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Economia pós-independência

A independência nacional foi celebrada no dia 25 de junho de 1975 pela primeira vez em
Moçambique e foi proclamada pela Frelimo, de poder centralizado, estado unitário e
monopartidário. As estratégias politicas, económicas e sociais de desenvolvimento de
Moçambique, depois da independência nacional, foram inicialmente formuladas no III
Congresso da Frelimo com forte orientação socialista em 1977.
Politica Interna, depois da independência de Moçambique, a Frelimo adoptou uma politica
marxista que já tinha raízes nos anos de conflito da guerra colonial para levar avante os seus
objectivos de uma sociedade mais igualitária e justa. Decidiu-se, sobre tudo no III Congresso da
Frelimo nacionalizar os principais sectores da actividade (terra agrícola, empresas, banca, ensino,
saúde, etc.) para concretizar este desejo de criação de uma sociedade marxista, estabeleceram-se
vários planos de politica interna, o PEC e o PPI.
1.Politica
1.1 Plano Estatal Central (PEC)
O III Congresso da Frelimo deliberou a criação do primeiro Plano Estatal Central, o PEC. Plano
quinquenal de linhas orientadoras sobre o modo de desenvolvimento da economia moçambicana,
a palavra de ordem do PEC era a nacionalização da economia, num forte trabalho de
centralização do estado. (Rafael Martinho, p.3)
1.2 Plano Perspectivo Indicativo (PPI)
Com a realização do III Congresso da Frelimo em 1977 foi elaborado o plano Perspectivo
Indicativo (PPI), os três grandes objectivos deste plano eram: a cooperativa ação do campo, o
desenvolvimento do sector estatal agrário, criação e desenvolvimento da industria pesada
particularmente o ferro e o aço. Um mega plano com objectivo de acabar com o
subdesenvolvimento dos países socialistas em 10 anos que tinha como meta acabar com o atraso
em que o país estava mergulhado.
1.3 Formação das aldeias comunais e cooperativas
Era um espaço de aglomeração de pessoas dispersas onde podiam colocar uma escola, um
hospital, forca de trabalho e formação. As populações vivem organizadas para desenvolverem a
produção colectiva promovendo intercambio dos conhecimentos as cooperativas estavam
inseridas nas aldeias comunais formando um complexo económico e essas cooperativas eram
consideradas uma organização socioeconómica em massa que constituía parte integrante do
sector popular da economia social.
2.Economia centralmente planificada
Após a independência em 1975, Moçambique tinha adotado um sistema político e económico
centralizado, característico do modelo Socialista de Administração Pública este modelo
“provocou uma rutura profunda na forma da organização da administrativa herdada do Estado
colonial” (Cistac, 2012, p. 3). De uma forma resumida, a organização do Estado moçambicano e

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os padrões de acumulação estavam praticamente todos orientados ao Estado cujo principal fluxo
estava virado para o sector planificado. Segundo Mosca e Oppenheimer (2005, p. 292) a
distribuição de recursos estava “centralizada no plano, beneficiando os sectores planificados e
marginalizando os não planificados”, reduzindo assim a capacidade de desenvolvimento de
pequenos e médios produtores.
3.Factores que influenciaram a economia pós-independência
Para se compreender melhor a economia pós-independência é necessário compreender quais são
os factores que influenciaram a economia naquele período especificamente os factores
conjunturais que reflectem as circunstancias e estruturais aqueles que estão entranhados na
economia ou seja que estruturam a economia.
3.1Factores conjunturais:
 Guerra civil: O conflito armado que se seguiu à independência teve um impacto
significativo na economia, resultando em destruição de infraestruturas e interrupção das
atividades económica;
 Isolamento internacional: Devido à situação de guerra e à ideologia política adotada,
Moçambique enfrentou isolamento internacional, o que limitou o acesso a investimentos
e recursos externos;
 Política econômica: A implementação de políticas econômicas, como a coletivização
forçada da agricultura, teve impactos negativos na produção e na distribuição de
alimentos;
 Conflitos regionais: A instabilidade em países vizinhos, como a África do Sul e o
Zimbábue, afetou as relações comerciais e a segurança na região;
 Abandono das empresas pelos portugueses, sabotagens realizadas pelos colonos e êxodo
dos portugueses, dos recursos e capitais.

