Você está na página 1de 67

DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Introduçã o

1.Conceituaçã o e importâ ncia da avaliaçã o psicoló gica 8

1.1-Etimologia 15

1.2-Critérios de uma avaliaçã o 16

1.3-Os testes psicoló gicos 18

1.4-A histó ria do surgimento dos testes 21

1. Métodos para colecta de informaçõ es 33

2.1-Os instrumentos utilizados na avaliaçã o psicoló gica 34

2.2- A observaçã o 35

2.3- A inquiriçã o

2.4-A testagem 45

2. Testes psicoló gicos 60


3.1-Tipos de Testes 60

3.4-Á rea principais da Avaliaçã o Psicoló gica 62

3.5-Princípios éticos na avaliaçã o psicoló gica 63

3.6-CID e DSM 64

3.4-Intervençã o e Avaliaçã o 65

Consideraçõ es e Referências bibliográ ficas

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/ 940495396 whatsap Pá gina 1
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Introduçã o

Prezados (as) alunos (as),

O presente material de apoio da unidade curricular adiante designada DAP (DIAGNÓ STICO E
AVALIAÇÃ O PSICOLÓ GICA) foi elaborado com o objectivo de levar o aluno à compreensã o dos
principais conceitos que envolvem a avaliaçã o e a testagem psicoló gica. Para tanto, buscamos
esclarecer factos e acontecimentos importantes da Psicologia quanto à avaliaçã o psicoló gica,
contextualizando-os no momento histó rico desde seu surgimento e suas implicaçõ es no momento
actual. Nossa intençã o é iniciar nossos alunos na prá tica para actuaçã o directamente com os testes
psicoló gicos para fins de avaliaçã o psicoló gica ou Psicodiagnó stico.

Lembramos que este material didá ctico é apenas a base, o início para despertar o vosso interesse
sobre a temá tica e, por isso, indicaremos leituras diversas que contemplem o assunto, certos de que
ele possa enriquecer-vos conhecimento no contexto específico da testagem e avaliaçã o psicoló gica. A
Psicologia é uma á rea muito vasta, a avaliaçã o psicoló gica permeia basicamente todas as á reas da
Psicologia e, por isso, nã o tencionamos esgotar o assunto, apenas iniciar os nossos futuros psicó logos
em seus primeiros passos rumo ao conhecimento dos métodos utilizados para esse fim.

Para tanto, no primeiro capítulo conceituamos a avaliaçã o psicoló gica ressaltando sua importâ ncia
desde o surgimento dos primeiros testes psicoló gicos, os critérios e as diversas á reas de aplicaçã o de
uma avaliaçã o. O segundo capítulo revela os métodos utilizados para fins de avaliaçã o, os cuidados
na utilizaçã o da testagem, os testes comercializados e a interpretaçã o dos resultados que culmina no
informe psicoló gico. O capítulo se encerra com as críticas actuais ao modelo utilizado para fins de
avaliaçã o e aos testes psicoló gicos de maneira geral.

O capítulo três tem foco especificamente nas medidas objectivas e interventivas do psicó logo e
importâ ncia da avaliaçã o na actualidade.

Para finalizar, inserimos abordamos desde a ética quanto à formaçã o de profissionais competentes
para actuaçã o na á rea até o sentido de responsabilidade social inserido na actuaçã o do profissional
de psicologia. Que esta cadeira possa contribuir com a excelência na vossa formaçã o.

Bons estudos!

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por
quaisquer meios (electró nico ou mecâ nico, incluindo fotocó pia e gravaçã o) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissã o do autor.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/ 940495396 whatsap Pá gina 2
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

1.Conceituação e importância da avaliação psicológica

1.1-Etimologia

A palavra «diagnó stico» surge na sequência dos estudos de doenças e avaliaçã o médicas para
determinaçã o do quadro clínico baseado nos sintomas e sinais fisioló gicos. É a qualificaçã o de um
médico em relaçã o a uma doença ou condiçã o física ou mental com base nos sintomas e sinais
observados. Deve ter em conta nã o apenas os sinais e sintomas, mas também o historial médico do
doente.

Etimologicamente, a palavra provém do grego ( «dia»- através de, durante, por meio e «gnosticu»-
alusivo ao conhecimento) e do latim (diagnosticu).

No contexto da Psicologia, o diagnó stico ou Psicodiagnó stico é uma disciplina metodoló gica que tem
por objectivo colocar a disposiçã o da Psicologia aplicada uma série de instrumentos capazes de:

 Registar as características psicologicamente relevantes e suas mudanças;

 Integrar dados num quadro diagnó stico oferecendo bases para a previsã o e tomada de
decisõ es na avaliaçã o psicoló gica;

O diagnó stico é a aplicaçã o da Psicometria.

O termo Psicodiagnó stico foi usado pela primeira vez por Hermann Rorscharch em 1921 como título
da sua obra em que apresentava o teste projectivo com o seu nome « Rorscharch»

O trabalho diagnó stico pode ser descrito como um processo que se realiza em diferentes fases:

 Aná lise do problema

 Decisã o Investigativa

 Decisã o final/Indicaçã o

 Avaliaçã o

Podemos entender os testes psicoló gicos como instrumentos utilizados para avaliar algumas
características de uma pessoa. Os dicioná rios definem o termo “teste” como “exame ou prova para
determinar qualidade, natureza ou comportamento de algo. Observaçã o ou avaliaçã o crítica”

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/ 940495396 whatsap Pá gina 3
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Vamos fazer uma pequena distinçã o: diferenciar a avaliação profissional da avaliação não
profissional.

Segundo Pasquali (2001), a avaliação não profissional é aquela avaliação que fazemos no
cotidiano ao interpretar o comportamento dos outros. Ou seja, a partir da descodificaçã o do
comportamento verbal e nã o verbal relacionando-os dentro de categorias de como as pessoas devem
se comportar. Assim, “achamos” alguma coisa a respeito de algo ou alguém e já interpreta os
conforme aquilo que acreditamos.

Pasquali (2001) ressalta que essa habilidade é importante para nossa sobrevivência.

Já na avaliaçã o profissional, na á rea da psicologia, nã o há “achismo2”. Saímos do senso comum e


vamos ao encontro da ciência. O psicó logo deve estar ligado nos seus métodos, que sã o técnico-
científica colecta de informaçõ es.

Pasquali esclarece que a Avaliação Profissional, são as avaliações mais formais, elas são
confiáveis porque têm base em instrumentos e procedimentos adequados.

Com a diversificaçã o das necessidades e das tecnologias de avaliaçã o, tornou-se necessá ria a
existência de um perito na á rea: O Psicólogo.

Assim, a avaliaçã o passou a ser uma habilidade primordial do profissional psicó logo. (PASQUALI,

2001, p.15).

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/ 940495396 whatsap Pá gina 4
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

achismo (gíria): Tendência em avaliar as situaçõ es segundo as pró prias opiniõ es ou intençõ es,
muitas vezes sem justificaçã o.

Avaliação, em Psicologia, refere-se à colecta e interpretaçã o de informaçõ es psicoló gicas,


resultantes de um conjunto de procedimentos confiá veis que permitam ao Psicó logo avaliar o
comportamento. Aplica-se ao estudo de casos individuais ou de grupos ou situaçõ es.

A avaliação psicológica é entendida como o processo técnico-científico de colecta de dados, estudos


e interpretaçã o de informaçõ es a respeito dos fenó menos psicoló gicos, que sã o resultantes da
relaçã o do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicoló gicas –
métodos, técnicas e instrumentos.

Os resultados das avaliaçõ es devem considerar e analisar os condicionantes histó ricos e sociais e
seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como instrumentos para actuar nã o somente
sobre o indivíduo, mas na modificaçã o desses condicionantes que operam desde a formulaçã o da
demanda até a conclusã o do processo de avaliaçã o psicoló gica.

Todo psicó logo deve ter noçõ es dos parâ metros psicométricos dos instru mentos de medida. Agora
que se compreende a diferença entre a avaliaçã o profissional e a avaliaçã o nã o profissional, vamos
reflectir sobre a distinçã o entre avaliaçã o psicoló gica e teste psicoló gico.

A avaliação psicológica, como evidenciado anteriormente, refere-se a um processo técnico e


científico para colecta de dados em que serã o utilizados os métodos e instrumentos adequados para
a compreensã o daquilo que se investiga. Mais adiante, abordaremos cada um dos métodos utilizados
para colecta das informaçõ es. Os testes psicológicos sã o os instrumentos utilizados para esse fim.
Sendo assim, a avaliaçã o é um processo, e os testes sã o os instrumentos. Sã o vá rios os tipos de testes
utilizados para fins de avaliaçã o psicoló gica.

Para uma abordagem adequada e uma intervençã o terapêutica eficaz, é fundamental que o psicó logo
faça uma avaliaçã o cuidadosa de cada paciente. Os psicó logos, pela sua formaçã o, têm condiçõ es de
compreender a complexidade de um processo avaliativo, dispõ em de recursos e conhecimentos que
lhes possibilitem identificar em que circunstancias uma avaliaçã o deve ser realizada, quais os
melhores instrumentos a utilizar em cada caso e como interpretar, de forma contextualizada, os
dados obtidos por meio da avaliaçã o.

O processo de avaliaçã o permite obter informaçõ es importantíssimas dos aspectos psicoló gicos dos
avaliados, proporcionando assim, uma actuaçã o mais completa e definida do psicó logo. Por isso, para
a realizaçã o da avaliaçã o psicoló gica e conhecimento do problema, é indispensá vel que o psicó logo
utilize instrumentos e técnicas fidedignas, com aprovaçã o nos ó rgã os de classe competentes, agindo
de forma responsá vel e ética, com comprometimento profissional (Nunes; Primi, 2010) ..

No contexto da avaliaçã o, os testes psicoló gicos se constituem como ferramentas importantíssimas


para o psicó logo. Sã o instrumentos de avaliaçã o que se caracterizam por serem procedimentos
sistemá ticos de colecta de informaçõ es ú teis e confiá veis que servem de base ao processo mais
POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/ 940495396 whatsap Pá gina 5
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

amplo e complexo da avaliaçã o psicoló gica. Em geral, os instrumentos sã o meios padronizados de se


obter amostras/indicadores comportamentais que irã o revelar diferenças individuais nos
constructos, traços latentes ou processos mentais subjacentes (Primi, 2010) .

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/ 940495396 whatsap Pá gina 6
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

No senso comum, percebemos uma grande preocupaçã o com a utilizaçã o dos testes, posto que se
compreende sua utilizaçã o como prova cujo resultado vai ser decisivo para a tomada de decisõ es
sobre a vida daquele sujeito.

Nosso interesse, aqui, para além da apresentaçã o dos testes e sua utilizaçã o, é também o de
promover uma compreensã o que possa remover as ideias pessimistas e ameaçadoras sobre a
utilizaçã o da testagem em Psicologia. Tal preocupaçã o parece justa, porém a validade do
instrumento utilizado, que é garantida pelos estudos na construçã o do pró prio teste, também está
relacionada à competência do profissional no que se refere tanto à escolha do instrumento
quanto à sua aplicaçã o.

Um teste de inteligência construído e aprovado para avaliaçã o da inteligência em adultos, quando


aplicado em crianças, perde todo o sentido e perde também a validade. Nesse sentido, um teste
pode ser bom, ter as propriedades psicométricas bá sicas com garantias de alto grau de
confiabilidade, mas, quando utilizado indevidamente, pode perder sua validade.

Um teste é vá lido quando aplicado na populaçã o adequada, caso contrá rio será um enorme
prejuízo para o sujeito que passou pelo processo de avaliaçã o.

Para Pasquali (2007), quem garante a qualidade da medida é a qualidade do instrumento. E a


validade do instrumento diz respeito exclusivamente à pertinência do instrumento em relaçã o ao
objecto que se quer medir.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/ 940495396 whatsap Pá gina
7
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Critérios de uma avaliação

De acordo com Alchieri (2003), podemos representar a avaliaçã o


psicoló gica como sendo resultante de três critérios ou aspectos
interdependentes, a saber: a medida, o instrumento e o processo de
avaliação.

Cada um deles possui uma representaçã o teó rica e metodoló gica pró pria
e que concebe assim, de forma constitutiva, uma via pró pria de
compreensã o do seu objecto de investigaçã o, denominado de fenó menos
ou processos psicoló gicos.

Cada um dos aspectos mencionados tem uma funçã o distinta e pode ser
feito de modo isolado, como informa Alchieri (2003), pois só será
considerado um processo de avaliaçã o psicoló gica quando resultante da
combinaçã o desses três aspectos isolados.

MEDIDA INSTRUMENTO AVALIAÇÃO

A medida, que oferece um valor de magnitude ao objecto estudado, é a


responsá vel por traduzir para a linguagem matemá tica a compreensã o
do fenó meno observado, portanto cedendo objectividade.

Reconhecemos que a linguagem verbal é ambígua, e um fenó meno pode


ser interpretado de muitas maneiras.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 8
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Por isso, a medida nos garante um cará cter de objectividade.

