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Índice
Introdução........................................................................................................................................1

Comparação entre as constituições de 1975, 1990 e 2004..............................................................2

Conclusão........................................................................................................................................7

Referências Bibliográficas...............................................................................................................8
Introdução
A República de Moçambique é um país localizado no sudeste da África que, desde a sua
independência em 1975, passou por diversas transformações políticas, econômicas e sociais.
Uma dessas mudanças mais importantes foi a adoção de três diferentes Constituições ao longo de
sua história. A primeira, de 1975, foi promulgada logo após a independência do país, enquanto a
segunda, de 1990, estabeleceu a transição do país para uma economia de mercado e para um
sistema multipartidário. Por fim, a Constituição de 2004 foi elaborada com o objetivo de
consolidar a democracia multipartidária e os direitos e garantias fundamentais.
Embora as três Constituições tenham sido elaboradas em contextos políticos e históricos
diferentes, é possível compará-las em termos de suas principais características e impactos na
sociedade moçambicana. A análise comparativa entre as Constituições pode ser uma ferramenta
importante para compreender as mudanças políticas e sociais que ocorreram em Moçambique
nas últimas décadas.
Para realizar uma comparação entre as Constituições de Moçambique, é importante considerar as
diferenças e semelhanças entre elas em relação a diversos aspectos, como a estrutura do Estado,
os direitos fundamentais, a organização dos poderes, a política econômica e social, entre outros.
A comparação também pode destacar as continuidades e rupturas nas políticas e ideologias que
orientaram as diferentes Constituições.
Ao comparar as três Constituições, é possível observar uma evolução nas garantias e direitos
fundamentais, bem como na estruturação do Estado e na organização dos poderes. A
Constituição de 1975, por exemplo, estabeleceu um Estado socialista de partido único, com forte
intervenção do Estado na economia e na sociedade. Já a Constituição de 1990, elaborada no
contexto do fim do regime socialista e do início da transição para uma economia de mercado e
um sistema multipartidário, introduziu uma série de direitos e liberdades fundamentais, além de
estabelecer a divisão dos poderes em executivo, legislativo e judiciário. Por fim, a Constituição
de 2004 consolidou a democracia multipartidária e as garantias de direitos fundamentais, bem
como promoveu a descentralização e a participação popular na gestão pública.

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Comparação entre as constituições de 1975, 1990 e 2004
A Constituição da República de Moçambique é um dos principais documentos que regem a vida
política, social e económica do país. Desde a independência em 1975, Moçambique passou por
várias mudanças constitucionais, sendo que a Constituição de 1975 foi a primeira a ser adotada,
seguida pela Constituição de 1990 e pela Constituição de 2004. Cada uma dessas Constituições
tem suas próprias características distintas, mas todas elas foram criadas com o objetivo de
estabelecer um Estado democrático, assegurando a paz, a estabilidade, a justiça social e o
desenvolvimento do país.
A Constituição de 1975 foi adotada logo após a independência do país e foi desenvolvida sob a
influência do sistema político marxista-leninista. O seu foco era criar uma sociedade socialista,
baseada na igualdade social e na justiça. A Constituição de 1975 estabeleceu o Partido Frelimo
como o partido único do Estado e deu ao Presidente do país um grande poder executivo.
A Constituição de 1990, adotada após a revisão constitucional em 1989, trouxe mudanças
significativas para o país. A principal mudança foi a introdução de princípios democráticos e
pluralistas, incluindo o direito à liberdade de expressão, de imprensa e de associação política. A
Constituição de 1990 também estabeleceu uma separação de poderes, com a criação do Tribunal
Constitucional e do Conselho de Estado.
A Constituição de 2004 foi adotada após um longo processo de diálogo nacional, que envolveu
vários segmentos da sociedade moçambicana. Esta Constituição manteve as principais
disposições da Constituição de 1990, mas também trouxe algumas mudanças significativas. Uma
das principais mudanças foi a inclusão do direito à educação e à saúde como direitos
fundamentais, bem como a defesa da igualdade de género e da não-discriminação.
No entanto, apesar das mudanças constitucionais, ainda há desafios significativos no país. A
implementação das disposições constitucionais ainda é um desafio em muitas áreas, incluindo a
garantia dos direitos e liberdades dos cidadãos, o desenvolvimento económico e a justiça social.
A desigualdade económica, a corrupção e a violação dos direitos humanos ainda são problemas
graves no país.
Em conclusão, a análise das três Constituições da República de Moçambique mostra que houve
mudanças significativas na evolução política do país. Embora as Constituições tenham sido
criadas com o objetivo de estabelecer um Estado democrático, a implementação dessas
disposições ainda é um desafio. É importante que as disposições constitucionais sejam

