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Victorino Candieiro

Reintegração Social dos Ex-combatentes no Distrito de Nicoadala,


Província da Zambézia1

1
Versão editada e ampliada de Monografia Científica, entregue e apresentada no Departamento de Ciências
Sociais e Filosófica, no Curso de História, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em
Ensino de História com Habilitação em Documentação pela Universidade Pedagógica – Quelimane, Maio de
2019.
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Lista de abreviatura
AGP ---------------------------------------------------------------------------------- Acordo Geral de Paz
AMODEG ------------------------------- Associação Moçambicana dos Desmobilizados de Guerra
AWEPA ---------------------------------------- Associação dos Parlamentares Europeus Ocidentais
COMECON --------------------------------------------Conselho para Assistência Económica Mútua
CORE ------------------------------------------------------------------------- Comissão de Reintegração
EAR ------------------------------------------------------------------ Esquema de Apoio à Reintegração
FADM ---------------------------------------------------- Forças Armadas de Defesa de Moçambique
FAM ------------------------------------------------------------------ Forças Armadas de Moçambique
FRELIMO ------------------------------------------------------- Frente de Libertação de Moçambique
INE ---------------------------------------------------------------------- Instituto Nacional de Estatística
MICO ----------------------------------------------------------------------- Ministério dos Combatentes
OIM --------------------------------------------------------- Organização Internacional das Migrações
OJM ---------------------------------------------------------- Organização da Juventude Moçambicana
ONG/s --------------------------------------------------------------- Organizações não-governamentais
ONU ------------------------------------------------------------------- Organização das Nações Unidas
ONUMOZ -------------------------------------------- Operação das Nações Unidas em Moçambique
PNUD ----------------------------------------Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
RENAMO --------------------------------------------------------- Resistência Nacional Moçambicana
UNOHAC ---Organização das Nações Unidas para a Coordenação da Assistência Humanitária
USAID ----------------------- Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional
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Resumo
Esta pesquisa foi desenvolvida em torno da Reintegração social dos combatentes no distrito
de Nicoadala, Província da Zambézia. Para o desenvolvimento da pesquisa, adoptou-se
abordagem qualitativa apoiada pela pesquisa bibliográfica, privilegiando-se a entrevista semi-
estruturada como a técnica para a colecta dos dados. Assim, através do contacto tido entre o
pesquisador e população alvo, que foi constituído pelos desmobilizados de Guerra e direcção
dos Combatentes no Distrito de Nicoadala, constatou-se que a reintegração social a longo
prazo ainda está longe de ser efectivamente realizada. As preocupações dos desmobilizados
de Guerra são várias, partindo do pagamento das pensões, capacitação técnica em matérias de
empreendedorismo quer seja do desenvolvimento de projectos de integração económica.
Apesar dos esforços que são feitos pelo governo para minimizar os problemas de reintegração
económica dos desmobilizados de guerra, não há materialização dos mesmos. Pese embora
que num passado recente nos finais de 2014 ser criado o Fundo da Paz e Reconciliação
Nacional, no entanto, não há resultados palpáveis após anos que foi aberta a entrada dos
projectos para a reintegração económica dos ex-combatentes.
Palavras-chaves: Guerra Civil, Desmobilização, Ex- combatente, Economia, Reintegração
social,.
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Abstract
This research was developed around of social reintegration of Combatants in the District of
Nicoadala , Zambezi Province. In order to develop the research, a qualitative approach wash
adopted, supported by the bibliographic research, favouring the semi-structured interview as
the technic of collecting of data. Thus, through the contact between the researcher and target
population, which was constituted by demobilized war and the direction of combatants in
district of Nicoadala, its was found that the long-term social integration is still far from being
effectively held. The concerns of demobilized war are numerous starting from the payment of
pensions, technical training in matters of self-employment want to be the development of
projects of economic integration. Despite the effort made by the Government to minimize the
problems of economic reintegration of demobilized of war, there is no materialization of
them. Despite that in a recent past in the end of 2014 the Peace and National Reconciliation
Fund has been created, however, there are not tangible result in the booklet that the projects
were opened for the economic reintegration of the combatants.
Key- Words: Civil War, Demobilization, Ex- Combatant, economy, social reintegration.
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0. INTRODUÇÃO

A história de Moçambique desde os meados do 3º quartel do século XX, é marcada


maioritariamente por guerras, partindo da Guerra de Libertação Nacional de 1964 a 1974,
Guerra Civil, de 1976-1992. É evidente que o conflito dos 16 anos que terminou em 1992 foi
o mais devastador. A partir de particularidade de cada guerra, a primeira abrangeu regiões
bem localizadas em relação a segunda, dai que o número dos afectados e a destruição foi
consideravelmente diferente. As guerras que desenrolaram no solo pátrio moçambicano a
partir da segunda metade do século passado, mobilizaram milhares de cidadãos, de todas as
províncias, na sua maioria, jovens que foram transformados em soldados. Quando as guerras
acabam no geral, os que sobrevivem retornaram para as sociedades de onde tinham vindo ou
outras residem noutros cantos do Pais. O processo de reintegração social e profissional desses
combatentes pode ser complexo e problemático, em todas as Províncias que mobilizaram seus
jovens para a Guerra. Nisso, a preocupação das autoridades moçambicanas nos dois conflitos
foi a reintegração social das partes, que antes deveria partir da desmobilização. Logo a
concentração da atenção do governo, tanto a nível social assim como económico viu-se
travada por não materialização na sua generalidade, procurando responder a demanda do
mercado sobretudo da qualificação. A reintegração social não se configurara em tarefa fácil
para o grupo, afinal, as autoridades governamentais e a sociedade civil estas pareciam estarem
preparadas para receber indivíduos marcados por uma experiência de Guerra. Mas os ex-
combatentes parecem estarem longe de reintegrar as antigas sociedades. Dai, que houve
necessidade de elaborar pacotes e programas de reinserção social após anos de reivindicação
para evitar a eclosão de uma possível Guerra Civil. A presente monográfica procura
compreender o processo de reintegração social no Distrito de Nicoadala. Ela está divida em
três capítulos além da descrição dos elementos da pesquisa qua dão a introdução e os
elementos pré-textuais, dentre eles: o Primeiro capítulo Descreve a metodologia usada no
trabalho. O segundo Capitulo sustentado a Definição de Conceitos e Revisão de literatura,
onde são apresentados alguns conceitos e trabalhos nacionais e estrangeiros que fundamentam
o estudo teoricamente; e o Terceiro Capítulo apresentação Análise e Interpretação dos Dados.
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0.1 Objecto e Delimitação do estudo

Constitui objecto de estudo dessa monografia, “A economia dos ex-combatentes.

A Monografia trata de Reintegração Social de longo prazo dos ex-combatentes pós-guerra


civil2, e foi desenvolvida através da pesquisa de campo no distrito de Nicoadala, que dista a
47 km da Cidade de Quelimane. Quanto ao período, demarcou desde o inicio do processo em
1992 até 2018, embora que a delimitação seja feita nessa época, foi necessário recorrer aos
outros períodos e acontecimento da história de Moçambique que antecede este período que
sustentou a pesquisa.

0.2 Problematização

O período imediatamente posterior à proclamação da independência de Moçambique foi


marcado pela eclosão da guerra civil. Passado um ano da independência nacional em 1976, o
conflito armado foi renovado mais uma vez, quando o movimento RENAMO lançou a sua
Guerra contra o novo governo, uma Guerra que durou até 1992.

Todavia, a RENAMO não chegou a conseguir mobilizar politicamente os seus soldados.


Desta feita o recrutamento para as fileiras deste movimento de resistência armado foi feito,
maioritariamente, através da violência e da coacção.

Segundo Minter (1994:229), o recrutamento dos soldados da RENAMO era feita através de
raptos para servir de guias nas suas zonas de origem; outra forma de recrutamento era feita em
grandes grupos no decorrer das actividades, como na escola ou no regresso dela, aldeias,
plantações, ou em pequenas vilas, nas fábricas e igrejas.

De outro lado, ainda neste período da guerra, com foco na mobilização, numa reunião do
comité do partido Frelimo, Samora Machel sublinhou que é imperioso que o partido
FRELIMO mobilize todo o povo para a guerra... A prioridade é a liquidação total e completa
dos bandidos armados, (Revista tempo 1985 citado por GUJAMO, : 2016:121).

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Usamos o termo reintegração social dos ex-combatentes pós-guerra para diferenciar da segunda reintegração
social e militar dos homens residuais da Renamo (que ainda não estavam reintegrados em nenhuma das partes,
muito menos desmobilizados, processo este que decorre no país desde o ano passado fruto de acordos e
conversações do presidente da República Filipe Nyusi e falecido presidente da Renamo Afonso Dhlakama e
depois continuado por Issufo Momade. Os ex-militares envolvidos no estudo são apenas os já reintegrados na
sociedade.
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Na sequência das decisões acima referidas, assistiu-se ao início de uma ampla campanha de
mobilização dos diferentes segmentos da sociedade moçambicana para o envolvimento activo
na luta armada contra a RENAMO e na defesa de Moçambique contra a agressão sul-africana.
Esta campanha de mobilização estendeu-se até aos locais de trabalho e aos bairros. Neste
contexto, no dia 11 de Maio de 1985, Samora Machel convidou os jovens de todo o país a se
incorporarem nas fileiras das forças armadas moçambicanas para a defesa do País (GUJAMO
2016:121).

Segundo Machel, referido na revista tempo (1985 apud GUJAMO 2016:121) “Se é necessário
para acabar a guerra, rapidamente, que se fechem os locais de trabalho, escolas e
universidades, vamos fazê-lo… em situação de guerra não existe serviço militar obrigatório.
Existe apenas o chamamento da pátria”. Percebe-se que a mobilização nesse período passou a
ser a prioridade em todos os sectores e locais de actividade, assim, alunos, professores,
operários e camponeses foram obrigados a abandonar os seus postos.

Salienta-se que primeiramente, além da lei do serviço militar, o exército era pois recrutado de
forma legal através de consultas comunitárias sobre a existência de pessoal com idade militar,
fixação de listas para ingressar-se nas forças governamentais (idem, 229-30). Quando a guerra
atingiu proporções alarmante, o recrutamento passou a ser compulsivo, quer nos mercados,
até mesmo nas escolas, como vimos nos parágrafos anteriores. Contudo, o recrutamento em
ambas as partes quase que teve mesmas características embora que a Renamo usasse a
coerção e violência em quase todo seu processo de recrutamento, também as forças
governamentais no último quinquénio de 1980, quando a guerra atingiu proporções
alarmantes não se respeitava a lei de serviço militar obrigatório optou a mesma via de
recrutamento por coerção Revista Tempo (apud GUJAMO 2016:121).

A partir deste ponto percebe-se que a mobilização para as forças armadas e do outro lado para
a guerrilha da RENAMO, desintegrou população, jovens foram retirados da escola, crianças
abandonaram a escola e outras que sobreviveram perderam seus parentes ou membros,
mutilados, muitos Jovens perderam seus postos de trabalhos ou abandonaram a sua actividade
normal, abandonaram escola para servir na guerra, onde tinham que enfrentar uma nova
realidade, que mudou completamente as suas vidas o seu relacionamento interpessoal, em fim,
a guerra trouxe vários problemas não só para os militares quanto também para a sociedade.
Portanto, quando as guerras terminam normalmente uma das grandes preocupações é a
reintegração social e por vezes dos ex-combatentes, isto é, para serem de novo civis.
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De acordo com inúmeros problemas causados pela Guerra no Geral e, ao antigo cidadão, que
fora transformado em militar e actualmente é desmobilizado, especificamente no Distrito de
Nicoadala, olhando no ponto de vista dos acontecimentos recentes do País que alteraram
radicalmente a situação política e militar, várias exigências são feitas pelos desmobilizados de
guerra, como temos vindo a acompanhar nos órgãos de comunicação social. "Empurraram" o
governo à criação do Fundo de Paz e Reconciliação Nacional, cujo objecto deste é: promover
a criação de emprego para os combatentes, e apoiar as iniciativas e projectos de
desenvolvimento económico e social deste grupo; fortalecer a capacidade da criação
implementação e gestão de negócios dos combatentes; capacitar os combatentes em
actividades profissionais para melhorar a sua empregabilidade, bem como incentivar o
associativismo dos combatentes no desenvolvimento das actividades económicas3. Partindo
desta proposta governamental, urge a necessidade de pesquisar sobre o estado dos ex-
combatentes do Distrito de Nicoadala a sua reintegração social traves do empandeiramento
económico. Portanto levanta-se a seguinte questão: Como é que foi a Reintegração social dos
Combatentes no Distrito de Nicoadala?