Quando digo que dois mais dois sã o quatro, nã o há dú vida alguma de


que está certo, porque a linguagem dos nú meros me garante a
objectividade. No entanto, quando utilizo a linguagem verbal para
expressar aquilo que observo ou penso em um determinado momento,
será que você escuta ou compreende exactamente o que eu quis dizer?

O facto de realizar operaçõ es científicas para estudar fenó menos e


processos psicoló gicos supõ e que uma das maneiras mais objectivas de
observar e avaliar é através da medida (Alchieri, 2003).

O INSTRUMENTO

Podemos considerar como instrumento todo recurso usado para fins de


colecta de informaçõ es, como testes, dinâ micas de grupo, entrevistas,
questioná rios. Para Alchieri (2003), na investigaçã o psicoló gica, os
instrumentos sã o os testes que podem representar pela medida uma
determinada acçã o que equivale a um comportamento, e assim,
indirectamente, mensurar esse aspecto comportamental.

A avaliação psicológica em si, conforme já evidenciado, é um processo


que se refere à colecta e interpretaçã o de informaçõ es psicoló gicas,
resultantes de um conjunto de procedimentos confiá veis que permitem
ao psicó logo avaliar o comportamento. Portanto, diz respeito a uma
preocupaçã o nã o só com a medida ou o instrumento a ser utilizado, mas
com a habilidade e a competência do profissional de psicologia para sua
correcta utilizaçã o.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 9
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Os testes psicológicos

Os testes servem para fornecer informaçõ es sobre os indivíduos para a


tomada de alguma decisã o com respeito a estes. Eles visam apresentar
dados confiá veis para alguma intervençã o. O valor preditivo vai
depender do grau em que ele serve de indicador de uma á rea do
comportamento.

Cronbach (1996) afirma que um teste é um procedimento sistemá tico


para observar o comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas
numéricas ou categorias fixas. Para Pasquali (2001), o teste é um
conjunto de comportamentos que querem expressar, em termos físicos,
traços latentes, isto é, processos mentais, e nã o outros comportamentos.
O facto é que um teste psicoló gico é uma medida objectiva e padronizada
de uma amostra de comportamento (Anastasi, 2000).

Distinção entre Avaliação Psicológica e Teste Psicológico:

A avaliação psicológica é um processo amplo que envolve a integraçã o


de informaçõ es provenientes de diversas fontes, dentre elas, testes,
entrevistas, observaçõ es e aná lise de documentos.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 10
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

A testagem psicológica pode ser considerada um processo diferente,


cuja principal fonte de informaçã o sã o os testes psicoló gicos de
diferentes tipos.

Como o comportamento humano ocorre nas mais variadas situaçõ es, por
razõ es e objectivos diferentes, os testes também deverã o ter objectivos
diferenciados: um teste pode ser apropriado para uma situaçã o e menos
apropriado para outra.

Caracterização dos testes

Os testes psicoló gicos sã o caracterizados por um conjunto de tarefas ou


problemas que o sujeito deve resolver ou responder em uma situaçã o
sistematizada.

Os testes sã o construídos com rigor absoluto para que seus itens possam
expressar a representaçã o comportamental de um traço latente.

Quando um teste é construído, passa por uma série de etapas para que,
na sua forma final, seus itens possam realmente expressar aquela
característica que ele informa medir.

Testes psicométricos

Testes psicométricos sã o aqueles cujos resultados sã o valores


numéricos, por isso sã o objectivos. Ou seja, o resultado é um nú mero que
vai nos dizer algo a respeito daquela pessoa avaliada.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 11
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Os testes psicométricos têm ênfase na padronizaçã o e parâ metros que


garantam a veracidade e a precisã o dos resultados obtidos.

Em geral sã o utilizados para a medida da capacidade geral, aptidõ es


específicas, atitudes e interesses, além de inventá rios de personalidade.

Testes projectivos

Testes projectivos sã o aqueles que têm aná lise qualitativa.

O sujeito recebe uma tarefa nã o estruturada ou pouco estruturada.

O estímulo incompleto favorece a projecçã o de sua experiência interna,


distorce o estímulo e, por fim, a interpreta.

Portanto, nã o é um nú mero que me fala alguma coisa sobre o sujeito


avaliado. As respostas podem variar de sujeito para sujeito.

Entã o, como podemos obter o diagnó stico? A partir da constâ ncia das
respostas apresentadas. Um exemplo de teste projectivo é aquele em que
nos é solicitado desenhar uma casa, uma á rvore, uma pessoa ( HTC).

Diferenças

Nos testes psicométricos, as tarefas sã o apresentadas ao sujeito, e suas


respostas sã o transformadas em nú meros com determinado grau de
magnitude e depois comparadas aos resultados nas tabelas estatísticas
que permitem situar o comportamento do indivíduo testado à s respostas
da populaçã o amostral, que é o grupo de referência.

Já nos testes projectivos, o sujeito recebe uma tarefa pouco estruturada,


sem formas muito claras. No processo entre perceber e interpretar o

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 12
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

estímulo recebido, devido à sua falta de clareza, o sujeito projecta algo


que é seu.

Exemplo

Quando questionados sobre o que está desenhado na figura, muitos


poderã o responder prontamente: é um triâ ngulo.

Porém, o que temos aqui sã o três rectas que se encontram em duas


extremidades.

A história do surgimento dos testes

As raízes da testagem estã o perdidas na antiguidade. Existem repetidos


relatos do sistema de exames no serviço civil utilizado no império chinês
por aproximadamente dois mil anos (Bowman, 1989 in Anastasi &
Urbina, 2000).

Anastasi & Urbina (2000) chamam atençã o de que as limitaçõ es, assim
como as vantagens, que caracterizam os testes actuais se tornam mais
inteligíveis quando comparadas ao background em que eles se
originaram.

Segundo Pasquali (2001), os testes, como os conhecemos hoje em dia,


datam do início do século XX. Contudo, na histó ria do desenvolvimento
dos testes psicoló gicos, há uma série de cientistas que desempenharam
um relevante papel.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 13
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Para Urbina (2007), o uso mais bá sico de um teste é como ferramenta na


tomada de decisõ es que envolvem pessoas. Para ela, antes do
estabelecimento de sociedades urbanas, industriais e democrá ticas,
havia pouca necessidade de que as pessoas tomassem decisõ es a
respeito de outras e, mesmo assim, muito antes do século XX já existiam
diversos precursores do que conhecemos hoje como testagem moderna.

Pasquali (2001) observa o registo de obras importantes que


representam a avaliaçã o psicoló gica separadamente por décadas.
Citaremos alguns desses autores, evidenciando sua relevâ ncia para a
época.

a) Década de Galton – 1880 – Inglaterra

Sir Francis Galton nasceu na Inglaterra, em uma grande família de um


banqueiro. Afirmam Hergenhahn e Henley (2000, p. 266) que Galton
apresentava genialidade: com instruçã o caseira aprendeu a ler e
escrever aos 2 anos e meio, e com a idade de 5 anos já conseguia ler
qualquer livro em língua inglesa. No entanto, ao ser enviado para a
escola, acabou por experimentar uma série de violências físicas, como
ser chicoteado por motivos “pedagó gicos”, sermõ es diversos dos
professores e conflitos com os colegas de classe.

Aos 16 anos, começou seus estudos de medicina, porém nunca chegou a


concluir o curso. Como possuía grande fortuna, dedicou-se a estudar e
trabalhar naquilo que mais lhe interessasse no momento. Seu maior
interesse versava nas medidas das coisas, o que lhe rendeu uma série de
estudos, alguns até engraçados como de medir e prever o tempo,
inventou o mapa do tempo e foi o primeiro a utilizar termos como
“frentes”, “altas”, “baixas”.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 14
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

• Foi o primeiro a sugerir que as impressõ es digitais poderiam ser


utilizadas como identificaçã o pessoal de indivíduos – procedimento
mais tarde utilizado pela Scotland Yard.

• Ele tentou determinar a efectividade da reza (e a considerou


inefectiva).

• Ele tentou determinar qual país tinha as mulheres mais bonitas.

• Ele mediu o nível de tédio observado em palestras científicas.

Francis Galton tinha, também, interesse pela avaliaçã o das aptidõ es e


© WIKIMEDIA.ORG

desenvolveu meio para compreendê-las a partir de medidas sensoriais.


Foi responsá vel pelo desenvolvimento de escalas de atitude e pelos
métodos estatísticos dos dados colectados em seus estudos.

Primo de Charles Darwin (1809-1882), recebeu grande influência de


suas ideias. Confiava na teoria da selecçã o natural, acreditava que na luta
pela sobrevivência os seres humanos menos valiosos desapareceriam e,
assim, surgiu a ideologia de utilizaçã o da ciência para a melhoria da raça
humana. Criou o termo “eugenia”.

Em sua tese, com base na hipó tese da hereditariedade, um homem de


grande capacidade teria filhos também extraordiná rios.

Galton, na tentativa de verificar semelhanças e diferenças entre pessoas


afins ou nã o, criou instrumentos de medida, tornando-se pioneiro na
criaçã o de escalas e questioná rios e o primeiro a se preocupar com a
necessidade de padronizaçã o dos testes. (Erthal, 2003, p.17).

Francis Galton é apontado por autores como Bodeker (2005, p. 2) como


o in- trodutor de uma abordagem psicométrica à criatividade e, embora
seus testes nã o tivessem produzido resultados satisfató rios, para

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 15
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Pasquali (2001, pá g.20) sua contribuiçã o foi fundamental para o


surgimento da teoria dos testes ou da Psicometria.

Apesar de o termo “eugenia” ter sido cunhado em 1883, Nancy Stepan


explica que o livro Hereditary genius, publicado por Francis Galton em
1969, é ainda hoje considerado o texto seminal sobre a formaçã o das
ideias eugênicas (STEPAN, 1991: 3). Sobre a trajectó ria de Francis
Galton, ver também Kevles, 1985: 9-13.

No dicioná rio, o termo “eugenia” é definido como o estudo das condiçõ es


mais propícias à reproduçã o e melhora da raça humana.

As ideias eugenistas, apesar de terem sido desenvolvidas e estudadas


por intelectuais e estudiosos da época, historicamente ficaram marcadas
por suas relaçõ es com Adolf Hitler (1889-1945) e o nazismo, que
culminou no Holocausto. Devido à associaçã o com a ideia de pureza das
raças, filó sofos e soció logos chamam a atençã o para os problemas éticos
na eugenia, como por exemplo, o abuso e da discriminaçã o.

b) Década de Cattell –1890 – EUA

Cattell, psicó logo americano, influenciado por Galton, desenvolveu suas


medidas de diferenças individuais dando ênfase, ainda, à s medidas
sensoriais por considerá -las mais precisas. Ficou famoso ao usar, em seu
artigo de 1890, o termo “teste mental” (mental test) para as provas
aplicadas aos alunos universitá rios, com a intençã o de avaliar seu nível
intelectual, o que fez sucesso internacional. Percebeu que algumas
medidas objectivas para avaliaçã o das funçõ es mais complexas nã o
produziam resultados condizentes com o desempenho académico.
Contudo, os resultados dos seus pró prios testes também nã o foram
satisfató rios. (Pasquali 2003, p.20)

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 16
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

c) Década de Binet – 1900 – França

Entã o, na França, surgiu o pedagogo e psicó logo francês Alfred Binet


(1857- 1911) e com ele realmente começaram os testes de inteligência,
propondo-se a medir as funçõ es mais complexas. Ele nã o pensava no ©

determinismo bioló gico nem na hereditariedade. Estava preocupado em

WIKIMEDIA.ORG
como ajudar crianças que tinham problemas na escola e que nã o se
desenvolviam tã o bem quanto as outras, em como medir e criar
instrumentos para avaliar e, assim, auxiliar para que essas crianças
progredissem mais. Lembramos que os primeiros testes mentais
prá ticos surgiram na França, a partir da tradiçã o humanista, cujo
interesse era o bem-estar social. Ele construiu testes de conteú do mais
cognitivo, para medir funçõ es mais amplas como a memó ria, a atençã o,
a compreensã o, a imaginaçã o, iniciou-se a era dos testes de inteligência,
incluindo de Q.I.

O primeiro teste com validade produzido para medir inteligência foi


desenvolvido por Binet (1857-1911) e pelo químico e fisiologista franco-
russo Victor Henri (1872-1940) no ano 1895, conforme aponta
McDonald (1999, p.20). Este teste foi melhorado em 1905 por Binet e
Simon, consistindo em uma série de itens passíveis de escolha em que a
percentagem de respostas correctas tenderia a aumentar com a idade
cronoló gica. Assim, seria possível estabelecer a “idade mental” com base
nos resultados colhidos com uma série de indivíduos, constituindo,
entã o, o início do que hoje grande parte da populaçã o conhece por
Testes de QI (Testes de Quociente de Inteligência).

Binet e Simon (in Tyler, 1956) criticaram os testes até entã o


desenvolvidos, considerados demasiadamente sensoriais. Foi assim que,
para compreender as causas de reprovaçã o na escola, eles
desenvolveram, em 1905, a Escala Binet-Simon (Erthal, 2003, pá g.17),
POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/
940495396 whatsap Pá gina 17
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

que, conforme apontado na introduçã o à parte histó rica, é uma revisã o


do trabalho anteriormente realizado entre Binet e Henri.

