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Lina Paulo Afonso Tomo Gouca

Histórico das Constituições Moçambicanas

Administração Política e Pública

Universidade Alberto Chipande

Ensino à Distância (EAD)

Beira, 2023
Lina Paulo Afonso Tomo Gouca

Histórico das Constituições Moçambicanas

Administração Política e Pública

dra. Flora Peranhe

Universidade Alberto Chipande

Ensino à Distância (EAD)

Beira, 2023
Índice

1 Introdução ............................................................................................................................... 1

1.1 Objectivos......................................................................................................................... 1

1.1.1 Objectivo Geral ......................................................................................................... 1

1.1.2 Objectivos específicos .............................................................................................. 1

1.2 Metodologia ..................................................................................................................... 1

1.3 Contextualização .............................................................................................................. 2

2 Histórico das Constituições Moçambicanas ........................................................................... 3

2.1 Constituição de 1975 ........................................................................................................ 3

2.2 Constituição de 1990 ........................................................................................................ 4

2.3 Constituição de 2004 ........................................................................................................ 5

2.4 Plesbicito e Revisão Constitucional ................................................................................. 6

2.4.1 Processo de Revisão Constitucional em Moçambique ............................................. 7

2.4.2 Emendas Constitucionais .......................................................................................... 8

3 Conclusão................................................................................................................................ 9

4 Bibliografia ........................................................................................................................... 10
1 Introdução

O presente trabalho fala em prol da História constitucional de Moçambique. O Estado é uma


pessoa colectiva, que tem como suporte um estatuto. É esse estatuto que criará seus órgãos e
representará a sua garantia funcional. O estatuto é a forma mais soberana e única da colectividade
cabalmente manifestar sua existência, e comummente designa-se por Constituição. A luta pela
libertação foi intensa, mas Moçambique alcançou a tão almejada independência no dia 25 de Junho
de 1975 por via armada. Assim, foi criada a primeira constituição formal em nosso território, a
entidade que exerceu o poder constituinte formal foi a FRELIMO. Esgotar o assunto referente a
evolução histórica da constituição Moçambique é logicamente impossível, contudo, não
descansamos até que o bom estivesse melhor e o melhor estivesse ainda melhor.

1.1 Objectivos

1.1.1 Objectivo Geral

 Fazer uma analise sobre o Histórico das Constituições Moçambicanas.

1.1.2 Objectivos específicos

 Descrever a Constituições de 1975, 1990, 2004;


 Apresentar a revisão Constituicional;
 Falar sobre Emendas constitucionais.

1.2 Metodologia
A pesquisa trata de uma revisão de literatura com o intuito de fazer um levantamento do
estado da arte do assunto proposto. Para tanto, utilizou-se o método de abordagem qualitativo.
Classificando-se, quanto aos fins como descritiva e quanto aos meios, como bibliográfica do tipo
tradicional e virtual. A revisão de literatura e pesquisa bibliográfica focou-se na busca de teses,
dissertações, livros e artigos, sendo realizadas em vários portais e sites de pesquisas especializados.

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1.3 Contextualização

É durante o seculo XVIII que os Direitos do Homem, ao identificarem se com os do cidadão,


passam a integrar o Direito Constituicional. passam a legrar o Direito Constitucional. É na
Constituição, enquanto Lei Fundamental do Estado, que os Direitos do Homem passam a ser
consagrados. O Direito Constitucional tenderá então a acolher os direitos do Homem, ligando-os
à própria estrutura interna do Estado.

Moçambique tem uma história constitucional muito nova. pois, só apenas com a independência é
que tivemos a nossa primeira constituição. Elas sofrem várias Alterações, mas só definitivamente
revogada em 1990. tendo vigorado ate 20 de janeiro com alterações resultantes nomeadamente da
aplicação do Acordo Geral de Paz, assinado em Roma em 1992. implantação das autarquias em
1997 e por força da necessidade e para fazer face aos pleitos eleitorais de 1998 e 1999. A partir de
21 de Janeiro de 2005, passou a vi nova a nossa terceira constituição, aprovada pela Assembleia
da República au 16 de Novembro de 2006.