0.3 Hipóteses

Para responder a questão de partida acima levantada, apresentam-se as seguintes hipóteses:

Hipótese 1- Apesar de forma geral a desmobilização e reintegração ter mesmas


características, isto é, oficialmente envolveu a reunião, aquartelamento, desarmamento,
administração e dispensa de Ex-militares, que receberam de alguma forma de compensação e
outra ajuda para encorajar a sua transição para a ''vida civil.” A Desmobilização e
Reintegração Social dos Combatentes no Distrito de Nicoadala pode não ter ocorrido de
forma semelhante com o resto do País, e ela não foi um processo de desenvolvimento social e
económico contínuo de longo prazo;

Hipótese 2- A Reintegração Socioeconómica dos ex-militar a longo prazo poderia ser olhada
como uma esperança para os combatentes, visto que após a Guerra o Governo não reunia
condições económicas, de infra-estruturas capaz de responder suas obrigações aos ex-
combatentes na altura;

3
Aiuba Cuereneia, Ministro de Planificação e Desenvolvimento, briefing à imprensa no final da sessão do
Conselho de Ministros, disponível em http://www.jornaldomingo.co.mz/index.php/nacional/4233-governo-cria-
fundo-de-paz-e-reconciliacao-nacional 19 Novembro 2014 acessado a 22 de Outubro de 2018.
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Hipótese 3 - Apesar de não haver melhoria das condições dos desmobilizados, Ex-militares
do distrito de Nicoadala, beneficiam-se de subsidio mensal mas não é suficiente para garantir
a sua alimentação e educação para os seus filhos, estes por não terem nível de ensino capaz de
lhes permitir uma educação financeira para a criação de auto-emprego, podem não se
beneficiarem do Fundo de Paz e Reconciliação Nacional, vulgo Fundo da Paz, que é um
pacote da actual governação que foi criado em 2014 pelo Ex- Presidente da República
Armando Guebuza, que visa garantir o desenvolvimento de iniciativas de auto-emprego dos
Ex-militares.

0.4 Justificativa

Estudar a “Reintegração Social dos ex-combatentes no Distrito de Nicoadala ” é pertinente do


ponto de vista sociopolítico e económico porque vai ajudar a compreender o estágio actual do
país em termos da condição de desmobilizado. A escolha deste tema deveu-se a várias
motivações desde as pessoais ou subjectivas, até objectivas ou gerais. E desde já citam-se
algumas das motivações para este grupo social: em primeiro lugar deve-se a curiosidade tida
pelo autor em relação ao tema em alusão, porque no terceiro ano na cadeira de História de
Moçambique dos meados do século XX a XXI houve ausência dos conteúdos da Guerra Civil
em Moçambique, particularmente da reintegração social dos combatentes, porém falou-se de
forma restrita na cadeira de História de África do mesmo período, e os seus contornos sociais
e económicos.

Em segundo lugar: Na cadeira de História de África da segunda metade do século XX a


actualidade, o professor Cássimo Jamal, numa das suas aulas falou do impacto da Guerra para
com a comunidade em geral abrangida, que também na visão dele deveria ser recompensada
pelo tempo perdido e as perturbações que a guerra trouxe às tais comunidades, portanto, a
desmobilização só é completa quando toda sociedade goza do mesmo nível de
desenvolvimento económico e igualdade de oportunidades.

Pois, a Guerra da defesa de soberania e democracia afectou jovens, crianças e adulto da


época, foram obrigadas a abandonar as suas actividades económicas e ou sociais, para
participar na guerra, outros deslocaram-se para dentro (deslocados) ou outros para fora do
país (refugiados), enquanto para os recrutados, com o término da guerra foram
desmobilizados e posteriormente reintegrados na sociedade. Esta reintegração referir-se-ia ao
processo que permite capacitar os ex-combatentes e suas famílias a adaptarem-se, socialmente
12

e economicamente, à vida civil produtiva a longo prazo.

Já para as motivações objectivas, ou seja gerais, destaca-se em primeiro lugar que a história
contemporânea de Moçambique foi marcada na segunda metade do século XX, pelas guerras
e que deixaram desmobilizados, esta desmobilização acompanhou-se da reintegração
socioeconómica que desempenha um papel fundamental na construção da Paz, e respectivo
desenvolvimento do país. Mesmo a guerra de Libertação Nacional, não actuara em todo país,
de forma igual, dai que alguns grupos sociais viveram e se organizaram desde passado
colonial sem conhecer a guerra como a dos 16 anos, no último quartel do século XX,
verificou-se um país desestruturado quer da sociedade, infra-estruturas assim como da própria
economia, para fazer face aos problemas sociais no presente de uma camada que reivindica os
seus direitos, por outro lado tendo um componente que aponta para o futuro, sem ainda pelo
modo como este se prepara através de projectos de inserção socioeconómica.

A escolha do distrito de Nicoadala, deveu-se pelo facto de ser uma zona rural com forte
tendência da maioria da população ser agricultora, cujo acesso ao emprego formal é
deficitário, além deste factor, tem factor histórico, foi no distrito de Nicoadala onde houve
vários ataques até o distrito foi ocupado provisoriamente pela guerrilha da RENAMO e
recuperado em coordenação com as forças tanzanianas e zimbabueanas4.

De acordo com as fontes locais, registou-se rapto de formandos no antigo centro de formação
de professores pelos guerreiros da Renamo, no âmbito do recrutamento para ingressar as suas
fileiras uns como quadro outros como simples soldados, local onde as forças militares
Tanzânia foram morta na mesma emboscada. Portanto, alguns militares foram escalados no
povoado de Licuar para proteger a fonte de captação e tratamento de Água - FIPAG, única
fonte de água canalizada que abastecia a Cidade de Quelimane. No âmbito da desmobilização,
maior parte dos militares optou em desmobilizar e reintegrar-se na mesma aldeia em volta da
fonte.

No âmbito científico: Esta pesquisa irá permitir um maior envolvimento dos ex-militares na
fonte oral para a construção da história de Moçambique, falando sobre a participação deste
grupo social na preservação da paz e o desenvolvimento económico do país.

A segunda motivação científica está ligada ao facto de que os autores que procuram abordar
sobre a Reintegração Social focam mais para o pós-guerra, mesmo com posturas diversas em
4
Revista tempo 19 de Abril de 1987, 8-15 cit. por GUJAMO, 2016.
13

seus fundamentos teóricos, buscam resgatar as relações mais complexas na comparação entre
dois grupos socais diferente “de ex-combatente e não combatente”, e não estabelecem
conexões entre impactos de longo prazo desta desmobilização e reintegração social. Portanto
de destacar que estes tem família que tem futuro, os estudos ora realizados se inserem em uma
forma de política reconciliatória entre as partes envolvidas; os relatórios das ONGs, procuram
dar informação de acordo com suas politicas humanitária de “bom trabalho”, de que a
desmobilização e reintegração social foi um sucesso, enquanto no terreno pode haver certos
problemas, na medida em que o tempo passou e a responsabilidade foi transferida para o
governo. Outrossim, perceber estas situações constituiu as motivações que levaram o autor a
escolher o presente tema no qual se desenvolveu mediante convívio num bairro de e com ex-
combatentes no povoado de Licuar, Distrito de Nicoadala.

Nas pesquisas realizadas em relação a revisão bibliográfica constatou-se que poucos estudos
foram feitos em relação ao tema ou seja, nenhum dos estudos encontrados aborda sobre a
reintegração social a longo prazo e nem no oque diz respeito a economia dos ex-combatentes,
apenas foram encontrados estudos relacionados de forma restrita e relatórios das ONGs. E
ainda, de salientar que, nenhum estudo relacionado foi feito na Província da Zambézia. Dentre
os principais estudos existentes e relacionados ao tema, destacam-se:

João Paulo Borges COELHO, Antigos soldados novos cidadãos: A reintegração dos
desmobilizados de Maputo. 2003; Paulo GRANJO Limpeza ritual e reintegração pós-guerra
em Moçambique Análise Social, em 2007, pp123-144; PEIXOTO Aline o Desarmamento,
Desmobilização e Reintegração dos Ex-Combatentes No Âmbito das Nações Unidas 2006;
Lisa REPPELL, Jonathan ROZEN e Gustavo de CARVALHO. Plano para a paz Lições do
processo de consolidação da paz em Moçambique 2016. Coelho, João Paulo Borges &
VINES, Alex, Desmobilização e Reintegração de Ex-Combatentes em Moçambique, (1996).

No âmbito social: a relevância deste estudo consiste na possibilidade de contribuir que a


História de reintegração social dos Ex-combatentes deste Distrito seja conhecida não apenas
pela comunidade local, mas também por pessoas de áreas mais longínquas permitindo
também o reconhecimento dos seus problemas pelas autoridades locais assim como de outros
pontos do país e porque não do mundo.

Com isso, nota-se que ainda há muita necessidade de se estudar sobre a reintegração social
dos ex-militares, é uma contribuição para o estudo de História social contemporânea de
14

Moçambique, não só, porque grande parte dos trabalhos basearam-se nos anos depois da sua
desmobilização, contudo, com as novas dinâmicas da sociedade e necessidades, acabou
alterando a posição inicial do ex-combatente, levando à constantes manifestações na
reivindicação dos seus direitos.

Igualmente, actualmente tem havido programas de reintegração económica dos combatentes a


partir do fundo de promoção da paz, nessa perspectiva urge necessidade de rever a maneira
como a reintegração inicialmente foi implementada e como actualmente decorre o mesmo
processo. Por outras palavras, o que terá falhado na época da desmobilização pós-guerra que
faz com que dez anos depois a situação de reintegração volte a ser problema dos ex-
combatentes. Por isso, pretende-se com este trabalho procurar inferir mais, ou melhor,
acrescentar mais ideias e trazer uma discussão científica em relação a este tema que é tão
pouco estudado em Moçambique e concretamente na Província da Zambézia.

0.5 Objectivos

0.5.1 Geral:

 Compreender o processo de Reintegração Social dos Ex-combatentes no Distrito de


Nicoadala.

0.5.2. Específicos:

 Contextualizar a Reintegração Social dos Ex-combatentes no Distrito de Nicoadala;

 Identificar os objectivos dos Programas de Desmobilização e Reintegração Social dos


Ex-combatentes;

 Descrever o processo de Reintegração Social dos Ex-combatentes no Distrito de


Nicoadala com base na constatação da sua economia;

 Avaliar a reintegração Social dos Ex-combatentes no Distrito de Nicoadala.


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CAPITULO I: METODOLOGIAS

1.0 Metodologia
A investigação se baseou-se na avaliação da legislação de reintegração económica inserida no
Boletim da República, desde 2001, levados à cabo pelo Governo que encarrega-se no
processo de reintegração social contínuo (a longo prazo), procurando uma visão
socioeconómica dos Ex-combatentes, tendo situado o Ex-combatente na fronteira entre a
comunidade onde vive, a investigação procurou dar atenção a ligação entre as três categorias:
Como é que o Ex-combatente encara as novas oportunidades que lhe é colocada, antes
percebendo como este foi reintegrado pós-guerra, e como ele é encarado pelos órgãos
competentes da sua agremiação? Este tipo de interrogação levou a necessidade do nível social
da pesquisa " a comunidade" que optou-se na Zona Rural onde alguns grupos de ex-
combatentes foram reintegrados.

a) A selecção do local de Pesquisa

A selecção do local de pesquisa foi quantitativo e qualitativo, procurando responder o


aglomerado populacional de ex-combatentes e compreender a situação socioeconómica das
respectivas comunidades, não há diversidade porque o meio social é a zona rural.