Segundo Pasquali (2001, p.22), esta orientaçã o de Binet e Simon em


elaborar testes de conteú do mais cognitivo fez grande sucesso nos anos
subsequentes, inaugurando de uma vez por todas a era dos testes,
inclusive com a introduçã o do Q.I., termo criado por Stern em 1912.

Embora Binet tenha sido o marco dessa época, outros grandes


estudiosos foram de extrema importâ ncia, tal como Spearman na
Inglaterra, que fundamentou a teoria da Psicometria clá ssica (Pasquali,
2001).

d) Charles Spearman e o conceito de “inteligência geral”

Charles Spearman (1863-1945) teve uma carreira predominantemente


militar até os 34 anos, quando começou a estudar psicologia, sendo
aluno de Wundt e Kü lpe, na Alemanha.

Segundo Hergenhahn e Henley (2000, p. 277), ao retornar à Inglaterra,


Spearman entrou em contacto com a obra de Galton apó s reproduzir
seus experimentos com sucesso, o que confirmou uma premissa de
Galton sobre a acuidade sensorial e a inteligência terem uma relaçã o, e
foi além.

Em 1904, publicou o seu artigo chamado “‘General Intelligence,


Objectively Determined and Measured.”6, o que o auxiliou a conseguir
uma posiçã o na Universidade de Londres, onde seus estudos foram a
base para o que se chama de “aná lises factoriais”7.

Hergenhahn e Henley (2000, p. 278) explicam esta aná lise como


capacidade de “medir tanto um indivíduo ou um grupo de indivíduos de

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 18
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

formas variadas. Apó s, todas as medidas sã o intercorrelacionadas para


determinar quais delas variam de modo sistemá tico”.

Spearman descobriu, entã o, que a inteligência poderia ser explicada por


dois factores: A) factores específicos (matemá tica, línguas, mú sica), que
ganhou a letra S como identificador; B) factor geral (G), que teria uma
ligaçã o determinante com as questõ es hereditá rias.

Assim se chegaria a duas descriçõ es de inteligências possíveis, a S


(específica) e a G (geral), e suas conclusõ es, conforme apontam
Hergenhahn e Henley (2000, p. 279), seriam importantes por enfatizar a
natureza unitá ria da inteligência, enquanto Binet enfatizava sua
diversidade, assim como Spearman entendia a inteligência como
hereditá ria, enquanto Binet a observava como modificá vel através da
experiência e, por fim, sua concepçã o de inteligência é que predominou
nos Estados Unidos da América, ao contrá rio das teorias de Binet. Por
conseguinte, podemos afirmar que os testes de QI sã o medidas conforme
identificadas pelo factor G de Spearman, daí a sua importâ ncia na
pró xima era a ser estudada.

e) A era dos testes de inteligência – 1910/1930

Com a Primeira Guerra Mundial (1916), surgiu a necessidade de


realizaçã o de testes para convocaçã o para o Exército americano. Foram
criadas centenas de testes. O objectivo era medir a inteligência como um
todo, mas a maioria dos testes criados media apenas algum aspecto da
inteligência. O artigo de Spear- man sobre o Fator G (1904) e a revisã o
do teste de Binet (1916) junto ao impacto da guerra com a imposiçã o de
um processo de seleçã o rá pida, universal e eficaz culminaram para o
desenvolvimento dessa era dos testes de inteligência. Depois surgiram
os testes de aptidã o e de personalidade. Hoje, sã o diversos os testes que

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 19
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

buscam a mensuraçã o dos aspectos do comportamento humano


(Pasquali, 2001).

f) Década da Analise Factorial – 1930

Década marcada pelo declínio dos testes de inteligência e a desilusã o


com a ideia de um factor geral universal (factor G de Spearman) 8 capaz
de avaliar um elemento bá sico geral, que seria universal,
independentemente da cultura e do local onde os sujeitos teriam sido
criados.

Psicó logos estatísticos começaram a repensar as ideias de Spearman e


surgiu, assim, a Aná lise Factorial, trazendo reconhecido avanço para a
Psicometria.

Aná lise factorial é uma aná lise multivariada que se aplica à busca de
factores num conjunto de medidas realizadas (Pereira, 2004).

g) A era da sistematização – 1940/1980

Para Pasquali (2001, p.24), este foi um período marcado por duas
tendências opostas. Ambas tinham a intençã o de resgatar a
confiabilidade dos testes psicoló gicos. Nas obras de síntese, havia o
interesse em sistematizar os avanços da Psicometria através dos estudos
de Gulliksen (1950), Torgerson (1958), Thurstone (1947), Harman
(1967), Cattell (1965) e Guilford (1967). Na mesma época, a American
Psychological Association – APA – introduziu as normas de elaboraçã o e
uso dos testes.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 20
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Relembrando que o Factor G – proposta de que haja um elemento bá sico


e comum a todas as actividades cognitivas (teoria do factor geral ou g).

Spearman (1927) é autor da primeira teoria de inteligência baseada na


aná lise estatística dos resultados nos testes. Em sua opiniã o, a
inteligência poderia ser definida através de um factor simples (factor g)
subjacente a todo tipo de actividade intelectual e responsá vel pela maior
parte da variâ ncia encontrada nos testes (Almeida, 2002).

A era da Psicometria moderna – 1980

Esta era culmina com o surgimento da TRI – Teoria de Resposta ao Item


–, que foi sistematizada a partir da obra de Lord e Novick (1968).
Embora esta teoria seja considerada um modelo do primeiro mundo,
ainda nã o conseguiu resolver todos os problemas da Psicometria, mas
substitui parte do modelo clá ssico e é baseada no modelo do traço
latente (Pasquali, 2001).

Sendo assim apresentado, compreendemos a necessidade de muita


cautela na construçã o do teste, a começar pela selecçã o dos itens que vã o
compor a sua forma final.

Vamos compreender que um teste é composto por uma série de itens


(tarefas) e recebe um ponto por cada tarefa correctamente respondida,
obtendo um resultado total (a soma dos pontos correspondentes à s
respostas consideradas exactas).

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 21
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

O OBJECTIVO DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

De uma forma geral, a avaliação psicológica pode ser definida como um conjunto de técnicas e
procedimentos que tem por objectivo verificar determinadas características psicológicas de
uma pessoa, sendo o psicó logo o ú nico profissional habilitado por lei para exercer essa funçã o.

A realizaçã o da avaliaçã o psicoló gica na saú de é indispensá vel quando pensamos em medidas
“curativas” ou preventivas, pois a partir dessa técnica é possível que o profissional tenha mais
clareza sobre diagnó sticos, métodos de tratamento ou de prevençã o de determinadas
patologias (Custó dio, 2002). Pode-se citar ainda a contribuiçã o da avaliaçã o psicoló gica nas
situaçõ es em que se faz necessá rio avaliar pessoas que podem ser expostas a situaçõ es de risco
como por exemplo se determinada pessoa está apta a conduzir veículos ou portar armas de
fogo, tal resultado pode evitar possíveis transtornos tanto para o indivíduo como para
sociedade.

O uso dessa técnica também é uma importante ferramenta para a tomada de decisõ es seja ele
no â mbito jurídico, na á rea neuropsicoló gica, orientaçã o vocacional, entre outros.

Nota-se a importâ ncia de se realizar uma adequada avaliaçã o psicoló gica, mas também é
importante ressaltar que o conhecimento do psicó logo é fundamental para conduzir tal prá tica,
pois cabe a esse profissional a escolhas de métodos e técnicas mais adequadas para conduzir
todo o processo, que deverá ser pautado sempre em padrõ es éticos de conduta, neste contexto
ressalta-se também a importâ ncia da formaçã o do profissional. Em síntese, a aná lise e
compreensã o das técnicas de avaliaçã o psicoló gica estã o cada vez mais desenvolvidas e com
maior qualidade nos seus resultados. Quando bem utilizada contribui nã o apenas para
melhorar a vida de uma pessoa, mas principalmente para melhoria de uma sociedade como um
todo.

2
PRIMI, R. Avaliaçã o psicoló gica no Brasil: fundamentos, situaçã o atual e direçõ es para o futuro.
Psicologia Teoria e Pesquisa, Brasilia, v. 26, n. especial, p. 37-50, 2010. Disponível
em:<http://www.revistaptp.unb.br/index.php/ptp/article/view/477/81> .

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/ 940495396 whatsap
Pá gina 22
2
2
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Áreas de aplicação da avaliação psicológica

Vamos, entã o, conhecer as á reas mais comuns para utilizaçã o da


avaliaçã o psicoló gica.

PROCESSOS SELECTIVOS Para verificar-se um candidato está apto


para determinada funçã o em uma empresa;

ORIENTAÇÃ O Possibilitar ao sujeito a percepçã o de suas


VOCACIONAL habilidades e assim reduzir seu grau de
ansiedade a fim de auxiliar sua tomada de
decisã o quanto à escolha profissional;

REORIENTAÇÃ O Permitindo à queles que já estã o em uma


PROFISSIONAL carreira profissional insatisfeitos encontrar
suas habilidades e abrir seu leque de
possibilidades para que, de forma
consciente, possa utilizar todo o seu
potencial;

Além de exigido por lei, estabelece critérios


do perfil psicoló gico do indivíduo aferindo-
PORTE DE ARMAS
se a uma estrutura de personalidade que o
torna apto ou nã o à obtençã o do porte
dearmas;

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 23
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

CONCURSOS PÚ BLICOS Visando verificar características


comportamentais e equilíbrio emocional
ideal com a sua formaçã o e o exercício da
profissã o;

Como meio de demonstrar evidências,


reconhecer e demonstrar registros
PERÍCIAS JUDICIAIS
psicoló gicos com veracidade dos fac tos,
procedidos de alteraçõ es que podem ser
perceptivas, cognitivas eafectivas.

CIRURGIAS PLÁ STICA E Em conjunto comum a equipe


BARIÁ TRICA multiprofissional, o sujeito passa por uma
avaliaçã o para melhor adesã o ao tr
atamento.

CARTA de CONDUÇÃ O Sã o utilizados diversos testes para


verificaras con- diçõ es do candidato,
avaliando se ele está apto a um
desempenho adequado no trâ nsito.

ACOMPANHAMENTO
CLÍNICO / ESCOLAR
Para fins de colecta de informaçõ es
relevantes para intervençõ es.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 24
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Avaliação psicológica ou testagem psicológica

Para Meyer et al (2001) a distinçã o entre testagem psicoló gica e avaliaçã o psicoló gica consiste
em: a testagem psicoló gica é um processo linear bá sico em que uma escala é aplicada para obter
uma pontuaçã o específica à qual pode ser dado um significado, com base em dados normativos
e nomotéticos. Pelo contrá rio, a avaliaçã o psicoló gica respeita a interacçã o clínica, ideográ fica,
em que se recolhe variada informaçã o, obtida geralmente através de mú ltiplos testes e
instrumentos. Por outro lado, a avaliaçã o psicoló gica considera os dados no contexto da
histó ria, a informaçã o proveniente de avaliaçõ es complementares, e o comportamento
observado, visando compreender a pessoa que está a ser avaliada, para responder a questõ es
colocadas por outros clínicos, e para depois comunicar a informaçã o ao paciente, ou à s
entidades legítimas que pediram a avaliaçã o.

O psicó logo, através da avaliaçã o psicoló gica, deverá estar apto a identificar e descrever
aspectos psicoló gicos que sã o susceptíveis de facilitar ou embaraçar, quer a reacçã o ao
diagnó stico quer a reacçã o e ajustamento à doença, aos tratamentos (incluindo a adesã o), a
curto ou a longo prazo.

Muitas vezes a avaliaçã o psicoló gica é confundida como uma simples aplicaçã o de um ú nico
teste, porém, para realizá -la existem diversos métodos e técnicas, como por exemplo: testes
psicoló gicos, dinâ micas de grupo, entrevistas, observaçã o, testes situacionais, anamneses, entre
outros.

A avaliaçã o psicoló gica é amplamente utilizada em diversos contextos, dentro de empresa, por
exemplo, desempenha uma funçã o essencial nã o apenas na á rea de selecçã o, mas também na
á rea de desenvolvimento pessoal e mesmo de avaliaçã o de potencial.

Muitas organizaçõ es constatam que a avaliaçã o psicoló gica é uma ferramenta poderosa de
tomada de decisã o que trá s benefícios indubitá veis para os indivíduos e para a organizaçã o. No
â mbito de selecçã o de pessoal é possível detectar perfis mais adequados e os que nã o sã o
compatíveis com o cargo, evitando assim consequências prejudiciais, como o adoecimento,
prejuízos financeiros e a desmotivaçã o do funcioná rio com o cargo exercido (Ferreira & Santos,
2010).

