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PSICODIAGNÓSTICO

Profª. Drª. Michelle de Souza Dias


O PSICODIAGNÓSTICO
EXIGE A APLICAÇÃO
DE TESTES
PSICOLÓGICOS?

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✓Fazer um diagnóstico psicológico não significa
necessariamente o mesmo que fazer um
psicodiagnóstico. Este termo implica
automaticamente a administração de
testes e estes nem sempre são necessários
ou convenientes” (ARZENO, 1995, p.5)

✓“Psicodiagnóstico” é um termo que designa


um tipo de avaliação psicológica com
propósitos clínicos, em que “... há a
utilização de testes e de outras estratégias,
para avaliar um sujeito de forma sistemática,
científica, orientada para a resolução de
problemas” (CUNHA, 2000, p. 23)

3
✓Cartilha de 2007 não menciona o termo
Psicodiagnóstico
✓Cartilha de 2013 menção como modalidade de
avaliação psicológica, sem a especificação da
necessidade ou não do uso de testes “. . . no
âmbito da intervenção profissional, os
processos de investigação psicológica são
denominados de avaliação psicológica,
descritos em termos de suas modalidades –
psicodiagnóstico, exame psicológico,
psicotécnico ou perícia” (CFP, 2013, p. 34)
4
A prática realizada por psicólogos, tanto
aqueles que nunca se valem de testes
psicológicos quanto
aqueles que os usam ocasionalmente,
independentemente de sua teoria de
base, também possa ser nomeada de
“psicodiagnóstico”. (HUTZ et al, 2016, p.27)

PSICODIAGNÓSTICO 5
DEFINIÇÃO DE É um procedimento científico, de investigação e

PSICODIAGNÓSTICO intervenção clínica, limitado no tempo, que

emprega técnicas e/ou testes com o propósito

de avaliar uma ou mais características

psicológicas, visando um diagnóstico psicológico

(descritivo e/ou dinâmico), construído à luz de

uma orientação teórica que subsidia a

compreensão da situação avaliada, gerando uma

ou mais indicações terapêuticas e

encaminhamentos. (HUTZ et al, 2016, p.27)


6
Talvez, mais importante do que a
utilização ou não de testes, é a
necessidade de uma teoria
psicológica que fundamente o
processo (técnica de coleta e
análise de informações)

7
Talvez, mais importante do
que a utilização ou não de
testes, é a necessidade de
uma teoria psicológica que
fundamente o processo
(técnica de coleta e análise
de informações)
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NÃO EXISTE AVALIAÇÃO ATEÓRICA E NÃO
INTERVENTIVA
• Qualquer leitura e intervenção sobre o
comportamento humano, seja com
instrumentos - objetivos, como testes
psicométricos, seja com técnicas menos
diretivas, como testes projetivos e
entrevistas clínicas, está embasada em
paradigmas teóricos e produz modificação
no objeto analisado

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PSICODIAGNÓSTICO TRADICIONAL

▪ Próxima de modelos médicos


– investigação de sintomas e
síndromes como confirmação
de diagnósticos
▪ Encrustado nas contribuições
psicanalíticas e sustentado por
elas
PSICODIAGNÓSTICO
TRADICIONAL
▪ Se restringe à investigação
▪ Entrevista devolutiva compossíveis
efeitos terapêuticos, mas
involuntários
▪ Objetivo principal gira em torno
da transmissão de informação
obtida por meio da aplicação e
da interpretação das técnicas de
avaliação
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PSICODIAGNÓSTICO
INTERVENTIVO


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✓Embora a proposta do PI seja
relativamente recente, remontando aos
anos de 1990, a transposição entre
ORIGENS DO avaliação e intervenção não é uma
PSICODIAGNÓSTICO novidade
INTERVENTIVO
✓Testes projetivos como TAT

✓Diagnóstico Compreensivo (Trinca)

✓Consultas Terapêuticas (Winnicott)

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Modelos de • Modelo Psicométrico
Psicodiagnóstico • Modelo Fenomenológico-Existencial
Interventivo • Modelo Psicanalítico
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• Compreende entrevistas e técnicas
projetivas como meios de comunicação entre
psicólogo e paciente

Modelo • Forma de avaliação subordinada ao


pensamento clínico, cujo intuito é apreender a
Psicanalítico dinâmica intrapsíquica do indivíduo
• Dessa forma implica em transferência e
contratransferência
• As devoluções ocorrem ao longo do
processo e não só ao final

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• PIOP pode ser considerado um herdeiro do psicodiagnóstico
compreensivo, que tem como finalidade obter uma
compreensão ampla e integrada do indivíduo, levando em
conta as dinâmicas intrapsíquicas, intrafamiliares e
socioculturais de acordo com o seu nível desenvolvimental. O