1.1 Método

A insuficiência até mesmo a ausência de um pensamento político ou cientificamente


sistematizado e documentado sobre o processo de reintegração social dos combatentes no
distrito de Nicoadala obrigou a recorrer ao método indutivo. Pois, o método indutivo
contribuiu para juntar, de forma sistemática, factos históricos aparentemente isolados (Guerra
civil) e conferir um sentido que traduziu uma interpretação e um conhecimento sobre a
essência do processo de reintegração social dos combatentes no distrito de Nicoadala.

1.2 Tipo de pesquisa

A metodologia desta pesquisa foi de consulta a) bibliográfica e b) estudo de campo, primeiro


que é aquele que recolhe dados sobre os principais trabalhos científicos já realizados sobre um
tema escolhido e que são revestidos de importância por serem capazes de fornecer dados
actuais e relevantes, e o segundo procura muito mais o aprofundamento das questões
16

propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas


variáveis.” (GIL, 2008: 57). No estudo de campo, estudamos um único grupo "ex-
combatentes" ou uma comunidade em termos de sua estrutura social que tem mesmas
características, ou seja, ressaltando a interacção com este grupo social.

b) Pesquisa bibliográfica

Segundo Gil (2008:50-51), a pesar desta vantagem, os dados obtidos através da pesquisa
bibliográfica são antigos principalmente as fontes primárias e erros podem repetirem-se nas
secundárias. Assim, o pesquisador teve atenção para reduzir possíveis repetições de equívocos
que as fontes secundárias lhe poderiam trazer, foi importante que o pesquisador verificou as
circunstâncias pelas quais obtiveram estes dados, analisando de forma profunda cada
informação no seu devido tempo da escrita para encontrar prováveis discrepâncias entre as
mesmas.

1.3 Método de Abordagem

Pesquisa Qualitativa - foi uma modalidade de pesquisa na qual faz-se uma relação dinâmica
entre o mundo real e o sujeito, isto é, o entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito
que não pode ser traduzido em números.

De acordo com Yow, diferentemente da abordagem quantitativa, a investigação qualitativa é


indutiva, envolve uma multiplicidade de variáveis e as suas relações são consideradas não de
forma isolada mas como inter-relacionadas dentro de um determinado contexto.5 De acordo
com a autora, a vantagem de usar a metodologia qualitativa reside no facto de o investigador
não usar instrumentos imutáveis de testagem. Pelo contrário, o investigador está aberto à
observação do comportamento dos informantes. Deste modo, o investigador aprende ou
apreende novas coisas que não estavam necessariamente contempladas nas hipóteses originais
- até porque não raras vezes, os investigadores que exploram a abordagem qualitativa não
constituem hipóteses no início da investigação.6

A escolha deste método deveu-se pelo facto do estudo envolver entidades, isto é, envolveu
pessoas e não objectos ou números, mas também porque se mapeou e fez-se a delimitação do

5
Valerie Raleigh Yow, Recording Oral History: A Pratical Guide for Social Scientists (Thousand Oaks e outras:
Sage Publications, 1994:5. Citado por Gujamo (2016:51)
6
Yow, Recording Oral History…, 6.
17

tempo e do espaço onde a pesquisa se efectuou, contando com a emissão de ideias e pontos de
vista cada um dos ex-combatentes, sobre o seu estado de reintegração social. Ainda em
relação a esta posição e em concordância com Neves (1996:1):

O desenvolvimento de um estudo de pesquisa qualitativa supõe um corte temporal -


espacial de determinado fenómeno por parte do pesquisador. Esse corte define o
campo e a dimensão em que o trabalho desenvolver-se-á, isto é, o território a ser
mapeado. O trabalho de descrição tem carácter fundamental em um estudo
qualitativo, pois é por meio dele que os dados são colectados.

1.4 Técnicas de colecta de dados

A técnica de colecta de dados é a “etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos


instrumentos elaborados e das técnicas seleccionadas, a fim de se efectuar a colecta dos dados
previstos” (LAKATOS e MARCONI, 1991:165). Ela é uma tarefa cansativa e toma, quase
sempre, mais tempo do que se espera. Exige do pesquisador paciência, perseverança e esforço
pessoal, além do cuidadoso registo dos dados e de um bom preparo anterior, (Idem).

Na tentativa de obter os dados para a confirmação do estudo, a técnica de colecta de dados


empregue no estudo foi a entrevista que para Gil (2008:106), pode-se definir entrevista como
a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas,
com o objectivo de obtenção dos dados que interessam à investigação.

A relevância desta técnica de colecta de dados, para esta pesquisa, permitiu ao pesquisador
fazer uma espécie de mergulho em profundidade, colectando indícios dos modos como cada
desmobilizado percebe e significa sua realidade e levantando informações consistentes que
permitiram descrever e compreender a lógica que preside as relações que se estabelecem no
interior desse grupo dos desmobilizados, o que, em geral, seria mais difícil obter com outros
instrumentos de colecta de dados.

1.4.1 Entrevista

A entrevista é, portanto segundo Gil (2008:106), uma forma de interacção social. Mais
especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca colectar
dados e a outra se apresenta como fonte de informação. A entrevista é uma das técnicas de
colecta de dados mais utilizadas no âmbito das Ciências Sociais. Enquanto técnica de colecta
de dados, a entrevista é bastante adequada para a obtenção de informações acerca do que as
pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem
18

como acerca das suas explicações ou razões a respeito das coisas precedentes (SELLTIZ et
al.1967:273, citado por GIL;2008:106).

Ainda Gil (2008:111), classifica a entrevista da seguinte maneira: informais, focalizadas, por
pautas e formalizadas. Dentre vários tipos de entrevista aqui apresentadas, apenas uma foi
usada para o nosso caso para a colecta dos dados que foi neste caso a entrevista não
estruturada ou completamente abertas que para Oliveira (s/d:12), a entrevista não estruturada
“é um tipo de entrevista que apresenta um número de questões, mas não são específicas nem
fechadas”. Apresenta um guia para que o pesquisador e os entrevistados sigam, podendo
também haver a possibilidade de adição de novas questões para que se possa compreender
melhor determinado tópico. Há a suposição de que os informantes conhecem pouco sobre o
assunto em pauta, cabendo ao investigador o papel de ouvir e entender. No entanto, foram
elaborados dois guiões de questões que constam no final deste trabalho, vinde apêndice.

1.4.2 Observação

A observação foi directa e não participante que também é considerada uma técnica de colecta
de dados para conseguir informações sob determinados aspectos da realidade. Ela ajudou o
pesquisador a “identificar e obter provas a respeito da realidade deste grupo social reclama ou
do que almeja, sobre os quais os indivíduos ou outras entidades não têm conhecimento, mas
que orientam seu comportamento na vida actual.

1.5 Procedimentos técnicos

Para esta pesquisa, o levantamento bibliográfico baseou-se nos artigos publicados sobre a
reintegração social, relatórios das ONGs, sobre a reintegração social dos ex-combatentes,
estatuto dos antigos combatentes e dos desmobilizados de guerra, dissertações e teses de
doutoramento, obras e revistas que abordam o mesmo tema. Já o estudo de campo foi feito
com rigor das partes que foram estudadas acompanhadas com entrevistas nas casas dos ex-
combatentes de modo a apurar real situação socioeconómica destes e do outro lado, do
ministério de assuntos dos combatentes MICO que forneceu outros dados interessantes á
pesquisa.

O processamento das informações não obedeceu o critério rigoroso da entrevista, pelo nível
de escolaridade e idade qua maior parte dos entrevistados tem, a elaboração das questões foi
19

mais vasta, pois elas foram separadas para tornarem simples na compreensão de cada uma
delas evitando desse modo a confusão ao longo da entrevista, enquanto que na redacção final,
elas foram agrupadas mediante os objectivos de cada sessão de perguntas com objectivo a
tornar a interpretação sintética e objectiva.

1.6 População e Amostra

Importa antes de conceituar a amostra, apresentar-se o conceito de população ou universo que


é um conjunto definido de componentes que possuem determinadas características
(CANASTRA et al, 2015:19). Exemplo: todos os Ex-combatentes do distrito de Nicoadala. A
amostra, por seu lado, é o subconjunto do universo do qual se estabelecem ou se estimam as
características desse universo. Ou seja, a “amostra é uma parcela convenientemente
seleccionada do universo (população); é um subconjunto do universo” (LAKATOS e
MARCONI, 1991:106).

Para o presente estudo de campo, considerando-se que maior parte deste se efectuou numa
comunidade que detêm um universo de 232 (duzentos trinta e dois) combatentes, registados
na Direcção distrital da AMODEG de Nicoadala, que estão divididos nas três localidades
(Munhonha, Nhafuba e Namacata) e o posto administrativo de Nicoadala-sede. De referir que
esta divisão compreende não só combatentes governamentais, mas também ex-militares da
RENAMO.

De acordo com universo da população acima apresentada, trabalhou-se com uma Amostra
intencional ou de selecção racional: que constitui um tipo de amostragem não probabilística e
consiste em seleccionar um subgrupo da população que, com base nas informações
disponíveis, possa ser considerado representativo de toda a população, (FREITAS e
PRODANOV, 2013:98-99). Desta feita, a população alvo da pesquisa foram apenas dez (10)
incluído um (1) o representante governamental para assuntos de antigos combatentes, de
ambos os sexos que serão devidamente codificados em C (Combatente). A amostra foi de 10
ex-combatentes, dentre as partes tiveram um alvo especifico que representa os problemas de
cada parte seja da Renamo quanto do Governo, perfazendo (2) representantes e mais oito (8)
ex-combatentes.
20

1.7 Análise e Interpretação de dados

A primeira fase da análise e da interpretação, é a crítica do material bibliográfico, sendo


considerado, um Juízo de valor sobre determinado material científico. Segundo Lakatos e
Marconi (1991:168) a análise e a interpretação se desenvolveram a partir das evidências
observadas no campo e os dados colectados de acordo com a metodologia, com relações feitas
através da revisão bibliográfica e complementadas com o posicionamento do pesquisador.
Análise e interpretação são duas actividades distintas, mas estreitamente relacionadas e, como
processo, envolvem duas operações, que serão vistas a seguir:

Análise (ou explicação) - é a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenómeno


estudado e outros factores. Essas relações podem ser estabelecidas em função de suas
propriedades relacionais de causa - feito, produtor - produto, de correlações, de análise de
conteúdo, etc. (LAKATOS e MARCONI, 1991:168).

Interpretação - o pesquisador procurou dar um significado mais amplo às respostas que os Ex-
combatente deram, sobre o seu processo de reintegração social, vinculando-as a outros
conhecimentos. Em geral, a interpretação significou a exposição do verdadeiro significado do
material apresentado tanto da pesquisa bibliográfica tanto da pesquisa do campo, em relação
aos objectivos propostos e ao tema. Esclareceu não só o significado do material, mas também
fez ligações mais amplas dos dados discutidos. Pois, na interpretação dos dados da pesquisa é
importante que eles sejam colocados de forma sintética e de maneira clara e acessível,
(LAKATOS e MARCONI, 1991:168).