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/ 940495396 whatsap
Pá gina 25
2
5
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

A propó sito da avaliaçã o psicoló gica Ferná ndez-Ballesteros, et al. (2001) explicam que:

1) O processo de avaliaçã o implica um processo de tomada de decisã o, ou seja, visa a utilizaçã o


de procedimentos (no processo) ú teis para a tomada de decisã o visando a resoluçã o de
problemas prá ticos importantes;

2) O processo de avaliaçã o implica resoluçã o de problemas, ou seja, é um processo de constante


questionamento, e implica, entre outros, um conjunto de fases:

a) De clarificaçã o do problema;

b) Planificaçã o;

c) Desenvolvimento;

d) Implementaçã o;

e) Encontrar um resultado e;

f) Disseminaçã o.

3) O processo de avaliaçã o requer a produçã o de hipó teses, inerente ao processo clínico.

Estes autores explicam ainda a existência de um duplo significado do termo avaliaçã o” que,
proveniente do inglês “assessment” e “evaluation”, se refere, respectivamente, a uma avaliaçã o
(assessment) que foca as pessoas, o sujeito humano, e a avaliaçã o (evaluation) que se refere a
um objecto concreto que está a ser avaliado (o conceito ou constructo). Ou seja, enquanto o foco
científico da avaliaçã o (assessment) psicoló gica é uma pessoa (ou grupo de pessoas) o foco
científico da avaliaçã o enquanto (evaluation) é um programa ou um grupo de acçõ es.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/ 940495396 whatsap
Pá gina 26
2
6
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

3
Ferná ndez-Ballesteros, R., De Bruyn, E., Godoy, A., Hornke, L., Laak, J., Vizcarro, C., Westhoff, K.,
Westmeyer, H., & Zaccagnini, J. (2001).Guidelines for the assessment process (GAP): a proposal for
discussion. European Journal of Psychological Assessment, 17(3), 187-200.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/ 940495396 whatsap
Pá gina 27
2
7
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

A avaliaçã o psicoló gica tem sempre uma dimensã o clínica, no seu


sentido mais lato, tal como é utilizado em educaçã o, em saú de,
organizaçõ es, ou outra (Pais Ribeiro & Leal, 1996) e, por isso, a
interpretaçã o da pontuaçã o e do processo que lhe deu origem, de uma
qualquer técnica de avaliaçã o, deve ser feita por quem conhece bem a
teoria subjacente, o processo de validaçã o, e as implicaçõ es da decisã o
que se retira com essa interpretaçã o.

Hoje nã o é claro onde começa e onde termina a avaliaçã o psicoló gica.


Por um lado os instrumentos de avaliaçã o que recorrem a
procedimentos e processos de avaliaçã o que eram pró prios da psicologia
ou que nasceram com ela sã o utilizados por muitos outros profissionais.
Se alguns conceitos e constructos sã o mais facilmente conotados com a
psicologia, como sejam a inteligência e a personalidade nã o patoló gica,
muitos outros (auto-estima, auto-eficácia, locus de controlo, coping,
esperança, espiritualidade, etc.) sã o utilizados quer na saúde, na
educação, nas organizações, por outros profissionais,
principalmente na investigação e, frequentemente, na avaliaçã o dos
resultados da intervençã o.

A avaliação psicológica deve ter valor preditivo ou diagnóstico e


faz-se com recursos a instrumentos técnicos que, por isso, devem
ser utilizados por profissionais com treino no seu uso. Com efeito, a
utilizaçã o adequada de um teste psicoló gico requer um treino longo, por
vá rias razõ es: em primeiro lugar porque cada teste mede um conceito,
um constructo: os psicó logos devem conhecer profundamente a teoria
subjacente ao instrumento, e os conceitos e constructos que ele avalia.
Só assim se pode compreender e explicar os resultados, conhecer o
modo como é aplicado, compreender o modo como o respondente se

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 28
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

comporta, saber cotar e reportar os resultados, e os procedimentos


éticos inerentes à utilizaçã o do teste, entre outros.

Pelas razõ es expostas os testes ou instrumentos de avaliaçã o psicoló gica,


nã o estã o acessíveis a qualquer um. As empresas que comercializam
os testes psicológicos, exigem normalmente ao cliente que
comprove a sua idoneidade profissional, que é licenciado em
psicologia e ou a carteira profissional.

Considerações
A avaliaçã o psicoló gica, na sua vertente prá tica, tem três grandes fases:
os procedimentos, os processos, e o uso dos resultados. Qualquer destes
inclui detalhes fundamentais. No procedimento e processo deve-se
garantir que as técnicas de avaliaçã o e ou os instrumentos utilizados sã o
os mais vá lidos para responder à questã o para que a avaliaçã o foi
concebida; ao mesmo tempo, a aplicaçã o das técnicas deve respeitar
critérios éticos que estã o universalmente definidos para a avaliaçã o
psicoló gica: o ú ltimo detalhe mais importante diz respeito ao uso dos
resultados que incluem: as consequências da avaliaçã o, que devem
responder apropriadamente à questã o que deu origem à avaliaçã o
psicoló gica, e o respeito ético no uso desses resultados.

O psicólogo está obrigado a garantir a adequação da avaliação


psicológica e é por isto que a avaliação é psicológica e só pode ser
realizada por psicólogos credenciados, que tenham que responder
perante estruturas de vigilância éticas, pela adequação da sua
prática (neste caso a ordem dos psicólogos angolanos).

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 29
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Trabalho para investigação

1- O processo de avaliaçã o permite obter informaçõ es importantíssimas


dos aspectos psicoló gicos dos avaliados, proporcionando assim, uma
actuaçã o mais completa e definida do psicó logo. No contexto angolano,
como é que as empresas podem tirar maior benefício da avaliaçã o
psicoló gica? Justifique a sua resposta com exemplos.

2- Debruça-te sobre a importâ ncia da avaliaçã o psicoló gica.

3- Os testes psicoló gicos se constituem como ferramentas importantes


para o psicó logo. Comente a afirmaçã o

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 30
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

2.MÉTODOS PARA COLECTA DE INFORMAÇÕES

Os instrumentos utilizados na avaliação psicológica

Sendo a Avaliaçã o Psicoló gica a atribuiçã o de qualidade aos valores


numéricos obtidos através da medida, entã o envolve sempre um juízo de
valor (Erthal, 2003). Por isso a importâ ncia de instrumentos adequados
e psicó logos habilitados para sua utilizaçã o.

Todas as técnicas sã o importantes para fins de colecta de informaçõ es.


Precisa-se conhecer quais sã o as técnicas que podem ser empregadas e
reconhecer quais as mais apropriadas para as diversas finalidades, já
que sã o inú meras as actividades exercidas pelo psicó logo.

Apresentaremos, para cada uma das técnicas, os respectivos


instrumentos. Dentre as técnicas utilizadas para a colecta de
informaçõ es para fins de avaliaçã o psicoló gica, podemos citar a
observaçã o, a inquiriçã o e a testagem (Erthal, 2003).

Registo de comportamento

Observação
Escala de classificaçã o

Inventá rios
Questioná rio Escala de atitude

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 31
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Levantamento de opiniã o
Inquisição
Entrevista

Testes nã o padronizados
Testagem
Testes padronizados

Técnica de avaliação é o método utilizado para obtençã o da


informaçã o.

Instrumento é o recurso usado para esse fim (Erthal 2003).

Todas as técnicas sã o de grande valor. Na Psicologia, de modo geral,


fazemos uso da observaçã o. Dentre os instrumentos de inquiriçã o, para
fins de avaliaçã o psicoló gica, fazemos uso mais comummente da
entrevista.

Quanto à testagem, devemos utilizar os testes padronizados que sã o


aprovados.

Os testes nos apresentam muitas informaçõ es a respeito do


comportamento e da personalidade de uma pessoa, mas nã o podemos
depender somente deles.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 32
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

A observaçã o directa do comportamento é uma das técnicas que mais


empregamos.

A observação

A observaçã o naturalista tem sido muito ú til para os psicó logos infantis,
mas sua aplicaçã o é amplamente utilizada em programas que trabalham
o comportamento em escolas, clínicas, hospitais e em qualquer contexto.
Anastasi (2000) menciona que as observaçõ es naturalistas têm muito
em comum com os testes situacionais.

A observação é uma das técnicas utilizadas para colecta de


informações, e os instrumentos de observação mais conhecidos são
os registos do comportamento e escalas de classificação

. O primeiro é composto por anotaçõ es escritas sobre o comportamento


padronizado observado. Fica evidente que os registos devem ser feitos
sem a introduçã o da opiniã o ou do julgamento do observador.

Quanto à s escalas de classificaçã o, sã o instrumentos que objectivam


ordenar os eventos, mantendo um intervalo fixo entre eles. Sã o muito
utilizadas em situaçõ es organizacionais e educacionais, mas também
pode ser utilizado na clínica. O sistema grá fico é prá tico e muito
utilizado.

Para construir uma escala de classificaçã o utilizando o sistema grá fico,


devemos primeiro definir as características a serem observadas. A linha
representa o grau de magnitude delimitada ao traço avaliado. O
observador vai marcar de acordo com suas observaçõ es.
POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/
940495396 whatsap Pá gina 33
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Um teste situacional é aquele que coloca o testando em uma situaçã o


que simula uma situaçã o de critério de “vida real”.

©.COM

A Inquirição

Inquirir é arguir, perguntar, questionar.

A inquirição é considerada uma das técnicas mais importantes e


aquela que todo psicólogo utiliza para fins de colecta de
informação. Dentre os instrumentos de inquiriçã o, Mediano (1976) cita
o questionário e a entrevista.

No questionário, o autor diferencia os inventá rios das escalas de


atitude e do levantamento de opiniã o.

O questioná rio pode ser considerado como uma série de perguntas que
tem por finalidade obter as respostas do sujeito que estã o, de modo
geral, impregnadas com suas ideias e sentimentos.

Os inventários, geralmente usados como instrumento de


autoavaliação, sã o um tipo de questioná rio em que sã o dispostas
afirmaçõ es sobre um determinado tema e o respondente deve concordar
ou nã o.

Segundo Erthal (2003), o indivíduo é seu pró prio juiz, pois lhe cabe dar
sua opiniã o a respeito das informaçõ es que lhes sã o apresentadas.

Existem dois tipos de inventá rios: o de interesse, que é profissional ou


vocacional, e o de personalidade, que pode medir traços para

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 34
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

identificar as diferenças individuais e assim traçar um diagnó stico e o


inventá rio de ajustamento que mede a capacidade em realizar
ajustamentos necessá rios quando o sujeito está exposto em situaçõ es de
pressã o e tensã o.

Numa escala de atitude, o sujeito recebe um nú mero de afirmaçõ es


sobre um determinado tema, geralmente polémico, e deve expressar sua
atitude em relaçã o a elas

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 35
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

ATITUDE

Atitude pode ser conceituada como sentimentos pró ou contra pessoas


e coisas com quem entramos em contacto (Rodrigues, 1999).

São inúmeras as definições de atitude. Dentre tantas, ressaltaremos


aquela que a situa como uma predisposiçã o para a acçã o. Nã o é a acçã o
em si. Pode-se ter uma atitude favorável a um determinado facto e
agir de forma congruente. Mas posso afirmar que sou favorável e,
na hora da acção, faço o oposto.

Para Rodrigues (1978), as atitudes sã o variá veis intervenientes (nã o


observá veis, mas directamente inferíveis de comportamentos
observá veis) e sã o compostas por três componentes: o cognitivo, o
afectivo e o comportamental.

Segundo Erthal (2003), há dois tipos importantes de escalas de


atitudes: a escala do tipo Thurstone e a escala do tipo Likert.

As escalas de Thurstone sã o escalas diferenciais, ou seja, as posiçõ es


dos itens na escala seguem uma ordenaçã o ou avaliaçã o feita
previamente por juízes. Neste tipo de escala deve-se obter o maior
nú mero possível de afirmaçõ es (100 ou mais) sobre o assunto,
exprimindo aspectos diversos, sejam favorá veis ou desfavorá veis ao
tema, e sã o apresentados aos juízes (1, 7, 9 ou 11), sendo feita a média
da avaliaçã o da consistência de cada afirmativa efectuada pelos juízes.

Já as escalas de Likert sã o consideradas escalas somató rias. O sujeito


responde a cada item, indicando graus de acordo ou desacordo. Nesse
tipo de escala, oferece afirmativa sã o sujeito, e ele deve expressar sua
posiçã o sobre o assunto e o grau em que se sente afectado por elas por
intermédio de uma pontuaçã o que vai de 1 a 5, como por exemplo: 1
ponto para concordo plenamente, 2 pontos para concordo em parte, 3
pontos para nã o tenho opiniã o, 4 pontos para discordo em parte e 5
pontos para discordo totalmente. Nesse tipo de escala, nã o sã o
POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/
940495396 whatsap Pá gina 36
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

necessá rios juízes para a classificaçã o das informaçõ es. A consistência


interna é o critério para a selecçã o dos itens (Erthal, 2003).

O levantamento de opinião é um tipo de questioná rio que busca


inquirir informaçõ es específicas de um ú nico tema. Pode ser
apresentado sob o formato de questã o ú nica, e o sujeito vai responder
sim ou nã o. O referendo é um exemplo de um levantamento de opiniã o.

