interpretando o teste, lâmina por
lâmina, pode-se investigar modalidades clínicas manifestas e latentes na
estruturação da personalidade.
De acordo com Bellak e Bellak (1981a; 1981b), cada história deve
ser analisada nos seguintes itens:
O Tema principal: A história pode conter um tema ou vários temas
importantes. Será necessário, saber o que é verbalizado e motivo. Procura-
se identificar um denominador comum ao longo das histórias.

Herói: O herói é o personagem que o sujeito mais se identifica.


Costuma ser semelhante a ele, em sexo e idade. Será necessário
reconhecer qual a figura que constitui o herói e quais são os outros
personagens.

Necessidades do herói: As necessidades pelo herói (sujeito),


expressas podem corresponder ao mesmo, em termos de realidade ou de
fantasia.

Figuras, objetos ou circunstâncias introduzidas: Elementos


introduzidos, que não constam nas lâminas, e devem ser analisados,
podendo constituir um passo importante na interpretação.

Figuras, objetos ou circunstâncias omitidas: A omissão de


elementos pelas crianças também pode revelar elementos presentes nas
lâminas, o que pode sugerir que não os deseja naquele lugar, fornecendo
indícios sobre conflitos com os itens relacionados.

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Concepção do mundo: Pode envolver percepções inconscientes e
distorções aperceptivas pela memória. Geralmente, duas ou três descrições
de termos que denotam reações costumeiras diante do ambiente.

Conflitos significativos: Sua importância se dá por procurar


identificar a natureza dos conflitos manifestos nas histórias, assim como os
mecanismos de defesa empregados diante da ansiedade. Este item fornece
indícios sobre aspectos do funcionamento da personalidade, revelando
dados para a compreensão de componentes neuróticos e sobre a formação
do caráter. Desta possibilita o levantamento de hipóteses sobre o
diagnóstico e prognóstico do caso.

Natureza das ansiedades: A ansiedade dependerá das


experiências pessoais, vivenciadas ao longo das etapas de
desenvolvimento, sendo assim, é possível identificar vulnerabilidades
específicas, que facilitarão a formulação do diagnóstico e do prognóstico.

Principais defesas: As defesas demonstram a habilidade ou não,


do indivíduo de lidar com estímulos externos e internos, sendo reveladoras
de aspectos de seu desenvolvimento. Será importante procurar identificar os
principais mecanismos de defesa utilizados frente à ansiedade para a
compreensão psicodinâmica da criança.

Severidade do superego: A severidade do superego pode ser


avaliada pela punição, comparada com a natureza da defesa.

Integração do ego: A maneira como a criança enfrenta as


demandas dos impulsos, e da realidade externa , nos demonstra o
funcionamento de seu ego.

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Referencias Bibliográficas

HOGAN, T. Introdução à prática de testes psicológicos. LTC. Rio de Janeiro,


2006.

SILVA, Marlene Alves da. Teste conciso de raciocínio e exame teórico-


técnico sobre o trânsito: evidência de validade. Itatiba, 2009.

CUNHA, Jurema A. Psicodiagnóstico - V. 5. ed. Porto Alegre: Artmed,


2007. Livro digital. Disponível em: [Minha Biblioteca]. Acesso em: 12 Out.
2022

HURTZ, Claudio Simon (org). Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed,


2016. Livro digital. Disponível em: [Minha Biblioteca]. Acesso em: 12
Out.2022.

HUTZ, Claudio Simon; BANDEIRA, Denise Ruschel; TRENTINI, Clarissa


Marceli. Avaliação psicológica da inteligência e da personalidade. Porto
Alegre: Artmed, 2018. Livro digital. Disponível em: [Minha Biblioteca]. Acesso
em: 12 Out.2022.

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Anexo I

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO PSICOLOGICA- TESTAGEM COM HTP

1 - IDENTIFICAÇÃO

Prontuário: M
M.J.G.D

Estagiário(a): Felipe de Jesus do Nascimento Santiago RA: 00265272

Supervisor(a): Bianca Marciano de Gois Ferreira CRP: 06/113295

2 – Descrição do caso

Paciente do sexo feminino, 16 anos, natural de Teresina Piauí, é a segunda filha de uma prole de 3, reside
em São Paulo. Veio para São Paulo com os pais e irmão há mais ou menos 2 anos, devido a uma
oportunidade de emprego para o seu pai. Sua família em sua cidade natal, vivia uma vida simples. Com a
vinda para São Paulo, M iniciou seus estudos em um colégio público, onde apresentava bom desempenho,
porém demonstrava maior dificuldade de relacionamento interpessoal. Refere que é tímida e que se
aproximava aos poucos dos colegas que foram receptivos após um tempo. Após o primeiro ano em São
Paulo, seu pai conseguiu um emprego em um colégio particular, do qual possibilitou a M estudar como
bolsista. Após 6 meses de sua transferência seus pais notaram uma mudança em seu comportamento onde
M, começou a mentir e a apresentar um baixo desempenho nas notas, demonstrava-se com pouca paciência
com os pais e irmão, e mantinha-se muito tempo no quarto, tem apresentado ações impulsivas. Em visita
escolar os pais relataram que foi informado que a aluna havia sofrido alguns episódios de discriminação com
os colegas, após eles descobrirem que ela havia contado uma história diferente sobre sua família e origem, e
após esse evento, tem se isolado.