A análise e interpretação de dados recorreu a técnica de texto corrido e com a informação


codificada de modo a manter o sigilo da informação, segundo prescreve a abordagem
qualitativa definida e explicada anteriormente pelos autores. Na nossa opinião, esta forma de
demonstração dos dados, ajudou para uma melhor interpretação dos mesmos, e permitiu
ainda, a melhor compreensão dos mesmos para os leitores que estiverem interessados em ler o
trabalho futuramente. Para lembrar que a análise qualitativa depende de muitos factores, como
a natureza dos dados colectados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os
pressupostos teóricos que nortearão a investigação.
21

CAPITULO II: DEFINIÇÃO DE CONCEITOS E REVISÃO DE LITERATURA


2. 1. Conceitos Básicos
2.1.1 Guerra

A palavra "guerra" tem origem germânica, "Rio", que significa luta, discórdia, tumulto werra.
E o termo refere-se à luta ou armado o conflito entre duas ou mais nações ou os lados de uma
nação, bem como combate, dissidência entre duas ou mais pessoas.

Várias são as definições deste conceito. Entre as mais conhecidas estão as que se inspiram no
direito. Do ponto de vista substancial, Wright define a Guerra, numa primeira análise, como
"um violento contacto de entidades distintas mas semelhantes" (PASQUINO, et al 1998:571).
De outro lado Von Clausewitz, apud Pasquino fixa-se na forma exterior das relações
internacionais, sustentando que a Guerra é a continuação da política por outros meios (1998).

Conceito reforçado por Tilman Bruck de que, Guerra pode ser entendida como desacordos
profundos entre dois ou mais grupos e envolvem uma disputa da autoridade legal sobre um
bem ou um território e vários métodos e instrumentos para comunicar e resolver esta
diferença (BRÜCK 1995:1019).

De acordo com Richard Holmes, a Guerra é uma experiência universal, compartilhada por
todos os países e todas as culturas. De acordo com Sun Tzu, "a guerra é o maior conflito do
Estado, a base da vida e da morte, o Estão da sobrevivência e extinção, "De acordo com Karl
von Clausewitz, a guerra é "a continuação da política por outros meios" (Idem s/p).

Outra definição encontrada no dicionário da política é de Q. Wright concluiu que a Guerra é a


"condição jurídica que permite, igualmente a dois ou mais grupos hostis, conduzir um conflito
com a força armada". Para Bouthoul a Guerra é "Luta armada e cruenta entre grupos
organizados", onde a caracterização jurídica, porém, não aparece em toda a sua evidência.
Parece que não existe uma definição unívoca do conceito de Guerra.

De forma conclusiva Wright parte da análise dos factos históricos concretos, que foram
chamados "Guerras". Como entre outras “a) actividade militar; b) alto grau de tensão na
opinião pública”. Assim, a Guerra se configura, ao mesmo tempo, como uma espécie de
conflito, uma espécie de violência, um fenómeno de psicologia social, uma situação jurídica
excepcional e um processo de coesão interna (PASQUINO, et al 1998:576).
22

2.1.2 Desarmamento Desmobilização e Reintegração social (DDR)

As definições de cada uma das fases do DDR podem ser encontradas no Relatório do
Conselho de Segurança “The Role of United Nations Peacekeepingin Disarmament,
Demobilization and Reintegration”, de 2000 (PORTO, 2013:77). Um olhar sobre estas três
fases em conjunto nos mostra quais são os objectivos e funções das operações de DDR. Antes
de falarmos de desmobilização e reintegração social temos que falar do desarmamento, que
constitui uma das três operações de DDR.

2.1.3 Desarmamento

O desarmamento abrange a colecta de armas pequenas e armamentos leves e pesados dentro


da zona do conflito. Frequentemente, requer o agrupamento e o acantonamento de ex-
combatentes. Também deve incluir o desenvolvimento de programas de gestão de armas,
incluindo seu armazenamento seguro e sua destruição. A retirada de minas também deve ser
parte do processo (UNITED NATIONS SECURITY COUNCIL, 2000:2).

2.1.4 Desmobilização

É o processo pelo qual cada parte do conflito começa a desfazer suas estruturas militares e os
combatentes começam a transformação para a vida civil. Geralmente, abrange o registo de ex-
combatentes; algum tipo de assistência para capacitá-los a suprir suas necessidades básicas;
sua liberação e transporte para suas comunidades de origem. Pode ser seguido do
recrutamento de uma nova e uniformizada força militar (UNITED NATIONS SECURITY
COUNCIL, 2000:2, tradução nossa).

2.1.5 Desmobilizado ou Ex-combatente

Refere-se ao antigo militar que já pertenceu a uma força armada, que já se encontra fora do
serviço militar e pode ser designado por ex-combatente7 que se encontra a gozar vida civil,

7
O termo “ex-combatente” é usado aqui referindo a qualquer pessoa que esteve directamente envolvida ou que
esteve numa formação armada durante a Guerra Civil. Apesar de todos serem ex, tornaria um pouco complicado
não separarmos o antigo combatente de luta de libertação nacional e do ex-combatente, ex-militar desmobilizado
que é da guerra Civil.
23

outros preferem veteranos de guerra. Em Moçambique, segundo NiZA, (2006:10) por


exemplo, faz-se frequentemente a distinção entre antigos combatentes aqueles que lutaram na
guerra de independência e ex-combatentes ou desmobilizado (os que lutaram na guerra entre o
Governo e o Renamo).

2.1.6 Reinserção Social

A palavra reinserção possui prefixo de repetição que pode ser imediata ou posterior da
retirada de parte onde antes esteve. Para Porto (2013: 76) o último componente da fase de
desmobilização é designada de reinserção, definida como “ajuda oferecida aos ex-
combatentes durante a desmobilização mas antes do processo, de longo prazo, de
reintegração”. Também para a ONU, “ a reinserção é uma forma de ajuda transitória para
ajudar a proteger as necessidades básicas dos ex-combatentes e das suas famílias e pode
incluir garantias como subsídios, alimentação, roupa, abrigo, serviços médicos, formação,
emprego e ferramentas.

2.1.7 Reintegração Social

Como explica João Borges Paulo Coelho, a palavra Reintegração é ambígua e, ostenta
prefixo de repetição, esta repetição e significa que será reintegrado quem já foi membro da
sociedade no passado, e actualmente é integrado. Contudo a guerra mudou a sociedade mudou
as pessoas, dai necessita-se de uma fórmula lógica e política para reintegrar o mesmo
individuo que mudou. Assim a UNITED NATIONS SECURITY COUNCIL, (2000: 2), refere
que

A reintegração social dos combatentes - é um processo que permite capacitar os ex-


combatentes e suas famílias a adaptarem-se, socialmente e economicamente, à vida
civil produtiva.

Via de regra, abrange um pacote de compensações financeiras ou em bens e serviços,


treinamento e projectos de geração de emprego e renda. A eficácia dessas medidas
frequentemente depende de outras mais amplas, como assistência para refugiados e pessoas
internamente deslocadas que retornem ao lar, desenvolvimento económico nos níveis
comunitário e nacional, recuperação da infra-estrutura; esforços para a reconciliação e
restabelecimento da confiança e reforma institucional, as quais são cruciais para o sucesso da
reintegração em longo prazo (UNITED NATIONS SECURITY COUNCIL, 2000; 2).
24

Porto (2013), acrescenta que neste processo sequencial acima referido, a reintegração é último
passo do programa de DDR é integrar novamente o antigo combatente na sociedade. O UND
PKO considera a reintegração como “medidas de apoio providenciadas a antigos combatentes
que visam melhorar o potencial, dos próprios e da sua família, de reintegração económica e
social na sociedade civil. [...] podem incluir ajuda monetária ou compensação em bens, bem
como formação profissional e actividades geradoras de rendimento” (1999). Contudo, durante
as experiências iniciais das Nações Unidas em DDR na década de 1990, apesar de haver um
reconhecimento da natureza de longo prazo dos processos de reintegração (incluindo a
necessidade de formação profissional e de proporcionar oportunidades de emprego para ex-
combatentes), mais frequentemente se verificava nesse período que, os programas de
reintegração se focavam no provisionamento de dinheiro e pagamento em géneros com o
objectivo de “estabilizar” o antigo combatente em áreas de reinstalação (PORTO, 2013).

2.2. Desafios da reintegração social

A reintegração permanece a fase mais desafiante do processo de DDR e, na maioria dos casos,
insuficientemente compreendida. Em 1999, (KINGMA apud PORTO, 2013: 77) alertou que,
“ [...] a desmobilização e a reinstalação, podem ser implementadas rapidamente, mas a
reintegração é por natureza um processo social, económico e psicológico lento”.

A reintegração bem-sucedida na vida civil depende em larga medida da iniciativa do ex-


combatente e da sua família, e no apoio que recebem da sua comunidade, governo, ONG ou
da cooperação para o desenvolvimento estrangeira (Idem).

Porto (2013:77) alerta que, no longo prazo a reintegração também depende do processo de
democratização, incluindo a recuperação de um Estado fraco (ou colapsado) e da maturação
de uma sociedade civil independente”.

Contudo, ao considerar a “reintegração de longo prazo em último caso, como o parâmetro de


medição do sucesso do DDR”, Colletta et al referem que “a velocidade de implementação
deve ser um critério importante para qualquer medida de reintegração, uma vez que os ex-
combatentes estão mais vulneráveis nos primeiros dois anos após a desmobilização”
(COLLETTA et al apud PORTO, 2013).

No entanto, se percebermos a reintegração como um “processo pelo qual ex-combatentes


adquirem estatuto civil e obtêm acesso a formas civis de trabalho e de rendimento”, um
25

processo principalmente de natureza social e económica e com um espaço temporal aberto,


levanta-se a dúvida sobre se pode incluir a reintegração como parte do processo de DDR ou
não, sublinhando a longo prazo (Idem, 2013). Nesse sentido, as ONGs deveriam cumprir este
papel, em vez de implementar e em seguida deixar este processo para o governo local.

De facto, um dos objectivos dos programas da DDR não é tão realista, como a Reintegração
socioeconómica porque criam expectativas que o programa pode, na prática, não vai além da
preparação da economia no terreno, para realmente salvaguardar e manter comunidades em
situações pós-conflito em paz, com relativa acalmia.

Ball e Van de Goor referem que os processos de DDR têm a capacidade de influenciar apenas
um conjunto bastante limitado de objectivos políticos e da sociedade (BALL e VAN de
GOOR, 2006 cit. por PORTO, 2013:77). Eles não podem substituir a vontade inadequada das
partes envolvidas no conflito ou as actividades de implementação da paz, nem podem evitar
que a fome ocorra (idem, 77). O DDR, como programa de pois-Acordo de Paz não pode
produzir desenvolvimento, garantir uma reintegração bem-sucedida dos ex-combatentes na
sociedade, ou substituir programas de prazos longos no combate à pobreza.

Compreender as condições existentes nos diferentes tipos de transição da vida militar para a
civil e desenvolvimento socioeconómico (tal como se relacionam perante a existência de
estruturas estatais ou outras e com o fornecimento de serviços básicos para os desmobilizados;
com infra-estruturas; com o capital social ao nível comunitário) pode, em muitos casos,
atenuar o entusiasmo de um rápido regresso à “normalidade e sem manifestações” mas
quando a situação é contrária, também recrudescem velhos problemas - "manifestações" que
podem alterar a situação político-militar do país.

Conforme Porto (2013:77), esta questão está intimamente relacionada com processos de
Reintegração, já que na maioria dos casos onde estes programas são implementados, apenas
restam estruturas políticas, sociais e económicas devastadas. De facto, em muitos países como
Moçambique, que passou por conflitos armados prolongados, a pobreza e
subdesenvolvimento, instituições políticas discriminatórias e uma falta generalizada de
oportunidades de emprego podem estar na raiz da violência. Nestes contextos, os desafios da
reintegração vão muito para além daqueles relacionados com os ex-militares, aqui também
esta ideia de reparo a sociedade é reforçada por Porto (2013:77), ao referir que os desafios de
reintegração incluem um grupo muito maior composto por deslocados internos, retornados,
26

refugiados, mutilados, traumatizados entre outros afectados pelo conflito. Estas condições
estruturais vão ter uma influência importante nas expectativas dos ex-combatentes já que,
geralmente, este tem a expectativa de que o programa de reintegração lhe irá providenciar
educação e formação, acesso a emprego e garantir um meio de subsistência sustentável.