Relação da inquirição e a mensuração

Medir é um acto de colher informaçõ es e ordená -las, levando em conta


seu aspecto quantitativo numérico. A avaliaçã o é um processo mais
amplo que a medida, mas uma avaliaçã o pode utilizar tanto descriçõ es
quantitativas como qualitativas, ou ambas.

Todos sã o instrumentos que podem ser utilizados para colecta de dados.

Contudo, a partir de agora, é a Entrevista que receberá nossa maior


atençã o.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 37
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

A entrevista

A entrevista nã o é um instrumento de uso apenas do profissional de


psicologia. No entanto, a entrevista psicológica é entendida como
aquela em que se buscam objectivos psicoló gicos (investigaçã o,
diagnó stico entre outros).

A entrevista psicológica é o instrumento de trabalho nã o somente para


o psicó logo, como também para outros profissionais: psiquiatra,
assistente social, soció logo, enfermeiro, profissional de recursos
humanos etc. (Bleger, 1989)

O ú nico instrumento que é unicamente de competência do psicó logo é o


teste psicológico.

Erthal (2003) esclarece que a entrevista é mais um processo de obtençã o


de informaçã o do que propriamente um instrumento, pois o inquiridor é
aquele que ao mesmo tempo efectua o processo e o avalia.

A entrevista nã o é uma conversaçã o, um bate-papo; é uma técnica


utilizada para colher informaçõ es que serã o muito importantes para a
vida de alguém. Toda entrevista deve ser muito bem planejada e
sistematizada para que seja eficaz.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 38
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Distinção entre entrevista de consulta e anamnese

CONSULTA é uma assistência profissional.

é um procedimento técnico para atender a uma


consulta.
ENTREVISTA

vem do grego ana (remontar)+ emnesis (memó ria);


é a evocaçã o voluntá ria do passado.
ANAMNESE

Sendo fundamental para o método clínico, a entrevista psicoló gica é um


procedimento de investigaçã o científica em psicologia que tem regras.
Devemos ter atençã o ao tipo de entrevista que faremos.

Mais uma vez, é evidenciada a necessidade de estar atento ao objectivo


do psicó logo. Se estou na á rea clínica, vou aplicar a mesma entrevista
que utilizaria na á rea de recrutamento e selecçã o de pessoal? Nã o.

De acordo com Erthal (2003), existem três tipos de entrevista: a


estruturada, a semi-estruturada e a nã o estruturada.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 39
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

TIPOS DE ENTREVISTAS

É aquela em que você já tem uma série de


informaçõ es preestabelecidas, como, por
ESTRUTURADA OU
exemplo, o currículo vitae. Quando você está
DIRETIVA OU
trabalhando de uma forma mais objetiva, usa
SISTEMÁTICA OU
esse tipo de entrevista. Aqui você dirige e
FECHADA
controla, portanto é controlada.

Muito utilizada em situaçõ es de seleçã o de


pessoal.

O entrevistado escolhe por onde vai começar


a falar. As perguntas sã o de cará ter geral,
NÃO
objetivando colher maior nú mero de
ESTRUTURADA OU
informaçõ es. A diferença é que aqui você nã o
NÃO DIRETIVA OU
tem questõ es a priori sobre o sujeito. A nã o
NÃO SISTEMÁTI-
diretividade en- coraja o sujeito a se
CA OU ABERTA OU
expressar do modo que desejar, e os
DE LIVRE
comentá rios feitos por ele sã o o material que
ESTRUTURAÇÃO
o entrevista- dor usa para avaliar a sua
opiniã o e sua atitude em relaçã o a alguma
coisa. Apesar de nã o ter uma ordenaçã o
rígida, há um objetivo específico a ser
atingido. Ela está limitada aos fins que se
pretende atingir. Aqui cabe ao entrevista-
dor intervir, quando necessá rio, no sentido
de reconduzir o sujeito ao assunto de
interesse. É utilizada, por exemplo, na clínica.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 40
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Pode acontecer que muitos dados deixam de


ser falados na entrevista aberta, entã o o
SEMIESTRUTURAD
entrevistador deve esclare- cê-los através da
A OU
investigaçã o mais sistemá tica. Assim, na
SEMIDIRETIVA OU
entrevista mista, a entrevista estruturada
MISTA
segue-se à nã o estruturada com o objetivo de
melhorar a qualidade e a quantidade das
informaçõ es colhidas. É frequentemente
usada no psicodiagnó stico e em situaçõ es de
orientaçã o profissional.

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 41
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Fazendo alusã o à entrevista aberta ou nã o estruturada, Cunha (2000)


argumenta, ao abordar as entrevistas clínicas, que “todos os tipos de
entrevista têm alguma forma de estruturaçã o na medida em que a
actividade do entrevistador direcciona a entrevista no sentido de
alcançar seus objectivos”. Por isso, refere-se a esse tipo de entrevista
como entrevista de livre estruturaçã o.

Uma entrevista, na prá tica, antes de poder ser considerada uma técnica,
deve ser vista como um contacto social entre duas ou mais pessoas. O
sucesso da entrevista dependerá , portanto, de qualidades gerais de um
POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/
940495396 whatsap Pá gina 42
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

bom contacto social, sobre o qual se apoiam as técnicas clínicas


específicas. Desse modo, a execuçã o da técnica é influenciada pelas
habilidades interpessoais do entrevistador. (Cunha, 2000, p.52).

Assim, para realizar uma boa entrevista, Cunha (2000, p.52) aponta
algumas habilidades interpessoais que o entrevistador deve ter:

O ENTREVISTADOR DEVE SER CAPAZ DE:

Estar presente, no sentido de estar inteiramente


disponível para o outro naquele momento e poder ouvi-
lo sem interferência de questõ es pessoais;

Ajudar o paciente a se sentir à vontade e a desenvolver


uma aliança de trabalho;

Facilitar a expressã o dos motivos que levaram a pessoa a


ser encaminhada ou a buscar ajuda;

Buscar esclarecimentos para colocaçõ es vagas ou


incompletas;

Gentilmente confrontar esquivas e contradiçõ es;

Tolerar a ansiedade relacionada aos temas evocados na


entrevista;

Reconhecer defesas e modos de estruturaçã o do


paciente, especial- mente quando elas atuam
diretamente na relaçã o com o entrevistador
(transferência);

POR: Dr Nelson Dembo, Psicó logo Clinico e Criminal/[cont. 926166023/


940495396 whatsap Pá gina 43
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Ao levar que consideraçã o que o instrumento de trabalho do entrevistador é ele


mesmo, que estará em uma relaçã o interpessoal, e o objecto que se estuda é
outro ser humano, ao colher as informaçõ es sobre a vida do paciente, poderá
implicar em um exame de sua pró pria vida. Entã o, na sua actuaçã o, o
entrevistador deve estar dissociado, de maneira a conseguir graduar o impacto
emocional e a desorganizaçã o ansiosa (Bleger, 1998).

De acordo com Cunha (2000), para estar presente e poder ouvir o paciente, o
entrevistador deve ser capaz de isolar outras preocupaçõ es e, momentaneamente,
focalizar sua atençã o no paciente. Para tanto, é preciso o controle do grau de
ansiedade.

A ansiedade do entrevistador é um dos factores mais difíceis de manipular. Toda


investigaçã o implica em certo grau de ansiedade diante do desconhecido, a qual o
entrevistador deverá ser capaz de tolerar (Bleger, 1998).

Todo entrevistador deve ter domínio das técnicas que utiliza para sentir segurança
e possa estar preocupado com o processo e nã o o que precisa ou deve fazer. Cunha
(2000) chama a atençã o para o fato de que a falta desse domínio pode resultar em
uma aplicaçã o mecâ nica e desconexa das directrizes da técnica. Com a prá tica e a
experiência, a entrevista flui e a actuaçã o do profissional transforma a técnica em
arte.

Toda entrevista psicoló gica é uma relaçã o, com características particulares, que se
estabelece entre pelo menos duas pessoas.

O ambiente onde ocorrem essas relaçõ es interpessoais é de expressiva


importâ ncia. Para Bleger (1998), o campo da entrevista é dinâ mico, pois está
sujeito a mudanças, e a observaçã o deve ser estendida do campo específico
existente em cada momento à continuidade e sentido dessas mudanças. (p.11).

Sendo o campo a dinâ mica que se estabelece a partir do contacto entre


entrevistador e entrevistado, onde estã o presentes características de
personalidade de um e de outro, devemos ter cautela para que nã o haja variaçõ es
que causem interferências no campo.

O papel do entrevistador, os objectivos, o lugar, o tempo da entrevista e, inclusive,


os honorá rios do profissional têm de ser constantes.

Na entrevista, as manifestaçõ es do objecto que estudamos dependem da relaçã o


estabelecida com o entrevistador, e todos os fenó menos que aparecem estã o
condicionados por essa relaçã o. Para Bleger (1998), “a chave fundamental da
entrevista está na investigaçã o que se realiza durante o seu transcurso, as
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

observaçõ es sã o sempre registadas em funçã o de hipó teses que o observador vai


emitindo”.

As etapas da investigação são nítidas e sucessivas:

• Observaçã o;

• Hipó tese;

• Verificaçã o.

O psicó logo, ao utilizar a entrevista como instrumento para colecta de informaçõ es,
nã o está conversando, como imagina a maioria dos leigos. Ele está trabalhando,
observando, levantando alguma hipó tese e criando condiçõ es para verificaçã o
delas. Inclusive quando o paciente for uma criança. Nesse caso, devemos levar em
consideraçã o que o trabalho deve ser feito em ambiente lú dico. A criança nã o sabe
expressar seus pensamentos, seus conflitos. É no acto de brincar que ela
experiencia e expõ e para o profissional o material que precisa ser averiguado e
trabalhado.
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

A ANAMNESE

A anamnese geralmente é feita em


forma de entrevista semi-estruturada,
ou seja, há um roteiro prévio contendo
aspectos essenciais a serem abordados
para orientar algumas perguntas, e esse
roteiro vai sofrendo adaptaçõ es durante
a entrevista. O psicó logo tem
flexibilidade para adequar as questõ es
ao background só cio educacional do
paciente, bem como para adicionar
perguntas que considere relevantes.
Pode-se també m fazer adaptaçõ es ao
roteiro, de modo a deixar de questionar
aspectos percebidos como nã o passíveis
de resposta ou questõ es que já foram
respondidas em um momento anterior.
Nos anexos deste material podem
observar um exemplo de roteiro de
anamnese.

Na anamnese, o psicó logo se interessa tanto pelos sintomas objectivos como


pela vivência subjectiva do paciente em relaçã o aos sintomas; pela
cronologia dos fenó menos e pelos dados pessoais, sociais, profissionais s e
familiares. Além disso, o psicó logo permanece atento à s reacçõ es do
paciente ao fazer o seu discurso. Realiza, assim, parte do exame psíquico e
da avaliaçã o do estado mental actual durante a anamnese.

Em alguns casos, o paciente consegue formular com certa clareza e precisã o


a “queixa principal”, que, ao psicó logo, parece consistente e central no
sofrimento psíquico do paciente e para o seu diagnó stico. Isso pode ajudar o
psi- có logo a limitar o “campo de procura” a ser investigado. Muitas vezes,
entretanto, o paciente psiquiá trico nã o tem qualquer queixa a fazer; ou
simplesmente nã o tem crítica ou insight da sua situaçã o e do seu sofrimento
psíquico. Outras vezes, se recusa defensivamente a admitir que tenha um
problema mental, comportamental ou psicoló gico e que esteja a sofrer.

Normalmente no decurso da entrevista inicial, o psicó logo faz a anamnese, ou


seja, sã o colhidos os dados necessá rios do paciente, o que inclui os dados
sociodemográ ficos, a queixa principal e a histó ria da queixa, os antecedentes
mó rbidos somá ticos e psíquicos pessoais, contendo os há bitos e o uso de
substâ ncias químicas, os antecedentes mó rbidos familiares, a histó ria pessoal do
paciente (englobando as vá rias etapas do desenvolvimento somá tico,
neuroló gico, psicoló gico e psicossocial) e, finalmente, a avaliaçã o das
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

interacçõ es familiares e sociais do paciente. Para avaliaçã o individual do


paciente, o psicó logo começa com a anamnese.
Na verdade em consultó rio a tendência é o preenchimento da ficha
psicoterapê utica de modo a ter uma sequência narrativa dos factos e das
sessõ es melhor direccionada apó s a colheita inicial da anamnese (em alguns
instituiçõ es hospitalares vã o encontrar prontuá rio, ficha clínica ou processo
inicia).
As denominaçõ es variam apenas, sendo que o objectivo permanece o mesmo:
recolhe de informaçõ es clínicas, pregressas, familiares e outras do caso).
Inicialmente, em qualquer transtorno, problema existencial e ou relacional e para
qualquer paciente, o primeiro passo é a realizaçã o de uma avaliaçã o minuciosa que
possa trazer dados consistentes a fim de se traçar uma linha de base. Isto é,
conhecer quem é a pessoa, qual a sua contenda, como foi a sua histó ria de
aprendizagem e quais sã o as relaçõ es estabelecidas com o contexto. A avaliaçã o
permite ao psicó logo5 estabelecer uma descriçã o funcional, apontar hipó teses
diagnó sticas e escolher as técnicas mais pertinentes e eficazes para serem
utilizadas no processo psicoterapêutico. Uma das dificuldades para se fazer uma
avaliaçã o correcta é que nã o existe um padrã o de testes e inventá rios com
respostas exactas (Koch & Gross, 2005). Por isso, o manejo clínico passa a ser a
principal estratégia para se alcançar os dados, isto é, a postura empá tica e
assertiva, a capacidade de continência, a capacidade de fazer perguntas adequadas,
pouco vagas e nã o indutoras, que possibilitem as respostas almejadas.

AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE

O psicó logo no inicio da entrevista de avaliaçã o é aconselhá vel seguir


alguns passos: apresentar-se nominalmente (nome, especialidade,
experiê ncia, linha de orientaçã o e local de trabalho); dar um aperto de
mã o e explicar em que consiste o seu papel durante a psicoterapia e ou
atendimento psicoló gico; assegurar a privacidade e confidencialidade
dos temas abordados; encorajamento narrativo; organizaçã o
cronoló gica dos factos; capacidade de síntese; roupa adequada (no
contexto hospitalar usar bata e em consultó rio evitar roupas curtas e
justas; linguagem corporal adequada, contactos oculares e físicos
naturais; demonstrar empatia; senso de humor e interesse e uso do
silêncio (adequado) em questõ es polémicas, sensíveis e ou tabus.

A história do paciente

A histó ria do paciente é a ferramenta mais importante de que se dispõ e


para estabelecer um diagnó stico. Desenvolver um bom rapport com os
pacientes é essencial para entrevistar de forma efectiva e obter dados
completos. Tanto o conteú do (o que o paciente diz e nã o diz) como a
maneira pela qual ele é expresso (linguagem corporal, mudança de assunto)
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

sã o importantes. Quando o psicó logo regista uma queixa principal nas


palavras do paciente, deve colocar em aspas seguido da palavra “sic!” na
declaraçã o para indicar que as palavras foram ditas taxativamente pelo
paciente.

- Uma jovem de 30 anos, ex-funcioná ria de uma empresa de telefonia mó vel


angolana chega ao consultó rio de Psicologia com a seguinte queixa
principal: “me sinto uma pessoa muito triste, por causa desses pensamentos
ruins”.

Um dos primeiros passos no estudo de caso clínicos é a familiaridade com a


classificaçã o nosográ fica (DSM-5 e ou CID-10) que permitirá ao psicó logo isolar os
sinais e sintomas mais frequentes com a hipó tese diagnó stica, apó s a avaliaçã o
psicoló gica. O passo a seguir consiste em determinar a gravidade da perturbaçã o
ou problema existencial bem como o grau de prejuízo psíquico (mal-estar
psicoló gico) que a mesma causa. Seguidamente o tipo de intervençã o mais
adequado ao caso. É importante destacar que cada caso segue a sua pró pria
diegese em termos de resoluçã o. O ú ltimo passo é monitorar a resposta ou a
eficá cia do tratamento, o que pode ser feito de diferentes maneiras. Esse
acompanhamento pode ter por base os sintomas (o paciente se sente melhor) ou
aplicaçã o de técnicas psicoterapêuticas es- pecíficas tal como veremos no capítulo
a seguir. Alguns cuidados também devem ser levados em consideraçã o quanto à s
condiçõ es da aplicaçã o: o ambiente físico e psicológico.

O espaço físico deve ser confortá vel, com iluminaçã o e ventilaçã o apropriada,
mesas e cadeiras adequadas e livres de barulho.

Segundo Urbina (2007), os princípios mais importantes que devem ser seguidos
para a adequada preparaçã o do ambiente sã o antecipar e remover qualquer fonte
de distracçã o e, para evitar interrupçõ es, devemos pô r um aviso na porta da sala
de exames para que as pessoas saibam que uma testagem está acontecendo.

Na sala devem permanecer apenas o examinador e o (s) testando (s). A presença


de qualquer pessoa estranha à situaçã o pode influenciar o ambiente da testagem.
Caso haja qualquer adaptaçã o que possa influenciar a interpretaçã o dos resultados,
elas devem ser incluídas no relató rio.

Ambiente psicológico

Como ambiente psicoló gico consideram-se as condiçõ es de saú de física e


psicoló gica do testando, as instruçõ es devem ser claramente compreendidas e o
rapport deve ser apropriado para que o testando se sinta à vontade ao fazer o teste
(Pasquali, 2001).
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Para Urbina (2007,p.267), o termo rapport se refere à relação harmónica que


deve existir entre testandos e examinadores. Uma atmosfera amigá vel deve ser
estabelecida desde o início da sessã o de testagem, e o rapport inicial deve ser de
bom a excelente.

Empatia é sentir o que o outro sente, MAS nã o viver o que o outro vive!

Rapport é o estabelecimento de uma sintonia, um grau de empatia. Esta palavra


tem origem no termo em francês rapporter, que significa "trazer de volta".

Na aplicaçã o de testes, o rapport se refere aos esforços do examinador para


despertar o interesse dos testandos, obter sua cooperaçã o (Anastasi, 2000).

INVENTÁRIO DE EXPLORAÇÃO CLÍNICA (CABALLO & SALAZAR,


2005)Conforme veremos, a recolha de informaçõ es constitui um elemento
fundamental no trabalho do psicó logo, independentemente da sua linha de
orientaçã o teó rica.

Neste sentido, devido ao seu modelo estrutural e actual, pensamos que o


inventá rio de exploraçã o clínica (Caballo & Salazar, 2005) é um instrumento
ú til e eficaz para recolha de informaçõ es, estabelecimento de uma hipó tese
diagnó stica bem como elaboraçã o de um plano terapêutico. O inventá rio de
exploraçã o clínica (IEC), acima referido contém quinze pá ginas e dezassete
itens de avaliaçã o clínica. Os itens do IEC sã o: dados gerais (I);
descriçã o do paciente (II); dados clínicos (III), dados familiares (IV);
antecedentes pessoais (V); lazer (VI); á rea social (VII); dados escolares e
académicos (VIII); á rea religiosa e espiritual (IX); dados profissionais (X);
sexualidade (XI); relacionamento afectivo (XII); filhos (XIII); problemas e
obsessõ es (XIV); Outras questõ es (XV); descriçã o de si mesmo (XVI) e
descriçã o do comportamento do paciente durante a entrevista (XVII).

É igualmente importante que antes da aplicaçã o e ou preenchimento do IEC,


o psicó logo observe alguns itens: objectivo da sessã o (o primeiro encontro o
fundamental é recolher informaçõ es e estabelecer uma aliança terapêutica,
nã o se apresse em apresentar um diagnó stico); apresentaçã o e organizaçã o
do ambiente da consulta, apresentaçã o do psicó logo (como se chama, desde
quando é que atende no hospital e ou consultó rio e experiência clínica), a
dura- çã o da consulta (45 – 50 minutos) e o valor a ser cobrado (no caso de
consultó rio privado). A primeira entrevista de avaliaçã o psicoló gica é um
encontro de duas ou mais pessoas com histó rias diferentes, que nunca se
viram antes e que vã o começar a criar uma intimidade. É o momento em que
o psicó logo começa a conhecer o paciente ou casal, as suas histó rias e
dificuldades. Ele vai começar uma espécie de viagem, lembrando que, de
certa forma, naquele contexto ele (o terapeuta) é o responsá vel ou o guia que
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

tem a responsabilidade de direccio nar com a sua experiência e técnica as


sessõ es. A primeira entrevista permite, entre outras coisas, que o paciente e
ou cliente tire algumas dú vidas pessoalmente como, por exemplo: o que se
faz em uma psicoterapia, qual é o preço das sessõ es, forma de pagamento,
quantas sessõ es serã o necessá rias por semana, qual a duraçã o média do
tratamento, se este é o melhor tratamento para o seu caso, entre outras. Para
o melhor aproveitamento da primeira entrevista é fundamental que o
psicó logo delimite os objectivos da sessã o e evite ser vago nas respostas. Ao
conduzir um processo de avaliaçã o psicoló gica, o psicó logo deve sempre
considerar o meio em que o avaliando está inserido, a sua histó ria de vida e
as suas condiçõ es sociais, econó micas e políticas, integrando essas
informaçõ es à quelas obtidas por meio das técnicas aplicadas.

A interpretaçã o isolada de um teste psicoló gico (BAI, BDI, BHS, Escala de


Fobia Social de Liebowitz, Escala de auto-estima de Rosenberg em anexo)
sem considerar todo o contexto envolvido, ou seja, sem apresentar um
entendimento do resultado obtido a partir da aná lise do caso prejudica a
validade da avaliaçã o.

ASPECTOS ÉTICOS

A declaraçã o universal dos princípios éticos para psicó logos (International Union
of Psychological Science [IUPsyS], 2014) tal como o có digo de ética e deontologia
profissional do psicó logo em Angola (Luanda, 30 de Maio de 2013) estabelecem
quatro princípios bá sicos sobre os quais os profissionais e pesquisadores devem
pautar-se:

1) Respeito pela dignidade das pessoas e dos povos;

2) Cuidado competente pelo bem-estar de pessoas e dos povos;

3) Integridade;

4) Responsabilidade profissional e científica à sociedade.

Para manter o respeito a esses quatro princípios centrais, cuidados e


procedimentos éticos devem ser tomados de forma a proteger o utente e o
profissional de Psicologia. Actualmente com o agravamento da situaçã o
epidemioló gica mundial, alargou-se a necessidade do atendimento terapêutico
online. Em princípio, o atendimento on-line requer o reconhecimento da
identidade do utente / cliente para assegurar que ele (a) é quem diz ser.

Utiliza-se a plataforma ZOOM e outras para as sessõ es online

No entanto, é necessá rio fazer uma avaliaçã o clínica completa e cuidadosa, uma vez
que o atendimento virtual é contra-indicado para pacientes com ideaçã o suicida,
transtornos graves (transtorno bipolar ou psicoses), transtorno da personalidade
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

ou com comorbidades, cujo quadro clínico possivelmente interfere na resposta


terapêutica (por exemplo: psicoterapia comportamental para pacientes com
diagnó stico de Transtorno de Estresse Agudo – onde se inclui em alguns casos
traumas de infâ ncia e automutilaçã o). Além disso, outras questõ es devem ser
levadas em conta, como as condiçõ es externas do espaço (barulho, interrupçõ es,
iluminaçã o e qualidade do som). O psicó logo ao realizar o atendimento virtual está
igualmente sujeito a observaçã o das normas do có digo de ética e deontologia
profissional.
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

A história dos sistemas de classificação

A busca pelo conhecimento é uma característica fundamentalmente humana. Desde os tempos


pré-histó ricos o homem tenta compreender, prever e controlar a natureza que o cerca. Toda a
histó ria da Medicina é marcada por esse raciocínio clínico em que identificar e agrupar
enfermidades que compartilham dos mesmos sinais e sintomas é a base para se procurar a
origem das doenças, prever a evoluçã o e buscar meios de tratamento2. No campo da saú de
mental, podemos atribuir ao psiquiatra alemã o Emil Kraepelin (1856-1926) o desenvolvimento
do primeiro sistema de classificaçã o que, norteado por uma visã o fenomenoló gica, considerava
a origem orgâ nica das doenças psiquiá tricas. Através da observaçã o clínica, Kraepelin procurou
identificar padrõ es de sintomas que permitissem a construçã o de diagnó sticos sindró micos. No
seu tratado, refutou a ideia de uma psicose ú nica e apresentou o quadro de "Demência
precoce", distinguindo-o da "Psicose maníaco-depressiva".

A história do DSM
Em 1840, os EUA empreenderam um censo que contava com a categoria "idiotia/loucura", com
propó sito de registar a frequência de doenças mentais. No censo de 1880, as doenças mentais
foram divididas em sete categorias distintas (mania, melancolia, monomania, paresia,
demência, dipsomania e epilepsia). Observa-se assim que as primeiras classificaçõ es norte-
americanas de transtornos mentais aplicadas em larga escala tinham objectivo
primordialmente estatístico.

No início do século XX o Exército norte-americano, juntamente com a Associaçã o de Veteranos,


desenvolveu uma das mais completas categorizaçõ es para aplicaçã o nos ambulató rios que
prestavam atendimento a ex-combatentes. Em 1948, sob forte influência desse instrumento, a
Organizaçã o Mundial da Saú de (OMS) incluiu pela primeira vez uma secçã o destinada aos
"Transtornos Mentais na sexta ediçã o de seu sistema de Classificaçã o Internacional de Doenças
- CID-6.