Foi encaminhada por sua médica Psiquiatra para que seja feita uma avaliação dos motivos que levaram a
paciente a ter essa repentina mudança de comportamento, após a mudança de escola.

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3. Interpretação do protocolo

A. Aspectos adaptativos

Os desenhos foram feitos de acordo com o solicitado , a produção foi realizada de


forma convencional e se ateve apenas a fase acromatica. Intelectualmente, M.
apresenta bons recursos, não apresenta dificuldades na compreenção de conteúdos
abstratos, no entanto, aparenta não se ver como capaz, e isso gera sentimentos de
insegurança, principalmente no que tange suas relações interpessoais, fator que
provavelmente a leva a um sentimento de frustração. Possui grande ambição, mas o
sentimento de insegurança causa frustração, em contraste com sua realidade. M. Sente-
se em um ambiente opressor, apesar de buscar fazer parte do grupo, muito
provavelmente, apresenta grande resistencia por parte dos demais, o que a leva a
situações muito estressantes e deve prejudicar seu processo adaptativo.

B. Aspectos Projetivos
Casa: Demonstra aspectos de ansiedade, timidez, reserva, rigidez, inadequação,
fragilidade, introversão, retraimento , inferioridade e tendência à fantasia. Traços
de hostilidade e evasão. Personalidade muito impulsiva e desajustada. . Foi
verificado que possui limites de ego fraco, denotando indícios de vulnerabilidade,
contato e orientação pobre com a realidade. No que tange as relações
interpessoais, apresenta uma tendência ao isolamento devido a sua ambivalencia
social. Possivel obssessividade compulsiva.

Árvore: Apresenta traços de tensão, rigidez, retraimento, hesitação, medo,


insegurança, sentimento de inadequação, dependencia. Presença de pressões
ambientais e ambiente restritivo. Rejeição, com elementos de grandiosidade
compensatoria. Ansiedade, Dificuldade em obter satisfação do meio e realizar-se
na interação com as pessoas. Tendência a expandir-se na área da fantasia em
busca de satisfação imediata. Indicação de dificuldade de base afetiva e
preocupações sexuais.

Pessoa e Pessoa do Sexo Oposto: Aceitação do desenvolvimento. Baixo nível

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de maturidade sócio-cultural. Rigidez. Rejeição, grandiosidade compensatória.
Ambiente restritivo, tensão e compensação, baixa capacidade de ajustamento.
Retraimento, culpa ou inadequação, mostra-se inteligente. Autoconceito positivo.
Apresenta traços de incerteza, conflito, indecisão, autocrítica, ansiedade, rigidez,
fragilidade, hostilidade, agressão e necessidade de realização. Dependência.
Preoculpações sexuais. Dominação social compensatória.

4. Análise dos resultados

M. apresenta bom nível de desenvolvimento intelectual, tendo uma boa compreensão do conteúdo
abstrato, sendo assim, apresenta boas perspectivas de desenvolvimento. As pressões e ambientes
restritivos, apresentados por muitas vezes ao longo do teste, podem ser pontos que dificultam seu
processo de desenvolvimento e adaptação. Tem forte tendência a se isolar e visível tendência à fantasia, o
que sugere dificuldades emocionais e não cognitivas. A adolescente apresenta ambivalência social, o que
resulta em comportamentos pouco ajustados, nas relações interpessoais, além disso, demonstra muitos
traços de ansiedade, acarretando dificuldades em estabelecer relações gratificantes e satisfatórias. Tais
dificuldades somadas à insegurança de M. a predispõe a se manter isolada e não se engajar em relações
mais próximas. Características como retraimento, tensão e compensação, se fazem presentes em muitas
de suas representações, além do ambiente restritivo, como mencionado anteriormente, o que explicaria
boa parte dos acontecimentos que a levam as mudanças de comportamento da adolescente.

5. Prognóstico

Aconselha-se a participação de M. em psicoterapia individual para que possa desenvolver mais habilidades
sociais e ser mais assertiva, além de uma investigação mais aprofundada sobre seu processo fantasioso.
Recomenda-se acompanhamento psiquiátrico, sugere-se um possível quadro depressivo-ansioso.

19
São Paulo, 23 de novembro de 2022.

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