2.3 Plano de desmobilização em Moçambique e sua execução

Na sequência de assinatura de acordos gerais de paz, seguiu-se a fase seguinte a de criação de


Organização de Manutenção da Paz (OMP), que uni o pacote de desmobilização e
reintegração social dos ex-militares.

Segundo Honwana, (1996:39-41) Convidado a assumir papel principal da implementação de


Acordos de Paz, o Conselho da Segurança das Nações Unidas estabeleceu, pela resolução
797, de 16 de Dezembro de 1992 uma missão para supervisionar o processo de Missão da
Paz, a ONUMOZ. As Nações Unidas montaram em Moçambique a ONUMOZ, que vigorou
entre Outubro de 1992 a Novembro de 1995. Essa desmobilização incluía um PDR para os
91,881 combatentes oficialmente reconhecidos como fazendo parte dos dois exércitos
beligerantes (COELHO, 2003:147).

A desmobilização em Moçambique teve várias interrupções devido das condições logísticas


do mesmo no que diz respeito ao atraso da chegada das forças de manutenção da Nações
Unidas e acantonamento dos guerrilheiros da Renamo que receavam da decepção por parte do
governo em acolher (idem, 2003:148).

A desmobilização durou até os finais de Novembro de 1995, Numero total dos soldados do
governo 57.540 e Da RENAMO cerca de 20.538 soldados. Formando um total de 79.078
soldados. Numero dos desmobilizados de guerra reconhecidos pela ONUMOZ (PARDOEL
1996 Citado por COELHO 2003:147).

2.4. Reintegração Socioeconómica dos ex-militares em Moçambique

Em Moçambique os programas de reintegração começaram junto com o processo de


desmobilização nos acantonamentos de ambas forças armadas. (COELHO, 2003:152). A
definição da estratégia de reintegração dos soldados desmobilizados provocou serias fricções
entre Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação da assistência Humanitária
27

(UNOHAC), que chefiou a CORE (a Comissão tripartida para a Reintegração) em nome das
Nações Unidas e a "comunidade doadora", a primeira encarando uma reintegração inscrita
numa estratégia de longo-prazo, contínua e ligada ao desenvolvimento, e a segunda visando
apenas uma acção de curto e talvez médio prazo e destinada unicamente a assegurar a
continuidade da paz (CLARK, 1996:18-10 citado por COELHO 2003:152).

Como afirma Richard Synge, apud GUJAMO (2016:199), o director da Organização das
Nações Unidas para a Coordenação da Assistência Humanitária (UNOHAC), Bernt
Bernander, tendo trabalhado com a CORE desenvolveu uma proposta de esquema de
reintegração cuja duração seria de 3 anos, incluindo o treinamento vocacional, o fundo de
criação de emprego, a distribuição de kits e um esquema de crédito.

A proposta de Bernander atribuía um papel importante ao Estado moçambicano no processo


de reintegração social dos desmobilizados através da criação do emprego. Entretanto, grande
parte dos doadores ocidentais manifestou a sua oposição ao plano do director da UNOHAC.
Segundo Timothy Born, entrevistado por Gujamo em 2014, chefe do Programa de
Desmobilização e Desminagem da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento
Internacional (USAID) e responsável pelas relações entre esta instituição e a UNOHOC entre
1992 e 1994: "Os doadores recusaram-se porque o que Bernander queria fazer não ia
funcionar. Ele dava um demasiado papel técnico e económico ao Estado. Entretanto, nós
achamos que o Estado não era capaz na altura. Mas também havia, talvez, razões políticas."
Explicou Bernander.

Pode se concluir que nessa discussão o papel do governo moçambicano era técnico devido da
sua fragilidade financeira em relação a implementação do processo da reintegração social do
desmobilizado. Para tal, os doadores insistiam na menor intervenção do estado na economia,
por outro lado, a questão da política reconciliatória era pertinente dai que houve maior
engajamento no desenvolvimento de planos de curta duração, com vista a assegurar a paz até
o período das eleições. Outro factor de oposição norte americana e parceiros segundo
GUJAMO, (2016), é risco do dinheiro servir de meios para obter vantagens nas eleições e
também a corrupção em torno da gestão. No contexto deste programa de curto prazo o papel
central seria desempenhado pelas organizações multilaterais e pelas organizações não-
governamentais (ONG) (BAMES, 1998: 26. op. Citado por GUJAMO, 2016:200).

A discussão sobre o modelo de reintegração social e económica dos desmobilizados estendeu-


28

se até ao início do acantonamento. Assim, perante a falta de entendimento sobre o modelo de


reintegração, em Novembro de 1993, os doadores chegaram a um acordo sobre o
estabelecimento do Esquema de Apoio à Reintegração (EAR) proposto pela Noruega e
Holanda. O EAR consistia no pagamento de um subsídio aos desmobilizados durante 24
meses dos quais 18 financiados pelos doadores e 6 financiados pelo governo moçambicano.

Conforme Coelho (2003:154), com um ano de atraso, a estratégia de reintegração foi posta em
Prática, ela era formada por alguns programas centrais nomeadamente: i) Um Serviço de
Informação e Referência (SRI), financiado primeiramente pela USAID, e implementado pela
OIM e pela Creative Associates International Inc., com finalidade entre outras, de abrir
centros de informação e apoio aos soldados Desmobilizados nos pequenos problemas do dia-
a-dia, na solução das questões burocráticas, informação sobre oportunidades de emprego e
formação, etc., b) Um Programa de Formação e de Kits (PFK) para fornecer conhecimentos
técnicos e de Negócios, sob responsabilidade de PNUD; e c) Um Fundo Provincial Para
disponibilizar fundos destinados a financiar pequenos projectos da iniciativa dos ex-
combatentes. Além de Esquema de Apoio à Reintegração (EAR) administrado pelo PNUD e
implementado pelo BPD, um Banco de desenvolvimento local.

Para Vines (2013:380), os soldados Desmobilizado foram dados um curso introdutório sobre
os seus direitos e deveres como um civil e oferecidos formação profissional. Eles também
tiveram que escolher o lugar que eles poderiam ir e receber voluntariamente, um pacote de
roupas civis e transporte para o seu destino escolhido.

O Fundo provincial, que começou a ser implementado em Novembro de 1994, numa altura
em que a ONUMOZ se preparava para deixar o País, foi concebido para ser desenvolvido de
duas maneiras, de acordo com Coelho: A OIM, financiada por vários países ocidentais,
implementou-o nas regiões setentrionais e meridional do País, em ligação com o programa
SIR. Em paralelo, o GTZ implementou o fundo aberto à Reintegração na região central, com
financiamento alemão (COELHO, 153).

O pagamento de todos os soldados desmobilizados foi orçado em 30 milhões de dólares na


doação estrangeira (VINES, 2013:280). O subsídio variava entre 15$ para os combatentes dos
escalões mais baixos e 130$ para os escalões mais altos, sendo pagos através das filiais do
Banco Popular de Desenvolvimento (BPD) espalhadas pelo país. Ainda de acordo com o
autor este subsídio era apenas para as FAM, enquanto para militares da RENAMO a soma
29

mensal foi relacionada ao seu último salário e paga em um banco local, embora isso fosse
difícil para RENAMO.

Até 1996, 87 % dos soldados desmobilizados haviam sido integrados na sociedade a maioria
deles tinha garantido um suprimento de alimentos ou uma pequena renda garantida
(BARNES, 1997 citado por COELHO 2003, VINES 2013, GUJAMO 2016). Em geral ex-
soldados foram reintegrando rapidamente. Muitos se casaram, e dependiam da renda de suas
esposas. Isso sugeriu que a abordagem Reintegração Social funcionou bem embora houvesse
alguns problemas com a implementação, especialmente atrasos na distribuição e confusão
sobre o procedimento8.

2.5 Problemas de reintegração Social

Os combatentes do RENAMO continuaram a reclamar no momento da exclusão da


reintegração plena dos benefícios, porque não eram elegíveis para pensões como eles não
tinham subsídios de pensão deduzidos de seus salários como as tropas governamentais. A
Associação Moçambicana dos Desmobilizados da Guerra, AMODEG tentou ajudar, mas sua
dependência em particular o financiamento estatal tornou menos favorável de ex-combatentes
da RENAMO em seus esforços para reintegrar (VINES, 2013:381).

Os cursos de formação foram menos bem-sucedidos, e, em alguns casos, levantou


expectativas desnecessárias de emprego perspectivas, foi alocado para apoiar dois anos de
dinheiro para os ex-combatentes registados dos quais US $33,7 milhões foram directamente
para os soldados desmobilizados (Idem, 381). De acordo com uma avaliação para o PNUD a
sobrecarga foi baixa (2,5 %) e concluiu que dinheiro e benefícios materiais para todos os
soldados desmobilizados deveriam ser a base de todos os programas de reintegração. No final,
cerca de 92.000 soldados beneficiaram-se do programa, dos quais 71.000 das forças
governamentais e 21.000 da RENAMO (VINES, 2013:381). Reintegração de ex-combatentes
ao contrário da desmobilização, que terminou no final de Agosto de 1994, reintegração social
e económica dos combatentes desmobilizados parece ser um processo aberto que cada.

8
. Sam Barnes, 1997 apud VINES, 2014:381)
30

CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Antes do desenvolvimento do assunto principal do nosso capitulo, importa referir que por
razões técnicas optamos em abrir subsessão nesse capitulo para incluir informações
geográficas do local de estudo em vez de um capitulo de poucas páginas. Portanto, cabe
ressaltar a breve descrição do local de estudo com intuito de conhecer as oportunidades que
podem ser exploradas.

3.1 Breve localização e discrição do Distrito de Nicoadala

3.1.1 Situação geográfica do Distrito de Nicoadala


O distrito de Nicoadala segundo INE, (2017), Nicoadala localiza-se na Província da Zambézia
e faz limites a:

 Norte- Distritos de Mocuba e Namacurra;


 Sul- Cidade de Quelimane;
 Este- Distrito de Quelimane;
 Oeste - Distritos de Derre e Mopeia.

De salientar que ainda não há dados recentes oficiais e do domínio público sobre as divisões
administrativas. As áreas que faziam limite com o oceano indico passaram a pertencer o novo
distrito de Quelimane, e para o Distrito de Morrumbala passaram a pertencer o recém-criado
distrito do Derre. Embora que o Censo Geral da População e Habitação mostre o mapeamento
das zonas administrativas ainda não há informação disponível escrita no MAE, sobre as novas
divisões administrativas.

3.1.2 População
Com uma superfície de 236 km km2 e uma população que até a data de 2017 era de 180.686
habitantes. A sua população é maioritariamente jovem (46%, abaixo de 15 anos de idade) e
maior parte da população local é constituída por pessoas do sexo feminino, 92 289
(INE;2018:20 - Distrito de Nicoadala).
31

3.1.3 Economia

A agricultura é a actividade dominante e envolve quase todos os agregados familiares. De um


modo geral, a agricultura é praticada manualmente em pequenas explorações familiares em
regime de consociarão de culturas com base em variedades locais (MAE;20014:4).