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implementadas de forma justa e adequada para garantir a democracia, a justiça social e o
desenvolvimento económico em Moçambique.
 A Constituição de 1975 foi a primeira carta magna da República de Moçambique,
promulgada logo após a independência do país. Ela refletia a ideologia socialista que
dominava o país na época, estabelecendo a nacionalização dos principais meios de
produção, a coletivização da terra e a criação de uma economia planificada. No entanto, a
implementação dessas políticas não foi bem-sucedida, levando a uma crise econômica e
política na década de 1980.
 A Constituição de 1990 foi um marco na história política de Moçambique, estabelecendo
a transição do sistema socialista para uma democracia multipartidária. Ela consagrou a
liberdade de expressão, a liberdade de associação e o pluralismo político, e reconheceu a
economia de mercado como o sistema econômico do país. A nova constituição também
estabeleceu um sistema de separação de poderes entre o Executivo, o Legislativo e o
Judiciário, fortalecendo as instituições democráticas do país.
 A Constituição de 2004 reafirmou os valores democráticos estabelecidos na Constituição
de 1990 e trouxe novas conquistas, como a consagração dos direitos das mulheres e a
criação de um Conselho de Estado. Ela também estabeleceu uma maior descentralização
do poder, dando aos governos provinciais mais autonomia na tomada de decisões e na
gestão de recursos. Além disso, a Constituição de 2004 reforçou o papel dos tribunais e
do Ministério Público na proteção dos direitos dos cidadãos e na luta contra a corrupção.
 A comparação entre as três Constituições de Moçambique mostra uma evolução
progressiva na construção do Estado democrático de direito no país. Enquanto a
Constituição de 1975 refletia um modelo de sociedade socialista centralizado, as
Constituições de 1990 e 2004 consolidaram os valores da democracia e dos direitos
humanos, estabelecendo um sistema político pluralista e uma economia de mercado. A
Constituição de 2004, em particular, trouxe importantes avanços na descentralização do
poder e na consolidação das instituições democráticas do país.
 No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados na implementação plena das
Constituições moçambicanas. A corrupção e a falta de transparência ainda são problemas
graves, especialmente no setor público. Além disso, a violência política e a instabilidade
em algumas regiões do país demonstram que a consolidação da democracia e dos direitos

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humanos em Moçambique ainda é um processo em andamento, que exige a participação
ativa da sociedade civil e um compromisso contínuo do Estado em garantir a realização
desses valores.
 Enquanto a Constituição de 1975 estabeleceu um sistema unipartidário liderado pela
FRELIMO, a Constituição de 1990 estabeleceu o multipartidarismo e reconheceu
formalmente a existência de partidos políticos de oposição.
 A Constituição de 1990 também estabeleceu uma separação de poderes mais clara, com a
criação de um poder judicial independente do executivo e do legislativo. A Constituição
de 1975 não tinha essa separação clara de poderes.
 A Constituição de 1990 incluiu mais direitos e liberdades individuais, como a liberdade
de expressão, de imprensa, de associação e de reunião pacífica. A Constituição de 1975
tinha menos ênfase nesses direitos individuais.
 A Constituição de 1990 também estabeleceu a descentralização do poder para os
governos locais, enquanto a Constituição de 1975 estabeleceu um sistema centralizado de
tomada de decisão.
 Além disso, a Constituição de 1990 estabeleceu a criação de uma comissão independente
de eleições para supervisionar as eleições, enquanto a Constituição de 1975 não
mencionava essa comissão.
As diferenças entre as Constituições de 1975 e 1990 já mencionadas foram profundas e
refletiram a evolução política e social do país ao longo dos anos. No entanto, a Constituição de
2004 introduziu uma série de mudanças significativas em relação às Constituições anteriores.
Em primeiro lugar, a Constituição de 2004 estabeleceu o multipartidarismo como um princípio
fundamental do sistema político moçambicano. Enquanto a Constituição de 1975 previa o papel
dominante do Partido FRELIMO, a nova Constituição reconheceu a existência de vários partidos
políticos e assegurou a liberdade de associação e de expressão. Além disso, a Constituição de
2004 reforçou as garantias de direitos humanos, incluindo a proteção dos direitos civis e políticos
e dos direitos econômicos, sociais e culturais.
Outra mudança significativa introduzida na Constituição de 2004 foi a descentralização do
poder. Enquanto a Constituição de 1975 previa um sistema centralizado de governo, a nova
Constituição estabeleceu a criação de governos provinciais e municipais com poderes próprios e

