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MOÇAMBIQUE
AULA 2
SOCIALIZAÇÃO DO CAMPO:
TRANSFORMAÇÃOAGRÁRIA E INDUSTRIAL EM MOÇAMBIQUE
OBJECTIVOS DE DESENVOLVIMENTO (1975-1984)
Falta de ligações entre sectores e regiões. Foram promovidos os sectores da banca e de seguros
às expensas do sector produtivo.
O contexto geopolítico do país (Sanções à Rodésia do sul em 1976 e a perda de USD 500
milhões em trânsito comercial, rendimentos de força de trabalho migratória, etc.).
ESTRATÉGIAS E MEDIDAS DE POLÍTICA
As estratégia e políticas de longo prazo para se alcançar os objectivos acima arrolados foram
definidos no III Congresso da Frelimo (1977), sendo que se pretendia operacionalizar em 10 anos
através do Plano Prospectivo Indicativo (PPI – 1981-1990);
Aquelas directrizes políticas foram revistas no IV Congresso (1983), tendo se estabelecido que o
programa de desenvolvimento seria implementado através de uma economia centralmente
planificada. O Estado passa a controlar directamente a economia através de planos de
investimento e de produção, tal como indirectamente através de medidas tais como controlo de
preços, salários e transacções em moeda estrangeira;
Como parte da modernização do sector, foram colocadas em prática machambas estatais, aldeiais comunais e cooperativas de
consumo.
1. MACHAMBAS ESTATAIS: As machambas estatais resultavam das farmas abandonadas pelos portugueses. Foram criadas aproximadamente 70 machambas
estatais que permitiram um crescimento do emprego de 90.000 em 1977 para 150.000 em 1983. Até ao IV Congresso as machambas estatais eram prioritárias
no processo de transformação estrutural. Estas absorveram a maior parte do investimento, gestores, agrónomos, extensionistas, etc. Acreditava-se que as
machambas estatais representavam a única forma de de contribuir rápida e regularmente para a exportação da produção, providenciar inputs para a gro-
indústria e salvaguardar o consumo urbano;
No entanto, observaram-se diversos constrangimentos tais como falta de força de trabalha capacitada, a natureza pesada das
machambas, agravado à fraca capacidade de implementação dos planos, fracos sistemas de oferta e de serviços. Tudo isto levou
a níveis de produção e produtividade baixos;
Por outro lado, os gestores das machambas estatais estavam preocupados em cumprir com a metas de produção do que
produzir ao mais baixo custo.
2. ALDEIAS COMUNAIS
A ideia das aldeias comunais surge da necessidade de criar estruturas sociais adequadas para o desenvolvimento do
sector rural do país e isso passava pelo reagrupamento das vilas populacionais esparsamente distribuidas.
Por outro lado, as aldeias comunais serviam como mecanismo através do qual o governo pderia assegurar a disseminação dos
benefícios do desenvolvimento económico e social das machambas estatais. As aldeias comunais são concebidas como uma unidade
política, económica e social com autonomia administrativa, responsável pela sua administração, justiça, segurança, finanças
produção e serviços básicos;
Desde a independência foram criadas 1.350 aldeias comunais com 15% da população reagrupada, sobretudo no Norte
do país onde já tinha estabelecido as zonas libertadas no período da luta anti-colonial. Na estrutura das aldeias
comunais incluía-se tribunais populares e celulas do partido;
Nos locais de sucesso, as populações sentiam-se atraídas pela possibilidade de melhorarem as suas vidas (provisão de servços).
Contudo, muito poucas aldeias foram implantadas de acordo com o modelo teórico, houve muitos erros, incluindo falta de pessoal
qualificado, falta de recursos financeiros para a satisfação de necessidades básicas, solos de baixa fertilidade, falta e água, etc.
A base produtiva das aldeias comunais seriam as machambas estatais e as cooperativas de consumo. Na prática, o que
aconteceu foi a agricultura familiar permacer a base económica das populações.
3. SECTOR DAS COOPERATIVAS
O sector era afectado pela falta de tecnologias básicas, fertilizantes, pesticidas e sementes melhoradas;
As famílias rurais continuavam a viver de forma dispersa e recebiam pouco apoio em termos de recursos e
factores de produção;
Os preços de vários produtos básicos eram subsidiados. O total dos subsídios chegou a ascender a USD 110
milhões em 1980.
A baixa prioridade dada ao sector familiar reflectia, em certa medida, a visão de modernização da agricultura. O
sector familiar era visto apenas como uma ferramenta de extracção de excedente para alimentar o
desenvolvimento do sector moderno. Acreditava-se que o sector familiar seria rapidamente aaborvido pelo
moderno.
A QUESTÃO DA INDUSTRIALIZAÇÃO (SÍNTESE)
A abordagem da modernização informou substancialmente a política da Frelimo e a ênfase estava nos grandes projectos. No seu plano de
10 anos (PPI) o governo projectou um investimento de mil milhões de USD para agricultura e projectos industriais. Na indústria incluia-se
uma proposta para planta de alumínio, indústria de ferro e aço, produção de polpa e papel, fábrica de texteis e cimento;
O governo necessitava de uma indústria pesada também por razões simbólicas: considerava modernos aqueles países que possuiam uma
indústria de alumínio, ferro e aço; Tudo isto requeria a contrução de instituições;
O governo implementou alguns destes projectos industriais, nomeadamente a construção de duas fábricas de têxteis, um complexo de
processamento de peixe e uma fábrica de pneus (joint-venture com uma empresa privada);
Contudo, o grosso do investimento foi para os grandes projectos, sobrando muito pouco para o investimento nas capacidades internas. As
plantas industriais e maquinaria começou a deteriorar-se rapidamente;
O projecto industrial atingiu seu limite no que Anne Pitcher chama de “paradoxo da planificação” próprio das economias centralmente
planificadas. Dado não ser possível tomar em consideração cada um dos factors que devem constar da formulação dos objectivos de
produção de milhares de bens, os planos tornam-se por definição inconsistentes;
Outro factor de insucesso teve a ver com o facto de ao não serem alcançadas as quotas de produção significava escassez de comida,
bebidas, roupas, sabão, o que pode ter contribuido para a redução da moral dos trabalhadores;