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Um saber necessário
obra adquire uma relevância específica, posto que os complexidade e em constante mu-
tação. Espera-se que esta obra pos-
temas não surgem abstratamente, mas estão inseri-
sa estimular as jovens gerações de
dos nos contextos históricos da acumulação do capi- pesquisadores a situar nos grandes
Maria de Nazareth Baudel Wan-
derley é doutora em sociologia pela
tal e da estruturação das relações sociais no campo. debates suas próprias questões de
Universidade de Paris X–Nanterre, A forma didática e clara da exposição alia-se aos ri- pesquisa.
França. Foi professora da Unicamp gores do conteúdo analítico. Sem sombra de dúvida,
até 1997, quando se aposentou. É um saber necessário aos estudiosos do campo e da
coordenadora do Laboratório de Es-
cidade, aos integrantes de movimentos sociais e aos
tudos Rurais do Nordeste, grupo de
Um saber necessário
pesquisa vinculado ao Programa de que almejam um mundo sem injustiças sociais.
Pós-Graduação em Sociologia, da Maria Aparecida de Moraes Silva
Universidade Federal de Pernambu-
co (UFPE) e inscrito no Diretório dos
Grupos de Pesquisa do CNPq. Pu-
os estudos rurais no Brasil
blicou, entre outros, O mundo rural
como um espaço de vida (Editora
da UFRGS, 2009). Em 2011, recebeu
o prêmio Florestan Fernandes, con-
cedido pela Sociedade Brasileira de
Sociologia.
Reitor
Fernando Ferreira Costa
Conselho Editorial
Presidente
Paulo Franchetti
Alcir Pécora – Christiano Lyra Filho
José A. R. Gontijo – José Roberto Zan
Marcelo Knobel – Marco Antonio Zago
Sedi Hirano – Silvia Hunold Lara
um saber necessário
os estudos rurais no brasil
cdd 301.35
338.1
e-isbn 978-85-268-1156-0
Editora da Unicamp
Rua Caio Graco prado, 50 – Campus Unicamp
cep 13083-892 – Campinas – sp – Brasil
Tel./Fax: (19) 3521-7718/7728
www.editora.unicamp.br – vendas@editora.unicamp.br
Dedico este livro a Abdias e Marina,
meus amores essenciais.
Prefácio .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Referências bibliográficas .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 35
Segundo esses autores, para que essa fase seja atingida, é ne
cessária ao país uma expressiva indústria de bens de capital, desti
E o autor conclui:
[...] esse processo foi um dos meios mais utilizados pelo Estado e
pelas camadas dominantes da sociedade brasileira para estender o
povoamento e as atividades econômicas a territórios cada vez mais
vastos do país. Mas isso só foi possível com a presença necessária de
amplas camadas do campesinato brasileiro. (Santos, 1993, p. 255)
uma fatia maior do mercado. Dessa forma, embora seu papel seja
suplementar, é aparentemente vital. (Velho, 1979, p. 199)
A modernização incompleta
E ele complementa:
Dessa forma,
E ela acrescenta:
E ele acrescenta:
[...] o significado das atividades não agrícolas não é dado pelo tipo
de trabalho realizado, e sim pela maneira como esse trabalho e a
renda por ele obtida se integram à dinâmica da reprodução familiar
[...]. É necessário levar em conta que o papel da agricultura para as
famílias rurais vai muito além da produção para o mercado,
justamente porque ela está inserida em um modo de vida [...]. Essa
percepção da agricultura aciona o debate da multifuncionalidade da
agricultura. (Carneiro, 2006, p. 181)
Está em curso uma nova reforma agrária, por assim dizer, transfi
gurada em uma pluralidade de movimentos e de questões e trazendo
consigo novos recortes da luta pela redistribuição do espaço natural-
humano: florestas, mangues, babaçuais e não apenas a terra como
suporte da agricultura; terras de negro, quilombos, reservas extrati
vistas e faxinais e não apenas módulos separáveis de seus sujeitos
coletivos; direitos sobre a diversidade e a qualidade da natureza hu
mana e cultivada sobre conhecimentos e modos de vida, e não
apenas direitos de cidadania genéricos. (Almeida, 2007, p. 180)
No que se refere à renda, ele conclui que “nos anos 1970 cres
ceu a desigualdade, mas diminuiu a pobreza no campo”. Isso
porque “o campo expulsou a sua pobreza para as cidades, onde
foram ser favelados, biscateiros, boias-frias etc.” (J. G. da Silva,
1995, p. 133). Na década seguinte, “continuou a crescer a desi
gualdade na distribuição da renda com o agravante de que agora
os pobres se tornaram ainda mais pobres” (J. G. da Silva, 1995,
p. 133). Já nos anos 1990, os pobres do campo, “na sua grande
maioria, são trabalhadores temporários sem vínculo empregatício
e pequenos produtores não modernizados que trabalham ‘por
conta própria’ e que se concentram na região Nordeste” (J. G. da
Silva, 1995, p. 135).
O Mapa da Fome toma como parâmetro o valor da cesta básica
familiar para definir o número de famílias cuja renda não é su
ficiente para adquiri-la (Peliano, 1993). Por esse critério, cerca de
32% dos brasileiros (aproximadamente 54 milhões de pessoas)
foram considerados pobres em 2003. Como é sabido, as análises
e os dados apresentados no Mapa da Fome serviram de base para
a formulação do programa governamental “Comunidade Soli
dária”, presidido pela antropóloga Ruth Cardoso e do qual Anna
Maria T. M. Peliano foi a secretária executiva. Da mesma forma,
as iniciativas de combate à fome do Movimento Ética na Política,
liderado pelo sociólogo Betinho (Comitês de Ação pela Cidadania
contra a Miséria e pela Vida), basearam-se naquelas informações.
[...] passa a ser compreendido não mais como espaço exclusivo das
atividades agrícolas, mas como lugar de uma sociabilidade mais
complexa que aciona novas redes sociais regionais, estaduais, na
cionais e mesmo transnacionais. Redes sociais as mais variadas que,
no processo de revalorização do mundo rural, envolvem a recon
versão produtiva (diversificação da produção), a reconversão tecno
lógica (tecnologias alternativas de cunho agroecológico e natural),
a democratização da organização produtiva e agrária (reforma
agrária e fortalecimento da agricultura familiar), bem como o for
talecimento e a expansão dos turismos rurais (ecológico e cultural).
(Moreira, 2005, p. 38)
A ideia central é que o território, mais que simples base física para
as relações entre indivíduos e empresas, possui um tecido social,
uma organização complexa feita por laços que vão muito além de
seus atributos naturais e dos custos de transportes e de comunicações.
Um território representa uma trama de relações com raízes históricas,
configurações políticas e identidades que desempenham um papel ainda
pouco conhecido no próprio desenvolvimento econômico. A economia
tem prestado bastante atenção aos aspectos temporais (ciclos econô
micos) e setoriais (complexos agroindustriais, por exemplo) do
desenvolvimento, mas é recente o interesse por sua dimensão
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