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2 Histórico das Constituições Moçambicanas

Em 25 de Junho de 1975 entrou em vigor a primeira Constituição de Moçambique, em


simultâneo com a proclamação da independência nacional. Nesta altura, a competência para
proceder a revisão constitucional foi atribuída ao Comité Central da Frelimo até a criação da
Assembleia com poderes constituintes, que ocorreu em 1978. Considerando a importância da
constituição como a “lei-mãe” do Estado moçambicano, e daí a necessidade do seu conhecimento
pelos cidadãos, de seguida é feita uma breve menção sobre a evolução constitucional de
Moçambique (BR, Publicada no BR n.º 1, 1975).

O país viveu, uma evolução Constitucional, as coisas foram mudando, o país foi
desenvolvendo e houve a necessidade de rever a Constituição e assim sendo, houve três momentos
principais, sendo:

2.1 Constituição de 1975


Esta constituição é a chave para compreender toda a história da Constituição e um elemento
crucial para a análise do conteúdo das Constituições que vieram a ser promulgadas depois desta.

Tendo como um dos objectivos fundamentais, a eliminação das estruturas de opressão e


exploração coloniais, e a luta contínua contra o colonialismo e o imperialism, foi instalado na
República Popular de Moçambique (RPM) o regime politico socialista e uma economia
marcadamente intervencionista, onde o Estado procurava evitar a acumulação do poderio
económico e garantir uma melhor redistribuição da riqueza.

O Sistema politico era caracterizado pela existência de um partido único e a FRELIMO


assumia o papel de dirigente. Eram abundantes as fórmulas ideológicas - proclamatórias e de apelo
das massas, compressão acentuada das liberdades públicas em moldes autoritários, recusa de
separação de poderes a nível da organização política e o primado formal da Assembleia Popular
Nacional (Miranda, 1976).

Esta Constituição sofreu seis alterações pontuais, designadamente: em 19764, em 19775,


em 19786, em 19827, em 19848 e em 19869. Destas, merece algum realce a alteração de 1978 que
incidiu maioritariamente sobre os órgãos do Estado (sua organização, competências, Popular que

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teria estas competências) e a de 1986 que fora motivada pela institucionalização das funções do
Presidente da Assembleia Popular e de Primeiro-Ministro, criados pela 5ª Sessão do Comité
Central do Partido Frelimo. entre outros), retirou o poder de modificar a Constituição do Comité
Central da Frelimo e retirou a competência legislativa do Conselho de Ministro (uma vez criada a
Assembleia Popular que teria estas competências) e a de 1986 que fora motivada pela
institucionalização das funções do Presidente da Assembleia Popular e de Primeiro-Ministro,
criados pela 5ª Sessão do Comité Central do Partido Frelimo.

2.2 Constituição de 1990


Segundo (BR, 1990), A revisão constitucional ocorrida em 1990 trouxe alterações muito
profundas em praticamente todos os campos da vida do País. Estas mudanças que já começavam
a manifestar-se na sociedade, principalmente na área económica, a partir de 1984, encontram a sua
concretização formal com a nova Constituição aprovada. Resumidamente, podemos citar alguns
aspectos mais marcantes, como sejam:

 Introdução de um sistema multipartidário na arena política, deixando o partido Frelimo de


ter um papel dirigente e passando a assumir um papel histórico na conquista da
independência;
 Inserção de regras básicas da democracia representativa e da democracia participativa e
reconhecimento do papel dos partidos políticos;
 Na área económica, o Estado abandona a sua anterior função basicamente intervencionista
e gestora, para dar lugar a uma função mais reguladora e controladora (previsão de
mecanismos da economia de mercado e pluralismo de sectores de propriedade);
 Os direitos e garantias individuais são reforçados, aumentando o seu âmbito e mecanismos
de responsabilização;
 Várias mudanças ocorreram nos órgãos do Estado, passam a estar melhor definidas as
funções e competências de cada órgão, a forma como são eleitos ou nomeados;
 Preocupação com a garantia da constitucionalidade e da legalidade e consequente criação
do Conselho Constitucional; entre outras.

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A Constituição da Republica de Moçambique de 1990 sofreu três alterações pontuais,
designadamente: duas em 1992 e uma em 1996. Destas merece especial realce a alteração de 1996
que surge da necessidade de se introduzir princípios e disposições sobre o Poder Local no texto da
Constituição, verificando se desse modo a descentralização do poder através da criação de órgãos
locais com competências e poderes de decisão próprios, entre outras (superação do princípio da
unidade do poder).