Ainda de acordo com MAE, produção agrícola é feita predominantemente em condições de


sequeiro, nem sempre bem sucedida, uma vez que o risco de perda das colheitas é alto, dada a
baixa capacidade de armazenamento de humidade no solo durante o período de crescimento
das culturas. E por vezes com a cheias dada a sua localização geográfica que lhe torna
propensa a inundações em muitas zonas da produção de arroz.
O sistema de produção predominante nos solos de textura pesada e mal drenados é a
monocultura de arroz pluvial (na época chuvosa) seguida por batata-doce em regime de
camalhões ou matutos (época fresca), enquanto nos solos moderadamente bem drenados
predominam as consociações de milho, mapira, mexoeira, mandioca e feijões nhemba e boere.
Este sistema de produção é ainda complementado por criações de espécies como gado bovino,
caprino, e aves locais (MAE, 20014:4). De lembrar que este distrito é potencialmente produtor
de ananás a nível da Província da Zambézia

3.2 Apresentação, análise e interpretação dos dados

Os dados que se seguem são resultados da pesquisa de campo realizada no Distrito de


Nicoadala. Após a realização da recolha de dados é momento de apresentar e analisar e
posteriormente fazer a interpretação dos mesmos. Esta acção foi apoiada pela leitura de certas
obras literárias, artigos, a partir dos resultados obtidos com a aplicação dos instrumentos de
colecta de dados - questionário, entrevista e observação directa não participante, actividade
desenvolvida com vista a tornar as nossas posições seguras e consistentes.

A pesquisa envolveu cerca de dez (10) pessoas, número constituído por oito (8) ex-combatentes e
dois (2) representantes de cada parte dos Combatentes de acordo com o tipo de amostra
definida. Sublinha-se que o representante dos desmobilizados do Governo representa também
as funções do secretário distrital do Ministério dos Combatentes (MICO) e Associação
moçambicana dos desmobilizados de Guerra (AMODEG).
32

3.2.1 Dados gerais dos combatentes

Os dados quantitativos dos desmobilizados de guerra são restritos, limitando-se nos dados
disponíveis na direcção distrital de Ministério dos Combatentes que também funciona como
Associação Moçambicana dos Desmobilizados de Guerra. São restrito porque segundo o
representante da direcção disse que o número dos desmobilizados residente no distrito de
Nicoadala aumenta de um período ao outro, como os desmobilizados da Renamo são poucos
que se fazem as nossas instalações e também tem desmobilizados que não tem cartões e não
estão registados no distrito, que nisso, cabe ao próprio ex-militar organizar-se e dirigir-se a
direcção provincial verificar no caderno de registo da ONUMOZ, ou do governo. Entretanto a
sua posterior tramitação deve ser conduzida a partir daqui.

O número total dos ex-combatentes perfazem 232, deste número, 173 reside no Posto-sede do
distrito. E a localidade de Namacata são um total de 11, destes podem não corresponder ao
número exacto, pós os dados são referentes aos desmobilizados que possuem cartão. Assim
como o que acontece na localidade de Munhonha, o número dos desmobilizados
correspondem ao 28 destes 11 recebem pensão, o resto não recebe. de acordo com o anexo.
Localidades de Nhafuba- são 20 ex-combatentes, total dos ex-combatentes.

Combatentes que submeteram projectos são 31 9 , que parece cada desmobilizado tenha
submetido seu projecto de forma singular. Todos estes dados foram retirados nos anexos.

3.2.2 Reintegração Social dos Ex-combatentes no Distrito de Nicoadala


Através da pesquisa qualitativa apoiada pela entrevista em apêndice que consta no final deste
trabalho, no qual na primeira questão o autor procurou perceber as explicações do grupo alvo
da pesquisa com intuito de perceber onde foi recrutado e qual era a sua actividade. Através
das seguintes questões: O que fazia antes de ser recrutado? Os nossos entrevistados revelaram
que foram recrutados em locais diferente do seu nascimento ou às vezes no mesmo local, mas
o seu recrutamento foi quase de característica comum: recrutamento obrigatório sobretudo nas
escolas como a firma C1:

Eu nasci em Maquival. Entrei no Exercito em 83, fui recrutado na actual Escola


Secundaria Geral 25 de Setembro, éramos muitos alunos, não dependia da Classe
nem sexo, importava ter altura e idade para pegar numa arma, mas todos na época
ninguém tinha 17 anos, éramos de 19 a 25 anos, (sic.) (C1, 2019, cp).

9
De acordo com os dados disponíveis nos anexos.
33

Outro depoimento foi dado pelo C 4, apesar do seu recrutamento ter sido feito de forma
antecipada este explica que

Nasci em Nhanzaza- Derre, fui recrutado na cidade de Quelimane, nessa altura


estava a estudar 6ª Classe, ingressei-me na tropa em 1988, fomos tirados por nomes
na escola. C4, 2019, cp).

Do outro lado também vem outro combatente que mobilizou-se voluntariamente para
exército, para uns poderiam ver o ingresso ao exército com uma forma de se ocupar, uma vez
que nas outras zonas onde não houvesse oportunidade de emprego este também era visto uma
tarefa de ocupação de rendimento. o exemplos claro vem de C3

Nasci em Namarroi, fui recrutado também em Namarroi, a 19 de Abril de 1983, foi


recrutado voluntariamente para o governo, depois de ter feito a 6ª classe do antigo
sistema fiquei desempregado e não tinha ocupação a não seja ir a machamba (C3
2019, Cp).

Já que houve duas forças antagónicas, C2 diz que “sou de Manharo mas fui raptado na Escola
Macuse Distrito de Namacurra, quando fomos numa noite fomos atacados pelo exército da
RENAMO, onde depois fiz parte com meus colegas da Escola, depois de executar um dos
nossos colegas que tentou resistir seguir a marcha” (C3, 2019, cp).

Mas nem todos membros da guerrilha da Renamo foram coagidos, como revelou o único
desmobilizado da Renamo que falou sem condição de anonimato de que

Nasci aqui [Nicoadala], na altura eu era jovem vivia na Maganja da costa, quando
ouvi a existência de uma base militar em Murotone eu junto meus amigos seguimos
para entrar porque um senhor do bairro avisou em segredo para iremos treinar.
(Joaquim Amaral 2019, desmobilizado de Guerra da Renamo).

De acordo com as literaturas consultadas, a desintegração social dos cidadãos foi feita de
maneiras diferente, para integrarem um novo grupo, - "militar", como referimos ao longo do
trabalho (Vinde problematização), mas o local de reintegração foi escolhido pelo próprio ex-
militar.

Em seguida para auferir se há uma experiencia trazida da vida militar para social, que possa
ser útil no seu quotidiano, foi colocada a seguinte questão, Qual foi a sua grande experiência
na vida militar? A interacção revelou que não houve grandes experiências na vida militar para
transmitir à sociedade, para uns, constituem um conjunto traços traumas e violências que são
praticados na guerra, salvo em pequenas dimensões como o trabalho em equipa, mas vai de
acordo com a as áreas onde o desmobilizado serviu como o nosso entrevistado comenta
34

Quando treinamos em Maputo, eu fiquei como radialista e depois passei para


socorrista, depois fui na para o segundo sargento, por ter experiência na
comunicação agora formação sou activista na saúde comunitária […] Treinei cá
(Moçambique) em Maputo – Manhiça Munguine depois fiquei no comando militar
com a banda, trabalhava com canhão, a receber a chegada de novos presidentes e
dirigentes (C4, 2019, cp).

Por sua vez outros desmobilizados não revelaram experiências que actualmente aplicam no
dia-a-dia, segundo estes preferem esquecer-se daquele momento.

3.2.3 Programas de Desmobilização e Reintegração Social dos Ex- combatentes;

Em Moçambique os programas de reintegração começaram junto com o processo de


desmobilização nos acantonamentos de ambas forças armadas. (COELHO, 2003:152). No
distrito de Nicoadala, alguns desmobilizados, talvez pelo tempo que passou, se esqueceram ou
desconhecem estes programas ou talvez não compreenderam devidamente quais eram estes
programas, mas do outro lado houve colaboração em dizer que sim. Segundo a pergunta: O
que ex-combatente achou dos programas de reintegração Social?

De acordo com os nossos entrevistados, afirmam que houve programas de reintegração


social, como afirma o C 5:

Deram-nos cheque para recebermos mensalmente para um período curto, eu


recebia em Morrumbala, no momento de saída e depois de acantonamento
recebemos kits de roupa, comida, pagavam-nos em dinheiro até 96 parece que
deixaram de nos dar (C5 2019, cp).

Mas do outro lado há combatentes que desvalorizam estes programas porque trouxe tantas
promessas mas na prática foi desilusão, em sua abordagem disse que

Ali não houve reintegração apenas foi aquartelamento acantoamento e cheios de


promessas que não se materializaram, depois cada um procurou sua vida sozinho,
só a partir de 2005 que começaram a olhar os desmobilizados, mas nem todos
porque nem eu que tenho cartão de desmobilizado não recebo de acordo com a
pensão que deveria, existe pessoas que não lutaram mas recebem outros ainda bem
pago do que nós que lutamos (C7, 2019, cp).

Analisando estas posições, foi validado a primeira opinião dos nossos entrevistados, pois, a
desmobilização dos militares se verificava nesse período que, os programas de reintegração se
focavam no provisionamento de dinheiro e pagamento em géneros com o objectivo de
“estabilizar” o antigo combatente em áreas de reinstalação embora a curto prazo (PORTO,
2013).
35

Quanto a educação financeira ou ensino técnico profissional, ninguém arriscou-se a afirmar


desta componente do programa de reintegração social, que porque uma parte abrangia o
desenvolvimento humano para a reintegração social e económica. Ou seja, não houve nenhum
programa de educação financeira nem ensino técnico para poder inserir o ex-combatente no
mercado de emprego ou auto emprego.

Fazendo uma ligação com as literaturas a nossa disposição esta reintegração deu passos mas
ainda com muitas dificuldades, visto que Segundo UND PKO, considera a reintegração como
processo que permite capacitar os ex-combatentes e suas famílias a se adaptarem, socialmente
e economicamente, à vida civil produtiva. Via de regra, abrange um pacote de compensações
financeiras ou em bens e serviços, treinamento e projectos de geração de emprego e renda. A
eficácia dessas medidas frequentemente depende de outras mais amplas, cruciais para o
sucesso da reintegração em longo prazo (UNITED NATIONS SECURITY COUNCIL, 2000).

No caso de Moçambique no geral Vines, (2013:381), revela que os cursos de formação foram
menos bem-sucedidos, e, em alguns casos, levantou expectativas desnecessárias de emprego
perspectivas, foi alocado para apoiar dois anos de dinheiro para os ex-combatentes registados
dos quais US $33,7 milhões foram directamente para os soldados desmobilizados (Idem,
381). De acordo com uma avaliação para o PNUD a sobrecarga foi baixa (2,5 %) e concluiu
que dinheiro e benefícios materiais para todos os soldados desmobilizados deveriam ser a
base de todos os programas de reintegração.

3.2.4 Reintegração Socioeconómica dos Ex-combatentes no Distrito de Nicoadala


Ainda no mesmo capítulo sobre a apresentação, análise e interpretação dos dados, propôs-se a
separação da segunda etapa de reintegração social que compreende o período do inicio de
2001, com aprovação da política sobre Assuntos de Antigos Combatentes e estratégias da sua
implementação pela Resolução 37/ 2001. Conscientemente a partir desse ano registou-se
várias pressões deste grupo social ao governo sobre os seus direitos que se assume como
reivindicações por incumprimento de várias expectativas incutidas aos desmobilizados.

No âmbito da legislação que suporta capitulo I, sobre objectivos da política de reintegração


social no seu número 2.2 que defende “a promoção de acções de formação e capacitação de
forma a garantir a participação activa do combatente da Luta de Libertação Nacional da
defesa da soberania e de integridade territorial nas tarefas do desenvolvimento
socioeconómico, na consolidação da Paz e no aprofundamento da democracia; 2.4 Assegurar
36

do combatente da luta de libertação Nacional e de defesa de soberania e integridade


Territorial, Particularmente os que se encontram em situações vulneráveis, nos programas de
redução de pobreza absoluta e de desenvolvimento rural. Reforçado no capítulo II no número
4 sobre as prioridades e política sobre os assuntos dos antigos combatentes, no âmbito de
inserção social e no âmbito de segurança social, defende a implementação de vários
programas de redução da pobreza absoluta e de desenvolvimento rural e na areia de emprego
e de auto-emprego, garantia maior rapidez e eficácia na atribuição de pensões aos
combatentes da luta de libertação nacional e da Defesa da soberania (BOLETIM DA
REPÚBLICA, 2001).