Modelo
psicodiagnóstico compreensivo é um procedimento clínico que
busca dar sentido às informações colhidas, avaliando aspectos
relevantes e significativos da personalidade,
Psicanalítico • Privilegia a utilização de métodos e técnicas de exame com
base na associação livre, como entrevistas, observações,
testes projetivos (principalmente quando utilizados como
formas de entrevista) e procedimentos clínicos de investigação
pouco ou não estruturados. Tais procedimentos e métodos
permitem que a expressão da personalidade ocorra de
maneira mais livre, proporcionando, assim, a apreensão da
natureza singular do paciente

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• Preferido nos Estados Unidos
• Modelo mais difundido: - Avaliação
Terapêutica (Therapeutic Assessment)

Modelo • Utiliza o Inventário Multifásico Minnesota


de Personalidade Forma 2 (MMPI-2) como
Psicométrico instrumento principal (mas não
exclusivo) em enfoque interventivo
• O perfil do paciente é discutido com
ele, que tem um papel ativo na
elaboração da interpretação do teste e
na redação do relatório final de
avaliação
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• Ancona-Lopez
• Método do Psicodiagnóstico Grupal Interventivo
• Estruturado em uma clínica escola
• Objetivo: organizar o atendimento
psicológico em triagem e psicodiagnóstico
infantil
• Características: sessões de observação lúdica,
Modelo aplicações coletivas de testes – sempre
Fenomenológico- seguidas de intervenção do examinador
Existencial • Grupo de sensibilização de pais: foco em
avaliar as condições de ajudar os filhos em suas
dificuldades emocionais e fomentar outras
percepções sobre os problemas enfrentados
pela família
• Resultado: diminuição da desistência dos
atendimentos e novas procuras por parte dos
mesmos pacientes
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PSICODIAGNÓSTICO

Um procedimento complexo, interventivo,


baseado na coleta de múltiplas informações,
que possibilite a elaboração
de uma hipótese diagnóstica
alicerçada em uma compreensão teórica.
(HUTZ et al, 2016, p.32)

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Tempo no
Psicodiagnóstico
Interventivo
▪ Número de sessões variável
▪ Estudos apontam variação de sessões entre:
o 2-3 no mínimo
o 12 no máximo
▪ Terapeuta/Avaliador - foco na comunicação
verbal e não verbal do paciente
▪ Tripé 20
IMPORTANTE

É perigoso considerar as práticas avaliativas apenas


em sua dimensão investigativa,
excluindo os aspectos interventivos e terapêuticos
que lhes são inerentes.

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PSICODIAGNÓSTICO:
FORMAÇÃO,
CUIDADOS ÉTICOS,
AVALIAÇÃO DE DEMANDA E
ESTABELECIMENTO DE
OBJETIVOS

22
IMPORTANTE

Boas
Perguntas

23
EX.:

Em um caso de
uma criança
encaminhada para
avaliação por estar
com dificuldades de
leitura e escrita, não
conseguindo
acompanhar o
desempenho da
turma
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✓Teria ela um transtorno específico de
aprendizagem?
✓Questões emocionais e/ou familiares
estariam interferindo nos processos
de aprendizagem de leitura e escrita?
✓Haveria alguma questão neurológica
envolvida?
✓Poderíamos pensar em transtorno de
déficit de atenção/hiperatividade
(TDAH)?
✓Quais demandas psíquicas não
estariam sendo atendidas, gerando,
consequentemente, o sintoma?
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1. Realizar a avaliação da pertinência do
diagnóstico
2. Realizar o diagnóstico diferencial
3. Identificar forças e fraquezas do
paciente e de sua rede de atenção
visando subsidiar um projeto
terapêutico
Encaminhamentos 4. Ampliar a compreensão do caso por
meio da elaboração de um
entendimento dinâmico, alicerçada
em teoria psicológica
5. Refletir sobre encaminhamentos
necessários ao caso

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• Crianças - Origem escolar
oMeninos
oProblemas de atenção
seguidos por problemas de
interação social e de
ansiedade e depressão,
Encaminhamentos problemas de aprendizagem
oAv. conjunta de outros
Maior Prevalência profissionais
(fonoaudiólogos,
neurologistas e psiquiatras)

• Adultos
• Mulheres
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✓Fonte encaminhadora não tem
clareza do que envolve um
psicodiagnóstico
Problemas de ✓Paciente é encaminhado para um
Encaminhamento profissional que realiza apenas
avaliações psicológicas quando,
devido à agudização do quadro,
necessitaria de um atendimento
psicoterápico de urgência
✓Ex.: luto
✓Ex.: dificuldades de visão

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1. A classificação simples
2. A descrição
3. A classificação nosológica
4. O diagnóstico diferencial
5. A avaliação compreensiva (Psicanálise)
Objetivos do
Psicodiagnóstico 6. O entendimento dinâmico
7. A prevenção
8. O prognóstico
9. A perícia forense(*) simulação e
dissimulação conscientes – cuidados
técnicos e éticos 29
O PROCESSO DE
PSICODIAGNÓSTICO