3.2Factores estruturais:
 Dependência de recursos naturais: A economia moçambicana era fortemente dependente
da agricultura e dos recursos naturais, o que a tornava vulnerável a flutuações de preços
e choques externos;
 Infraestrutura subdesenvolvida: A falta de infraestrutura adequada, como estradas, portos
e energia, limitou o potencial de crescimento económico do país;
 Herança colonial: A economia herdada do período colonial estava desequilibrada e
desigual, com pouca diversificação e concentração de recursos nas mãos de poucos;
 Educação E saúde: O baixo nível de desenvolvimento humano, com deficiências na
educação e saúde, limitou o potencial produtivo da população;
 Dívida externa: A acumulação de dívida externa dificultou a capacidade do país para
investir em desenvolvimento e modernização.

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Estes fatores, juntamente com os anteriormente mencionados, moldaram o cenário económico de
Moçambique durante este período, influenciando o seu desenvolvimento e desafios económicos
durante este período.
4.Resultados (o período 1975-85)
O plano estatal central preconizava a definição de preços dos produtos, preços esses que muitas
vezes não reflectiam o que de facto estava acontecendo na economia e a gestao das empresas e
outros edifícios nacionalizados não será benéfico dado que a havia mão de obra com baixa
qualificação
O programa (PPI) apresentava algumas fraquezas que consistiam na falta de recursos financeiros
internos para realizar um investimento de vulto e era demasiado dependente a recursos externos,
o excesso de mão-de-obra não qualificada, com uma orientação comercial e económica
centralizada no mercado interno, uma gestão macroeconómica desequilibrada e excessivamente
centralizada com uma articulação não efectiva como sector agrário. (João Adelino, p.13)
O problema das cooperativas e aldeias comunais é que não se mostraram benéficos dado que os
rendimentos eram precários e as cooperativas de consumo não abasteciam com regularidade
então comprar produtos de primeira necessidade era difícil.
Uma primeira indicação sobre a evolução da economia moçambicana durante este período é
dada pela evolução do Produto social Global (PSG) a preços constantes de 1980, esse produto
variou entre os cerca de 112 milhões em 1973 e os cerca de 54 milhões em 1985, com 71
milhoes em 1975: entre 1973 e 1985 verificou-se uma redução do PSG de cerca de 50%. Não
existem para Moçambique series completas calculadas segundo os princípios deste ultimo
sistema de contabilidade. Uma ideia da grande queda de produção que se verificou no imediato
pós-independência na sequencia das transformações económicas e, principalmente socias
incluindo nestas a saída da grande maioria dos ex-residentes de origem portuguesa, que se
deram.
A crise económica e as modificações da politica económica implementadas a partir do IV
Congresso da Frelimo em 1983, acompanhadas da crise ecológica que representou a seca
ocorrida no país nos meados dos anos 80. A degradação da produção no período posterior a 1982
correspondeu uma evolução da situação económica e financeira externa caracterizada, também
ela, por um seu agravamento a partir daquele ano. Ate então, apesar de um sistemático deficitário
na balança comercial. Das circunstâncias na primeira década após a independência (1975-1985),
o crescimento económico foi negativo, a inflação disparou, a produção agrícola e industrial caiu,
e o país tornou-se dependente da ajuda externa. Almeida Serra (p.2-17)
5.Ilações
Terminado o trabalho foi possível constatar que Moçambique durante o período em destaque
adoptou varias politicas de desenvolvimento económico que tinham como finalidade acabar com
o subdesenvolvimento do país num período relativamente curto 10 anos, para tal, o país iniciou
um processo de nacionalização dos principais sectores de produção, trata-se do sector da
industria, transporte, agricultura, educação e saúde onde as antigas propriedades privadas

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passaram para a gestão do estado. após a independência em 1975 é que o país passou por várias
fases de desafios e mudanças, que afectaram o seu desempenho e a sua evolução. O país adoptou
inicialmente um modelo socialista, que fracassou devido à guerra civil, à agressão externa, à
crise internacional, e à ineficiência da planificação central.

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