Como forma de constatar a economia desse grupo social, com base na divulgação oficial de
apoio ao Combatente, foi colocado primeiramente a seguinte questão: Como o desmobilizado
encara a sua reintegração social?

São unânimes em dizer que "se reintegraram" bem, mas ainda não foram reintegrados pelo
governo, porque há problemas por parte deste em melhorar certas coisas que foram
prometidos. De acordo com os depoimentos destes, apenas houve reinserção, entretanto,
levantam muitos problemas concernentes a sua reintegração social e económica. Como
lamentou o representante da AMODEG, a nível distrital assim como secretário distrital dos
assuntos dos desmobilizados de guerra e deficientes da guerra da Renamo e outros
desmobilizados.

"Reintegração social para nós é ser recebido com as duas mãos e ter porta de
entrada ser, recebido pela comunidade e o governo. Para a comunidade nunca há
problemas, problemas da nossa reintegração está com o governo que nos trata de
forma diferente comparando com os da ACLLIN, que lutaram mesmo período como
nós até mesmo inferior mas tem bom reconhecimento pelo governo. Talvez uma das
coisas que tivemos é a Democracia anos atrás era discriminatório havia só
desmobilizado do governo mas agora tem da ONUMOZ que todos sentem mesmos
problemas" (Armando Diogo Costa Presidente da, AMODEG, no
Distrito de Nicoadala 18 de Março de 2019).

Ao longo das abordagens auscultadas pelos diferentes intervenientes, no âmbito da


reintegração social e económica. Pode-se logo em muitos casos constatar as diferenças de
ponto de vista, no entanto a reintegração socioeconómica no distrito de Nicoadala ainda est á
longe de se realizar como (Kingma cit. por Porto, 2013: 77), alertou que, [...] a
desmobilização e a reinserção, podem ser implementadas rapidamente, mas a reintegração é
por natureza um processo social, económico e psicológico lento.

A Reintegração nesse ponto da Província foi instantânea, e que não reúne condições
37

suficientes para albergar economicamente os desmobilizados. O governo de do presidente


Guebuza estava empenhado na reintegração dos ex-combatentes embora com pressão de
assumir os desmobilizados da Renamo, que só foi possível devido da pressão militar e
violenta.

Associando ao objectivo integração económica, para chegar a avaliação do processo de


integração económica, colocou-se a seguinte questão: Quais os principais problemas que os
desmobilizados se queixam? Para enriquecer, este ponto de vista dos autores assim como os
ex-combatentes, constatou-se que dentro da Reintegração social, os problemas que
frequentemente os desmobilizados de guerra queixam-se é relativo à demora no pagamento de
pensão; e também o dinheiro segundo estes é muito pouco10.

Talvez por receio de represálias, que por um lado primeiramente os nossos entrevistados
apresentavam, nos levaram a não registar os nomes de modo que falassem de forma aberta.
Alguns combatentes retiravam esta responsabilidade ao governo dizendo que

A reintegração depende de mim próprio, porque não posso cobiçar aquilo que não
tenho, devo ser justo como as coisas funcionam, no bairro cada um é respeitado
conforme seu comportamento (C2, 2019, cp).

Mas ainda lamentou a empregabilidade do desmobilizado de guerra, uma vez que eles foram
retirados da escola « […] não deu para voltar a Escola porque a cabeça estava quente e
destruída, estava com cabeça muito quente e não deu para continuar com estudos mas eu me
sinto arrependido, arrependido porque agora não há emprego, se eu pensasse bem ficava no
novo exercito ou ia na polícia, emprego de hoje está difícil, como eu disse filho, agora não há
emprego para nós a pensão que nos dão é pouca (idem)».

Pode se perceber que o desmobilizado não esta basicamente preocupado com a sociedade
onde ele está inserido mas sim, a sua reintegração económica.

Para entrar na balança entre as reclamações do ex-combatente e as políticas do governo, visto


que foram criados mecanismos de redução da pobreza e desemprego aos desmobilizados,
destacando do programa de reintegração socioeconómica, colocou-se a seguinte questão Tem
acesso ao Fundo de Promoção da Paz e Reconciliação Nacional? Os entrevistados afirmaram
que têm informação da existência de fundo de promoção da Paz e Reconciliação Nacional,

10
De acordo com a informação disponibilizada pelo presidente da associação, revela que um desmobilizado
recebe mensalmente 600, 00mt contra uma vida tão cara, mas do outro lado os Combatentes de luta de libertação
nacional /veteranos de guerra recebem 6000. 00 Meticais.
38

mas uns nunca entraram em contacto com a direcção para ter mais informação, enquanto para
outros ex-combatentes dizem que precisa de muitos documentos, olhando para o dinheiro que
recebe não chega para tratar esses documentos.

E outro grupo de desmobilizados junto a direcção explicam que já submeteram os projectos


mas nenhum foi aprovado até então, ou seja, ainda não há resultado.

De outra forma, para interagir-se da realidade entre o prescrito nos objectivos da criação deste
fundo e o vivido pelo ex-militar, no âmbito da capacitação e orientação para o mercado de
emprego, indagamos com seguinte a questão: tem havido capacitação ou educação que oriente
ex-combatente ao mercado de emprego? A resposta foi totalmente desmentida pelo
representante do Ministério a nível daquele ponto da Província da Zambézia, dizendo que

"Aqui no Distrito nunca houve, nem ouvi dizer da capacitação nem formação dos
ex- combatentes nem do antigo Combatente, nem para carpintaria, mecânica,
pedreiro ou motorista não sei se ACLLIN escondeu isso para nós, como vão
capacitar se nunca recebeu-se algum fundo nem um projecto foi aprovado? Nunca
tivemos esses programas desde nossa desmobilização, quero te informar camarada-
chefe da Universidade Pedagógica, depois da desmobilização recebíamos também
essas propostas mas nenhum projecto que eu fiz parte saiu, conversei com os
amigos disseram que também nunca mais foram solicitados. Eu não sei se o
dinheiro dos projectos pára na Província ou estão a nos enganar e dão uns para
escrever nos relatórios […] não há capacitação, formação nem fundo que pelo
menos eu como representante tenha visto. Único programa de criação do emprego
para o combatente é dos caminhos de Ferro de Moçambique que até agora só
estamos a receber documentos e a entregar documento a direcção provincial, este
projecto até agora é único que se tudo der certo vai criar emprego a curto prazo".

Parece que a única esperança dos ex-combatentes quanto a reintegração económica ou ao


mercado de emprego é o projecto da construção da Via-férrea Moatize - Macuse. Conforme C
4 aliando ao presidente da AMODEG,

[...]Mas agora estou nesse projecto da CFM, meti os documentos agora estamos a
espera da convocação no final das candidaturas, (C4, 2019, cp).

Portanto também este projecto não demonstrou abertamente se vai garantir efectivamente
emprego aos ex-militares ou seus dependentes, olhando no princípio de concurso público, que
só será contratado quem reunir competências exigidas, estamos a falar de habilitação técnica
que o desmobilizado não teve oportunidade da sua formação, oque de uma forma se houvesse
a capacitação prescrita no documento oficial, daria mais chance a integração profissional aos
Combatentes.

Para sustentar o conhecimento do estado da reintegração económica recorreu-se à ocupação


actual do ex-combatente no distrito de Nicoadala, tendo sido questionado da seguinte
39

maneira: Qual é a sua ocupação actualmente (Profissão)? Nenhum dos entrevistados


respondeu que tem um emprego formal ou de auto-emprego, revelaram que são camponeses.
A maioria destes, particularmente da Renamo, talvez por necessidade de granjear a simpatia
do pesquisador revelou que não recebem pensão por falta de dinheiro para tratar os
documentos. Desmobilizados da Renamo referiram que não tem condições emprego, não tem
dinheiro e são camponeses por isso querem ajuda, ou o tratamento destes documentos devia
ser grátis (Representante dos desmobilizados de guerra da RENAMO no Distrito de
Nicoadala, cp).

Quanto a habitação, os nossos entrevistados referiram que as casas eram próprias, embora de
construção precária, as casas de construção convencional não eram fruto do governo mas sim
de esforço próprio, segundo o entrevistado “Esta casa é minha, esta casa consegui por causa
de machambas pouco-pouco fui guardando dinheiro para cimente chapa e queimei blocos
sozinhos” (C 3, 2019, cp).

Para terminar a última questão que esteve basicamente relacionada a sua valorização pelo
governo, perguntou-se sobre como são tratados pelo governo perante as suas solicitações e
cumprimento dos seus direitos, como de pagamento de pensão, vossa formação ou dos seus
filhos e acesso ao emprego como tem sido?

As respostas foram contraditórias, mas os representantes das ambas partes descreveram o


processo de acesso a pensão como longo e cansativo, em segundo lugar, o processo de
inserção do filho de ex-militar à formação tem tramito que são menos esperançosos. Deu-se
exemplo a concessão de bolsas de estudo. Os combatentes dizem que “às vezes somos
excluídos, nossos filhos maioritariamente são reprovados, ou porque as bolsas vem poucas”
C 3, 2019 cp), avançou um desmobilizado que também desempenha as funções de chefe dos
Serviços Socais na Direcção Distrital em estudo. Entretanto, o presidente da AMODEG
posicionou-se de forma diferente ao dizer que

"Há concessão de bolsas de estudo ou mesmo o ingresso de local de formação, mas


o que acontece, é que a maioria dos filhos dos combatentes que ingressam nos
locais de formação, pensam que só vão entrar como filho de combatente sem fazer
exames, o que acontece lá é que cada instituição tem seu regulamento, onde há
concurso público não pode se entrar sem alcançar os requisitos que a instituição
precisa, nós não podemos estar em cima daquela instituição se é para fazer exame
deve fazer exame, todos eles, no caso de não conseguir entrar a responsabilidade
não é nossa, nós nos responsabilizamos na isenção das taxas que o combatente não
tem condições de pagar mas Infelizmente, os filhos dizem que não são dados as
oportunidades querem ter acesso directo ao emprego ou à formação" (Armando
40

Diogo Costa Presidente da AMODEG, no Distrito de Nicoadala 18 de


Março de 2019 cp).

Tornando mais específico, os problemas de Reintegração Social ainda estão longe de


satisfazer o ex-combatente, principalmente nos aspectos sociais e económicos. Os
desmobilizados de guerra também queixaram-se de espaço próprio:

não temos espaço próprio com edifício próprio, espaços para termos casas próprias
do antigo combatente como a ACLLIN, uma vez já temos núcleo mas não temos
espaço, por isso a reinserção é ter essas condições (Armando Diogo Costa
Presidente da AMODEG, 2019).

Eu como representante nunca deixaria de chorar porque cada parte tem pressão, os colegas
desmobilizados vem com suas reclamações e governo também me exige, quando demora na
resolução dos problemas do nosso grupo eu fico sem saída, enquanto o desmobilizado quer
melhoria das suas condições o governo torna impossível este processo.

Numa tentativa de insistência e reclamação para que seja ouvido pelas autoridades máximas,
o presidente da AMODEG, queixou que nem todas vezes há boa comunicação com a
secretaria distrital. Estes às vezes não conhecem os seus direitos e ficam desinformados sobre
certos benefícios que eles podem gozar.

Segundo rege o estatuto do combatente temos direito de ingresso nos viários


sectores do trabalho em viários ministérios, Mas quero te explicar camarada-chefe:
só tivemos estes documentos com ajuda de um colega que conseguiu aonde eu não
sei, tirou cópia e nos deu, por exemplo: ano passado saiu essa oportunidade para a
PRM, mas não tivemos essa informação. Antes conhecíamos da Saúde, IFP, agora
temos essa informação da Policia, só que não há boa coordenação com a
administração que recebe os documentos a partir do Governo provincial por vezes
não nos fazem chegar (Armando Diogo Costa Presidente da AMODEG, no Distrito
de Nicoadala 18 de Março de 2019, cp).