A primeira ediçã o do Manual diagnóstica e estatístico de transtornos mentais (DMS) foi


publicada pela Associaçã o Psiquiá trica Americana (APA) em 1953, sendo o primeiro manual de
transtornos mentais focado na aplicaçã o clínica. O DSM-I consistia basicamente em uma lista de
diagnó sticos categorizados, com um glossá rio que trazia a descriçã o clínica de cada categoria
diagnó stica. Apesar de rudimentar, o manual serviu para motivar uma série de revisõ es sobre
questõ es relacionadas à s doenças mentais. O DSM-I, desenvolvido paralelamente com a CID-8,
foi publicado em 1968 e era bastante similar ao DSM-I, trazendo discretas alteraçõ es na
terminologia.
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Em 1980, a APA publicou a terceira ediçã o do seu manual introduzindo importantes


modificaçõ es metodoló gicas e estruturais que, em parte, se mantiveram até a recente ediçã o.
Sua publicaçã o representou um importante avanço em termos do diagnó stico de transtornos
mentais, além de facilitar a realizaçã o de pesquisas empíricas. O DMS- III apresentou um
enfoque mais descritivo, com critérios explícitos de diagnó sticos organizados em um sistema
multiaxial, com o objectivo de oferecer ferramentas para clínicos e pesquisadores, além de
facilitar a colecta de dados estatísticos. Revisõ es e correcçõ es foram promovidas sobre o
manual, levando à publicaçã o do DSM-III-R, em 1987.

A proliferaçã o de pesquisas, revisõ es bibliográ ficas e testes de campo permitiu que, em 1994, a
APA lançasse o DSM-IV. A evoluçã o do manual representava um aumento significativo de dados,
com a inclusã o de diversos novos diagnó sticos descritos com critérios mais claros e precisos.
Uma revisã o dessa ediçã o foi publicada em 2000 como DSM-IV-TR e foi formalmente utilizada
até o início de 2013.
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

O DSMS-5

Oficialmente publicado em 18 de Maio de 2013, é a mais nova ediçã o do Manual diagnóstico e


estatístico de transtornos mentais da Associaçã o Psiquiá trica Americana. A publicaçã o é o
resultado de um processo de doze anos de estudos, revisõ es e pesquisas de campo realizados
por centenas de profissionais divididos em diferentes grupos de trabalho. O objectivo final foi o
de garantir que a nova classificaçã o, com a inclusã o, reformulaçã o e exclusã o de diagnó sticos,
fornecesse uma fonte segura e cientificamente embasada para sua aplicaçã o em pesquisa e na
prá tica clínica4.

No seu aspecto estrutural o DSM-5 rompeu com o modelo multiaxial introduzido na terceira
ediçã o do manual. Os transtornos de personalidade e o retardo mental, anteriormente
apontados como transtornos do Eixo II, deixaram de ser condiçõ es subjacentes e se uniram aos
demais transtornos psiquiá tricos no Eixo I. Outros diagnó sticos médicos, costumeiramente
listados no Eixo III, também receberam o mesmo tratamento. Conceitualmente nã o existem
diferenças fundamentais que sustentem a divisã o dos diagnó sticos em Eixos I, II e III. O
objectivo da distinçã o era apenas o de estimular uma avaliaçã o completa e detalhada do
paciente. Factores psicossociais e ambientais (Eixo IV) continuam sendo foco de atençã o, mas o
DSM-5 recomendou que a codificaçã o dessas condiçõ es fosse realizada com base no capítulo
"Factores que Influenciam o Estado de Saú de e o Contacto com os Serviços de Saú de" (có digos
Z00-Z99) da CID-10. Por fim, a Escala de Avaliaçã o Global do Funcionamento, anteriormente
empregada no Eixo V, foi retirada do manual. Por diversos motivos entendeu-se que a nota de
uma ú nica escala nã o transmite informaçõ es suficientes e adequadas para a compreensã o
global do paciente. A APA continua recomendando a aplicaçã o das diversas escalas que possam
contribuir com cada caso e apresenta algumas medidas de avaliaçã o na Secçã o III do DMS-5.

4
Araú jo, Á lvaro Cabral, & Lotufo Neto, Francisco. (2013). A nova classificaçã o americana para
os transtornos mentais: o DMS-5. Jornal de Psicanálise, 46(85), 99-116. Recuperado em 26 de
Março de 2021,

O CID-10
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Nos primeiros anos da década de 60, o programa de Saú de Mental da Organizaçã o


Mundial de Saú de (OMS) tomou-se activamente empenhado num programa para
melhorar o diagnostico e a classificaçã o de transtornos mentais. Naquela época, a OMS
convocou uma série de encontros para rever o conhecimento, envolvendo activamente
representantes de diferentes disciplinas, vá rias escolas de pensamento em psiquiatria e
todas as partes do mundo no programa. Estimulou e conduziu pesquisa sobre critérios
para a classificaçã o e a confiabilidade de diagnó stico, produziu e estabeleceu
procedimentos para a avaliaçã o conjunta de entrevistas gravadas em vídeo e outros
métodos ú teis em pesquisa. Numerosas propostas para melhorar a classificaçã o de
transtornos mentais resultaram do extenso processo de consulta e essas foram usadas
no rascunho da Oitava Revisã o da Classificaçã o Internacional de Doenças (CID-8). Um
glossá rio definindo cada categoria de transtorno mental na CID-8 foi também
desenvolvido.

Trabalho de investigação

1- Aponte as diferenças entre o Manual Diagnó stico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM)
da Associaçã o Americana de Psiquiatria e a Classificaçã o Internacional de Doenças (CID) da
Organizaçã o Mundial de Saú de.

2- Caso clínico

Jú lia é uma mulher solteira de 40 anos de idade, que foi a consulta de Psicologia no Hospital
Psiquiá trico de Luanda com queixas de dificuldades de adaptaçã o desde que a mã e faleceu
há 4 meses. A paciente viveu sempre em casa e, desde a morte do pai, ocorrida há 20 anos,
ela e a mã e sempre estiveram muito unidas. Jú lia sempre foi tímida, e tem medo de ser
julgada em situaçõ es sociais. Por este motivo, sempre esteve dependente da mã e, que
cuidava dos seus deveres e da sua vida social. A mã e sempre zelou pelos assuntos
domésticos, e era ela quem tratava com as pessoas que vinham reparar avarias, ajudava a
paciente as escolher as roupas e a planear as suas férias. Jú lia nã o tem encontros com
homens e sente-se habitualmente demasiada retraída para participar em festas ou
comparecer a encontros que as amigas da mã e lhe arranjam.

A paciente relata que nunca teve qualquer tipo de relacionamento afectivo. Tem apenas uma
amiga intima que conhece desde o tempo em que andaram na escola e que ela diz ser muito
parecida consigo. Aos fins-de-semana percorrem algumas boutiques da baixa da cidade e
assistem teatro à noite. Jú lia é estudante de Economia na Universidade Agostinho Neto e é
voluntá ria numa organizaçã o nã o-governamental. Participou no ú ltimo concurso pú blico e
aguarda resposta, mas sente-se infeliz no seu emprego como voluntá ria e relata que nã o
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

conseguiria suportar a tortura de ter de comparecer a mais entrevistas e avaliaçõ es para obter
novo emprego.

a) Esclareça o diagnó stico de Jú lia. Aponte os critérios de diagnó stico que sustentam a
resposta anterior bem como o tipo de intervençã o adequado ao caso da Jú lia. (Consultar
o CID-10 e ou o DSM-5 para formulação do diagnóstico).

A INTERVENÇÃO PSICOTERAPÊUTICA

A psicoterapia pode resultar em benefícios como reduçã o de problemas sociais, emocionais


e comportamentais do paciente (ex. ideaçã o suicida, depressã o e ansiedade), alteraçã o de
condiçõ es físicas (ex. dor, disforia, pressã o arterial), resiliência no processo de recuperaçã o de
cirurgias ou doenças e melhoria na qualidade de vida (Roth & Fonagy, 2005). O efeito de
uma intervenção psicoterapêutica pode ocorrer pela interacçã o de variá veis relacionadas
ao paciente, ao psicó logo e à relaçã o estabelecida entre eles (aspecto interpessoal do
processo). Dentre os aspectos associados ao quadro psicopatoló gico, que podem repercutir
no processo e no resultado da intervençã o, destacam- se: severidade e duraçã o da doença,
prejuízos de ordem cognitiva, déficits comportamentais graves, problemas interpessoais,
familiares e conjugais. Além disso, as co-morbidades, como uso de substâ ncias psicoactivas e
transtornos de personalidade, também podem configurar- se como dificuldades para o
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

sucesso do tratamento. De forma oposta, o comprometimento do paciente com a mudança,


a confiança nos procedimentos e resultados da psicoterapia, podem contribuir para o
sucesso terapêutico (Ito, 2001).

3. Caso Clínico e Avaliação Psicológica

Nelson tem 44 anos de idade, tem cinco filhos, vive maritalmente, nos arredores de Luanda, e
foi ao Consultó rio Privado de Psicologia e Psicoterapia Conjugal “Vunongue” com queixas de
insó nias. Nas ú ltimas quatro semanas, desde que ficou desempregado e sem meios financeiros
para sustentar a mulher e os três filhos da actual relaçã o afectiva e os outros dois frutos do
primeiro casamento, sente-se invadido por pensamentos negativos, nervosismo e preocupaçõ es
em relaçã o à renda de casa, à segurança dos filhos, “o bairro onde vivo tem muitos
delinquentes, mas nã o tenho como ir para outro sitio” sic!, à sua pró pria saú de “sinto umas
dores de barriga estranhas, medo do futuro, dificuldade de dormir e de sair de casa” sic!, e as
queixas da mulher “tens de te mexer mais, essa coisa dos brancos de estar sempre a pensar nã o
trá s comida em casa,” diz-lhe a esposa. Nelson sente-se pressionado, preocupado, angustiado e
sem forças para continuar. Dois dias antes da consulta foi chamado para uma entrevista de
emprego numa loja de material eléctrico, mas nem conseguiu sair de casa com receio de falar
durante os testes”

Nelson, ao falar com o psicó logo, parece produzir uma lista interminá vel de possíveis
catá strofes – nã o vou conseguir falar com os clientes na loja, nã o vou conseguir pagar as
contas mensais (renda de casa, colégio dos filhos, alimentaçã o de casa e combustível no
carro), o seu filho mais novo quer uma bicicleta como presente de aniversá rio, as irmã s
vã o ficar decepcionados pelo tempo que nã o vou visitá -las, a esposa qualquer dia pode
perder a bancada no Mercado de Sã o Paulo...a lista segue. Nelson sempre foi preocupado,
mas isso tornou-se quase insuportá vel nas ú ltimas quatro semanas. Além das noites de
insó nia, está quase sempre pensativo, preocupado, trémulo, “inquieto”, incapaz de relaxar
e irritá vel com as brincadeiras dos filhos. Nelson confessa que, muitas vezes, no quarto,
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

desata a chorar sem motivo aparente. As preocupaçõ es sã o abalá veis e impossíveis de


controlar. Apesar dos seus esforços para se distrair com os amigos e de tentar mentalizar
“que tudo vai passar”, assegura que nã o consegue controlar os pensamentos negativos,
tã o pouco o frio na barriga, sempre que a mã e dos seus dois primeiros filhos liga “sinto
como se tudo fosse desabar sobre a minha cabeça naquele momento” sic!

a) Sobre o caso de Nelson indique três preocupaçõ es pessoais do mesmo, os sinais e


sintomas da perturbaçã o (segundo o DSM-IV ou 5 e CID-10) e indique a avaliaçã o
psicoló gica do caso com base nos ensinamentos da cadeira.

CONTRATO TERAPÊUTICO

O psicó logo deve estar atento aos seus deveres nas “relaçõ es com a pessoa
atendida, ao sigilo profissional, à s relaçõ es com a justiça e ao alcance das
informaçõ es”. Para a realizaçã o de uma prá tica profissional ética, é
importante que se estabeleça um contrato (seja verbal ou escrito) entre
avaliador e avaliando logo no início do processo de avaliaçã o,
independentemente do contexto em que se insere, a fim de que sejam
esclarecidos os objectivos e os papéis de cada um, bem como os limites
da confidencialidade. Será entregue durante a aula o exemplo de um
modelo de contrato terapêutico.