2.3 Constituição de 2004


Esta é a última revisão constitucional ocorrida em Moçambique. Foi aprovada no dia 16 de
Novembro de 2004 (Novembro, 1996) . Não se verifica com esta nova Constituição uma ruptura
com o regime da CRM de 1990, mas sim, disposições que procuram reforçar e solidificar o regime
de Estado de Direito e democrático trazido em 1990, através de melhores especificações e
aprofundamentos em disposições já existentes e também pela criação de novas figuras, princípios
e direitos e elevação de alguns institutos e princípios já existentes na legislação ordinária à
categoria constitucional. Um aspecto muito importante de distinção desta constituição das
anteriores é o “consenso” na sua aprovação, uma vez que ela surge da discussão não só dos
cidadãos, como também da Assembleia da República representada por diferentes partidos políticos
(o que não se verificou nas anteriores).

A nova CRM começa por inovar positivamente logo no aspecto formal, dando nova ordem
de sequência aos assuntos tratados e tratando em cada artigo um assunto concreto e antecedido de
um título que facilita a sua localização (o que não acontecia nas Constituições anteriores).
Apresenta o seu texto dividido em 12 títulos, totalizando 306 artigos (a CRM de 1990 tinha 7
títulos e 212 artigos no total).

Direitos fundamentais, da organização económica, da organização do poder político, e da


garantia da Constituição.” (Adelson Rafael, in Jornal O país: quint a feira, 26 de Agostode 2010).
Quanto ao aspecto substancial, verificamos o reforço das directrizes já fixadas para o Estado
moçambicano, como acima se mencionou. De forma, pode-se citar alguns pontos que ajudam a
entender tal afirmação, como:

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Logo no capítulo I do título primeiro referente aos princípios fundamentais, podemos destacar para
além do maior ênfase dado a descrição do Estado Moçambicano como de justiça social,
democrático, entre outros aspectos de umEstado de Direito, a referência constitucional sobre o
reconhecimento do pluralismo jurídico, o incentivo no uso das línguas veiculares da nossa
sociedade.

2.4 Plesbicito e Revisão Constitucional

As características do sistema de revisão da Constituição da República de Moçambique (CRM) são


essencialmente sete:

a) Só a AR compete a revisão da Constituição, e sem recurso ao referendo (reserva parlamentar da


revisão), artigo 303 da CRM;

b) A Revisão Constitucional está sujeita a limites temporais tendo de decorrer cinco anos depois
de se proceder a última revisão (salvo a assunção de poderes extraordinários), artigo 301 da CRM;

c) As alterações à Constituição carecem de uma maioria especialmente qualificada 2/3 dos


deputados, artigo 303 da CRM;

d) Existem limites materiais de revisão constituição que impedem a alteração da Constituição


quanto a várias matérias, artigo 300 da CRM;

e) Na vigência do estado de sítio ou de emergência não pode ser aprovada qualquer alteração da
Constituição, artigo 302 da CRM;

f) As alterações da Constituição são aprovadas por maioria de dois terços dos deputados da AR,
no 1 do artigo 303 da CRM;

g) O presidente da República não pode recusar a promulgação da lei de revisão, no 3 do artigo 303
da CRM.

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2.4.1 Processo de Revisão Constitucional em Moçambique
O processo de Revisão constitucional definido na Constituição pretendeu conciliar duas
exigências opostas: a) garantir uma suficiente estabilidade de lei fundamental; b) permitir as
mudanças constitucionais que se revelem indispensáveis (CANOTILHO & MOREIRA, 2006).

A garantia da estabilidade resulta do lapso temporal de cinco anos que ordinariamente deve
decorrer entre duas revisões conforme dispõe o artigo 301 da CRM. Por outro lado, a fim de evitar
as flutuações da constituição ao sabor das maiorias parlamentares do momento da revisão,
estabeleceu-se ainda a exigência de uma maioria particularmente qualificada para a aprovação de
alterações constitucionais (CANOTILHO & MOREIRA, 2006), artigo 303 da CRM.

Todavia, a Constituição pode precisão de alterações que permitam ocorrer às deficiências


nela manifestadas e às transformações entretanto operadas na realidade constitucional. Daí a
admissão da funcionalidade da revisão normal quinquenal, e de revisões extraordinárias em
qualquer momento. No entanto, para impedir a banalização destas revisões excecionais que seriam
foco da instabilidade constitucional e de insegurança constitucional, exige-se uma prévia assunção
de poderes extraordinários de revisão pela Assembleia da República, deliberação essa que deve ter
visto favorável da maioria de três quartos dos deputados da Assembleia da República conforme o
artigo 301 da CRM.