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maior autonomia. Isso permitiu uma maior participação dos cidadãos nas decisões políticas e um
melhor equilíbrio de poder entre o governo central e as autoridades locais.
Além disso, a Constituição de 2004 introduziu disposições específicas sobre a proteção do meio
ambiente e a promoção do desenvolvimento sustentável. A nova Constituição reconheceu a
importância da preservação dos recursos naturais e da biodiversidade, bem como o direito das
gerações presentes e futuras a um ambiente saudável e equilibrado.
Outra mudança significativa introduzida na Constituição de 2004 foi a criação de um sistema
judicial independente e imparcial. A nova Constituição estabeleceu a separação dos poderes e
previu a existência de tribunais independentes e autônomos para garantir a justiça e proteger os
direitos dos cidadãos.
Em conclusão, as Constituições de 1975, 1990 e 2004 da República de Moçambique representam
marcos importantes na evolução política e social do país. Enquanto a Constituição de 1975
refletia as aspirações e ideais do movimento de libertação, a Constituição de 1990 marcou a
transição para a democracia e para a economia de mercado. Já a Constituição de 2004 introduziu
mudanças significativas, como o multipartidarismo, a descentralização do poder, a proteção do
meio ambiente e a criação de um sistema judicial independente e imparcial, representando um
passo importante na consolidação do Estado de direito e na proteção dos direitos e garantias
fundamentais dos cidadãos.
Além das diferenças mencionadas anteriormente, há outras distinções entre as três Constituições
da República de Moçambique. Em termos de estrutura, a Constituição de 1975 foi organizada em
12 capítulos, enquanto a Constituição de 1990 foi dividida em 12 partes e a Constituição de 2004
em 13 partes.
Quanto à forma de governo, a Constituição de 1975 estabeleceu um sistema de partido único,
com o Partido FRELIMO como o único partido legal. Já a Constituição de 1990 introduziu um
sistema multipartidário, permitindo a existência de vários partidos políticos. A Constituição de
2004 manteve o sistema multipartidário, mas também estabeleceu o cargo de Presidente da
República eleito diretamente pelo povo, com um mandato de cinco anos renovável uma vez.
No que diz respeito aos direitos fundamentais, a Constituição de 1975 incluía disposições sobre
direitos civis e políticos, mas a garantia desses direitos era limitada. A Constituição de 1990
expandiu significativamente os direitos fundamentais, garantindo a liberdade de expressão, o
direito à privacidade, o direito à informação e a igualdade perante a lei. A Constituição de 2004

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manteve esses direitos e acrescentou a proibição de todas as formas de discriminação, incluindo
com base na orientação sexual e na identidade de gênero.
Outra diferença notável é a mudança no papel das Forças Armadas de Defesa de Moçambique
(FADM) nas três Constituições. Na Constituição de 1975, as FADM foram responsáveis pela
segurança interna e externa do país, além de terem um papel ativo na vida política do país. Na
Constituição de 1990, as FADM foram redefinidas como uma instituição nacional de defesa e
segurança, e não tiveram mais envolvimento direto na política. A Constituição de 2004
reafirmou o papel das FADM como uma instituição nacional de defesa e segurança, mas
acrescentou que as forças armadas devem ser subordinadas às autoridades civis e que a
participação política das FADM é proibida.
Em resumo, as três Constituições da República de Moçambique refletem a evolução política,
social e econômica do país. Embora haja semelhanças, cada uma apresenta diferenças
significativas em relação à outra, demonstrando a importância de uma Constituição atualizada
para um país em desenvolvimento e em constante transformação.

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Conclusão
Ao fazer uma análise das três Constituições da República de Moçambique, pude concluir que,
apesar de terem algumas semelhanças, há diferenças significativas entre elas. A Constituição de
1975 refletia as necessidades da época, onde a luta pela independência ainda estava em curso e o
país estava em transição de uma sociedade colonial para uma sociedade independente. A
Constituição de 1990 foi a primeira a introduzir princípios democráticos e pluralistas no país,
enquanto a Constituição de 2004 refletia uma tentativa de consolidar esses valores e garantir a
estabilidade e desenvolvimento do país.
No entanto, apesar das mudanças nas Constituições, há ainda desafios na implementação das
suas disposições, especialmente no que diz respeito à garantia dos direitos e liberdades dos
cidadãos, o desenvolvimento económico e a justiça social. Portanto, é importante que haja um
compromisso contínuo do governo e da sociedade em geral para garantir que as disposições
constitucionais sejam aplicadas de forma adequada e justa para todos os cidadãos.
Em suma, as Constituições da República de Moçambique refletem a história do país e a evolução
da sua sociedade, mostrando as mudanças na forma de governança e nas necessidades da
população. Embora haja diferenças entre elas, todas têm como objetivo garantir a democracia, a
justiça social e o desenvolvimento do país. A continuidade na implementação das suas
disposições é fundamental para alcançar esses objetivos e garantir um futuro próspero para
Moçambique.

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Referências Bibliográficas
 Constituição da República Popular de Moçambique (1975):
 MOÇAMBIQUE. Constituição da República Popular de Moçambique. 1975.
 Constituição da República de Moçambique (1990):
 MOÇAMBIQUE. Constituição da República de Moçambique. 1990.
 DILLA, Haroldo L. A Constituição de Moçambique de 1990: Análise Histórica e
Jurídica. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane, 1997.
 Constituição da República de Moçambique (2004):
 MOÇAMBIQUE. Constituição da República de Moçambique. 2004.
 DILLA, Haroldo L. A Constituição de Moçambique de 2004: Análise Histórica e
Jurídica. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane, 2007.
 MABJAIA, Mário Augusto. Direito Constitucional Moçambicano: Estudo da
Constituição da República de Moçambique de 2004. Maputo: Texto Editores, 2014.

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