3.2.5 Avaliação da reintegração social no Distrito de Nicoadala

Não se pretende ser contundente com as autoridades governamentais face a situação do


desmobilizado em Moçambique no geral, mas particularmente no distrito de Nicoadala. Esta
apreciação tem mais enfoque para a vulnerabilidade económica deste grupo social.

Ao longo da trajectória percebeu-se que de igual forma que a reinserção social foi bem
sucedida, mas o processo da reintegração social ainda enfrenta problemas na materialização
dos seus programas que mesmo desde o período pós-guerra que muitos soldados esperavam
com tanta expectativa a reintegração económica. Olhando a situação económica do país estes
problemas serão de difícil resolução, mesmo com os combatentes do Renamo continuam a
41

reclamar no momento, não porque não são elegíveis para pensões como eles não tinham
subsídios de pensão deduzidos de seus salários como as tropas governamentais. Mas como
processo é complexo e que os documentos deveriam ser tramitados em conjunto e a custo
zero. Do mesmo modo que a Associação Moçambicana dos Desmobilizados da Guerra, tentou
ajudar, em particular o financiamento estatal tornou menos favorável de ex-combatentes da
RENAMO em seus esforços para reintegrar (VINES, 2013:381).

Fala-se de pagamento de pensão, entretanto a pensão não é compatível com a situação


económica actual do país, em contrapartida tratando-se do projectos pós-guerra a longo prazo,
não é da iniciativa apenas do desmobilizado mas sim, do governo e seus parceiros de
cooperação encontrar caminhos viáveis que proporcionem melhor atendimento aos problemas
actuais.
42

4. CONCLUSÃO E SUGESTÕES

4.1 Conclusão
Como forma de assistência para reinserção, os combatentes no Distrito de Nicoadala
beneficiaram-se de pacote para transição segura, que visava suprir as necessidades básicas dos
ex-combatentes através de assistência financeira e em bens e serviços disponibilizados pelas
Nações Unidas e parceiros, com menor participação do governo moçambicano. No caso dos
desmobilizados da Guerra Civil no Distrito de Nicoadala, estes não foram transformados
pelos programas de reintegração social no período pós-guerra, principalmente no
desenvolvimento pessoal e colectivo dos mesmos, quer na formação de nível técnico, quer na
integração profissional e auto-emprego. Também se deve ressaltar o papel da população nesta
sociedade, da qual mesmo após acordos de Roma, recebeu os ex-militares. Portanto, o Estado
Moçambicano, na alçada do programa de reintegração socioeconómico à longo prazo não fez
o planeamento da reintegração económica que se materializou no distrito de Nicoadala.
Mesmo, com a resolução do pagamento da pensão (com a fixação da pensão), este não será
suficiente para acabar com os problemas dos ex-combatentes, porque as dificuldades dos ex-
combatentes são mais além de pagamento de pensão.

O processo de reintegração social dos combatentes, a longo prazo mesmo passando mais de
duas décadas e meio foi complexo e continua ser problemático nessa parcela da província da
Zambézia. A estratégia geral ditava desde o início que, os ex-combatentes deveriam receber
assistência suficiente para alcançar o mesmo status social e económico dos civis; visto que os
programas de reintegração eram priorizados de acordo com a complexidade de
implementação inicialmente; e foi adoptada uma estrutura institucional simples e integrada
com tomadas de decisão descentralizadas, esta descentralização até então não trabalha de
forma eficiente para com os problemas profundos dos ex-militares.

Os planos do governo com os Antigos Combatentes mostram-se impraticáveis segundo se


constatou, pois há muita promessa com pouca realização, por exemplo o fundo de
reconciliação nacional que não se faz sentir ao nível dos beneficiados nessa parcela da
Zambézia, deixa evidente que a integração económica é desafio económico para o governo
Central.
43

4.2 Sugestões

Como sugestões, e tendo em conta a realidade encontrada no campo e que foi analisado e
concluído, sugerimos:

a) Para o governo:

 Que crie ou desenvolva projectos de criação de emprego a partindo de uma discussão


de nível local, com concessão imediata de créditos reembolsável para não criar
expectativa no momento em que se espera na aprovação ou não dos projectos;

 Que focalize-se na melhoria das condições dos combatentes no seu todo, como um
grupo social que merece atenção do governo sem olhar para o contexto da mobilização
militar, sendo ele Combatente da Luta de Libertação Nacional e de Defesa de
Soberania e Integridade Territorial e da Democracia;

 Que aproveite a potencialidade do Distrito na produção de bens alimentar através de


capacitação dos ex-combatentes em matéria agrícola e uso de técnicas mecanizadas,
através destes projectos pode gerir rendimento a longo prazo e poderá distanciar o
combatente a preocupar-se com a questão da pensão;

 Que se adopte estratégias de reintegração económica que, poderia ser mais na


formação de clubes de agricultores, como a própria associação está estruturada. De
acordo com a organização da AMODEG, a nível local estão estruturados em grupos de
acordo com as diferentes localidades. Do outro lado pode-se aproveitar estas pequenas
divisões para juntos desenvolver planos directórios do desenvolvimento agrário.

b) Para os ex-combatentes:

 Que desenvolvam actividades de reintegração económica de acordo com as suas


capacidades e meios disponíveis enquanto esperam a respostas por porte do governo
na melhoria das suas condições;

 Que não haja divisão dentro da associação, seja do lado dos combatentes da
RENAMO ou do governo, por assim, juntos e unidos são capazes de serem ouvidos.
Os ex-combatentes possuem o mesmo cartão de identificação independentemente do
período de desmobilização e exercito que pertenceu;
44

 Que continuem a reivindicar os seus direitos, para a melhoria das vossas condições
de trabalho e Reintegração económica, como a formação profissional ou capacitação
para entrar no mercado de auto-emprego;

 Que os Ex-combatentes e seus dependentes olhem as oportunidades de emprego ou


de formação como um desafio para vencer, não deixando as passar, alegando que tem
tratamento impar nas instituições de formação ou no mercado de emprego.
Lembrando que o governo não garante a entrada directa ao posto de trabalho ou
formação, pôs sim, paga as despesas na instituição.

 Que os Desmobilizados de guerra do distrito de Nicoadala, por estarem na zona rural,


encontrem meios para beneficiarem-se do apoio material e técnico para trabalhar na
produção agrícola em pequena escala, e que Alguns também peçam industrias
moangeira para transformarem o milho e ou arroz em produto semiacabado como tem
acesso a terras como forma de garantir a empregabilidade.
45

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Principles and Guidelines. New York: DPKO, Lessons Learned Unit. 1999.

United Nations Department of Peacekeeping Operations (UNDPKO) - Integrated


Demobilisation Disarmament and Reintegration Standards. 2006,

VINES, Alex, RENAMO’s rise and decline: the politics of reintegration in Mozambique,
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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

MOÇAMBIQUE, Boletim da República, 2º Suplemento, Politicas sobre os Assuntos de


Antigos Combatentes e estratégias da sua implementação. Publicação oficial da República
de Moçambique. Série I número 20, Maputo terça-feira 22 de Maio de 2001.
MAE – Ministério da Administração Estatal. Perfil do Distrito de Nicoadala. MAE, Maputo,
2015.
___________. Instituto Nacional de Estatística 2017. Ponto de actualização cartográfica do
censo 2017
______________. Instituto Nacional de Estatística. Anuário Estatístico 2017- Moçambique -
Maputo 2018.
Apêndices
ii

GUIÃO DE ENTREVISTA
Ao Desmobilizado

Data:_____,__, 2019

Prezado (a) Sr. (a) Ex-Combatente.

No âmbito de uma Monografia de Licenciatura em Ensino de História com habilitação em


Documentação na Faculdade de Ciências Sociais e Filosóficas da Universidade Pedagógica,
Delegação de Quelimane, cujo tema é: Reintegração Social dos Ex-combatentes no Distrito
de Nicoadala.

Pedimos a sua colaboração, respondendo o questionário que se segue. Desde já, asseguramos
que manteremos inteira confidencialidade de dados - pessoais e ou institucionais - de acordo
com as normas éticas que norteiam as pesquisas académicas.

Agradecemos antecipadamente a atenção da sua colaboração.

Introdução

1. Agradecimento antecipado por aceder à entrevista.


2. Apresentação pessoal do/a entrevistado/a, local de residência.
3. Identificação da investigação em curso e respectivos objectivos.
4. Entrevista.
a. Tempo previsto 20 a 30 minutos.
b. Indicação de liberdade do entrevistado para eventualmente não responder a alguma
das questões, se assim o entender.
c. Solicitação de autorização de gravação.
iii

Questionário

1. Na altura de recrutamento onde é que vivia?


2. Quando é que entrou no exército e como foi recrutado?
3. O que fazia antes de ser recrutado?
4. Qual foi a sua grande experiência na vida militar?
5. Onde é que serviu?
6. Quando é que desmobilizou?
7. O que ex-combatente achou dos programas de reintegração Social (foi boa ou não)?
8. Tiveram programas de educação financeira (programas que visava capacitar em
negocio e poupança)?
9. Tiveram educação que visava formar-vos profissionalmente (foram formados para ser
pedreiro, serralheiro, carpinteiro ou outra actividade)?
10. Como o desmobilizado encara a sua reintegração (se é bem tratado ou não)? e Porque?
11. Tem informação de existência de fundos de promoção da paz/ e reconciliação
programas de reintegração actualmente?
12. Tem acesso a estes programas de reintegração, se não, porque?
13. Tipo de construção (observável).
a) Tipo de habitação arrendada ou própria?

14. Economia doméstica dos Ex-combatentes ( o que você faz)?:

a) Qual é a sua ocupação actualmente?


iv

GUIÃO DE ENTREVISTA

Questionário de Entrevista ao Presidente da AMODEG

Nome:__________________________________________ Sexo_______.

Prezado (a) Sr. (a) Presidente/ Representante.

No âmbito de uma Monografia científica de Licenciatura em Ensino de História com


habilitação em Documentação na Faculdade de Ciências Sociais e Filosóficas da Universidade
Pedagógica Delegação de Quelimane, cujo tema é: Reintegração Social dos Ex-combatentes
no distrito de Nicoadala.

Pedimos a Sua colaboração, respondendo questionário que se segue. Desde já, asseguramos
que manteremos inteira confidencialidade de dados - pessoais e institucionais - de acordo com
as normas éticas que norteiam as pesquisas académicas.

Introdução

Agradecimento antecipado por aceder à entrevista.


i. Identificação da investigação em curso e respectivos objectivos,
ii. Tempo previsto 20 a 30 minutos;
iii. Indicação de liberdade do entrevistado para eventualmente não responder a alguma
das questões, se assim o entender;
iv. Solicitação de autorização de gravação.

Questionário
1. Quais os principais problemas que os desmobilizados se queixam?

2. Para o/a senhor/a como também membro, Qual é a sua opinião relativamente ao nível de
satisfação no âmbito da desmobilização que tiveram após acordos Gerais de Paz (AGP).

3. Qual é o nível de satisfação dos antigos combatentes quanto a sua forma de integração
socioeconómica (há diferença com período pois desmobilização e actualmente)?
v

4. Esta associação recebe propostas de projectos para a promoção de auto-emprego, que


venham das localidades? (Se a resposta for sim), que tipo de Projecto “ligados a agricultura,
comércio ou outra”.

5. Na sua opinião, quais são as possíveis dificuldades para não submeterem projectos que
estes podem enfrentar? (NB. Responde este número no caso da resposta do número 5 se for
não).

6. Tem havido capacitação ou educação que oriente antigo combatente ao mercado de


emprego (responda sim ou não)? -“ Se for sim, Que estratégias usam para a tal formação?”

7. Quais são os desafios actuais da agremiação?


Anexos
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ix
x
xi
xii
xiii
xiv
xv
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