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o Processo bipessoal (psicólogo –
avaliando/grupo familiar)

o De duração limitada no tempo

o Com um número aproximadamente definido


de encontros

o Procura descrever e compreender as forças e


as fraquezas do funcionamento psicológico
de um indivíduo, tendo foco na existência ou
não de uma psicopatologia (Cunha, 2000)

PSICODIAGNÓSTICO 31
Passos de um processo de Psicodiagnóstico
1 Determinar os motivos da consulta e/ou do encaminhamento e levantar dados sobre a história pessoal
(dados de natureza psicológica, social, médica, profissional, escolar)

2
Definir as hipóteses e os objetivos do processo de avaliação. Estabelecer o contrato de trabalho (com o
examinando e/ou responsável)

3 Estruturar um plano de avaliação (selecionar instrumentos e/ou técnicas psicológicas)

4 Administrar as estratégias e os instrumentos de avaliação

5 Corrigir ou levantar, qualitativa e quantitativamente, as estratégias e os instrumentos de avaliação

6 Integrar os dados colhidos, relacionados com as hipóteses iniciais e com os objetivos da avaliação

7 Formular as conclusões, definindo potencialidades e vulnerabilidades

8 Comunicar os resultados por meio de entrevista de devolução e de um laudo/relatório psicológico. Encerrar


o processo de avaliação. 32
Determinar os motivos da
1
consulta e/ou do
encaminhamento e levantar
dados sobre a história pessoal Passos de um
(dados de natureza Processo de
psicológica, social, médica, Psicodiagnóstico
profissional, escolar)
• Motivos manifestos e latentes

• Atendimentos de crianças e
adolescentes

• Solicitar outros exames, laudos medicos


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e psicológicos
Definir as hipóteses e os 2
objetivos do processo de
avaliação
Estabelecer o contrato de
Passos de um
Processo de
trabalho (com o examinando Psicodiagnóstico
e/ou responsável)
• Flexibilidade de acordo com a
necessidade
• Bateria de testes
• Honorários
• Tempo de duração
34
• Entrevistas
Estruturar um plano de
3
avaliação (selecionar Passos de um
instrumentos e/ou técnicas Processo de
Psicodiagnóstico
psicológicas)

• Testes Psicométricos
• Testes Projetivos
• Inventários
• Escalas
• Instrumentos de Rastreio
• Entrevistas clínicas 35
4
Administrar as estratégias e
os instrumentos de avaliação
Passos de um
• SATEPSI
Processo de
• Condições físicas adequadas Psicodiagnóstico
• Estado físico e psicológico do
avaliado
• Interesse e condições
• Ex.: impregnação
• Ex.: av. forense
• Em caso de baterias – 1º os menos
ansiogênicos
• Sugestão: iniciar pelos testes gráficos 36
Corrigir ou levantar, 5
qualitativa e
quantitativamente, as
Passos de um
estratégias e os
Processo de
instrumentos de avaliação Psicodiagnóstico

37
Integrar os dados colhidos,
6
relacionados com as hipóteses
iniciais e com os objetivos da Passos de um
avaliação Processo de
Psicodiagnóstico
7
Formular as conclusões,
definindo potencialidades e
vulnerabilidades

38
8
Comunicar os resultados por
meio de entrevista de Passos de um
devolução e de um Processo de
Psicodiagnóstico
laudo/relatório psicológico.
Encerrar o processo de
avaliação.

Fazer os encaminhamentos
necessários 39
REFERÊNCIAS
ANCONA-LOPEZ, M.; VORCARO, A.M.R;
CUPERTINO, C. et al. Psicodiagnóstico. São Paulo,
Cortez, 1995.
ARZENO, M. E. G.. Psicodiagnóstico clínico: Novas
contribuições. Porto Alegre: Artmed, 1995.
CUNHA, J. A.. Fundamentos do psicodiagnóstico. In J.
A. Cunha (Ed.), Psicodiagnóstico V (5. ed.). Porto
Alegre: Artmed, 2000.
HUTZ, Claudio Simon; BANDEIRA, Denise Ruschel;
TRENTINI, Clarissa Marceli; KRUG, Jefferson Silva
(org.). Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed, 2016.
LINS, Manuela Caldas; BORSA, Juliana
(organizadoras). Avaliação psicológica: aspectos
teóricos e práticos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
OCAMPO, M. L. S., & ARZENO, M. E. G. (2009). O
processo psicodiagnóstico. In M. L. S. Ocampo, M. E.
G. Arzeno, & E. G. Piccolo (Eds.), O processo
psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. São Paulo:
Martins Fontes. Publicado originalmente em 1979.

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