Moçambique teve três Constituições do ponto de vista estritamente jurídico-material,


Moçambique teve duas Constituições, a de 1975, que era uma Constituição, proclamatória, de
orientação socialista, que instituiu um sistema político de partido único, centralizado e a
constituição de 1990, que substitui a Constituição de 1975, e fez um ruptura, fazendo nascer a
segunda República, com a introdução do estado de direito democrático, do multipartidarismo, da
economia de mercado, de fiscalização da constitucionalidade dos actos normativos e a consagração
do referendo.

Da constituição de 1975, não houve uma revisão constitucional, termos técnico-jurídico,


mas sim uma substituição da Constituição a criação de uma nova Constituição de república, com
a descontinuidade da ordem constitucional criada pela constituição de 1975.

Da constituição de 1990 a constituição de 2004 houve uma verdadeira revisão


constitucional, pois a constituição de 2004 veio aprimorar e consolidar os princípios e valores

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consagrados na Constituição de 1990. A constituição de 2004 é uma Constituição de continuidade
em relação a Constituição de 1990, pois a identidade Constitucional da Constituição de 1990
manteve-se na Constituição de 2004.

Neste sentido, a Constituição de 2004 sendo fruto da revisão da Constituição de 1990, em


termos Técnico-jurídico não é materialmente uma “Constituição Nova” em relação à Constituição
de 1990, por isso não deveria ter lugar a revogação da Constituição de 1990, ela devia ter
continuado em vigor, com a inserção mo lugar próprio das alterações operadas, mediante as
substituições, supressões, e aditamentos necessários.

2.4.2 Emendas Constitucionais


No campo jurídico, emenda constitucional é uma modificação da constituição de
um Estado, resultando em mudanças pontuais do texto constitucional, as quais são restritas a
determinadas matérias, não podendo ter, como objeto, a abolição das chamadas cláusulas pétreas.

O processo de emenda constituicional em Moçambique pode variar, mas geralmente segue


um procedimento específico. Em termos gerais, o processo pode incluir as seguintes etapas:

Iniciativa: As emendas constitucionais podem ser propostas por diversas partes, como
membros do governo, parlamentares ou por meio de petições populares, dependendo das
disposições constitucionais.

Análise e Debate: A proposta de emenda passa por uma análise detalhada no Parlamento,
onde os legisladores debatem os méritos e implicações da emenda. Este processo pode envolver
comissões parlamentares especializadas.

Aprovação: A emenda precisa ser aprovada por uma maioria específica no parlamento,
conforme estabelecido pela constituição. Em alguns casos, pode ser necessária uma maioria
reduzida.

Ratificação: Após a aprovação parlamentar, a emenda pode exigir ratificação por outros
órgãos ou instâncias, como referendos ou outros mecanismos de validação populares.

Promulgação: Uma vez aprovada e ratificada, a emenda é promulgada oficialmente,


tornando-se parte integrante da constituição.

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3 Conclusão

Concluindo a analisar o histórico das constituições moçambicanas, fica evidente a evolução


do país em busca de uma estrutura legal que reflita os valores e as aspirações da sociedade. Desde
a independência em 1975, Moçambique passou por diversas transformações constitucionais,
refletindo mudanças políticas, sociais e econômicas. A constituição actual, promulgada em 2004,
representa um compromisso com a democracia, os direitos humanos e o desenvolvimento
sustentável. No entanto, a trajectória mostra desafios contínuos na implementação eficaz desses
princípios, destacando a importância de um processo constante de reflexão e adaptação para
atender às necessidades em constante evolução da sociedade moçambicana.

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4 Bibliografia

BR. (25 de 06 de 1975). Publicada no BR n.º 1. I Série.


BR. (02 de 11 de 1990). Publicada no BR n.º 44, I Série, Suplemento de Sexta-feira,. Suplemento
de Sexta-feira.
CANOTILHO, J. G., & MOREIRA, V. (2006). Fundamentos da Constituição. p. 292.
Miranda, J. (1976). Direito Constitucional. (p. 237). Coimbra: Coimbra Editora.
Novembro, L. n. (22 de 11 de 1996). publicada no BR n.º 47, I Série, Suplemento de Sexta-feira.

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