CONSIDERAÇÕES

A relaçã o psicó logo-paciente pressupõ e reacçõ es impactos emocio- nais. Sã o justamente as


reacçõ es emocionais que fornecem ao psicó logo um conhecimento intuitivo do paciente e
lhe permitem aprofundar as suas impressõ es apó s a anamnese e a entrevista inicial.
Observa-se, portanto, que as pró prias emoçõ es do psicó logo se constituem em um dos
instrumentos de auto-avaliaçã o.
Isto posto, deparamo-nos com o facto de que o psicó logo precisa dispor, alé m de um
referencial teó rico e de recursos técnicos (instru- mentos de avaliaçã o clínica), conhecer os
seus limites emocionais para garantir uma hipó tese diagnó stica consentâ nea com a
sintomatologia do paciente. Com estes elementos, o psicó logo pode observar, identificar e
analisar os fenó menos que ocorrem em si mesmo, no paciente e entre ambos. Assim,
poderá chegar a uma compreensã o desta relaçã o que é de suma importâ ncia para o
diagnó stico do paciente, definiçã o da intervençã o psicoterapêutica e a construçã o de um
plano terapê utico.
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

No caso do diagnó stico infantil, a entrevista de avaliaçã o é feita com os pais e ou responsá veis
tutelares da criança e ou adolescente. Muitas vezes, os pais vêm com a expectativa de que o
problema da criança seja solucionado, isto é, consideram a situaçã o diagnó stica como uma
situaçã o terapêutica. Isto se dá nã o só pelo desconhecimento dos pais sobre o processo
psicoterapêutico, mas também por outras necessidades emocionais, tais como: de que o
psicó logo se encarregue dos problemas do filho e os trate, ou de que o psicó logo resolva
rapidamente a situaçã o que os incomoda. Cabe ao psicó logo investigar essas expectativas na
entrevista inicial e ir mostrando-as aos pais e ou responsá veis tutelares, pois, caso contrá rio,
estes sentir-se-ã o frustrados, pouco compreendidos nas suas necessidades emocionais e
indisponíveis para aceitar os encaminhamentos necessá rios para a resoluçã o do problema
da criança e ou adolescente.
O psicó logo tem que constantemente reflectir sobre as suas pró prias atitudes durante a
entrevista e ver se elas nã o sã o a causa de alguma reacçã o do paciente. Para tal, é necessá rio
que ele disponha de um conhecimento de si mesmo, que lhe permita sentir menos medo
das suas emoçõ es e utilizá -las como instrumento terapêutico. Tanto no psicó logo como no
paciente surgem emoçõ es durante as consultas; a diferença é que o primeiro, dispondo de
um conhecimento sobre si mesmo, pode experienciá -las sem tanto temor, reconhecê -las e
até usá -las para aprofundar o seu conhecimento a respeito do paciente. Temos, entã o, uma
situaçã o aparentemente paradoxal na psicologia clínica: a objectividade decorre justamente
da possibilidade de se incluir o subjectivo como elemento de aná lise.
Dito isso, entende-se que a formulaçã o do diagnó stico do paciente obedece a determinadas
etapas, o que pressupõ e que nas primeiras consultas o psicó logo trabalhe com aquilo que
designamos por “hipó tese diagnó stica” até confirmar a sintomatologia, a duraçã o, remissã o,
alteraçõ es no exame do estado mental e outros componentes que lhe permitiram determinar
com propriedade sobre o diagnó stico do paciente e delinear a intervençã o psicoterapêutica
adequada ao paciente.
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Extracto do prefácio da CID-10

F00-F09 Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos

F00* Demência na doença de Alzheimer (G30.-†) F01 Demência vascular

F02* Demência em outras doenças classificadas em outra parte F03 Demência nã o especificada

F04 Síndrome amnésica orgâ nica nã o induzida pelo á lcool ou por outras substâ ncias
psicoativas

F05 Delirium nã o induzido pelo á lcool ou por outras substâ ncias psicoativas

F06 Outros transtornos mentais devidos a lesã o e disfunçã o cerebral e a doença física F07
Transtornos de personalidade e do comportamento devidos a doença, a lesã o e a

disfunçã o cerebral

F09 Transtorno mental orgâ nico ou sintomá tico nã o especificado

F10-F19 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância


psicoativa

F10 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de á lcool F11 Transtornos mentais
e comportamentais devidos ao uso de opiá ceos

F12 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de canabinó ides

F13 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de sedativos e hipnó ticos F14
Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso da cocaína

F15 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de outros estimulantes, inclusive a


cafeína

F16 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de alucinó genos F17 Transtornos
mentais e comportamentais devidos ao uso de fumo

F18 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de solventes volá teis

F19 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de mú ltiplas drogas e ao uso de


outras substâ ncias psicoactivas

F20-F29 Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes

F20 Esquizofrenia

F21 Transtorno esquizotípico


DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

F22 Transtornos delirantes persistentes

F23 Transtornos psicó ticos agudos e transitó rios

F24 Transtorno delirante induzido

F25 Transtornos esquizoafetivos

F28 Outros transtornos psicó ticos nã o-orgâ nicos

F29 Psicose nã o-orgâ nica nã o especificada

F30-F39 Transtornos do humor [afetivos]

F30 Episó dio maníaco

F31 Transtorno afetivo bipolar

F32 Episó dios depressivos

F33 Transtorno depressivo recorrente

F34 Transtornos de humor [afetivos] persistentes

F38 Outros transtornos do humor [afetivos]

F39 Transtorno do humor [afetivo] nã o especificado

F40-F48 Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o “stress” e transtornos


somatoformes

F40 Transtornos fó bico-ansiosos

F41 Outros transtornos ansiosos

F42 Transtorno obsessivo-compulsivo

F43 Reaçõ es ao “stress” grave e transtornos de adaptaçã o

F44 Transtornos dissociativos [de conversã o]

F45 Transtornos somatoformes/ F48 Outros transtornos neuró ticos

F50-F59 Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a fatores


físicos

F50 Transtornos da alimentaçã o


DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

F51 Transtornos nã o-orgâ nicos do sono devidos a fatores emocionais

F52 Disfunçã o sexual, nã o causada por transtorno ou doença orgâ nica

F53 Transtornos mentais e comportamentais associados ao puerpério,


nã o classificados em outra parte

F54 Factores psicoló gicos ou comportamentais associados a doença ou a transtornos


classificados em outra parte

F55 Abuso de substâ ncias que nã o produzem dependência

F59 Síndromes comportamentais associados a transtornos das funçõ es fisioló gicas e a fatores
físicos, nã o especificadas

F60-F69 Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto

F60 Transtornos específicos da personalidade

F61 Transtornos mistos da personalidade e outros transtornos da personalidade

F62 Modificaçõ es duradouras da personalidade nã o atribuíveis a lesã o ou doença cerebral

F63 Transtornos dos há bitos e dos impulsos F64 Transtornos da identidade sexual

F65 Transtornos da preferência sexual

F66 Transtornos psicoló gicos e comportamentais associados ao desenvolvimento sexual e à sua


orientaçã o

F68 Outros transtornos da personalidade e do comportamento do adulto

F69 Transtorno da personalidade e do comportamento do adulto, nã o especificado

F70-F79 Retardo mental

F70 Retardo mental leve

F71 Retardo mental moderado F72 Retardo mental grave

F73 Retardo mental profundo F78 Outro retardo mental

F79 Retardo mental nã o especificado

F80-F89 Transtornos do desenvolvimento psicológico

F80 Transtornos específicos do desenvolvimento da fala e da linguagem F81 Transtornos


específicos do desenvolvimento das habilidades escolares F82 Transtorno específico do
desenvolvimento motor
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

F83 Transtornos específicos misto do desenvolvimento F84 Transtornos globais do


desenvolvimento

F88 Outros transtornos do desenvolvimento psicoló gico

F89 Transtorno do desenvolvimento psicoló gico nã o especificado

F90-F98 Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem


habitualmente durante a infância ou a adolescência

F90 Transtornos hipercinéticos F91 Distú rbios de conduta

F92 Transtornos mistos de conduta e das emoçõ es

F93 Transtornos emocionais com início especificamente na infâ ncia

F94 Transtornos do funcionamento social com início especificamente durante a infâ ncia ou a
adolescência

F95 Tiques

F98 Outros transtornos comportamentais e emocionais com início habitualmente durante a


infâ ncia ou a adolescência

F99 Transtorno mental não especificado/F99 Transtorno mental nã o especificado em outra


parte
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Consultó rio Privado de Psicologia Clínica – Céu Azul


Menongue, Rua 23 de Março, nº47- B – Cuando
Cubango/Angola .Contactos: 926166023; 940495396 / Correio
electró nico: nelsonpsicoclinic@gmail.com

CONTRATO TERAPÊUTICO

1. Das Partes

Contratante:

Endereço:
Telefone:

Data de Nascimento: / /

Fica ajustado o presente contrato a prestaçã o de serviços de psicologia e psicoterapia, com o


psicó logo clínico Nelson Dembo com Cédula de Exercício Profissional (CEP) nº 1868.

Do Objecto: Constitui o objecto do presente contrato a Prestaçã o de Serviços Psicoló gicos.

Da Avaliaçã o: Faz-se necessá ria a avaliaçã o psicoló gica do contratante para adequada
conduçã o do processo psicoterapêutico. O material de registo ficará sob a tutela do psicó logo
contratado, sob sigilo, conforme có digo de ética e deontologia profissional em vigor em pela
Ordem dos Psicó logos de Angola.

Direitos e Obrigaçõ es do Contratante: Fica estabelecido o horá rio de as nas (dia da


semana) para realizaçã o dos atendimentos psicoterapêuticos.
Compromete-se o contratante a comparecer as sessõ es previamente agendadas, com a
garantia de atendimento durante o período de 45 - 50 minutos. É dever deste ater-se ao
horá rio agendado. Caso seja necessá rio, o contratante pode alterar o seu horá rio de
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

atendimento, sendo necessá rio aviso prévio de 24 horas e de acordo com a disponibilidade
do psicó logo. No caso do paciente menor de idade, fica o (a)

responsá vel ciente das obrigaçõ es como contratante. Em caso de incumprimento do aviso de
cancelamento e ou adiamento, a contratante terá de pagar a penalizaçã o de 50% do valor da
sessã o.

Das obrigaçõ es da contratada: É da responsabilidade da contratada a prestaçã o de serviços


psicoló gicos com privacidade, recursos técnicos psicoterapêuticos apropriados para
conduçã o do tratamento do cliente, bem como manter todo material escrito e verbal sob
sigilo e seus cuidados, conforme có digo de ética, salvo em caso de risco de vida.

Do Pagamento: O pagamento das sessõ es deverá ser feito no dia das sessõ es realizadas. Na
eventualidade de recair o dia do vencimento em feriados ou domingos, o pagamento deverá
ser efectuado no dia anterior. Os honorá rios correspondem a 40 mil Kwanzas mensal
referentes quatro sessõ es de psicoterapia, podendo ser alterados mediante comum acordo
entre as partes. As consultas terã o duraçã o de 45 - 50 minutos.

Da rescisã o: O presente contrato poderá ser rescindido por ambas as partes, por mú tuo
acordo, ou desde que o contratante manifeste à intençã o de dissolver a relaçã o contratual por
notificaçã o expressa a outra parte.

Foro de eleiçã o: As partes elegem o Tribunal de COMARCA de Menongue como fó rum para
dirimir quaisquer dú vidas referentes ao presente contrato. E por estarem as duas partes
comum acordo, justas e contratadas assinam o presente instrumento em 2 (duas) vias
de igual teor e para o mesmo fim.

Menongue, de de 2023

Contratante
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

REFERÊ NCIAS BIBLIOGRÁ FICAS

ANGERAMI-CAMON, Valdemar et alii, Psicologia Hospitalar: teoria e prá tica,


Pioneira Thompson Editora, S.P, 2003.
AMERICAN, Psychiatric Association, Manual Diagnó stico e Estatístico de
Transtornos Mentais, (DSM-IV) trad. do inglês por Clá udia Dornelles, 4ª ed.,
Texto Revisado, Porto Alegre, Artmed, 2002.
Associaçã o Psiquiá trica Americana. (2013). Manual Diagnó stico e Estatístico de
Transtornos Mentais “DSM-5”. Editora Artmed, Porto Alegre, Brasil.
CABALLO, V. E. (2005). Manual para tratamento cognitivo – comportamental
dos transtornos psicoló gicos. São Paulo: Livraria Santos
Dalgalarrondo, Paulo (2019). Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos
Mentais. 3 ediçã o. Artmed. Brasil
CRUZ, R. et col. Avaliaçã o e medidas psicoló gicas no contexto dos relacio-
namentos amorosos. Sã o Paulo: Casa do Psicó logo, 2012.
MAY, Rollo. A arte do aconselhamento psicoló gico. 14ª ed. Editora Vozes,
Rio de Janeiro, 2003.
BARLETTA, Janaína Bianca. Avaliaçã o e intervençã o psicoterapêutica nos
transtornos disruptivos: algumas reflexõ es. Rev. bras.ter. cogn. [online].
2011, vol.7, n.2, pp. 25-31. ISSN 1808-5687
CORDIOLI, Aristides. Psicoterapias. Abordagens atuais, 3ª ediçã o, Porto
Alegre, 2002.
DORON, R. & PAROT, F., Dicioná rio de psicologia, 1ª ed., Climepsi Editores,
Lisboa, Outubro de 2001
FRANKL, V. (2017) A falta de sentido na vida – Psicoterapia para os dias de hoje
– 1ª. Ed – Pergaminho: Lisboa. p.101-187.
FIORINI, Héctor Juan (2004) Teoria e técnica de psicoterapias [traduçã o Maria
Stela Gonçalves; revisã o técnica Claú dia Berliner. - Ed. ampl. - Sã o Paulo:
Martins Fontes. Colecçã o psicologia e pedagogia, p.159-178.
HUTZ et col (2016). Psicodiagnó stico

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E INTRODUÇÃO ÀS BASES DE INTERVENÇÃO PSICOTERAPÊUTICA |


38
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2023

Você também pode gostar